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São Paulo
2013
PATRICIA DE PALMA SOARES
São Paulo
2013
ii
S676a Soares, Patricia de Palma
Arquitetura como projeto social: os casos dos Centros
de Educaçăo Unificada (CEUs) em Săo Paulo, Brasil e
dos Parques Bibliotecas em Medellín, Colômbia. /
Patricia de Palma Soares – 2013.
219 f. : il. ; 30 cm.
iii
PATRICIA DE PALMA SOARES
Aprovada em:
Banca examinadora
______________________________________________________
Profª Drª Angélica Benatti Alvim
______________________________________________________
Profª Drª Elisabete França
______________________________________________________
Prof. Dr. Jose Geraldo Simões Júnior
iv
Ao meu pai pelo grande incentivo, quando
pensei em desistir.
v
RESUMO
Esse trabalho visa compreender como a arquitetura pode contribuir como elemento
modificador socioeconômico, por meio de intervenção em áreas degradadas
desprovidas de infraestrutura básica. A pesquisa pretende focar o estudo de
edifícios que abrigam atividades educacionais e culturais e seu impacto no ambiente
urbano onde se inserem, no caso, os Centros Educacionais Unificados (CEU’s), em
São Paulo, e dos Parques Bibliotecas, em Medellin, Colômbia. Em ambos os casos,
o estudo buscou compreender as relações da edificação com o entorno,
principalmente no que se refere à apropriação dos usuários pelos complexos e a
modificação da paisagem urbana, pelo acesso à infraestrutura e aos equipamentos
de cultura e lazer, favorecendo a redução dos índices de violência e a melhoria da
qualidade de vida da população local.
vi
ABSTRACT
vii
SUMÁRIO
RESUMO.................................................................................................................. VI
ABSTRACT............................................................................................................. VII
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
2.3 Educação, Espaço Público e lazer: dois exemplos de programas públicos. .... 25
viii
4 PARQUES BIBLIOTECAS – MEDELLÍN, COLÔMBIA ................................... 132
LISTA DE IMAGENS
ix
Figura 27 – Elevação do CEU Rosa da China .......................................................... 99
Figura 28 – Croqui do CEU Rosa da China. Relação entre o bloco didático, o Centro
de Educação Infantil e a caixa d’água. ...................................................................... 99
Figura 29 – CEU durante a obra. Nota-se a declividade da rua de acesso............. 100
Figura 30 – CEU durante a obra. A piscina e, ao fundo, o edifício do centro infantil.
................................................................................................................................ 101
Figura 31 – CEU durante a obra. ............................................................................ 101
Figura 32 – CEU durante a obra. ............................................................................ 102
Figura 33 – CEU durante a obra. ............................................................................ 102
Figura 34 – Foto da época da inauguração – CEU Rosa da china. ........................ 103
Figura 35 – Edifício do CEI e EMEI. ........................................................................ 103
Figura 36 – Bloco didático. ...................................................................................... 104
Figura 37 – Vista geral do edifício didático. À esquerda, no térreo, o pátio infantil. 105
Figura 38 – Acesso à rua Clara Petrela. ................................................................. 105
Figura 39 – Entrada principal pela rua Rosa da China. ........................................... 106
Figura 40 – Vista da rua Rosa da China. ................................................................ 107
Figura 41 – Localização CEU Jambeiro .................................................................. 110
Figura 42 – CEU Jambeiro e acesso. Destaque para a linha da CPTM. ................. 111
Figura 43 – Implantação do CEU Jambeiro ............................................................ 112
Figura 44 – Corte e elevação do CEU Jambeiro ..................................................... 113
Figura 45 – Vista do córrego no terreno da obra do CEU Jambeiro........................ 113
Figura 46 – Vista da linha do trem no terreno da obra do CEU Jambeiro. .............. 114
Figura 47 – Imagem aérea do CEU e entorno......................................................... 114
Figura 48 – As imagens acima referem-se à obra do CEU Jambeiro. .................... 115
Figura 49 – As imagens acima referem-se à obra do CEU Jambeiro. .................... 116
Figura 50 – Piscina do complexo CEU Jambeiro .................................................... 116
Figura 51 – Entrada pela av. José Pinheiro Borges ................................................ 117
Figura 52 – Av. José Pinheiro Borges. .................................................................... 118
Figura 53 – Vista do CEU Jambeiro. ....................................................................... 118
Figura 54 – Tirada do córrego para o CEU. ............................................................ 119
Figura 55 – Localização CEU Butantã .................................................................... 122
Figura 56 – Localização CEU Butantã .................................................................... 123
Figura 57 – CEU Butantã Planta. ............................................................................ 124
Figura 58 – Época da inauguração do CEU Butantã............................................... 125
Figura 59 – Época da inauguração do CEU Butantã.............................................. 126
Figura 60 – Vista da av. Heitor Antônio Eiras Garcia. ............................................. 126
Figura 61 – Pista de skate. Ao fundo, os edifícios................................................... 127
Figura 62 – Vista aérea do CEU Butantã. ............................................................... 128
Figura 63 – Vista da Av. Eng. Heitor Antônio Eiras Garcia. .................................... 128
Figura 64 – Número de habitantes por idade e sexo dos bairros de influência ....... 132
Figura 65 – Pirâmide Populacional de Medellín. ..................................................... 133
Figura 66 – População segundo estrato da residência. .......................................... 134
x
Figura 67 – Índice de analfabetismo acima de 15 anos de idade............................ 135
Figura 68 – Nível educacional por sexo. ................................................................. 135
Figura 69 – Mapa Esquemático de Transportes Públicos de Medellín.................... 139
Figura 70 – Imagem aérea do Parque España........................................................ 141
Figura 71 – Mapa de Medellín – 2006 com intervenção da autora.......................... 142
Figura 72 – Mapeamento dos Transportes Públicos que atendem o Parque. ......... 145
Figura 73 – Implantação do Parque Biblioteca Santo Domingo Savio .................... 146
Figura 74 – Esquema de organização do Parque Biblioteca España...................... 147
Figura 75 – Plantas do primeiro e terceiro pisos do Parque Biblioteca Santo Domingo
Savio ....................................................................................................................... 149
Figura 76 – Parque Biblioteca España .................................................................... 150
Figura 77 – Plantas do quinto piso do Parque Biblioteca Santo Domingo Savio .... 151
Figura 78 – Cortes Parque Biblioteca Santo Domingo Savio .................................. 152
Figura 79 – Parque Biblioteca España .................................................................... 153
Figura 80 – Cortes do Parque Biblioteca Santo Domingo Savio ............................. 154
Figura 81 – Construção do Parque Biblioteca Santo Domingo Savio ..................... 156
Figura 82 – Construção do Parque Biblioteca Santo Domingo Savio ..................... 157
Figura 83 – Fotos atuais do Parque Biblioteca Santo Domingo Savio .................... 158
Figura 84 – Fotos atuais do Parque Biblioteca Santo Domingo Savio .................... 158
Figura 85 – Fotos atuais do Parque Biblioteca Santo Domingo Savio .................... 160
Figura 86 – Fotos atuais do Parque Biblioteca Santo Domingo Savio .................... 161
Figura 87 – Fotos atuais do Parque Biblioteca Santo Domingo Savio .................... 162
Figura 88 – Fotos atuais do Parque Biblioteca Santo Domingo Savio .................... 162
Figura 89 – Fotos atuais do Parque Biblioteca Santo Domingo Savio .................... 163
Figura 90 – Lote antes do Parque Biblioteca Belén ................................................ 166
Figura 91 – Mapa dos Transportes Públicos que atendem a região do Parque. ..... 167
Figura 92 – Imagem aérea do Parque Belén........................................................... 167
Figura 93 – Implantação do Parque Biblioteca Belén.............................................. 169
Figura 94 – Corte do Parque Biblioteca Belén ........................................................ 169
Figura 95 – Maquete do Parque Biblioteca Belén ................................................... 170
Figura 96 – As imagens anteriores à construção do Parque Biblioteca Belén ........ 171
Figura 97 – Construção do Parque Biblioteca Belén ............................................... 172
Figura 98 – Fotos atuais do Parque Biblioteca Belén.............................................. 173
Figura 99 – Foto do espelho d'água no centro do edifício ....................................... 173
Figura 100 – Interior do edifício da biblioteca, no qual o telhado é trabalhado com
madeira e tesouras.................................................................................................. 174
Figura 101 – Fotos atuais do Parque Biblioteca Belén............................................ 174
Figura 102 – Fotos atuais do Parque Biblioteca Belén............................................ 175
Figura 103 – Fotos atuais do Parque Biblioteca Belén............................................ 176
Figura 104 – Fotos atuais do Parque Biblioteca Belén............................................ 177
Figura 105 – Mapeamento dos Transportes Públicos que atendem a região do
Parque. .................................................................................................................... 180
xi
Figura 106 – Imagem aérea do Parque La Ladera.................................................. 181
Figura 107 – Implantação do Parque Biblioteca La Ladera ..................................... 182
Figura 108 – Esquema de concepção da posição dos blocos do edifício. .............. 183
Figura 109 – Esquema de organização do Parque Biblioteca La Ladera................ 184
Figura 110 – Foto dos volumes vistos da praça frontal. Eles são bem marcados com
painéis em vidro transparente e vermelho, conferindo movimento à fachada. ........ 184
Figura 111 – Planta do primeiro subsolo do Parque Biblioteca La Ladera .............. 185
Figura 112 – Planta do primeiro piso do Parque Biblioteca La Ladera.................... 186
Figura 113 – Corte CC do Parque Biblioteca La Ladera ......................................... 187
Figura 114 – Corte do Bloco 1 (administração e serviços) do Parque Biblioteca La
Ladera ..................................................................................................................... 188
Figura 115 – Corte do elemento conector do Parque Biblioteca La Ladera ............ 188
Figura 116 – Elemento conector do Parque Biblioteca La Ladera .......................... 189
Figura 117 – Corte do Bloco 2 (Biblioteca) do Parque Biblioteca La Ladera ........... 190
Figura 118 – As imagens acima correspondem a antes e durante a construção do
Parque Biblioteca La Ladera ................................................................................... 191
Figura 119 – Fotos atuais do Parque Biblioteca La Ladera. .................................... 192
Figura 120 – Fotos atuais do Parque Biblioteca La Ladera. .................................... 192
Figura 121 – Fotos atuais do Parque Biblioteca La Ladera. .................................... 193
Figura 122 – Fotos atuais do Parque Biblioteca La Ladera. .................................... 194
Figura 123 – Índice de Desenvolvimento Humano Medellín 2006 – 2011 .............. 196
Figura 124 – Homicídios em Medellín 2000 – 2011 ................................................ 196
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Avaliação dos usuários para o grau máximo de satisfação ................... 130
Tabela 2 – Taxa de mortalidade por causas externas............................................. 131
Tabela 3 – Número de habitantes por idade e sexo dos bairros de influência ........ 143
Tabela 4 – Número de habitantes por idade e sexo dos bairros de influência ........ 165
Tabela 5 – Número de habitantes por idade e sexo dos bairros de influência ........ 179
Tabela 6 – Índice de Qualidade de vida para Medellín. .......................................... 198
Tabela 7 – Tabela comparativa ............................................................................... 199
Tabela 8 – Comparação entre os projetos .............................................................. 204
xii
1
1 INTRODUÇÃO
Para figurar como objeto central dessa pesquisa serão utilizados dois programas
conhecidos internacionalmente: os Centros de Educação Unificada em São Paulo e
os Parques Bibliotecas em Medellín, na Colômbia. Os dois programas consistem em
intervenções arquitetônicas bem planejadas que visam promover lazer e cultura em
territórios carentes, com problemas de segurança e infraestrutura básica. De forma
analítica, procurando também comparar os programas com o objetivo de encontrar
pontos positivos e negativos e formalizar uma análise relevante, esse trabalho
mostra os conceitos iniciais de cada programa, assim como o histórico. Foram
estudadas três unidades de cada um deles, a fim de demonstrar a análise
arquitetônica dos edifícios. Desta forma, é possível conhecer a lógica de cada
programa, ver as diferenças arquitetônicas e vislumbrar um panorama de “prós e
contras” com a finalidade de promover uma reflexão sobre a aplicação de ambos.
1
Informação disposta no artigo: ARIZA; Wanderley; TAKIYA, Andre; DELIJAICOV, Alexandre.
Centros Educacionais Unificados (CEUs). São Paulo, Revista PROJETODESIGN, n. 284, out. 2003.
Disponível em : http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/alexandre-delijaicov-andre-takiya-e-wanderley-
ariza-centros-educacionais-23-10-2003.html Acesso em: 9 set. 2013
4
pobreza, sendo que os dois têm como objetivo a promoção da educação pelo lazer e
pela cultura. No caso dos CÉUS, existem muitos estudos sobre o assunto,
principalmente como arquitetura, porém, busca-se enxergar algumas deficiências do
programa olhando para a Colômbia. Já no caso dos Parques Bibliotecas não há
nenhum estudo sobre eles como arquitetura. Trata-se de um caso bastante atual e
de sucesso que, apesar da diferença entre escalas de Medellín e São Paulo,
podemos compreender diferentes formas de interpretação sobre intervenção em
áreas urbanas precárias.
Objeto de estudo
O objeto central do trabalho são os projetos dos CEUS e dos Parques Bibliotecas de
Medellín. Foram escolhidos três projetos do programa CEU e três projetos do
programa Parque Biblioteca para análise. Os objetos escolhidos são: CEU Jambeiro,
CEU Rosa da China, CEU Butantã, Parque Biblioteca Santo Domingo Savio
(Biblioteca de España), Parque Biblioteca La Ladera e Parque Biblioteca Belén.
Objetivos
Justificativa
Balanço bibliográfico
O livro Educação com qualidade social: a experiência dos CEUs de São Paulo,
organizado por Paulo Roberto Padilha e Roberto da Silva, é relevante para esse
trabalho, já que retrata o histórico dos Centros Educacionais Unificados em São
Paulo e indica o caminho para o desenvolvimento desse programa. Essa publicação,
apesar de realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, na gestão
da prefeita Marta Suplicy, concentra informações sobre o histórico de tentativas que
visavam instituir projetos pedagógicos para as classes mais pobres com o objetivo
de melhorar a educação de maneira geral. A obra corresponde a uma pesquisa de
campo proporcionada pela Faculdade de Educação da USP, pelo departamento de
Administração Escolar e Economia da Educação (EDA), com o intuito de contribuir
com os centros, acompanhando e avaliando sua implantação para o
desenvolvimento do projeto educacional. Alguns alunos do programa fizeram estágio
nos CEUs, autorizado pela Secretaria Municipal de Educação, no mesmo período
em que o Instituto Paulo Freire prestava assessoria pedagógica à Secretaria. Assim,
esse livro corresponde a uma parte dos resultados da pesquisa proveniente desse
estágio nos CEUs e da experiência de assessoria do Instituto. Tal processo de
avaliação do programa e o histórico da implantação do CEU são fundamentais ao
entendimento dos Centros para posterior avaliação.
Metodologia
Estas relações estarão presentes neste trabalho para mostrar como a arquitetura, no
escopo de projetos sociais e equipamentos de lazer, pode melhorar a qualidade de
vida da população.
11
2
NARCISO, Carla Alexandra Filipe Narciso. Espaço público: ação política e práticas de apropriação.
Conceito e procedências. Estudos e Pesquisas em Psicologia, Rio de Janeiro, n. 2, v. 9, set. 2009.
Versão on-line ISSN 1808-4281, disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812009000200002.
3
Idem.
4
SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado, fundamentos teórico e metodológico da
geografia. São Paulo: Hucitec, 1988.
5
Idem, fragmento de texto do capítulo 5: Paisagem e Espaço.
12
Neste trabalho, serão tratados como objeto de estudo os Espaços Públicos coletivos
voltados às atividades de lazer e cultura, tema em voga nos preceitos do urbanismo
racionalista da primeira metade do século XX, que surge buscando atender às
questões de higiene e salubridade devido ao rápido crescimento das cidades
industriais.
O Espaço Público é discutido por BORJA6 como uma resposta classista ao processo
de apropriação privada da cidade, referindo-se às propostas de Espaço Público no
início do século XIX que, na verdade, eram embelezamentos que só favoreciam uma
parcela da cidade, enquanto o restante nem de infraestrutura básica dispunha, como
transporte coletivo e saneamento.
Podemos afirmar, conforme VILLAÇA7, que as transformações das estruturas sociais
provocam transformações no espaço. Essas relações dialéticas entre o espaço e a
6
Conforme o artigo de BORJA, Jordi. Espaço público, condição da cidade democrática. A criação de
um lugar de intercâmbio. Arquitextos, revista digital Vitruvius, 072.03, ano 06, maio 2006. Disponível
em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.072/353.
7
VILLAÇA, Flávio. Efeitos do espaço sobre o social na metrópole brasileira (FAU-USP). Artigo
apresentado no VII Encontro Nacional da ANPUR. Recife, 1997. Disponível em:
http://flaviovillaca.arq.br/pdf/efeitos96.pdf
13
Porém, os Espaços Públicos não devem ser pensados somente pela relação
socioespacial. Pode-se evidenciar conceitos importantes para o entendimento dos
espaços, como os chamados espaços de transição8, que podem surgir ao redor de
uma edificação, de um equipamento cultural, de zona hospitalar, de zona de
universidades, etc., tornando esse espaço remanescente da construção um
ambiente urbano de caráter público de grande eficiência no contexto social.
8
BORJA, 2006, op. cit.
9
ARTIGAS, João Batista Vilanova. Caminhos da arquitetura. São Paulo: Cosac e Naify, 2004, p.19.
10
Idem.
14
11
Idem, p. 86.
12
ARANTES, P.F. Arquitetura Nova: Sérgio Ferro, Flávio Império e Rodrigo Lefèvre, de Artigas aos
mutirões. São Paulo: Ed. 34, 2002.
13
JACQUES, P. Estética da ginga: a arquitetura das favelas através da obra de Hélio Oiticica. O livro
aborda questões interdisciplinares entre arte e arquitetura, ressaltando a falta de presença social nos
projetos, principalmente sobre a urbanização de favelas.
14
BARONE, A. C. C. Team 10: arquitetura como crítica. São Paulo: Annablume: FAPESP, 2002.
15
15
HOWARD, Ebenezer. Garden-cities of tomorrow. Publicado em 1898, propôs uma alternativa aos
problemas urbanos e rurais que então se apresentavam.
16
GARNIER, Tony. Cité Industrialle. Publicado em 1918, previa a utilização do concreto em grande
escala.
17
NIEMEYER, Carlos Augusto da Costa. Parques infantis de São Paulo: lazer como expressão de
cidadania. São Paulo: Annablume: Fapesp, 2002, p. 40. Disponível em:
http://books.google.com.br/booksid=1nPoW4cw_DUC&pg=PA30&lpg=PA30&dq=parques+infantis+livr
o&source=bl&ots=UvA5FhiQu2&sig=YYBrphoT3bSndO5Sr4Bt2NfuotA&hl=ptBR&sa=X&ei=t9dhUc6Q
Lee80QG1m4H4Ag&ved=0CEsQ6AEwAQ#v=onepage&q=parques%20infantis%20livro&f=false.
18
Idem, p. 41.
19
4.º Congresso Internacional de Arquitetura Moderna, realizado em Atenas, Grécia (1931). O
congresso abordou o tema Cidade Funcional e resultou na Carta de Atenas, redigido e publicado por
Le Corbusier em 1933.
16
20
LE CORBUSIER. Carta de Atenas (1942). Segunda parte: Estado Atual da Cidade: Críticas e
soluções. Itens 38 a 40.
21
Segundo Carlos Niemeyer, op. cit., p. 41, o termo recreação, de origem anglo-saxônica, refere-se
à expansão dos interesses humanos em tempos de lazer.
22
O termo playground surge em 1868, relacionado aos recreios escolares norte-americanos,
caracterizado pelo quintal aberto (NIEMEYER, p. 42).
23
O Movimento de Parques Norte-americanos foi iniciado pelo arquiteto Frederick Law Olmsted
(1822-1903), segundo periodização feita por Galen Cranz (NIEMEYER, p. 42).
17
Outra inovação apresentada pelo Reform Park era a possibilidade de seu uso em
qualquer horário, inclusive á noite, o que ressalta a importância social destas ações
voltadas ao tempo livre.
Foram idealizados novos programas e uma estrutura adequada aos parques, como
brinquedos, campos para a prática de jogos, edificações de apoio comunitários,
vestiários, piscinas e espaços destinados a bailes populares, com a supervisão de
profissionais de recreação26.
24
O Movimento Reform Park tinha a intenção de oferecer um espaço de convivência para a camada
mais popular, por isso tais parques eram instalados em bairros operários (NIEMEYER, p. 44).
25
Op. cit., p. 43.
26
SPUR: Ideas and action for a better city: changing roles of urban parks – from pleasure garden to
open space. (jun 2000) Artigo disponível em:
http://www.spur.org/publications/library/article/changingrolesurbanparks06012000.
27
CRANZ, 1982. In: NIEMEYER, 2002, op. cit., p. 45.
28
O New Deal (novo acordo ou novo trato) foi uma série de programas implementados nos Estados
Unidos, entre 1933 e 1937, pelo presidente Franklin Delano Roosevelt, com o objetivo de recuperar e
reformar a economia norte-americana, após a Grande Depressão (1929).
18
No Brasil, o modelo Reform Park também teve o seu alcance, pois o modelo de
parque infantil paulistano (explicitado adiante), organizado a partir de 1935 pelo
Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, seguiu seus preceitos, mas
adequados às nossas condições sociais e culturais, cuja finalidade era, segundo
Nicanor Miranda, um dos idealizadores do projeto, trazer ao conhecimento da
29
Moses foi contratado pela Prefeitura de São Paulo, em 1949, para elaborar o Programa de
Melhoramentos Públicos para a cidade, colaborando para as diretrizes do modelo rodoviarista de
desenvolvimento urbano e regional. (NOBRE, E. A. C. A atuação do poder público na construção da
cidade de São Paulo: a influência do rodoviarismo no urbanismo paulistano. FAU-USP, 2010. In:
Anais do XI Seminário de História da Cidade e do Urbanismo. Vitória: UFES. Disponível em:
http://www.usp.br/fau/docentes/depprojeto/e_nobre/rodoviarismo_sp.pdf).
30
NIEMEYER, 2002, op. cit., p. 45.
31
FERREIRA, 1959, p. 27. In: NIEMEYER, 2002, op. cit.
19
Foi, portanto, este discurso reformador proferido pelos ideais arquitetônicos dos
anos 1920 a 1930 que definiu uma nova forma de habitar ideal para a sociedade,
associadas às novas posturas sociais e políticas provenientes do mundo do
trabalho, determinantes para a valorização do Espaço Público de lazer.
32
MIRANDA, Nicanor. 1936. In: VIEIRA, Sandra A. B. Os parques infantis da cidade de São Paulo
(1935-1938): análise do modelo didático-pedagógico. UNESP, Marília, 1999). Artigo publicado na
Revista de Iniciação Científica da FFC, 2004, n.1, v. 4. Disponível em:
http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/ric/article/viewFile/75/77.
33
NIEMEYER, 2002, op. cit. p. 46.
34
BARONE, 2002, op. cit.
20
A partir do fim do século XIX, à medida que São Paulo crescia e se transformava em
entreposto comercial e de negócios, justamente na época em que se tornou a
“capital do café”, a apropriação dos Espaços Públicos começou a se modificar, com
ideias de modernização sob os conceitos de salubridade e embelezamento.
Esta renovação, ao mesmo tempo em que se espera por mudanças significativas na
paisagem urbana, manifesta também as transformações advindas da
industrialização e das novas relações sociais da classe assalariada.
35
O Team 10 forma-se em 1956 durante o décimo CIAM, em Dubrovink. (GONSALES, Celia. CIAM,
Team X e espaço urbano nos conjuntos habitacionais brasileiros: o Conjunto Terras Altas em Pelotas.
Arquiteturarevista, n. 2, v. 7, julho-dezembro 2011, p. 101-111, Universidade do Vale do Rio dos
Sinos, Brasil).
36
Idem.
37
Idem.
21
38
NIEMEYER, 2002, op. cit, p. 62.
39
Idem, p. 63.
22
40
Idem, ibidem.
41
CAIXETA, E.; FROTA, J. Arquitetura da paisagem/paisagens de arquitetura: o caso recente de
Barcelona. USJT/ ARQ URB. n. 4, 2010. Artigo disponível em:
http://www.usjt.br/arq.urb/numero_04/arqurb4_02_eliane.pdf
23
Essas novas diretrizes buscam redimensionar a qualidade de vida das cidades, com
a ampliação de áreas verdes e a introdução de novos espaços polifuncionais ligados
ao ócio.
42
Idem.
43
Idem.
44
ORNSTEIN, Sheila Walbe. Arquitetura, urbanismo e psicologia ambiental: uma reflexão sobre
dilemas e possibilidades da atuação integrada (2005, FAU-USP) Artigo disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/%0D/pusp/v16n1-2/24653.pdf
45
CAIXETA, E.; FROTA, J., op. cit.
24
46
LAVERDE, Camilo. La pérdida de la tradición moderna en la arquitectura colombiana: Bogotá y
sus alrededores, y departamentos de Boyacá, Cundinamarca, Huila y Tolima. APUNTES, n. 2, v. 21,
2008: 180-193. Disponível em:
http://www.scielo.unal.edu.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1657-
97632008000200003&lng=pt&nrm=
47
Idem.
25
Esse item apresenta uma retrospectiva dos dois programas educacionais e culturais
e ações políticas que levaram à constituição do conceito dos CEU’s e dos Parques
Bibliotecas.
Antes de iniciar a explanação sobre cada acontecimento em cada período, uma linha
do tempo vai auxiliar a compreender os eventos e a continuidade do processo de
desenvolvimento pedagógico e histórico que acaba no projeto dos Centros
Educacionais Unificados.
48
SILVA, Denise Guilherme da. Ilhas de saber – representações e práticas das escolas isoladas do
Estado de São Paulo (1933-1943). In: Congresso Brasileiro de História da Educação, 3, 2004,
Disponível em: http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe3/Documentos/Individ/Eixo4/160.pdf.
27
1897; Minas Gerais, em 1906; Rio Grande do Norte, em 1908; Paraíba, em 1916,
entre outros49.
Entre 1946 e 1950, o Ministro da Educação Clemente Mariani formou, com base na
Constituição, uma comissão para elaborar o anteprojeto da reforma geral da
educação – o processo terminou em 1948 e foi enviado para o Legislativo. Desta
comissão fazia parte o educador Lourenço Filho, na época diretor do INEP (Instituto
49
Grupo de Estudos e Pesquisas História, Sociedade e Educação no Brasil (HISTEDBR), Faculdade
de Educação da Universidade Estadual de Campinas. Disponível em:
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_grupo_%20escolar.htm
28
No fim da Era Vargas, num cenário de democratização do Brasil, a Bahia estava sob
o governo progressista de Octávio Mangabeira. Anísio Teixeira, então secretário da
Educação, elaborou em 1947 o Plano Estadual de Educação Escolar, no qual
desenvolve o conceito da escola-parque, um local completo para a formação
educacional, em que a escola deveria ser capaz de educar, em vez de instruir, e
criar homens hábeis para enfrentar o futuro. Nota-se a forte influência dos ideais
educacionais de Dewey, que defendia um ensino baseado na reconstrução de
experiências diante do mundo, a educação que prepararia os jovens para a vida.
50
SOUZA, Rodrigo Augusto de; MARTINELI, Telma Adriana Pacífico. Considerações históricas sobre
a influência de John Dewey no pensamento pedagógico brasileiro. In: Revista HISTEDBR on-line,
Campinas, n. 35, p. 160-162, set. 2009 Disponível em:
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/35/art11_35.pdf
29
51
BASTOS, Maria Alice Junqueira. A escola-parque: ou o sonho de uma educação completa (em
edifícios modernos). In: Arquitetura e Urbanismo, jan. 2009, São Paulo, p. 42
30
Influenciado por Lourenço Filho e Jean Piaget, Lauro criou um método de ensino
baseado em um trabalho em equipe, em que se criava uma situação-problema de
acordo com o nível mental da criança. O professor atuava mais como supervisor dos
grupos, formados pelos alunos que debatiam entre si para resolver a situação.
Em 1945 assumiu o cargo de Inspetor Federal de Ensino. E, nos anos 1950, fundou
o Ginásio Agapito dos Santos, em Fortaleza, onde pôde aplicar seus métodos de
ensino. A região carecia de professores capacitados, existiam apenas alguns
senhores que ensinavam as crianças a ler e escrever. O Ginásio foi uma renovação
pedagógica que incluiu os ensinos pré-primário, primário, ginásio e normal52.
Durante a ditadura militar, instaurada em 1964, Lauro foi perseguido e precisou
mudar-se para o Rio de Janeiro. Impedido de lecionar, passou a traduzir livros de
Jean Piaget. Fundou mais dois colégios, um em Fortaleza, chamado Oliveira Lima, e
outro no Rio de Janeiro, conhecido como A Chave do Tamanho.
52
Jornal o Povo, Ceará 10/09/2010, entrevista com o professor Lauro de Oliveira Lima. Disponível
em: http://www.jeanpiaget.com.br/p.php?p=artigos&id=175.
31
53
Documentário da Campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler, desenvolvida pela
Prefeitura Municipal de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, no período compreendido entre fevereiro
de 1961 e março de 1964. Arquivo da Cinemateca do Museu de Arte Moderna – Rio de Janeiro.
Direção: Heins Forthmann 09min.37seg. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Bg-
ZZZskFfU.
32
54
Entrevista com o educador Moacyr Goés feita pela Prefeitura de Natal, Rio Grande do Norte.
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=mj49-0ROea4
33
Outro ponto importante do período foram os acordos entre governo federal, por
intermédio do Ministério da Educação e Cultura (MEC), com o governo dos Estados
Unidos por intermédio da USAID (United States Agency for International
Development) e com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Esses
acordos tiveram como objetivo investir na construção de ginásios voltados ao
56,
trabalho (ensino profissionalizante), denominado "aliança para o progresso" e
recebeu 64 milhões de dólares da USAID; e 29,5 milhões de dólares, do BID e de
vários estados, inclusive São Paulo.
Com a volta das eleições diretas, Leonel Brizola é eleito governador do Estado do
Rio de Janeiro, em 1982, e Darcy Ribeiro, que já havia sido Ministro da Educação
55
AMBROGI, Ingrid Hötte. Os paradeiros da escola primária pública paulistana: 1922-2002
representações sobre o tempo, os espaços e os métodos. São Paulo, 2005, 269 p. Tese de
Doutorado em História Social, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade
de São Paulo, p. 43.
56
AMBROGI, Ingrid Hötte, op. cit, p. 77.
57
Tabela de taxa de alfabetização e de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade, por
sexo e situação do domicílio, segundo os grupos de idade – 1980/2000. Fonte: IBGE, Censo
Demográfico 1980/2000.
35
O edifício principal, das salas de aula, apresenta planta retangular com 15 vãos de 5
metros no sentido longitudinal, e vãos de 6 e 8 metros no transversal. Sua estrutura
gera vazios verticais arredondados, preenchidos por peitoril colorido e esquadrias de
alumínio. O refeitório e consultório localizam-se no térreo. A circulação vertical é feita
por uma ampla rampa lateral e por uma circulação central no edifício de aula. Atrás
do edifício principal há uma praça, no centro dos outros equipamentos. A biblioteca
tem planta octogonal e aberturas com o mesmo formato.
58
BASTOS, Maria Alice Junqueira. A Escola-parque: ou o sonho de uma educação completa (em
edifícios modernos). In: Revista Arquitetura e Urbanismo, Jan. 2009, São Paulo.
36
biblioteca
Segundo Oscar Niemeyer: “Os CIEPs são escolas bonitas, grandes; dando às
crianças mais pobres que as frequentam a ideia de que um dia o mundo vai mudar.
E que elas poderão usufruir de tudo que até hoje só para as crianças mais ricas é
oferecido”60.
59
Idem.
60
Vídeo produzido pelo PDT em 1993. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=lihRzusZ7Wo
37
A meta inicial era implantar 500 escolas de ensino fundamental. O projeto foi
interrompido em 1987, ao final do governo de Brizola, e retomado em 1991, em seu
segundo mandato. Nesse ano Darcy Ribeiro, licenciado do cargo de senador,
assumiu a Secretaria Extraordinária de Programas Especiais do Rio de Janeiro;
completa a rede dos CIEPs e cria os Ginásios Públicos, um novo padrão de ensino
médio, em que as aulas eram dadas pela manhã e, no período da tarde, havia o
aprendizado técnico.
61
Jornal O Estado de S. Paulo. CIEPS estão longe do sonho de Brizola, 27/06/2004. p. 16.
38
Para orientar a reforma, fez um recenseamento escolar, cujo resultado revelou que
70% das crianças não frequentavam qualquer estabelecimento de ensino. Por trás
disso estava o interesse em padronizar a instituição e homogeneizar a cultura.
A reforma simplificou a educação primária, que passou de quatro para dois anos,
como forma de garantir o acesso das crianças paulistas. A estrutura de ensino
passou a ter os seguintes níveis: ensino primário de dois anos (9 e 10 anos, o único
obrigatório e gratuito); ensino médio de dois anos; ensino complementar de três
anos (junto com o ginásio e a escola normal); ensino secundário especial (ginásio e
escola normal); ensino profissional; ensino superior62.
62
CAVALIERE, Ana Maria. Entre o pioneirismo e o impasse: a reforma paulista de 1920.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ep/v29n1/a03v29n1.pdf.
39
dos sistemas educativos. Foi legalmente organizado pelo Ato n° 861, de 30 de maio
de 193563, ano em que Mario de Andrade foi convidado a dirigi-lo.
63
VIEIRA, Sandra Aparecida Bassetto. Os Parques Infantis da cidade de São Paulo (1935-1938):
análise do modelo didático-pedagógico. In: Revista de Iniciação Científica da FFC, v.4, n.1, 2004, p.
118.
64
FARIA, Ana Lúcia G. Direito à Infância: Mário de Andrade e os parques infantis para as crianças
de família operária na cidade de São Paulo (1935-1938). Tese de doutorado. São Paulo: Feusp,1994.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v20n69/a04v2069.pdf.
40
65
FARIA, Ana Lúcia G. Direito à Infância: Mário de Andrade e os parques infantis para as crianças de
família operária na cidade de São Paulo (1935-1938). Tese de doutorado. São Paulo: Feusp,1994 –
http://www.scielo.br/pdf/es/v20n69/a04v2069.pdf.
66
Niemeyer, Carlos Augusto da C. Os Parques Infantis e as ressonâncias da tipologia Reform Park
em São Paulo, Artigo, p. 10.
67
Ibidem, p. 119.
41
São Paulo, durante a década de 1940, teve seus limites urbanos rapidamente
expandidos para abrigar a nova população. Esse intenso aumento populacional
levou a um enorme déficit de vagas em escolas.
Para suprir essa carência de vagas e destinar o montante vindo dos impostos, o
Estado e o Município de São Paulo firmaram um acordo chamado Convênio Escolar.
O convênio escolar, criado em 1949 e assinado em 28 de dezembro, teve o intuito
de construir, reformar e ampliar várias escolas e equipamentos educacionais durante
os anos 1950. Ao município cabia a construção de edifícios escolares assim como
as estruturas auxiliares. E o Estado ficaria responsável por ministrar a educação. O
município deveria aplicar 20% da sua arrecadação na manutenção e
desenvolvimento do ensino; desse valor, 72% seria destinado à construção e
reforma.
68
Ibidem, p. 10.
43
Hélio forma uma equipe para elaboração dos projetos que conta com os arquitetos
Eduardo Corona, José Roberto Tibau, Oswaldo Corrêa Gonçalves e Ernest Robert
de Carvalho Mange69. Eles, então, estabelecem algumas diretrizes para elaboração
dos projetos baseados em três conjuntos cada um, com uma função específica,
ligados por uma circulação externa. Partem do princípio de que a escola deveria
estar subordinada à criança, é para ela que se projeta o espaço e, sempre que
possível, a natureza deveria penetrar nos diversos ambientes que formam o grupo
escolar70. Foram responsáveis por diversos conjuntos escolares, ginásios, parques
infantis, teatros populares e bibliotecas públicas, marcados por algumas
características da arquitetura escolar paulista, baseado na Arquitetura Moderna.
“Escolas não podem ser desenhadas por qualquer um; não devem
ser adaptações de exemplos estrangeiros, necessitam, sim, ser a
expressão vívida da nossa maneira de ver, educacionalmente
falando, e executadas com materiais locais” 71.
MACHADO, Débora dos Santos Candido. Público e comunitário: o projeto arquitetônico como
69
promotor do espaço de convivência. São Paulo, 2009, 144 p. Dissertação de mestrado em Arquitetura
e Urbanismo. Universidade São Judas Tadeu, p.58.
70
BASTOS, Maria Alice Junqueira. A Escola-parque: ou o sonho de uma educação completa (em
edifícios modernos). In: Revista Arquitetura e Urbanismo, Jan. 2009, São Paulo, p. 42.
71
DUARTE, Hélio. Considerações sobre arquitetura e educação. In: Revista Acrópole, abril de 1956,
São Paulo, p. 237.
44
Porém, o curto tempo para alcançar a demanda exigida pelo Estado não possibilitou
um estudo aprofundado dos bairros onde deveriam ser implantados os grupos
escolares74. A aparência dos edifícios também mostra a rapidez do processo, com
fachadas pouco elaboradas, de linhas retas e janelas horizontais. As salas de aula,
dispostas em dois andares, interligavam-se ao setor administrativo, situado em um
72
Projeto iniciado em 1935 durante a gestão de Fabio Prado e criado por Mário de Andrade enquanto
pertencia ao Departamento de Cultura.
73
BAFFI, Mirthes. Convênio Escolar: a Arquitetura Moderna a Serviço do Ensino Público. DPH, São
Paulo. Disponível em:
http://www.docomomo.org.br/seminario%203%20pdfs/subtema_A2F/Mirthes_baffi.pdf.
74
AMBROGI, Ingrid Hötte. Os paradeiros da escola primária pública paulistana: 1922-2002
representações sobre o tempo, os espaços e os métodos. São Paulo, 2005, 269 p. Tese de
doutorado em História Social. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade
de São Paulo, p. 150.
45
bloco separado, por marquises próximas à entrada principal. Uma grande área com
cobertura curva destinava-se à recreação e aos eventos 75.
75
Ibidem, p. 151.
46
76
BASTOS, Maria Alice Junqueira. A Escola-parque: ou o sonho de uma educação completa (em
edifícios modernos). In: Revista Arquitetura e Urbanismo, Janeiro de 2009, São Paulo, p. 43
77
Idem.
47
Em 1952, Hélio Duarte deixa o Convênio Escolar por não concordar com o caminho
tomado pelo programa. Ocorreram desvios de verbas e altas autoridades impuseram
a construção de edifícios não previstos, e implantação de projetos padrões, o que
fugia completamente dos conceitos originais78.
Em 1955, a Lei Municipal n.º 4629 determina uma nova utilização das verbas do
município: 50% seriam aplicados na construção, aquisição e conservação dos
imóveis destinados ao ensino; 26% na manutenção de instituições auxiliares; e 2.5%
em iniciativas de divulgação cultural79. Essa nova medida possibilitou uma
concentração do Convênio Escolar, que entre 1954 e 1955 consegue concluir 6
grupos escolares, 3 parques infantis e 80 recantos infantis.
Nesse mesmo ano, Jânio Quadros deixa a Prefeitura de São Paulo para disputar o
governo do Estado. Wladimir Toledo Piza assume, então, a prefeitura e convida o
padre dominicano francês Louis-Joseph Lebret80 para desenvolver um plano urbano
para a cidade, baseado em sua tese de bem-estar social. O plano nunca foi
aplicado, mas é referência até hoje.
78
BAFFI, Mirthes. Convênio Escolar: A Arquitetura Moderna a Serviço do Ensino Público. DPH, São
Paulo.
79
Idem, p. 152.
80
O padre dominicano francês Louis-Joseph Lebret fundamenta o seu trabalho nas novas tendências,
iniciadas nos anos 1950, com um planejamento urbano capaz de unir as necessidades do homem,
conciliando desenvolvimento econômico e bem-estar social. Ele esteve em São Paulo em 1947 para
expor suas ideias na Escola de Sociologia e Política, e fundou o SAGMACS – Sociedade para
Análise Gráfica e Mecanográfica Aplicada aos Complexos Sociais.
48
O relatório Moses sugeria investir em parques para a população em geral com verba
da educação, o que acaba ocorrendo em 1953 com a construção do Parque do
Ibirapuera, obra muito importante para a cidade.
Visando conseguir suprir o déficit de vagas no ensino primário até 1959 – plano do
Governo de Estado de São Paulo, na época, impulsionado pela política
desenvolvimentista de Juscelino Kubitscheck – busca-se reorganizar as finanças
federais com fundos de empréstimos, como o Fundo Nacional do Ensino Primário 81.
Para conseguir executar as ações necessárias, a Lei n.º 5444/59 autorizou o poder
executivo a criar o Fundo Estadual de Construções Escolares em São Paulo – FECE
que, regulado pelo Decreto 36799/1960, seria capaz de construir prédios
escolares82. O FECE teve como parceiros o DOP – Diretoria de Obras Públicas, e o
IPESP – Instituto de Previdência do Estado de São Paulo.
81
O Fundo Nacional do Ensino Primário constituiu-se com recursos provenientes de uma
implementação de 50% nos impostos sobre a venda de bebidas e uma parte menor sobre a criação
de um selo de educação. In: AMBROGI, Ingrid Hötte, Os paradeiros da escola primária pública
paulistana: 1922-2002 representações sobre o tempo, os espaços e os métodos. São Paulo, 2005, p.
156. Tese de doutorado em História Social. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo.
82
AMBROGI, Ingrid Hötte, op. cit., p. 157.
49
São contratados vários escritórios para fazer os projetos dos edifícios escolares:
Vilanova Artigas, autor de importantes obras, como o Grupo Escolar de Itanhaém, de
1959 (EEPG Prof. Jon Teodoresco), e o Ginásio Guarulhos, em 1961 (EESG
Conselheiro Crispiniano). Mesmo assim, as apressadas construções de novas
escolas caracterizaram-se por uma improvisação geral, tanto no ensino como nos
edifícios. Em 1960 havia 267 prédios de grupos escolares, destes, 158 eram
barracões de madeira ou funcionavam em prédios cedidos ou alugados 83.
Para o FECE, as escolas emergenciais de madeira e os edifícios alugados deveriam
ser substituídos, e os prédios existentes, capazes de receber ampliações,
reformados, a fim de aumentar com custo menor o número de vagas na região. As
diretrizes do plano do FECE determinavam:
83
Ibidem, p. 76.
50
A Lei 5693/71, que cria o ensino de primeiro grau, unindo primário e ginásio, adensa
as escolas, obrigando os diferentes níveis a ocuparem o mesmo espaço, antes
separados. Tal medida tem como objetivo preencher a falta de vagas resultante do
aumento da demanda e adapta o espaço com a criação de laboratórios, bibliotecas e
outras salas necessárias ao ensino ginasial.
84
Fundo Estadual de Construções. A execução do programa de construções escolares. São Paulo,
1963, p. 110-111.
51
A construção e manutenção dos edifícios escolares eram feitas pela CONESP até
1987, substituída posteriormente pela Fundação para o Desenvolvimento da
Educação (FDE), que se torna responsável pelas construções estaduais. No âmbito
municipal, o responsável pelas novas construções e reformas é o Departamento de
Edificações (EDIF).
85
AMBROGI, Ingrid Hötte. Os paradeiros da escola primária pública paulistana: 1922-2002
representações sobre o tempo, os espaços e os métodos. São Paulo, 2005, p. 79. Tese de
Doutorado em História Social. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade
de São Paulo.
53
Em 1991, uma parceria com o Banco Mundial promoveu o Plano Ano I, que
construiu 60 escolas de ensino fundamental na região metropolitana e permitiu uma
diversidade da padronização, com maior liberdade aos arquitetos e materiais
utilizados.
As mudanças na prefeitura
86
RAZABONI, Carlos Augusto. Arquitetura brasileira nos anos 90, flexibilidade na padronização
escolar. In: Revista Assentamento Humano, out. 2001, p. 1.
87
AMBROGI, Ingrid Hötte. Os paradeiros da escola primária pública paulistana: 1922-2002
representações sobre o tempo, os espaços e os métodos. São Paulo, 2005, p.180. Tese de
doutorado em História Social. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade
de São Paulo.
55
88
AMBROGI, Ingrid Hötte. Os paradeiros da escola primária pública paulistana: 1922-2002
representações sobre o tempo, os espaços e os métodos. São Paulo, 2005, p. 82. Tese de
doutorado em História Social. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de
São Paulo, p. 82.
56
2.4.1 Antecedentes
Da mesma maneira feita no item dos Centros Educacionais Unificados, abaixo, uma
linha do tempo valoriza as passagens e o desenvolvimento do projeto urbano de
Medellín.
A situação de violência e criminalidade na Colômbia tem início nos anos 1980, como
resultado das estruturas criminais do narcotráfico e da existência de grupos
guerrilheiros. A violência e o controle da narcoguerrilha permitiram as práticas
mafiosas na vida política e empresarial do país. O município foi considerado, em
1991, o mais violento do mundo, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, com taxa
de 381 homicídios para cada 100 mil habitantes89.
89
Estadão.com.br/Cidades. Medellín volta a ser líder em violência na Colômbia. 2010. São Paulo: O
Estado de S. Paulo. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,medellin-volta-a-ser-
lider-em-violencia-na-colombia,520738,0.htm> Acesso em: 31 maio 2013.
90
Laboratorio Medellín: catalogo de diez prácticas vivas. Medellín: Mesa Editores e Alcaldía de
Medellín, 2011, p. 53
91
Idem.
58
92
Laboratorio Medellín: catalogo de diez prácticas vivas. Medellín: Mesa Editores e Alcaldía de
Medellín, 2011, p. 55.
59
Fonte: Laboratorio Medellín: catalogo de diez prácticas vivas. Medellín: Mesa Editores e Alcaldía de
Medellín, 2011, p. 60.
93
Alcaldía de Medellín. Informe de Gestión 2001-2003. Medellín: Alcaldía de Medellín.
60
Com este programa, o município dispôs-se a adotar várias mudanças em prol dos
seguintes objetivos:
94
Laboratorio Medellín: catalogo de diez prácticas vivas. Medellín: Mesa Editores e Alcaldía de
Medellín, 2011, p. 36.
61
Em 2007, o número de homicídios caiu para 34 por 100.000 habitantes, o que seria
improvável nos últimos trinta anos de Medellín, porém, as taxas começaram a
reverter em 2008. Atribui-se essa mudança ao crescimento de grupos criminosos
(Bacrim) e à permanência de paramilitares que ainda atuavam, pois seus líderes
continuavam comandando, mesmo presos. Entretanto, com a extradição dos
principais chefes paramilitares para os Estados Unidos, em 2008, o esquema de
liderança rompe-se, gerando novas disputas de poder e uma descentralização das
forças.
Laboratorio Medellín: catalogo de diez prácticas vivas. Medellín: Mesa Editores e Alcaldía de
95
Uma forma de verificar a eficácia dos programas que estão sendo desenvolvidos em
Medellín é medir o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Como mostra a figura
acima, o IDH subiu consideravelmente no período que vai de 2004 até 2011, o que
comprova o sucesso dos programas descritos neste capítulo.
A EDU provém de uma série de outras entidade criadas pelo Governo de Medellín,
cuja função é atuar na realização e aplicação dos programas descritos no item
anterior desse capítulo. Em setembro de 1993, com o objetivo de desenvolver o
Parque de San Antonio, o conselho de Medellín aprovou o Acordo 043 que permitiu
ao prefeito criar e organizar uma empresa comercial e industrial de ordem municipal.
66
96
Portafolio de Servicios. Empresa de Desarrollo Urbano Município de Medellín.
67
Nos últimos 10 anos, ela executou 1 bilhão 347 mil 749 milhões de pesos, de forma
que hoje Medellín conta com mais de 309 novas obras de infraestrutura, projetadas
com participação cidadã, além de liderar mais de 17 mil atividades sociais.98
97
Empresa de Desarollo Urbano. Quiénes Somos. Medellín: Empresa de Desarollo Urbano, 2013.
98
Ibidem.
68
Bibliotecas
OSORIO, Adela Ríos; CASTRILLÓN, Ana Cristina Cuervo. Biblioteca Popular e Desarollo Social:
99
Nos anos 1950, a Colômbia foi eleita sede da Biblioteca Pública Piloto para a
América, posteriormente modelo de desenvolvimento das bibliotecas na Colômbia e
no continente americano. A criação da Biblioteca Pública de Medellín, em 1954,
resultou de um convênio entre a UNESCO e o governo da Colômbia.
101
Biblioteca Pública Piloto. Quiénes Somos. Medellín: Biblioteca Pública Piloto (BPP), 2013.
Disponível em:
<http://www.bibliotecapiloto.gov.co/index.php?option=com_content&view=article&id=15&Itemid=365>
Acesso em: 29 maio 2013.
70
O SNI, ligado ao Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, criado pela Lei 34, de
1973, esforça-se para aumentar o número de bibliotecas públicas e escolares. A
partir disso, legaliza-se a existência da Rede Colombiana de Bibliotecas Públicas,
que apresentou resultados significativos em Antioquia, Tolima e Bogotá.
Já na década de 1980 a demanda por este serviço tornou-se cada vez mais
importante entre a população da periferia da cidade, especialmente naqueles
setores em que a participação e a organização comunitária faziam parte da dinâmica
social do setor. Tal demanda resultou na inauguração de bibliotecas populares,
concebidas como espaços propícios à construção de novas formas de expressão e
canalização dos interesses da comunidade.
Antioquia (ABIPOA) que, dois anos depois, organizou-se como Rede de Bibliotecas
Populares de Antioquia (REBIPOA).
Programas Sociais
102
VELEZ, Maria Eugenia González; ISAZA, Catalina Carrizosa. Entre a Planeación Urbana, La
Apropiación del Espacio y La Participación Ciudadana: Los Pactos Ciudadanos y El Parque Biblioteca
España de Santo Domingo Savio. Estudos políticos, n. 39, Medellín, julio-diciembre 2011, p. 124.
72
Solà-Morales, os professores Joan Busquets, Antonio Font, Miguel Domingo e José Luís Gómez
Ordóñez da Escola de Arquitetura de Barcelona (ETSAB). Com o início da década de 1980 inicia-se
uma nova postura sobre a cidade do século XXI – a Barcelona sob o conceito da “nova urbanidade”
de Oriol Bohigas juntamente com os arquitetos do Laboratório de Urbanismo ETSAB. Essa frente
define um conceito de antiurbanismo cuja intenção é entender a cidade no desenho dos elementos
urbanos.
75
O Metrocabo
107
RASTREPO, Alejandro E.; ORSINI, Francesco M. Informalidad y urbanismo social em Medellín.
Medellín: Medio Ambiente y Sociedad, p.130-152, v.1, 2010, p.142.
108
CEDEZO é um programa da Prefeitura da cidade de Medellín promovido pela Secretaria de
Desenvolvimento, localizado em várias regiões da cidade. Presta serviços de orientação e
capacitação de empreendedores e empresários.
109
RASTREPO, Alejandro E; ORSINI, Francesco Mop. op. cit., p.130-152, v.1, 2010, p.144.
76
110
HUGHES, Pedro Javier Aguerre. Segregação socioespacial e violência na cidade de São Paulo:
referências para a formulação de políticas públicas. São Paulo: Perspectiva, v.18, n. 4 out./dez.
2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
88392004000400011&script=sci_arttext
111
Idem.
112
Ibidem.
78
Em 2000, ano em que Marta Suplicy foi eleita prefeita de São Paulo, a cidade
contava com uma população de 10.434.252 habitantes. Destes, 1.160.590, cerca de
11%, moravam em favelas, ocupando uma área com mais de 30 milhões de metros
quadrados.
Lajeado
Rio Pequeno
Sapopemba
A média de idade dos residentes das áreas periféricas é baixa, comparada com a
região central. Somado a isso, nos bairros periféricos encontram-se as maiores
concentrações de loteamentos irregulares; os habitantes têm as menores médias de
escolaridade e renda domiciliar; apresentam os maiores índices de vítimas de
homicídios e analfabetos; carecem de equipamentos culturais e concentram os
grupos de maior vulnerabilidade juvenil. Por esses dados, a periferia da cidade é
enquadrada como uma área carente e de baixo perfil socioeconômico.
São Paulo, assim como os demais grandes centros urbanos brasileiros, tem
assistido à permanência de elevados níveis de heterogeneidade socioeconômica em
sua população. Situações de riqueza e de pobreza em marcante contraste moldam
uma das principais características da cidade e se expressam na fragmentação do
espaço urbano ou em suas denominadas desigualdades sócio-territoriais113.
113
Segundo o Plano SP 2040: A Cidade que Queremos. Disponível em: http://sp2040.net.br/
114
Idem.
80
115
Olhar São Paulo – Contrastes Urbanos. São Paulo: SEMPLA, 2007.
http://smdu.prefeitura.sp.gov.br/contrastes_urbanos/pdf/p. 58, pdf
116
Idem.
81
Lajeado
Rio Pequeno
Sapopemba
117
Idem.
83
118
JACOBI, Pedro. Do centro à periferia – meio ambiente e cotidiano na cidade de São Paulo.
Comunicação de Resultados de Pesquisa. Artigo publicado na revista Ambiente & Sociedade, ano
III, n. 6/7, 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/asoc/n6-7/20430.pdf.
84
No governo de Marta Suplicy (2001-2004) existia uma linha de ação cultural com a
intenção de promover a socialização de bens culturais como instrumentos de
inclusão social e abrir espaços de criação, exposição, difusão e circulação,
revelando a produção artística da cidade. E, além disso, organizar o debate e a
difusão de ideias sobre as grandes questões políticas, econômicas, sociais e
éticas120.
Uma dessas intervenções foi o Centro Educacional Unificado (CEU), implantado
prioritariamente nas periferias para ser elemento transformador da região. O CEU é
um complexo educacional, esportivo e cultural caracterizado como Espaço Público
múltiplo.
119
Segundo o Plano SP 2040: A cidade que queremos. Disponível em: http://sp2040.net.br/
120
DORIA, Og Roberto. Educação, CEU e cidade: breve história da educação pública brasileira nos
450 anos da cidade de São Paulo. São Paulo: Secretaria Municipal de Educação da cidade de São
Paulo, p. 27.
86
Com o intuito de promover ações culturais para todas as idades, os CEUs garantem
aos moradores dos bairros mais afastados acesso a equipamentos públicos de
lazer, cultura, tecnologia e práticas esportivas, contribuindo com o desenvolvimento
das comunidades locais.
87
O mapa abaixo (Figura 23), mostra a localização dos 45 CEUs da cidade de São
Paulo e sua subdivisão por diretorias de ensino.
121
DELIJAICOV, Alexandre. A arquitetura do lugar. Disponível em:
http://piseagrama.org/artigo/488/arquitetura-do-lugar/
89
122
PADILHA, Paulo Roberto; SILVA, Roberto da (orgs.). Educação com qualidade social: a
experiência dos CEUs de São Paulo. São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2004, p. 35.
90
Todos os CEUs deveriam apresentar um plano de ação, definir sua forma de atender
ao público e garantir que o novo equipamento pertencesse à comunidade e às
unidades educacionais próximas, visando formar uma rede. A missão dos CEUs era:
123
PADILHA, Paulo Roberto; SILVA, Roberto da (orgs.). Educação com qualidade social: a experiência dos
CEUs de São Paulo. São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2004, p. 35.
124
Ibidem, p. 36.
91
Os três volumes permitem fácil adaptação aos diferentes terrenos onde precisam ser
implantados. As soluções mais adotadas são concentrar os volumes linearmente e
formar um longo conjunto, ou posicionar perpendicularmente ao pavilhão principal os
outros dois edifícios, formando, no centro, uma praça. Nesses espaços restantes do
92
O complexo escolar, de grande porte, pode receber mais de 2400 alunos e agrega
atividades abertas para a população local. Crianças de outras escolas também
podem utilizar o conjunto para as atividades extracurriculares, como aulas de
dança, música, esportes coletivos, lutas, xadrez, entre outros. É bastante comum os
pais acompanharem os filhos e participarem das aulas voltadas à faixa adulta, como
ginástica e alongamento. Questionada sobre o que achava do CEU, uma usuária
que estava com a filha comentou que a vantagem é reunir diversos usos em um
mesmo local e de graça. Somente dessa forma ela e a filha têm a possibilidade de
participar de atividades física e cultural.
Todas as pessoas que entram no CEU devem portar o cartão de estudante, aluno da
rede municipal, usuário, funcionário, visitante ou, ainda, o cartão de idoso e cartão
de outro CEU. Os espectadores de atividades de difusão que ocorrem no teatro ou
ginásio utilizam o portão mais próximo ao bloco cultural. A frequência de
espectadores para os eventos do CEU é controlada por ingressos, e não por
cartões. Nestas ocasiões, a catraca é livre, porém, podem ser organizadas formas
de acesso que garantam o trânsito das pessoas apenas ao local do evento.
Durante a semana, os CEUS devem ser utilizados por seus estudantes; alunos das
escolas do entorno, que participem de atividades programadas; pais que estejam
acompanhando os alunos; idosos que participam de atividades programadas;
pessoas da comunidade que pretendam utilizar a biblioteca e o telecentro;
fornecedores e prestadores de serviços; visitantes ou convidados pela
administração.
A circulação é livre, com exceção das salas de aula, ateliês, estúdios, sala médica,
cozinhas e refeitórios, laboratórios, depósitos de materiais, instrumentos e materiais
esportivos da sala de ginástica.
94
Para os estudos de caso foram escolhidas três unidades dos CEUs: Rosa da China,
no distrito Sapopemba; Jambeiro, no distrito Lajeado, ambas na região leste de São
Paulo; e Butantã, no distrito Rio Pequeno, zona oeste da cidade.
125
Dados IBGE Censo demográfico 2000.
126
SEADE 2004 disponível em: http://www.seade.gov.br/produtos/msp/dem/dem9_009.htm
127
Dados PMSP 2000.
128
Dado PMSP Diagnóstico socioambiental do município de São Paulo, Semana do Meio Ambiente
2005.
95
têm renda média de até cinco salários mínimos, e 23.010 vivem com cinco a dez
salários mínimos, em média. A escolaridade por habitante é 6,5 anos, em média 129.
No projeto pedagógico do CEU Rosa da China, o objetivo principal tem sido orientar
alunos e usuários para questões relativas ao meio ambiente e à inclusão social, por
meio de atividades artísticas e esportivas.
129
Dados PMSP 2000. Em 2000, o salário mínimo era R$151,00.
130
SEADE 2000.
96
O acesso ao CEU Rosa da China, por meio de transporte público, só é possível por
ônibus. Diversas linhas passam pela av. Sapopemba e rua do Oratório, e algumas
circulam pelas ruas do entorno. Há duas entradas, a principal pela rua Rosa da
98
China, e outra, secundária, pela rua Clara Petrela. Ambas são predominantemente
residenciais, com alguns pontos de comércio e serviços (Figura 25).
Pelo diminuto terreno onde o Centro está inserido (19.000 m²), resolveu-se a
implantação do projeto pela disposição linear do bloco cultural/esportivo e do
pavilhão das salas de aula, em que as coberturas foram alinhadas, devido à
declividade da área. Perpendicularmente estão as três piscinas e o edifício circular
de educação infantil. Completam o CEU duas quadras descobertas e uma pista de
skate.
Figura 26 – Implantação do CEU Rosa da China com destaque para as circulações verticais.
Fonte: ARIZA, Wanderley; TAKIYA, Andre; DELIJAICOV, Alexandre. Centros Educacionais
Unificados (CEUs), São Paulo. Revista PROJETODESIGN, n. 284. São Paulo, out. 2003.
131
Dados EOL dezembro/2012.
99
Figura 28 – Croqui do CEU Rosa da China. Relação entre o bloco didático, o Centro de
Educação Infantil e a caixa d’água.
Fonte: ANELLI, Renato. Centros Educacionais Unificados: arquitetura e educação em São Paulo.
Arquitextos, n. 55.02. São Paulo, Portal Vitruvius, dez. 2004.
100
As imagens da fachada lateral (Figura 27) e do croqui (Figura 28) acima indicam a
implantação no terreno plano e o talude na lateral para adaptação da construção.
A imagem acima (Figura 38) mostra o acesso ao CEU pela Rua Clara Petrela, onde
predominam edificações residenciais. À direita, o bloco esportivo/cultural e a caixa
de escadas, no volume em azul.
Na imagem abaixo (Figura 39), a vista da entrada principal pela rua Rosa da China,
na qual se pode observar a circulação vertical em laranja e o perímetro do edifício
gradeado, presente também na Figura 40, que mostra, em primeiro plano, uma das
quadras descobertas e, ao fundo, o bloco esportivo/cultural e didático.
132
Dados IBGE Censo demográfico 2000.
108
A obra foi concluída em 2006 e o canal foi alargado de 16 para 26 metros, o que
melhorou a vazão no local, minimizando o impacto das chuvas na região. As obras
de infraestrutura da região também contaram com a construção de uma passarela
com rampas de acesso e gradis139.
133
Dados PMSP 2000.
134
Dados PMSP Diagnóstico socioambiental do município de São Paulo, Semana do Meio Ambiente
2005.
135
SEADE 2004. Disponível em em: http://www.seade.gov.br/produtos/msp/dem/dem9_009.htm
136
Dados PMSP 2000. Em 2000 o salário mínimo era R$151,00.
137
SEADE 2000.
138
Dados da PMSP. Disponível em:
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/infraestrutura/obras_de_drenagem/corregos/index.p
hp?p=4034.
139
Idem.
109
Dos três CEUs escolhidos para estudo de caso, o Jambeiro é o único que dispõe de
alternativa de transporte público, além do ônibus. Próximo ao Centro estão as
estações José Bonifácio e Guaianases, ambas da linha coral da CPTM, que faz o
trajeto Luz – Guaianases / Guaianases – Estudantes. Na av. José Pinheiro Borges,
um alto muro separa a via da linha do trem e cria uma barreira entre o bairro e a
entrada principal do CEU, também isolado no lado oposto pelo córrego
Jambeiro/Itaquera (Figura 42).
Projeto dos arquitetos Alexandre Delijaicov, André Takiya e Wanderley Ariza, essa
unidade, com área construída de 13.400 m², ocupou um lote privilegiado de 700.000
m², um terreno baldio onde havia lama, vegetação rasteira e carros depenados.
110
Externas ao terreno, há duas quadras maiores, que não fazem parte do CEU. São
de utilização pública, porém, sua localização próxima ao equipamento gera um
amplo espaço esportivo voltado à comunidade. Ainda há uma pista de skate e duas
quadras poliesportivas descobertas.
Nessa imagem (Figura 47), percebe-se o conjunto entre a linha do trem e o córrego.
É possível ver também a diferença de escala do CEU e do bairro, e a diferença entre
a parte acima do edifício e a parte abaixo, em relação à organização urbana.
A implantação do edifício permite refletir sobre um fortalecimento dessas barreiras.
A vista do edifício (Figura 47) permite visualizar como o córrego torna-se uma
barreira de acesso, ou seja, uma importante "barreira" geográfica, pois a
urbanização da região está dividida, já que as grades e o desnível executados não
correspondem ao contato com a rua (Figura 48).
Nesta imagem (Figura 53), observa-se a inserção do CEU e sua divisa natural com o
córrego. À frente, uma central de distribuição de energia. A outra imagem (Figura 52)
permite ver, ao fundo, o bloco cultural/esportivo e didático.
Para acompanhar a manutenção dos CEUs, são feitos relatórios para a Secretaria
de Educação de São Paulo. Segundo estes, na unidade Jambeiro constam diversos
problemas, além da impermeabilização, já abordado.
Dentre eles, podemos ressaltar a falta de estacionamento para funcionários, espaço
para almoxarifado e refeitório geral, problemas de acústica entre a quadra de
esportes e o teatro.
Tornou-se necessário colocar grades de proteção nas esquadrias para evitar que as
bolas das quadras poliesportivas quebrassem os vidros, além de outros
equipamentos, como guarda volumes na piscina.
Na zona oeste de São Paulo localiza-se o CEU Butantã, dentro do distrito Rio
Pequeno, ao lado do município de Osasco, na subprefeitura Butantã. Com 111.690
habitantes (33.348 até 17 anos), numa área de 9,7 km²140, 17,45% da população
reside em 0,35 km² formados por 25 favelas141 e menos de 15% de seu território é
ocupado por loteamentos irregulares142. Do total de domicílios (31.231), 13.618,
cerca de 43,60%, têm renda média entre 5 e 20 salários mínimos; 10.560 até 5
salários e 5509 de 20 a 50 salários.
140
SEADE 2004 Disponível em: http://www.seade.gov.br/produtos/msp/dem/dem9_009.htm
141
Ibidem.
142
Ibidem.
121
O acesso via transporte público é somente por ônibus, a maioria com trajeto pela av.
professor José Maria Alkmin. O acesso principal está em uma praça na extremidade
sul, pela av. Eng. Heitor Antônio Eiras Garcia (Figura 56). Há, também, uma entrada
secundária pela rua Cabo Severiano da Costa Sampaio, que permite entrar no
estacionamento.
122
Com 13.310 m² de área construída, a unidade atende 1410 estudantes: 240 da CEI,
324 EMEI, 719 EMEF e 127 ETEC. Com características bastante particulares no lote
do CEU Butantã, o projeto de André Takiya e Wanderley Ariza teve como ponto de
partida destinar toda a área à comunidade.
Nas imagens abaixo (Figura 58), é possível visualizar as diferentes cotas em que os
edifícios e as quadras estão instalados. Ao fundo, o lago.
125
O lago integra-se aos equipamentos (Figura 59), formando uma praça d’água com
função contemplativa. Assim, é possível que crianças e adultos divirtam-se à
margem da nascente, fazendo com que o local seja um “espelho d’água” no projeto,
de forma a integrar a natureza ao complexo.
126
Abaixo (Figura 60), pode-se observar a praça seca, no acesso principal do CEU
Butantã pela av. Heitor Antônio Eiras Garcia.
A implantação do CEU Butantã (Figura 62) mostra uma situação menos "ilhada",
agregada ao ambiente do bairro como um todo. Pelas imagens (Figura 62 e Figura
63), nota-se que o entorno é constituído tanto por casas, como por prédios com mais
de seis pavimentos.
128
Pode-se observar, também, que diferente dos CEUs Jambeiro e Rosa da China, o
entorno da unidade Butantã é arborizado, com vias bem conservadas e edifícios
residenciais. À esquerda (Figura 61) há unidades de habitação popular, casas bem
conservadas e uma organização de quadras regulares.
Numa análise abrangente de pós-ocupação, nota-se uma melhora notável nas três
regiões estudadas após a construção dos CEUs.
De acordo com avaliações organizadas pelos gestores, a maioria dos usuários dos
CEUs está muito satisfeita com os serviços oferecidos, como se vê na Tabela 1.
A questão social, juntamente com a identidade local das áreas periféricas, fez com
que os setores estudados obtivessem resultados positivos com relação à melhoria
da qualidade de vida e ao aumento das taxas de escolaridade.
Deste modo, podemos analisar também uma queda na violência nos bairros
estudados, após a implantação dos CÉUS. Segundo as tabelas de taxa de
mortalidade por causas externas, disponibilizadas pela Prefeitura Municipal de São
143
GADOTTI, Moacir. Educação com qualidade social: projeto, implantação e desafios dos Centros
Educacionais Unificados (CEUs). Instituto Paulo Freire. Disponível em:
http://acervo.paulofreire.org/xmlui/bitstream/handle/7891/3395/FPF_PTPF_01_0418.pdf
131
Paulo, nota-se que em 2000, antes da implantação dos CEUs, até 2006, quando os
3 centros estudados já estavam inaugurados havia três anos, a queda no número de
homicídios em cada distrito foi considerável.
Não é possível afirmar que a grande queda no número de homicídios nessas regiões
esteja diretamente ligada à implantação dos CEUs. Mas é um forte indício de que a
proposta dos CEUs, que é atuar como transformadores sociais, teve resultado
positivo.
132
144
Alcaldía de Medellín. Perfil Socioeconómico Medellín Total – Encuesta de Calidad de Vida.
Medellín 2011. Medellín: Departamento Administrativo de Planeación, p. 1.
134
145
Fonte: Estratificación Socioeconómica. Disponível em: <https://www.dane.gov.co/> Acesso em: 29
maio 2013.
135
146
SEADE. Pesquisa de Condições de Vida – 2006 – Escolaridade. São Paulo: PCV – 2006, p. 1
136
A estratégia para escolher os bairros foi definida pelo nível de pobreza e violência da
região ou pelo Índice de Desenvolvimento Humano. Assim, estuda-se o melhor
terreno para a construção do parque, em alguma fronteira entre a comunidade e os
grupos inimigos, ou em lugares onde o trânsito de pessoas era complicado e a
violência, bastante evidente.
147
Alcaldía de Medellín. Informe de Gestión 2004-2006. Medellín: Alcaldía de Medellín, p. 167
Alcaldía de Medellín. Informe de Gestión 2007. Medellín: Alcaldía de Medellín, p. 101
148
PALACIOS, Andrés Felipe Salazar; PEÑA, Cristian Alejandro Orrego; VANEGAS, Maizie Melrita
Forbes. Los Usuários de Los Parques Biblioteca de Medellín y sus Perfiles: un contexto desde la
cultura, identidade y capital social, orientadas hacia una ciudad global. 2007. Facultad de Ciencias
Sociales y Humanas. Departamento de Sociologia. Universidade de Antioquia. Orientador de
sociologia: Juan Guilhermo Molina Pajon. Orientadora de Bibliotecologia: Edilma Naranjo.
138
A cidade conta atualmente com duas linhas de metro, três de metrocabo e duas de
ônibus. A localização das estações influencia na implantação dos Parques, já que
sua escolha é feita de maneira a proporcionar acesso não somente aos moradores
do entorno, mas também a toda a população. Portanto, mesmo localizados em áreas
periféricas, os Parques são de fácil acesso a todos.
“Os lotes onde estão ou estarão localizados os Parques Bibliotecas foram escolhidos
por seu potencial de desenvolvimento urbano, além do fácil acesso à comunidade,
por estarem conectados com os sistemas de transporte massivo da cidade e
fortalecer o Espaço Público nestas zonas. Estes locais se convertem em novos
referenciais urbanos em Medellín. ”150
149
Portafolio de Servicios. EDU
150
Alcaldía de Medellín. Informe de Gestión 2004-2006. Medellín: Alcaldía de Medellín, p. 167.
139
Nos itens 4.2 a 4.4 que compõem esse capítulo pode-se visualizar três exemplos de
Parques Bibliotecas em Medellín. A finalidade dessa análise é salientar a
importância do programa para a comunidade, avaliando o sentido de apropriação,
conservação dos espaços e a importância social de cada unidade relatada pelos
seus responsáveis.
141
O edifício foi implantado na zona nororiental de Medellín (fig 68), cujos bairros de
influência são: Santo Domingo Savio 1 e 2, Popular, Granizal, San Pablo, El
Compromisso, La Esperanza 2, La Avanzada, Carpinelo e Villa del Socorro. O bairro
Popular é o mais populoso, com 23.754 habitantes.
151
Alcaldía de Medellín. Informe de Gestión 2007. Medellín: Alcaldía de Medellín, p. 106.
142
Fonte: PALACIOS, Andrés Felipe Salazar; PEÑA, Cristian Alejandro Orrego; VANEGAS, Maizie
Melrita Forbes. Los Usuários de Los Parques Biblioteca de Medellín y sus Perfiles: un contexto desde
la cultura, identidade y capital social, orientadas hacia una ciudad global. 2007. Facultad de Ciencias
Sociales y Humanas. Departamento de Sociologia. Universidade de Antioquia. Orientador de
sociologia: Juan Guilhermo Molina Pajon. Orientadora de Bibliotecologia: Edilma Naranjo.
A região onde está inserido o Parque España caracteriza-se por faixa uma etária
predominante entre 15 e 44 anos (Tabela 3). Quanto aos aspectos
socioeconômicos, a maioria dos 60.229 habitantes pertence ao estrato 1, sendo que
317.620 estão no estrato 2 e uma minoria de 26.785, no estrato 3154.
152
PALACIOS, Andrés Felipe Salazar; PEÑA, Cristian Alejandro Orrego; VANEGAS, Maizie Melrita
Forbes. Los Usuários de Los Parques Biblioteca de Medellín y sus Perfiles: un contexto desde la
cultura, identidade y capital social, orientadas hacia una ciudad global. 2007. Facultad de Ciencias
Sociales y Humanas. Departamento de Sociologia. Universidade de Antioquia. Orientador de
sociologia: Juan Guilhermo Molina Pajon. Orientadora de Bibliotecologia: Edilma Naranjo.
153
Ibidem.
154
Ibidem.
144
155
Ibidem.
145
A implantação dos edifícios (Figura 73) permite a sua visão de quase todo o vale,
pois localiza-se em uma área de cota mais alta do que o restante da cidade. Além
146
disso, esses edifícios têm uma casca em revestimento de lajotas pretas, que se
sobressaem em relação ao tom marrom dos tijolos das construções vernáculas, o
que inclui os edifícios de habitação social.
Esses dois níveis permitem acessos distintos: um, na rua lateral (Figura 73), dá
acesso a uma praça com vista da cidade, enquanto a outra entrada, por uma rampa
em nível mais baixo, permite acesso ao elemento conector dos edifícios rocha, onde
estão as entradas do auditório, bibliotecas, salas mi barrio, etc.
Entrada da
praça
1 acesso principal
2 recepção
3 Praça interna
4 Biblioteca
5
Salas multiuso
6
Auditório
7 atelier
8 anfiteatro exterior
9 sala de exposição
2
4
1
3
6
156
Informações retiradas do site oficial da Rede de Biblitecas de Medellín. Servicios. Disponível em:
<http://www.reddebibliotecas.org.co/> Acesso em: 30 maio 2013.
149
7
8
Rampa entrada
5
Figura 75 – Plantas do primeiro e terceiro pisos do Parque Biblioteca Santo Domingo Savio
Fonte: MAZZANTI, Giancarlo. Dos bibliotecas en Medellín. ARQ, n. 71, p. 20-31, 2009. Pontifícia
Universidade Católica do Chile. Santiago, Chile. Disponível em
<http://redalyc.uaemex.mx/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=37514398004>
O Corte AA (Figura 78) mostra o edifício do auditório e uma parte da circulação que
denominamos elemento conector das rochas. O edifício cortado mostra a plateia, o
palco e toda a parte técnica, como as placas refletoras, equipamentos de luz e som,
entre outros. Com capacidade para apenas 179 pessoas, como já citado, o auditório
153
é suficiente para as atividades propostas nele, que vão desde peças teatrais de
pequeno porte, até expressões artísticas locais. É possível emprestar o auditório
para apresentações, assim como para reuniões da comunidade.
O Corte BB (Figura 78) mostra o edifício das salas multiuso e parte da biblioteca.
Essas salas têm alguns exemplares de livros para diferentes idades, a sala de
computação para crianças e adultos, assim como a sala de exposição do topo.
Neste corte é possível observar que a estrutura funcional do edifício, ou volume
interno, como chamado neste trabalho, não encosta na casca envoltória, existem
apenas travamentos para garantir a estabilidade entre as duas partes: estrutura e
casca. Cada uma das edificações tem estrutura independente, e toda a carga está
apoiada sobre 4 pilares periféricos ao volume interno.
157
MAZZANTI, Giancarlo. Dos bibliotecas en Medellín. ARQ, n. 71, p. 20-31, 2009. Pontifícia
Universidade Católica do Chile. Santiago, Chile. Disponível em
<http://redalyc.uaemex.mx/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=37514398004>
155
Casas antes da
demolição
metrocabo
Rampa de
acesso
principal
158
Pode-se observar, nas imagens acima (Figura 83), a rampa de acesso principal ao
Parque e a Igreja restaurada.
Nas imagens (Figura 83 e Figura 84) é possível visualizar a entrada secundária pela
rua lateral, que segue até a praça de contemplação. Os edifícios lindeiros estão
pintados e bem conservados, assim como a rua.
O desnível do terreno pode ser observado pela inclinação das rampas de acesso
principal ao edifício. Visto de cima, (Figura 87), pela rua por onde se acessa o
metrocabo, é possível perceber a inclinação da rua lateral, assim como o desnível
entre ela e o equipamento
162
Rampa de acesso a
rua que vem do
metrocabo
Na foto mostrada na Figura 88, vê-se, ao fundo, um painel pintado pela comunidade
onde está a rampa que permite o acesso da rua que desce do metrocabo e a praça
da entrada do Parque.
Os muros são pintados com motivos da comunidade, apelos por paz e arte.
Nas fotos atuais é possível perceber que, cinco anos depois da inauguração, o
edifício continua intacto. Segundo a arquiteta responsável pela manutenção dos
Parques Bibliotecas, a conservação desses equipamentos geralmente acontece por
falhas na construção ou danos causados pelo tempo, pois as construções são muito
bem cuidadas pela comunidade.
A Figura 89 mostra que, na frente na rua que desce para o parque do Metrocabo,
uma pista de skate completa a urbanização do território.
158
Alcaldía de Medellín. Informe de Gestión 2007. Medellín: Alcaldía de Medellín, p. 107
159
PALACIOS, Andrés Felipe Salazar; PEÑA, Cristian Alejandro Orrego; VANEGAS, Maizie Melrita
Forbes. Los Usuários de Los Parques Biblioteca de Medellín y sus Perfiles: un contexto desde la
cultura, identidade y capital social, orientadas hacia una ciudad global, 2007. Facultad de Ciencias
Sociales y Humanas. Departamento de Sociologia. Universidade de Antioquia. Orientador de
sociologia: Juan Guilhermo Molina Pajon. Orientadora de Bibliotecologia: Edilma Naranjo.
160
Ibidem.
165
Considerando tais dados, é possível perceber que a zona onde se insere o Parque é
de maior poder aquisitivo do que a zona onde se insere o Parque España, cujos
habitantes não passam do estrato 3.
Iniciando o estudo sobre o Parque Biblioteca Belén, o projeto foi presente da
parceria entre o governo colombiano e a Universidade de Tokyo, com o intuito de
fortalecer a cultura do Japão na Colômbia. O arquiteto japonês Hiroshi Naito,
professor da Universidade de Tokyo, responsabilizou-se por um projeto que remete
à arquitetura japonesa, principalmente pelo grande espelho d’água de contemplação
no meio do bloco principal, pelas estruturas de cobertura em madeira que se
assemelham às construções típicas japonesas, e pelo uso de grandes praças
públicas e jardins.
166
O Parque Biblioteca Belén ocupa um dos maiores terrenos entre os parques, tem
quinze blocos distribuídos e três praças: da água, do povo e a verde. Um ponto forte
da construção são os telhados e o madeiramento aparente, além dos blocos feitos
especialmente para o equipamento com cimento e cerâmica típicos da região de
Antioquia. O Parque é atualmente um dos melhores em estado de conservação.
167
O programa também engloba uma biblioteca em braile; Teatro William Alvarez Vélez
e aulas Talleres de formação: teatro com capacidade para 315 pessoas e aulas com
capacidade para 25 pessoas. Podem ser reservados pela população; além de
diversos pontos de informações;
Há, ainda, no Parque a sala mi barrio, onde são armazenadas informações para
consulta dos usuários sobre o bairro e a zona do Parque; uma sala japonesa, como
já citado, onde há artefatos, livros e atendimento especializado voltado à cultura
nipônica;
Além dos ambientes citados há, ainda, uma ludoteca, um espaço reservado para
crianças de 0 a 12 anos, para integração e contato com a leitura; um Centro de
Desenvolvimento Empresarial Zonal (CEDEZO), centros de apoio a negócios e
microempresas locais; uma escola de música; cafeterias, comércio e
estacionamento161.
161
Informações retiradas do site oficial da Rede de Bibliotecas de Medellín.Servicios. Disponível em:
<http://www.reddebibliotecas.org.co/> Acesso em: 30 maio 2013.
169
A imagem acima da maquete (Figura 95) do Parque permite ver a relação do edifício
da biblioteca, suas praças e espelho d’água, com o entorno, que tem gabarito baixo,
o que foi respeitado por Naito, que manteve o seu projeto compatível, para que não
sobressaísse demais na paisagem. Assim, o Parque não se impõe, mas se integra
ao ambiente, de forma a não causar nenhum tipo de estranhamento à população
local.
171
As imagens atuais (Figura 98) permitem ver a utilização do espaço pela população e
estudantes da região. Os caminhos entre os 15 blocos dispostos no terreno
possibilitam a circulação entre as praças, onde se pode descobrir outros pontos de
vista. A conservação é impecável, inclusive dos jardins.
Figura 100 – Interior do edifício da biblioteca, no qual o telhado é trabalhado com madeira e
tesouras.
Fonte: Fotos da autora, de julho de 2012.
Pelas imagens atuais, podemos observar uma valorização imobiliária na região, com
edifícios de mais de seis pavimentos (Figura 101), além de comércios e serviços
construídos junto ao Parque, o que favoreceu uma ocupação visível da região.
175
É possível visualizar nas imagens acima (Figura 104) um bairro de classe média
com construções bastante sólidas, de alvenaria, boa infraestrutura pública. As casas
178
Esse Parque Biblioteca foi um dos que mais transformou o território. Localizado em
território quase plano, possibilitou outros investimentos do mercado imobiliário, como
uma grande clínica médica particular ao lado da Praça Verde e um novo
condomínio, que será construído no lugar de um antigo convento.
Os bairros de influência da zona Centro Oriental são: Villa Hermosa, San Miguel, La
Ladera, Enciso, Boston, Los Ángeles, Batallón Girardot, Sucre, Los Mangos, Portal
de Enciso, La Mansión e Caicedo. A população da zona totaliza 242.872 habitantes.
Destes, 68.530 estavam matriculados em instituições de ensino até 2007163.
162
Alcaldía de Medellín. Informe de Gestión 2007. Medellín: Alcaldía de Medellín, p. 104
163
PALACIOS, Andrés Felipe Salazar; PEÑA, Cristian Alejandro Orrego; VANEGAS, Maizie Melrita
Forbes. Los Usuários de Los Parques Biblioteca de Medellín y sus Perfiles: un contexto desde la
cultura, identidade y capital social, orientadas hacia una ciudad global, 2007. Facultad de Ciencias
Sociales y Humanas. Departamento de Sociologia. Universidade de Antioquia.
179
Fonte: PALACIOS, Andrés Felipe Salazar; PEÑA, Cristian Alejandro Orrego; VANEGAS, Maizie
Melrita Forbes. Los Usuários de Los Parques Biblioteca de Medellín y sus Perfiles: un contexto desde
la cultura, identidade y capital social, orientadas hacia una ciudad global, 2007. Facultad de Ciencias
Sociales y Humanas. Departamento de Sociologia. Universidade de Antioquia.
Figura 105 – Mapeamento dos Transportes Públicos que atendem a região do Parque.
Fonte: Imagem-base: Google Earth – imagem datada de 19/02/2008;
Informações de Transportes: Mapas Metro Disponível em: <https://www.metrodemedellin.gov.co/>
Acesso em: 28 maio 2013.
Os espaços criados de uso público abertos não são somente áreas de estudos, mas
também de uso cultural e lazer para a população. Assim, os usuários passaram a
utilizar o Parque como ponto de encontro.
182
área de recreação
Como já citado, o esquema acima (Figura 108) demonstra por que os blocos foram
encaixados na encosta do terreno, para que a vista da cidade não fosse obstruída,
exemplificando ambas as situações: com os edifícios sobrepostos no terreno do lado
esquerdo e em nível mais baixo, à direita.
Figura 110 – Foto dos volumes vistos da praça frontal. Eles são bem marcados com painéis em
vidro transparente e vermelho, conferindo movimento à fachada.
Fonte: Fotos da autora, de julho de 2012.
185
A planta acima (Figura 111) mostra o primeiro subsolo da biblioteca, que abriga
basicamente o piso técnico e parte do auditório. O acesso ao nível se dá apenas por
rampas internas, o elemento conector externo dos três blocos não chega ao subsolo,
pois trata-se de um pavimento basicamente de uso técnico e administrativo da
biblioteca.
186
1 acesso principal
2 serviços à comunidade
3 sala mi barrio
4 ludoteca
5
sala de reunião
6 praça interna
7
sala de computação
8 banheiros
9 biblioteca
10 espaço de exposição
11 cafeteria
12 auditório
13 ateliers
13
12
11
10
4 5
6
1
2 7 8
nessa área, próximas à entrada principal, bem como a sala de computação e praças
internas que se formam nos espaços entre os edifícios.
Neste corte (Figura 113) vê-se o auditório, a parte de área técnica do subsolo e o
mirante da parte superior angulada, como o teto do auditório.
188
Ao observar os cortes dos blocos (Figura 117), é possível perceber que a laje de
cobertura inclinada acompanha a inclinação do piso, para ser acessada do nível
superior. Além disso, serve como mirante coberto, formando algo parecido com uma
plateia, com bancos que tornam a paisagem bastante convidativa.
190
No Mirante (Figura 120) acima do edifício, observa o desnível do piso, todo em deck
de madeira com alguns bancos para a contemplação da paisagem. É possível notar
algumas pichações na lateral, além da falta de manutenção do piso de madeira.
Nas fotos do entorno (Figura 121), a vista do Parque subindo a rua. Pode-se
observar que existe uma mistura de habitações, prédios altos e casas com até 2
pavimentos.
194
De qualquer forma, pode-se observar que o Parque é bem utilizado (Figura 122).
Mesmo durante a semana é possível ver pessoas caminhando, contemplando e
utilizando o Espaço Público que se formou com a construção do Parque.
Ao analisar os gráficos acima, é possível perceber que desde o início dos programas
de pacificação de Medellín, do qual fazem parte os Parques Biblioteca, a violência
197
Mede-se o capital social também pelo Índice de Qualidade de Vida, no qual se avalia
o potencial de acesso à população aos bens físicos, como a qualidade das moradias
e dos serviços públicos domiciliários, do desenvolvimento de capital humano,
medido através da cobertura do seguro social e da educação. Entre 2009 e 2010, o
IQV (Índice de Qualidade de Vida) cresceu aproximadamente 1,71%. Segundo a
Tabela 6, podemos visualizar o crescimento por bairros. Em amarelo, os bairros que
têm Parques Bibliotecas ou são influenciados por eles nas proximidades (Doce de
Octubre, San Javier, Guayabal, San Cristóbal e Santo Antonio de Prado). Em
laranja, os bairros influenciados pelos parques analisados nesse trabalho: o bairro
de Popular é influenciado pelo Parque Biblioteca España, o bairro de Vila Hermosa é
influenciado pelo Parque Biblioteca La ladera e o bairro de Belén pelo Parque
Biblioteca Belén.
Não se encontrou em nenhuma fonte oficial uma avaliação precisa sobre os Parques
Bibliotecas, para isso elaborou-se uma tabela com as características dos parques
198
estudados neste trabalho, a fim de fazer uma avaliação por observação de campo,
considerando um método comparativo entre eles (Tabela 7).
Problemas na edificação.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Espaço Público pode ser entendido como a alma da sociedade humana, propícia
ao encontro de pessoas, ao exercício da democracia e à produção cultural. Um
marco importante dessa reflexão sobre o Espaço Público foi a passagem de Oriol
Bohigas, de 1980 a 1984, juntamente com Jordi Borja no período seguinte, na
Diretoria de Planejamento de Barcelona, na qual a importância do Espaço Público
como modificador social foi bastante discutida. Jordi defendia um "espaço cidadão" –
um espaço urbano generoso, de caráter público, destinado ao usufruto da população
dessas áreas carentes, promotora da integração e relevante para a conquista da
cidadania pelo seu morador.
Segundo CERTEAU, a apropriação não pode ser prevista, pois acaba sendo uma
somatória de fatores incontroláveis e mutantes. É preciso, primeiro, observar a
relação do ambiente construído com a população e, assim, esperar pelas mudanças
no processo de utilização do espaço. No caso dos objetos estudados nesse trabalho
tal mudança pode ser a apropriação do local e a qualidade dessa apropriação, visto
que a utilização e a importância desses equipamentos para a comunidade farão o
sucesso do equipamento.
Nos estudos de caso, tanto dos CEUS, em São Paulo, quanto os Parques
Bibliotecas, em Medellín, pode-se observar como é possível intervir em territórios
precários e periféricos para melhorar o contexto urbano.
165
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1998, p. 40.
166
PADILHA, Paulo Roberto; SILVA, Roberto da (org.). Educação com qualidade social: a experiência dos CEUs
de São Paulo. São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2004.
202
No caso dos CEUs, nota-se uma melhora notável em todas as regiões estudadas.
Houve uma alteração na paisagem, com a criação de infraestruturas viárias e
expansão no comércio local.
execução como parte conceitual do processo, cujo caráter era causar impacto social
e criar referenciais urbanos espalhados pela periferia da cidade, o projeto tornou-se
impositivo e repetitivo. A ideia de repetir em diferentes terrenos o mesmo arranjo de
edifícios desvalorizou a criação de uma identidade arquitetônica ao projeto e,
consequentemente, à cidade ou comunidade.
A grande questão dos CEUs é a sua aplicação isolada como política urbana, não
pertencente a um estudo de melhoria de caráter mais geral como um plano de
reestruturação urbana, que englobaria infraestrutura básica, moradia, educação,
cultura, segurança, entre outros, como ocorre em Medellín.
Além da ruptura simbólica, vale ressaltar que os Parques colaboram para a criação
da nova identidade cultural, com a criação das salas mi bairro. Estas salas
colaboram para minimizar a falta de identidade e, como conseqüência, a violência
das áreas implantadas.
Os parques têm controle de acesso, porém, não são cercados, o que causou
algumas avarias no Parque Biblioteca La Ladera, por exemplo. Mas não é possível
ver o mesmo nos outros parques visitados. Há uma questão por trás da apropriação
do espaço, desejado pela população que estuda a melhor forma de aderir o novo
equipamento à comunidade, além de um trabalho de conscientização da cidadania,
que é cuidar de um Espaço Público pertencente à comunidade e à cidade.
Esse trabalho mostrou dois exemplos de grandes intervenções arquitetônicas em
áreas de pobreza, contudo, destaca-se outro ponto de intervenção em menor escala,
chamada "microplanejamento" segundo Marcos Rosa que, em seu livro, traduz o
que entende como alternativas de intervenção bottom-up (de baixo para cima),
tratando-as como experimentações na cidade com a participação ou criação da
comunidade que busca espaços de qualidade. Isso gera novas operações
arquitetônicas que correspondem à procura e reinterpretação desses novos
espaços. Tal maneira de intervir, acompanhada de programas grandes, como os
apresentados nesse trabalho, permite ainda mais apropriação ao espaço e êxito aos
programas.
Assim retornamos a Villaça e Certeau do início desse texto, cuja reflexão sobre
apropriação passa por conceitos de identidade, que pode ser construída através de
um trabalho arquitetônico proveniente de concurso público, ou por programas de
conscientização e participação social para a construção do equipamento, ou até por
pequenas intervenções junto ao edifício de caráter bottom-up que permitem a
conexão da população com o equipamento e, consequentemente, a criação de uma
identidade comum. Acredito que a questão sobre identidade do lugar seja primordial
na discussão desses dois exemplos e possibilita avaliar os dois programas em
termos de resultado na pós-ocupação, principalmente em termos de conservação,
repercussão e apropriação dos equipamentos.
207
6 BIBLIOGRAFIA
ARANTES, P.F. Arquitetura Nova: Sérgio Ferro, Flávio Império e Rodrigo Lefèvre, de
Artigas aos mutirões. São Paulo: Ed. 34, 2002.
PADILHA, Paulo Roberto; SILVA, Roberto da (org.). Educação com qualidade social:
a experiência dos CEUs de São Paulo. São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2004.
SILVA, Denise Guilherme da. Ilhas de saber - representações e práticas das escolas
isoladas do Estado de São Paulo (1933-1943). 2004. 138f. Dissertação de mestrado
em Educação. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2004.
Teses:
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2013. Disponível em:
<http://www.bibliotecapiloto.gov.co/index.php?option=com_content&view=article&id=
15&Itemid=365> Acesso em: 29 maio 2013.
Entrevista com o educador Moacyr Gós desenvolvida pela Prefeitura de Natal, Rio
Grande do Norte. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=mj49-0ROea4
FARIA, Ana Lúcia Goulart de. A contribuição dos parques infantis de Mário de
Andrade para a construção de uma pedagogia da educação infantil. Educ.
Soc. [online]. 1999, v. 20, n. 69, p. 60-91. Disponível em <
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Disponível em: http://www.jeanpiaget.com.br/p.php?p=artigos&id=175
SPUR: Ideas and Action for a Better City: “Changing Roles of Urban Parks – From
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Sites:
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em: 16 maio 2012
http://www.medellin.gov.co/irj/go/km/docs/wpccontent/Sites/Subportal%20del%20Ciu
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