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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

BACHARELADO EM CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

JULIANE SANTOS SOUZA

PROJETO DE REVITALIZAÇÃO ARQUITETÔNICA DA


ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE CRUZ DAS
ALMAS/BA

CRUZ DAS ALMAS

2016
0
JULIANE SANTOS SOUZA

PROJETO DE REVITALIZAÇÃO ARQUITETÔNICA DA


ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE CRUZ DAS
ALMAS/BA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
como parte dos requisitos para obtenção do título
de Bacharel em Ciências Exatas e Tecnológicas.

Orientador: Prof. Dsc. Renê Medeiros de Souza

CRUZ DAS ALMAS

2016
1
PROJETO DE REVITALIZAÇÃO ARQUITETÔNICA DA
ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE CRUZ DAS
ALMAS/BA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro de Ciências Exatas e


Tecnológicas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Exatas e
Tecnológicas.

Apresentado em: ___/___/___

Banca Examinadora:

______________________________________________________

Orientador: Prof. Dsc. Renê Medeiros de Souza

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

______________________________________________________

Examinador 1: Prof. Msc. Adilson Brito de Arruda Filho

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

______________________________________________________

Examinador 2: Prof. Dsc. José Humberto Teixeira Santos

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus por estar sempre comigo e por nunca me deixar
desanimar.

Aos meus pais Jucilene e José por todo amor e dedicação em ajudar a realizar meus
sonhos.

Aos amigos e colegas da UFRB, por tudo que já vivenciamos durante esses anos.
Em especial a Gabriel, Mariana e Thamyres pelo apoio nos momentos mais difíceis.

A Renê Medeiros, meu orientador, por todo auxílio, conhecimento e disponibilidade.

Enfim, a todos que contribuíram para a minha formação e direta, ou indiretamente


para mais essa conquista.

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“Porque Dele e por Ele, e para Ele, são todas as coisas;
glória, pois, a Ele eternamente. Amém.”

Romanos 11:36
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RESUMO

As edificações antigas tem grande representatividade para o patrimônio urbano,


compondo a identidade cultural das cidades, porém muitos imóveis são inutilizados
devido ao seu estado de deterioração. Inserido nesse contexto, a revitalização se
apresenta como uma alternativa para edificações obsoletas, pois é eficaz na
modernização e recuperação de imóveis, tornando-os mais confortáveis, acessíveis
e até sustentáveis. É possível transformar o espaço com novas perspectivas de
utilização, que pode ter um caráter econômico, social ou cultural. Nesse sentido
este trabalho propõe uma revitalização da antiga estação ferroviária de Cruz das
Almas, uma edificação subutilizada que está em estado de desuso desde a sua
desativação, com um projeto que objetiva a modificação funcional e paisagística da
construção, transformando-a em um centro cultural, com uma intervenção
arquitetônica que preza pela acessibilidade e sustentabilidade da construção.

Palavras-chaves: Construção, Revitalização, Sustentabilidade, Acessibilidade.

5
ABSTRACT

The old buildings have large representation for the urban heritage, forming the
cultural identity of cities, but many buildings are unusable due to their state of
deterioration. Inserted in this context , the revival is presented as an alternative to
obsolete buildings, it is effective in modernization and real estate recovery, making
them more comfortable , accessible and even sustainable. Is it possible to transform
the space with new perspectives of use, which may have an economic, social or
cultural. In this sense this paper proposes a revival of the old train station in Cruz das
Almas, an underutilized building that is in a state of disrepair since its deactivation,
with a project that aims at the functional and landscape modification of the building,
turning it into a cultural center with an architectural intervention that values the
accessibility and sustainability in construction.

Keywords: Construction, Revitalization, Sustainability, Accessibility

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

1.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 14

1.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 15

2.1 A revitalização como alternativa de conservação do patrimônio edificado ...... 15

2.2 Antiga estação ferroviária de Cruz das Almas ................................................ 17

2.3 Benefícios da Revitalização em comparação a uma nova construção ............ 18

2.4 Construção sustentável.................................................................................... 21

2.4.1 Captação de água da chuva ...................................................................... 22

2.4.2 Iluminação natural...................................................................................... 23

2.4.3 Energia solar .............................................................................................. 25

2.4.4 Ventilação natural ...................................................................................... 26

2.5 Parâmetros para definição do projeto arquitetônico de um centro cultural ...... 27

2.5.1 Auditório ..................................................................................................... 27

2.5.2 Sala de música .......................................................................................... 28

2.5.3 Biblioteca ................................................................................................... 28

2.5.4 Estacionamento ......................................................................................... 29

2.5.5 Reservatório .............................................................................................. 31

2.5.6 Medidas antropométricas ........................................................................... 33

2.5.7 Sanitários ................................................................................................... 33

2.5.8 Escadas ..................................................................................................... 34

7
2.5.9 Rampas ..................................................................................................... 35

2.5.10 Corredores ............................................................................................... 36

3. METODOLOGIA .................................................................................................... 37

3.1 Diagnóstico do imóvel ...................................................................................... 37

3.2 Elaboração do projeto de revitalização ............................................................ 38

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 40

4.1 Medidas arquitetônicas .................................................................................... 40

4.2 Práticas sustentáveis ....................................................................................... 47

5. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 51

8
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Antiga estação ferroviária após a desativação ...................................... 17

Figura 2.2 – Atual fachada da estação ferroviária ..................................................... 18

Figura 2.3 – Tipos de iluminação zenital ................................................................... 24

Figura 2.4 – Disposição do elementos fotovoltaicos sobre o telhado ........................ 26

Figura 2.5 – Disposição dos elementos fotovoltaicos na fachada – eficiência da


ventilação .................................................................................................................. 26

Figura 2.6 – Disposição das estantes ....................................................................... 29

Figura 2.7 – Dimensão das vagas de estacionamento.............................................. 30

Figura 2.8 – Dimensão das vagas de estacionamento para cadeirantes .................. 30

Figura 2.9 – Medidas humanas ................................................................................. 33

Figura 2.10 – Sanitário acessível .............................................................................. 34

Figura 2.11 – Barra de apoio ..................................................................................... 34

Figura 2.12 – Altura do corrimão ............................................................................... 36

Figura 2.13 – Elementos arquitetônicos da antiga estação ferroviária ...................... 37

Figura 2.14 – Fluxograma representativo das principais fases seguidas para


implementação do projeto ......................................................................................... 39

Figura 2.15 – Dimensionamento de guarda-corpo .................................................... 42

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LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 – Quadro de comparação das etapas de uma nova construção e um


processo de revitalzação ........................................................................................... 20

10
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Número de vagas acessíveis ............................................................... 31

Tabela 2.2 – Estimativa de consumo predial diário ................................................... 32

Tabela 2.3 – Dimensionamento de rampas ............................................................... 35

Tabela 2.4 – Dimensionamento de rampas de acesso ao palco ............................... 36

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CBCS Confederação Brasileira de Construção Sustentável

IDHEA Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica

NBR Norma Brasileira

12
1. INTRODUÇÃO

O patrimônio edificado está sujeito a degradação, isso é decorrente dos danos


causados pelos agentes externos, mau uso ou abandono, que acarreta num
desgaste físico e consequentemente estético. Segundo Piedade (2013) essa é uma
problemática que se reproduz principalmente nas áreas centrais das cidades de
grande e médio porte, onde é comum a concentração de edificações mais antigas ou
até abandonadas. Conforme Bullen e Love (2009) apud Araújo (2012) existe uma
demanda por novas construções, em contrapartida dificuldade para encontrar novas
áreas, isso tem levado à demolições prematuras, de onde apenas uma parcela de
0,5 a 1% das construções, com existência de 30 a 50 anos necessitam dessa
medida.

Desta forma a revitalização através de suas técnicas construtivas, se revela eficaz


no aumento da vida útil do meio construído, modificando seu estado de desuso,
evitando a apropriação clandestina e em alguns casos demolição, para oferecer
novos serviços à comunidade.

A revitalização também pode ser utilizada com o intuito de agregar valor às zonas
mais degradadas das cidades, através de reparações situadas em áreas
estratégicas que deem visibilidade à edificação, se destacando na paisagem urbana
e valorizando os arredores em que está inserida, em alguns casos até a cidade,
atraindo alguns incentivos que garantam o seu funcionamento.

Considerando a totalidade de construções abandonadas, mesmo que não estejam


em suas plenas condições de uso, nota-se a viabilidade de aplicação dessa técnica,
pois possibilita relacionar modernidade, melhora estética, introdução de parâmetros
acessíveis e práticas ambientalmente sustentáveis. Esses fatores demonstram que
essa metodologia envolve processos tantos ambientais, econômicos chegando até o
social, que são exemplificados na requalificação das áreas centrais de cidades, na
reforma de edificações para espaços culturais ou ainda garantindo acessibilidade
com autonomia a pessoas portadoras de deficiência.

Verificando todo contexto que envolve a revitalização e identificando a presença da


antiga estação ferroviária da Viação Férrea Federal Leste Brasileiro no centro da
13
cidade de Cruz das Almas, que foi abandonada devido a decadência do transporte
ferroviário na região, este trabalho propõe um projeto de revitalização sustentável
desse imóvel que compõe o patrimônio material, fazendo parte da memória urbana
do município.

Partindo da ideia acima e considerando a expressividade cultural do Recôncavo


Baiano, propõe-se a reutilização da edificação, para transforma-la em um centro
cultural, que faça referência às formas de expressão artístico-culturais presentes na
região. Com uma proposta arquitetônica que utiliza técnicas sustentáveis e prioriza
acessibilidade para pessoas portadoras de deficiência, visto que esses são preceitos
que integram as construções sustentáveis e devem ter relevância para o
desenvolvimento urbano.

1.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo elaborar uma proposta de revitalização do edifício
onde funcionava a Estação Ferroviária de Cruz das Almas, transformando-a em um
centro cultural, através de um projeto que preze pela acessibilidade e utilize técnicas
que promovam a sustentabilidade da construção.

1.2 Objetivos Específicos

 Propor uma revitalização que seja sustentável, para tornar o espaço mais
atrativo.

 Propor um projeto arquitetônico acessível.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A revitalização como alternativa de conservação do patrimônio


edificado

Segundo Bezzera (2014) alguns municípios se desenvolveram sem pôr em prática o


planejamento urbano, desta forma passaram a assumir problemas em determinadas
regiões e depreciação de outras, isso decorrente do abandono ou até falta de
manutenção de determinadas áreas.

O patrimônio cultural de um povo consiste nos bens, materiais ou não, produzidos


por este e que são preservados de muitas maneiras, visando a garantia da
manutenção da memória de sua história e de sua cultura. (CALSTENOU, 1992).

Verificando as questões que envolvem a problemática citada anteriormente e


visando a recuperação de espaços abandonadas e muitas vezes em estado de
degradação, identifica-se uma nova área da arquitetura que está em constante
crescimento, pois preserva edificações que tem representatividade para a
sociedade.

Essa eclosão não foi à toa, é resultado de um maior reconhecimento do passado


histórico, valorização cultural e preocupações ambientais, que muitas vezes acaba
impedindo a demolição. O grau de intervenção depende da manutenção que se
deseja realizar no patrimônio, tendo em disponibilidade diversas técnicas, dentre as
quais a revitalização.

O termo revitalização remete a um conjunto de medidas que visam a criar nova


vitalidade, a dar novo grau de eficiência a alguma coisa, em suma, reabilitar.
(OLIVEIRA, 2008).

Assim a revitalização trata-se do conjunto de trabalhos de regeneração de uma ou


mais edificações de importância histórica, cujo resultado deve refletir as condições
reais em que tais obras eram utilizadas. (CALSTENOU, 1992).

Calstenou (1992) afirma que por meio da revitalização é possível aprimorar os


componentes dando novas funcionalidades, podendo interferir total ou parcialmente
na edificação.
15
De forma geral essa prática tem por propósito aumentar vida útil de construções
existentes, podendo ter algumas modificações no projeto a fim de obter instalações
mais modernas.

Conforme Araújo (2012) o maior interesse pela revitalização é decorrente de uma


maior quantidade de edificações abandonadas e que estão suscetíveis a passar por
esse processo, devido ao seu bom estado estrutural, ao menor tempo de obra,
quando se compara com uma nova construção, e conservação de edificações, que
muitas vezes são considerados patrimônios arquitetônicos.

Essa prática proporciona, além disso, enriquecer a memória coletiva das pessoas,
que com o funcionamento de espaços antes improdutivos, podem vivenciar uma
transmissão de conhecimento e história.
Oliveira (2008) defende que a técnica da revitalização está relacionada à
produtividade cultural dos municípios, intervindo principalmente na transformação de
espaços que objetivem essa finalidade. Para tal é possível atribuir uma nova
utilidade às edificações subutilizadas, essa medida pode ser levada até como um
método de preservação, evitando o estado de degradação, tornando-os
culturalmente, economicamente ou socialmente ativos.
Busca-se também a valorização imobiliária das edificações enquadradas nesse
universo, uma vez que sua localização em áreas integradas aos centros urbanos e,
portanto, já servidas por uma infraestrutura de serviços públicos, revelam tendências
à especulação imobiliária, favorecendo sua descaracterização. (PIEDADE, 2013).
Segundo Piedade (2013) preservar uma construção quando em uso é uma tarefa
favorável à sua conservação, pois requer manutenção frequente, o que não ocorre
no caso do abandono, pois se deteriorará com o tempo perdendo importantes
observações em relação ao patrimônio cultural.

16
2.2 Antiga estação ferroviária de Cruz das Almas

A região do Recôncavo está localizada no leste da Bahia, abrangendo todo o


território que circunda a Baía de Todos os Santos, formada por 20 municípios,
possui grande representatividade na economia, assim como na cultura e turismo.

Fazendo um breve histórico, a primeira atividade econômica desenvolvida na


localidade foi o cultivo de fumo e cana-de-açúcar, porém a partir de 1950, começou-
se a exploração do petróleo, que trouxe um novo grau de desenvolvimento, com
ampliação de ferrovias, rodovias e navegação, nesse contexto foi implantada a
estação ferroviária em Cruz das Almas.

Segundo Giesbrecht (2013) em dezembro de 1958, antes mesmo da construção da


BR 101 no município de Cruz das Almas, foi inaugurada a antiga estação da Viação
Férrea Federal Leste Brasileiro, porém neste ano ainda não tinha entrado em
funcionamento devido a inexistência de trilhos, essa linha fazia parte do ramal da
cidade de Conceição do Almeida (Figura 2.1).

Figura 2.1 – Antiga estação ferroviária de Cruz das Almas logo após a
desativação

Fonte: IBGE, 2015.

17
Ainda segundo Giesbrecht (2013) o terminal só funcionou durante os anos de 1960 a
1963, sendo totalmente desativada por volta de 1970, com a decadência do
transporte ferroviário na região, resultado da massificação das rodovias, que ligava a
região a outras partes do país, sendo importante para o escoamento da produção na
época. Esse fator foi preponderante para a mudança na economia local, modificando
o arranjo socioeconômico, dando maior destaque à região metropolitana de
Salvador. Desta forma as práticas que mais se destacam nas pequenas cidades,
estão ligadas ao turismo cultural.
No que diz respeito ao imóvel, ainda pertence a ferrovia, porém está abandonado
desde a desativação, a prefeitura conseguiu a concessão do local, porém ainda
permanece subutilizado, sem nenhum projeto de reutilização em andamento (Figura
2.2).

Figura 2.2 – Atual fachada da estação ferroviária

Fonte: Autor, 2015.

2.3 Benefícios da Revitalização em comparação a uma nova construção

Appleton (2009) apud Araújo (2012) afirma que os benefícios em se reabilitar ao


invés de propor uma nova construção podem se sobressair, destacando como
justificativa a ocupação racional do ambiente, considerando o porquê abandonar

18
muitas vezes a sua região central, buscando uma expansão, sendo que essas
edificações podem influenciar na questão cultural. Outro fator preponderante quando
se analisa essa dinâmica, é que um processo de demolição e nova construção pode
ser mais custoso do que apenas revitalizá-la, desde que haja capacidade de
execução do projeto. É importante também se levar em consideração que pode ser
garantida às edificações condições similares as novas.
Essa análise leva a considerar que só é passível de demolição as edificações que
não possuem nenhum valor de mercado, ou quando a recuperação seja
substancialmente mais caro, inviabilizando o processo de revitalização.
Calstenou (1992) argumenta que os ganhos econômicos ao se revitalizar fica ainda
mais evidente quando se analisa o processo, pois de forma geral exige um menor
período para execução, influenciado diretamente nos custos e possibilitando uma
economia em média de 20% no valor total da obra.
A comparação de etapas que envolvem uma nova construção e um processo de
revitalização pode ser verificada no quadro (Quadro 2.1).

19
Quadro 2.1 – Quadro de comparação das etapas de uma nova construção e um
processo de revitalização

Procedimentos Nova Construção Revitalização

Quando há modificação da
Demolição Geralmente não acontece
estrutura

Terraplenagem Procedimento necessário Raramente acontece

De acordo com o terreno e varia


Canteiro de obras É mais limitado
conforme as fases da obra

Fundações e
Executadas do zero Só é modificada quando necessário
Estrutura

Quando necessário ocorre da


Fechamentos Existem diversas tecnologias
mesma forma

Só ocorre quando for necessário


Impermeabilização Procedimento necessário
corrigir um problema

Acabamentos Etapa importante Uma das principais etapas

Fundamental para que a construção


Instalações Prediais Nem sempre é necessário
funcione

Varia conforme o padrão e tipo de Pode ser utilizada para modificar a


Fachada
uso aparência

Tempo Médio de Geralmente longo, depende do Geralmente são executados em


Obra tamanho da obra menor tempo

De forma geral menos numerosa


Mão de Obra Varia de acordo com o estágio
que uma obra tradicional

Fonte: Revista Equipe de Obra, adaptada pelo autor, 2015.

De acordo com o Quadro (2.1) é possível a redução de etapas desde a fase de


preparo para implantação do canteiro de obras, com diminuição de atividades do
transporte de materiais, até o tempo médio de execução, estes que contribuem com
outro quesito preponderante, o número trabalhadores e o custo final do
empreendimento, isso é claro, depende do grau de revitalização que se deseja
realizar.

Kibert (2003) apud Piedade (2012) cita que a procura por soluções sustentáveis que
possam se aplicar a meios construídos e a preocupação pela geração de resíduos
provenientes de demolição, tem levado à incentivação da reutilização predial ao
20
invés de uma reconstrução e também a diminuição de resíduos, essas técnicas pode
aumentar o reaproveitamento de materiais de um percentual de 10 a 20% a um valor
de 60 a 70%.

Ainda segundo Piedade (2013) a revitalização pode ser aplicada com duas
finalidades principais: preservar a forma arquitetônica aumentando sua vida útil,
como ocorre em edifícios históricos tombados, ou modificando totalmente a sua
funcionalidade e dando o aspecto de novo, com modificação do projeto
arquitetônico, adaptando-o a atender novas demandas, sendo bem comum na
revitalização adaptação de edificações destinadas à produção cultural ou moradia
social.

O processo de revitalização proporciona uma nova utilidade para o local que já


possui o seu entorno estruturado e com fornecimento de serviços, pois em muitos
casos se torna economicamente ativo para a prefeitura local ou em projetos voltados
para o social ou cultural, como por exemplo: um galpão transformado em uma
biblioteca, um prédio empresarial abandonado revitalizado para fins de moradia
social.

Desta forma verifica-se que além de proporcionar modificação estética e a


conservação do patrimônio histórico e artístico, a revitalização tem como preceito a
minimização de impacto ambiental sobre o meio construído, devido a economia de
recursos, sejam eles renováveis ou não, e isso é de grande relevância, pois no
futuro estes poderão ser transformado em resíduos. Esta técnica também possibilita
a inserção de materiais e novas tecnologias, principalmente as de caráter
sustentáveis ou até adaptação da edificação nos termos da acessibilidade.

2.4 Construção sustentável

Segundo o Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica (IDHEA) uma


construção sustentável corresponde a um sistema construtivo que desenvolve
transformações conscientes no espaço onde está inserida, atendendo as
necessidades do homem, porém preserva os recursos a fim de manter a qualidade
de vida para as futuras gerações. Desta forma uma arquitetura sustentável vai muito
além de um projeto, ela relaciona os conceitos que compreende redução de impacto
21
ambiental, benefícios sociais e economia de recursos e custos, sem comprometer a
sua funcionalidade e prezando pela acessibilidade.

Fazendo uma breve análise histórica, percebe-se que essa preocupação com
sustentabilidade não vem de pouco tempo, anteriormente o setor se atentava
apenas a produzir, sem pensar nas consequências, mas desde a comissão mundial
sobre meio ambiente e desenvolvimento que ocorreu em 1987, onde se discutiu as
formas de conciliar desenvolvimento econômico e minimização de impactos, foram
colocadas em prática alternativas que evidenciam a reciclagem e reutilização, além
de eficiência energética e menor consumo de água. A construção civil também teve
que passar por essa mudança de pensamento, adaptando em muitas obras o seu
processo produtivo a esse novo tipo de desenvolvimento.

Conforme a Confederação Brasileira de Construção Sustentável (CBCS) (2014) o


impacto causado por uma edificação convencional representa um consumo de 40%
do total anual de energia e até 30% quando analisada a emissão de gases de efeito
estufa. Ainda segundo a CBCS (2014) o setor da construção é um dos principais
consumidores de recursos naturais, responsabilizado por um terço do total, incluindo
12% de água doce, e até 40% de resíduos sólidos. Desta forma, colocar em prática
algumas soluções que objetivam a diminuição desse impacto, já possui grande
relevância no âmbito da construção civil.

2.4.1 Captação de água da chuva


A utilização de mecanismos alternativos que promovam a diminuição do uso de
água potável é de suma importância para a sustentabilidade de um
empreendimento. Segundo Medeiros (2012) ao aproveitar a água da chuva é
possível economizar em até 50% do total consumido em uma residência, tendo a
possibilidade de ser aproveitada em jardins, lavagens de calçadas, instalações
sanitárias, entre outros fins, desde que não sejam potáveis.

Nesse contexto a reciclagem e reuso, assim como fontes alternativas de suprimento


para esse tipo de demanda, se revela como uma solução eficaz no âmbito da gestão
e manejo consciente de recursos hídricos em edificações.

22
No caso de um sistema de aproveitamento de água da chuva, a instalação
necessária de acordo com Cohim et al é:

 Superfície de captação: No geral são utilizados telhados ou outras superfícies


impermeáveis.
 Calhas e Tubulações: Os usos mais comuns são PVC, alumínio e aço
galvanizado. É necessário ter cor diferenciada para evitar cruzamento com a
água potável.
 Bombas e sistemas pressurizados: Necessários quando o reservatório está
localizado em um nível mais baixo, é recomendável que se posicioná-lo em
um local onde não seja necessária a utilização desses dispositivos, para
aumentar a eficiência energética do conjunto.
 Reservatórios: A disposição do reservatório no sistema pode ser de diferentes
formas, enterrado, apoiado ou elevado, este que pode ser dimensionado de
acordo com a necessidade de cada construção.
Existem varias metodologias de dimensionamento de reservatórios, Cohim et al cita
o Método Prático Inglês, para o qual é necessário considerar a precipitação média
anual, assim como a área de captação, que é referente ao telhado, conforme a
fórmula:
V = 0,05 x P x A
Onde:
P= Precipitação média anual
A= Área as superfície de captação.
O município de Cruz das Almas conforme o site Climate-Data.Org apresenta
precipitação média anual em torno de 1136 mm, com índices relevantes até nos
períodos mais secos, sendo portanto, apta a esse tipo de sistema alternativo.

2.4.2 Iluminação natural


Quando se fala em sustentabilidade na construção, a eficiência energética possui
um papel fundamental na redução do consumo de energia e consequentemente na
sustentabilidade da edificação, uma vez que implica em procedimentos que visam a
diminuição do consumo de fontes não renováveis, porém, se atentando aos níveis
necessários de condicionamento térmico e conforto visual do ambiente.
23
A preocupação com os gastos energéticos é referente às altas taxas ligada à
construção civil e segundo Costa (2009) a iluminação proveniente de lâmpadas e
gastos com ar condicionado são responsáveis por grandes gastos energéticos, com
taxas correspondentes a 64% do consumo total.

De acordo com Medeiros (2012) a dimensão de uma construção está diretamente


ligada ao seu consumo de energia, porém ao se utilizar recursos como a iluminação
natural é possível reverter e minimizar os gastos, por exemplo, uma área de 400m²
com fontes de energias alternativas utiliza menos energia que uma de 250m²
convencional.

Conforme a NBR 15215-3 (2007) a iluminação natural pode existir em uma


edificação de duas diferentes formas:

 Iluminação zenital: Proveniente da cobertura da construção (Figura 2.3). De


forma geral é mais eficiente que a lateral, pois a luminosidade possui maior
alcance. Bastante utilizada em bibliotecas, espaços culturais, edifícios
comerciais, entre outros.

Figura 2.3 – Tipos de iluminação zenital

Fonte: NBR 15215-3, 2007.

 Iluminação lateral: Iluminação proveniente das aberturas laterais, as mais


comuns são as janelas, a distribuição da luz não é uniforme em todo o
ambiente, pois diminui com a distância em relação a janela.

Locais com grande densidade de circulação são bastante propensos para a


utilização da iluminação zenital, devido ao seu maior alcance, assim como espaços
onde não há a possibilidade de aberturas laterais.

24
Existem dimensões mínimas de referência requeridas pelos sistemas naturais para
que sejam considerados eficientes. Neufert (2013) cita esse parâmetro como base
para dimensionamento das janelas fixando como 1/8 da área do local, ainda
segundo Neufert (2013) vãos maiores, proporcionam maiores superfícies de luz
tornando os espaços mais agradáveis.

2.4.3 Energia solar


Se tratando de energia renovável, a solar representa uma alternativa eficaz, uma vez
que esse sistema opera transformando a energia proveniente do sol em energia
elétrica.

Segundo Neufert (2013) a energia solar constitui um elemento fundamental no


projeto de uma edificação ecológica, e ainda afirma que a transformação resultante
da tensão das células solares em energia elétrica é obtida com perdas mínimas e se
as instalações forem acopladas a rede de abastecimento que funcionam de forma
automática, sem serem necessárias manutenções, operando por um tempo mínimo
de 20 anos.

A geração de energia poderá ser acumulada em baterias para uso posterior ou


injetada diretamente à rede de energia, desde que autorizada pela concessionária
local. (Medeiros 2012)

Os painéis fotovoltaicos podem ser dispostos na construção de diferentes formas:


como cobertura, sobre o telhado, integrado ao telhado, ou ainda na fachada. De
acordo com Medeiros (2012) em todas as formas é mais eficiente quando voltada
para o norte (Figuras 2.4 e 2.5).

25
Figura 2.4 – Disposição dos elementos fotovoltaicos sobre o telhado

Fonte: Neufert, 2013.

Figura 2.5 – Disposição dos elementos fotovoltaicos na fachada – eficiência da


ventilação

Fonte: Neufert, 2013.

Conforme verificado na (Figura 2.5) a utilização de elementos fotovoltaicos


localizados na fachada pode reduzir a possibilidade de distribuição de portas e
janelas, assim como o rendimento da ventilação natural, diminuindo a eficiência
energética do sistema, desta forma são de melhor aplicação na cobertura.

2.4.4 Ventilação natural


Um dos conceitos básicos da sustentabilidade na arquitetura é o uso da ventilação
natural, para tal é importante que se tenha uma boa orientação da construção, com
as aberturas voltadas para a movimentação do ar, para que o processo ocorra
naturalmente, melhorando a qualidade do ambiente interno e condicionando um
espaço termicamente agradável.

26
Neufert (2013) cita como parâmetro de dimensionamento mínimo das aberturas
laterais 1/8 da área do ambiente, esse valor é considerado eficiente para uma boa
circulação de ar no local.

Segundo Bittencourt e Cândido (2010) a variação do resfriamento também depende


da temperatura e velocidade do ar, porém também é variante da umidade relativa,
sendo importante em locais onde apresenta taxas mais altas.

A cidade de Cruz das Almas possui umidade relativa média anual de


aproximadamente 80%, conforme a caracterização climática da Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e de acordo com o site Climate-Data.org
possui temperatura média anual de 23° C, apresentando desta forma taxas
favoráveis à utilização da ventilação natural.

2.5 Parâmetros para definição do projeto arquitetônico de um centro


cultural

A base para a implementação de uma proposta arquitetônica, ou mesmo adaptação


de edificações, leva em consideração o objetivo que deseja se alcançar e por
conseguinte os parâmetros presentes em normas, que visam auxiliar na efetuação
do projeto.

No caso de um centro cultural, o espaço físico é composto por auditório, sala de


música, biblioteca, banheiros, espaço para circulação, entre outros, desse modo é
necessário conhecer algumas definições particulares direcionadas a cada ambiente
citado, sendo importante listar os principais requisitos de projeto arquitetônico
conforme cada local.

2.5.1 Auditório

Segundo Neufert (2013) para o projeto de auditório não se considera o número de


cadeiras e sim de espectadores, devido a necessidade do espaço possibilitar o bom
acomodamento e locomoção dos usuários. Nesse sentido é importante seguir alguns
preceitos listados para elaboração do projeto arquitetônico.

Cada fileira deve medir no mínimo 0,90 m, tendo como tamanho ideal valores
próximos a 1,00 m, com distanciamento mínimo de 0,4 m. No que diz respeito ao
27
assento, necessita ter uma largura mínima de 0,5 m, desta forma verifica-se a
exigência de pelo menos 0,45 m² por pessoa sentada.

Para garantir a boa visibilidade do palco, a primeira fileira deve estar distante pelo
menos 1,5 m, já a ultima, no máximo 24 m, isso se deve ao fato de que com essas
medidas é possível identificar as expressões da face e também não é necessário
grandes movimentações de cabeça.

Se tratando da altura do palco, é recomendável para auditórios com lugares apenas


na plateia a altura de 1 m. Para uma boa visualização do público e receptividade do
som, é importante a disposição dos assentos de forma ascendente, que podem ser
organizados em degraus, em que os espelhos podem variar entre 0,10 e 0,19 m.

A fim de garantir a acessibilidade e o fluxo dos espectadores, a largura dos


corredores devem ter pelo menos de 1,20 m e inclinação máxima de 12 %. Após a
ultima fileira é necessário ter um corredor com uma largura maior que os laterais. É
importante ressaltar que os assentos destinados às pessoas portadoras de
deficiência, deve corresponder a no mínimo 1%, assim como para pessoas obesas.

2.5.2 Sala de música

Para Neufert (2013) a forma arquitetônica, que melhor influência na audibilidade é a


retangular ou trapezoidal, sendo o seu comprimento direcionado à propagação do
som. É importante evitar o paralelismo das paredes, para prevenir a formação de
eco, para tal recomenda-se o revestimento da sala, para obtenção de pequenas
angulações. Para a ocupação estabelece como valor de referência no mínimo 4m³
por pessoa, isso para a fala, o que pode variar conforme o tipo de ruído.

É importante que se tenha isolamento e tratamento acústico nas paredes, teto e


esquadrias, para que se evite conflito com as salas próximas, sendo recomendado,
quando possível, afasta-las de outras áreas.

2.5.3 Biblioteca

De acordo com Neufert (2013) as bibliotecas são compostas por três setores
básicos: espaço reservado ao usuário, área de acervo e por fim a administração.

28
Cada ambiente será projetado conforme o tipo da biblioteca, assim como as suas
respectivas áreas.

É imprescindível que tanto o acervo como o espaço para leitura sejam acessíveis,
desta forma as medidas devem estar dentro dos padrões exigidos pela norma de
acessibilidade a NBR 9050 (2004).

Ainda segundo Neufert (2013) para bibliotecas de acesso livre ao público as


estantes devem ter um comprimento máximo de 6,00 m e largura de 0,60 m, os
corredores devem ter no mínimo 0.90 m, para possibilitar o deslocamento de
cadeirantes (Figura 2.6).

Figura 2.6 – Disposição das estantes – vista frontal

Fonte: NBR 9050, 2004.

No que diz respeito à área de leitura, recomenda-se estar localizada


preferencialmente em locais com iluminação natural, com área de circulação maior
ou igual a 1,20 m, as mesas devem ter largura mínima entre 1,00 e 0,70 m de
comprimento.

Desta forma o espaço projetado para uma biblioteca deve ser no mínimo o
necessário para comportar todo o mobiliário e ainda dispor de área de circulação
conforme os padrões exigidos para acessibilidade.

2.5.4 Estacionamento
Conforme Neufert (2013) para estacionamentos em locais públicos, orienta-se para
dimensão das vagas 2,50x5,00 m (Figura 2.7). Se forem delimitadas por pilares,
paredes ou outros tipos de apoios é necessário aumentar em 0,10 m a largura. No

29
caso de meios-fios, podem ser utilizados como trava de rodas e as medidas são
mantidas.

Figura 2.7 – Dimensão das vagas de estacionamento

Fonte: Neufert, 2013.

As vagas reservadas para cadeirantes, devem ter a largura aumentada, uma vez
que é necessário espaço adicional de circulação, as dimensões devem ser seguidas
conforme disposto na Figura (2.8).

Figura 2.8 – Dimensão das vagas de estacionamento para cadeirantes

Fonte: Neufert, 2013.

A NBR 9050 (2004) recomenda ligação com uma rota acessível, tendo
deslocamento máximo de 50 m até a edificação. O número de vagas é determinado
conforme a Tabela (2.1).

30
Tabela 2.1 – Número de vagas acessíveis

Número total de vagas Vagas reservadas

Até 10 -

De 11 a 100 1

Acima de 100 1%

Fonte: NBR 9050, 2004.

2.5.5 Reservatório
Segundo a NBR 5626 (1998) para dimensionamento de reservatórios é necessário
conhecer o consumo de água e se disponível a frequência do abastecimento. Para
cálculo do consumo, é necessário conhecer as seguintes variáveis: quantidade
pessoas que irão fazer uso da edificação e para quantos dias ela será utilizada,
posteriormente é possível substituir na seguinte fórmula:

Cd = N x C,

Onde:

Cd = Consumo diário

N = População abastecida

C = Consumo por pessoa

O consumo diário por pessoa varia de acordo com o tipo de edificação, conforme
pode ser verificado na Tabela (2.2):

31
Tabela 2.2 – Estimativa de consumo predial diário de água

Tipo de construção Consumo médio (L/dia)


Alojamentos provisórios 80 por pessoa
Casas populares ou rurais 120 por pessoa
Residências 150 por pessoa
Apartamentos 200 por pessoa
Hotéis (s/ cozinha e s/ lavanderia) 120 por hóspede
Escolas – internatos 150 por pessoa
Escolas – semi internatos 100 por pessoa
Escolas – externatos 50 por pessoa
Quarteis 150 por pessoa
Edifícios públicos ou comerciais 50 por pessoa
Escritórios 50 por pessoa
Cinemas e teatros 2 por lugar
Templos 2 por lugar
Restaurantes e similares 25 por refeição
Garagens 50 por automóvel
Lavanderias 30 por Kg de roupa seca
Mercados 50 por m² de área
Matadouros – animais de grande porte 300 por cabeça abatida
Matadouros – animais de pequeno porte 150 por cabeça abatida
Postos de serviço p/ automóveis 150 por veículo
Cavalariças 100 por cavalo
Jardins 1,5 por m³
Orfanato, asilo, berçário 150 por pessoa
Ambulatório 25 por pessoa
Creche 50 por pessoa
Oficina de costura 50 por pessoa
Fonte: Massano, 2015.

Conforme Massano (2015) um reservatório deve ser projetado para dois dias de
consumo para garantir o suprimento em uma possível suspensão do abastecimento,
se tratando de edificações, ainda deve ser acrescido um volume correspondente a
de 15 a 20% para reserva de incêndio, que segundo a NBR 5626 (1998), para essa
finalidade pode ser utilizada água não potável.

32
2.5.6 Medidas antropométricas

De acordo com Panero e Zelnik (2002) é possível determinar o espaço mínimo


necessário para exercícios em pé a partir de parâmetros que norteiam
dimensionamentos de projetos, conforme a Figura (2.9).

Figura 2.9 – Medidas humanas

Fonte: Panero e Zelnik, 2002.

Esses valores são compatíveis com a prática da dança, exercícios realizados em pé


e similares.

2.5.7 Sanitários
Conforme a NBR 9050 (2004) devem estar localizados a no máximo 50 m do ponto
mais distante da edificação e em locais com mobilidade, sendo que 5% do total dos
boxes devem ser acessíveis, para tal, exige-se como dimensionamento: largura
mínima de 1,50 m e comprimento de 1,70 m, porta com no mínimo de 0,80 m e com
abertura para fora. O lavatório deve estar dentro do box, a uma altura de 0,78 a 0,80
m, porém não pode interferir na área de manobra, como apresentado na Figura
(2.10).

33
Figura 2.10 – Sanitário acessível

Fonte: NBR 9050, 2004.

2.5.8 Escadas
As escadas localizadas em rotas acessíveis, devem dispor de uma largura mínima
de 1,20 m. A cada 3,20 m de altura deve-se ter pelo menos um patamar com
dimensão mínima de 1,20 m. Quanto ao piso e espelho a NBR 9050: 2004
estabelece as seguintes condições:

0,63 m ≤ p + 2e ≤ 0,65 m;

pisos: 0,28 m ≤ p ≤ 0,32 m;

espelhos: 0,16 m ≤ e ≤ 0,18 m.

Devem dispor de corrimãos ou barras de apoio, para tal a NBR 9050 (2004)
recomenda um diâmetro entre 0,03 a 0,045 m, também é indicado um afastamento
de no mínimo 0,04 m de qualquer obstáculo Figura (2.11).

Figura 2.11 – Barra de apoio

Fonte: NBR 9050, 2004

34
2.5.9 Rampas
Para cálculo de rampas é necessário verificar a NBR 9050 (2004), que determina
alguns critérios conforme segue:

A inclinação deve ser calculada a partir da seguinte formula:

Onde:

i = inclinação;

h = altura do desnível;

c = comprimento em projeção.

Para indicação da inclinação, assim como os desníveis máximos de cada segmento,


pode-se utilizar a tabela (2.3).

Tabela 2.3 – Dimensionamento de rampas

Desníveis máximos de Inclinação admissível em Número máximo de segmentos


cada segmento de rampa h cada segmento de rampa i de rampa
(m) (%)

1,50 5,0 (1:20) Sem limite

1,00 5,0 (1:20) < i ≤ 6,25 (1:16) Sem limite

0,80 6,25 (1:16) < i ≤ 8,33 (1:12) 15

Fonte: NBR 9050, 2004.

A norma ainda determina algumas especificações tais como: largura mínima


recomendada para a rampa de 1,50 m, sendo admissível pelo menos 1,20 m. No
caso de patamares recomenda-se medida de 1,50 m, mas permite também a
medida mínima de 1,20 m.

Deve possuir corrimãos com duas alturas diferentes (Figura 2.12) e diâmetro entre
0,03 a 0,045 m, com um afastamento mínimo de 0,04 m.

35
Figura 2.12 – Altura do corrimão

Fonte: NBR 9050, 2004.

No caso de rampas de acesso a palcos, podem ter largura mínima de 0,90 m, a


inclinação também varia, conforme a Tabela (2.4).

Tabela 2.4 – Dimensionamento de rampas de acesso a palcos

Desníveis máximos de Inclinação admissível em


cada segmento de rampa h cada segmento de rampa i
(m) (%)

0.60 16,6 (1:6)

Superior a 0,60 10 (1:10)

Fonte: NBR 9050, 2004.

2.5.10 Corredores
Para o dimensionamento de corredores, deve-se levar em consideração o fluxo de
pessoas, desta forma:

Corredores com comprimento de até 4,0 m, pode-se utilizar uma largura de 0,90 m;

Maiores que 10,0 m: 1,20 m;

Para uso público: 1,50 m;

Espaços com grandes fluxos, a largura deve ser maior que 1,50 m.

36
3. METODOLOGIA
Com o intuito de esboçar um projeto de revitalização da antiga estação ferroviária,
foram elaboradas plantas arquitetônicas de um Centro Cultural para o município de
Cruz das Almas.

3.1 Diagnóstico do imóvel

Inicialmente foi averiguado a situação legal do imóvel, que segundo o secretário de


infraestrutura a edificação pertence a Viação Férrea Federal Leste Brasileiro, porém
a prefeitura local possui a concessão. Posteriormente, para conhecimento da
edificação, foram necessárias visitas para verificação de medidas e elementos
arquitetônicos (Figura 2.13), assim como análise de plantas baixas e cortes do
projeto original, cedidos pela prefeitura. Nessa fase foi possível investigar a área
construída, assim como disposição dos espaços internos, constituindo uma das
principais etapas da pesquisa.

Figura 2.13 – Elementos arquitetônicos da antiga estação ferroviária

Fonte: Autor, 2015

37
3.2 Elaboração do projeto de revitalização

As plantas arquitetônicas foram confeccionadas com base nos parâmetros


estabelecidos por Neufert (2013). Considerando que todos os ambientes devem ser
acessíveis, utilizou-se também como critério a NBR 9050 (2004): Acessibilidade a
edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.

Um dos objetivos é que o centro cultural seja ambientalmente sustentável, desta


forma a pesquisa também compreendeu a investigação de parâmetros para
aplicação de algumas técnicas sustentáveis, tais como: iluminação natural,
ventilação natural, captação e aproveitamento de água da chuva e inserção de
painéis solares.

Pelo fato de a cidade de Cruz das Almas estar localizada no Recôncavo baiano, um
local de grandes manifestações culturais, optou-se atender as atividades que
estejam ligadas a cultura local, dentre as quais se especificam: capoeira, música,
danças, teatro, literatura, artesanato. Desta forma, as especificações de projetos
arquitetônicos pesquisados objetivam atender tais práticas.

A figura (2.14) apresenta um fluxograma que compreende as etapas empregadas


para desenvolvimento do projeto.

38
Figura 2.14 – Fluxograma representativo das principais fases seguidas para
implementação do projeto

Fonte: Autor, 2015.

39
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo serão apresentados os valores e parâmetros utilizados na elaboração


do projeto arquitetônico do centro cultural, bem como a adoção de algumas boas
práticas que objetivam a diminuição do consumo de energia elétrica e água potável
proveniente das redes de abastecimento.

4.1 Medidas arquitetônicas

 Rampas

Segundo a NBR 9050 (2004) quando existirem desníveis verticais, no caso da


utilização de escadas, é necessário o uso de equipamentos eletromecânicos ou
rampas para possibilitar o acesso de pessoas portadoras de deficiência e mobilidade
reduzida, como o projeto em questão visa à sustentabilidade, e em consequência a
eficiência energética, optou-se pelo uso da rampa. Segue abaixo os valores obtidos
para o projeto, em conformidade com a NBR 9050 (2004), que prioriza o conforto do
usuário:

a) Rampa de acesso ao segundo pavimento

Inclinação de 7,85%, cada segmento foi intercalado por um patamar com medida de
1,50x1,50 m, desta forma o comprimento total foi de 52,97 m e largura de 1,50 m.
(Prancha 1).

b) Rampa de acesso ao palco

Inclinação de 8,33%, patamar de 0,90x0,90 m, comprimento total de xx m e largura


0,90 m (Prancha 1).

c) Especificações atendidas:

 Em todos os desníveis tem rampas para que pessoas portadoras de


necessidades especiais possam ter acesso;

 Todas as rampas dispõem de corrimão com diâmetro de 0,03 m e


afastamento de 0,4 m de obstáculos;

 Inclinação dentro dos valores recomendados pela NBR 9050 (2004);


40
 Largura dentro dos padrões estabelecidos pela norma de acessibilidade,
largura mínima de 1,20 m para rampas de acesso geral e 0,90 m acesso a
palcos.

 Escadas

O projeto de revitalização conta com quatro escadas, dimensionadas a partir das


especificações estabelecidas pela NBR 9050 (2004), que contém diretrizes de
aplicação necessária para uma utilização confortável dos usuários.

a) Escadas de acesso ao segundo pavimento

No projeto constam duas escadas de acesso ao segundo pavimento, isso para que
se tenha diferentes rotas de fuga. O espelho mede 0,17m e o piso 0,30 m. Como o
desnível é maior que 3,20 m foi necessário um patamar, com as seguintes
dimensões 1,50x1,50 m, tem largura de 1,50m (Prancha 1 e 5).

b) Escada de acesso ao palco e auditório

Estas escadas vencem um desnível de 1 m, desta forma possuem dimensões


similares, conforme as seguintes especificações: espelho de 0,17 m e piso de 0,28
m, tem largura de 1,50 m (Pranchas 1 e 6).

c) Especificações atendidas

 Possui corrimão com medidas dentro do estabelecido, 0,03m, com


afastamentos de 0,04 m de obstáculos;

 Piso está dentro dos limites;

 Espelho dentro dos limites;

 Patamar com medida maior que a mínima estabelecida;

 Largura dentro dos padrões.

41
 Corredores

O segundo pavimento conta com um corredor, que atende aos critérios propostos
pela NBR 9050 (2004). Foi adotada uma largura de 2 m visto que depende do
comprimento longitudinal e do fluxo de pessoas, esse valor contempla o requisito
mínimo (Prancha 2).

Todos os espaços da edificação devem ter iluminação natural, desta forma para este
ambiente propôs como solução a iluminação zenital (Prancha 8).

a) Especificações atendidas

 Largura dentro dos padrões;

 Iluminação natural.

 Guarda-Corpos

Foi admitido para altura dos guarda-corpos 1,10 m, esse valor já compreende a
mureta de proteção, que deve ter no mínimo 0,20 m. Para tal conclusão, foi
necessário consultar a NBR 14718: Guarda-corpos para edificação, esta norma
estabelece algumas condições, dentre as quais a proposta descrita, representada na
Figura (2.15).

Figura 2.15 – Dimensionamento de guarda-corpo

Fonte: NBR 14718, 2001.


42
 Sanitários

Os sanitários devem ter acessibilidade, desta forma para o dimensionamento foi


utilizada como parâmetro a NBR 9050 (2004) que determina padrões para o projeto
de sanitários de uso público com conforto para o usuário, seja ele portador de
necessidades especiais ou não.

O sanitário de uso comum possui 0,90 m de largura e 1,70 m de comprimento,


portas com vão de 0.70 m. Para cada sanitário, foi previsto um lavatório. (Pranchas
1 e 2)

O box acessível possui as seguintes dimensões: 1,50x1,70 m e porta com vão de


0,90 m, esses valores possibilitam área de manobra dentro do box, conforme
recomenda a norma de acessibilidade. O lavatório acessível, está posicionado
dentro do box a uma altura de 0,80 m (Pranchas 1 e 2).

Os sanitários devem ter revestimento no piso e paredes, porém deve-se fazer a


impermeabilização destes.

a) Especificações atendidas

 5% das instalações sanitárias são acessíveis;

 Posicionamento em locais acessíveis e a menos de 50 m de todos os


ambientes;

 Medidas dentro dos padrões da NBR 9050 (2004).

 Auditório

O auditório projetado dispõe das seguintes características: Palco com 1 m de altura.


Os assentos da plateia tem área de 0,55 m², esse valor é referente a 0,55 m de
largura das poltronas e 1,00 m de comprimento da fileira, a primeira está a uma
distância de 1,90 m do palco e a ultima a 11,49 m, estão posicionadas de forma
ascendente, com uma diferença de nível de 0,10 m, a fim de possibilitar a boa
visualização do espectador. Possui no total 127 assentos, sendo um para pessoas

43
obesas e dois para cadeirantes. Dispõe de espaço para camarim, com área de 28,83
m².

As especificações descritas acima foram obtidas a partir das diretrizes que Neufert
(2013) recomenda para projeto arquitetônico de auditório, adotadas, a fim de garantir
o conforto ergonômico e visual do espectador. (Pranchas 1 e 3).

Esse espaço necessita de tratamento acústico, para tal recomenda-se como material
a lã de vidro que segundo Lourençon (2012) tem eficiência na absorção do som,
para o revestimento do teto recomenda-se a utilização de espumas acústicas. Para
o piso sugere-se madeira.

a) Especificações atendidas

 Corredores laterais com 1,27 m de largura e inclinação de 11,11% valor


dentro da norma;

 Corredor após a última fileira com largura de 3,00, maior que os laterais;

 1% dos assentos destinados a pessoas portadoras de deficiência e obesas;

 Possui rampa de acesso ao palco, com inclinação dentro dos valores


exigidos;

 Biblioteca

A biblioteca projetada é classificada como de pequeno porte, para tal foram


adotadas as seguintes dimensões: as estantes de livros devem ter largura de 0,60 m
e comprimento de 6 m. Para os corredores foi adotado o valor de 1,30 m, para
possibilitar o deslocamento de cadeirantes com área de manobra. O espaço para
leitura, possui 54,81 m². A área de circulação admitida foi de 2,00 m, que atende ao
valor recomendado para acessibilidade, com área de manobra.

Conforme verificado as especificações necessárias para uma biblioteca, a área


reservada foi de 92,61 m², compreendida entre estantes de acervo, área para leitura
e espaço para circulação, pois o acesso do público é direto e livre. Todo o espaço foi

44
dimensionado e organizado conforme orienta Neufert (2013) e a NBR 9050 (2004).
(Pranchas 2 e 4).

 Sala de música

A sala de música foi dimensionada com área de 82,90 m², desta forma tem
capacidade para 20 para lugares, conforme o parâmetro estabelecido por Neufert
(2013), volume mínimo de 4 m³ por pessoa, sendo adotado em projeto 10 m³ devido
ao tipo de uso, pois essa atividade emite mais ruído. (Pranchas 1 e 3).

É necessário prever tratamento e isolamento acústico, a fim de ter uma boa


qualidade sonora e o ruído não atrapalhe as atividades das outras salas. Desta
forma Loureçon (2012) indica para paredes e teto, lã de vidro e a lã de rocha,
respectivamente, pois é eficaz para essa finalidade. Neufert (2013) propõe que as
janelas tenham boa vedação, para tal sugere que devem ser compostas por vidro
isolante. Recomenda porta dupla e também ter boa vedação, desta forma é
relevante o uso de soleira. O piso para esse ambiente deve ser em madeira.

a) Especificações atendidas

 Isolamento acústico nas paredes, teto e esquadrias;

 Tratamento acústico nas paredes e teto;

 Área da sala em formato retangular para uma melhor propagação do som.

 Sala de artesanato

A sala de artesanato possui 54 m² e comporta 20 lugares contabilizados a partir da


análise de compatibilidade de espaço com mobiliário e área de circulação.

Os corredores possuem 0,90 m de largura, as mesas possuem 0,77 m de largura e


0,60 m de comprimento, De acordo com a norma de acessibilidade pelo menos 1%
dos lugares devem ser reservados para portadores de deficiência física e devem
apresentar área de manobra para cadeirantes. (Pranchas 2 e 4).

Todas essas especificações estão em conformidade com os valores estabelecidos


por Neufert (2013) e pela NBR 9050 (2004).
45
Esse ambiente não necessita de isolamento ou tratamento acústico, sua
particularidade depende unicamente da área atender as demandas necessárias e
que o revestimento do piso seja em material antiderrapante, para uma circulação
com mais segurança.

 Sala de dança

A sala de dança tem 94,20 m², com capacidade estimada para 20 pessoas,
quantidade estipulada com base nas medidas antropométricas estabelecidas por
Panero,e Zelnik (2002), 3,5 m² por pessoa para esse tipo de prática mais área de
circulação. O projeto prevê a instalação de barras ao longo da sala, que conforme
Almeida 2014 devem estar a uma altura média de 1 m, desta foram adotadas as
seguintes medidas, 1,10 m para adultos e 0,80 m, barra para crianças.

Para um melhor desempenho das atividades, é importante ter espelhos ao longo do


ambiente e conforme Totaro (2013) é importante a utilização de piso de madeira,
para que haja um melhor desempenho das atividades. (Pranchas 2 e 4).

Esse tipo de ambiente necessita de isolamento acústico do espaço, uma vez que se
localiza próximo a outras áreas. Desta forma é necessário prever isolamento nas
paredes, para tal o material indicado é a lã de vidro, no teto a lã de rocha, pois de
acordo com Loureçon (2012) é uma solução eficiente. As esquadrias também
contribuem para esse processo de isolamento, Neufert (2013) sugere que as
janelas devem ser compostas por vidro isolante, e utilização de portas acústicas
com soleira, em ambas deve-se ter material de vedação em todas as frestas.

 Sala de teatro

A sala de teatro possui uma área de 70,34 m², considerando o valor de medidas
antropométricas estabelecidas por Panerro e Zelnik (2002), para cálculo de projeto,
estima-se uma capacidade para 20 pessoas. (Pranchas 2 e 4).

Este espaço não exige um tipo de piso específico, logo, recomenda-se a aplicação
de um tipo antiderrapante, para uma circulação com melhor segurança.

46
 Sala de capoeira

A sala de capoeira tem 80 m², tendo uma capacidade para 15 ocupantes. Valor
estimando com base em medidas antropométricas previstas por Panerro e Zelnik
(2002), para tal utilizou-se como área mínima necessária, 3,5 m², mais espaço de
locomoção (Pranchas 2 e 4).

Como a prática dessa atividade emite ruído, é necessário o isolamento acústico da


sala, o material recomendado conforme Loureçon (2012) é lã de vidro para paredes
e lã de rocha para o teto, pois são eficazes nesse procedimento. De acordo com
Totaro (2013) deve-se utilizar piso antiderrapante com amortecimento de impacto.

 Reservatório

A edificação em questão se trata de um imóvel de uso público, desta forma para


efeito de cálculo do volume do reservatório conforme a tabela (2.2) deve-se
considerar uma estimativa de 50 litros por pessoa e dois litros por lugar em
auditórios. A partir da fórmula de consumo diário:

Cd = N x C

e fazendo uma estimativa de lotação média diária de 100 pessoas mais a lotação do
auditório é possível estimar um consumo diário em torno de 6 m³, desta forma o
reservatório projetado terá 8 m³. (Pranchas 5 e 9).

4.2 Práticas sustentáveis

A partir dos aspectos observados durante a pesquisa a cerca de técnicas


ambientalmente sustentáveis, foi possível implementar algumas boas práticas que
priorizassem a diminuição do gasto energético e de água, listadas abaixo.

 Iluminação e ventilação natural

O critério de dimensionamento das aberturas laterais para iluminação natural foi o


mesmo da ventilação, 1/8 da área do ambiente, esse valor corresponde ao mínimo
necessário, como a intenção do projeto é que se priorize esse artifício, as janelas
são de vidro e foram dimensionadas com áreas correspondentes a 3,70x2,30 m

47
sendo que cada espaço em geral possui mais de uma. Todos os ambientes
possuem iluminação natural.(Pranchas 1 e 2).

No caso da iluminação zenital, presente na escada 1 e corredor, foram


correspondentes as áreas desses ambientes. No corredor, por exemplo, esse
recurso foi de grande relevância, pois não possui nenhum outro tipo de luminosidade
natural no espaço (Prancha 8).

Os parâmetros correspondentes à ventilação natural são equivalentes aos da


iluminação, desta forma as janelas, principais elementos de ventilação, foram
dimensionadas com base nos mesmos critérios, foi previsto ventilação natural para
todas as áreas (Prancha 8).

 Captação de água da chuva

Em Cruz das Almas a precipitação média anual, conforme o site Climate-Data.Org é


de 1136 mm, com valores significativos mesmo nos meses mais secos do ano,
sendo portanto, propicio a instalação de um sistema de captação.

Para captação da água da chuva é necessário a implementação de um conjunto


composto por uma superfície de captação, que no projeto em questão foi utilizado o
telhado da construção, calhas e tubulações de PVC e um reservatório. Para
dimensionamento do reservatório utilizou-se o Método Prático Inglês:

V = 0,05 x P x A

Para efeito de cálculo foi considerada uma área de 100 m², isso para não haver um
superdimensionamento do reservatório, obteve-se como volume do reservatório 6,00
m³ (Prancha 8).

Este reservatório serve para abastecimento de fins não potáveis, como bacias
sanitárias e jardins, por se tratar de uma edificação de uso público, também será
utilizado para reserva de incêndio, que conforme Massano (2015) correspondente a
20% do volume de consumo, ou seja, 1 m³.

48
 Painel solar na cobertura

O sistema fotovoltaico foi disposto sobre a cobertura, pois não bloqueia a passagem
da luz natural. Conforme Medeiros (2012) o local de disposição de melhor eficiência
é voltada ao norte da construção, porém no projeto em questão, foi utilizado todo o
telhado, para um maior aproveitamento desse mecanismo. (Prancha 9).

49
5. CONCLUSÃO

Como resultado foi obtido um projeto arquitetônico de um centro cultural que visa
atender as formas de manifestação artístico-culturais do município, priorizando
também a sustentabilidade e a acessibilidade a partir de uma proposta de
revitalização arquitetônica.

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APÊNDICES

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