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SOBRAL – CE
2013
MARCOS ANTÔNIO CARVALHO DA SILVA
SOBRAL – CE
2013
ii
MARCOS ANTÔNIO CARVALHO DA SILVA
BANCA EXAMINADORA
iii
À minha avó Alzira do Espírito Santo
DEDICO
iv
“...por isso espero que o tempo passe,
e que eu me torne agora uma pessoa nova
pra continuar.”
Marcos Carvalho (1989 – presente)
v
AGRADECIMENTOS
vi
RESUMO
vii
ABSTRACT
Keywords: Housing deficit. Public policies. Sobral. Programa Minha Casa Minha
Vida.
viii
LISTA DE FIGURAS
ix
LISTA DE GRÁFICOS
x
LISTA DE TABELAS
xii
LISTA DE QUADROS
xiii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
xiv
PLHIS - Plano Local de Habitação de Interesse Social
TR - Taxa Referencial
xv
SUMÁRIO
Agradecimentos................................................................................................................. v
Resumo.............................................................................................................................. vi
Lista de Figuras.................................................................................................................. ix
Lista de Gráficos................................................................................................................ x
Lista de Tabelas................................................................................................................ xi
Lista de Quadros................................................................................................................ xiii
Lista de Abreviaturas e Siglas........................................................................................... xiv
1. Introdução..................................................................................................................... 1
2. Objetivos....................................................................................................................... 2
2.1 Objetivo Geral.............................................................................................................. 2
2.2 Objetivos Específicos.................................................................................................. 2
3. Fundamentos Teóricos................................................................................................... 4
3.1 Panorama Nacional de Habitações.............................................................................. 4
3.1.1 Habitação: Conceito.................................................................................................. 4
3.1.2 Habitação de Interesse Social................................................................................... 5
3.1.3 Fatores Agravantes à Questão da Habitação............................................................. 6
3.1.3.1 A Questão Fundiária ............................................................................................ 6
3.1.3.2 Domicílios Vagos.................................................................................................. 7
3.1.3.3 Locação de Imóveis............................................................................................... 7
3.1.3.4 Planejamento Territorial, Mobilidade e Transporte Urbano.................................. 8
3.1.3.5 Assentamentos Precários....................................................................................... 8
3.1.4 Panorama Nacional de Habitações: Um Breve Histórico......................................... 9
3.1.5 Em Números............................................................................................................. 12
3.2 Políticas, Planos e Programas Governamentais de Habitação..................................... 15
3.2.1 A Política Nacional de Habitação............................................................................. 16
3.2.1.1 O Sistema Nacional de Habitação......................................................................... 16
3.2.1.1.1 Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social........................................... 17
xvi
3.2.1.1.2 Sistema Nacional de Habitação de Mercado...................................................... 18
3.2.1.2 Desenvolvimento Institucional.............................................................................. 21
3.2.1.3 Sistema de Informação, Avaliação e Monitoramento da Habitação...................... 21
3.2.1.4 Plano Nacional de Habitação................................................................................. 22
3.2.2 Políticas Habitacionais nas Demais Esferas Governamentais.................................. 27
3.2.3 Plano Local de Habitação de Interesse Social de Sobral.......................................... 28
3.2.4 O Programa Minha Casa Minha Vida....................................................................... 34
3.2.4.1 Recursos................................................................................................................. 36
3.2.4.2 Impacto Econômico............................................................................................... 36
4. Metodologia................................................................................................................... 38
5. Estudo de Caso............................................................................................................... 41
5.1 A Cidade de Sobral...................................................................................................... 41
5.1.1 Localização............................................................................................................... 41
5.1.2 Hidrografia................................................................................................................ 43
5.1.3 Clima e Vegetação.................................................................................................... 45
5.1.4 Estrutura da População............................................................................................. 45
5.1.5 Influência de Sobral Sobre a Região......................................................................... 49
5.1.6 A Questão Habitacional na Cidade de Sobral........................................................... 51
5.2 Programa Minha Casa Minha Vida em Sobral............................................................ 65
5.2.1 Residenciais Jatobá I e II.......................................................................................... 65
5.2.2 Orgulho Tropical – Etapas I, II e III......................................................................... 67
6. Resultados e Discussões................................................................................................ 70
7. Conclusão....................................................................................................................... 73
8. Referencial Bibliográfico............................................................................................... 75
xvii
1. Introdução
Nos últimos 20 anos a cidade de Sobral vem sofrendo transformações nos mais
diversos aspectos urbanos, evidenciando um constante desenvolvimento socioeconômico.
Essa questão afeta diretamente a qualidade de vida das camadas sociais menos privilegiadas
do município, camadas essas ditas “extremamente pobres” e “pobres”, segundo classificação
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA para os municípios do país que, apesar
do notável crescimento econômico no período de 2000 a 2010, ainda somam 34,1% da
população total, segundo pesquisa elencada pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento – PNUD. É importante salientar que há o fenômeno do crescimento
demográfico constante na região, em parte por uma população flutuante provinda de outros
municípios devido aos serviços e oferta de trabalho existentes na cidade, deixando então
como um questionamento primordial: essas transformações atenderão a toda a demanda?
PNUD/IPEA/FJP (2013)
1
a oferta de habitações, principalmente nas áreas urbanas (MINISTÉRIO DAS CIDADES,
2004. p. 17).
Em Sobral o que se observa é uma intensa movimentação nesse sentido, o do
desenvolvimento, porém permeado pela questão da oferta versus demanda. Por essa razão Fo
observada a necessidade de elaboração de uma análise aprofundada a respeito das
transformações que o município de Sobral vem apresentando, se os objetivos e metas dos
programas sociais estão ou estarão atendendo às demandas. Como os processos são muitos e
passíveis de análise detalhada, visto que, como será descrito posteriormente, a cidade conta
com mais de uma dezena de projetos relativos às questões habitacionais, foi escolhido um
único processo do todo, apesar de que todos esses processos estão entrelaçados. O processo
escolhido foi a implantação do Programa Minha Casa Minha Vida no município, de modo
que, neste trabalho, serão apresentados os vários aspectos desse programa, do município, bem
como dados de cunho histórico, social, econômico e ambiental, fazendo uma análise da
situação atual e futura das habitações de interesse social na cidade, e um quadro comparativo
entre o alcance do programa e a necessidade municipal como um todo.
2
2. Objetivos
3
3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Para entender melhor a dimensão do que vem a ser a questão habitacional, é preciso,
antes de tudo, entender o que vem a ser habitação .
De um modo mais simplório, a habitação é qualquer moradia, vivenda ou residência,
porém, num contexto mais aprofundando, é um conceito que envolve uma considerável
quantidade de características intrínsecas e entrelaçadas fundamentais na vida humana.
Para Fernandes (2003), antes de mais nada, a habitação desempenha três funções
fundamentais: social, ambiental e econômica.
a) Como função social, a habitação é o espaço onde a família se abriga e, por
conseqüência, acomoda as tarefas de alimentação, descanso, atividades
fisiológicas e convívio social. Torna-se, então, um fator para o seu
desenvolvimento.
b) Como função ambiental, habitações exigem transformações no meio em que
são implantadas, fazendo com que se trabalhe a sua inserção no ambiente
urbano, prevendo que se assegurem os princípios básicos de infra-estrutura,
saúde, transportes, educação, trabalho e lazer para os habitantes.
c) Como função econômica, a produção de habitações oferece novas
oportunidades de geração de emprego e renda, influencia os mercados
imobiliários de bens e serviços e gera oportunidades de geração de emprego e
4
renda. Na habitação muitas vezes ocorrem, em determinadas situações,
atividades de trabalho, como pequenos negócios (ABIKO, 1995).
A habitação é um bem de consumo inevitável na vida do ser humano. Porém, seu alto
custo em contraste com a demanda de pessoas pertencentes às classes menos privilegiadas
economicamente gera uma problemática dentro da questão da habitação.
O termo Habitação de Interesse Social (HIS) tem prevalecido nos estudos sobre gestão
habitacional e vem sendo utilizado por várias agências, instituições e afins, como apresentado
a seguir (ABIKO, 1995):
a) Habitação de baixo custo: termo utilizado para designar habitação barata sem
que haja necessariamente uma ligação com populações de baixa renda;
b) Habitação para populações de baixa renda: termo equivalente à habitação de
interesse social, trazendo a necessidade de se definir a renda dos indivíduos ou
grupos situados na faixa de atendimento de serviço;
c) Habitação popular: termo genérico que engloba todas as soluções que se
destinam a atender as necessidades habitacionais.
Essas habitações podem ter caráter unifamiliar, ou seja, abrigarem uma única família
em uma edificação que preenche a totalidade de um lote urbano; ou multifamiliar, quando a
área do imóvel é subdividida para a utilização por diversas famílias. Confere-se ainda nas
edificações de habitação o tipo construtivo conhecido como geminado, onde dois ou mais
domicílios, uni ou multifamiliares, compartilham de uma mesma estrutura. Para as habitações
de interesse social, além de conter um espaço confortável, seguro e salubre, necessário que
seja considerada de forma mais abrangente (ABIKO, 1995):
a) Serviços urbanos: atividades que atendam às necessidades coletivas de
abastecimento de água, coleta de esgotos, distribuição de energia elétrica,
transporte público, etc.;
b) Infraestrutura urbana: redes físicas de distribuição de água, coleta de esgoto e
resíduos sólidos, redes de drenagem, comunicação, sistema viário, etc;
c) Equipamentos sociais: edificações e instalações destinadas às atividades de
lazer, educação, saúde, etc.
5
Podem-se concluir os seguintes requisitos básicos que caracterizam a Habitação de
Interesse Social:
a) É financiada pelo poder público, mas não necessariamente produzida pelos
governos, podendo a sua produção ser assumida por empresas, associações e
outras formas instituídas de atendimento à moradia;
b) É destinada, sobretudo, a faixas de baixa renda que são objeto de ações
inclusivas, notadamente as faixas até 3 salários mínimos;
c) Embora o interesse social da habitação se manifeste sobretudo em relação ao
aspecto de inclusão das populações de menor renda, pode também manifestar-
se em relação a outros aspectos, como situações de risco, preservação
ambiental ou cultural.
A habitação de interesse social e suas variáveis, portanto, interagem com uma série de
fatores sociais, econômicos e ambientais, e é garantida constitucionalmente como direito e
condição de cidadania.
A Política Nacional de Habitação numerou uma série de fatores que podem contribuir
para o agravamento da questão habitacional no país:
6
jurídica do País, e o Estatuto da Cidade não foram totalmente incorporados às práticas
administrativas dos Municípios, Estados, Distrito Federal e União. Nem no poder judiciário
no processo de regulamentação.
Sobre a regularização fundiária, por mais que se atenda a todos os requisitos legais
para que ocorra de fato, é um processo difícil e raramente chega ao registro final de títulos em
cartório e inscrição nos cadastros da cidade, pois os procedimentos são complexos,
envolvendo um grande número de instituições públicas cujos interesses quase nunca
convergem ao mesmo objetivo.
Conforme censo realizado pelo IBGE em 2010, num intervalo de dez anos cresceu em
quatro pontos percentuais a proporção de casas alugadas no Brasil. Em 2000, 14% dos
domicílios pesquisados eram alugados. Em 2010, passaram para 18%. Esse percentual
representa 10,5 milhões de casas de aluguel.
O ônus excessivo do aluguel, que compromete 30% ou mais do rendimento das
famílias urbanas, é um dos principais problemas da locação para fins de moradia , segundo o
Plano Nacional de Habitação.
Nas favelas mais consolidadas e em áreas periféricas, o crescimento de aluguel de
cômodos é outro fenômeno que tem se intensificado, contribuindo para o adensamento desse
tipo de assentamento. Apesar disso demonstrar, de certo modo, a capacidade de renda de uma
parcela da população menos favorecida economicamente, expõe a irracionalidade do mercado
7
de locação, ineficaz em equilibrar a oferta (representada pelos imóveis vagos) com a demanda
mais necessitada.
8
3.1.4 Panorama nacional de habitações: um breve histórico
9
O fim do século XIX foi marcado pela abolição da escravatura e pela Proclamação da
República, em 1889, fato que levou, durante o início do século XX, a um fenômeno
conhecido como modernização excludente, caracterizado pelo investimento nas áreas que
caracterizam a cidade como hegemônica ou oficial, paralelamente à segregação e
diferenciação acentuada na ocupação dos espaços urbanos, que ocasionou a expulsão de
negros e brancos pobres para as áreas periféricas, morros, várzeas e subúrbios.
A partir da década de 1930, o aumento da população urbana gerado pela crise cafeeira
passou a constituir um mercado consumidor potencialmente forte e também mão de obra
abundante, o que junto de outros fatores veio a contribuir para o desenvolvimento industrial
do Brasil.
A Fundação da Casa Popular (FCP) foi criada em 1946, no então governo de Getúlio
Vargas, e consistiu no primeiro órgão governamental brasileiro a centralizar a política de
habitação. De fato, foi uma resposta do Estado à forte crise nacional de habitação, que atingiu
mormente o antigo Distrito Federal, localizado no Rio de Janeiro. Revelou-se ineficaz
sobretudo devido à falta de recursos e às regras de financiamento, que comprometeram seu
desempenho no atendimento à demanda, atendimento esse restrito a alguns Estados da
federação com produção insignificante de unidades.
Na década de 1950, Juscelino Kubitschek assumiu a presidência da república, trazendo
consigo uma grande novidade: Plano de Metas, que prometia desenvolver o país “50 anos em
5”.
Na verdade, o desenvolvimento industrial favoreceu em suma praticamente apenas o
Sudeste brasileiro, ao passo que nas outras regiões as atividades econômicas tradicionais
permaneceram como predominantes. Com isso, houve o aumento das correntes migratórias,
1
MOTTA, Luana Dias. A Questão Habitacional no Brasil: Políticas Públicas, Conflitos Urbanos e o Direito à
Cidade. Disponível em: http://conflitosambientaismg.lcc.ufmg.br/geral/anexos/txt_analitico/MOTTA_Luana_-
_A_questao_da_habitacao_no_Brasil.pdf - Acesso em: 27/09/2013
10
principalmente do Nordeste rumo ao Sudeste, do campo para as cidades. A grande maioria da
população constituiu-se de trabalhadores que recebiam salários irrisórios, bem como
subempregados, e continuou política e economicamente marginalizada (ARRUDA et al, 2003,
pag. 420)
Na década de 1960, caracterizada pelo Regime Militar, pela primeira vez a população
urbana ultrapassou em números a rural. O governo brasileiro passou a desenvolver programas
de planejamento habitacional, com o objetivo de reduzir o déficit de moradias. Assim foi
criado o Banco Nacional de Habitação – BNH, em 1964, pela deputada Sandra Cavalcanti,
através da Lei 4.380, de 21 de agosto de 1964. O BNH tinha por funções a realização de
operações de crédito, sobretudo crédito imobiliário, e a gestão do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço – FGTS (ARRETCHE, 1990). O banco foi extinto em 1986, através do
Decreto-Lei nº 2.291, de 21 de novembro de 1986, de modo que a Caixa Econômica Federal
assumiu suas principais atividades.
Na década de 1990 houve uma estagnação do fluxo migratório, sendo que no início
dos anos 2000 a população urbana já representava 80% do total de habitantes, conforme censo
feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010.
Em 1994, o governo Federal priorizou a conclusão de obras iniciadas na gestão
anterior, lançando os programas Habitar Brasil e Morar Município, com recursos provindos
do Orçamento Geral da União e do Imposto Provisório sobre Movimentações Financeiras
(IPMF). No ano seguinte é realizada uma reforma no setor da política habitacional, com a
extinção do Ministério do Bem-Estar Social e a criação da Secretaria de Política Urbana
(SEPURB) no âmbito do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), responsável pela
formulação e implementação da Política Nacional de Habitação.
Em 2003, o governo Federal cria o Ministério das Cidades, que passa a ser o órgão
responsável pela Política de Desenvolvimento Urbano, e dentro dela pela Política Setorial de
Habitação. No mesmo ano o Ministério das Cidades articulou a realização de Conferências
municipais, regionais e estaduais que culminaram na criação do Conselho das Cidades e a
aprovação das diretrizes para a nova Política Nacional de Desenvolvimento Urbano.
11
No ano de 2009, no governo do então presidente Luís Inácio Lula da Silva, foi lançado
o programa habitacional Minha Casa Minha Vida, instituído pela Lei nº 11.977, de 7 de julho
de 2009. Constituído por dois programas, o Programa Nacional de Habitação Urbana e o
Programa Nacional de Habitação Rural, possuía a meta inicial de construção de um milhão de
moradias para atender famílias com renda de até 10 salários mínimos. O programa foi
reformulado pela atual presidente Dilma Rousseff, por via da Lei nº 12.424, de 16 de junho de
2011, que estabeleceu novas diretrizes e metas para o programa, pretendendo assim construir
mais 2 milhões de casas até 2014, sendo que 60% destas estarão sendo destinadas à população
de baixa renda.
3.1.5 Em números
12
Conforme essa metodologia, o déficit habitacional surge quando há pelo menos uma
das quatro situações: domicílios precários (improvisados ou rústicos), situação de coabitação
(onde famílias residem em um mesmo espaço habitacional); domicílios onde o valor de
aluguel é maior que 30% da renda familiar total; e domicílios alugados com mais de três
habitantes utilizando o mesmo cômodo.
O gráfico a seguir demonstra a distribuição de habitações de acordo com a condição de
ocupação:
Gráfico 3 – Distribuição dos domicílios particulares permanentes por condição de ocupação – 2011
13
Gráfico 4 – Distribuição dos domicílios particulares permanentes por existência de rede geral de abastecimento
de água – 2011.
Gráfico 5 – Distribuição dos domicílios particulares permanentes por tipo de esgotamento sanitário – 2011
14
Tratando-se de existência de serviço de coleta de lixo, no Brasil, os domicílios particulares
permanentes estão agrupados em três classes distintas: Lixo coletado diretamente, lixo
coletado indiretamente e sem serviço. A nível nacional e regional, a distribuição se msra
como no gráfico a seguir:
Gráfico 6 – Distribuição dos domicílios particulares permanentes por existência de serviço de coleta de lixo –
2011
A trajetória da política habitacional no Brasil tem sido marcada pelas muitas mudanças
na concepção e no modelo de intervenção do poder público nesse setor, que ainda hoje não
atingiu sua plenitude, principalmente por conta do mau equacionamento do problema da
moradia às camadas menos favorecidas da sociedade.
15
Certamente há um imenso desafio frente ao déficit habitacional, acumulado em toda a
história do país, e à demanda futura por novas moradias. A problemática, permeada por
debates nas mais diferentes esferas políticas, mostra-se suscetível à resolução definitiva, em
tese, porém é preciso que haja uma real participação ativa e integração entre os setores
públicos, privados, agentes e movimentos sociais, algo ainda distante no Brasil provavelmente
por conta de uma cultura política e socioeconômica ainda alienada.
Em consonância com o disposto na Constituição Federal de 1988, artigo 6º, que fala
sobre o direito à moradia digna, e com o Estatuto das Cidades, que estabelece a função social
da propriedade, o objetivo mor da Política Nacional de Habitação – PNH é promover
condições de acesso à moradia digna a todos os segmentos da população, em especial àqueles
de baixa renda, em caráter de inclusão social, integrando-se ainda com a Política Nacional de
Desenvolvimento Urbano.
A Política Fundiária2 estabelece as bases das políticas urbanas na esfera municipal que
viabilizam a realização de programas habitacionais, através de instrumentos como os Planos
Diretores Municipais, a Regularização Fundiária e a revisão da Legislação Urbanística e
Edilícia, de modo que cumpre papel estratégico na implantação da PNH.
São instrumentos da PNH3:
a) O Sistema Nacional de Habitação – SNH;
b) O Desenvolvimento Institucional;
c) O Sistema de Informação, Avaliação e Monitoramento da Habitação e;
d) O Plano Nacional de Habitação.
2
MINISTÉRIO DAS CIDADES. Planejamento Territorial Urbano e Política Fundiária, 2004.
3
MINISTÉRIO DAS CIDADES. Política Nacional de Habitação, 2004.
16
onerosos necessários à implementação da PNH. É fragmentado em dois subsistemas: o de
Habitação de Interesse Social e o de Habitação de Mercado.
17
f) Órgãos e instituições da administração pública que desempenhem funções
complementares ou afins com a habitação, no âmbito da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios;
g) Entidades privadas que desempenhem atividades na área habitacional, afins ou
complementares, todos na condição de agentes promotores das atividades que
se anexem no SNHIS; e
h) Agentes financeiros autorizados pelo Conselho Monetário Nacional a atuar no
Sistema Financeiro da Habitação – SFH.
4
Títulos de longo prazo lastreados em créditos imobiliários - fluxo de pagamentos de contraprestações de
aquisição de bens imóveis, ou de aluguéis – emitidos por sociedades securitizadoras. Qualquer pessoa pode
investir nessa modalidade, com valores mínimos a partir de R$ 1000,00, desde que seja cliente de uma corretora
18
eles lastreados e administração dos contratos adquiridos e a colocação desses
certificados no mercado. Essas companhias representam a capacidade de
integrar o SNH ao mercado de capitais, o que amplia os recursos disponíveis
ao financiamento;
d) Cooperativas de crédito habitacional – As Cooperativas de Crédito
Habitacional – CCH reúnem cooperados, captam recursos para a produção de
empreendimentos e concedem financiamentos, dispondo ainda da modalidade
de financiamento coletivo, o que pode possibilitar, dentre outras questões, a
aquisição e reabilitação de edificações coletivas deterioradas e a manutenção
de parques habitacionais;
e) Consórcios habitacionais – podem elevar a poupança destinada à produção
habitacional em contrapartida à comercialização de imóveis novos e usados
existentes no estoque imobiliário; e
f) Agentes promotores – podem ser agentes promotores públicos ou privados e
têm por finalidade organizar empreendimentos e reunir a demanda.
As medidas traduzidas na lei nº 10.931 de 2 de agosto de 2004, que trata do
patrimônio de afetação de incorporações imobiliárias e documentos imobiliários, foram
utilizadas para ampliar o investimento privado e reduzir o custo do financiamento de
mercado, permitindo o aperfeiçoamento do instituto do patrimônio de afetação; a
obrigatoriedade do pagamento do incontroverso; a inserção do Código Civil da modalidade de
alienação fiduciária como garantia de operações no âmbito do SFI e a aceleração na redução
do Fundo de Compensação da Variação Salarial – FCVS no cálculo do direcionamento de
recursos ao financiamento habitacional pelas entidades do Sistema Brasileiro de Poupança e
Empréstimo – SPBE, que faz parte tanto do SFI como do SFH.
Em suma, conforme a Política Nacional de Habitação (2004, p. 72) a atuação do
Sistema de Habitação de Mercado segue as seguintes premissas de atuação:
a) Possibilitar ao modelo eficiência na captação de recursos;
b) Promover, na geração de créditos, a distribuição territorial mais adequada à
demanda;
c) Fomentar a estruturação de empreendimentos compatíveis com o perfil da
demanda e das metas estabelecidas;
que negocie o produto. A rentabilidade do investimento depende principalmente do IGP-M, IPCA ou TR. Fonte:
http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/invista-ja/tipos-de-investimentos/certificado-de-recebiveis-
imobiliarios.aspx?idioma=pt-br
19
d) Demonstrar agilidade na securitização dos créditos e na sua colocação junto
aos investidores.
Um elemento fundamental para a viabilização do Sistema de Habitação de Mercado,
segundo a Política Nacional de Habitação (2004, p. 74), é o estímulo ao mercado privado.
Além disso, é indispensável que seja garantida a segurança jurídica dos contratos diante de
um conjunto de instrumentos legais que desde já tutelem os direitos do adquirente, para não
permitir abusos por parte do financiador, mas que não impeçam os investimentos necessários
ao setor.
A revisão da legislação urbana, dentro do contexto do Subsistema de Habitação de
Mercado, é um instrumento que barateira e facilita a promoção imobiliária. Outros
instrumentos como a definição de prazos para a aprovação de projetos, a compatibilização das
legislações dos três níveis de governo, especialmente a ambiental, e a simplificação de
processos e especificações, em consonância com a redução de taxas em cartórios, contribuem
para o aumento da eficiência desse subsistema.
20
3.2.1.2 Desenvolvimento Institucional
21
instrumento da PNH que fomenta a proposta. É interessante frisar que o Simahab também faz
parte da Política de Informação das Cidades – PIC.
Desenvolvido em sintonia com o modelo proposto pelo Programa das Nações Unidas
para os Assentamentos Humanos – UN-Habitat, qualifica o indicador habitacional como
instrumento essencial na tomada de decisões, formulação de políticas públicas urbanas e no
monitoramento e avaliação de seus programas e projetos.
Uma das características primordiais desse sistema é a manutenção de parcerias
institucionais e cooperação com instituições técnicas de pesquisa que tratam da apuração e
análise de dados relativos ao setor habitacional, como o IBGE, por exemplo. Mecanismos
articulam, sistematizam e validam informações relativas ao conjunto de políticas, programas e
ações dispersas e fragmentadas dentro do contexto habitacional. Dessa forma, o Sistema
Nacional de Habitação cumpre com o papel de setor transparente, divulgando os resultados da
ação pública e de certo modo garantindo a sua utilização, validação e retroalimentação.
Basicamente, a finalidade das avaliações pode ser manifestada em quatro objetivos
inerentes: a prestação de contas à sociedade; o auxílio na tomada de decisões; o
aprimoramento da concepção e da gestão do PNH e dos programas e; a promoção do
aprendizado.
Os principais critérios que norteiam a formulação e a implantação do Simahab
englobam a desigualdade regional, a segregação territorial, a diversidade social em termos de
gênero, de etnia, de classes de renda, de acessibilidade aos serviços e equipamentos sociais e
urbanos. Como indicadores auxiliares, participam a redução da renda em contrapartida ao
aumento dos custos de moradia, o acesso inadequado aos serviços de saneamento e o aumento
das desigualdades sociais.
22
Previsto na Lei 11.124/2005, que estruturou o Sistema Nacional de Habitação de
Interesse Social, o PlanHab foi elaborado sob a coordenação da Secretaria Nacional de
Habitação do Ministério das Cidades. Tem como principal objetivo formular estratégias de
longo prazo para equacionar as necessidades habitacionais do país, direcionando da forma
mais racional possível, os recursos existentes e potenciais, dentro dos quatro eixos
estruturadores:
a) modelo de financiamento e subsídio;
b) política urbana e fundiária;
c) arranjos institucionais e;
d) cadeia produtiva na construção civil, conforme publicação específica do
Ministério das Cidades e da Secretaria Nacional de Habitação de 2009.
O PlanHab tem um horizonte temporal de 15 anos, tempo no qual se estima uma
demanda por 35 milhões de unidades habitacionais no país, segundo estudo realizado pelo
Centro de Planejamento Regional de Minas Gerais – CEDEPLAR, que agrega o déficit
acumulado e a demanda futura, gerada pela formação de novas famílias. Nesse horizonte se
insere ainda a premência em se urbanizar milhares de assentamentos precários, de modo que,
nesse ambiente, o Plano deve agir equacionando a problemática e ainda tentar transformá-la
num elemento chave no processo de desenvolvimento socioeconômico brasileiro, dentro do
horizonte temporal estabelecido. Nesse caso, o horizonte temporal do PlanHab é o ano de
2023, todavia o Plano está sujeito a revisões periódicas devido ao dinamismo dos parâmetros
relevantes à questão da habitação. Essas revisões ocorrem a cada ciclo governamental, ou seja
de quatro em quatro anos, resultando em revisões nos anos de 2011, 2015 e 2019.
Um dos princípios da elaboração do PlanHab é o da diversidade regional. Dentro
deste, observa-se o quão inadequada é a divisão administrativa em estados e regiões no intuito
de traçar estratégias e análises da questão da moradia, visto que cada cidade ou complexo
urbano-rural possui caracteres bem particulares, situações urbanas e habitacionais muito
diversas. De fato, o PlanHab buscou complementar seu rol de leituras, com outras de cunho
regional, baseadas na construção de uma tipologia de cidades bastante utilizada nas análises,
propostas e simulações, tipologia essa adaptada do estudo Tipologia das Cidades Brasileiras,
elaborado pelo Observatório das Metrópoles para o Ministério das Cidades, em 2005, que
também serviu como base na elaboração da Política Nacional de Desenvolvimento Regional
– PNDR.
23
A tipologia consiste na análise e classificação dos municípios brasileiros seguindo
parâmetros como:
a) Número de habitantes;
b) Importância metropolitana;
c) Polarização regional;
d) Variáveis socioeconômicas;
e) Níveis de pobreza.
Esses parâmetros são fundamentais na elaboração de programas habitacionais
específicos para cada cidade ou grupo de cidades, como o Plano Local de Habitação de
Interesse Social – PLHIS da cidade de Sobral, que será abordado em um capítulo posterior.
Os parâmetros definem ainda os tipos de produto habitacional mais adequados à região,
processos de produção, custo da terra, entre outros aspectos.
No cenário tipológico, a rede urbana nacional foi dividida em 11 tipos de municípios,
que foram agrupados segundo os aspectos mais relevantes à questão habitacional.
24
Quadro 1 – Síntese da tipologia de municípios adotada no PlanHab
(continuação)
Centros urbanos em espaços rurais prósperos
Municípios que estão crescendo moderadamente, situados nas
F
microrregiões mais ricas do país. Têm mais condições de enfrentar o
déficit com recursos próprios.
Centros urbanos em espaços rurais consolidados, com algum grau de
Municípios com
dinamismo
população entre 20 e
G Municípios situados em microrregiões historicamente de maior pobreza e
100 mil habitantes
relativa estagnação, mas apresentam situação mais positiva em comparação
com aos demais tipos subseqüentes.
Centros urbanos em espaços rurais com elevada desigualdade e pobreza
H Municípios que se destacam pelos níveis mais elevados de pobreza, maior
número de domicílios sem banheiro e alto déficit habitacional relativo.
Municípios com I Pequenas cidades em espaços rurais prósperos
população com Pequenas cidades em espaços rurais consolidados, mas de frágil
J
menos de 20 mil dinamismo recente
habitantes K Pequenas cidades em espaços rurais de pouca densidade econômica
(conclusão)
Fonte: MINISTÉRIO DAS CIDADES (2009. p. 15).
25
Figura 2 – Tipologias de municípios PlanHab
28
c) Compatibilidade e integração das políticas habitacionais federal, estadual, do
Distrito Federal e municipal, bem como das demais políticas setoriais de
desenvolvimento urbano, ambientais e de inclusão social;
d) Função social da propriedade urbana, buscando implementar instrumentos de
reforma urbana a fim de possibilitar melhor ordenamento e maior controle do
uso do solo, de forma a combater a retenção especulativa e garantir acesso à
terra urbanizada;
e) Questão habitacional como uma política de Estado, uma vez que o poder
público é agente indispensável na regulação urbana e do mercado imobiliário,
na provisão da moradia e na regularização de assentamentos precários,
devendo ser, ainda, uma política pactuada com a sociedade e que extrapole um
só governo;
f) Gestão democrática com participação dos diferentes segmentos da sociedade,
possibilitando controle social e transparência nas decisões e procedimentos; e
g) Planejamento do desenvolvimento da cidade, da distribuição espacial da
população e das atividades econômicas, de modo a evitar e corrigir as
distorções do crescimento urbano.
29
d) Sustentabilidade econômica, financeira e social dos programas e projetos
implementados;incentivo à implementação dos diversos institutos jurídicos
que regulamentam o acesso à moradia, previstos no Estatuto da Cidades e
outros;
e) Incentivo à pesquisa, incorporação de desenvolvimento tecnológico e de
formas alternativas de produção habitacional;
f) Adoção de mecanismos de acompanhamento e avaliação e de indicadores de
impacto social das políticas, planos e programas;
g) Observar mecanismos de quotas para idosos, deficientes e famílias chefiadas
por mulheres dentre o grupo identificado como o de menor renda; e
h) Desenvolvimento institucional, para que a atuação local tenha cada vez mais
institucionalidade, com a criação de órgão próprio ou com a internalização em
algum órgão já estruturado e relacionado com a problemática da habitação e
que possa contar com os meios administrativos, técnicos e financeiros
necessários.
São determinados no PLHIS de Sobral os objetivos da política municipal de habitação,
que devem expressar as metas, esboçando a situação que deve ser tratada:
a) A garantia do direito universal à moradia digna, democratizando o acesso à
terra urbanizada, à moradia e aos serviços públicos de qualidade, ampliando a
oferta de habitações e melhorando as condições de habitabilidade da
população de baixa renda.
b) O atendimento às necessidades habitacionais do conjunto da sociedade,
atuando de forma diferenciada segundo os segmentos de renda da população,
tendo como prioridade o atendimento à faixa de menor renda.
c) A produção de Habitação de Interesse Social (HIS) e Habitação de Mercado
Popular (HMP) por demais agentes da produção habitacional, tais como a
iniciativa privada e as associações e cooperativas populares de produção de
moradias.
d) A sustentabilidade social, econômica e ambiental dos programas
habitacionais, através de sua articulação com as políticas de desenvolvimento
econômico e social e de gestão ambiental.
e) O combate ao processo de segregação sócio-espacial, por intermédio da oferta
de áreas, do incentivo e indução à produção habitacional dirigida aos
30
segmentos sociais de menor renda, bem como pela urbanização e
regularização dos assentamentos precários ocupados por população de baixa
renda; incentivando o crescimento harmonioso e sustentável da cidade.
f) A execução de projetos habitacionais que integrem a área urbana constituída
com vazios urbanos.
g) A escolha das prioridades guiadas pelos critérios técnicos e aprovadas pela
opinião popular e do Conselho Gestor do FMHIS.
h) As diretrizes mínimas que direcionam o PLHIS de Sobral ao enfrentamento
dos problemas específicos do município são listadas a seguir:
i) Propiciar e garantir a participação popular, bem como das universidades,
ONGs, entidades técnicas e empresariais, nos processos de planejamento e
decisões através principalmente da atuação do Conselho Gestor de Habitação;
j) Garantir o direito à habitação através da integração das ações definidas pelo
PLHIS às demais políticas urbanas, sociais e ambientais, incluindo, para isso,
os equipamentos sociais e a infra-estrutura urbana; o adequado sistema de
mobilização; a proteção dos recursos naturais e da paisagem;
k) Viabilizar a reabilitação e o repovoamento de áreas centrais, mediante a
reforma e reciclagem de edifícios vazios ou subutilizados;
l) Aplicar os instrumentos do Estatuto da Cidade e do Plano Diretor que
possibilitam o acesso à terra urbanizada nos Programas Habitacionais de
Interesse Social, permitindo a utilização adequada de áreas vazias ou
subutilizadas;
m) Praticar as orientações definidas no Plano Diretor quanto às ZEIS para que se
utilize com eficácia os terrenos vazios e em localizações privilegiadas, com o
propósito de diminuir os vazios urbanos e as áreas subutilizadas;
n) Atuar de forma planejada para garantir, à população de baixa renda, áreas
dotadas de infra-estrutura completa, sem risco e juridicamente resolvida;
o) Regulamentar a situação fundiária e promover a urbanização das áreas com
indícios à subnormalidade do município;
p) Fiscalizar e coibir ocupações habitacionais irregulares em áreas inadequadas
como: áreas de preservação ambiental, áreas de risco, áreas contaminadas e
áreas de bem de uso comum;
31
q) Fiscalizar e não permitir o adensamento e ampliação dos assentamentos
precários;
r) Realizar ações para reabilitação física e ambiental em áreas de risco;
s) Garantir, em casos de necessidade de remoção de famílias em áreas de risco,
ou por necessidade de obras de urbanização, o atendimento habitacional das
famílias a serem removidas, com a participação dessas no processo de decisão;
t) Manter ações de crédito para reforma, ampliação e melhorias das habitações
em áreas necessitadas com o intuito de promover a melhoria das moradias e o
bem-estar da população;
u) Estimular parcerias entre os setores público, privado e associações e
cooperativas populares apoiando à formação de agentes promotores e
financeiros não estatais, em projetos de provisão de novas oportunidades
habitacionais;
v) Estimular a produção, pelo mercado imobiliário, de habitação de interesse
social ou de mercado popular, através da simplificação e agilização nos
procedimentos de aprovação de novos empreendimentos habitacionais;
w) Assegurar o apoio e o suporte técnico às iniciativas individuais ou coletivas da
população para produzir ou melhorar sua moradia;
x) Atuar na formatação de programas, projetos e ações que viabilizem a
ocupação habitacional nas ZEIS
y) Manter atualizado o banco de dados de áreas públicas, garantindo informações
precisas junto ao registro de imóveis;
z) Incentivar programas e ações habitacionais alternativos como o aluguel social,
o leasing, a autogestão e o consórcio, incrementando o comércio e o
aproveitamento de imóveis usados ou vazios;
aa) Regulamentar de forma eficaz, os arcabouços jurídicos necessários ao acesso à
moradia;
bb) Cooperar em conflitos relacionados com o uso e a posse de imóveis, visando
evitar despejos e ações reintegratórias;
cc) Desenvolver equipe técnica para solucionar, junto aos Cartórios de Registro de
Imóveis, as pendências contratuais e de regularização de registros imobiliários
existentes e os problemas relativos à aprovação e registro dos parcelamentos e
lotes resultantes dos processos de urbanização;
32
dd) Articular com os governos, estadual e federal, os recursos disponíveis para o
financiamento habitacional, visando à otimização e melhor utilização destes;
ee) Aprimorar e ampliar a captação de recursos junto a outras esferas de governo
(federal e estadual), e agentes financeiros (CEF) para projetos habitacionais de
interesse social;
ff) Estimular a multiplicidade de soluções arquitetônicas e urbanísticas nos
projetos habitacionais, visando à melhoria da qualidade paisagística e
ambiental;
gg) Aplicar os parâmetros de padrão urbanísticos previstos em lei aos
empreendimentos habitacionais de interesse social;
hh) Fiscalizar os empreendimentos quanto aos critérios de acessibilidade universal
e de necessidades especiais dos portadores de deficiências;
ii) Estimular a criação de um padrão construtivo constituído de características
sustentáveis que garantam a conservação de água e energia; permitam e
incentivem a reciclagem de resíduos sólidos; promovam e valorizem as áreas
verdes e de lazer;
jj) Qualificar os técnicos para que elaborem projetos de qualidade, adequados aos
recursos disponíveis, que respeitem as normas do PLHIS e sejam compatíveis
às necessidades das famílias, público alvo do projeto;
kk) Investir na qualificação técnica do trabalho de acompanhamento e assessoria
técnica, e de fiscalização da qualidade das obras e serviços contratados;
ll) Proporcionar o acesso à assessoria jurídica, de engenharia e arquitetura, aos
representantes das comunidades, associações e organizações envolvidas nos
projetos de habitação de interesse social;
mm) Manter um banco de dados integrado que permita monitorar a situação
habitacional do município, disponível aos membros do Conselho Gestor do
FMHIS;
nn) Divulgar publicamente as ações e o desenvolvimento do PLHIS, garantindo o
acompanhamento da comunidade e de todas as organizações envolvidas;
oo) Fortalecer o Conselho Gestor do FMHIS garantindo-lhe participação efetiva
nas decisões relativas à Habitação de Interesse Social; e
33
pp) Articular as ações da política habitacional a programas dirigidos à inclusão
social, através da geração de renda, emprego e capacitação dos grupos
excluídos ou vulneráveis.
Todos esses objetivos, metas e diretrizes estão expostos nas publicações da Prefeitura
Municipal de Sobral sobre o PLHIS, datadas de 2010 e 2012. Na elaboração e implementação
do Plano, foi feito todo um estudo dos mais variados aspectos do município, podendo ser
citados os aspectos socioeconômicos, geopolíticos e demográficos, cruciais no diagnóstico da
situação habitacional do município. Esses aspectos serão abordados de forma detalhada e
sistemática no capítulo seguinte.
34
locais de habitação, quando existentes, e em conformidade com as respectivas políticas
habitacionais e as regras estabelecidas pelo Poder Executivo Federal. Estes ainda são
responsáveis pela execução do trabalho técnico e social pós-ocupação dos empreendimentos
implantados.
Durante o governo da atual presidenta Dilma Roussef, o PMCMV foi atualizado com a
edição da Medida Provisória nº 514/2010, logo convertida na Lei nº 12.424, de 16 de junho de
2011, da qual foram estabelecidas novas diretrizes e metas para o programa habitacional
dentre elas o financiamento da construção de dois milhões de unidades habitacionais no Brasil
até o ano de 2014, sendo que, ao fim do processo, 60% deverão estar direcionadas a famílias
com renda mensal de até R$ 1.395,00, tudo isso com um investimento que gira em torno de
125,7 bilhões6, entre subsídio e linhas de financiamento. Dentre as diretrizes implantadas na
segunda fase do PMCMV, destacam-se:
a) Redução do déficit habitacional;
b) Inclusão social;
c) Dinamização do setor da construção civil;
d) Geração de trabalho e renda.
Os interessados em participar do Programa devem fazer cadastro específico na sede
administrativa do município, desde que não possuam casa própria ou financiamento em
qualquer unidade da federação, ou tenha recebido anteriormente benefícios de natureza
habitacional do Governo Federal. Conforme a condição financeira, as famílias são
enquadradas em três faixas:
a) Faixa 1 – Famílias com renda mensal bruta de até R$ 1.600,00
b) Faixa 2 – Famílias com renda mensal bruta de até R$ 3.275,00
c) Faixa 3 – Famílias com renda mensal bruta de R$ 3.275,00 até R$ 5 mil.
Para as famílias enquadradas na Faixa 1 (faixa predominante), o PMCMV possui as
seguintes modalidades:
a) Empresas – Nessa modalidade, a maior parte do subsídio provém da União.
Atende por meio de recursos do Fundo de Arrendamento Residencial – FAR.
A parcela paga pelo beneficiário é de 5% da renda mensal, com prestação
mínima de R$ 25.
b) Entidades – A União concede subsídio para a construção das unidades
habitacionais por meio de financiamentos a beneficiários organizados de
6
Como visto em: http://www1.folha.uol.com.br/poder/1026634-com-novas-regras-minha-casa-minha-vida-tera-
cota-para-idosos.shtml - Data de acesso: 13 de dezembro de 2013.
35
forma associativa por uma entidade, ou seja, atende famílias organizadas em
cooperativas habitacionais ou mistas, associações e demais entidades privadas
sem fins lucrativos, com prestação mínima de R$ 25.
c) Municípios com até 50 mil habitantes – O subsídio é da União, sendo que o
valor de contrapartida pode ou não ser cobrado do beneficiário. As famílias
atendidas não integram a regiões metropolitanas das capitais estaduais.
d) FGTS – atende famílias com faixa de renda mensal até o limite do programa
(R$ 5 mil), financiando a habitação com recursos do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço.
e) Rural – modalidade que se destina aos agricultores familiares e trabalhadores
rurais com renda anual bruta de até R$ 15 mil, para o Grupo 1, de R$ 15 mil a
R$ 30 mil para o Grupo 2 e de R$ 30 mil a R$ 60 mil para o Grupo 3.
3.2.4.1 Recursos
36
O programa teve um alcance de 2.863.384 unidades habitacionais contratadas em todo
o país, distribuídas por faixa de renda segundo a tabela a seguir7.
Unidades Habitacionais
Faixas de renda Valor de
Contratadas Concluídas Entregues
investimento
7
Disponível em: http://www2.planalto.gov.br/imprensa/noticias-de-governo/saiba-como-funciona-e-como-
participar-do-programa-minha-casa-minha-vida - Acesso em: 13 de dezembro de 2013.
37
4. Metodologia
38
Figura 3 – Fluxograma dos processos de elaboração do trabalho
Fundamentação teórica
Políticas Perfil do
Panorama Contextualização
Nacionais de município de
Nacional do PMCMV
Habitação Sobral
Atuação do
PMCMV em
Sobral
Resultados e Discussões
40
5. ESTUDO DE CASO
5.1 A cidade de Sobral
Caracterizada por ter inúmeros filhos ilustres que se ascenderam no cenário nacional e
internacional, por ser um pólo cultural e universitário, exercer uma forte influência sobre
praticamente todo o Norte do Estado do Ceará, agregando mais 29 cidades à sua rede de
serviços públicos, a cidade de Sobral foi recentemente categorizada como uma das 70 cidades
em torno do Brasil que compõem a categoria “Capital Regional”, segundo o IBGE 89, trazendo
para o município grande respaldo político e, por conseqüência, uma maior necessidade no que
tange a condições de infraestrutura, saneamento e habitação, visto que a classe geradora de
renda local demanda, e a classe geradora que vem de outras cidades “satélites” também.
5.1.1 Localização
8
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Regiões de Influência das Cidades,
2007. p. 98.
9
Disponível em: http://visaonorte.blogspot.com.br/2010/03/sobral-consolida-sua-area-de-influencia.html -
Acesso em: 7 de dezembro de 2013.
10
Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/ceara/sobral.pdf - Acesso em: 7 de dezembro de
2013.
41
Figura 4 – Mapa do Município de Sobral
A principal via de acesso para a capital Fortaleza é a Rodovia Federal BR-222, que
também faz ligação do estado do Ceará com os estados Piauí, Maranhão e Pará, além de duas
estradas estaduais que ligam Sobral à região litorânea e mais duas que levam ao sertão central
do estado. A via férrea, que atualmente é utilizada apenas para o transporte de cargas, também
serve de acesso à cidade de Sobral.
A tabela a seguir contém os principais dados geopolíticos sobre o município:
42
Tabela 2 – Caracterização do Território
5.1.2 Hidrografia
O município se insere nas bacias hidrográficas do Acaraú, Coreaú e Litoral, sendo que
o seu sistema hidrográfico é formado pelos rios Aracatiaçu, Acaraú e Jaibaras com a
confluência deste último na sede do município.
Da bacia do Rio Acaraú e do Litoral
Figura 5 – Rio Acaraú em Sobral
fazem parte as principais fontes de água,
com diversos açudes que abastecem tanto a
sede como os distritos do município. Da
bacia do Rio Acaraú partem os açudes de
Mocambinho, Cachoeira, Arrebita e,
o maior de todos, o açude Jaibaras. Da bacia
do Litoral partem os açudes Patos, Santo
Antônio do Aracatiaçu e Santa Maria do
Aracatiaçu. Na divisa com o município de
Miraíma, ao Norte, encontra-se o açude São
Pedro Timbaúba. Existem ainda duas
.Fonte: PRÓPRIA (2009)
adutoras que completam o sistema hídrico da
região: Pau d’Arco e Forquilha, além de uma infinidade de poços tubulares. Sobre o Rio
Acaraú, é um rio perene, ou seja, tem fluxo constante em seu leito. Isso ocorre devido à
11
O IDHM é, assim como o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, um índice que mede o
desenvolvimento humano de uma unidade geográfica. Como o IDH foi concebido para ser aplicado no nível de
países e grandes regiões, sua aplicação no nível municipal tornou necessárias algumas adaptações metodológicas
e conceituais. Fonte: http://www.dhnet.org.br/direitos/indicadores/idhm/index.html - Data de Acesso: 7 de
dezembro de 2013.
43
perenização artifical do Açude Araras, no município de Varjota, e do açude Aires de Souza,
no distrito de Jaibaras.
44
5.1.3 Clima e vegetação
Nesse contexto, a cidade de Sobral pode ser considerada uma cidade com boas
condições de desenvolvimento, por apresentar, por assim dizer, relativa qualidade de vida,
acesso a educação e renda dinâmica e crescente, apesar do contraste denotado pelos índices de
desigualdade social.
12
FUNCEME, 2010 apud PREFEITURA MUNICIPAL DE SOBRAL. PLHIS, 2010. p. 8.
13
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sobral_(Cear%C3%A1) –Acesso em: 9 de dezembro de 2013.
14
Disponível em: http://atlasbrasil.org.br/2013/perfil/sobral_ce - Data de Acesso: 7 de dezembro de 2013.
45
Gráfico 7 – IDHM de Sobral
A tabela a seguir denota a evolução da população sobralense dentro das áreas urbanas
e rurais, com a respectiva taxa de urbanização. A fonte não cita se nesse conjunto
populacional se insere a população flutuante (pessoas oriundas de imigração e que poderiam
46
ter emigrado nesses intervalos de tempo). É importante conhecer a evolução populacional
para que se possa mensurar precisamente como a cidade se desenvolve ao longo do tempo.
47
razoável e diversidade de profissionais atuantes, o que a torna referência em saúde, apesar de
o sistema de saúde ainda ser um tanto quanto ineficiente. Somados a essas questões tem-se
ainda a Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, o Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE e a Universidade Federal do Ceará – UFC, ofertando
cursos numa infinidade de áreas acadêmicas vitais. Todos esses aspectos consolidam a cidade
como um verdadeiro centro regional, refletindo direta e indiretamente na renda do município
(PLHIS, 2010).
De fato, a renda per capita média de Sobral cresceu 125,99% nas duas últimas
décadas, passando de R$ 198,63 em 1991 para R$ 299,41 em 2000 e R$ 448,89 em 2010,
como mostra estudo feito pelo PNUD em parceria com o IPEA e a FJP em 2010. Sobre a
desigualdade econômica, o índice de Gini15 passou de 0,59 em 1991 para 0,62 em 2000 e para
0,56 em 2010, o que indica uma diminuição no nível de desigualdade, como demonstrado na
tabela seguir:
15
Cálculo para medir a desigualdade social que aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos
mais ricos.. Disponível em: http://desigualdade-social.info/mos/view/%C3%8Dndice_de_Gini/ - Acesso em: 7
de dezembro de 2013.
48
5.1.5 Influência de Sobral sobre a região
Por possuir equipamentos médicos relativamente mais avançados que os das cidades
circunvizinhas, Sobral também recebe destas um grande contingente de pessoas necessitadas
de tratamento médico especializado, todavia o sistema de saúde local não consegue suprir
toda a demanda, fato evidenciado pela superlotação dos estabelecimentos e demora no
atendimento.17
16
IBGE, Censo 2000 apud PREFEITURA MUNICIPAL DE SOBRAL. PLHIS, 2010.
17
Fonte: OAB – CE. Hospitais Públicos do Ceará Estão Superlotados, 2010. Disponível em: http://oab-
ce.jusbrasil.com.br/noticias/2502052/hospitais-publicos-do-ceara-estao-superlotados - Acesso em: 11 de
dezembro de 2013.
49
Figura 7 – Composição regional e rede urbana existente
50
5.1.6 A questão habitacional na cidade de Sobral
51
distribui em dois tipos de domicílio: os particulares e os coletivos. A tabela a seguir
demonstra como ocorre essa distribuição em Sobral.
Total 60042
Rural 7961
Total 59981
Rural 7958
Total 50592
Rural 5765
Total 9389
Rural 2193
Total 2739
Rural 497
Total 6650
Rural 1696
Total 61
Coletivo Urbana 58
Rural 3
Total 20
Rural 2
Total 41
Rural 1
52
Particulares ou coletivos, estruturalmente, os domicílios mais comuns em Sobral são
as casas de lote único, casas de lote compartilhado (em vilas ou condomínios), apartamentos e
habitações em de casa de cômodo, cortiço ou “cabeça de porco”. Na tabela seguinte são
apresentados os quantitativos levantados no diagnóstico do PLHIS de Sobral.
Total 50520
Casa 47464
Apartamento 2644
Oca ou maloca -
A tabela a seguir enumera os domicílios conforme a renda nominal per capita mensal
em Sobral:
Tabela 9 – Domicílios particulares permanentes, por classes de rendimento nominal mensal domiciliar per
capita em 2010 – Sobral
Variável
53
Analisando a tabela, nota-se que 76,9% dos domicílios estão situados em classes de
rendimento familiar per capita menor que 1 salário mínimo, o que remete ao fato de que em
um domicílio existem, além de potenciais assalariados, pessoas não economicamente ativas na
geração de renda da família. Nesse caso poderiam ser crianças, idosos, portadores de
necessidades especiais dentre outros.
A condição de ocupação de domicílios também é um fator importante no diagnóstico
habitacional. A tabela seguinte apresenta um quantitativo dos domicílios particulares
permanentes distribuídos pela condição de ocupação, em Sobral:
Tabela 10 – Domicílios particulares permanentes, por condição de ocupação do domicílio – Sobral – 2010
Variável
Domicílios particulares
Condição de ocupação do domicílio Domicílios particulares
permanentes
(Percentual)
(Unidades)
54
Tabela 11– População residente , por situação do domicílio nos distritos – Sobral – 2010
Total 151810 100,00
Sobral
Urbana 147359 97,07
(sede)
Rural 4451 2,93
Total 4940 100,00
Aracatiaçu Urbana 3469 70,22
Rural 1471 29,78
Total 2996 100,00
Aprazível Urbana 1285 42,89
Rural 1711 57,11
Total 817 100,00
Caioca Urbana 442 54,10
Rural 375 45,9
Total 1785 100,00
Caracará Urbana 382 21,40
Rural 1403 78,60
Total 1110 100,00
Bonfim Urbana 255 22,97
Rural 855 77,03
Total 6258 100,00
Jaibaras Urbana 4419 70,61
Rural 1839 29,39
Total 5012 100,00
Jordão Urbana 1179 23,52
Rural 3833 76,48
Total 1582 100,00
Patos Urbana 377 23,83
Rural 1205 76,17
Total 2111 100,00
Patriarca Urbana 1065 50,45
Rural 1046 49,55
Total 2637 100,00
Rafael Arruda Urbana 731 27,72
Rural 1906 72,28
Total 1062 100,00
São José do Torto Urbana 812 76,46
Rural 250 23,54
Total 6113 100,00
Teperuaba Urbana 4535 74,19
Rural 1578 25,81
Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE SOBRAL (2012, p. 22).
55
últimos levantamentos sobre os dados de coabitação familiar, casas alugadas ou cedida (ônus
excessivo com aluguel) e os disponibilizou para análise pela elaboração do PLHIS.
Os componentes foram comparados para que se tivesse uma maior fidelidade nos
resultados obtidos na projeção. Uma estimativa do déficit habitacional de Sobral de 2010
pode ser representada na tabela a seguir, obtida através da projeção dos dados do IBGE/FJP
do ano 2000; os dados levantados pela Secretaria de Habitação e Saneamento Ambiental –
SEHABS no ano de 2008; e as informações da Secretaria Municipal de Saúde via Sistema de
Informação da Atenção Básica – SIAB, do ano de 2011.
56
Tabela 13 – Comparativo entre dados sobre inadequação habitacional de Sobral
Foi possível estimar o aumento da população de Sobral e seus domicílios, com base
nas taxas determinadas através de estudos sobre crescimento demográfico em todas as regiões
do país. Esses dados são demonstrados na tabela a seguir.
2000 155276 - - -
2,12
2010 188271 32995 9268
Tabela 16 – Aumento do número de domicílios – Classes de rendimento nominal mensal da pessoa responsável
pelo domicílio (Salário Mínimo)
58
Tabela 17 – Resumo do déficit habitacional em 2010 – Sobral
Quadro 2 – Custo de projeto por m², por tipo de projeto e padrão de acabamento
Tipo de projeto = CP.1-2 QT (Casa popular, 1 pavimento , sala, 2 quartos, circulação, banheiro e cozinha)
1 m² = R$ 911,22
59
O déficit no estoque de domicílios caracterizados por não existir ou por possuírem
precariedade construtiva é passível de reposição. Em números, somam-se 10.895 unidades
habitacionais com essas características, distribuídas na zona urbana e rural. Os custos para
reposição do estoque de domicílios é apresentada na tabela a seguir:
Tabela 18 –Custos de construção e urbanização para atendimento do déficit habitacional por reposição de
estoque em Sobral
ZONA
VARIÁVEL
URBANA RURAL
18
Módulo sanitário tipo 8 – Padrão FUNASA: Privada com vaso sanitário, banheiro, tanque séptico, reservatório
de água com capacidade de 150 litros e tanque de lavar roupa. Disponível em:
http://www.tcm.ce.gov.br/licitacoes/uploads/li_29f1fbbc850763702fdaafa8920b15bf.pdf - Acesso em: 13 de
dezembro de 2013.
60
Tabela 19 –Custos de construção e urbanização para atendimento do déficit habitacional por inadequação em
Sobral
Tabela 20 – Custos de construção e urbanização para atendimento da demanda futura por moradia em Sobral
ZONA
VARIÁVEL
URBANA RURAL
61
Tabela 21 – Quadro geral das necessidades habitacionais de Sobral
REPOSIÇÃO DE ESTOQUE
INADEQUAÇÃO
DEMANDA FUTURA
ZONA
VARIÁVEL
URBANA RURAL
De fato, a área total das unidades habitacionais, para loteamento urbano, corresponde a
60% da área total necessária, uma vez que os 40% restantes devem ser divididos em 20% para
o sistema viário, 15% para áreas verdes e 5% para áreas institucionais, ou seja, se os 268,34
hectares compõem 60% do total necessário à implantação de loteamentos, o total real de área
necessária é de 447,23 hectares.
19
BRASIL. Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá outras
Providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6766.htm - Acesso em: 10 de dezembro
de 2013.
62
No território rural, a regra aplicada é outra, visto que as habitações tem caráter
espacial mais pulverizado, ou seja, os domicílios distam grandes espaços uns dos outros, o
que remete ao valor de 125 m² para a implantação de cada lote, ou seja, 56,26 hectares.
Tratando-se de necessidades habitacionais, equipes de agentes comunitários elencaram
pesquisa padrão do Ministério das Cidades em todos os distritos de Sobral. Os dados
apontados podem ser expostos no gráfico a seguir.
Além do Programa Minha Casa Minha Vida, o PLHIS de Sobral busca desenvolver
outros projetos relacionados à questão da habitação. O quadro a seguir enumera esses
projetos, apresentando ainda a respectiva verba investida e o órgão governamental diretor.
63
Quadro 3 – Projetos em andamento – Sobral – 2011
Valor do investimento
Projeto Entidade
R$
Projeto de Melhoria das Condições de Habitabilidade da
8.409.266,26 CEF20
Vila Recanto II
Projeto de Urbanização e Melhoria das Condições de
Habitabilidade do Assentamento Sem Terra 1ª Etapa –
Parque Mucambinho
9.912.219,76 CEF
Projeto de Urbanização e Melhoria das Condições de
Habitabilidade do Assentamento Sem Terra 1ª Etapa –
Parque Mucambinho (Unidades Sanirárias)
Projeto de Urbanização e Melhoria das Condições de
Habitabilidade do Assentamento Sem Terra 2ª Etapa – 5.255.146,35 CEF
Parque Mucambinho
Projeto de Produção de Unidades Habitacionais (Alto
1.689.600,00 CEF
Novo, Santa Casa, Tamarindo, Pe. Palhano)
Projeto de Reconstrução de Cenários Afetados por
4.272.700,00 Defesa Civil/Estado
Desastres (Defesa Civil)
Programa Minha Casa Minha Vida - CEF
Projeto de Produção de Unidades Habitacionais no
1.256.765,80 CEF
Bairro José Euclides
Conjunto Habitacional Santa Clara (Ampliação de
2.246.723,14 CEF
Metas)
Projeto de Melhorias Habitacionais no Bairro Sumaré 350.000,00 CEF
Projeto de Melhorias Sanitárias Domiciliares nos
Distritos Ipueirinhas, Várzea Redonda e Olho d’Água do 145.418,58 FUNASA21
Pajé (Ampliação de Metas)
Projeto de Melhorias Sanitárias Domiciliares no Distrito
157.508,01 FUNASA
de Caioca
Projeto de Melhorias Emergenciais 9º Grupo (diversos
232.866,00 PMS22
bairros)
Elaboração do Plano Local de Habitação de Interesse
101.103,45 CEF
Social
20
CEF – Caixa Econômica Federal
21
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde
22
PMS – Prefeitura Municipal de Sobral
64
5.2 Programa Minha Casa Minha Vida em Sobral
O Residencial Jatobá totaliza 496 habitações e contém duas etapas com os seguintes
números de habitações e localização, a saber:
a) Jatobá I – 168 unidades habitacionais, no Bairro Sinhá Sabóia;
b) Jatobá II – 328 unidades habitacionais, no Bairro Cohab II.
A Construtora Cautec foi responsável pela execução das edificações. Os trabalhos de
execução das obras tiveram início em julho de 2010 e foram entregues em sua totalidade em
novembro de 2012. Foram investidos R$ 20,1 milhões, com recursos do Fundo de
Arrendamento Residencial, o que classificaria a modalidade do atendimento do PMCMV para
esse empreendimento como “Empresas”, no entanto foram constatadas irregularidades quanto
à faixa de renda de algumas famílias atendidas, que possuíam renda bruta mensal maior que o
teto máximo, que seria de R$ 1.600,00. Essa constatação veio de diálogos entre o autor deste
Trabalho de Conclusão de Curso e alguns beneficiários do programa residentes no Jatobá. O
número de beneficiados ultrapassa a marca de 1.800 pessoas.
65
Figura 8 – Aspecto padrão dos domicílios do Residencial Jatobá
23
Fonte: CNEWS. Disponível em:
http://www.cnews.com.br/cnews/not%C3%ADcias/23901/prefeitura_de_sobral_entrega_primeiras_unidades_do
_minha_casa_minha_vida - Acesso em: 13 de dezembro de 2013.
66
Figura 9 – Residencial Jatobá – detalhe
67
habitacionais, totalizando 3.384 imóveis, gerando uma área de ocupação de aproximadamente
100.800 m².24
24
Fonte: BLOG DE SOBRAL. Disponível em: http://blog.sobral.ce.gov.br/2013/09/programa-minha-casa-
minha-vida-conclui_13.html - Acesso em: 13 de dezembro de 2013.
68
Figura 11 – Orgulho Tropical II – canteiro de obras
69
6. Resultados e Discussões
Tabela 23 – Comparativo entre a oferta de habitações do PMCMV em Sobral com a demanda total, em unidades
habitacionais
LOCAL UNIDADES
Gráfico 9 – Comparativo entre a oferta de habitações do PMCMV em Sobral com a demanda total, em unidades
habitacionais
70
Tomando esses valores e fazendo uma razão entre as unidades habitacionais ofertadas
de cada complexo com a demanda total (déficit em unidades habitacionais – u.h.), obtêm-se
valores percentuais que também dão uma dimensão do desempenho do programa, de acordo
com as equações:
A tabela a seguir foi elaborada através desses cálculos, gerando também um gráfico.
Tabela 24 – Comparativo entre a oferta de habitações do PMCMV em Sobral com a demanda total, em
porcentagem relativa
71
Gráfico 10 – Comparativo entre a oferta de habitações do PMCMV em Sobral com a demanda total, em
porcentagem relativa
Tabela 25 – Comparativo entre a oferta de habitações do PMCMV em Sobral com a demanda total, em área
72
7. Conclusão
73
É preciso lembrar que o déficit habitacional também atinge à área rural de Sobral,
principalmente nos distritos mais distantes da sede, porém o PLHIS não deixou clara a forma
de atendimento a essa demanda, quais programas habitacionais abarcam esse conjunto,
denotando apenas dados. De fato, o Programa Minha Casa Minha Vida é apenas uma parcela
dos programas e projetos habitacionais elencados no Plano Local de Habitação de Interesse
Social de Sobral, que podem ter sua atuação avaliada assim como foi feito neste trabalho com
o programa supracitado. No caso da zona rural do município,a uma infinidade de fatores que
podem ser relevados em um trabalho posterior que identifique as problemáticas de forma mais
detalhada e proponha soluções.
74
7. Referencial bibliográfico
ARRUDA, José Jobson de. PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e
História do Brasil. 12 ed. São Paulo: Editora Ática, 2003
75
BRASIL. Lei nº 4.380, de 21 de agosto de 1964. Institui a correção monetária nos
contratos imobiliários de interêsse social, o sistema financeiro para aquisição da casa
própria, cria o Banco Nacional da Habitação (BNH), e Sociedades de Crédito Imobiliário,
as Letras Imobiliárias, o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo e dá outras
providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4380.htm -
Acesso em 16 de dezembro de 2013.
http://mcmv.caixa.gov.br/
http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/invista-ja/tipos-de-investimentos/certificado-
de-recebiveis-imobiliarios.aspx?idioma=pt-br (DEFINIÇÃO DE CRI)
http://www.dhnet.org.br/direitos/indicadores/idhm/index.html
MARICATO, Ermínia. Habitação e Cidade. 7. ed. São Paulo: Editora Atual, 2004
76
MINISTÉRIO DAS CIDADES. Política Nacional de Habitação, 2004.
MORAES, Paulo Roberto. Geografia - Geral e do Brasil. Ed. 1. São Paulo: Editora
Habra, 2001.
77