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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO SAGRADO CORAÇÃO

YURI PULZI WEISER

[AI][MO][RÉS]: HABITAÇÃO PARA ASSENTAMENTO AGRÍCOLA EM BAURU –


SP SOB A ÓTICA DA ARQUITETURA MODULAR

BAURU
2020
YURI PULZI WEISER

[AI][MO][RÉS]: HABITAÇÃO PARA ASSENTAMENTO AGRÍCOLA EM BAURU –


SP SOB A ÓTICA DA ARQUITETURA MODULAR

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Centro de Ciências Exatas
e Sociais Aplicadas do Centro Universitário
Sagrado Coração, como parte dos
requisitos para obtenção do título de
bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob
orientação da Prof. Ma. Giovana Innocenti
Strabeli.

BAURU
2020
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com
ISBD

Weiser, Yuri Pulzi


W427a
[AI][MO][RÉS]: habitação para assentamento agrícola em Bauru
- SP sob a ótica da arquitetura modular / Yuri Pulzi Weiser. -- 2020.
162f. : il.

Orientadora: Prof.a M.a Giovana Innocenti Strabeli

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Arquitetura e


urbanismo) - Centro Universitário Sagrado Coração -
UNISAGRADO - Bauru - SP

1. Projeto arquitetônico. 2. Arquitetura Modular. 3. Projeto


Bioclimático. 4. Assentamento Rural. 5. Habitação Rural de Bambu.
I. Strabeli, Giovana Innocenti. II. Título.

Elaborado por Lidyane Silva Lima - CRB-8/9602


YURI PULZI WEISER

[AI][MO][RÉS]: HABITAÇÃO PARA ASSENTAMENTO AGRÍCOLA EM BAURU –


SP SOB A ÓTICA DA ARQUITETURA MODULAR

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Centro de Ciências Exatas
e Sociais Aplicada no Centro Universitário
Sagrado Coração como parte dos
requisitos para obtenção do título de
bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob
a orientação da Profª. Ma. Giovana
Innocenti Strabeli.

Banca Examinadora:

________________________________________
Profª. Ma. Giovana Innocenti Strabeli
Centro Universitário do Sagrado Coração

________________________________________
Prof. Me. Eraldo Francisco Rocha
Centro Universitário do Sagrado Coração

________________________________________
Arq. Urb. Esp. Maysa Santo Andrea

Bauru, 12 de dezembro de 2020.


À Frederico e Vera, meus pilares e
espelhos.
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais que me possibilitaram nas mais variadas maneiras
chegar a este momento, transpondo seus próprios conceitos e anseios para apoiar
incondicionalmente minhas decisões. À minha avó e à minha tia, que também sempre
me incentivaram integralmente apesar da distância.
Às minhas amizades, que sempre estiveram presentes em momentos cruciais
da minha vida, e que criaram um elo indissociável à ideia de família. Agradeço a todas
as pessoas que acreditaram em mim e que estiveram comigo por algum momento
durante esta jornada, todo esse apoio foi de muita valia. Que todos vocês realizem as
suas aspirações mais íntimas.
“Você não muda as coisas lutando
contra a realidade atual. Para mudar algo
é preciso construir um modelo novo que
tornará o modelo atual obsoleto”
(Buckminster Fuller)
RESUMO

As habitações estão diretamente ligadas ao sujeito que a ocupa, bem como aos
fatores sociais, simbólicos e materiais que o compõe como indivíduo dentro da
sociedade. Outro aspecto que também se conecta com esses elementos de forma
bastante substancial é a qualidade de vida, sendo portando, conceitos indissociáveis.
Baseado nessa premissa, e consciente de que o Brasil é um dos países mais
desiguais do mundo, principalmente nos setores agrários, este trabalho explora a
compreensão da origem e a luta dos moradores dos assentamentos rurais, sua
importância dentro da sociedade, e visa elaborar um projeto arquitetônico de
habitação rural com elementos modulares acessíveis à essas pessoas, e que consiga
atender suas necessidades particulares, aproveitando ao máximo os recursos naturais
disponíveis em seu meio, para desenvolver uma habitação bioclimática completa.
Para isso, serão abordados os conceitos da arquitetura modular, seus aspectos
históricos, seu desenvolvimento ao longo do tempo, e como a necessidade de se
construir de maneira eficiente foi se consolidando nas últimas décadas, compondo
técnicas construtivas modulares, e se incorporando nas habitações. Os processos de
pré-fabricação dos elementos utilizados, e os métodos construtivos do projeto também
são descritos nesta monografia. O documento também abriga pesquisas em relação
ao conforto termoacústico e as técnicas que podem ser utilizadas como solução para
fatores como calor excessivo dentro das residências, aproveitamento das águas
pluviais, pretas e cinzas, entre outros. Também são descritas as análises necessárias
para se obter um resultado satisfatório na proposta projetual. Além dos
embasamentos teóricos, também foi feito um estudo sobre obras correlatas ao tema,
e a pesquisa de campo para a análise do macrozoneamento e do terreno específico
escolhido, para que assim, junto às informações fornecidas por um morador do
assentamento, se propusesse um programa de necessidades adequado para essas
famílias.

Palavras – chave: Projeto arquitetônico, arquitetura modular, projeto


bioclimático, assentamento rural, habitação rural de bambu.
ABSTRACT

Habitations are directly linked to the person that occupies them, as well as to
the social, symbolic and material factors that compose him as an individual within
society. Another aspect that also connects with these elements in a very substantial
way is the quality of life, being, therefore, inseparable concepts. Based on this premise,
and aware that Brazil is one of the most unequal countries in the world, especially in
the agrarian sectors, this work search understand the origin and struggle of the
residents of rural settlements, their importance within society, and aims to develop a
architecture’s project of rural housing with modular elements accessible to these
people, that can meet their particular needs, utilize the most of the natural resources
available in their environment, to develop a complete bioclimatic house. For this, will
be used the concepts of modular architecture, its historical aspects, its development
throughout history will be addressed, and how the need to build efficiently has been
consolidated in recent decades, composing modular construction techniques, and
incorporating into homes. The prefabrication processes of the elements used, and the
construction methods of the project are also described in this monograph. The
document also includes research in relation to thermoacoustic comfort and the
techniques that can be used as a solution to factors such as excessive heat inside the
homes, use of rainwater, black and gray, among others, as well as the necessary
analyzes to obtain a result. satisfactory in the project proposal. In addition to the
theoretical foundations, a study was also carried out on works related to the theme, as
well as a field research to analyze the macrozoning and the specific terrain chosen, so
that, together with the information provided by a resident of the settlement, a proposal
was made. needs program suitable for these families.

Keywords: Architectural design, modular architecture, bioclimatic design, rural


settlement, rural bamboo housing.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação de um módulo ................................................................. 26


Figura 2 – Reticulado, forma espacial ....................................................................... 27
Figura 3 – Quadriculado- em duas dimensões .......................................................... 27
Figura 4 – Colunas gregas e a aplicação do módulo nos templos ............................ 28
Figura 5 – Enquadramento de uma cidade romana .................................................. 29
Figura 6 – Casa tradicional japonesa ........................................................................ 30
Figura 7 – Composição de um tipo de módulo. ......................................................... 31
Figura 8 – Esquema de espaço interno 1 .................................................................. 33
Figura 9 – Esquema de espaço interno 2. ................................................................. 33
Figura 10 – Esquema de espaço interno 3 ................................................................ 34
Figura 11 – Esquema de espaço interno 4 ................................................................ 34
Figura 12 – Esquema de espaço interno 5 ................................................................ 35
Figura 13 – Volumetria modular hipotética ................................................................ 36
Figura 14. Planta modular hipotética ......................................................................... 36
Figura 15 – Estrutura feita de ligh steel frame (LSF) ................................................. 37
Figura 16 – Habitação em container ......................................................................... 38
Figura 17 – Sistema de construção modular em madeira ......................................... 38
Figura 18 – Sistema de construção por elementos pré-fabricados de alvenaria ....... 39
Figura 19 – Representação e atribuição com hachuras para análise ........................ 41
Figura 20 – Atribuição de valores para as hachuras ................................................. 42
Figura 21 – Resultados das análises ........................................................................ 42
Figura 22 – Movimento do ar..................................................................................... 43
Figura 23 – Exemplos de ventilação cruzada e por efeito chaminé. ......................... 45
Figura 24 – Parede com segunda pele ..................................................................... 46
Figura 25 – Detalhamento de um painel foto voltaico ............................................... 47
Figura 26 – Casa coberta .......................................................................................... 48
Figura 27 – Planta da Casa coberta .......................................................................... 50
Figura 28 – Corte esquemático do projeto ................................................................ 51
Figura 29 – Processo de construção ......................................................................... 52
Figura 30 – Área externa Casa coberta. ................................................................... 53
Figura 31 – Área interna Casa coberta. .................................................................... 54
Figura 32 – Fachada Crece tu casa .......................................................................... 55
Figura 33 – Etapas do sistema de bambu utilizado (1). ............................................ 57
Figura 34 – Etapas do sistema de bambu utilizado (2). ............................................ 57
Figura 35 – Etapas do sistema de bambu utilizado (3). ............................................ 58
Figura 36 – Tipo de fechamento Baharaque em andamento .................................... 59
Figura 37 – Fechamento Baharaque concluído......................................................... 59
Figura 38 – Tipo de fechamento Pamacon................................................................ 60
Figura 39 – Fechamento Pamacon concluído ........................................................... 61
Figura 40 – Tipo de fechamento com BTC. ............................................................... 62
Figura 41 – Fechamento por BTC concluído ............................................................. 62
Figura 42 – Fechamento por palha em andamento ................................................... 63
Figura 43 – Fechamento por palha finalizado ........................................................... 64
Figura 44 – Esquema com possíveis ampliações ..................................................... 65
Figura 45 – Planta do 1º pavimento do projeto ......................................................... 66
Figura 46 – Planta do 2º pavimento do projeto ......................................................... 67
Figura 47 – Corte do projeto...................................................................................... 68
Figura 48 – Fachada de Residência em Puebla........................................................ 69
Figura 49 – Componentes modulares do projeto. ..................................................... 70
Figura 50 – Planta da construção.............................................................................. 71
Figura 51 – Disposição dos espaços do projeto ........................................................ 71
Figura 52 – Painéis feitos a partir de tecidos tradicionais da região.......................... 72
Figura 53 – Corte esquemático do projeto ................................................................ 73
Figura 54 – Localização do assentamento Horto Aimorés ........................................ 75
Figura 55 – Mapa dos equipamentos urbanos. ......................................................... 76
Figura 56 – Mapa de uso e ocupação do solo........................................................... 78
Figura 57 – Mapa do planejamento das divisões de lote .......................................... 79
Figura 58 – Residências – vista 1 ............................................................................. 81
Figura 59 – Residências do entorno – vista 2 ........................................................... 82
Figura 60 – Mapa de gabarito ................................................................................... 83
Figura 61 – Mapa do sistema viário local .................................................................. 84
Figura 62 – Mapa de vegetação macro. .................................................................... 85
Figura 63 – Mapa de vegetação do local .................................................................. 86
Figura 64 – Fumaça produzida pela produção ilegal de carvão ................................ 87
Figura 65 – Residência do Sr. Milton ........................................................................ 88
Figura 66 – Mapa topográfico com os fatores bioclimáticos do local macro ............. 89
Figura 67 – Mapa topográfico com os fatores bioclimáticos do lote .......................... 90
Figura 68 – Corte topográfico A ................................................................................ 91
Figura 69 – Corte topográfico B ................................................................................ 91
Figura 70 - Implantação da habitação modular 1 ...................................................... 97
Figura 71 – Corte A da habitação modular 1 ............................................................. 98
Figura 72 – Corte B da implantação 1 .......................... Erro! Indicador não definido.
Figura 73 – Planta de cobertura da habitação 1...................................................... 100
Figura 74 – Planta de pontos elétricos e hidráulicos da habitação 1. ...................... 101
Figura 75 – Malha estrutural da habitação modular 1 ............................................. 102
Figura 76 – Maquete eletrônica do projeto com o entorno. ..................................... 103
Figura 77 – Maquete eletrônica em perspectiva do projeto. .................................... 103
Figura 78 – Cena interna da habitação. .................................................................. 104
Figura 79 – Vista isométrica separada por módulos da habitação 1. ...................... 105
Figura 80 – Implantação da habitação modular 2. .................................................. 107
Figura 81 – Corte A da habitação 2......................................................................... 108
Figura 82 – Corte B da implantação 2 ..................................................................... 109
Figura 83 – Planta de cobertura da habitação modular tipo 2. ................................ 110
Figura 84 – Planta de pontos elétricos e hidráulicos da habitação 2....................... 111
Figura 85 – Malha estrutural da habitação modular 2. ............................................ 112
Figura 86 – Maquete eletrônica da habitação 2 com destaque para o jardim filtrante.
............................................................................................................... 113
Figura 87 – Cena interna da habitação 2. ............................................................... 113
Figura 88 – Representação do banheiro da habitação............................................ 114
Figura 89 – Vista isométrica com separação dos módulos da habitação 2. ............ 115
Figura 90 – Localização dos Equipamentos Urbanos ............................................. 116
Figura 91 – Implantação da creche e pré-escola situada no assentamento ........... 120
Figura 92 – Corte A da creche e pré-escola do assentamento. .............................. 121
Figura 93 – Corte B da creche e pré-escola do assentamento. .............................. 122
Figura 94 – Representação volumétrica 1 do projeto da escola infantil. ................. 123
Figura 95 – Representação volumétrica 2 do projeto da escola infantil. ................. 123
Figura 96 – Representação volumétrica 3 do projeto da escola infantil. ................. 124
Figura 97 – Implantação da cozinha comunitária. ................................................... 126
Figura 98 – Corte A da cozinha comunitária. .......................................................... 127
Figura 99 – Corte B da cozinha comunitária. .......................................................... 128
Figura 100 – Representação volumétrica 1 do projeto da cozinha comunitária. ..... 129
Figura 101 – Representação volumétrica 2 do projeto da cozinha comunitária. ..... 129
Figura 102 – Representação volumétrica 3 do projeto da cozinha comunitária. ..... 130
Figura 103 – Modelo digital do Galpão projetado .................................................... 132
Figura 104 – Bomba pneumática adaptada pelo morador do assentamento .......... 133
Figura 105 – Bambus com as conexões metálicas ................................................. 134
Figura 106 – Conexões de bambu perpendiculares. ............................................... 135
Figura 107 - Conexão por topo de bambu. .............................................................. 136
Figura 108 - Painel de bambu. ................................................................................ 137
Figura 109 - Armações de bambu sendo submetidas a uma mesa vibratória. ........ 138
Figura 110 – Montagem do eco-cooler .................................................................... 139
Figura 111 – Mecanismo do sistema de resfriamentoo ........................................... 139
Figura 112 – Instalação dos cones de argila ........................................................... 140
Figura 113 - Corte esquemático de um jardim filtrante............................................ 142
Figura 114 - Corte esquemático de uma bacia de evapotranspiração ................... 143
Figura 115 - Modelo do pilar de bambu ................................................................... 144
Figura 116 - Detalhe dos vergalhçoes de aço no bambu graúteado. ...................... 144
Figura 117 - Representação do módulo 2. .............................................................. 145
Figura 118 - Representação do módulo 3 ............................................................... 146
Figura 119 - Armação de bambu que compõe o módulo 4 ..................................... 147
Figura 120 - Módulo 4 finalizado ............................................................................. 147
Figura 121 - Representação interna do painel hidráulico ........................................ 148
Figura 122 - Painel de bambu tipo 2. ...................................................................... 149
Figura 123 - Representação do módulo 5. .............................................................. 150
Figura 124 - Representação da porta ripada .......................................................... 150
Figura 125 - Representação do módulo 7. .............................................................. 151
Figura 126 - Detalhe dos cones de cerâmica .......................................................... 152
Figura 127 - Representação do módulo 8 ............................................................... 153
Figura 128 - Representação do forro de bambu...................................................... 153
Figura 129 - Representação do módulo 10. ............................................................ 154
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Programa de necessidades 1. ................................................................. 96


Tabela 2 – Tabela quantitativa dos módulos da habitação 1. ................................. 105
Tabela 3 - Programa de necessidades 2. ................................................................ 106
Tabela 4 – Tabela quantitativa dos módulos da habitação 2. ................................. 114
Tabela 5 - Programa de necessidades 3. ................................................................ 118
Tabela 6 - Programa de necessidades cozinha comunitária ................................... 125
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15

1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 16


1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 18

1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 18


1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 18

1.3 METODOLOGIA .................................................................................................. 19


1.4 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO .................................................................... 20

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 22

2.1 CONTEXTO E RELEVÂNCIA DOS ASSENTAMENTOS .................................... 22


2.2 ASPECTOS E PRINCÍPIOS DA ARQUITETURA MODULAR ............................ 25

2.2.1 Aspectos históricos e de sistemas ............................................................... 27


2.2.2 Modularidade nos espaços das habitações ................................................. 32
2.2.3 Métodos construtivos modulares na atualidade ......................................... 37

2.3 ESTRATÉGIAS DE CONFORTO TERMOACÚSTICO NATURAIS .................... 40

3 FUNDAMENTAÇÃO DE REPERTÓRIO/............................................................... 48

3.1 CASA COBERTA, MONTERREY, MÉXICO ....................................................... 48


3.2 CRECE TU CASA, TUZANTÁN, MÉXICO .......................................................... 55
3.3 RESIDÊNCIA EM PUEBLA, CUETZALAN, MÉXICO .......................................... 68

4 A PROPOSTA DE PROJETO................................................................................ 74

4.1 ANÁLISE DO ENTORNO .................................................................................... 77

4.1.1 Uso e ocupação do solo ................................................................................ 77


4.1.2 Mapa de gabarito ............................................................................................ 82
4.1.3 Sistema viário e serviços de infraestrutura ................................................. 83
4.1.4 Mapa de vegetação......................................................................................... 84

4.2 ANÁLISE DO TERRENO .................................................................................... 86

5 DESENVOLVIMENTO PROJETUAL ..................................................................... 92

5.1 CONCEITO E PARTIDO ..................................................................................... 92


5.1.1 Das habitações ............................................................................................... 92
5.1.2 Dos equipamentos comunitários .................................................................. 93

5.2 AS HABITAÇÕES UNIFAMILIARES ................................................................... 94

5.2.1 Habitação modular tipo 1............................................................................... 94


5.2.2 Habitação modular tipo 2............................................................................. 106

5.3 OS EQUIPAMENTOS COMUNITÁRIOS........................................................... 115

5.3.1 Creche e pré-escola ..................................................................................... 117


5.3.2 Cozinha comunitária .................................................................................... 124

5.4 MÓDULOS E SISTEMAS CONSTRUTIVOS .................................................... 130

5.4.1 Processo de pré-fabricação de componentes de bambu ......................... 131


5.4.2 Junções dos bambus ................................................................................... 134
5.4.3 Painel de bambu e concreto ........................................................................ 136
5.4.4 Resfriamento por diferença de pressão ..................................................... 138
5.4.5 Jardim Filtrante ............................................................................................ 141
5.4.6 Bacia de evapotranspiração ........................................................................ 142
5.4.7 Sistema de captação da água pluvial ......................................................... 143
5.4.8 Módulos......................................................................................................... 144

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 155


REFERÊNCIAS....................................................................................................... 157
15

1 INTRODUÇÃO

Projetos que aplicam arquitetura modular levam em consideração diversos


aspectos fundamentais e, embora seus conceitos remontem à antiguidade, nos
últimos 18 anos esses sistemas vem se desenvolvendo, ganhando novas técnicas
construtivas e otimizando o tempo, a previsibilidade e com isso, o custo de uma
construção (ROSA et al., 2018).
Segundo Rosa (2007), no Brasil, a modularidade se restringe a obras de grande
porte como institucionais, sendo pouco comum sua aplicação às tipologias
residenciais e, embora existam empresas especializadas, as obras que mais
observamos nas cidades, e que mais se aproximam da modularidade, em geral, são
desenvolvidas a partir de blocos pré-fabricados de concreto em grandes construções,
segmento que proporciona redução no tempo de execução e nos custos. Contudo,
quando se fala em arquitetura modular, pode se atingir outros aspectos que otimizam
ainda mais um projeto (ROSA, 2007).
Pela Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 15873 (ABNT, 2010, p.
1) a definição de coordenação modular é “a coordenação dimensional mediante o
emprego do módulo básico ou de um multimódulo”, e aproximando isso à arquitetura,
pode ser considerado uma ordenação de espaços na construção a partir de blocos
(CIRQUEIRA, 2015).
Diversos estudos abordam a arquitetura modular com diferentes tipos de
materiais como alvenaria, aço, madeira in natura ou processada, levando em conta,
que esse conceito sempre é relacionado a adaptabilidade e dinamismo, nos seus
sentidos mais amplos. (ROSA, 2007, AZEVEDO; COSTA; ROCHA, 2016 e
(SEMINÁRIO NACIONAL DE CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS, 2015). Ademais, é
imprescindível ponderar a relação projeto e sustentabilidade, principalmente no que
tange ao ciclo de vida do material, à região, entre outros aspectos. Esses projetos
também visam atingir a máxima eficiência em relação ao conforto termoacústico
dentro da edificação sem o uso extensivo de equipamentos de ventilação forçada,
como o ar-condicionado (AZEVEDO; COSTA; ROCHA, 2016).
16

Um assentamento, em geral, é uma área expropriada pelo mau ou inexistente


uso do proprietário, e por meio de políticas governamentais, são criadas novas
unidades de produção agrícola, visando à reordenação do uso da terra, para que
assim, seja utilizada de forma responsável e proveitosa para a sociedade (GLOBO
EDUCAÇÃO, 2011).
O assentamento em questão tem algumas problematizações específicas além
das usuais, como a negligência por parte das políticas públicas para a adequação de
qualidade, tanto para moradia quanto para a produção agrícola (NEVES et al., 1999).
No caso do assentamento Aimorés, a antiga fazenda produzia eucaliptos como
monocultura a qual, segundo Priolli (2002), ocasiona grande degradação do solo, não
só pela espécie, mas também pelo manejo desordenado. Neste contexto, seus
moradores carecem de recursos financeiros para a recuperação do solo e plantio,
entretanto, por determinações legais, são impedidos de trabalhar com registro em
carteira engendrando um círculo vicioso o qual demanda solução urgente por meio de
políticas e ações públicas.
Com base no exposto e considerando as necessidades das comunidades, o
presente projeto visa aplicar os conceitos da modularidade na região de Bauru, mais
precisamente, em um assentamento que leva o nome da antiga fazenda Aimorés
situada entre Pederneiras e Guaianás.

1.1 JUSTIFICATIVA

As habitações estão estritamente conectadas com o indivíduo que o ocupa, ele


é projetado a partir de sua escala e com o objetivo de atender suas necessidades, ele
dá significado para o lugar, o que o transpõe de uma simples localização geográfica,
para um local com atributos sociais, simbólicos e materiais, portanto tendo uma
relação direta com os hábitos, crenças, e valores da pessoa que o habita, e
consequentemente com sua qualidade de vida (HABITACÃO..., 2009).
17

A qualidade de vida é um conceito amplo, e apesar de não ter um significado


específico, também está relacionado diretamente à fatores sociais e culturais, não
apenas do indivíduo isolado, mas da sociedade e do contexto que estão inseridos,
levando em conta as circunstâncias econômicas individuais e gerais de seu meio,
como cita Khan e Passos (2019). Sendo assim, fica evidente a relação da moradia
com a qualidade de vida das pessoas.
Ao analisarmos esses aspectos ao contexto brasileiro, que atinge um dos
maiores níveis de desigualdade social do mundo, se percebe a precariedade em que
se encontra uma enorme porcentagem dos cidadãos, e que se agrava ainda mais se
observado pela ótica dos moradores dos setores rurais, que em sua maioria vivem em
situação de pobreza ou extrema pobreza (KHAN; PASSOS, 2019). Como exemplo,
Khan e Passos (2019) em seus estudos nos mostra que 77% dos trabalhadores do
campo do Ceará vivem com uma renda mensal menor de 65 reais por pessoa.
As soluções para conter esses índices vem por meio majoritariamente de
políticas públicas como a reforma agrária, e em relação a moradia, vem por meio da
otimização dos processos construtivos, reduzindo desperdícios e mantendo os níveis
de conforto da habitação, também pode vir pela da sustentabilidade, visando
encontrar meios menos agressivos ao meio ambiente, seja pelo material escolhido ou
pela facilidade de transporte dos mesmo, o que dá acesso a moradia digna e gera
uma maior satisfação dos moradores com suas casas, aumentando sua qualidade de
vida (KHAN; PASSOS, 2019 e FREITAS, 2014).
Com base nos dados apresentados acima, este trabalho se trata de uma
proposta voltada para habitação de interesse social em um ambiente com temperatura
alta e grandes áreas de pastagem, fatores que fomentam o uso de outros recursos
arquitetônicos direcionados ao conforto térmico, além dos comumente empregados.
Assim, busca-se neste trabalho, a adoção de ferramentas alternativas em
oposição ao ar-condicionado, largamente utilizado por ser a solução mais usual
quando pensado na problemática da temperatura, que, contudo, demandam custo
elevado e estrutura que o inviabilizam neste projeto (COSTA, 2009).
18

O trabalho se justifica por sua abrangência, pois prevê a possibilidade da


implantação dos resultados obtidos para ou lotes e em outros assentamentos, visto
que a topografia e o clima não se difere muito em relação a outros da região, e também
deixa novas temáticas para estudos futuros com a continuação do projeto do
assentamento, como por exemplo o desenvolvimento de escola, unidade de saúde,
entre outros aspectos que o caracterizariam como uma comunidade saudável.
Esse trabalho também é justificado pela importância simbólica e material que
representam os assentamentos do Brasil, em relação à sua origem e contexto dentro
da sociedade, que tem ligação direta com fatores socioeconômicos, culturais e
políticos (MOREIRA, 2013). As conquistas desses movimentos ao longo da história,
aumentam cada vez mais o acesso a direitos sociais e também constroem uma
identidade coletiva, um módulo saudável da sociedade (MOREIRA, 2013).

1.2 OBJETIVOS

A seguir serão apresentados o objetivo geral e específicos para este trabalho.

1.2.1 Objetivo Geral

Elaborar o projeto arquitetônico de habitação para o assentamento Horto


Aimorés na região de Bauru – SP com base nos princípios da arquitetura modular, e
que viabilize a construção pela própria comunidade.

1.2.2 Objetivos Específicos

Para tal, serão estabelecidos os seguintes objetivos específicos:

• ampliar o embasamento teórico sobre arquitetura modular voltada para


habitações de interesse social;
• ampliar o embasamento teórico sobre arquitetura bioclimática;
19

• ampliar o repertório projetual por meio do estudo de obras correlatas ao


tema;
• aprofundar o repertório projetual por meio da vista técnica;
• aprofundar o estudo sobre as características do local escolhido;
• ampliar o embasamento teórico sobre as necessidades e dificuldades
dos moradores de assentamentos;
• propor o programa de necessidades;
• aprofundar o estudo sobre construções feitas a partir de estruturas de
bambu.

1.3 METODOLOGIA

Para que este projeto fosse elaborado, utilizou-se de pesquisas expiatórias e


descritivas.
Inicialmente foi feita uma pesquisa teórica usando revisões bibliográficas de
teses, dissertações e artigos, com o suporte também da biblioteca da Centro
Acadêmico Sagrado Coração “Cor Jesu”, e a utilização das ferramentas virtuais que
possibilitam o acesso a textos de jornais, revistas, anais, homepages institucionais,
entre outros tipos de documentos.
Para a composição projetual, foram estabelecidas três obras correlatas ao
assunto, e artigos científicos da região, para análise técnica-crítica tangente aos
estudos de caso, com relação ás técnicas construtivas, funcionalidades modulares e
de aproveitamento de recursos naturais, características estéticas das obras, que junto
ao embasamento teórico anteriormente citado, fornecem as ferramentas necessárias
para a elaboração de um projeto eficiente e compatível com o tema e contexto
escolhido. Essas pesquisas foram coletadas por meio de fontes virtuais específicos
da área de arquitetura.
O assentamento Aimorés, situado na área rural da cidade de Pederneiras foi o
local escolhido para o projeto, em detrimento das relações que o lugar tem com o
campo de estudo deste trabalho. Foi selecionado um lote com características
semelhantes aos demais, visando abranger as soluções encontradas para outras
propriedades e outros assentamentos da região.
20

Para a pesquisa de campo, foi realizada uma visita ao local para analisar suas
características, fatores geodemográficos, socioeconômicos e bioclimáticos, bem
como um questionário com o morador do lote escolhido para estabelecer os potenciais
e necessidades dos moradores do local. As conclusões dos índices demográficos
foram obtidas por meio dos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), bem como o mapa de planejamento do assentamento.
As representações gráficas foram elaboradas para a análise do
macrozoneamento, a partir dos recursos disponíveis no Google Maps da Google
LLC®, das ferramentas do programa Auto CAD da Auto Desk® e do Photoshop da
Adobe®. Também foram utilizados os dados encontrados no site Weatherspark.com
para a elaboração desta etapa, a partir das informações meteorológicas por ele
fornecidas.
Dando continuidade, na etapa projetual serão utilizados programas de
representações gráficas, sendo eles o Auto CAD, SketchUp desenvolvido pela At Last
Software®, renderizadas no V-Ray Next da Chaos Group®, para a elaboração das
implantações, cortes, fachadas e detalhamento dos materiais. Para as maquetes
eletrônicas também serão utilizados os mesmos softwares, com acréscimo do
Photoshop e LightRoom da Adobe® para o tratamento adequado das imagens.

1.4 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

Abaixo, está relacionado o que será tratado em cada capítulo referente ao


assunto abordado.
Capítulo 1. Serão apresentados: a introdução do trabalho, sua justificativa, os
principais objetivos, as metodologias aplicadas, bem como, a estruturação do
trabalho.
Capítulo 2. A fundamentação teórica abordará os principais pontos no que
tange a arquitetura modular, técnicas e benefícios do aproveitamento de recursos
naturais para obtenção conforto térmico na habitação. Esse capítulo também abordará
o contexto dos assentamentos, sua origem e importância para a sociedade.
21

Capítulo 3. Serão apresentadas as obras que servirão como base para a


concepção projetual do trabalho, sendo elas a Casa Coberta, na cidade de Monterrey;
o projeto Crece tu Casa, em Tuzantán, e a Residência em Puebla, em Cuetzalan,
todas situadas no México.
Capítulo 4. Nesta etapa, estão contidas as análises demográficas do local, o
questionário com o morador, bem com os mapas de macrozoneamento, sendo eles o
mapa de planejamento da divisão dos lotes, de uso e ocupação do solo, de gabarito,
do sistema viário e serviços de infraestrutura, de vegetação. Este capítulo também
conta com fotos do terreno e do entorno, o programa de necessidades, conceito e
partido arquitetônico, e a proposta projetual. Para a elaboração mais eficiente e
contextualizada do projeto, ele também conta com a parte de sistemas e subsistemas
construtivos, com processos de pré-fabricação de componentes estruturais de bambu
e concreto e como é possível ser feito a adequada junção entre eles. Este capítulo
também discorre sobre uma técnica de resfriamento do ambiente por diferença de
pressão do ar, e os sistemas construtivos que tratam, filtram e armazenam as águas
das chuvas e da tubulação de esgoto da residência
Capítulo 5. Esta parte concluíra o projeto, tendo nele as considerações gerais,
dos objetivos e das metodologias aplicadas no trabalho, bem como as considerações
finais.
Por fim serão apresentadas as referências bibliográficas das informações
expostas no trabalho.
22

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica dará base ao projeto, considerando o ponto de vista


acadêmico e conceitos arquitetônicos.
Para tal, serão desenvolvidos neste tópico, os principais fundamentos
referentes ao tema abordado que servirão de referencial para a pesquisa: a origem e
a relevância das lutas por terras dos assentamentos rurais, aspectos e princípios da
arquitetura modular, e técnicas de arquitetura bioclimática.

2.1 CONTEXTO E RELEVÂNCIA DOS ASSENTAMENTOS

O cenário atual que permeia as propriedades de terras no Brasil decorre do


período escravagista e ao modelo agroexportador adotado na época que, segundo
Stédile (2005), tolheu a possibilidade de organização daqueles que realmente
trabalhavam com a terra, os escravos.
Esse período, durou cerca de 42 anos até 1930, quando é abolida a escravidão
e ocasiona a crise do atual modelo, na qual a condição de camponês, antes nula,
começa a ganhar força (STÉDILE, 2005). Esses novos camponeses, barrados pelas
leis vigentes na época, a lei de terras de 1850, migraram para o as regiões interioranas
de Minas Gerais e para o Nordeste (STÉDILE, 2005).
Até então, não existia um debate aberto sobre o problema agrário no país e,
somente em 1946, é criada a primeira proposta da reforma agrária, e com isso,
começam a surgir organizações favoráveis à causa (STÉDILE, 2005).
Aproximadamente 1% dos donos de terras, que habitavam o campo, possuíam
aproximadamente 66% das propriedades de terras do Brasil, e dessas, em torno de
60 propriedades rurais com beiravam os 100 mil hectares, ou seja, 60 pessoas ou
famílias, detentoras de seis milhões de hectares (STÉDILE, 2005).
Em vários estados, grande parte das propriedades que não se encaixavam
como latifúndios, eram muito pequenas, inviabilizando atividades econômicas
saudáveis para o país, portanto, o problema não era apenas a distribuição de terras,
mas sim suas plenas atividades (STÉDILE, 2005).
23

Em 1950, é escrita a 1ª proposta de reforma agrária da igreja católica no Brasil,


sendo feita por meio de uma reunião entre membros da igreja e fazendeiros, sem
trabalhadores, e motivada pelo medo, por parte desta instituição - de que insatisfeitos
com o sistema educacional no campo e seduzidos pela confortável vida militar nas
cidades, os trabalhadores migrassem para os centros urbanos e fossem influenciados
pelos ideais comunistas – e por parte dos donos das propriedades, que perderiam a
mão de obra barata em decorrência dessa migração (STÉDILE, 2005).
Outro fator que levou essa posição por parte da igreja e desse grupo, era a
eminente criação de estatutos que regulamentassem direitos, mesmo que ínfimos, aos
trabalhadores rurais, à vista disso, era benéfico que o grupo se antecipasse a essas
regulamentações (STÉDILE, 2005).

Houve o tempo em que o campo ficava preservado pela distância, pela


falta de comunicação. Pela índole conformista e rotineira dos
trabalhadores rurais.
Hoje, estradas se rasgam levando ao recesso do país a locomotiva,
os automóveis e, sobretudo, os caminhões. [...] E os agitadores estão
chegando ao campo. Se agirem com inteligência, nem vão ter a
necessidade de inverter coisa alguma. Bastará que comentem a
realidade, que ponham a nu a situação em que vivem ou vegetam os
trabalhadores rurais.
Longe de nós, patrões cristãos fazer justiça movidos pelo medo.
Antecipais-vos à revolução (STÉDILE, 2005, p. 32).

Segundo Stédile (2005), em 1964, surge o projeto de reforma, e no mesmo ano,


a 1ª lei da reforma agrária, no governo de João Goulart que normatiza a
desapropriação de terras que ultrapassem a quantidade de hectares especificada
nela, bem como não cumprissem a função social, condição que incluía o bem-estar e
justas relações de trabalho entre proprietários e trabalhadores, a produtividade e
proteção dos recursos naturais. O texto da lei também estabelecia conceitos como
minifúndio, latifúndio tendo como objetivo, amparar os trabalhadores sem propriedade
e fomentar a criação de glebas para pequenos produtores rurais (STÉDILE, 2005).
24

No mesmo ano, ocorre o golpe militar e por mais antagônico que pareça,
aconteceram eventos marcantes em favor dos movimentos sociais, como o Estatuto
de Terras e o primeiro cadastramento das propriedades, assim como a criação de
órgãos governamentais pautadas na temática, mas que com o passar do regime e
junto à redemocratização, seriam esquecidos (STÉDILE, 2005).
Esse estatuto possibilitou brechas, que foram usadas como argumentos
jurídicos para que grandes empresas, conseguissem comprar grandes lotes de terras
públicas (STÉDILE, 2005).
Com o fim da ditadura em 1985, Tancredo Neves assume, tendo como
compromisso a ampliação de programas da reforma, mas que não chega a ser
exercida, pois o atual presidente morre em um acidente aéreo e a pessoa nomeada
por ele e tida como mais competente para administrar essas questões, pede demissão
visto a falta de iniciativa do novo governo em atuar nessas causas (STÉDILE, 2005).
Logo após esses acontecimentos, devido à nova constituição, os conceitos de
latifúndio e minifúndios são alterados, respectivamente para empresas rurais de
grande e pequeno porte, além de subjetivar os conceitos de produtividade nas terras
(STÉDILE, 2005).
Em 1993, apesar da função social começar a ser compreendida não apenas
em questão da sua produtividade, mas também em posição dos impactos causados
ao meio ambiente, ficam cada vez mais burocráticas as ações de desapropriação,
consequentemente, favorecendo os donos dos latifúndios (STÉDILE, 2005).
Hoje em dia, o Brasil ainda é um dos países com a maior concentração de
renda do mundo. Os assentamentos existentes, são parcelas que conseguiram vencer
parcialmente essa luta, que apesar do direito à terra para produzir, muitas vezes não
tem as condições necessárias para tal atividade, portanto continuam em condições
precárias de subsistência, apesar de contribuírem para o país como um todo, quer
seja no abastecimento do alimento consumido no país, como em outros fatores
socioeconômicos que exercem, como educação, saúde e moradia, ou na importância
desses movimentos na conquistas de direitos pelo povo (MOREIRA, 2013).
25

Segundo a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA, 2019), o Movimento


dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é o protagonista entre esses movimentos,
atualmente, uma referência em produção de arroz orgânico na América Latina,
recebeu diversas premiações pelos programas de recuperação da Mata Atlântica, foi
laureado pelo Whitley Gold Award, reconhecimento internacional em conservação
ambiental e, em 2011, foi reconhecido pela Soberania Alimentar na Califórnia, pela
produção sustentável.
Duas mil escolas foram construídas em assentamentos do MST, como a Escola
Nacional Florestan Fernandes, empreitada pelos próprios membros que produziram,
inclusive, os tijolos; o movimento ainda é responsável por alfabetizar mais de 50 mil
adultos, tendo duas unidades como referência no Índice de Desenvolvimento na
Educação Básica (IDEB) (ANA, 2019).
Os assentamentos, entendidos como comunidade, englobam creches, escolas,
e postos de saúde, promove a identidade coletiva, um sistema modular dentro da
sociedade, oriundo de um constante anseio de reparação histórica dos tempos da
escravidão (MOREIRA, 2013).

2.2 ASPECTOS E PRINCÍPIOS DA ARQUITETURA MODULAR

O módulo (Figura 1), também chamado de módulo básico, segundo a ABNT


NBR 15873 (2010, p. ), é “a menor unidade de medida linear da coordenação modular,
representado pelo letra M, cujo valor normalizado é M = 100 mm” ou seja, medida
inicial que gera referências para todos os outros módulos ou multimódulos do projeto
(BAUDALF, 2004).
26

Figura 1 – Representação de um
módulo

Fonte: Baudalf (2004)


Conforme a AEP1 (1962, apud BAUDALF, 2004, p. 50), cumpre três funções
principais: “ser o denominador de referência para todas as outras medidas; ser a soma
ou a diferença entre duas dimensões modulares; ser a proporção ou razão da unidade
de sistema”.
O módulo pode ser representado como reticulado, em sua forma dimensional
entre três eixos, X, Y e Z, ou como quadriculado, sendo visto em apenas em X e Y,
que podem ser vistos nas Figuras 2 e 3.

1Agência Europeia de Produtividade. EUROPEAN PRODUCTIVITY AGENCY. La coordinación


modular em la edificación. Buenos Aires: López, 1962
27

Figura 2 – Reticulado, forma espacial Figura 3 – Quadriculado- em duas


dimensões

Fonte: Baudalf (2004)

Fonte: Baudalf (2004)

A partir dele, se tem os multimódulos ou submódulos sendo, respectivamente,


os maiores e proporcionais ao básico, e representado por “nM”, por exemplo 3M, 6M,
12M, 15M, entre outros; e o outro, sendo os elementos que, por sua própria função,
são menores que o módulo básico, como elementos de acabamento (BAUDALF,
2004).

2.2.1 Aspectos históricos e de sistemas

O uso da modularidade em construções remonta da antiguidade, tanto no


oriente quanto no ocidente, e pode ser descrito, em sua forma mais primitiva, como a
aplicação racional de técnicas construtivas, tendo sua origem representada de formas
diferentes de acordo com as regiões onde são observadas.
Os gregos, que exaltavam a beleza da proporção e da harmonia, basearam
suas medidas e referências em função do diâmetro das colunas, e com isso, faziam
as medidas do fuste e do capitel, a proporção e a disposição da construção
(BAUDALF, 2004).
28

Figura 4 – Colunas gregas e a aplicação do módulo nos templos

Fonte: Nissen2 (1976 apud BAUDALF, 2004)

Os romanos usaram os módulos e medidas para projetar cidades, tendo como


referência a medida passus, equivalente ao pes como pode ser visto na Figura 5,
otimizando por meio desse conceito o método de construção, dando medidas e
proporções para seus elementos construtivos, como tijolos e telhas (BAUDALF, 2004).

2 NISSEN, H. COnstrución industrializada y diseño modular. Madrid: H. Blume, 19176.


29

Figura 5 – Enquadramento de uma cidade romana

Fonte: Centro Brasileiro da Construção Bouwcentrum 3(1972 apud


BAUDALF, 2004)

Ainda no contexto da modularidade, os japoneses usavam, inicialmente, as


dimensões do tatame como módulo, o qual servia como espaço dimensional das
construções e como espaço físico confortável entre duas pessoas sentadas e uma
dormindo (BAUDALF, 2004). Depois surgiu a unidade de medida chamada ken (Figura
6), e com sua popularização foi tida como novo padrão de referência (BAUDALF,
2004).

3CENTRO BRASILEIRO DA CONSTRUÇÃO BOUWCENTRUM. Noticiário da coordenação


modular, São Paulo: BNH/CBC, n. 26/27, jan. 1972
30

Figura 6 – Casa tradicional japonesa

Fonte: Baudalf (2004)

Racionalizar o método de construção além indicar produtividade, para Mamede


(2001), é uma questão de sobrevivência, e ainda ressalta que existe um consenso
entre os pesquisadores da racionalização construtiva no que tange à melhoria da
qualidade de uma obra quando analisados aspectos com a redução de custos e
tempo.
Portanto, a ideia de que é necessário construir edificações aplicando sistemas
coordenados em um projeto, com controle de qualidade e visando simplificar as
atividades exercidas da etapa projetual até a execução, parece ser comum aos
estudiosos desta temática, contudo apenas na década de 1950 na Europa, que
começaram os avanços na criação de normalizações, que padronizasse e fomentasse
sua implantação em larga escala (LUCINI4, 2001 apud BALDAUF, 2004)
Conforme Mamede (2001), para alcançar resultados eficientes a partir da
coordenação modular, deve-se ter como base algumas definições da Norma Brasileira
de Coordenação Modular da Construção, entre eles, os três princípios básicos (Figura
7): sistema de referência, modularidade entre medidas, ajuste modular.

4 LUCINI. H. Manual técnico de modulação de vãos de esquadrias. São Paulo: Pini, 2001.
31

Figura 7 – Composição de um tipo de módulo.

Fonte: Baudalf (2004)

O sistema de ajustes e tolerâncias inclui as juntas modulares


(distância prevista entre os extremos de dois componentes) e ajustes
modulares (medida que relaciona o extremo do componente à malha
modular). O ajuste modular é denominado pela norma da ABNT NBR
15873:2010 como ajuste de coordenação, sendo determinado pelas
folgas perimetrais exigidas por um componente em função de suas
deformações (mecânicas, térmicas ou por umidade), suas tolerâncias
(de fabricação, marcação e montagem) e seus materiais de união com
componentes ou elementos vizinhos (ROMCY, 2012, p. 60-61).

Sobre a industrialização, no século XX, período em que ocorreram diversas


mudanças no mundo, as empresas de construção civil também mudaram, pois era
necessário obter resultados cada vez mais eficientes, com a menor taxa de
desperdício, ou seja, menor custo, e entregar o produto final no menor tempo possível
(ROMCY, 2012). Neste contexto, houve o aumento no interesse por elementos pré-
moldados, avançando assim, a coordenação modular, que abrange além de materiais,
métodos construtivos que otimizam a construção (ROMCY, 2012). Mamede (2001,
p.10) estabelece algumas diretrizes, entre elas:

• implantação de um sistema de coordenação;


• integração das equipes de projetistas;
• controle de qualidade do projeto;
• simplificação das operações construtivas;
• simplificação e padronização das soluções;
32

• pré-moldagem de elementos complexos;


• adoção de sistemas coordenação dimensional;
• detalhamento melhorado dos projetos.

Mamede (2001) ressalta que, as construções que fazem uso de elementos pré-
fabricados conseguem ter aproveitamento de aproximadamente 30% na produtividade
nas paredes estruturais. Com isso, a arquitetura modular se torna também um meio
de projetar com qualidade, padronizando os materiais usados, e otimizando os
métodos construtivos, com rapidez e qualidade (MAMEDE, 2001).

2.2.2 Modularidade nos espaços das habitações

Por se tratar de uma temática abrangente, a modularidade pode ser relacionada


aos espaços das habitações, fator crucial para a organização de espaços mais
harmônicos, consequentemente, mais confortáveis para o usuário.
Desta forma, no que tange ao espaço interno, a eficiência na disposição de
dimensionamento de cada ambiente se dá por um outro fator além do próprio espaço,
que são as junções entre os módulos, dando aparência real para o projeto e definindo
como as pessoas irão fluir por ele (HENRIQUES, 2017).
Henriques (2017) cria uma sequência esquemática e de fácil visualização
dessas junções e as etapas projetuais de uma construção modular (Figuras 8 a 11),
ele mostra concepção inicial dos espaços, e suas conexões feitas com medidas
modulares, dando relevância para as zonas de transição entre eles na formação das
habitações, passando por todos os cômodos, desde a sala, às instalações sanitárias
(I.S.), lavanderia e quartos.
33

Figura 8 – Esquema de espaço interno 1

Fonte: Henriques (2017)

Figura 9 – Esquema de espaço interno 2.

Fonte: Henriques (2017)


34

Figura 10 – Esquema de espaço interno 3

Fonte: Henriques (2017)

Figura 11 – Esquema de espaço interno 4

Fonte: Henriques (2017)


35

Figura 12 – Esquema de espaço interno 5

Fonte: Henriques (2017)

Nota-se as inúmeras possibilidades de disposição sem perder o conceito, pois


mesmo os volumes intermediários estão sempre referenciados pela unidade do
módulo. Também se vê a possibilidade de maiores ou mais longas junções, sendo
estas abertas, gerando a sensação de aumento no espaço interno.
Nas Figuras 13 e 14, exibe mais exemplos das possibilidades de projeto, com
esquemas mais elaborados, que além de utilizar a modularidade na concepção do
espaço, também a utilizam nos próprios componentes construtivos:
36

Figura 13 – Volumetria modular hipotética

Fonte: Amorim, Kapp e Eksterman 5(2010 apud CIRQUEIRA, 2015, p. 44)

Figura 14. Planta modular hipotética

Fonte: Amorim, Kapp e Eksterman (2010 apud CIRQUEIRA, 2015, p. 44)

5AMORIM, Sergio Roberto Leusin de; KAPP, Silke; EKSTERMAN, Christine Fontenele. Manual de
práticas recomendadas - Coordenação Modular: Caderno 1 - Projeto em Habitação de Interesse
Social – HIS. Rio de Janeiro: CDU, 2010.51p
37

2.2.3 Métodos construtivos modulares na atualidade

Hoje em dia, há uma grande variedade de métodos construtivos com


características modulares, os quais vem sendo adotados paulatinamente em projetos
de arquitetura, visto sua eficiência no processo construtivo no que concerne ao tempo
e ao desperdício de recursos, fatores que influenciam diretamente no custo ao se
construir (FARIA, 2017).
Essas construções podem ser feitas com metal, o ligh steel frame (LSF) (Figura
15); com containers (Figura 16), que são compostos de estruturas metálicas mas com
outras características, portanto outros métodos de construção do LSF; de madeira
(Figura 17) ou até mesmo a partir do concreto (Figura 18), e algumas pode ser
desmontáveis, dada à possibilidade de reutilização das estruturas e elementos em
outras construções (FARIA, 2017).

Figura 15 – Estrutura feita de ligh steel frame (LSF)

Fonte: Santiago, Rodrigues e Oliveira (2010)


38

Figura 16 – Habitação em container

Fonte: Dejtiar (2017)

Figura 17 – Sistema de construção modular em madeira

Fonte: Branco (2013)


39

Figura 18 – Sistema de construção por elementos pré-fabricados de


alvenaria

Fonte: Monteiro (2012)

Esses sistemas podem se configurar de diversos modos, como os próprios


containers que já vem fechados por todos os lados e são utilizados como estão;
podem ser ligeiramente abertos, com espaços que possibilitam a junção com outros
módulos, e abertos, compostos apenas por elementos estruturais, como vigas e
colunas (FARIA, 2017). Também entram nos sistemas modulares, a adoção de um
módulo base sendo ele estrutural ou não, que reduz a necessidade da pré-fabricação,
contudo pode perder a eficiência, como uma construção de alvenaria, por exemplo,
ou podem ser mistos com mais de um sistema simultaneamente (FARIA, 2017).
40

2.3 ESTRATÉGIAS DE CONFORTO TERMOACÚSTICO NATURAIS

O clima é um dos fatores essenciais ao se pensar em eficiência energética e,


principalmente, em conforto térmico, pois a partir das características bioclimáticas da
região, serão implementadas diretrizes específicas de projeto. Neste contexto, são
considerados diversos fatores como vento, a umidade e a temperatura do local
(BROWN; DEKAY, 2004).
A análise detalhada das configurações do micro clima no terreno é fundamental
para o desenvolvimento eficiente do projeto sob a ótica da arquitetura bioclimática e
para tal, Brown e Dekay (2004) estabelecem uma metodologia para essa análise a
partir de um terreno hipotético dividido em quadrantes, e a partir disso, atribui valores
e representações gráficas para suas características como sombra, direção do vento,
entre outros (Figuras 19 a 21).
41

Figura 19 – Representação e atribuição com hachuras para análise

Fonte: Brown e Dekay (2004)


42

Figura 20 – Atribuição de valores para as hachuras

Fonte: Brown e Dekay (2004)

Figura 21 – Resultados das análises

Fonte: Brown e Dekay (2004)


43

Nota-se como o diagnóstico pode ser mais preciso ao considerar cada


fragmento do terreno separadamente.
Considerar a ventilação natural é a melhor maneira de proporcionar conforto
térmico nas habitações, pois ela assegura a circulação do ar no ambiente e,
consequentemente, a regulação da temperatura. Para atingir resultados positivos, é
necessário saber as características dos ventos locais e como eles se comportam.
Neste contexto, Brown e Dekay (2004, p. 40) denotam que o vento possui três
princípios cruciais: quanto mais baixo o vento em relação à terra, menor sua
velocidade em decorrência da fricção com os terrenos irregulares; não muda de
direção quando encontra um obstáculo, mas flui por ele contornando-o; por fim, o
vento circula de alta pressão para baixa pressão (Figura 22).

Figura 22 – Movimento do ar

Fonte: Brown e Dekay (2004, p. 40)

Esses conhecimentos são vitais nos projetos arquitetônicos e Costa (2009)


assevera que a ventilação correta dos ambientes visa à higiene do ambiente, por meio
da renovação do ar saturado, bem como reduzir a temperatura e a umidade. A
iluminação solar, também pode servir como agente higienizador do local, dependendo
da incidência e de quanto tempo o local é exposto a ela (COSTA, 2009).
44

Quando a temperatura do ambiente é maior do que a do corpo, é necessário


ventilação adequada para que ocorra a troca de calor com o ambiente por meio de
evaporação ou convecção, portanto o conforto térmico para o indivíduo acontece
quando o calor do seu corpo é dissipado (COSTA, 2009).
Neste contexto, segundo Brown e Dekay (2004) o vento acontece em trocas de
temperatura e pressão, assim, deve-se analisar o fluxo térmico entre as paredes
externas do projeto, os ganhos de calor dentro do ambiente, causados por
equipamentos, pela iluminação e pela própria presença humana, os ganhos térmicos
externos e as perdas de calor, geradas por fatores externos, como ventilação e
sombra. Com esses dados, é possível obter um ponto de equilíbrio.
A partir dos conceitos e métodos listados, serão abordadas as possíveis
estratégias a serem aplicadas na presente proposta de projeto arquitetônico quanto à
disposição dos ambientes na edificação, visando à dissipação de calor, foco principal
do clima característico da região eleita, bem como a definição dos materiais favoráveis
ao conforto térmico.
Em relação ao favorecimento da ventilação natural no projeto, será prevista a
ventilação cruzada, que direciona o caminho do vento pelos ambientes de forma que
o ar circule e seja renovado, além da ventilação por efeito chaminé, que ocorre por
convecção, retirando o ar quente por aberturas na área superior do edifício, enquanto
o ar frio entra pelos vãos na parte inferior. Brown e Dekay (2004) ressaltam que ambas
as estratégias podem ser aplicadas conjuntamente como na Figura 23.
45

Figura 23 – Exemplos de ventilação cruzada e por efeito chaminé.

Fonte: Brown e Dekay (2004, p.)

É necessário também verificar quais zonas requerem luz natural, como


dormitório e cozinhas, associando-as às estratégias de trocas de calor criando zonas
de transição, que serão dispostas de acordo com a orientação solar e dos ventos
(BROWN; DEKAY, 2004).
Para aumentar a iluminação natural, construções mais baixas, com um
pavimento ou com apenas alguns espaços em pavimentos superiores favorecem a
entrada da luz solar, por meio de claraboias ou aberturas internas como jardins de
inverno, por exemplo (BROWN; DEKAY, 2004).
Para minimizar a entrada excessiva de calor no ambiente, pode-se fazer uso
de estruturas horizontais e verticais, construídas ou naturais como pergolados, brises
e vegetação que cumprem esse objetivo nos horários com maior incidência solar
(BROWN; DEKAY, 2004).
46

Brown e Dekay (2004) denotam que neste caminho, a implantação de


coberturas que coletam e armazenam água, contribuem no resfriamento dos
ambientes. Espelhos d’água também tem o mesmo objetivo, contudo a cobertura
aparenta ser mais eficaz em ambientes internos (BROWN; DEKAY, 2004).
Em relação aos materiais, podem ser utilizados paredes ou coberturas que
coletam calor para o inverno, ou para as noites, se houver uma mudança acentuada
de temperatura nos fotoperíodos (BROWN; DEKAY, 2004). Também existem paredes
com segunda camada que conseguem absorver o calor mediante um espaço entre a
primeira e a segunda pele (Figura 24), onde o calor é retido (BROWN; DEKAY, 2004).

Figura 24 – Parede com segunda pele

Fonte: Brown e Dekay (2004, p.)

Usar cores claras em locais onde há maior incidência solar também favorece a
47

dissipação de parte do calor em ambientes quentes, e o uso de painéis fotovoltaicos


(Figura 25), tanto no nas paredes quanto em telhados garantem grande eficiência
energética para o projeto além de absorverem uma parte da carga térmica.

Figura 25 – Detalhamento de um painel foto voltaico

Fonte: Brown e Dekay (2004, p.)


48

3 FUNDAMENTAÇÃO DE REPERTÓRIO/

A seguir serão apresentadas as obras da Casa Coberta, no México, Crece tu


casa, e a Residência em Puebla, que servirão como base para o estabelecimento
conceito e do programa de necessidades do projeto.

3.1 CASA COBERTA, MONTERREY, MÉXICO

A Casa Coberta (Figura 26) foi pensada pelo projeto Arquitetura Social
Comunitária Vivex, localizada na periferia da cidade de Monterrey, no México e seu
projeto tem como objetivo tornar a arquitetura e seus efeitos positivos na qualidade de
vida de comunidades de baixa renda (COMUNIDADE VIVEX, 2016).

Figura 26 – Casa coberta

Fonte: Comunidade Vivex (2016, n.p.)


49

O desafio para a proposta da Casa Coberta, foi dar o melhor uso possível para
o espaço disponível, sendo o terreno de sete por 15 metros de profundidade
(COMUNIDADE VIVEX, 2016). Outro ponto crucial para a definição do partido
arquitetônico, foi a ideia de incluir um ponto de comunhão para os moradores, surgindo
assim o pátio central, que une o programa de necessidades (Figuras 27 e 28)
(COMUNIDADE VIVEX, 2016).
50

Figura 27 – Planta da Casa coberta

Fonte: Comunidade Vivex (2016, n.p.)


51

Figura 28 – Corte esquemático do projeto

Fonte: Comunidade Vivex (2016, n.p.)


52

A obra de 56 m² iniciais, com possibilidade de expansão de mais 33 m², iniciou-


se em 2011 e foi concluída em 2015, pois dependia do tempo livre da família e amigos
para construção, mantendo sua rotina normal de trabalho (COMUNIDADE VIVEX,
2016). Proporcionar a mão de obra dessa forma, torna-se um aspecto de peso para o
projeto, visto que agrega aprendizagem e assimilação de valores (Figura 29)
(COMUNIDADE VIVEX, 2016).

Figura 29 – Processo de construção

Fonte: Comunidade Vivex (2016, n.p.)

Outro fator que influenciou no tempo da obra, foi a dependência de doações de


materiais e recursos, as quais contribuíram grandemente no custo final da obra, que
por fim, teve investimento filantrópico no total equivalente a R$ 20.000,00
(COMUNIDADE VIVEX, 2016).
Os materiais utilizados também tiveram impacto no resultado, como por
exemplo, o uso da pedra britada para as áreas externas, favorecendo o escoamento
da água da chuva, e a cobertura elevada (Figura 30) deu-se a partir da necessidade
de trazer melhor desempenho térmico aos ambientes, mantendo a ventilação natural
e ainda promove sombra para o pátio, visto a escassez de árvores naquela localidade
(COMUNIDADE VIVEX, 2016).
53

Figura 30 – Área externa Casa coberta.

Fonte: Comunidade Vivex (2016, n.p.)

Para o piso interno foi utilizado o concreto e para o teto dos dormitórios foi
aplicada a laje de concreto armado leve, enquanto para os demais ambientes, como
cozinha e sala, foram utilizados vigas e fechamentos de madeira, isolamento térmico
e pasta de cimento (Figura 31) (COMUNIDADE VIVEX, 2016).
54

Figura 31 – Área interna Casa coberta.

Fonte: Comunidade Vivex (2016, n.p.)

Todos esses processos foram pensados no intuito de promover o melhor


desempenho dos espaços como conforto térmico baseado nas correntes de ar
naturais, coleta de água pluvial para armazenamento, e abertura para melhorias
futuras.
Esta obra complementa o trabalho, pelo seu baixo custo de construção, a
integração dos moradores com o processo construtivo, e com a utilização de técnicas
para a captação da água da chuva e o aproveitamento da ventilação natural.
55

3.2 CRECE TU CASA, TUZANTÁN, MÉXICO

A Cresce tu Casa (Figura 32) foi elaborada pelo grupo Lucila Aguilar arquitetos,
é uma proposta de moradia sustentável para os moradores do campo de Tuzantán,
pequena cidade do México (LUCILA AGUILAR ARQUITECTOS, 2020). Usando
bambus como função estrutural do projeto, e equipe conseguiu trazer, em um
ambiente modular com quatro ampliações possíveis, a essência dos antigos povoados
da região, com cores e formatos típicos (LUCILA AGUILAR ARQUITECTOS, 2020).

Figura 32 – Fachada Crece tu casa

Fonte: Lucila Aguilar Arquitetos (2020, n.p.)


56

O projeto é dividido em partes construtivas: a estrutura, as paredes, e a


cobertura, e foram feitas quatro unidades com diferentes materiais nas paredes,
objetivando uma futura análise das características de cada uma quanto ao conforto
térmico ao longo do tempo (LUCILA AGUILAR ARQUITECTOS, 2020).
A estrutura de bambu pré-fabricada (Figuras 33 a 35) foi preenchida com
concreto, material utilizado também nas fundações (ARCHDAILY BRASIL, 2018).
57

Figura 33 – Etapas do sistema de bambu Figura 34 – Etapas do sistema de bambu


utilizado (1). utilizado (2).

Fonte: ArchDaily Brasil (2018, n.p.) Fonte: ArchDaily Brasil (2018, n.p.)
58

Figura 35 – Etapas do sistema de bambu utilizado (3).

Fonte: ArchDaily Brasil (2018, n.p.)

O primeiro tipo de fechamento utilizado, foram paredes de Baharaque (Figura


36), feita a partir de um esqueleto de bambu, vedado por uma camada úmida de barro,
argila e grande quantidade de fibras formando o núcleo, que, após a secagem, é
seguida por outra camada menos úmida e com menos fibras, e por fim uma última
camada de argila, areia e isolante para dar o acabamento (Figura 37) (ARCHDAILY
BRASIL, 2018).
59

Figura 36 – Tipo de fechamento Baharaque em andamento

Fonte: Lucila Aguilar Arquitetos (2020, n.p.)

Figura 37 – Fechamento Baharaque concluído

Fonte: Lucila Aguilar Arquitetos (2020, n.p.)


60

O outro tipo de fechamento escolhido foi o Pamacon (Figuras 38 e 39), pré-


fabricado de fibras de madeira, com bom isolamento e de fácil manuseio, e o bambu
para estruturar o material (ARCHDAILY BRASIL, 2018).

Figura 38 – Tipo de fechamento Pamacon

Fonte: Lucila Aguilar Arquitetos, (2020, n. p.)


61

Figura 39 – Fechamento Pamacon concluído

Fonte: Lucila Aguilar Arquitetos (2020, n.p.)

O terceiro tipo utiliza blocos de terra compacta (BTC) (Figuras 40 e 41) que
funcionam basicamente como a alvenaria, porém com a vantagem de possibilitar ser
fabricado e montado pelos próprios moradores da região a partir da terra local,
abaixando o custo significativamente, além de suas propriedades térmicas superiores
à alvenaria (ARCHDAILY BRASIL, 2018). Nota-se que os blocos possuem dois furos
em sua superfície, para a inserção da parte elétrica ou hidráulica no projeto.
62

Figura 40 – Tipo de fechamento com BTC.

Fonte: Lucila Aguilar Arquitetos (2020, n.p.)

Figura 41 – Fechamento por BTC concluído

Fonte: Lucila Aguilar Arquitetos (2020, n.p.)


63

O último tipo de fechamento é composto por palha, alpiste, ou análogos, juntos


por alguns fios de aço, depois revestido por uma pintura vinílica para conferir
isolamento térmico e dar o acabamento (ARCHDAILY BRASIL, 2018).

Figura 42 – Fechamento por palha em andamento

Fonte: Lucila Aguilar Arquitetos (2020, n.p.)


64

Figura 43 – Fechamento por palha finalizado

Fonte: Lucila Aguilar Arquitetos (2020, n.p.)

A cobertura de todas as unidades é composta por uma lâmina galvanizada por


cima, um impermeabilizante asfáltico duplo no meio, e no interior uma esteira de
bambu, toda estruturada também com bambus (ARCHDAILY BRASIL, 2018).
A proposta do projeto, começa com área de 48 m², mas prevê QUATRO
módulos, portanto QUATRO possíveis ampliações atingindo até 118 m² (Figura 44).
65

Figura 44 – Esquema com possíveis ampliações

Fonte: ArchDaily Brasil (2018, n.p.)

A proposta oferece três quartos na maior das ampliações, sendo o último no


pavimento superior, além de uma área de serviço de 7 m² e área aberta que dá acesso
à casa, como um hall de entrada (Figuras 45 e 46) (ARCHDAILY BRASIL, 2018).
66

Figura 45 – Planta do 1º pavimento do projeto

Fonte: ArchDaily Brasil (2018, n.p.)


67

Figura 46 – Planta do 2º pavimento do projeto

Fonte: ArchDaily Brasil (2018, n.p.)


68

A cobertura inclinada (Figura 47) serve para canalizar a água em filtros de água
potável, possibilitando o reuso da água da chuva, e sua fundação é feita com concreto,
até aproximadamente 40 cm do solo, onde começam as estruturas de bambu.

Figura 47 – Corte do projeto

Fonte: ArchDaily Brasil (2018, n.p.)

Neste projeto, as características principais para este trabalho, são a


modularidade do projeto em relação ao programa de necessidades, os materiais
utilizados na construção, a captação das águas pluviais, nela também foi utilizada a
ventilação direta e por efeito chaminé, que servem de referência para este trabalho,
pois visam atender as mesmas necessidades de conforto térmico, assim como seu
caráter estético.

3.3 RESIDÊNCIA EM PUEBLA, CUETZALAN, MÉXICO

Este projeto é um esforço do grupo Comunal Taller de Arquitectura em oferecer


qualidade de vida para os habitantes da região, pois foi necessária uma reformulação,
por parte da equipe, visto que a Comissão Nacional de Moradia (CONAVI) do país,
alterou algumas normas referentes a subsídios do governo (ARCHDAILY BRASIL,
2017).
Segundo a CONAVI, a partir de 2016, a utilização de materiais como bambu,
69

palha e madeira para habitações são considerados precários, eliminando qualquer


possibilidade de subsidiar obras desses tipos, e desta forma, o projeto da residência
em Puebla (Figura 48) foi reformulado com elementos estruturais feitos de alvenaria,
para adequar às normas nacionais (COMUNAL TALLER DE ARQUITECTURA, 2020).

Figura 48 – Fachada de Residência em Puebla

Fonte: Comunal Taller de Arquitectura (2020, n.p.)

Foram utilizados QUATRO componentes modulares simples (Figura 49), duas


treliças e dois painéis retomando o conceito da obra de 60 m² otimizada, tanto pelo
tempo, pela possibilidade de uso de mão de obra local, quanto pelos materiais
empregados, no caso o bambu, abundante na região (COMUNAL TALLER DE
ARQUITECTURA, 2020).
70

Figura 49 – Componentes modulares do projeto.

Fonte: Comunal Taller de Arquitectura (2020, n.p.)

O projeto também remete às características das moradias dos povos


tradicionais da região (Figuras 50 e 51), que consiste em um espaço central, onde
havia o altar, e o segundo espaço onde secavam o café colhido (COMUNAL TALLER
DE ARQUITECTURA, 2020).
71

Figura 50 – Planta da construção

Fonte: Comunal Taller de Arquitectura (2020, n.p.)

Figura 51 – Disposição dos espaços do projeto

Fonte: Comunal Taller de Arquitectura (2020, n.p.)


72

Os painéis (Figura 52) são feitos com pequena quantidade de argamassa, um


tecido tradicional da região que o reveste e alumínio, que oferece propriedades termo
acústicas e bactericidas (ARCHDAILY BRASIL, 2017).

Figura 52 – Painéis feitos a partir de tecidos tradicionais da região.

Fonte: Comunal Taller de Arquitectura (2020, n.p.)

Foram utilizadas estratégias como ventilação cruzada e por efeito chaminé


assegurar o conforto térmico, bem como a captação pluvial e a utilização biojardins e
biodigestores para tratar a água dos chuveiros e banheiros dos moradores
(COMUNAL TALLER DE ARQUITECTURA, 2020).
Devido às técnicas utilizadas, uma habitação poderia ser construída em apenas
uma semana para a montagem dos módulos, e com isso, ganhou a medalha de prata
no concurso da CONAVI sobre moradias rurais, mesmo mantendo a compreensão de
que os materiais vernaculares são próprios para construção dessas habitações, que
valorizam a cultura e a autonomia desses povos (COMUNAL TALLER DE
ARQUITECTURA, 2020).
Nota-se a simplicidade da planta, sem deixar de cumprir nenhuma das funções
desejadas, dando comodidade e luz natural, além de herdar os aspectos tradicionais
dos antigos para os novos moradores. Fica em evidência também, o detalhe em tijolos
no corte (Figura 53), que compõem o ambiente e obedecem às normas exigidas
(COMUNAL TALLER DE ARQUITECTURA, 2020).
73

Figura 53 – Corte esquemático do projeto

Fonte: Comunal Taller de Arquitectura (2020, n.p.)

Para esta obra, são observados relevantemente os materiais utilizados na


construção e sua modularidade em relação aos elementos desenvolvidos, a captação
das águas pluviais, a reutilização das águas negras e cinzas advindas dos banheiros
e cozinhas da residência. Também se observa o uso da ventilação direta, que
complementas os fundamentos de repertório para o tema do trabalho, pois visam
atender as mesmas necessidades de conforto térmico, assim como seu caráter
estético e o resgate cultural feito.
74

4 A PROPOSTA DE PROJETO

A proposta projetual foi desenvolvida em quatro tipologias, discorrendo


principalmente em duas tipologias de habitação, as análises do contexto em que está
situado, seus componentes e detalhes construtivos, e posteriormente com a proposta
de outras duas construções, entendendo que a qualidade não contempla apenas a
habitação, e sim diversos fatores externos e sociais dentro da comunidade em que se
vive, por isso também foram desenvolvidas uma creche junto com uma pré-escola, e
uma cozinha comunitária dentro do assentamento.
O local selecionado para o projeto se situa no assentamento Horto Aimorés
(Figura 54), localizado em Pederneiras, fazendo divisa com o município de Bauru, e é
divido segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) em dois
setores nos distritos de Santelmo e Guaianás. O acesso ao local se dá pela rodovia
Comandante João Ribeiro de Barros, por uma estrada de terra principal que começa
na avenida Malandrino Mondelli, no bairro Mary Dota em Bauru, e por outras estradas
de terra menores do mesmo bairro.
Pela proximidade com Bauru, alguns moradores optam por realizarem suas
atividades neste município. Mesmo não tendo escolas ou hospitais públicos perto do
assentamento como mostra o mapa abaixo (Figura 55), ainda sim esses serviços são
mais próximos em relação aos do município de Pederneiras. O ponto de ônibus
sinalizado na mesma figura ao lado da igreja, é o limite em que os ônibus municipais
chegam, e que é utilizado pelos moradores do local.
75

Figura 54 – Localização do assentamento Horto Aimorés

Fonte: Zaher (2015)


76

Figura 55 – Mapa dos equipamentos urbanos.

1- Bombeiro; 2- Posto policial; 3- Limite de munípio Bauru/Pederneiras; 4- Acesso pela estrada de


terra; 5- Ponto de ônibus do assentamento; 6- Igreja; 7- Limite da gleba superior do assentamento;
8- Lote escolhido para o projeto; 9- Limite de gleba inferior do assentamento; 10- Hospital
UNIMED; 11- Acesso pela rodovia.
Fonte: Elaborado a partir de Google Earth (2020)

Ao todo, o assentamento abriga cerca de 370 famílias, contabilizando 1.176


moradores, em sua maioria de adultos entre 20 e 60 anos e, segundo o IBGE (2010),
são 40,45% moradores com até 19 anos, e apenas 8,46% de pessoas com mais de
60 anos de idade.
A caracterização da população residente, se faz essencial visto que o projeto
arquitetônico visa oferecer qualidade de vida para os assentados, sanando suas
necessidades por meio de tipologias adequadas à maioria das famílias da
comunidade.
77

Após essa análise, pode-se perceber também, que em poucos lotes, vivem
mais de uma família, com média de 1,03 domicílios por lote e 3,27 pessoas por família,
com uma ou mais crianças nas casas (IBGE, 2010). Outro dado obtido quanto ao
gênero revela que 53,83% da comunidade é composta por homens e 46% por
mulheres (IBGE, 2010).

4.1 ANÁLISE DO ENTORNO

A seguir serão apresentados os mapas de uso e ocupação do solo, mapa de


gabarito, do sistema viário e serviços de infraestrutura e o mapa de vegetação, que
complementam uma análise mais detalhada do entorno.

4.1.1 Uso e ocupação do solo

Toda a área do assentamento é loteada pela prefeitura de Pederneiras, porém


não está digitalizada em nenhum acervo público, portanto dificulta a compreensão do
local como um todo, bem como o uso e ocupação do solo atualizado.
O uso e ocupação do solo, se dá por pequenas construções residenciais,
alguns lotes com mais de uma, que quando não utilizadas como moradia, servem
como galpões ou depósitos (informação verbal do morador). Também existem hortas
ou plantações controlados, que recebem fertilizantes ou rega automatizada
(informação verbal do morador). Ademais, as outras áreas não têm um fim específico,
podem ser utilizadas como pasto, se houver (informação verbal do morador).
No assentamento não existem grandes criadouros de gado, apenas alguns
moradores possuem pequenas quantidades de bovinos (informação verbal do
morador). Outro tipo de produção comum no local, é a criação de galinhas, tanto para
o abate como para a venda de ovos (informação verbal do morador).
O mapa a seguir (Figura 57), mostra o planejamento da divisão dos lotes no
assentamento Horto Aimorés, segundo o IBGE (2010).
78

Figura 56 – Mapa de uso e ocupação do solo.

Fonte: Elaborado a partir de Google Earth (2020).


79
Figura 57 – Mapa do planejamento das divisões de lote
80
Fonte: IBGE (2010)
81

O assentamento, em geral, é composto por pequenos domicílios (Figuras 58 e


59) de alvenaria, na maioria sem revestimento, e com algumas partes feitas de folhas
de madeira.

Figura 58 – Residências – vista 1

Fonte: Elaborado pelo autor (2020)


82

Figura 59 – Residências do entorno – vista 2

Fonte: Elaborado pelo autor (2020)

4.1.2 Mapa de gabarito

Em relação ao gabarito, ou seja, a altura das construções do local, não passam


do primeiro pavimento, por se tratar de pequenas residências, em área rural, feita com
baixo orçamento, ou estufas e criadouros de animais, que não necessitam de mais
pavimentos. Este mesmo cenário é observado ao longo do assentamento inteiro
(Figura 60).
83

Figura 60 – Mapa de gabarito

Fonte: Elaborado a partir de Google Earth (2020)

4.1.3 Sistema viário e serviços de infraestrutura

O sistema viário local é constituído apenas por estradas de terra estreitas, onde
passam no máximo dois carros de passeio simultaneamente, ou um ônibus ou um
caminhão por vez.
Dentro dos limites do assentamento, não circulam linhas de ônibus públicas ou
particulares, o ponto de ônibus destinado aos moradores se situa no início do
assentamento ao lado de uma igreja, o que leva as pessoas a percorrer trajetos que
podem chegar a mais de 2 km até ele. Este dado também é válido para ônibus
escolares.
Os assentados utilizam a rede geral de energia, presente em toda a área e feita
por postes nas vias sem iluminação, com ligação apenas à construção principal do
lote, popularmente chamada de sede, incutindo aos moradores a responsabilidade de
conectar as outras áreas do lote nessa rede (IBGE, 2010).
84

A coleta de resíduos sólidos domiciliares é feita semanalmente, pela prefeitura


de Pederneiras, passando na frente de cada lote e são usadas fossas sépticas, feitas
pelas próprias famílias para a destinação do efluentes (IBGE, 2010).
O mapa da Figura 61 expões as condições do sistema viário e da infraestrutura
de serviços.

Figura 61 – Mapa do sistema viário local

Fonte: Elaborado a partir de Google Earth (2020)

4.1.4 Mapa de vegetação

No mapa de vegetação (Figura 62), é possível observar que os dois setores do


assentamento são divididos pelo rio Bauru, e também é possível observar a
abundância de vegetação de grande porte adensada nos perímetros do local, com
ênfase no Horto Aimorés, situado entre o começo da área urbana de Bauru e o limite
do setor superior. No restante, solos com vegetação rasteira de fazendas destinadas
85

à criação de gado ou por florestas de eucalipto em fazendas voltadas à agricultura.

Figura 62 – Mapa de vegetação macro.

Fonte: Elaborado a partir de Google Earth (2020)

Em relação ao interior do assentamento (Figurar 63), pode-se notar que a maior


parte do terreno é ocupada para a agricultura, mostrando a transição entre vegetação
rasteira, e médio porte, quando ficam maduras, voltando ao seu estado inicial. A parte
destinada à criação de animais é pouco significativa, e tem como objetivo o consumo
próprio dos moradores.
As matas ciliares, que acompanham o rio Bauru, constituem a vegetação densa
de grande porte.
86

Figura 63 – Mapa de vegetação do local

Fonte: Elaborado a partir de Google Earth (2020)

4.2 ANÁLISE DO TERRENO

No lote escolhido para a execução do projeto, existem duas construções feitas


em alvenaria sem revestimento e com algumas partes adaptadas com folhas de
madeira, uma usada como galpão, e outra como domicílio.
O Sr. Milton (informação verbal)6, proprietário do lote e morador do
assentamento há três anos, relata que, atualmente, vive com mais dois membros da
família, cultiva hortaliças para consumo próprio e cria poucas cabeças de gado e aves
fonte da sua subsistência.

6 Informação verbal concedida pelo Sr. Milton em visita ao local 15/06, 17:10h.
87

Ainda segundo o Sr. Milton (informação verbal), as maiores dificuldades


enfrentadas no assentamento estão: a poluição em decorrência dos fornos da queima
do eucalipto para a produção de carvão (Figura 64), atividade ilegal no assentamento;
as condições das vias de acesso; a instabilidade das redes elétricas.

Figura 64 – Fumaça produzida pela produção ilegal de carvão

Fonte: Elaborado pelo autor.

Em relação ao clima, Sr. Milton (informação verbal) enfatiza sobre o calor, que
sazonalmente prejudica a pastagem, mas que conseguiu minimizar este problema
com a instalação de um sistema de gotejamento em sua horta. Entretanto, reclama da
temperatura dentro da residência (Figura 65), onde segundo ele, o problema se
agrava, atrapalhando atividades rotineiras e, principalmente, seu sono (informação
verbal).
88

Figura 65 – Residência do Sr. Milton

Fonte: Elaborado pelo autor.

A topografia do local praticamente plana, típica do serrado, com pequenas


variações de altitude, com a média da cidade por volta de 510 metros em relação ao
nível do mar (WEATHER SPARK, 2020). Em relação ao assentamento, a média
também fica entre os 510 e 520 metros de altitude (WEATHER SPARK, 2020).
Com clima tropical caracterizado por verões quentes e chuvosos, e invernos
curtos e secos, a temperatura média máxima fica acima de 30º e média mínima de
22º com poucas nuvens, tornando o ambiente no assentamento muito quente e com
chuvas amenas durante o ano (WEATHER SPARK, 2020).
A topografia é bastante decisiva para o clima da região, assim como também
influencia nos ventos. Neste caso, como a topografia não sofre muitas alterações, os
ventos vêm predominantemente do oceano Atlântico e são zonais, ou seja, vão do
leste a oeste (WEATHER SPARK, 2020). Também existem índices significativos vindo
de noroeste, e baixas porcentagens de ventos à sudeste (WEATHER SPARK, 2020).
89

Figura 66 – Mapa topográfico com os fatores bioclimáticos do local macro

Fonte: Google Maps. Nota: Adaptado pelo autor.

Pode-se observar na Figura 67 como a incidência do sol e como os ventos


predominantes atuam no lote escolhido para o projeto. Também é necessário lembrar
a influência que o rio e a mata ciliar exercem no micro clima, abaixando a temperatura
e umedecendo o ambiente.
90

Figura 67 – Mapa topográfico com os fatores bioclimáticos do lote

Fonte: Google Maps. Nota: Adaptado pelo autor.

Os cortes topográficos (Figuras 68 e 69) favorecem a visualização dos níveis


do terreno local.
91

Figura 68 – Corte topográfico A

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Figura 69 – Corte topográfico B

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


92

5 DESENVOLVIMENTO PROJETUAL

Este capítulo abordará os conceitos e as propostas desenvolvidas para as


áreas comuns, as habitações modulares tipo 1 e 2, bem como seus elementos
construtivos.

5.1 CONCEITO E PARTIDO

A seguir serão abordados os conceitos e os partidos das habitações e dos


equipamentos comunitários, respectivamente.

5.1.1 Das habitações

Conceito: Módulos inteligentes no campo.


Partido: O partido se concretiza por meio dos princípios da arquitetura modular
associados a conceitos da arquitetura bioclimática visando maior eficiência térmica e
lumínica em habitações de baixo custo e com materiais menos agressivos ao meio
ambiente; além de fazer uso de técnicas de bioconstrução para o reaproveitamento
das águas cinzas, pretas e da chuva
Cria-se assim, uma residência que atenda às necessidades das famílias rurais
e que minimize suas demandas fazendo uso responsável dos materiais, agentes
climáticos e geográficos do local.
93

5.1.2 Dos equipamentos comunitários

Conceito: Comunidade Autônoma.


Partido: A proposta de implementação de uma escola infantil e uma cozinha
comunitária dentro do assentamento, teve suas diretrizes baseadas em um projeto
arquitetônico simples, porém funcional, feita a partir de tijolos ecológicos, que podem
ser feitos com argila sob uma prensa manual. Esses fatores possibilitam que a obra
possa ser erguida pelos próprios moradores do local, como visto em outros
assentamentos no Brasil, reduzindo significativamente o custo da obra, para que haja
cada vez mais qualidade de vida para os assentados, que seja fortificado o sentimento
de comunidade.
94

5.2 AS HABITAÇÕES UNIFAMILIARES

Para maior qualidade do desenvolvimento do projeto, foram levados em


consideração sistemas de vedação, já utilizados de diversas maneiras por arquitetos
e empresas de construção, com bambu, bem como esquadrias do projeto, que
chamam a atenção pela simplicidade, sua fácil execução por uma mão de obra não
especializada e por sua característica estética ímpar.
Em relação aos elementos estruturais, os pilares são feitos a partir de bambus
tratados, graúteados e conectados por peças metálicos como aço, em elementos de
concreto, enquanto suas vigas são fixadas por parafusos de aço.
Para melhor eficiência térmica da residência, foram utilizadas técnicas de
ventilação direta e por efeito chaminé, como abordado em capítulos anteriores, além
do sistema de resfriamento de ar por diferença de pressão, que junto ao material
predominante das vedações, o bambu, possibilita que a habitação tenha eficiência
térmica para os dias com grandes temperaturas, comum à região.
Também foram utilizados painéis de vidro basculante na parte superior central
do projeto, os quais favorecem a incidência da iluminação natural no interior da casa
na maior parte do dia, assegurando eficiência lumínica, e ainda resfria o ar por meio
das diferenças de pressão do ar.
A proposta também abrange três sistemas construtivos que tem como objetivo
o reaproveitamento da água da chuva e dos resíduos gerados pelos moradores, sendo
eles efluentes ou não. Para estes fins, foram implementados uma fossa ecológica e
um jardim filtrante, respectivamente, dimensionados conforme número de usuários por
habitação.

5.2.1 Habitação modular tipo 1

O programa de necessidades levou em consideração o número médio de


moradores por domicílio no assentamento, as atividades de rotina, bem como a
elucidação das problemáticas envolvidas.
Além dos espaços tradicionais de uma residência, ele conta com dois
componentes construtivos para o despejo dos resíduos dos moradores da habitação:
uma bacia de evapotranspiração, que recebe as águas pretas, aquelas provenientes
95

das bacias sanitárias e, por meio de um processo de natural antibacteriano, fermenta


os dejetos transformando-os em nutrientes para as plantas; e também, com um jardim
filtrante, que utiliza plantas macrófitas como agente filtrante e tem função de receber
as águas cinzas, como águas de banho e lavatórios, que utilizam essas águas para
adquirir nutrientes, se desenvolverem e depurarem a água. A Tabela 1 mostra o
programa funcional e o dimensionamento da habitação tipo 1.
96

Tabela 1 – Programa de necessidades 1.


Setorização Ambientes Área (m²)
Sala de estar 10,50
Área social Sala de jantar 8,55
Espaço de lazer 16,45
Dormitório layout 1 9,18
Área íntima
Dormitório layout 2 12,20
Cozinha 16,30
Banheiro 6,00
Área de serviço
Depósito 6,00
Lavanderia 6,00
Bacia de evapotranspiração 8,00
Área externa
Jardim filtrante 5,00
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

O sistema construtivo, baseado em módulos de bambu, contribui para a


otimização do processo global, já que faz uso da coordenação modular e facilita a
montagem dos elementos pré-fabricados, além de aumentar a eficiência térmica e
diminuir o dimensionamento da fundação da obra.
Esses fatores, combinados à implementação de sistemas construtivos
ecológicos para o uso responsável das águas domiciliares e a aplicação de técnicas
de conforto termoacústico naturais, transformam a habitação em um módulo
inteligente no campo (Figura 70).
97

Figura 70 - Implantação da habitação modular 1

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Os cortes (Figuras 71 e 72) representados mostram a ventilação por efeito


chaminé, e a entrada de iluminação durante todo o dia na parte central da residência
pelo painel de vidro basculante.
98

Figura 71 – Corte A da habitação modular 1

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


99

Figura 72 - Corte B da habitação modular 1

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


100

A Figura 73 mostra as especificações da cobertura em fibrocimento.

Figura 73 – Planta de cobertura da habitação 1.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020)

Para que o projeto possa servir como base para a execução, foram
desenvolvidas as plantas dos pontos elétricos e hidráulicos (Figura 74), bem como a
malha estrutural (Figura 75).
101

Figura 74 – Planta de pontos elétricos e hidráulicos da habitação 1.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


102

Figura 75 – Malha estrutural da habitação modular 1

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Também foi desenvolvida a maquete eletrônica da habitação, que facilita a


visualização do projeto com seu entorno, e também dos ambientes internos com a
sugestão de layout representados nas Figuras 76 a 78.
103

Figura 76 – Maquete eletrônica do projeto com o entorno.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Figura 77 – Maquete eletrônica em perspectiva do projeto.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


104

Figura 78 – Cena interna da habitação.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Para a habitação modular tipo 1 serão usados todos os módulos desenvolvidos


no trabalho, e para melhor visualização do projeto, favorecendo a organização dos
módulos, foi desenvolvida um memorial quantitativo dos módulos empregados (Tabela
2), assim com ou uma vista isométrica que identificam os módulos por cores (Figura
79).
105

Tabela 2 – Tabela quantitativa dos módulos da habitação 1.


Função Módulo Quantidade
Estrutural M1 Tipo 1 12
Estrutural M1 Tipo 2 4
Estrutural M2 Tipo 1 18
Estrutural M2 Tipo 2 13
Estrutural M3 9
Vedação M4 Tipo 1 38
Vedação M4 Tipo 2 35
Vedação M4 Hidráulico 4
Vedação M7 23
Vedação M8 22
Abertura M5 8
Abertura M6 8
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Figura 79 – Vista isométrica separada em módulos da habitação 1.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


106

5.2.2 Habitação modular tipo 2

A partir do levantamento junto às famílias, o programa de necessidades


considerou os residentes do assentamento com mais de um filho ou com idosos
propondo uma tipologia mais ampla com os mesmos componentes construtivos, os
quais foram redimensionados adequadamente, porém com alterações no espaço de
lazer e adição de um quarto e um banheiro na habitação.

Tabela 3 - Programa de necessidades 2.


Setorização Ambientes Área (m²)
Área social Sala de estar 10,50
Área social Sala de jantar 8,55
Área social Espaço de lazer 14,16
Área íntima Dormitório layout 1 9,18
Área íntima Dormitório layout 2 12,20
Área íntima Dormitório layout 3 15,18
Área de serviço Banheiro suíte 6,00
Área de serviço Cozinha 16,30
Área de serviço Banheiro 6,00
Área externa Bacia de evapotranspiração 14,00
Área externa Jardim filtrante 7,00
Área de serviço Depósito 6,00
Área de serviço Lavanderia 6,00
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

A implantação foi pensada para atender, com maior conforto e infraestrutura,


aos moradores do assentamento, desta vez, pensando em uma família com cinco
moradores. Sua planta, foi desenvolvida com para atender às deficiências de conforto
térmico e acústico no local, com grande atenção para a incidência solar, fluxo dos
ventos internos à residência e o uso e destinação responsável dos dejetos dos
habitantes como explicado anteriormente e como representado nas Figuras 80 a 83.
107

Figura 80 – Implantação da habitação modular 2.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


108

Figura 81 – Corte A da habitação 2

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


109

Figura 82 – Corte B da implantação 2

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


110

Figura 83 – Planta de cobertura da habitação modular tipo 2.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Como na habitação 1, também foram desenvolvidas as plantas de pontos


hidráulicos e elétricos (Figura 84) e a malha estrutural (Figura 85).
111

Figura 84 – Planta de pontos elétricos e hidráulicos da habitação 2.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


112

Figura 85 – Malha estrutural da habitação modular 2.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Assim também, foi desenvolvida a maquete eletrônica da habitação modular


tipo 2, desta vez, destacando o jardim filtrante na parte posterior da unidade e outros
ambientes da residência, como a sala de jantar integrada e o banheiro (Figuras 86 a
88).
113

Figura 86 – Maquete eletrônica da habitação 2 com destaque para o jardim filtrante.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Figura 87 – Cena interna da habitação 2.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


114

Figura 88 – Representação do banheiro da habitação.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Para a habitação modular tipo 2 serão usados todos os módulos desenvolvidos


no trabalho, e como na primeira proposta, a Figura 89 e a Tabela 4 quantificam e
exemplificam os módulos utilizados na habitação modular 2.

Tabela 4 – Tabela quantitativa dos módulos da habitação 2.


Função Módulo Quantidade
Estrutural M1 Tipo 1 17
Estrutural M1 Tipo 2 5
Estrutural M2 Tipo 1 17
Estrutural M2 Tipo 2 18
Estrutural M3 11
Vedação M4 Tipo 1 47
Vedação M4 Tipo 2 35
Vedação M4 Hidráulico 7
Vedação M7 23
Vedação M8 29
Abertura M5 9
Abertura M6 10
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).
115

Figura 89 – Vista isométrica com separação dos módulos da habitação 2.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

5.3 OS EQUIPAMENTOS COMUNITÁRIOS

Neste item serão tratados os equipamentos comunitários desenvolvidos para


atender aos residentes do assentamento, oferecendo espaços de socialização,
educação e profissionalização.
A localização (Figura 90) definida para a inserção destes equipamentos levou
em consideração o galpão existente em uma área comunitária do assentamento,
como um meio de criar o eixo centralizador entre as glebas do assentamento,
reduzindo as distâncias, fomentando as interações sociais e fortalecendo os vínculos
da comunidade assentada.
116

Figura 90 – Localização dos Equipamentos Urbanos.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


117

5.3.1 Creche e pré-escola

Este tópico discorre sobre o projeto da creche e pré-escola que vem como
complemento dos projetos das habitações, pela compreensão de que qualidade de
vida envolve aspectos mais abrangentes que a residência satisfatória. Para a maioria
dos moradores do assentamento, umas das preocupações é onde deixar seu filho
pequeno enquanto trabalham, e a hipótese de deixá-los na creche fora do
assentamento ás vezes é inviabilizada pela dificuldade de locomoção, que por vezes,
significa quilômetros de distância até o único ponto de ônibus no começo do
assentamento.
Desta forma, para que os pais consigam exercer suas atividades cotidianas
com tranquilidade, e para que seus filhos recebam a atenção e formação social
adequada, a implantação de uma creche dentro do assentamento seria de extremo
auxílio.
O programa de necessidades da escola infantil foi baseado em referências
projetuais de obras análogas, e sua área total baseada nas normas exigidas para uma
escola infantil com até 144 alunos por turno, sendo dividida entre uma creche, e uma
pré-escola, conectadas por um pátio/refeitório coberto por um grande pergolado
(Tabela 5).
118

Tabela 5 - Programa de necessidades 3.


Setorização Ambientes Área (m²)
Secretaria 34,51
Área de descompressão 24,40
Sala de professores 17,10
Cozinha 40,30
Área de funcionários Banheiro masculino 18,68
Banheiro feminino 21,71
Depósito seco 4,90
Depósito molhado 5,24
Vestiário 7,86
Sala 1 23,95
Sala 2 23,95
Sala 3 23,95
Banheiro berçário 27,35
Creche
Berçário 16,25
Lactário 13,30
Fraldário 21,60
Solário 2,20
Sala 1 31,15
Sala 2 31,20
Sala 3 22,95
Sala 4 22,95
Pré-escola Sala de vídeo 33,50
Banheiro masculino 33,15
Banheiro feminino 33,15
Pátio/ Refeitório 196,50
Playground 257,60
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).
A proposta de implementação da creche e pré-escola dentro do assentamento,
teve suas diretrizes baseadas em um projeto arquitetônico simples, porém funcional,
feita a partir de tijolos ecológicos, que podem ser feitos com argila sob uma prensa
manual, a preço acessível e facilmente encontrada à venda.
Esses fatores possibilitam que a obra possa ser erguida pelos próprios
moradores do local, como visto em outros assentamentos no Brasil, reduzindo
drasticamente o custo da obra.
Para isso, foram desenvolvidos a implantação, cortes A e B e uma maquete
eletrônica do projeto com vistas para a área comum do assentamento, onde foi
119

construído o galpão/oficina pelo Projeto Bambu (Figuras 91 a 96).


120
Figura 91 – Implantação da creche e pré-escola situada no assentamento

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


121
Figura 92 – Corte A da creche e pré-escola do assentamento.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


122
Figura 93 – Corte B da creche e pré-escola do assentamento.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


123

Figura 94 – Representação volumétrica 1 do projeto da escola infantil.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Figura 95 – Representação volumétrica 2 do projeto da escola infantil.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


124

Figura 96 – Representação volumétrica 3 do projeto da escola infantil.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

5.3.2 Cozinha comunitária

Este tópico discorrerá sobre o projeto de uma cozinha comunitária inserida no


assentamento que também vem como complemento dos projetos das habitações,
para a promoção da qualidade de vida dos moradores como um todo. As cozinhas
comunitárias trazem excelentes resultados onde são implantadas, seja um contexto
urbano ou rural, pois facilitam o acesso à alimentação de qualidade aos cidadãos, a
valores bastante reduzidos.
A cozinha comunitária projetada neste trabalho tem capacidade de produzir 700
refeições por turno, sendo feitas por, aproximadamente, 20 funcionários trabalhando
em cada turno, e conta com a parte de embarque e desembarque dos alimentos, sua
lavagem, confecção e preparação dos pratos até serem servidos em um grande
refeitório coberto por um pergolado, ou em área aberta. Propõe-se que a área abrigue
árvores em seu entorno, diminuindo a incidência do sol nas áreas de alimentação. A
Tabela 6 mostra o programa de necessidades da cozinha comunitária.
125

Tabela 6 - Programa de necessidades cozinha comunitária


Setorização Ambientes Área (m²)
Administração 21,80
Depósito 4,70
Lavanderia 4,35
Banheiro masculino 16,70
Área funcionários
Banheiro feminino 16,70
Corredor 9,70
Dispensa 21,10
Atendimento e caixa 19,75
Lavagem 26,90
Cozinha Confecção 47,00
Preparação 23,70
Refeitório Coberto 214,20
Refeitório Aberto 68,25
Área pública
Banheiro masculino 20,10
Banheiro feminino 20,10
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

A proposta da cozinha comunitária também levou em consideração a escolha


de materiais construtivos que possam ser desenvolvidos pelos moradores do
assentamento, visando à funcionalidade e à necessidade dos moradores, com custo
reduzido e com um processo construtivo otimizado (Figuras 97 a 102).
126

Figura 97 – Implantação da cozinha comunitária.


127
Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Figura 98 – Corte A da cozinha comunitária.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


128

Figura 99 – Corte B da cozinha comunitária.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


129

Figura 100 – Representação volumétrica 1 do projeto da cozinha comunitária.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Figura 101 – Representação volumétrica 2 do projeto da cozinha comunitária.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


130

Figura 102 – Representação volumétrica 3 do projeto da cozinha comunitária.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

5.4 MÓDULOS E SISTEMAS CONSTRUTIVOS

Neste capítulo serão apresentados os módulos e os principais sistemas


construtivos para a elaboração do projeto, contando com processos de pré-fabricação
e tratamento necessário do bambu in natura, como serão feitas as diferentes junções
entre os bambus, o processo de fabricação de um painel de bambu e concreto, e a
técnica de resfriamento do ar que entra no ambiente por diferença de pressão.
No projeto, a espécie de bambu utilizada foi o bambusa tuldóides, espécie
facilmente encontrada no Brasil, conhecida por seu uso na construção civil, tanto por
sua resistência, quanto pelo diâmetro reduzido entre 4 e 6 centímetros, se comparado
às demais espécies usadas como função estrutural, possibilitando assim, que ele seja
usado tanto para as estruturas do projeto, quanto para a fabricação de forros ou
painéis ripados.
Além disso, serão abordados os outros sistemas que reaproveitam as águas
131

provenientes da chuva, e promove o despejo consciente dos resíduos vindos dos


pontos de esgotamento sanitário das residências.

5.4.1 Processo de pré-fabricação de componentes de bambu

O Projeto Bambu, composto por alunos, arquitetos e engenheiros da


Universidade Estadual Paulista (UNESP) em parceria com a Associação de
Agricultores Viverde e a Unisol, publicaram em 2012, um artigo sobre a construção de
um galpão feito com pilares de aroeira e cobertura de bambu preso por conexões
metálicas, e os processos de pré-fabricação e montagem desses componentes
(PEREIRA et al., 2012).
O projeto construído para o próprio assentamento, é de grande importância
para comunidade local, bem como o Projeto Bambu como um todo, é uma referência
em pesquisas sobre este material na região, fomentando a adoção de sistemas
construtivos modulares feitos a partir de componentes de bambu, tanto em Bauru
como nas cidades próximas (UNESP, 2019).
Neste projeto (Figura 103), foram implantados pilares de aroeira roliças, e para
a estrutura da cobertura foram construídos pórticos de bambus in natura ligados por
conexões metálicas (PEREIRA et al., 2012). O processo começa com o planejamento
arquitetônico do projeto, seguido pela caracterização e quantificação dos
componentes a serem utilizados, no caso, foram selecionados três tipos de bambus
que variam entre 11 cm e 15 cm de diâmetro, e as junções feitas com barras roscadas
de 1/2" e 3/8” de espessura (PEREIRA et al., 2012).
132

Figura 103 – Modelo digital do Galpão projetado

Fonte: Pereira et al. (2012)

A etapa de pré-fabricação começa com a seleção das amostras colhidas, na


qual são separadas as peças mais retilíneas, para o corte dos colmos dos bambus
nas medidas determinadas (PEREIRA et al., 2012).
Pereira et al. (2012) explicam que em seguida, é necessário submeter os
bambus in natura ao tratamento que o impede de ser alvo de pragas como brocas,
entre outros, por meio de dois métodos, uma técnica chama Boucherie, que consiste
em injetar por meio da pressão do ar, um produto, que no caso foi uma solução de
Borax, que possui propriedades fungicidas, e que percorre até o fim do bambu,
expelindo o amido e deixando a solução dentro dele. A outra técnica complementar
foi a injeção de PONTEX nos nós do bambu, produto utilizado contra cupins e outras
pragas em diversos móveis de madeira, e os furos foram feitos com furadeiras e
depois tampados com serragem de madeiras (PEREIRA et al., 2012).
O método Boucherie foi adaptado por um dos moradores do assentamento que
trabalha na UNESP, e usa uma bomba pneumática (Figura 104) para substituir a seiva
do bambu por pressão hidrostática (TV TEM, 2017), viabilizando ainda mais a
utilização desse método.
133

Figura 104 – Bomba pneumática adaptada pelo morador do assentamento

Fonte: TV TEM (2017, n. p.)

Em seguida, são colocadas as barras roscadas que unem vários bambus


formando uma única viga, as chapas de aço, que depois de grauetadas fazem a
ligação com os pilares de aroeira com o pórtico de bambu (Figura 105) (PEREIRA et
al., 2012).
134

Figura 105 – Bambus com as conexões metálicas

Fonte: Pereira et al. (2012)

Esse sistema construtivo pode ser observado em sua essência em uma das
obras apresentadas em tópicos anteriores, o projeto “Crece tu casa” o qual também
utiliza bambus e os conecta com vergalhões de aço, e os aglomera com concreto para
se obter melhor função estrutural.

5.4.2 Junções dos bambus

Os métodos que podem ser utilizados para fazer as junções dos bambus são
inúmeros, podendo ser feitos com pinos de madeira, com parafusos ou chapas de
aço, ou a partir de cortes específicos nos próprios bambus (PADOVAN, 2010). Para o
projeto, serão utilizados para a maioria das conexões parafusos e ligas metálicas por
conta de sua eficiência e facilidade de acesso dos materiais e da sua aplicação.
Apenas para conectar as vigas entre si que a utilização de um tarugo de madeira será
necessária.
135

Como mostra Padovan (2010) em sua monografia, as junções perpendiculares


(Figura 106) podem ser feitas com a aplicação de estruturas, no caso parafusos
metálicos perpendiculares ao colmo do bambu.

Figura 106 – Conexões de bambu perpendiculares.

Fonte: Padovan (2010 apud Janssen, 2000), adaptado pelo autor.

Para as conexões de bambus na mesma direção, serão utilizados as “junções


a topo” (Figura 107) que consiste em unir dois bambus a partir de um tarugo de
madeira dentro dos bambus, fixado também por parafusos de aço, que atravessam o
bambu e o tarugo de madeira, como também é descrito por Padovan (2010).
136

Figura 107 - Conexão por topo de bambu.

Fonte: Padovan (2010 apud Marçal, 2008).

5.4.3 Painel de bambu e concreto

Existem várias diagramações utilizadas para a fabricação de painéis de


bambus, alguns deixando à amostra a moldura de bambu, e outros cobrindo toda a
armação, aparecendo apenas o concreto.
Como mostra Teixeira (2006), o painel começa a ser feito com uma estrutura
interna da peça, com uma série de bambus inteiros unidos por parafusos e arames,
e, em seguida, emoldurado por quatro bambus cortados para que seja possível inserir
a armação de bambu dentro deles (Figura 108).
137

Figura 108 - Painel de bambu.

Fonte: Teixeira (2006).

Após essa etapa, o painel de bambu deve ser submerso em uma forma
retangular alguns centímetros maior que o painel, e depois despejado concreto sobre
ele, formando assim, um módulo de vedação do projeto, sendo aconselhado que esse
painel passe por uma mesa vibratória, para que todo o ar que possa existir dentro do
módulo seja eliminado e sua resistência seja maior (Figura 109) (HUB BAMBOO,
2018).
138

Figura 109 - Armações de bambu sendo submetidas a uma mesa vibratória.

Fonte: HUB BAMBOO (2018).

5.4.4 Resfriamento por diferença de pressão

O calor excessivo é uma problemática em certas partes do mundo, onde as


temperaturas chegam a 45 graus Celsius e, para uma parcela significativa, a utilização
do ar-condicionado, seja pelo seu custo, pela dificuldade de instalação, ou até pelo
fato de que a energia elétrica não está disponível (COELHO, 2017).
No Brasil, esse também é um problema recorrente, ainda mais quando grande
parte da população não pode arcar com o custo do equipamento, tampouco possuem
condições construtivas adequada como vedações térmicas
(WEBARCONDICIONADO, 2016).
Foi pensando nessas pessoas que foi desenvolvido uma mecânica que
consegue resfriar o ar quente sem o uso de energia elétrica, e a agência Grey Dhaka
e a Grameen Intel Social Business desenvolveram um modelo que é facilmente
replicado por qualquer pessoa, e sem a necessidade de equipamentos especializados
de alto custo (COELHO, 2017).
139

Segundo de Coelho (2017), o sistema consiste em vários cones voltados para


o mesmo sentido e acoplados em uma placa (Figura 110), onde o ar quente entra pelo
lado maior, e se comprime ao sair pelo lado mais estreito, nessa compressão o ar é
resfriado pela diferença de pressão. Com isso, o ar quente que passa para o outro
lado da placa é mais frio que antes (Figura 111), podendo diminuir a temperatura de
um ambiente em mais de cinco graus Celsius (COELHO, 2017).

Figura 110 – Montagem do eco-cooler

Fonte: The Drum (2016, n.p.)

Figura 111 – Mecanismo do sistema de resfriamentoo

Fonte: Elaborado pelo autor.


140

O projeto chamado de eco cooler, funciona como um ar-condicionado


sustentável, utiliza a parte superior de garrafas pet para fazer os cilindros, como uma
alternativa para a redução do excesso de resíduos nas regiões, além de não ter custo
algum nesse caso, mas pode ser feito com outros tipos de materiais
(WEBARCONDICIONADO, 2016).
O grupo Ant Studio também desenvolveu um protótipo (Figura 112) usando o
mesmo mecanismo, porém com cones de argila associado a uma fonte, que resfria
ainda mais o ambiente, e foi implantado em uma empresa na Índia que sofria com as
altas temperaturas e não tinha condições de arcar com grandes sistemas de
refrigeração, e o projeto ainda usa a solução para esse problema em uma peça
artística para o local (ANT STUDIO, 2019).

Figura 112 – Instalação dos cones de argila

Fonte: Ant Studio (2019, n.p.)


141

5.4.5 Jardim Filtrante

O jardim filtrante possui um papel muito importante para as habitações rurais,


e para o ecossistema em que está contextualizada. Este papel consiste em receber
as águas cinzas das moradias, ou seja, todas as águas que vem dos pontos de esgoto
das construções exceto a dos vasos sanitários, que são as chamadas águas negras
(EMBRAPA, 2013). Ele utiliza o mesmo fenômeno que acontece na natureza nas
áreas alagadas naturais, como mangues, pântanos e área de várzea: a depuração da
água por meio de plantas macrófitas (EMBRAPA, 2013).
Macrófitas são plantas que ao longo da evolução, mudaram seu habitat
terrestre para o aquático, tendo assim uma aparência e estrutura de uma planta
terrestre, porém vivendo sob a superfície da água, parcialmente ou completamente
submersas (EMBRAPA, 2013).
Elas têm uma grande importância nos ecossistemas em que vivem pois
reciclam e absorvem os nutrientes das águas cinzas e junto com outros micro
organismos depuram a água, tornando-a adequada para rega de hortas, ou lavagem
de objetos (EMBRAPA, 2013).
A EMBRAPA (2013) possui um manual sobre o funcionamento de um jardim
filtrante, e como fazer um exemplar em seu terreno e a dimensão desses jardins deve
ser calculada a partir do número de moradores da casa, e segundo esse manual deve
ser admitido 1 m² de jardim por morador. O sistema consiste na condução das águas
à uma caixa de resíduos sólidos, que retém os resíduos que o jardim não conseguirá
depurar; depois chega à caixa de gordura, e em seguida vai para o jardim, que é
revestido por uma manta impermeável e por pedras na parte mais baixa (Figura 113)
(EMBRAPA, 2013).
142

Figura 113 - Corte esquemático de um jardim filtrante.

Fonte: EMBRAPA (2013).

Assim que a água chega ao jardim, as plantas fazem seu papel filtrante e se
desenvolvem com os nutrientes absorvidos. A água excedente é conduzida por um
cano até o fim do jardim, onde já está tratada e pronta para ser reutilizada.

5.4.6 Bacia de evapotranspiração

Esse sistema construtivo tem como objetivo a captação das águas negras
vindas da tubulação de esgoto dos vasos sanitários das habitações rurais para um
sistema de depuração anaeróbica, onde os dejetos são direcionados para uma bacia
impermeabilizada, que tem em seu interior, uma câmara que pode ser feita de pneu
ou alvenaria comum, coberto por camadas de brita grossa, fina, e areia (Figura 114)
(SETELOMBAS, 2010). Os resíduos são despejados diretamente na câmara, que
fermentam e que passam por um processo antibacteriano até chegar ao solo em cima
da bacia, que chega como nutrientes para as plantas colocadas acima
(SETELOMBAS, 2010).
143

Figura 114 - Corte esquemático de uma bacia de


evapotranspiração

Fonte: Setelombas (2010).

Por se tratar de um processo de fermentação, é necessário a instalação de


tubos de vazão acima do nível do solo para que o gás metano não saia e não
prejudique o funcionamento da fossa (SETELOMBAS, 2010). As plantas que são
aconselhadas para este tipo de jardim são plantas com alto grau de absorção de água,
como bananeiras, inhame e taioba, e seu dimensionamento deve ser calculado por
sua altura padrão (1 metro) vezes sua largura padrão (2 metros), multiplicado pelo
número de moradores da residência (SETELOMBAS, 2010).

5.4.7 Sistema de captação da água pluvial

A captação da água da chuva é uma técnica bastante conhecida tanto em áreas


urbanas e rurais. A água que cai nos telhados é direcionada a uma canaleta que passa
por um filtro que separa os possíveis resíduos sólidos que podem estar no telhado,
por fim, chega a uma cisterna com um tratamento de cloro dentro, e que após esse
processo pode ser utilizada para rega de plantações, hortas ou para a lavagem da
casa ou objetos, e até para as descargas dos vasos sanitários (LIMBERGER;
HOFFMANN, 2017).
144

5.4.8 Módulos

Neste tópico serão exemplificados todos os módulos utilizados nas habitações


e seus processos construtivos e funcionamento, dependendo de sua complexidade.
O módulo 1 (M1) é feito a partir de quatro bambus tratados, graúteados com
vergalhões de aço, que é fixado em um bloco de concreto como base para assegurar
a conservação correta do bambu. Ele se divide em dois tamanhos de bambu para a
construção dos níveis da residência, com altura de 3,22 metros, o maior, e 2,60 metros
o mais baixo (Figuras 115 e 116).

Figura 115 - Modelo do pilar de bambu Figura 116 - Detalhe dos vergalhões de aço
no bambu graúteado.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Fonte: Elaborado pelo autor (2020)

O módulo 2 (M2) é feito apenas de dois bambus conectados por parafusos de


aço em suas extremidades e em seu ponto médio. Ele também se divide em dois
tamanhos, de 2 e 3 metros de comprimento, e nos locais em que a distância ultrapassa
esses valores, pode ser utilizado a técnica conhecida como “conexão a topo”, como
mostra a Figura 117.
145

Figura 117 - Representação do módulo 2.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020)

Este módulo (M3) (Figura 118) consiste em uma tesoura de bambu de 60


centímetros de altura e 3,15 metros de comprimento, fechada com ripas enfileiradas
do mesmo material, com a função de sustentação do telhado e são fixados com
parafusos de aço e um elemento em forma de anzol, também de aço, que contribuí
para a estruturação dos parafusos.
146

Figura 118 - Representação do módulo 3

Fonte: Elaborado pelo autor (2020)

O módulo 4 (M4) (Figuras 119 e 120) é um componente amplamente estudado


no meio acadêmico e é feito a partir de uma moldura retangular de bambu, com outros
bambus inteiros menores, conectados dentro da estrutura primária por uma abertura
feita anteriormente.
147

Figura 119 - Armação de bambu que compõe o


módulo 4

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 120 - Módulo 4 finalizado

Fonte: Elaborado pelo autor.


148

Este módulo será utilizado também para as paredes que passam a tubulação
de água, chamada de “parede hidráulica” (Figura 121). Para isto, é necessário
substituir algum bambu do painel por um tubo de PVC, antes do processo de
concretagem. A água entra na residência por meio da alvenaria de embasamento e
segue pelo cano, até que saia nos pontos de água indicados no projeto.

Figura 121 - Representação interna do painel hidráulico

Fonte: Elaborado pelo autor.

Ele também será utilizado em outro formato (Figura 122) e posicionado acima
do painel principal de bambu, com a mesma função de vedação.
149

Figura 122 - Painel de bambu tipo 2.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Este módulo (M5) (Figura 123), a janela ripada, tem sua estrutura feita de
madeira resistentes para área externa já que é fechado por ripas de bambu, podendo
ser fechado de inúmeras maneiras, formando vários desenhos característicos.
Já o módulo (M6) (Figura 124) consiste na porta ripada e utiliza a mesma
técnica do módulo anterior, com uma estrutura de madeira vedação por ripas de
bambu, o batente utilizado neste projeto também é feito de madeira.
150

Figura 123 - Representação do módulo 5.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 124 - Representação da porta ripada

Fonte: Elaborado pelo autor.


151

O módulo 7 (M7) (Figura 125) é outro módulo de vedação, situado acima do


painel de bambu, porém exerce papel de destaque na habitação, pois é situado no
mesmo local que o tipo 2 do painel de bambu, porém sua função é promover
ventilação e iluminação natural no espaço, e seu processo construtivo é diferente dos
demais.

Figura 125 - Representação do módulo 7.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Ele é composto, inicialmente, por um molde retangular, com outras formas


cilíndricas de tamanhos variados, podendo ser tubos de PVC ou algum outro material,
entre nove, sete, cinco centímetros de diâmetro.
Depois de despejado o concreto como visto em outros módulos anteriores,
esses cilindros são removidos e substituídos por elementos de cerâmica em formato
de cone (Figura 126), se assemelhando a vasos sem o fundo, os quais podem ser
feitos com moldes. Em seguida, os espaços que restaram devido à diferença das
dimensões do cone e do cilindro são preenchidos com uma segunda camada de
concreto, fazendo com que o ar consiga passar apenas pelos cones de cerâmica.
152

Figura 126 - Detalhe dos cones de cerâmica

Fonte: Elaborado pelo autor.

Essa técnica faz com que o ar seja comprimido e a temperatura reduzida


parcialmente ao entrar no ambiente, processo que consequentemente contribui para
a regulação térmica no interior do ambiente.
O módulo de fechamento tipo 2 (M8) (Figura 127) é colocado como vedação na
parte superior da residência, sempre fixada na maior parte da tesoura de bambu, e
como é apoiada no próprio bambu e não em módulos de concreto, sua fixação se dá
por longos parafusos de aço.
153

Figura 127 - Representação do módulo 8

Fonte: Elaborado pelo autor.

O módulo do forro (M9) (Figura 128) segue o mesmo processo de construção


dos elementos ripados, e pode ser feito tanto inteiro como de ripas de bambu, presos
em estruturas de madeira.

Figura 128 - Representação do forro de bambu.

Fonte: Elaborado pelo autor.


154

O último módulo (M10) (Figura 129) é composto apenas por um bambu com
seus colmos perfurados, por onde passarão os conduítes com as fiações elétricas da
habitação, até os pontos de luz indicados no projeto. Este módulo facilita a
manutenção e a adaptação dos pontos elétricos da casa.

Figura 129 - Representação do módulo 10.

Fonte: Elaborado pelo autor.


155

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A moradia, portanto, se relaciona diretamente à qualidade de vida de seus


usuários, sendo um espelho de sua cultura, seus valores e o contexto em que está
inserido, e o nível de satisfação de cada indivíduo com sua residência influencia na
qualidade das funções exercidas ao longo de sua vida.
Quando levado em consideração os dados explicitados anteriormente no
trabalho, os moradores dos setores rurais apesar de desempenharem serviços muito
relevantes para a sociedade como um todo, não tem o mesmo acesso às técnicas e
aos avanços tecnológicos de eficiência habitacional que possuem os moradores da
cidade, além de possuírem necessidades específicas para seu contexto.
A motivação para o presente trabalho emerge da necessidade em criar uma
tipologia habitacional adequada para os moradores do assentamento Horto Aimorés,
e mais que isso, que ela possa servir como matriz para demais comunidades que
vivem em condições semelhantes. Assim, o projeto arquitetônico se estabelece a
partir de duas premissas: a modularidade e as estratégias bioclimáticas, a fim de
minimizar custos de implantação e, principalmente, de manutenção da unidade de
moradia.
Os objetivos estabelecidos para o desenvolvimento deste trabalho foram
cumpridos amplamente a partir da compreensão da origem das lutas por terras, da
necessidade da reforma agrária, e dos benefícios que os assentamentos exercem
para o funcionamento saudável do sistema social, movimentos relevantes para a
elaboração desta monografia, pois visam proporcionar vida confortável e digna a essa
população.
A pesquisa sobre os princípios da modularidade, seja pela necessidade de
normatizar elementos construtivos ou de otimizar, cada vez mais, as etapas de
construção em uma obra, foram fundamentais, pois serviram de embasamento para o
projeto, desde a escolha do tema até sua elaboração.
A fundamentação teórica sobre o aproveitamento eficiente dos recursos
naturais esteve estritamente ligada ao propósito deste trabalho e seus aspectos
modulares da arquitetura. Esse embasamento teve como destaque o livro Sol, luz e
vento, de Brown e Dekay (2004), que traz uma variedade de técnicas e recursos para
a otimização dos fatores naturais para a construção.
156

Em relação às análises e ao macrozoneamento, foram levantadas informações


valiosas para a proposta projetual em fontes como o IBGE, e Weatherspark, com
grande variedade e precisão dos dados fornecidos. A maior limitação encontrada foi
a falta de informações sobre o assentamento, como a divisão real dos lotes,
informações sobre a topografia local, e a difícil comunicação virtual com associações
de moradores do local.
O capítulo dos módulos e dos sistemas construtivos utilizados no projeto foram
cruciais para o bom desenvolvimento do projeto, que tem como base justamente a
aplicação de sistemas eficientes e naturais para a resolução das problemáticas
encontradas, em especial a elaboração do módulo 7, com papel crucial no projeto,
tanto por sua função quanto por suas características estéticas.
Os diversos acervos e ferramentas de pesquisas digitais também foram
amplamente utilizadas e foram encontrados resultados competentes para o
desenvolvimento dos sistemas construtivos deste trabalho.
Desta forma, se trata de um projeto pertinente para a sociedade,
principalmente, para a comunidade envolvida. As habitações modulares de bambu
associadas à equipamentos comunitários, objetos de estudo do presente trabalho,
ressaltam diversos benefícios, por meio da aplicação da bioconstrução, das
estratégias bioclimáticas e da coordenação modular.
Por fim, espera-se com este projeto, promover vida confortável e digna às
famílias dos assentamentos mediante a oferta de equipamentos essenciais como a
creche e pré-escola e a cozinha comunitária – o eixo centralizador entre as glebas o
qual minimizará as distâncias, fomentará as interações sociais e fortalecerá os
vínculos da comunidade assentada – assim como habitações viáveis
economicamente, de qualidade, funcional, formal, estética e ambiental.
157

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