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Este trabalho tem como objetivo esclarecer que, no processo de dar forma a uma
ideia, a concepção da estrutura e a arquitetura, evoluem paralelamente, contribuindo
para a concretização da ideia. Neste estudo, são exploradas obras de destaque
onde o sistema estrutural teve impacto fundamental na configuração do design
arquitetônico e sua forma. Nesse contexto, serão realizados estudos de casos em
projetos de arquitetura já existentes e construídos na cidade de São Paulo - SP. O
objetivo é analisar como a concepção da estrutura foi incorporada ao projeto
arquitetônico e definidora da sua forma e, configurando uma união entre a
arquitetura e engenharia, arte e estrutura.
Works recognized in different eras and countries have the structural component as a
fundamental guiding element of the project. In these situations, architecture and
structure develop together - as Niemeyer stated, "when the structure is completed,
the architecture is already present, simple and beautiful" (NIEMEYER, 2002).
In the main works of Modern Architecture, it is common to observe the explicit and
clear use of structural elements, which are directly related to the aesthetics and
design of the architectural space. This highlights the relevance of technical
knowledge of structures, covering both the materials to be used and the structural
system to be adopted, as an essential factor in the development of quality projects.
This work aims to clarify that, in the process of giving shape to an idea, the design of
the structure and the architecture evolve in parallel, contributing to the realization of
the idea. In this study, prominent works are explored where the structural system had
a fundamental impact on the configuration of the architectural design and its form. In
this context, case studies will be carried out on existing architectural projects built in
the city of São Paulo - SP. The objective is to analyze how the design of the structure
was incorporated into the architectural project and defined its form, configuring a
union between architecture and engineering, art and structure.
Figura 1 - Centro de Artes Tippet Rise – Parque Nacional Yellowstone – Montana – EUA .....5
Figura 15 - Detalhes........................................................................................................................... 20
Figura 16 - As direções das forças meridional e anular são defletidas como em um campo
magnético ............................................................................................................................................ 20
Figura 31 - OCA.................................................................................................................................. 39
Figura 72 - Laje nervurada suspensa por tirantes fixados nas vigas ......................................... 67
Figura 99 - Vista frontal do pilar parede e detalhe do apoio entre a laje principal e os pilares
............................................................................................................................................................... 84
Figura 105 - Laje principal - detalhe de abertura referente ao vazio interno e corte ............... 87
Figura 107 - Detalhe da abertura da laje principal com vigas tipo Vierendel............................ 88
Figura 108 - Contra flexa de 15cm com curvatura inicial negativa ............................................. 89
Figura 120 - Vista interna das rampas e das lajes com suas estruturas independentes. ...... 97
Figura 130 - Camadas: Casca, setores, pisos, cintas de arranque. ........................................ 106
Figura 142 - Planta do térreo com a localização dos pilares - hotel e edifício residencial
Copan ................................................................................................................................................. 115
Figura 145 - Vista do pilar do segundo subsolo sem e depois com o reforço na base ......... 117
Figura 147 - Corte esquemático – Lajes do pavimento tipo e brise solei ................................ 119
Figura 149 - Tabela de Resumo dos aços do projeto de estrutura do Copan ........................ 120
Figura 151 - Montagem das formas das lajes curvas e escoramentos ................................... 121
Figura 152 - Finalização do edifício e desmonte das escoras dos brises solei e bandejas . 122
Figura 153 - Corte das lajes dos apartamentos e da posição dos brises solei ...................... 123
Figura 154 - Vista e corte com as alturas dos brises solei ........................................................ 123
Figura 155 - Detalhe da largura e do ângulo de abertura dos brises solei ............................. 124
Figura 157 - Entrada principal com suas lajes curvas e empena da fachada Noroeste ....... 125
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
1.1 Pergunta a pesquisa ................................................................................................. 2
1.2 OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 2
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................... 3
1.4 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 3
2. FORMA E ESTRUTURA ............................................................................................. 5
2.1 Definição da forma na Arquitetura ............................................................................. 5
2.2 Conexão entre Arquitetura e estrutura ..................................................................... 7
3. DEFINIÇÃO DO SISTEMA ESTRUTURAL ............................................................... 11
3.1 – Vínculos, Apoio simples, Apoio móvel e engaste. ................................................ 12
3.2 Critérios geométricos de Classificação ................................................................... 15
3.2.1 Critérios de classificação quanto aos materiais estruturais e técnicas
construtivas ................................................................................................................... 16
3.3 COMPORTAMENTO ESTÁTICO – CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO ................. 16
3.3.1 ESTRUTURA HIPERESTÁTICA .......................................................................... 16
3.3.2 Viga contínua, pórtico biengastado, ..................................................................... 17
3.4 ESTRUTURA ISOSTÁTICA .................................................................................... 18
3.5 TRANSMISSÃO DE CARGAS ................................................................................ 19
3.5.1 ESTRUTURAS – CASCAS .................................................................................. 20
4.ARQUITETURA MODERNA BRASILEIRA E O USO DA ESTRUTURA EM SUAS
OBRAS .......................................................................................................................... 21
5. BRUTALISMO ........................................................................................................... 24
6. USO DE MATERIAIS – FUNÇÃO ESTRUTURAL .................................................... 27
6.1 FERRO .................................................................................................................... 27
6.2 AÇO ........................................................................................................................ 28
6.3 CONCRETO ............................................................................................................ 31
7. METODOLOGIA........................................................................................................ 33
8. CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DAS OBRAS ......................................................... 35
8.1 OBRAS SELECIONADAS ....................................................................................... 36
9. ANALISE ESTRUTURAL DAS OBRAS..................................................................... 40
9.1 PRÉDIO DA FAU – FACULDADE DE ARQUITETURA DA UNIVERSIDADE DE
SÃO PAULO.................................................................................................................. 40
9.2 MASP – MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO ......................................................... 54
9.3 HOTE UNIQUE ...................................................................................................... 70
9.4 MUBE – MUSEU BRASILEIRO DE ESCULTURA E ECOLOGIA ........................... 80
9.5 PALÁCIO DAS ARTES (OCA) – PAVILHÃO LUCAS NOGUEIRA GARCEZ .......... 93
9.6 EDIFICIO COPAN – CONPANHIA PAN AMERICANA DE HOTEIS ..................... 107
10. RESULTADO DAS ANÁLISES.............................................................................. 126
11 CONCLUSÃO......................................................................................................... 140
12.REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ....................................................................... 143
13. ANEXOS – PRANCHA DE EXPOSIÇÃO .............................................................. 153
1.INTRODUÇÃO
Uma das fases mais desafiadoras no processo de execução de uma obra é a
integração dos projetos de arquitetura e estruturas. Isso ocorre em primeiro lugar,
frequentemente porque os arquitetos não consideram a adaptação do sistema
estrutural desde as fases iniciais do projeto. Em segundo lugar, existe uma
separação entre os engenheiros calculistas e as preocupações relacionadas à forma
e estética do projeto arquitetônico. Como resultado, é comum observar edifícios
onde a estrutura, embora seja essencial para a existência da obra, fica em segundo
plano e, em alguns casos, é até mesmo ocultada por elementos decorativos
arquitetônicos, sendo percebida como uma "necessidade inconveniente"
(SALVATORI, 2011).
Segundo Vitrúvio, a boa arquitetura era definida por três princípios fundamentais:
firmitas, utilitas e venustas. Firmitas referia-se à solidez e estabilidade, exigindo que
uma construção obedecesse às leis da física e mantivesse sua integridade ao longo
do tempo. Utilitas enfocava a utilidade da edificação, assegurando que os espaços
internos fossem dispostos de maneira acessível e funcional. Já Venustas abordava a
beleza, enfatizando que a estética da edificação deveria ser agradável aos olhos.
Esses três princípios, conhecidos como a "tríade vitruviana", foram considerados
cruciais ao longo dos séculos para a criação de projetos arquitetônicos eficazes
(ROTH, 2017).
Com o objetivo de destacar a estrutura como uma parte proeminente e visível nas
construções, o movimento modernista do século XX influenciou a arquitetura do
movimento brutalista. Uma das principais características desse movimento era a
exposição dos materiais de construção em seu estado natural, o que permitia a
identificação clara dos elementos estruturais presentes em uma obra arquitetônica,
bem como o método de construção empregado (SANVITTO, 1994).
No Brasil, o movimento brutalista teve sua difusão a partir da cidade de São Paulo
durante os anos 1950, principalmente devido aos esforços dos arquitetos João
Batista Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha, Oscar Niemeyer e Lina Bo Bardi,
1
que deixaram uma marca significativa com obras arquitetônicas que se destacam
pelo foco proeminente na estrutura em sua forma (INOJOSA, 2019).
2
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Realizar, por meio de pesquisa bibliográfica e visitas nos locais das obras
escolhidas, um estudo de edificações arquitetônicas na cidade de São Paulo,
cuja estrutura constitui-se como um aspecto estético preponderante na
edificação e também na paisagem urbana da cidade.
1.4 JUSTIFICATIVA
3
O estudo apresentado tem como objetivo contribuir para o avanço do conhecimento
na área de arquitetura e urbanismo, fornecendo uma análise aprofundada e
comparativa de edifícios notáveis na cidade de São Paulo. Ao entender como a
relação entre forma e estrutura foi abordada em diferentes projetos, arquitetos,
engenheiros e urbanistas podem adquirir insights valiosos para o design de edifícios
futuros, que atendam às demandas estéticas e funcionais das cidades
contemporâneas, ao mesmo tempo em que garantem a segurança e a eficiência
estrutural.
Não se pode utilizar da concepção arquitetônica sem que exista a mínima
compreensão relacionada ao sistema estrutural que será utilizado.
4
2. FORMA E ESTRUTURA
Niemeyer argumenta que a "forma plástica não surge apenas de uma fantasia
criativa, mas é influenciada pelo programa e pelos recursos disponíveis". Portanto, a
capacidade de representar visualmente um projeto é considerada uma dessas
ferramentas essenciais que um arquiteto deve utilizar ao conceber e dar forma às
suas criações (BRUND,1981)
Figura 1 - Centro de Artes Tippet Rise – Parque Nacional Yellowstone – Montana – EUA
Fonte: (VITRUVIUS,2023)
5
musicais ou plásticas" (BUENO 1975). No Dicionário de Arquitetura Brasileira, forma
refere-se à "totalidade construída, composta organicamente pelos espaços internos
que ela delimita e cuja existência está sempre vinculada a necessidades práticas,
construtivas e estéticas. A representação tangível da forma se materializa através de
inúmeras combinações de linhas, superfícies e volumes, ocupando um determinado
espaço arquitetônico, sendo um componente essencial da arquitetura" (CORONA &
LEMOS 1972).
Os aspectos visuais, tais como cor, dimensão, formato e textura, englobam o que
denominamos de Forma. Ele explica que "Nesse contexto, não estamos apenas
falando de uma figura que é percebida, mas sim de uma configuração com tamanho,
cor e textura distintos. Portanto, um ponto, uma linha ou um plano, quando são
visíveis, adquirem uma forma." Dessa forma, de maneira abrangente, a forma
compreende tudo o que é perceptível, apresentando características de formato, cor,
textura e tamanho (WONG,2001).
6
sendo delimitado por planos ou superfícies e criando um espaço tridimensional
(CHING 1982).
Fonte: (ARCHDAILY,2023)
7
às gerações subsequentes. Esse período é caracterizado como um momento da
história em que arquitetura e estrutura não eram separadas, sendo planejadas e
executadas por um único indivíduo ou grupo que possuía conhecimento de todo o
processo (SOUSA, 2007).
Fonte: (ARCHTRENDS,2023)
8
Figura 4 - Basílica de São Pedro – Roma - Itália
Fonte: (ARCHTRENDS,2023)
Isso ocorre porque, no dia a dia das duas profissões, a relação entre estrutura e
arquitetura nem sempre é simultânea, e não há uma integração completa entre
esses dois campos durante a fase inicial do projeto. Geralmente, vemos o
desenvolvimento do projeto arquitetônico primeiro, seguido pela adaptação do
projeto estrutural a ele, em uma abordagem sequencial em vez de integrada. Além
disso, existe a percepção de que os engenheiros não têm um grande interesse na
arquitetura ou que a preocupação com questões conceituais e de partido não é
necessariamente uma responsabilidade da engenharia. Essa crença pode levar à
criação de obras com baixo valor estético quando projetadas exclusivamente por
9
profissionais da engenharia. Da mesma forma, acredita-se que a formação dos
arquitetos não fornece o conhecimento estrutural necessário para realizar suas
concepções arquitetônicas, resultando em uma lacuna nesse aspecto. (LOPES,
BOGÉA e REBELLO, 2006),
10
Figura 5 - Galaria de arte da universidade de Yale – Connecticut – EUA
Fonte: (ATEX,2023)
11
A transferência das cargas verticais em estruturas convencionais ocorre através de
elementos horizontais, como lajes e vigas, que direcionam a soma das cargas para o
sistema de suporte, composto por pilares ou paredes portantes. A materialização do
espaço arquitetônico e do sistema estrutural torna-se possível graças à concepção
integrada entre o espaço e a estrutura, baseada no princípio de ação e reação,
assim como no mecanismo de flexão. Isso se deve ao fato de que a transferência
das cargas verticais, partindo dos elementos horizontais (vigas) em direção aos
elementos verticais (pilares), é realizada por meio desse mecanismo (CARRIERI,
2007).
12
estrutura seja definida, é necessário estabelecer uma conexão que limite o
movimento potencial de um ponto em uma das peças em relação a um ponto em
outra peça do sistema. Essa relação vincula a possibilidade de movimento relativo
as peças, porém não pode haver movimento de translação horizontal, vertical,
translação e rotação. Apoio é qualquer elemento que possa conectar um corpo a um
sistema, com a capacidade de permitir ou restringir seu movimento em relação a
esse sistema. (CARRIERI, 2007).
Fonte: (CARRIERI,2007).
13
Fonte: (CARRIERI,2007).
14
3.2 Critérios geométricos de Classificação
15
3.2.1 Critérios de classificação quanto aos materiais estruturais e técnicas
construtivas
16
Figura 6 -7Estrutura
Figura Hiperestática
- Estrutura Hiperestática
Fonte: (CIMENTOITAMBÉ,2023)
Figura 8 - Diagrama
Figura 9 - Diagrama
17
PÓRTICO BIENGASTADO: Influência da rigidez na distribuição dos esforços e na
forma da estrutura.
Figura 10 - Diagrama
Fonte: (CARRIERI,2007).
Figura 11 - Diagrama
18
Figura 13 - MASP - SP
3.5 TRANSMISSÃO DE CARGAS Processo que define a maneira pela qual uma
estrutura coleta, transfere e distribui o seu próprio peso e quaisquer cargas
adicionais através dos seus componentes construtivos até alcançar as fundações e,
eventualmente, o solo subjacente.
19
Figura 15 - Detalhes
20
4.ARQUITETURA MODERNA BRASILEIRA E O USO DA ESTRUTURA EM SUAS
OBRAS
21
Figura 18 - Villa Savoye – Paris - França
Fonte: (VIVADECORA,2023)
Arq. Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Ernani Vasconcellos, Affonso Eduardo Reidy,
Roberto Burle Marx. Fonte: (ARCHTRENDES,2023)
22
Embora houvesse uma notável contribuição da engenharia e arquitetura brasileira
para o desenvolvimento do concreto armado globalmente, arquitetos e engenheiros
no Brasil enfrentaram desafios consideráveis devido à tecnologia atrasada no país,
que só se industrializou significativamente após a Segunda Guerra Mundial. Como
resultado, no início do movimento moderno na arquitetura brasileira, surgiram obras
que refletiam uma contradição, tentando reproduzir manualmente efeitos e
elementos tecnológicos que ainda não estavam amplamente disponíveis no Brasil
(INOJOSA, 2010).
Fonte: (ESTILOZZO,2023)
23
Vilanova Artigas explorava a grandiosidade por meio de pilares esculturais que
sustentavam paredes estruturais de concreto armado e lajes nervuradas que
viabilizavam grandes vãos. Oscar Niemeyer demonstrava o avanço da engenharia
nacional por meio de formas inovadoras, desafiando a rigidez do concreto armado
nas tendências arquitetônicas internacionais. Paulo Mendes da Rocha enfatizava a
relação com o entorno, destacando o conhecimento técnico por meio de formas
puras que ressaltavam a essência dos materiais. João Filgueira Lima, por sua vez,
aproveitava a lógica da pré-fabricação e montagem para suas criações (MACIEL,
2006).
Figura 21 - Ginásio Clube Paulistano – SP
Fonte: (FOLHA.UOL,2023)
5. BRUTALISMO
Tanto o movimento modernista quanto o brutalismo representam questões artísticas
e arquitetônicas que surgiram em épocas distintas, mas compartilham algumas
influências e características, especialmente no segmento da construção civil. O
modernismo surgiu como resposta à revolução industrial e as novas tecnologias, em
busca de uma linguagem arquitetônica que expressasse os ideais de progresso,
formas simples e uteis, além da incorporação de materiais industrializados em suas
criações.
24
O movimento brutalista, por outro lado, teve sua origem na década de 1950 como
uma reação ao racionalismo modernista. Ele se caracterizou por sua ênfase em
formas e materiais brutos e expressivos, notavelmente o uso do concreto aparente.
Apesar das divergências, uma conexão entre esses dois movimentos pode ser
identificada, principalmente em relação à valorização da forma natural e à expressão
da estrutura nas obras arquitetônicas (GOLDHAGEN, 2019).
Fonte: (VITRIVIUS,2023)
25
adeptos do brutalismo tinham como objetivo conceber edifícios imponentes que
causassem um impacto visual marcante (FORTY, 2012).
26
6. USO DE MATERIAIS – FUNÇÃO ESTRUTURAL
6.1 FERRO
No século XVIII, houve um notável crescimento das áreas urbanas e uma melhoria
na conectividade entre essas cidades. Isso gerou uma crescente demanda por
novas e eficientes vias de comunicação, como estradas e canais, para facilitar o
comércio interurbano. A construção de pontes ao longo dessas novas estradas,
especialmente no final do século XVIII e início do século XIX, levou à necessidade
de avanços na tecnologia de construção, particularmente em relação a materiais
como pedra e madeira. Essa evolução abriu caminho para a adoção de novos
materiais, como ferro e guza (BENEVOLO, 2001).
Além do uso do ferro nas estruturas de pontes, durante o século XVIII, o material foi
usado também em edifícios, reforçando estruturas de alvenaria, como no pórtico de
Jacques-Germain Soufflot para a Igreja Ste-Geneviève (1772) – atual Panteão de
Paris que é registrado como um uso ainda primitivo e precursor do concreto armado.
Vale lembrar que o concreto simples já havia sido na cúpula de maior vão livre da
antiguidade, o Panteão de Roma com 44m de vão (HELENE, 2006). Ou ainda a
Fiação de Linho de Charles Bage, em Shrewsbury, Inglaterra, primeiro edifício com
estrutura de ferro fundido construído no mundo (FRAMPTON, 1997).
Com a crescente adoção do ferro na construção, a indústria do ferro experimentou
um notável crescimento em toda a Europa. Isso incentivou o desenvolvimento de
tecnologias que permitiram a fabricação em larga escala a um custo mais baixo.
Além disso, as propriedades físicas desse material, como alta resistência mecânica
e versatilidade, abriram caminho para novas formas arquitetônicas que exploravam a
leveza e as possibilidades ilimitadas das estruturas, especialmente em coberturas.
Nesse mesmo período, as cidades europeias passaram por transformações
significativas, impulsionadas pela Revolução Industrial. Isso redefiniu o cenário
urbano com a industrialização e a construção de grandes edifícios comerciais nos
centros urbanos, a expansão do sistema ferroviário que levou à migração da
população para os subúrbios e a criação de importantes centros culturais e de
entretenimento público, como museus, galerias, parques e teatros (ADDIS, 2009).
27
Em 1889, durante a Exposição Internacional em Paris, que celebrava o centenário
da Revolução Francesa, a presença marcante e imponente da Torre Eiffel,
concebida por Gustave Eiffel, se destacou como um ícone da construção em ferro.
Arq.Stephen Sauvestre –
Eng. Gustave Eiffel, Maurice Koechlin e Émile Nouguier
Fonte: (TODAMATERIA.COM,2023)
6.2 AÇO
28
Nos Estados Unidos neste mesmo período, a necessidade crescente por espaços
comerciais, especialmente em cidades como Nova York, tornou-se cada vez mais
evidente. Um os grandes marcos nesta mudança foi o Grande Incêndio de Chicago
em 1871, que ocorreu após o término da Guerra Civil. Esse evento desencadeou um
processo de desenvolvimento tecnológico voltado para a construção de edifícios
cada vez mais altos, visando otimizar o uso dos terrenos disponíveis.
29
O desenvolvimento da tecnologia de construção em aço enfrentou grandes desafios,
especialmente no início do século XIX no Brasil. Essas dificuldades estavam
relacionadas à falta de um mercado interno capaz de absorver essas tecnologias e à
infraestrutura de transporte precária. Apenas no final do século XIX, com o aumento
da população de imigrantes, principalmente europeus, a indústria urbana brasileira
começou a se desenvolver. Os novos centros urbanos passaram a adotar sistemas
construtivos, inicialmente baseados em tecnologias inglesas que utilizavam ferro e
alvenaria, e posteriormente incorporaram o uso do aço.
Essas tecnologias importadas da Europa desempenharam um papel fundamental na
remodelação das cidades brasileiras. Elas impulsionaram melhorias no saneamento,
transporte e na estética urbana, introduzindo um novo padrão estético que
inicialmente refletia a arquitetura clássica e, posteriormente, adotava princípios
ecléticos (SANTOS, 2008).
Arquitetos: Yasuo Matsuri, Arthur Loomis harmon, William F. Lamb e Gregory Johnson
Fonte: (IDEALISTA,2023)
30
6.3 CONCRETO
O início do concreto como material estrutural, antes do uso de armaduras de aço,
remonta à antiguidade, com exemplos notáveis na construção de estradas e
pavimentação da antiga Roma, como a Via Ápia, que remonta a 312 a.C. No
entanto, a concepção moderna do concreto armado teve origem em 1824, quando
John Aspdin patenteou o cimento Portland. Nesse período, o uso do concreto na
construção civil era limitado. As primeiras aplicações notáveis desse material são
encontradas nas patentes francesas de Joseph Louis Lambot, que usou argamassa
armada na construção de barcos, e de Monier, que a empregou na construção de
vasos, datadas respectivamente em 1855 e 1877 (HELENE, 2006).
O uso do concreto armado em estruturas teve suas origens no final do século XIX,
com o advento da industrialização do cimento Portland e os avanços na pesquisa
desse novo material, que o tornaram mais confiável e amplamente reconhecido entre
os construtores. Notavelmente, esses desenvolvimentos incluíram as descobertas de
Louis Vicat, que, em 1817, inventou o cimento artificial conhecido como "cimento
Portland branco" (SIQUEIRA, 2008).
Houve uma evolução gradual no uso do concreto armado no início de 1910, que
passou a ser explorado de maneira mais plástica e estética. Nesse período,
arquitetos começaram a investigar as propriedades do material e a experimentar
com formas livres e superfícies curvas, ao mesmo tempo em que mantinham sua
capacidade estrutural para suportar grandes vãos e cascas de cobertura. Essa
31
abordagem expandiu os horizontes da arquitetura, indo além dos elementos
bidimensionais convencionais, como pilares e vigas (ADDIS, 2009).
A propagação da Arquitetura Moderna desempenhou um papel fundamental na
popularização do concreto armado na construção civil. Este material tornou-se a
escolha principal dos arquitetos modernistas devido à sua capacidade de
proporcionar liberdade na criação de formas, linhas construtivas nítidas e clareza
nos volumes arquitetônicos. Essas características eram desafiantes de alcançar com
outros materiais (COSTA apud SANTOS, 2008, pag. 19).
O concreto armado representa uma união sinérgica das características físicas dos
seus elementos constituintes: a resistência à compressão do concreto e a resistência
à tração do aço. Além disso, a maleabilidade do concreto armado permite que ele
assuma uma variedade de formas, satisfazendo tanto às demandas criativas da
arquitetura quanto às exigências da estrutura para uma distribuição eficaz das
cargas (SALVADORI, 2011).
A técnica do concreto armado no Brasil foi incorporada rapidamente às grades
curriculares das escolas de Engenharia e Arquitetura. Essa nova técnica foi
prontamente assimilada e dominada pelos engenheiros brasileiros. Ela ganhou
respeito e reconhecimento internacional, atraindo profissionais de todo o mundo, que
a consideravam como pioneira e desenvolvendo tecnologia de vanguarda para a
época. Esse avanço tecnológico foi paralelo ao desenvolvimento da "Arquitetura
Moderna Brasileira", que também conquistou reconhecimento internacional (TELLES
1994).
32
"Escola Brasileira do Concreto Armado" e para o desenvolvimento da arquitetura
moderna brasileira, a Escola Politécnica de São Paulo foi fundada em 1894
(SANTOS, 2008).
Fonte: (CIVILIZAÇÃO,2023)
7. METODOLOGIA
Foi conduzida uma revisão bibliográfica abrangente sobre o tema com o propósito de
explorar, por meio da análise através de sites, livros, publicações, teses de
mestrado, revistas especializadas, consultas a acervos das obras relacionadas,
vídeos e visitas realizadas nos locais das obras escolhidas, com a realização de
fotos, análises e medições, direcionadas as questões estruturais e as formas destas
edificações.
Essa revisão busca não apenas o contexto específico da arquitetura unindo forma e
estrutura, que é o foco deste estudo, mas também traça a evolução dos materiais
33
utilizados nas estruturas de construções, destacando o concreto armado como o
material predominante e de maior influência técnica e tecnológica presente nas
obras estudadas.
Para a análise das obras selecionadas, foram criadas perguntas com determinados
parâmetros, no qual podemos estabelecer que uma determinada estrutura exerce
protagonismo ou não na forma arquitetônica.
34
• Percepção Pública: Como o público percebe a estrutura? Se a estrutura é
proeminente e chama a atenção das pessoas, isso pode indicar seu protagonismo
na forma arquitetônica.
35
Tais análises possibilitará uma investigação aprofundada das características
arquitetônicas e estruturais do período modernista/contemporâneo na cidade de São
Paulo, com foco especial na contribuição dos Arquitetos (as) Lina Bobardi, Vilanova
Artigas, Oscar Niemeyer,Paulo Mendes da Rocha e Ruy Ohtake para esses
movimentos. Embora as obras selecionadas abordem diferentes contextos e
programas arquitetônicos, elas compartilham uma abordagem distinta à expressão
da estrutura e uma busca comum por uma arquitetura que reflita a identidade e as
necessidades da sociedade. Essas características essenciais justificam plenamente
a seleção dessas obras para uma análise minuciosa neste estudo.
36
3. HOTEL UNIQUE - Arq. Ruy Othake – É amplamente reconhecido como um
dos principais exemplos de design arquitetônico em São Paulo. O edifício
destaca-se por suas formas curvas e empenas de concreto aparente. É
genuinamente singular, assemelhando-se a um arco invertido que cria a
ilusão de estar suspenso no ar. Todo o projeto arquitetônico foi orientado por
essa forma distinta, que evoca a imagem de um barco, e é revestido com
placas de cobre, perfuradas por aberturas circulares que dão ao edifício uma
aparência cativante. A parte inferior do edifício possui um acabamento de
maçaranduba, enquanto nas extremidades, é sustentado por empenas de
concreto (KOGAN, 2015).
5. PALÁCIO DAS ARTES (OCA) – Pavilhão Lucas Nogueira Garcez - Arq. Oscar
Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho – Uma característica proeminente
37
é a sua elegante estrutura circular, parecendo delicadamente assentar-se no
solo. Foi projetado e construído em 1954 em comemoração ao quarto
centenário da fundação da cidade de São Paulo. Este projeto é parte de um
conjunto de quatro edifícios interconectados por uma longa marquise, todos
situados no Parque do Ibirapuera – SP. Além da notável cobertura curva, o
projeto da Oca inclui outras características arquitetônicas que contribuem
para sua monumentalidade. Uma dessas características é a estrutura da
casca, que é suportada diretamente pelo solo por meio de suas nervuras em
arcos diametrais. Uma característica que chama a atenção é o vazio
resultante do rebaixamento completo do piso na parte inferior, criando a
sensação de que o chão flutua no ar. No interior da estrutura, três sistemas
estruturais operam de forma independente, resultando em uma estética
surpreendentemente bela e leve. (FARIAS,2023)
38
Figura 30 - HOTEL UNIQUE Figura 29 - MUBE
Fonte: (VIVADECORA,2023)
Fonte: (OTHAKE,2023)
Figura 31 - COPAN
Figura 32 - OCA
Foram escolhidas 6 obras, pois se entendeu que este número seria o suficiente para
poder avaliar se realmente a estrutura nas obras da cidade de São Paulo, são
protagonistas da forma arquitetônica e também pelo volume de material a ser
gerado, contribuindo para um trabalho coeso e objetivo.
39
9. ANALISE ESTRUTURAL DAS OBRAS
40
Foi concebido com espaços amplos e flexíveis, que permitem diferentes
configurações e usos. As salas de aula são organizadas em pavimentos suspensos,
criando espaços abertos e integrados. O edifício foi projetado levando em
consideração a relação com o ambiente circundante. Sua posição elevada no
terreno permite uma visão panorâmica do campus e uma interação visual com a
paisagem (INOJOSA, BUZAR, PASQUA, 2020)
41
Figura 35 - Lateral direita – entrada principal
Fonte: (ARCHDAILY,2023)
42
Figura 37 - Cobertura em concreto armado tipo grelha
Fonte: (ARCHDAILY,2023)
43
Figura 39 - Planta subsolo
Fonte: (ARCHDAILY,2023)
Fonte: (ARCHDAILY,2023)
44
Figura 41 - Plantas – biblioteca e sala de aulas
Fonte: (ARCHDAILY,2023)
45
O extenso programa que compreende uma faculdade de arquitetura se desdobra em
sete níveis, organizados em meio-níveis de 1,90 metros, podendo ser descritos em
quatro pavimentos da seguinte maneira:
46
Figura 43 - Planta esquemática da Modulação estrutural e posição dos pilares.
Pilares
47
Figura 44 - Detalhe – Pilares externos
O pilar é composto por duas pirâmides que se conectam pelas extremidades, onde a
base não converge para o mesmo ponto que a parte superior. Seus vetores se
intersectam no meio do caminho, gerando uma composição dinâmica. Isso cria a
impressão de que a pirâmide superior simboliza a carga total do edifício, ao passo
que a inferior representa a força reativa da fundação (PASQUA, 2017).
48
Figura 46 - Detalhe - pilares piramidais da fachada
Os pilares na fachada não apenas buscam uma estética apelativa, mas também
atende a considerações estruturais. Esteticamente, a forma dos pilares cria a
impressão visual de que estão suportando um peso significativo. Essa percepção é
reforçada pela presença de estreitamentos ao longo da altura dos pilares. Quando
vistos de frente, a seção mais estreita parece situar-se na articulação, enquanto,
quando observados lateralmente, com o espectador alinhado ao eixo dos pilares, a
menor seção aparenta estar no ponto mais alto, no encontro com a empena
(INOJOSA, BUZAR, PASQUA, 2020)
Cobertura (Grelha)
49
pontos de cruzamento, promovendo uma cooperação eficaz entre elas (REBELLO,
2000).
A estrutura da cobertura é composta por uma grelha que integra três tipos de vigas,
espaçadas a cada 2,75 metros: vigas baixas, vigas invertidas e vigas invertidas com
juntas de dilatação. Estas vigas criam calhas para direcionar a água da chuva,
enquanto os espaços entre elas são fechados com domos de iluminação zenital,
permitindo a entrada de luz natural em toda a extensão do edifício. Essa
característica é significativa nas grelhas, pois os vãos entre as vigas possibilitam a
iluminação natural, oferecendo a capacidade de abranger amplas áreas utilizando
um sistema estrutural relativamente leve (BAROSSI, 2016)
50
Figura 48 - Corte ampliado da cobertura
51
Enpena da fachada
52
Figura 51 - Detalhe empena, pisos e cobertura
53
9.2 MASP – MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO
Figura 52 - MASP
Google Earth,2023
Abriga uma importante coleção de arte, que abrange diversas épocas e estilos. O
museu é conhecido por sua coleção de arte ocidental, que inclui obras de mestres
europeus como Rembrandt, Van Gogh, Renoir, Monet, Picasso e Portinari, entre
outros. Também apresenta exposições temporárias de artistas nacionais e
internacionais. Uma característica distintiva do MASP é a forma como as obras de
arte são expostas. Ao contrário dos museus tradicionais, onde as obras são exibidas
em paredes, no MASP elas são dispostas em grandes placas de vidro suspensas
54
por cabos de aço, criando um espaço aberto e fluido que permite uma visualização
única das obras (PANAMERICANA, 2023).
Uma das características mais marcantes do MASP é o seu vão livre. O edifício é
suspenso por quatro grandes pilares vermelhos, criando um espaço aberto e livre no
térreo. Essa solução arquitetônica permite que a área abaixo do museu seja um
espaço público e de circulação, além de proporcionar uma integração visual única
com a Avenida Paulista. (MASP.ORG, 2023).
55
Figura 53 - Fachada principal – Av. Paulista
56
Figura 55 - Fachada Posterior – Av. Nove de Julho
Fonte: (CARDENAS,2015)
57
Figura 57 - Vista da fachada posterior da Praça Geremias – R. Carlos Comenale
58
Figura 59 - Vista - 4 pilares de sustentação
59
Figura 61 - Perspectiva Isométrica – cobertura
Fonte: (CAUSP,2023)
60
Figura 63 - Corte da lateral direita
Fonte: (CAUSP,2023)
Fonte: (CAUSP,2023)
61
Figura 65 - Corte Logitudinal
Fonte: (CAUSP,2023)
Fonte: (CAUSP,2023)
62
Figura 67 - Setorização
63
Figura 68 - Viga protendida
Fonte: (CADERNAS,2015)
64
Figura 69 - Planta, elevação e corte do aparelho de apoio
65
Figura 70 - Perspectiva - solução estrutural
Fonte: (BONETTO,2023)
66
Figura 72 - Laje nervurada suspensa por tirantes fixados nas vigas
Fonte: ( MASP.COM,2023)
Fonte: (CARDENAS,2015)
67
Figura 74 - Desenho esquemático do edifício do museu - elementos estruturais e suas ligações
Fonte: (CARDENAS,2015)
68
Figura 76 - Perspectiva- sistema estrutural
Fonte: CARDENAS,2015
69
9.3 HOTE UNIQUE
Figura 77 - HOTEL UNIQUE
O Hotel Unique é um hotel de luxo localizado na Av. Brigadeiro Luíz Antônio 4700 –
Jardim Paulista, São Paulo, Brasil.
É reconhecido por sua arquitetura icônica e distintiva. Foi projetado pelo renomado
arquiteto brasileiro Ruy Ohtake e inaugurado em 2002. O edifício tem uma forma de
arco e é revestido por uma fachada de vidro espelhado, criando uma aparência
única e moderna. Está localizado próximo a importantes atrações da cidade, como o
Parque do Ibirapuera e a Avenida Paulista, além de estar a uma curta distância de
restaurantes, lojas e centros culturais (VITRUVIUS, 2005).
70
Figura 78 - Croqui – Arq. Ruy Othake
Fonte: (OTHAKE.COM,2023)
71
Figura 80 - Fachada principal – Lateral esquerda
Fonte: (OTHAKE.COM,2023)
72
Figura 82 - Bar – Lobby de entrada do hotel
73
Figura 84 - Planta – Pavimento térreo
Fonte: (ARCOWEB,2023)
Fonte: (ARCOWEB,2023)
74
Figura 86 - Planta- Apartamentos
Fonte: (OTHAKE,2023)
Fonte: (OTHAKE,2023)
75
Para implementar o Hotel Unique, foram aplicadas técnicas de industrialização na
fase de construção, utilizando tecnologias eficientes que permitiram a fabricação de
partes significativas das estruturas fora do local da obra. Cada pavimento foi
construído com lajes protendidas de 22 cm de espessura, em balanços sucessivos
do segundo ao sétimo pavimento, resultando em uma área total construída de 20,5
mil m². Um aspecto distintivo é que a concepção da estrutura não previa seu suporte
nos dois grandes pilares laterais, pois esses elementos foram estrategicamente
utilizados para suportar as forças laterais causadas pelo vento. Assim, as
extremidades da estrutura principal se integram harmoniosamente às paredes,
proporcionando um design único. (AECWEB, 2010). A estrutura principal do hotel é
suportada por apenas oito pilares de seção tronco-piramidal, com balanços laterais
de 24 m. Configurado como um longo arco invertido, o edifício é formado por duas
extensas vigas ou empenas nas fachadas frontal e posterior. Essas vigas, com 90 m
de comprimento e feitas de concreto, não apenas sustentam as lajes, mas também
atuam como elementos de vedação do hotel, apresentando uma espessura de 30
cm. Para fortalecer sua estrutura, essas vigas foram submetidas a protensão em três
faixas horizontais, mantendo um espaçamento de 15 m entre os eixos. (AECWEB,
2010).
Fonte: (PETCIVIL,2023)
76
Figura 89 - Pilares de sustentação – Pavimento Térreo
Fonte: (ARCOWEB,2023)
77
Figura 91 - Empena de concreto de 25m de altura – (pilares paredes)
78
Os "pilares paredes" localizados em ambas as laterais desempenham um papel
crucial na sustentação dos esforços horizontais do edifício, conferindo à concepção
uma distinta singularidade no contexto arquitetônico e de design do hotel.
Fonte: (ARCOWEB,2023)
Tal forma pode ser adquirida, graças a simetria existente na edificação, onde a
concentração das cargas estão posicionadas no seu centro e distribuída de forma
uniforme lateralmente.
79
9.4 MUBE – MUSEU BRASILEIRO DE ESCULTURA E ECOLOGIA
Figura 93 - MUBE
80
Um edifício projetado para abrigar esculturas que possui uma enorme laje de
concreto protendido que cobre menos de um quinto de sua área. Além disso, o
edifício não requer sombreamento, uma vez que grande parte dele está localizada
em níveis subterrâneos ou parcialmente subterrâneos (FRACALOSSI, 2015)
Fonte: (ARCHDAILY,2023)
81
Figura 95 - Vista lateral da laje principal
Fonte: (ARCHDAILY,2023)
82
Figura 97 - Vista frontal da laje principal –
Fonte (ARCHDAILY,2023)
Fonte: (ARCHDAILY,2023)
83
Figura 99 - Vista frontal do pilar parede e detalhe do apoio entre a laje principal e os pilares
Fonte: (ARCHDAILY,2023)
Figura 101 - Rampa de acesso ao subsolo
Figura 100 - Ares de exposições – subsolo
Fonte (KON,2023)
84
Figura 102 - Planta do pátio – nível do térreo
Fonte: (ARQUITETURAVIVA,2023)
Fonte (ARQUITETURAVIVA,2023)
85
Figura 104 - Corte longitudinal / transversal – Térreo e Subsolo
Fonte: (ARQUITETONICA,2023)
86
transversal, optou-se por uma estrutura alveolar com paredes delgadas, resultantes
das nervuras da laje do tipo caixão perdido. Na seção longitudinal, adotaram-se
vigas do tipo vierendeel, conhecidas por sua eficiência estrutural e, ao mesmo
tempo, por serem mais leves. Para alcançar uma resistência superior, foram
empregados materiais de alta tecnologia, incluindo concreto de alta resistência
(FRANCO APUD EDUPLAY,2011)
Figura 105 - Laje principal - detalhe de abertura referente ao vazio interno e corte
87
Figura 106 - Projeto de estrutura: Seção transversal central da laje de cobertura
Figura 107 - Detalhe da abertura da laje principal com vigas tipo Vierendel
Fonte: (ARQBR,2023)
88
Enquanto construções convencionais costumam utilizar concretos com uma
resistência de fck de 150 ou 180 Kgf/m2, neste projeto específico, foi empregado um
concreto com fck de 350 Kgf/m2. De maneira semelhante, o aço selecionado foi o
CP 190, que resiste a uma pressão de 19000 Kgf/m2, uma resistência quase quatro
vezes maior do que o aço geralmente utilizado em estruturas convencionais, que é o
CA 50, resistente a 5000 Kgf/m2. Para evitar deformações futuras na estrutura,
decorrentes do peso e do envelhecimento, recorreu-se à técnica da protensão, que
envolve a inserção de cabos de aço para gerar forças contrárias à gravidade, ou
seja, de baixo para cima. Essa técnica resultou em uma contra flecha de 15 cm,
projetada para que nunca se reduza totalmente. Além disso, conforme as
necessidades estruturais, foram realizados ajustes no projeto. Um exemplo é a altura
da viga, que inicialmente estava prevista para 2 metros, mas a fim de evitar o uso de
um concreto excessivamente resistente, foi aumentada para 2,5 metros
EDUPLAY,20011)
Fonte: (EDUPLAY,2011)
89
apoio. Nos pilares menores (os mais curtos), foram instaladas quatro articulações
fixas, enquanto nos pilares maiores (os mais longos), foram usadas quatro
articulações móveis. Essas articulações permitiam acomodar as movimentações
horizontais e eram auxiliadas por uma camada de neoprene de 5 cm de espessura.
Isso contribuiu para a absorção das variações horizontais na estrutura. A
durabilidade dos materiais envolvidos na estrutura é essencial e requer medidas de
manutenção específicas. Um desses cuidados é a proteção adequada das
armaduras e cabos de protensão no concreto, visando a prevenção da corrosão.
Outro ponto importante a ser considerado é o neoprene, um material feito de
borracha sintética, que está sujeito ao desgaste e ao ressecamento devido às
condições climáticas ao longo do tempo. Assim, é recomendável substituir o
neoprene a cada 10 ou 15 anos. Com essa perspectiva em mente, foi projetada uma
fenda de 15 cm entre as vigas e os pilares. Essa folga é suficiente para permitir a
inserção de três macacos hidráulicos, que elevam a viga a fim de facilitar a
substituição do neoprene. Esse planejamento inteligente permite a manutenção
eficaz e a longevidade da estrutura (EDUPLAY,2011).
Fonte: (ARQBR,2023)
90
Figura 110 - Detalhe do apoio de Neopren da laje no pilar
As lajes são projetadas com protensão e nervuras, distribuídas a cada 2,45 metros,
abrangendo os três blocos, cada um com 18 metros de extensão. Essas lajes
possuem uma espessura de 10 cm e são suportadas pelas paredes estruturais. Uma
particularidade ocorre na área do auditório, onde as nervuras seguem a curvatura
dos pisos desse espaço específico.
Fonte: (EDUPLAY,2011)
91
Figura 112 - Cordoálias de protenção
Fonte: (EDUPLAY,2011)
Fonte: (KON,2023)
92
paredes, que desempenham um papel estrutural contínuo e servem como pilares e
muros de contenção, são feitas de concreto armado e possuem uma excelente
impermeabilização para resistir ao contato direto com a água.
Fonte: (KON,2023)
A principal característica da Oca, também conhecida como Cúpula das artes é a sua
forma arquitetônica única. O edifício tem a aparência de uma concha ou casca,
como se estivesse suspensa no ar. Essa forma inovadora foi projetada para destacar
a leveza e a fluidez da arquitetura.
93
Figura 115 - OCA
Fonte: (KON,2023)
Fonte: (KON,2023)
94
Sua estrutura circular, como uma fina casca feita de concreto armado apoiada em
nervuras arqueadas, apresenta um design inspirado na arquitetura indígena. Foi
especialmente projetada para abrigar exposições de grande porte, contando com
quatro pavimentos independentes em relação à sua estrutura externa. A circulação
dentro da Oca é proporcionada por elegantes rampas sinuosas. Sob a camada da
casca, aberturas circulares permitem a entrada de luz natural nas áreas de
exposição, criando um ambiente luminoso e convidativo. A estrutura do edifício é
marcada por suas nervuras em arcos diametrais que se apoiam diretamente no solo.
Essas características arquitetônicas únicas criam uma experiência espacial
interessante para os visitantes. A Oca é uma das quatro edificações localizadas no
Parque do Ibirapuera que são conectadas por uma grande marquise, formando um
conjunto arquitetônico notável (ACRÓPOLE,2023).
95
Figura 118 - Porta de entrada – OCA
Fonte: (SPBRARQ,2023)
96
Figura 120 - Vista interna das rampas e das lajes com suas estruturas independentes.
Fonte: (SPBRARQ,2023)
97
18,01 metros, e o ponto de tangênciamento ocorre aproximadamente a 7,64 metros
do nível do solo.
Fonte: (KON,2023)
Fonte: (ACRÓPOLE,2023)
98
Figura 123 - Corte da estrutura da casca
99
Frase de Joaquim Cardoso (calculista da obra) a Oscar Niemeyer, informando que
havia conseguido encontrar o cálculo da tangente da cúpula:
100
Os três pavimentos das lajes internas têm formatos geométricos que se originam da
subdivisão de figuras circulares, que vão se reduzindo gradualmente à medida que
se elevam acima do nível do térreo. Começando pelo pavimento térreo, que se apoia
não apenas nos pilares, mas também em um anel circular que conforma o subsolo,
as lajes superiores são sustentadas por um conjunto de pilares. Importante notar
que, a partir do pavimento térreo, embora as lajes internas se estendam até a casca
da cúpula, elas não estão diretamente conectadas a ela, sendo tratadas como uma
estrutura independente. (PERRONE, PASINI, SCHIMIDT, 2020)
101
Fonte: (MMBB,2023)
102
Figura 127 - Cortes
Fonte: (MMBB,2023)
103
Fonte: (PERRONE, PASINI, SCHIMIDT, 2020)
104
Em cada setor da cobertura, encontramos um arranjo de armaduras em duas
camadas. Essas armaduras consistem em barras de aço dispostas radialmente, e à
medida que os esforços aumentam, o número de barras também aumenta
progressivamente. Além disso, há espaçadores de barras radiais que mantêm as
distâncias entre as barras apropriadas. Também são aplicadas faixas adicionais de
armaduras no formato de cintas para reforçar e distribuir eficazmente as forças pela
superfície da casca. (PERRONE, PASINI, SCHIMIDT, 2020)
105
Figura 130 - Camadas: Casca, setores, pisos, cintas de arranque.
106
9.6 EDIFICIO COPAN – CONPANHIA PAN AMERICANA DE HOTEIS
107
Figura 132 - COPAN
Fonte: (VIVADECORA,2023)
108
Figura 134 - Vista do terraço da cobertura
Fonte: (VIVADECORA,2023)
109
Figura 136 - Entrada principal – mapa de localização
Fonte: (ARQBR,2023)
110
Figura 138 - Planta do pavimento Térreo do Edifício Copan
Fonte: (PROJETOU,2023)
111
Figura 139 - Planta do Pavimento tipo do Edifício Copan
Fonte: (PROJETOU.COM,2023)
112
Figura 140 - Planta original do apartamento de 2 dormitórios do Bloco A, planta original do apartamento
kitchenette de 1 dormitório do bloco B e planta original do apartamento de 3 dormitórios do bloco C
Fonte (GALVÃO,2007)
113
Figura 141 – Corte esquemático
114
vigotas são delimitadas por vigas mais robustas, com 50 cm de altura e largura que
pode chegar a 1,04 m (GALVÃO,2007)
Figura 142 - Planta do térreo com a localização dos pilares - hotel e edifício residencial Copan
Fonte: (BONFIM,2019)
115
Figura 143 - Pilares da fachada principal
116
Figura 145 - Vista do pilar do segundo subsolo sem e depois com o reforço na base
Fonte: (GALVÃO,2007)
117
Figura 146 - Detalhe da forma dos tubulões
Fonte: (BONFIM,2019)
118
Na implementação do projeto, a decisão foi tomada de construir os brises de forma
reta, sem a inclinação nas extremidades (GALVÃO,2007)
Fonte: (GALVÃO,2007))
119
Figura 148 - Ferragens da viga de transição do edifício Copan.
Fonte: (GALVÃO,2007)
Fonte: (BONFIM,2019)
120
As lajes nos diferentes pavimentos são do tipo nervuradas. A seguir, é destacado um
segmento referente ao projeto de reforço na laje e nas nervuras do 33° andar, no
qual são detalhadas as dimensões e o espaçamento das nervuras, a espessura da
laje e a especificação das barras de aço (BONFIM, 2019)
121
Fonte: (ARQRBR,2023)
Figura 152 - Finalização do edifício e desmonte das escoras dos brises solei e bandejas
Fonte: (ARQRBR,2023)
122
O sistema de brise é concebido como uma estrutura autônoma. Para proporcionar
resistência, a abordagem escolhida envolve a interligação dos sucessivos pórticos
que compõem essa estrutura à principal (a lâmina), utilizando consoles com formato
de trapézio. Os elementos horizontais são de cor branca, enquanto os verticais
apresentam tonalidade cinza, com os elementos verticais recuados em relação aos
horizontais (OUKAWA, 2014).
Figura 153 - Corte das lajes dos apartamentos e da posição dos brises solei
Fonte: (GALVÃO,2007)
123
Figura 155 - Detalhe da largura e do ângulo de abertura dos brises solei
(GALVÃO,2007)
Fonte: (ARQBR,2023)
124
Figura 157 - Entrada principal com suas lajes curvas e empena da fachada Noroeste
125
10. RESULTADO DAS ANÁLISES
Ao verificar essa obra, foi possível identificar, por meio de analises bibliográficas,
visitas no local e também pelos estudos realizados ao longo do curso que as
características técnicas dos elementos construtivos como pilares, lajes e vigas
através de uma estrutura hiperestática, desempenham um papel central na
concepção arquitetônica, ao mesmo tempo em que exercem funções estruturais
complexas e inovadoras para a época. A Arquitetura desempenhada por Vilanova
Artigas busca uma obra com concepções volumétricas e grandiosas, de maneira que
cria um “marco/ícone” na arquitetura da cidade de São Paulo. A utilização do
concreto armado/protendido, permite a utilização de grandes vãos, balanços e um
design brutalista para a obra. A geometria dos pilares externos em formado
piramidal, cria uma sutiliza em conjunto a brutalidade da empena das fachadas que
esconde as grandes vigas de transição. Sem contar a cobertura que é um elemento
a parte dentro da edificação, com uma estrutura em concreto no formato de grelha
que permite a estruturação completa da cobertura e ao mesmo tempo cria um
desenho único, além de permitir a passagem de luz, criando um ambiente iluminado
e mais uma vez sutil, em contraste com todo o concreto aparente dos demais
elementos. As grandes aberturas na fachada só são permitidas graças as lajes
protendidas e as vigas de transição, que possibilitam um maior espaçamento entre
126
os pilares, criando desta forma dois elementos, a estrutura externa separada da
interna.
127
• Impacto na Funcionalidade: A estrutura influencia a funcionalidade do edifício?
Sim, ela permite que haja grandes vãos de circulação, integração entre os ambientes
e facilidade nos acessos
Diante destas análises, podemos dizer que a estrutura contribui de forma direta para
a definição da forma nesta edificação e é sim protagonista.
Ao verificar essa obra, foi possível identificar por meio de analises bibliográficas,
visitas no local e também pelos estudos realizados ao longo do curso, que a ideia
Inicial de Lina Bobardi sempre foi que a vista do Belverede fosse mantida. Diante
deste fato, seria necessário conceber uma estrutura que permitisse uma grande
abertura, de modo que pilares, não obstruíssem a vista do observador para o
“grande vale”. Para a concepção de tal estrutura, foram concebidas grandes vigas
protendidas capazes de “vencer” tamanho vão (70m). Sua estrutura isostática, com 4
grandes pilares e 2 vigas protendidas foram capazes de realizar tal feito. Outro
desafio era em relação as lajes, que precisavam atender as cargas solicitadas e aos
seus balanços, sendo a solução a utilização de lajes nervuradas. Outro ponto era
128
que as lajes deveriam ter o mínimo de interferências, já que a finalidade da
edificação seria a exposição de obras de arte. Desta maneira, pilares não eram
“bem vindos”. A solução encontrada foi a utilização de cabos atirantados na laje
superior, permitindo um grande vão, com o mínimo de interferência. Para a cobertura
se utilizou laje tipo calha de concreto armado, apoiadas nas vigas de cobertura.
129
• Eficiência Estrutural: A eficiência estrutural é evidente na forma do edifício? Sim.
A estrutura é eficiente no ponto de vista que consegue atender a demanda para a
qual foi projetada. Exemplo é o seu grande vão central. Concepção inicial do projeto.
Diante de todas estas análises, fica evidente que nesta edificação a estrutura tem
papel essencial na definição da forma e é protagonista, pois a ideia inicial, de manter
a vista, só foi possível graças a este tipo de estrutura. Sendo assim este tipo de
estrutura cria um marco dentro da cidade de São Paulo, pois sua forma/design é
única dentre as demais edificações ao seu redor.
HOTEL UNIQUE
“O desafio não está só nas grandes obras, mas em qualquer projeto que requeira
sensibilidade, cor e tecnologia” (OHTAKE ,2023).
130
Com base nos levantamentos bibliográficos e análise in loco, podemos definir que a
concepção inicial do Arq. Ruy Ohtake para a realização da forma de um arco
invertido para a realização do Hotel Unique, foi adquirida graças a sua estrutura em
concreto armado/metálica e lajes protendidas, o que permitiu que tal forma pudesse
ser realizada, através de uma estrutura hiperestática. Os “pilares paredes” nas duas
laterais, contribuem para a estruturação dos esforços horizontais do edifício,
tornando assim a concepção ainda mais icônica nas questões
arquitetônicas/designer do hotel. Fazendo com que o seu estilo seja único, dentre as
demais edificações da cidade. Na verdade, a maior parte da carga está concentrada
no centro da edificação, ficando uma pequena parte para as suas extremidades.
Deste modo a estrutura principal se concentra nos 8 pilares localizados na região
central, percebidos no lobby central do hotel. Os “pilares paredes” localizados nas
extremidades, servem de amarração para os esforços horizontais da edificação. Por
este motivo podem ser bem “esbeltos” em relação ao seu comprimento. A requisito
principal para esta edificação conseguir ter este formato e este tipo de estrutura se
dá, devido a sua simetria, ou seja, as cargas estão distribuídas de forma homogenia,
criando um equilíbrio.
131
edificação é muito visível, com suas lajes curvas, aberturas de vãos e principalmente
com seus “pilares paredes”.
132
MUBE – MUSEU BRASILEIRO DE ESCULTURA E ECOLOGIA
Baseado nos estudos bibliográficos e visitas no local, fica evidente que a concepção
estrutural nasce em conjunto com a concepção arquitetônica, tornando a estrutura
parte integrante da arquitetura. Essa ligação é fundamental para o desenvolvimento
de um projeto como este, onde o conceito de monumentalidade é evidente. O
declive do terreno e a escolha de utilizar o subsolo levaram à solução das alvenarias
estruturais e dos muros de arrimo, o que permitiu grandes vãos livres nas áreas de
exposição.
Em relação a grande laje “pedra no céu”, não representou uma inovação estrutural,
uma vez que foram utilizados concretos e lajes simplesmente apoiadas em pilares.
No entanto, a dificuldade de vencer o grande vão foi superada pelo uso de laje
Vierendeel protendidas e pela criação de uma contra flecha de 15 cm, criando assim
uma estrutura isostática. Soluções eficazes também foram aplicadas para lidar com
movimentações horizontais, como o uso de peças de Neoprene, na junção dos
apoios entre a laje e os pilares parede.
Paulo Mendes da Rocha priorizou a estética e manteve sua visão inicial como foco
principal, mesmo que isso tenha envolvido uma quantidade substancial de concreto,
desafios e um longo tempo de construção.
133
pilares paredes, as técnicas utilizadas de protenção e alvenaria estrutural já haviam
sido utilizadas em outras construções da época.
134
• Contribuição para a Identidade do Edifício: A estrutura contribui para a
identidade única do edifício? Sim, porém esta identidade estrutural está vinculada a
laje e ao seu grande vão, elementos que estão muito bem marcados nesta
edificação, visto que o restante do edifício é subterrâneo.
Com base nos levantamentos bibliográficos e análise in loco, é possível afirmar que
o Arq. Oscar Niemeyer conseguiu realizar a estrutura convexa, que remete ao
formato de uma OCA indígena, toda em concreto armado, através da estrutura do
tipo casca, que resistem pela forma, com forças que seguem a direção dos
meridianos. Cascas estas em nervuras arqueadas, seguindo a tangente da forma.
Em seu subsolo a construção de um anel que possui a função de cinta para suportar
as cargas do térreo. No seu interior 3 lajes apoiadas por uma estrutura
independente, através de pilares e vigas. Estrutura esta que não está vinculada a
estrutura da cúpula, fazendo com que as partes trabalhem de forma independente,
permitindo dilatações e movimentações entre elas.
135
habilidade de evitar a conformidade com um tradicional programa acadêmico para
um edifício de exposição artística com salas dispostas em linha.
136
• Percepção Pública: Como o público percebe a estrutura? Sim, a estrutura não
passa desapercebida pelos frequentadores do parque. Com seu formato convexo,
grandes janelas circulares e uma pintura branca, ela chama a atenção de todos. Ela
é percebida pelo público com uma “obra de arte” da arquitetura.
Diante de todas estas análises, fica evidente que nesta edificação a estrutura tem
papel essencial na definição da forma e é protagonista, pois na estrutura tipo casca,
a própria estrutura é a forma.
Com base nos levantamentos bibliográficos e análises in loco, é possível afirmar que
o Arq. Oscar Niemeyer conseguiu realizar a concepção inicial relacionada a forma
curva/sinuosa do edifício Copan. Sua estrutura hiperestática em concreto armado
com pilares, lajes e vigas, permitiu que tal forma pudesse ser realizada. Podemos
dizer que este tipo de estrutura é o mais utilizado para este tipo de edificação
predial. Com suas transmissões de cargas, que coletam, transferem e distribuem o
seu próprio peso e cargas adicionais do topo até as suas fundações, sendo
distribuídas entre seus componentes construtivos, lajes, vigas, pilares e blocos de
fundações até o solo.
137
Nos estudos realizados foi possível verificar que esta estrutura obteve um grande
dimensionamento relacionados aos seus elementos construtivos, devido ao seu
grande volume. Desta forma foi possível verificar por exemplo pilares com grandes
seções (mais de 2 metros de comprimento), responsáveis por suportarem as cargas
solicitadas.
A silhueta sinuosa do Copan, que desafia a rigidez dos ângulos retos no coração da
cidade de São Paulo, reflete a assinatura única de seu arquiteto. A predileção por
linhas curvas destaca-se como uma das principais características distintivas de
Niemeyer.
Respostas aos parâmetros e critérios de avaliação do protagonismo da estrutura na
forma arquitetônica:
138
• Impacto na Funcionalidade: A estrutura influencia a funcionalidade do edifício?
Não, ela não interfere/influencia na funcionalidade da edificação. A sua concepção é
muito mais estética do que funcional.
139
11 CONCLUSÃO
Porém para que seja possível atender a todas estas demandas, existe um item que
é essencial nos primeiros traços do projeto, já na sua concepção inicial. Item este
capaz de comprometer toda a funcionalidade, execução e também a segurança se
não for muito bem elaborado e desenvolvido pelo arquiteto em conjunto com a
engenharia, item este que é a sua estrutura.
Podemos verificar nos estudos realizados que o conceito da estrutura sempre esteve
presente nos primeiros períodos da arquitetura, quando o arquiteto era o
responsável por praticamente todas as etapas do projeto, desde o estudo inicial,
elaboração do projeto, materiais, técnicas construtivas e a sua construção. Desta
maneira o arquiteto tinha o domínio total da obra, sendo que a estrutura já era
concebida e pensada em atender ao programa de necessidades do projeto, mas
também em criar um design para tal edificação. Ao logo dos anos tais atividades
foram sendo fragmentadas, com a criação de atividades como engenharia civil,
técnicos em edificações, tecnólogos civis, designers, entre outros. Porém o Arquiteto
tem que ser o “maestro” do seu projeto/obra, tendo a noção e controle de todas as
etapas, afinal ele é o “criador da edificação”.
140
Quando se quer determinar uma forma única para uma obra, é essencial que o
arquiteto tenha conhecimento da sua estrutura, pois é ela que vai determinar a
possibilidade da utilização ou não da forma que foi elaborada. Itens como vãos
livres, apoios, geometrias, dimensionamentos de peças, alturas, entre outras, está
diretamente relacionado a estrutura.
Diante de tais relatos, informações e estudos, fica evidente que a estrutura está
intrinsicamente relacionada a forma de qualquer tipo de construção e seu papel é
essencial para a sua execução, permanência e concepção.
Fica evidente que em algumas obras como o MASP, OCA, FAU e HOTEL UNIQUE,
por terem na sua forma, uma concepção “diferente” dos padrões convencionais das
demais edificações na cidade de São Paulo, este protagonismo da estrutura fica
mais evidente e mais fácil de ser percebido e entendido.
141
No edifício COPAN, a estrutura é protagonista da forma, porém ela é bem sutil,
comparada as demais, pelo fato de se tratar de uma edificação predial, onde o seu
método construtivo é “muito tradicional” com lajes, vigas e pilares, pois precisam
atender ao programa de necessidades elaborado. Mesmo assim este protagonismo
aparece na definição curva das lajes e também dos brises solei.
Tal estudo deixa claro que a estrutura precisa e tem que estar presente junto ao
Arquiteto, para que ele possa conceber o seu projeto da maneira que realmente foi
pensado e elaborado.
142
12.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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152
13. ANEXOS – PRANCHA DE EXPOSIÇÃO
153