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SOCIEDADE PIAUIENSE DE ENSINO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS PROFº CAMILLO FILHO – ICF


COORDENADORIA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE TERESINA:


A NOVA EXPRESSÃO DA CIDADE
Maria Vânia de Sousa Barbosa

Teresina
2015
Maria Vânia de Sousa Barbosa

MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE TERESINA:


A NOVA EXPRESSÃO DA CIDADE

Trabalho Final de Graduação apresentado


como requisito para obtenção do título de
bacharel em Arquitetura e Urbanismo pelo
Instituto de Ciências Jurídicas e Sociais
Prof. Camillo Filho.

Área de concentração: Cultura e Arte.


Orientador: Ricardo José Roque Baracho.

Teresina
2015
Maria Vânia de Sousa Barbosa

MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE TERESINA:


A NOVA EXPRESSÃO DA CIDADE

Trabalho Final de Graduação apresentado


como requisito para obtenção do título de
bacharel em Arquitetura e Urbanismo pelo
Instituto de Ciências Jurídicas e Sociais
Prof. Camillo Filho.

Área de concentração: Cultura e Arte.

Data de Aprovação: 24 de junho de 2015

________________________________________________________
Professor Ricardo José Roque Baracho
Instituto Camillo Filho
Orientador

________________________________________________________
Professor Mestrado José Ricardo de Freitas Dias
Instituto Camillo Filho
1º examinador

________________________________________________________
Arquiteto Emanuel Rodrigues Castelo Branco
2º examinador
RESUMO

Este trabalho consiste em pesquisa e realização de projeto arquitetônico voltado para projeção de um
museu denominado “Museu de Arte Contemporânea de Teresina” localizado em Teresina no Estado
do Piauí. O objeto de estudo surge a partir da necessidade de buscar um local para reunir as diversas
expressões artísticas que surgem na cidade bem como atender a demanda turística da região que
necessita de atrativos além dos que já apresenta. Desse modo, este trabalho busca evidenciar, com o
projeto do museu, a construção de um local que irá possuir traços da arquitetura moderna, seguindo a
tendência do mundo contemporâneo. Além disso, a proposta consiste em também fazer um
restaurante dentro do recinto a fim de que este se concretize em um ambiente que vá além de um
simples local de apreciação da culinária, mas também que represente para a população em geral uma
alternativa de ter sua demanda turística atendida a partir dos serviços que irá oferecer. Através de uma
estrutura diferenciada, o museu irá se constituir como ícone turístico para toda a região e um modelo a
ser seguido no quesito arquitetônico.
Palavras-chave: Projeto; Arquitetura; Museu; Arte Contemporânea; Restaurante; Turismo; Teresina
ABSTRACT

This work consists of research and realization of an architectural project aimed at the projection of a
museum called “Museum of Contemporary Art of Teresina” located in Teresina in the State of Piauí.
The object of study arises from the need to find a place to gather the various artistic expressions that
appear in the city as well as to meet the tourist demand of the region that needs attractions in addition
to those it already has. Thus, this work seeks to highlight, with the museum project, the construction of
a place that will have traces of modern architecture, following the trend of the contemporary world. In
addition, the proposal also consists of building a restaurant inside the enclosure, so that it becomes a
reality in an environment that goes beyond a simple place to appreciate cuisine, but also that
represents, for the population in general, an alternative to having their tourist demand met from the
services it will offer. Through a differentiated structure, the museum will become a tourist icon for the
entire region and a model to be followed in terms of architecture.
Keywords: Project; Architecture; Museum; Contemporary art; Restaurant; Tourism; Teresina
Dedico este trabalho aos meus pais,
aos meus irmãos, sobrinhos,
esposo, meu filho e amigos
SUMÁRIO

p.
RESUMO
ABSTRACT
DEDICATÓRIA
1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 9
2 FOMULAÇÃO DO PROBLEMA.......................................................... 10
3 JUSTIFICATIVA..................................................................................... 13
4 OBJETIVOS............................................................................................ 16
4.1 Objetivo Geral......................................................................................... 16
4.2 Objetivos Específicos............................................................................... 16
5 METODOLOGIA.................................................................................... 17
6 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................... 18
6.1 Arquitetura, arte e cultura...................................................................... 18
6.2 Considerações Históricas no Brasil e no Mundo................................... 20
7 ESTUDO DE CASOS............................................................................... 23
7.1 Museu do Louvre...................................................................................... 23
7.2 Museu do Inhotim..................................................................................... 26
7.3 Museu do Homem Americano................................................................. 29
8 LEVANTAMENTOS............................................................................... 32
8.1 Escolha do tema....................................................................................... 32
8.2 Escolha e levantamento do terreno........................................................ 32
8.3 Estudo de casos semelhantes.................................................................... 32
8.4 Desenvolvimento do projeto arquitetônico............................................ 32
8.5 Definição de programas de necessidades................................................ 33
9 MEMORIAL JUSTIFICATIVO............................................................ 37
9.1 PROPOSTA E OBJETIVO DO EMPREENDIMENTO..................... 37
9.2 LOGOTIPO.............................................................................................. 38
9.3 JUSTIFICATIVA DO EMPREENDIMENTO...................................... 38
9.3.1 Aspectos tecnológicos............................................................................... 38
9.3.2 Aspectos socioeconômicos e cultural...................................................... 39
9.3.3 Partido arquitetônico adotado................................................................ 39
10 ZONEAMENTO E SETORIZAÇÃO.................................................... 40
11 FLUXOGRAMA...................................................................................... 46
12 MAQUETE ELETRÔNICA................................................................... 50
13 MEMORIAL DESCRITIVO.................................................................. 51
13.1 Implantação.............................................................................................. 51
13.2 Conforto ambiental.................................................................................. 52
13.3 ESPECIFICAÇÕES E ORIENTAÇÕES............................................... 53
REFERENCIAS....................................................................................... 58
1 INTRODUÇÃO

Nos últimos 15 anos a cidade de Teresina, capital do Piauí, vem se desenvolvendo


bastante, principalmente no setor da construção civil, onde grandes empreendimentos estão
surgindo graças ao bom desenvolvimento da economia do país na última década. Devido a
isso, a cidade vem ganhando, nos últimos anos, novos moldes no conceito econômico, social e
cultural.
Teresina é o mais importante polo de desenvolvimento do estado, seja na parte
industrial, seja na parte educacional, levando a região a aumentar o fluxo migratório não só na
macrorregião do município, que engloba também cidades do Maranhão, mas também em toda
a região do estado.
Com o seu potencial, a cidade vem se tornando também referência turística e cultural
já que o local se situa em uma posição geográfica contemplada com o encontro dos dois
maiores rios do estado e o comercio de artesanato cerâmico.
Devido a isso, objetivando não só a expansão do turismo, mas também na busca de
alternativas que preencham as lacunas culturais e arquitetônicas da cidade, verificou-se a
necessidade de construção de um local que buscará atrair turistas de todos os lugares. Desta
maneira, este presente trabalho tem como objetivo apresentar um projeto arquitetônico de um
museu localizado em um lugar estratégico, denominado Museu de Arte Contemporânea de
Teresina.
O museu, considerando esse contexto, buscará compor sua forma nos traços da
arquitetura contemporânea. Nesse sentido procurou-se um terreno propício para a execução
do projeto que foi pensado com as possibilidades da topografia e realidade sociocultural que o
município se encontra.
É importante frisar que este trabalho está dividido em partes distintas: a primeira parte
é a introdução, a segunda é o desenvolvimento composto pela formulação do problema,
justificativa, os objetivos, e a metodologia e por ultimo os referenciais teóricos. Nessa ultima
parte do trabalho diz respeito aos estudos de casos semelhantes e a influencia destes na
concepção do anteprojeto e a análise de soluções viáveis para execução do mesmo. No
decorrer do trabalho serão executados todos os conceitos e diretrizes adquiridas ao longo do
curso de Arquitetura e Urbanismo.

9
2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

A capital do Piauí se situa em uma posição geográfica estratégica, por se situar no


meio-norte do Brasil, local de importante fluxo migratório e escoamento de produtos
industrializados, entre os estados do Maranhão e Ceará. Marcada pela topografia regular, se
localiza entre dois rios: o rio Parnaíba e o rio Poty. Além disso, nas proximidades do encontro
destes rios, na região norte, a cidade é definida por grandes lagoas, tornando-se uma
característica peculiar do local.

Nos últimos 15 anos, Teresina obteve o status de Região Metropolitana da Grande


Teresina, estabelecida pelo Decreto Federal nº 4.367, de 9 de setembro de 2002, já que
compreende os municípios piauienses de Altos, Beneditinos, Coivaras, Curralinhos, Demerval
Lobão, José de Freitas, Lagoa Alegre, Lagoa do Piauí, Miguel Leão, Monsenhor
Gil, Teresina e União, além do município de Timon-MA, que se encontra na margem oposta
do rio Parnaíba. Essa Região possui um intenso fluxo migratório entre os estados vizinhos e
os municípios do próprio Estado.

Com toda uma infraestrutura e um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)


relativamente alto, a capital está se tornando moderna e a cada dia, mais e mais expressões
artísticas e obras arquitetônicas surgem em toda sua diversidade (Figura 01). Sendo assim,
Teresina possui um enorme potencial para abrigar o valor cultural contemporâneo em seu
seio, porém, devido a falta de planejamento e incentivos por parte do governo, a real
necessidade de se construir obras de cunho cultural se torna escassa, e consequentemente a
valorização por seus habitantes vai se tornando cada vez mais diminuta.

Figura 01: Ponte Estaiada em Teresina-PI. Um dos cartões postais e


símbolo do progresso da cidade

Fonte: http://cidadeverde.com/atlas-teresina-melhora-idh-e-fica-na-frente-
de-seis-capitais-revela-estudo-139218
10
A cidade conta com o Museu do Piauí (Figura 02), que abriga coleção de objetos que
contam a história da imprensa no Piauí, coleção de moedas, fósseis, peças indígenas e móveis
coloniais. Desde o final da década de 1980 até meados dos anos de 1990, no Brasil, as
recuperações de antigas estruturas coloniais e ecléticas que estavam negligenciadas, como os
sobrados, palácios e palacetes, motivaram as reutilizações com fins culturais, e concomitante
a isso, vinha o cumprimento das exigências das agendas internacionais, promotoras da arte
moderna e contemporânea. Porém, a falta de análise e a discussão sobre os museus, no
contexto de Teresina, não é capaz de compreender a importância e o impacto transformador
desses edifícios bem como sua contribuição para a arquitetura.

Figura 02: Museu do Piauí

Fonte: http://www.turismoteresina.com/guias/atrativos-turisticos/museus-
do-piaui-141.html

O conceito de museu de arte contemporânea contempla a mutabilidade constante da


arte. Tendências como performance, arte conceitual, land art, body art e grafite estão
ganhando espaço e a carência de um local onde as diversas expressões artísticas do séc. XXI
possam se concentrar está aumentando.

Embora seja uma das cidades brasileiras com bom IDH, os valores culturais perderam
seu esplendor com o passar dos anos. Com seus 162 anos de fundação, a historia arquitetônica
da cidade não tem um acervo comparado à de outras capitais do Nordeste como São Luíz-MA
ou Recife-PE. Portanto, para promover sua cultura, Teresina pouco explora e difunde suas
raízes culturais, que embora sejam diminutas, ainda são nutridas pelo bom senso de uma
minoria populacional.
11
A falta de uma infraestrutura cultural abrangente, com mais teatros, bibliotecas e
museus, rompe os paradigmas de um verdadeiro centro urbano, onde a cultura é um fator
estritamente ligado ao desenvolvimento social e econômico. E não olhar para esse lado é
negligenciar os pilares que construíram a cidade, e também a identidade de cada cidadão que
nela vive.

A cidade é um organismo vivo e está em constantes mudanças e o museu fará parte


disso, pois as emblemáticas composições cotidianas e as diversas formas de expressões
artísticas que surgirem, devem deliberadamente contar a história que se passa. Esse local será
o abrigo dessas manifestações junto com seu todo esplendor arquitetônico.

Hoje, o município necessita de um local para abrigar as artes que surgem. Para
cunhar o avanço da modernidade que a cidade vem sofrendo, a real necessidade de se
construir uma obra arquitetônica com traços contemporâneos, a fim de abrigar as novas obras
de artes, se torna indispensável.

DE QUE FORMA A CONSTRUÇÃO DO MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE


TERESINA TRANSFOMARÁ O POTENCIAL CULTURAL E ARTÍSTICO DA
REGIÃO E MELHORARARÁ A PERCEPÇÃO DO CIDADÃO SOBRE A ARTE?

12
3. JUSTIFICATIVA

Teresina é a capital do estado do Piauí e se encontra em uma região conhecida como


Meio-Norte. É banhada por entre dois rios: O rio Parnaíba e o seu afluente, o rio Poty.
Historicamente a cidade se desenvolveu por meio do rio Parnaíba, através da navegação
fluvial de mercadorias e serviços.

Com uma população estimada de 840.600 habitantes (IBGE, 2014), sua região
metropolitana possui cerca de 1.190.000 habitantes. Nas ultimas décadas, a capital contou um
expressivo crescimento econômico e atualmente é a terceira do Norte-Nordeste com melhor
qualidade de vida, segundo o índice FIRJAN, entre os anos 2000 e 2010. É notável que
Teresina constitui uma das grades cidades brasileiras. A sua identidade artística se apoia sobre
o artesanato vindo do Polo Cerâmico do Poti Velho, região onde artesãos confeccionam e
vendem a cerâmica por eles produzida com a argila do rio Poti. São trabalhos que envolvem
vasos, peças de decoração e até mesmo bijuterias.

Com a construção do Museu de Arte, o município passará a ter uma representividade


artística coletiva que acompanha as vanguardas do mundo globalizado, ficando por dentro do
grande contexto artístico e suas diversas expressões, seja ela na música, na pintura, na
escultura e também na arquitetura (Figura 03).

Figura 03: Vista aérea noturna de Teresina, com ícones da modernidade em


concordância com seu progresso

Fonte: http://www.turismoteresina.com/media/uploads/album/fotos/2011/10/s9.jpg

A proposta surgiu com o intuito de criar um museu a fim de abrigar a arte moderna em
seu seio e valorizar o trabalho dos diverso artistas locais e do país. O Museu de Arte
Contemporânea de Teresina, o MAT, será o mais novo símbolo da modernidade e terá na sua

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arquitetura os mais modernos traços de desenho a fim de compor sua forma e o entorno onde
ele será inserido.

O museu servirá para guardar e expor ao público as obras artísticas e conservá-las ao


longo do tempo. Isso fará com que a arte se torne muito mais ampla para quem a contempla
em todo seu esplendor, sendo estimulante aos olhos de quem a admira pessoalmente. E dessa
forma é que se propagará o interesse pela arte, influenciando as pessoas a descobrirem seus
próprios dons artísticos e a registrarem na atual sociedade para deixar testemunhos para as
próximas gerações.

Com um papel importantíssimo de levar às gerações futuras recordações e


comprovações da história, o museu é parte de seu próprio acervo, onde sua arquitetura retrata
a linha criativa de sua época de construção e de como os seus idealizadores tinham em mente
as edificações sofisticadas.

Quando se trata de edificar a construção, esses edifícios refletem as diferentes fases


pelas quais se passou a arquitetura. Isso demonstra como é possível relacionar e harmonizar as
culturas e a artes de diferentes épocas e povos.

Entretanto, com o passar das décadas com a força do fenômeno comercial e turístico, a
definição de museu passou a ser ligada a um centro cultural avançado, onde se prioriza os
usos voltados à sociedade de consumo em massa, em detrimento da valorização e da reflexão
sobre a arte em si e a transformando em um mero entretenimento.

A mais recente definição de museu adotada na Assembleia Geral do International


Council of Museums (ICOM), no dia 24 de agosto de 2007, em Viena – diz:
Um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos,
a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, aberta ao
público, que adquire, conserva, pesquisa, comunica e expõe o
patrimônio material e imaterial da humanidade e de seu meio
ambiente para fins de educação, estudo e lazer. (ICOM, 2007).

Nesse caso, o museu seguirá o contexto urbanístico e ambiental. Será erguido de


acordo com a realidade local e seguirá uma linha de reflexão sobre o âmago da arte atual
discernindo os valores culturais e ambientais da região, como é no caso do Museu de Arte
Contemporânea de Niterói-RJ (Figura 04), que, segundo o próprio autor, Oscar Niemeyer,
"surgiu espontânea como uma flor" e reflete uma arquitetura singular que "faz frente ao meio,
14
celebra a presença humana e cria uma nova paisagem" (CZAJKOWSKI, 2000) . É com essa
perspicácia que o projeto será executado com o principal objetivo de promover a arte e cultura
moderna, com exposições e galerias a fim de valorizar também artístas de outras regiões do
Brasil.

Figura 04: Museu de Arte Contemporânea- Niterói-RJ

Fonte: http://interartive.org/museucontemporaneo/

Teresina é um polo de educação, sendo um atrativo de migrações de outros estados e


principalmente do interior do Piauí. Além disso sua posição geográfica e estratégica induz
uma intensa movimentação de bens e serviços, portanto contribuindo para um grande fluxo
demográfico na região, e a construção de grandes espaços como esse, para o lazer e cultura,
atenderá essa demanda.
A proposta do MAT visa atender a carência nessa área e servir de incentivo para o
setor turístico local. A região é contemplada pela sua posição entre os dois maiores rios do
estado, e possui um elevado crescimento econômico se tornando, portanto economicamente
viável a implantação da proposta que se segue. Portanto, integrar a comunidade com as
diversas manifestações da arte e elevar a cidade para o patamar a nível nacional, é o objetivo
deste trabalho.

15
4 OBJETIVOS

4.1 Objetivos Gerais

Projetar um museu de arte contemporânea em Teresina-PI com a finalidade de cunhar


a arte contemporânea como nova expressão artística da cidade tendo em vista
alavancar o potencial turístico e cultural da região.

4.2 Objetivos Específicos

• Implantar o museu em um local de excelente infraestrutura urbana com rua


pavimentada adequadamente;
• Estabelecer um espaço que proporcione conforto termoacústico para os
visitantes através de materiais e técnicas adequadas;
• Desenvolver tirando total partido da topografia existente;
• Dotar o museu com exposições permanentes e provisórias com espaços
removíveis, sendo orientadas por políticas de planejamento e gestão de acordo
com as exigências do Estatuto dos Museus, da Lei 11.904/ 2009.
• Estruturar o museu com uma área verde que privilegie o contato do visitante
com a natureza através de uma arborização e jardinagem adequadas para o
clima de Teresina.

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5 METODOLOGIA

A elaboração do projeto arquitetônico do Museu de Arte Contemporânea se fará ao


longo do semestre, disposto em três etapas distintas
Na primeira etapa serão realizados trabalhos de pesquisas bibliográficas minuciosas
para consequentemente apresentar uma proposta arquitetônica. Será feito levantamentos
topográficos e fotográficos no local de execução da obra como forma de conhecer o local de
forma profunda e determinar quais diretrizes estruturais e estéticas deverão ser seguidas;
analisar as exigências legislativas e normas existentes na cidade para definir as limitações de
construção do edifício no terreno; fazer estudo de casos semelhantes de projetos
arquitetônicos a níveis regional, nacional e mundial a fim de buscar inspiração em suas
formas e características; fazer análise e descriminação dos problemas socioeconômicos locais
para poder propor ações conjuntas de integração com a comunidade através de projetos
sociais.
Na segunda etapa prática, depois de analisar os itens supracitados, apresentar os
objetivos gerais e específicos bem como a solução arquitetônica do projeto. Adotar um
partido arquitetônico que valorize o entorno e meio ambiente. Em seguida realizar estudos de
insolação ao longo do ano através da carta solar, disposição dos ventos predominantes para
facilitar a ventilação cruzada a fim de garantir o conforto termoacústico para os ocupantes, e
definir os parâmetros estéticos norteados pela arquitetura contemporânea tornando o local
atraente.
E na terceira etapa prática, estabelecer um programa de necessidades para o
empreendimento e desenvolver o croqui, de acordo com as diretrizes seguidas nas etapas
anteriores. Elaborar o anteprojeto, sendo passível a modificações junto ao professor
orientador, até entrar em um consenso da melhor solução de arquitetura para o museu. Logo
em seguida, elaborar o projeto executivo, com detalhamentos e paisagismo para, enfim,
concluir o Trabalho Final de Graduação.
É importante frisar que o conteúdo prático e teórico terá como base as referências
bibliográficas do tema proposto, as normas da ABNT tais como a NBR 9050 de
acessibilidade, a NBR 9077 de saídas de emergência, o Código de Obras de Teresina - Lei Nº
3608/2007, Lei de Ocupação do Solo - Lei Nº 3561/2006, e Lei de Uso do Solo - Lei
3560/2006, e o Estatuto dos Museus - Lei 11.904/ 2009, além de pesquisas em páginas
eletrônicas através da World Wide Web providas de fontes confiáveis.

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6 REFERENCIAL TEÓRICO
6.1 Arquitetura, Arte e Cultura

Cultura é, ao mesmo tempo, imaterial e tangível, onde é estudada a partir de diferentes


enfoques, por diferentes áreas tais como antropologia, sociologia, história, comunicação,
economia, artes, dentre outras.
O termo cultura surgiu associada comumente à altas formas de manifestação artística e
técnica da humanidade, como, por exemplo, a música erudita europeia. Entretanto o termo
encontra seus vários conceitos mundo afora tornando-o de múltiplos sentidos e definições. A
palavra cultura provem do latim colere, que significa cultivar. Na Roma antiga seu sentido era
associado à agricultura, onde é empregado até hoje em alguns contextos. Mas foi na palavra
alemã Kultur que o termo ganhou um significado mais forte onde simbolizava o espírito de
uma comunidade, em seus diversos aspectos antropológicos e sociais, sendo bastante amplo e
intangível (CANEDO, 2009).

A arte está relacionada à cultura dos mais variados povos existentes. Ela atravessa os
tempos, criando e contando o passado e recriando o presente. A arte está presente a nossa
volta e com ela compomos a história de uma sociedade. Cada objeto artístico apresenta uma
finalidade. Desde a pré-história, o homem sempre criou elementos que o ajudassem a superar
as suas necessidades e a vencer desafios.

Existem objetos do homem que representam os seus sentimentos, algo que a utilidade
pública muitas vezes não consegue questionar, somente considera a sua beleza. Eles são
conhecidos como obra de arte. Elas fazem parte da cultura do povo e são capazes de ilustrar
situações sociais ou não.

A arte pode ser definida como fruto da criação do homem e de seus valores junto a
sociedade. Dentro dela existem vários procedimentos e técnicas utilizadas para compor uma
obra. Podemos identificá-las de todas as formas: arquitetura, música, cinema, teatro, dança,
etc. Ela é uma necessidade que faz o homem se comunicar e refletir sobre as questões sociais
e culturais dentro da sociedade.

Arquitetura, como conceito, pode ser abordada de diversos aspectos, ou seja, como
forma, função e espaço, e definida através desses. Porém dentre estes aspectos, segundo o
substantivo mais latente e importante, o que difere a arquitetura de outras artes, ou da mera
construção, é o espaço (ZEVI, 1984). A arquitetura contempla, além de, ela por si só,
18
caracterizar-se "por uma pluralidade de valores: econômicos, sociais, técnicos, funcionais,
artísticos, espaciais e decorativos" (ZEVI, 1984, p.26).
Mais que uma manifestação artística a arquitetura pode ser definida como “a arte e a
ciência de projetar e construir edificações ou grupos de edificações de acordo com critérios
estéticos e funcionais” (BURDEN, 2006, p. 42). Sobre o enfoque da arte, cabe lembrar que a
arquitetura está em permanente exposição, a mercê do tempo, contemplada pelos transeuntes.
A questão é que, ao contrário de outras artes, a arquitetura obrigatoriamente interfere na
construção da paisagem urbana e esta deve envolver de forma a representar o modo de pensar
e agir de determinada cultura. Para Bonametti (2000, p. 5):

a paisagem urbana é reflexo da relação entre o homem e a


natureza, podendo ser interpretada como a tentativa de
ordenamento do entorno com base em uma paisagem natural, e
de uma cultura, a partir do modo como é projetada e
construída, como resultado da observação do ambiente e da
experiência individual ou coletiva com relação ao meio .

Sendo assim, a definição mais precisa que se pode dar atualmente da arquitetura é a
que leva em conta o espaço (ZEVI, 1984). Porém não só de espaço se constitui a arquitetura,
visto que para atingir o espaço como resultado, a edificação detém de materialidade, formas e
funções. A arquitetura caracterizar-se "por uma pluralidade de valores: econômicos, sociais,
técnicos, funcionais, artísticos, espaciais e decorativos" (ZEVI, 1984).
Ao definir cultura como um fenômeno social produzido pelo homem, como
considerando o seu contexto específico, pode-se estreitamente considerar a arquitetura uma
produção social e cultural. Como bem apontou Harvey (2000, p. 159), sobre a construção
coletiva do homem, a arquitetura, e a cidade, se transformou em uma extensão do que uma
coletividade quer:
Do mesmo modo como produzimos coletivamente as nossas
cidades , também produzimos coletivamente a nós mesmos.
Projetos que prefigurem a cidade que queremos são, portanto,
projetos sobre (nossas) possibilidades humanas, sobre quem
queremos vir a ser ou, talvez de modo mais pertinente, em
quem não queremos nos transformar .

19
No que diz respeito ao produto arquitetônico em estreito contato com a cultura,
pode-se identificar os edifícios que abrigam as produções culturais da sociedade, sendo ele
mesmo uma produção cultural da mesma. O primeiro a surgir na história foi o tipo
arquitetônico museu.
Ao levar em consideração que os estudiosos do espaço arquitetônico o colocam na
posição de protagonista da arquitetura, pode-se considerar, também, que os aspectos
arquitetônicos, como a morfologia, materialidade, função, são coadjuvantes de direta
interferência na criação desse espaço, então de extrema importância para seu resultado final.
Deste modo o espaço não é a extensão dos objetos físicos que o cerca, mas torna a ser a
propriedade primária do espaço, que se relaciona com todos os aspectos da obra arquitetônica.

6.2 Considerações históricas no Brasil e no mundo

A origem dos museus como locais de preservação de objetos com finalidade cultural é
muito antiga. Desde tempos remotos o homem se dedica a colecionar objetos, pelos mais
diferentes motivos. No Paleolítico os homens primitivos já reuniam vários tipos de artefatos,
como o provam achados em tumbas. Porém, um sentido mais próximo do conceito moderno de
museu é encontrado somente no segundo milênio a.C., quando na Mesopotâmia se passou a
copiar inscrições mais antigas para a educação dos jovens. Mais adiante, em Ur, os
reis Nabucodonosor e Nabonido se dedicaram à coleção de antiguidades, e outra coleção era
mantida pelos sacerdotes anexa à escola do templo, e onde cada obra era identificada com uma
cartela, semelhante ao sistema expositivo atual (LEWIS, 2004).

Na Grécia Antiga o museu era um templo das musas, divindades que presidiam a poesia,
a música, a oratória, a história, a tragédia, a comédia, a dança e a astronomia. Esses templos,
bem como os de outras divindades, recebiam muitas oferendas em objetos preciosos ou
exóticos, que podiam ser exibidos ao público mediante o pagamento de uma pequena taxa.

Em Atenas se tornou afamada a coleção de pinturas que era exposta nas escadarias
da Acrópole no século V a.C. Os romanos expunham coleções públicas nos fóruns, jardins
públicos, templos, teatros e termas, muitas vezes reunidas como botins de guerra. No oriente,
onde o culto à personalidade de reis e heróis era forte, objetos históricos foram coletados com a
função de preservação da memória e dos feitos gloriosos desses personagens.

20
Dos museus da Antiguidade, o mais famoso foi o criado em Alexandria por Ptolomeu
Sóter em torno do século III a.C., que continha estátuas de filósofos, objetos astronômicos e
cirúrgicos e um parque zoobotânico, embora a instituição fosse primariamente uma academia de
filosofia, e mais tarde incorporasse uma enorme coleção de obras escritas, formando-se a
Biblioteca de Alexandria.

Ao longo da Idade Média a noção de museu quase desapareceu, mas


o colecionismo continuou vivo. Por um lado os acervos de preciosidades eram considerados
patrimônio de reserva a ser convertido em divisas em caso de necessidade, para financiamento
de guerras ou outras atividades estatais; outras coleções se formaram com objetos ligados ao
culto cristão, acumulando-se em catedrais e mosteiros quantidades de relíquias de santos,
manuscritos iluminados e aparatos litúrgicos em metais e pedras preciosas.

No Renascimento, com a recuperação dos ideais clássicos e a consolidação


da humanismo, ressurgiu o colecionismo privado através de grandes banqueiros e comerciantes,
integrantes da burguesia em ascensão, que financiavam uma grande produção de arte profana e
ornamental e se dedicavam à procura de relíquias da Antiguidade. Algumas coleções se
tornaram célebres pela sua riqueza, como a dos Médici, em Florença. Reis, nobres e burgueses
abastados de toda a Europa competiam na propaganda de suas coleções e mantinham círculos
de eruditos em arte, filosofia e história em seu redor, onde se debateram ideias influentes e se
conceberam novos métodos educativos, como o academismo.

Entre os séculos XVI e XVII, com a expansão do conhecimento do mundo propiciado


pelas grandes navegações, se formaram na Europa inúmeros gabinetes de curiosidades, coleções
altamente heterogêneas e assistemáticas de peças das mais variadas naturezas e procedências,
incluindo fósseis, esqueletos, animais empalhados, minerais, curiosidades, aberrações da
natureza, miniaturas, objetos exóticos de países distantes, obras de arte, máquinas e inventos, e
toda a sorte de objetos raros e maravilhosos.

Tais gabinetes tiveram um papel importante na evolução da história e da filosofia


natural especialmente ao longo do século XVII. Na mesma época proliferaram
as galerias palacianas, dedicadas à exposição de esculturas e pinturas. Mas tanto os gabinetes
como as galerias ainda estavam essencialmente dentro dos círculos privados, inacessíveis à
população em geral. Movidas por interesses científicos foram fundadas inúmeras sociedades e
instituições, como os jardins botânicos de Pisa (1543) e o de Pádua (1545), a Real

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Sociedade de Londres (1660) e a Academia de Ciências de Paris (1666), que reuniam suas
próprias coleções (LEWIS, 2004)

No Brasil a primeira coleção de que se tem notícia foi formada pelo colonizador
neerlandês conde Maurício de Nassau, cuja corte se notabilizou pelo brilho científico e cultural,
instalando-a em torno de 1640 no Palácio de Friburgo, em Recife, semelhante em caráter aos
gabinetes de curiosidades.

A história do museu brasileiro remonta à fundação da Academia Imperial de Belas


Artes (AIBA), no Rio de Janeiro, em 1826, responsável pela organização de exposições,
conservação de patrimônio, criação de pinacotecas e coleções. As Exposições Gerais de Belas
Artes, implantadas em 1840, no interior da AIBA evidenciam o papel da Academia como
local público de exposições.
Já na República, é criado o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), subordinado ao
Ministério de Educação e Cultura, por meio de decreto datado de janeiro de 1937. O edifício,
projetado por Adolfo Morales de los Rios Filho, é construído entre 1906 e 1908 para abrigar a
Escola Nacional de Belas Artes (ENBA). Com a criação deste museu separam-se os espaços
de ensino e os de conservação e exposição de obras de arte. Seu acervo tem origem nas 54
obras trazidas ao Brasil por Joachim Lebreton, chefe da Missão Artística Francesa de 1816,
sendo ampliado pela coleção pessoal de D. João VI.
Em meados do século XX, os mais importantes museus de arte brasileiros foram
criados. O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) foi fundado em 1947
por Assis Chateaubriand e funciona no centro da cidade até 1968, quando é transferido para o
atual edifício da Avenida Paulista, projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi. O seu acervo é um
dos mais importantes da América Latina. Nesse mesmo período são inaugurados museus
dedicados à arte moderna como o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), fundado
em 1948 pelo empresário Francisco Matarazzo Sobrinho, e é inaugurado em 1951 com a
exposição "Do figurativismo ao abstracionismo". O museu promove, desde então, as Bienais
Internacionais de São Paulo. Em 1948 é fundado no Rio de Janeiro o Museu de Arte Moderna
do Rio de Janeiro (MAM-RJ), considerado de utilidade pública pelo governo federal em 1954.

22
7 ESTUDO DE CASOS

7.1 MUSEU DO LOUVRE

Em 1190 foi fundado o palácio do Louvre pelo rei Filipe II, como uma fortaleza para
defender Paris a oeste contra os ataques dos Vikings. No século XIV, o rei Carlos V mandou
construir um novo muro. Desta vez, a fortaleza ficou dentro da cidade, perdendo assim, a
sua função de defesa (JONATHAM,2007).
Sob o reinado de Francisco I, no século XVI, sob influências do renascimento, onde
poder monárquico era privilegiado com grande exaltação, iniciou-se a grande reforma do
Louvre, construindo o novo palácio sob a antiga fortaleza, tornando-se residência real. Entre
1564 a 1572, residência real foi transferida para o palácio das Tuileries construída por ordem
da rainha Catarina de Médici. Mais tarde, com os reis Luís XIII e Luís XIV, iniciou-se o
grande projeto de reunião dos dois palácios. Nessa fase, grandes escultores, pintores, artesão
foram contratados para a decoração dos palácios.
No entanto, o rei Luís XIV abandona o projeto e inicia a construção do palácio de
Versailles, que se tornará residência real até a Revolução Francesa. E assim, ela trouxe o rei
Luis XVI e sua família de volta para Tuileries. E logo foi instalado nele a instância dos
dirigentes da Revolução. Desse modo, por iniciativa deles, é criado o Museu, em 10 de agosto
de 1793, onde o público pôde visitar as antigas coleções reais. Apesar de vários períodos
conturbados, das profundas mudanças políticas e do incêndio em maio de 1871, que destruiu
Tuileries.
O Louvre nunca deixou de ser museu, e suas coleções foram sendo enriquecidas com o
passar dos anos. No século XIX, viu-se a necessidade de reestruturar o palácio para melhor
aproveitamento do Museu. Sendo assim, o presidente François Miterrand resolveu a questão:
mudou o ministério, fazendo com que o Louvre se dedicasse exclusivamente à cultura, e
encarregou o arquiteto Ieoh Ming Pei, de realizar o projeto do Grande Louvre
(MOTANER,2001)
Pei tem formação no Massachusets Institute of Tecnology (MIT). Já em Harvard, Pei
se envolve com um grupo de arquitetos denominado Walter Groups, com uma perspectiva
moderna e simples da arquitetura, e contra, principalmente, às ornamentações desnecessárias.
Os arquitetos ali reunidos buscavam uma melhor qualidade e condições de vida com a
arquitetura proposta, sendo que cada desenho e projeto deveria ser claro, lógico e fácil de se
visualizar. Em suas construções, a geometria é uma constante, e é sempre limpa e clara. Ela
23
está presente através de figuras geométricas simples, e combinadas de diferentes formas,
pensadas para se harmonizarem com cada detalhe do projeto. Seus prédios possuem também a
característica de lembrarem grandes esculturas e blocos de monumentos, quase sempre
monocolores, passando a impressão de estarem fechados, e trancados em si mesmos. Mas por
dentro sua elegância é ressaltada, e as construções se mostram intimidantes e muito
luminosas, com vários efeitos de luz e sombra. (MOTANER,2001)
O projeto de Louvre foi inaugurado no dia 15 de outubro de 1988. Como proposto
pelo presidente, tinha como principal objetivo a renovação do espaço do Museu, tornando-o
mais dinâmico e acessível aos visitantes, abrindo também espaços novos para exposição.
Além disso, outro objetivo mais ousado seria o de reintroduz ir o Louvre às atividades e ao
cotidiano da pulsante cidade de Paris e de seus habitantes. Como um dos grandes problemas
era a comunicação entre as diversas alas do palácio, Pei construiu uma pirâmide de aço e
vidro, que possibilitava uma iluminação natural, ladeada por três pequenas pirâmides, todas
circundadas por fontes de água e com uma escada que levava a um centro de informações,
onde era possível escolher entre as direções possíveis (Figura 05)

Figura 05: Museu do Louvre-Paris-França

Fonte: http://www.artepg.com.br/2014/08/vai-visitas-o-museu-do-louvre-pela.html/

O projeto, na época recebeu vários prêmios, mas foi também muito contestado e
criticado, tanto por intelectuais e jornalistas, como também pela população francesa, em
particular a parisiense. A crítica maior dizia respeito à pirâmide de vidro e aço, que por suas
características arquitetônicas modernas tiraria a beleza do Museu do Louvre (figura 06),
possuidor de uma arquitetura da época da nobreza e da realeza francesas.
Porém, hoje, a pirâmide de vidro não apenas é aceita e apreciada, como já é também
um dos símbolos de identificação do Museu, conferindo uma marca de beleza e modernidade
24
ao Louvre, um dos museus mais visitados do mundo. Desta forma, o Louvre é dividido em
três alas – Sully, Richelieu e Denon - e na parte oeste se encontra as muralhas do século XIV e
o centro comercial. (MOTANER,2001)
Dentro dessas alas o Museu possui oito departamentos: Antiguidades orientais,
Antiguidades egípcias, Antiguidades gregas, etruscas e romanas, Pinturas, Esculturas, Objetos
de arte, Artes gráficas e Arte islâmica. Dentre as obras do Museu, algumas possuem mais
destaque que as outras e são colocadas em posição ressaltada como, por exemplo: A Monalisa
de Leonardo da Vinci (óleo sobre tela, 1503-19), e a Vênus de Milo, Alenxandros de
Antióquia.
Figura 06: Museu do Louvre

Fonte: http://pordentrodamodabymarinact.blogspot.com.br/2013/02/a-historia-do-louvre-o-museu-mais_4.html

A disposição das obras de arte no Louvre mostra que o espaço em que elas estão
inseridas e sua localização foram pensadas e planejadas, não sendo uma disposição aleatória.
Isso é muito significante se levarmos em conta que o modo como são dispostas e colocadas no
espaço do Museu modificam a percepção dos visitantes a uma lógica buscada e construída
pelo Louvre, que faz tal disposição com o intuito de passar idéias, pensamentos e sentimentos
muitas vezes não percebidos e inconscientes.

25
7.2 INSTITUTO INHOTIM

O Instituto Inhotim está localizado em Brumadinho-MG, no Vale do Paraopeba, a


cerca de 60 km de Belo Horizonte. É a sede de um dos mais importantes acervos de arte
contemporânea do Brasil e considerado o maior centro de arte ao ar livre da América Latina.

O município de 35 mil habitantes é conhecido por suas belas paisagens, riquezas


naturais e históricas. E foi nesse cenário que, em 1980, o empresário Bernardo Paz idealizou
um projeto que visava unir a natureza e a arte num só espaço.

O projeto une arte contemporânea (figuras 07 e 08), jardim botânico e políticas de


inclusão e cidadania. Lá se encontram obras de paisagistas conhecidos como Roberto Burle
Marx, artista plástico brasileiro renomado internacionalmente, que sugeriu e inspirou ideias
para a elaboração de algumas áreas entre 1990 e 1994.

Figura 07: Uma das galeria de arte do Instituto Inhotim

Fonte: http://brasilimperdivel.tur.br/brasil-imperdivel/belo-horizonte/bh-inhotim/

O Instituto Inhotim localiza-se dentro do domínio da Mata Atlântica, com enclaves


de cerrado nos topos das serras. Situado a uma altitude que varia entre 700 m e 1.300 m acima
do nível do mar, sua área total é de 786,06 hectares, tendo como área de preservação 440,16
ha, que compreendem os fragmentos de mata.

O museu possui mostras de longa duração com obras de seu acervo, buscando oferecer
uma leitura ao mesmo tempo envolvente e complexa da produção contemporânea. As mostras
26
reúnem alguns dos principais destaques do acervo, considerado um dos mais importantes do
mundo. Os recortes expositivos oferecem uma síntese das principais correntes artísticas da
atualidade, reunindo artistas mineiros, brasileiros e internacionais em diálogo, entre os quais
figuram nomes e obras já históricas.

Os espaços expositivos são divididos entre quatro galerias dedicadas a obras


permanentes e outras quatro onde acontecem, com periodicidade bienal, apresentações de
recortes da coleção.

As quatro galerias permanentes foram desenvolvidas especificamente para receber


obras de Tunga (figura 08), Cildo Meireles, Adriana Varejão e Doris Salcedo em diálogo
próximo entre os artistas, arquitetos e instituição. As galerias temporárias – Lago, Fonte,
Praça e Mata - têm cerca de 1 mil m² cada uma e contam todas elas com o mesmo tipo de
arquitetura, com grande vãos que permitem aproveitamento versátil dos espaços para
apresentação de obras de vídeo, instalação, pintura, escultura etc. Todos os espaços são
climatizados, obedecendo os padrões museológicos internacionais.

Figura 08: Uma das galeria de arte do artista plástico Tunga, Instituto Inhotim

Fonte: http://www.nanademinas.com.br/noticias-nana-minas/2012-4-1-1333290478/20120331122732259.jpg

Já a biblioteca de Inhotim Centro de Arte Contemporânea possui um acervo


especializado em artes visuais e meio ambiente. Seu acervo é composto de aproximadamente
1.500 volumes entre livros, periódicos e catálogos de exposições; há ainda uma hemeroteca
com dossiês de artistas e exposições. Dentro das ações da Biblioteca Inhotim, realiza-se o
projeto Sala Verde, desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente desde 2000, que tem

27
como objetivo formar centros de referência em informações ambientais em diversos
municípios e instituições brasileiros.

Nesse sentido, a proposta da Biblioteca Inhotim é oferecer esse acervo especializado a


artistas, pesquisadores de arte e meio ambiente, estudantes universitários de graduação e pós-
graduação, visitantes e usuários locais. Sendo a depositária dos registros que constituem a
história do Museu, sua coleção de arte e meio ambiente, visa colaborar ativamente para a
formação do público.

A concepção dos jardins de Inhotim, teve início na década 80 em meio a um


fragmento de Mata Atlântica e Cerrado, com cerca de 6 milhões de m². As paisagens, em
constante criação, evoluíram em diferentes fases mas sempre seguindo a inspiração das
composições tropicais do paisagista brasileiro Roberto Burle Marx (1909-1994). A
consolidação desse grande acervo tropical, contemplando cerca de 1800 espécies, se deu a
partir de 2005, com o resgate e a introdução de coleções botânicas de diferentes partes do
Brasil e foco nas espécies nativas.

A descontinuidade é a maior característica dos jardins – ao caminhar pelas diversas


alamedas e passagens, o visitante se surpreende constantemente com os ambientes que se
criam e se descortinam sucessivamente. Um bom exemplo é a alameda das palmeiras
imperiais Roystonea oleracea e as tamareiras Phoenix spp, que se encontram na entrada da
instituição.

Mas além da preocupação com a estética, o trabalho de composição das paisagens em


Inhotim obedece a critérios como adaptabilidade e funcionalidade. Inhotim é hoje, no Brasil,
um dos mais importantes parques tropicais em termos de diversidade e quantidade de coleções
botânicas.

A natureza exuberante abraça um acervo mais de 500 obras de artistas reconhecidos


mundialmente como Adriana Varejão (figura 09), Helio Oiticica, Cildo Meireles, Chris
Burden, Matthew Barney, Doug Aitken, Janet Cardiff, entre outros. O Instituto tornou-se um
dos únicos espaços para a instalação de algumas categorias de obras de arte. Entre instalações
permanentes e exposições temporárias, espaços abertos e galerias, o espaço museológico de
Inhotim propõe aos visitantes uma experiência diferenciada comparada a outros museus:

28
devido à ausência de um roteiro linear, cada grupo decide seu percurso e espaços de visitação
por meio de trilhas que passam por todo o local.

Figura 09: Uma das exposições à céu aberto do Instituto Inhotim

Fonte: http://goiabada-luciane.blogspot.com.br/2011/01/voce-ja-foi-inhotim-nao-entao-va-e-o.html

7.3 MUSEU DO HOMEM AMERICANO

Na década de 1970 dá-se início em São Raimundo Nonato-PI a primeira escavação


arqueológica com o intuito de encontrar vestígios de que o homem haveria habitado a região a
alguns milênios. Com a intensificação desse trabalho foi descoberto uma grande quantidade
de sítios arqueológicos e materiais que comprovavam tal procura. Esses sítios deram origem
aos Parques Nacionais da Serra da Capivara e da Serra das Confusões.
Em 1986 foi criada a Fundação do Homem Americano (FUMDHAM) e deito um
concurso para a escolha do projeto para o museu do Homem Americano, com a função de
receber, preservar e expor ao público os materiais arqueológicos encontrados e recolhidos no
Parque, através da missão franco-brasileira.
O projeto vencedor foi o projeto desenvolvido pelos arquitetos pernambucanos
Mônica Sampaio e Artur Guerra. Eles propuseram uma enorme edificação que além de contar
com a área de exposição possuía auditório, salas de projeção, laboratórios, arcevo
bibliográfico, etc.
Hoje o Museu (figura 10) que o público tem acesso é um projeto totalmente diferente
do original. Diversos escritório de arquitetura modificaram-no. Concebido inicialmente pelos
arquitetos Mônica e Artur, a proposta também recebeu a assinatura de Verônica Andrade e
29
Paulo Souto Maior. Além disso o terreno se localiza a cerca de 4 Km do centro da cidade,
diferentemente do terreno apresentado no projeto do concurso de 1986.

Figura 10: Fachada principal Museu do Homem Americano

Fonte: http://www.fumdham.org.br/fotos/DSC_5775.JPG

Seu programa de necessidades é bem simples e de fácil compreensão. O edifício é


formado por três alas sendo que a primeira encontra-se a recepção e as salas de exposição. A
segunda ala é formada pelo auditório e a terceira por salas, que funcionam como arcevo dos
laboratórios, banheiros e um pequeno depósito. Uma grande circulação aberta faz a ligação
entre essas alas e ainda leva a um pequeno anfiteatro.
E exposição permanente do museu se divide em quatro salas que contam a história do
Parque, que interagem com o publico através de apresentações e telas sensíveis ao toque e
mostram as peças e artefatos encontrados nos sítios, tudo obedecendo a estudos de iluminação
e temperatura (figura 11).
O outro edifício que forma o complexo do Museu é o Centro Cultural Sérgio Motta,
projetado pela arquiteta Elizabete Buco e inaugurado em 1999. Nele se encontram os
laboratórios de pesquisa e trabalho com o que é encontrado nos sítios (adequadamente
classificados em Lícito, Orgânico, Paleontológico e Cerâmico), uma biblioteca, sala de
leitura, sala de geoprocessamento, sala para arqueólogos, apoio, copa e banheiros.

30
Figura 11: Exposição permanente do Museu do Homem Americano

Fonte: http://divulgapiaui.com.br/portal/wp-content/uploads/2014/07/Museu-do-Homem-Americano_-
Foto_Francisco_Gil%C3%A1sio-585x330.jpg

Ainda formam o complexo do Museu uma casa de apoio para arqueóloga Niede
Guidon, um galpão de acervo e pesquisa de material lícito e outro bloco que abriga o curso de
arqueologia da Universidade do Vale do São Francisco (UNIVASF).
Por todos os aspectos apresentados pode-se afirmar que este complexo é a mais bem
estruturada instalação museológica do Estado do Piauí.

31
8. LEVANTAMENTOS

8.1 ESCOLHA DO TEMA

O tema “Museu de Arte Contemporânea de Teresina: a nova expressão da cidade” e


sua concretização partiu de um ideário centrado nos atrativos artísticos da cidade de Teresina-
PI. O objetivo da escolha do tema se encontra no fato de viabilizar a expressão artística
contemporânea na cidade, com exposições vindas de outros lugares e representações
conterrâneas.

8.2 ESCOLHA E LEVANTAMENTO DO TERRENO

O terreno escolhido para implantação do “Museu de Arte Contemporânea de Teresina”


está localizado no cruzamento da Av. Dom Severino com a rua General Lages, Bairro de
Fátima.
A escolha do terreno citado se deu pelo fato deste se localizar em um dos pontos de
maior movimento da cidade além de se situar na zona nobre da capital, com boa infraestrutura
urbana, o que de certa forma, beneficiou a idealização do projeto arquitetônico já que este
baseou-se em valorizar aspectos naturais, econômicos e sociais. É importante frisar que o
terreno se apresenta com uma topografia com cotas de niveis regulares contribuindo para o
proveito do partido arquitetônico adotado..

8.3 ESTUDO DE CASOS SEMELHANTES

O estudo de casos semelhantes se valeu como como ferramenta de grande importancia


por apresentar pontos equivalentes à estrutura do projeto arquitetônico em questão, além de
demonstrar a viabilização de construções que já existem e que possibilitaram maiores
alternativas como estímulo ao desenvolvimento cada vez mais intenso aos potenciais
turísticos de suas cidades de origem.

8.4 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ARQUITETÔNICO

O projeto arquitetônico foi elaborado de acordo com os estudos relativos ao terreno


para sua implantação, às pesquisas bibliográficas que justificassem o seu desenvolvimento e

32
ao levantamento de dados locais, considerados como ferramentas relevantes à realização do
projeto.
É importante relatar que o desenvolvimento deste projeto se realiza como um
procedimento que se constitui como elemento essencial para eficácia e viabilização do Museu.

8.5 DEFINIÇÃO DO PROGRAMA DE NECESSIDADES

O Programa de necessidades foi definido a partir de estudos e pesquisas realizadas,


além de ter adiquirido ao longo do curso conteúdo teórico necessário para realização do
projeto, além do estudo de casos semelhantes. Sua estrutura encontra-se dividida em três
partes: Oficinas, Exposições e Restaurante

ESPAÇOS DIMENSIONADOS

8.5.1 SETOR OFICINAS - SUBSOLO

• Setor administrativo

Acervo............................................................................................73,44 m2
Restauro........................................................................................ 44,25 m2
Administração ...............................................................................13,89 m2
Curadoria .......................................................................................10,50 m2
Almoxarifado................................................................................ 10,50 m2
DML............................................................................................... 6,90 m2
Copa/Refeitório............................................................................. 20,45 m2
Serviço........................................................................................... 14,10 m2
Doca............................................................................................... 29,20 m2
Controle doca................................................................................. 7,50 m2
WC Func. Masculino..................................................................... 19,82 m2
WC Func. Feminino....................................................................... 19,82 m2

33
• Setor de ensino

Oficina de arte 01..........................................................................39,25 m2


Oficina de arte 02......................................................................... 39,25 m2
Oficina de arte 03..........................................................................39,25 m2

• Setor de banheiros

WC masculino.................................................................................11,12 m2
WC feminino.................................................................................. 11,12 m2
WC PcD masculino.........................................................................7,10 m2
WC PcD feminino...........................................................................7,10 m2

• Setor do auditório

Foyer...............................................................................................111,84 m2
Antecâmara..................................................................................... 83,37 m2
Auditório.......................................................................................329,42 m2
Palco................................................................................................74,04 m2
Camarim 01......................................................................................12,00 m2
Camarim 01................................................................................... 16,00 m2
Sala de som e vídeo.........................................................................12,59 m2
WC masculino.................................................................................7,50 m2
WC feminino................................................................................... 7,50 m2
WC PcD...........................................................................................2,54 m2
Depósito...........................................................................................8,08 m2

9.5.2 EXPOSIÇÃO - TÉRREO

Hall.................................................................................................44,00 m2
Segurança / Monitoramento............................................................. 6,45 m2
Controle e informação.....................................................................10,20 m2
DML ...............................................................................................2,80 m2
Café............................................................................................... 29,55 m2
34
Loja............................................................................................... 49,20 m2

• Setor de serviços

Sala do gerador..............................................................................12,48 m2
Subestação aérea.......................................................................... 24,20 m2
Câmara de resfriamento...................................................................9,60 m2
Lixeira - plástico ..............................................................................3,11 m2
Lixeira - metal .................................................................................3,11 m2
Lixeira - papel .................................................................................3,11 m2
Lixeira - vidro ..................................................................................3,11 m2
Pátio de serviço ............................................................................170,01 m2

8.5.3 EXPOSIÇÃO - 1º PAVIMENTO

• Setor de exposição

Hall................................................................................................214,34 m2
Segurança / Monitoramento........................................................... 11,40 m2
Administração.................................................................................11,40 m2
Exposição 01 ................................................................................692,74 m2
Exposição 02................................................................................ 289,00 m2

• Setor de banheiros

WC masculino.................................................................................11,12 m2
WC feminino................................................................................... 11,12 m2
WC PcD masculino.........................................................................7,10 m2
WC PcD feminino...........................................................................7,10 m2

35
8.5.4 EXPOSIÇÃO - 2º PAVIMENTO

• Setor de exposição

Hall....................................................................................................214,34 m2
Segurança / Monitoramento................................................................ 8,55 m2
Administração.....................................................................................11,40 m2
Exposição 03 ....................................................................................289,00 m2
Exposição 04.................................................................................... 692,74 m2

• Setor de banheiros

WC masculino.................................................................................11,12 m2
WC feminino................................................................................... 11,12 m2
WC PcD masculino.........................................................................7,10 m2
WC PcD feminino...........................................................................7,10 m2

9.5.5 EXPOSIÇÃO E RESTAURANTE- 3º PAVIMENTO

• Setor de exposição

Hall................................................................................................214,34 m2
Segurança / Monitoramento............................................................. 8,55 m2
Administração.................................................................................11,40 m2
Videoteca ......................................................................................129,06 m2
Biblioteca.......................................................................................146,39 m2

• Setor de banheiros

WC masculino.................................................................................11,12 m2
WC feminino................................................................................... 11,12 m2
WC PcD masculino.........................................................................7,10 m2
WC PcD feminino...........................................................................7,10 m2

36
• Setor de Alimentação

Refeitório........................................................................................576,71 m2
Cozinha........................................................................................... 49,24 m2
Gerência.............................................................................................8,49 m2
Depósito .............................................................................................16,44 m2
Serviço................................................................................................ 7,50 m2
Higienização..................................................................................... 10,00 m2
Circulação Garçons..............................................................................8,69 m2

8.5.6 ESTACIONAMENTOS

Estacionamento subsolo.....................................................................1649,25 m2
Estacionamento Privativo.................................................................... 805,10 m2

9 MEMORIAL JUSTIFICATIVO

9.1 PROPOSTA E OBJETIVO DO EMPREENDIMENTO

Projeto arquitetônico desenvolvido para a criação de um museu denominado “Museu


de Arte contemporânea de Teresina - MAT” situada na capital Teresina, no estado do Piauí,
com a finalidade de fortalecer a expressão artística contemporânea e proporcionar um novo
atrativo turístico para a cidade.
O projeto do MAT foi consolidado de modo a buscar atingir a necessidade que
Teresina apresenta no tocante à presença de um local que além de apreciar a culinária local, e
tambem a provinda do Sul do Brasil, possua uma opção de lazer com piscina. A área de lazer
será usurfruida por qualquer pessoa e terá acesso alternativo caso o público anseie apenas o
lazer. A piscina possuirá entrada controlada a fim de manter a ordem ou de acordo com o
regimento interno da administração.
Uma outra opção será o mirante localizado na parte nordeste do restaurante, acima da
escada que dá acesso aos demais pavimentos, cujo local será apenas contemplativo com
panorâmica de todo o vale e da cidade.

37
Nesse contexto é que se pensou em focar no desenvolvimento do lugar como
ambiente agradável, e confortável, em harmonia e integração com a topografia, apresentando
opções de lazer e entretenimento não somente para seus hóspedes, mas também para o público
de visitantes em geral.

9.2 LOGOTIPO

O logotipo foi pensado no intuito de transmitir ao público a linguagem moderna e


contemporânea através de seus traços retos e angulares. O destaque em vermelho quebra o
ritmo angular e torna a logo mais dinâmica, sem demonstrar conflito, conotando o valor da
arte, onde as suas diversas linguagens convivem em um único lugar em total harmonia.

9.3 JUSTIFICATIVA DO EMPREENDIMENTO

9.3.1 Aspectos tecnológicos

No que concerne à construção do local foram projetadas setores específicos para se


desenvolver funções predominantes: Museu e restaurante. Com isso foi possivel definir os
materiais e o partido arquitetonico.
Durante a elaboração do projeto buscou-se a utilização de materiais e técnicas
construtivas que remetam à arquitetura contemporânea .Com esse pensamento se empregou a
predominância dos seguintes materiais na fachada e interiores: vidro, alumínio composto,
revestimentos cerâmicos de alta resistencia e durabilidade, laje steel deck.

38
9.3.2 Aspectos Socioeconômicos e cultural

O projeto visa atender a necessidade da cidade em se tornar uma referência artística a


nível regional e nacional. As diversas expressões artísticas que emergem em Teresina carecem
de uma estrutura e um local com condições de comportar e resguarada-las. A capital do estado
se tornou referencia em saúde e educação ao longo dos anos, e se encontra em pleno
desenvolvimento econômico e social, porém é necessário que a cultura e as artes sejam
preservadas já que em cidades plenamente desenvolvidas, as suas caraterísticas culturais são
bem preservadas e os museus simbolizam isso. Essa proposta tem o intuito de valorizar a arte
em suas diversas expressões como a pintura, a escultura, a dança que está mesclada com a
cultura e folclore locais.
Com as mudanças culturais e socioeconomicas visivelmente observadas na urbe, se
tornou viável a elaboração de um projeto arquitetônico que refletisse essas mudanças.
Portanto o empreendimento se torna um ponto agregador ao potencial turístico da cidade.

9.3.3 Partido arquitetônico adotado

O museu foi projetado sob uma ótica estética contemporânea em pontos que
consideram o conforto térmico, buscando atingir o máximo de iluminação no ambiente.
Nesse contexto e baseando-se no exposto acima é que foram utilizados grandes
panos de vidro em toda sua extensão com brises horizontais em quase todo o perímetro.
O museu se compõe com traços retos e horizontais, quebrando o seu ritmo através do
eixo central do edifício com sua linha vertical traçada pelo vidro rasgando o concreto. Com
um padrão estético bastante peculiar, o prédio possui dois volumes separados por esse mesmo
eixo central. No subsolo um fosso se delínea em todo seu perímetro para facilitar a iluminação
e ventilação.
Juntamente com o espelho d'água e os traços retos dos jardins, a arquitetura do
museu representa a época atual, e representará a cidade no turísmo arquitetônico.

39
9. ZONEAMENTO E SETORIZAÇÃO

Subsolo

40
Subsolo Geral

41
Térreo

42
!º Pavimento

43
2º Pavimento

44
3º Pavimento

45
11 FLUXOGRAMA

11.1 Fluxograma Geral

46
11.2 Fluxograma Subsolo

47
11.3 Fluxograma Térreo

11.4 Fluxograma 1º Pavimento

48
11.5 Fluxograma 2º Pavimento

11.5 Fluxograma 2º Pavimento

49
12 MAQUETE ELETRÔNICA

Imagem 01

Imagem 02

50
13 MEMORIAL DESCRITIVO

13.1 IMPLANTAÇÃO

O MAT está localizada na cidade de Teresina-PI, na região meio-norte do Estado do


Piauí, delimitado pela Av. Poty ao Norte, Av. Dom Severino ao sul, Rua Honório Parentes ao
leste, General Lages ao Oeste, Bairro de Fátima, na Zona Comercial 4 - ZC4. A localização é
estratégica e de fácil acesso, situada na zona nobre da cidade em uma avenida de grande
fluxo.
Figura 12: Fotografia do terreno proposto. Rua Honório Parentes

Fonte: Acervo pessoal

Para implantação do Museu de Arte Contemporânea de Teresina foram feitas


consultas sobre a Legislação Urbana de Teresina, com a Lei Complementar nº 3.562, de
20.10.2006 (Ocupação do Solo) e a Lei nº 3.603, de 27.12.2006 (Dispõe sobre Polos
Geradores de Tráfego).

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Figura 13: Fotografia do terreno proposto. Rua General Lages

Fonte: Acervo pessoal

13.2 CONFORTO AMBIENTAL

Todo o recinto será climatizado com condicionadores de ar e junto com pé-direito


alto vai favorecer a subida de ar quente, poupando os ocupantes do calor intenso.
Por conta de sua posição geográfica e vegetação nativa, a cidade constitui um dos
locais mais quentes do estado. Ainda sim, é importante frisar que, para conseguir o máximo
de eficiência energética é necessário um projeto bem elaborado com materiais isolantes e uma
boa disposição dos ambientes e aberturas.
Foram utilizados grandes aberturas em vidro em toda sua extensão com brises
horizontais em quase todo o perímetro.
Vale ressaltar a relevância da parte paisagística para o local que se utilizou de
grandes áreas com grama buscando facilitar o conforto térmico por absorver o calor e manter
a umidade, além de usar árvores de médio porte e resistentes ao clima local proporcionando as
demais áreas sombreadas, diminuindo a sensação térmica elevada e tornando, dessa forma, o
clima no ambiente muito mais agradável.

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13.3 ESPECIFICAÇÕES E ORIENTAÇÕES

O presente Memorial tem por finalidade orientar a elaboração do orçamento, a


execução da obra, e complementar o conjunto de peças que compõem o projeto referente à
obra do MAT, a ser construído na cidade homônima.

• Serviços Preliminares

Depois de instalado o canteiro de obras alguns eventos sequenciais da obra devem


ser seguidos, tais como:

• Checagem da locação;
• Liberação de bases de fundações e concretagem;
• Conferência de equipamentos e materiais;
• Datas de concretagem e respectivas etapas;
• Relatórios sucintos do desenvolvimento da obra;

• Movimento de Terra
Toda a escavação, mecânica ou manual, bem como a movimentação, deverá ser feita
sob supervisão do engenheiro da obra, tomando-se os cuidados necessários para evitar
acidentes na obra.

Toda a terra destinada a enchimento e compactação deverá ser apropriada, livre de


elementos vegetais, e em camadas não superiores a 50 cm.

• Fundações
Os trabalhos de fundações serão supervisionados pelo responsável técnico da obra, o
qual anotará liberação de bases, profundidade de baldrames, conferência final da locação das
peças e liberação para que se inicie a armação da estrutura. Tudo de acordo com os projetos
estruturais.

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• Estrutura
Deverá ser obedecido integralmente o projeto específico. Os corpos de prova deverão
ser moldados de acordo com as recomendações da ABNT;

A estrutura possuirá a combinação de pilares de concreto, vigas em treliças de aço e


laje Steel Deck conforme os projetos específicos.

• Impermeabilizações e Tratamentos
Baldrames e paredes em contato com o solo receberão chapisco com aditivo
BIANCO. Depois aplicar sobre o chapisco, argamassa cimento/areia com traço de 1:3 com
aditivo VEDALIT com espessura de 1,5cm. A seguir, regularização com pintura NEUTROL
ACQUA, em duas demãos, sem diluição do material;

Lajes Descobertas: Todas as impermeabilizações e isolamentos deverão ser efetuados


por firmas especializadas, que emitirão certificado de garantia.

• Alvenarias e Vedações
As alvenarias serão de tijolo cerâmico as paredes indicadas no projeto com o traçado
característico, obedecendo às dimensões, alinhamentos e níveis indicados. As paredes deverão
apresentar boas condições de resistência, durabilidade e impermeabilidade.
As paredes das caixas das escadas contrafogo, indicadas no projeto com espessura de
25cm, serão de concreto concentrado.
Além da habitual necessidade de assentamento das alvenarias a prumo e alinhadas, a
argamassa deverá ser do tipo mista:

• Assentamento: 1:6 (cimento e areia grossa) c/aditivo Vedalit;


• Chapisco: 1:8 (cimento e areia grossa) c/aditivo Bianco;
• Reboco: 1:6 (cimento e areia fina) c/aditivo Vedalit;
• Chumbamento de esquadrias: 1:5 (cimento e areia grossa);
• Todas as portas deverão ter vergas, quando necessário;

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• Cobertura
A cobertura será em laje com concreto com aditivo impermeabilizante
QUARTZOLIT e complementada com manta asfáltica impermeável aplicada por empresa
responsável com certificado de garantia.

• Instalações Elétricas, de Telefone, Lógica e Especiais


Deverão ser executadas de acordo com os projetos específicos, por empreza
especializada e confiável.
Além das observações contidas nos projetos e memoriais específicos, será encargo da
Construtora:

• Aprovações de projetos e suas modificações junto às concessionárias;


• Eletrodutos de PVC rígido, quando embutidos em lajes, pilares e vigas, e do tipo
flexível para os demais casos, serão de fabricação AMANCO;
• Caixas de luz de polímero isolante, deverão estar perfeitamente niveladas e alinhadas,
bem como os recortes no revestimento, com qualidade satisfatória;
• Todos os fios e cabos serão da marca SIL;
• Interruptores e Tomadas serão da marca FAME cor a definir;
• Luminárias: conforme indicação e quantitativos do projeto de instalações de luz serão
fornecidas pelo proprietário e instaladas pela construtora contratada;
• Comunicação Visual: será executada por empresas capacitadas, de acordo com o
projeto e suas especificações;

• Instalações Hidrossanitárias, Incêndio e Especiais

Além do exposto nos projetos e memoriais específicos, deverão ser tomadas as


seguintes providências:

• Aprovação e Vistoria Final junto as Concessionárias de Serviços Corpo de Bombeiros;


• Execução e obediência rigorosa dos projetos, por firma capacitada;
• As tubulações de água e esgoto ou outras em contato com o solo deverão ser efetuadas
somente após o apiloamento adequado do terreno

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• As caixas de inspeção e passagem deverão possuir tampas com alças para remoção e,
internamente, impermeabilização e pintura NEUTROL;
• Nas partes em que não forem especificados ferro fundido, galvanizado ou outros
materiais, e, que levarem PVC, necessariamente serão de fabricação AMANCO;
• As louças sanitárias serão DECA Linha Nuova cor branca conforme especificações do
projeto;
• Os Metais Sanitários serão DECA Linha link;
• As bancadas dos sanitários serão em granito preto polido;
• Combate à Incêndio: conforme projeto específico, de acordo com as normas do Corpo
de Bombeiros e ABNT, e os extintores, placas de sinalização e faixas serão fornecidos
pelo cliente e instalados pela construtora contratada.

• Ar Condicionado
O sistema de refrigeração deverá ser executado por empresa especializada de acordo
com as especificações do projeto específico, e os equipamentos e montagem serão por conta
do cliente.

• Pisos e Pavimentações
Os pisos externos deverão levar um caimento necessário devido às condições locais e
os internos, perfeitamente em nível e esquadro, exceto nos sanitários, copa e onde for
necessário, que terão caimento adequado para os ralos;

Pisos internos – conforme as indicações na planta específica serão:

• Assoalho em madeira
• Granilito

Pisos externos - conforme as indicações na planta específica serão:


• Bloquete de concreto intertravado
• Porcelanato Portobello antiderrapante

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• Paredes
Os revestimentos de alvenaria não devem apresentar ondulações e defeitos de massa
Sanitários:
- Porcelanato esmaltado Portobello Stoneblend Off White, dim.: 20x120cm - Cód.
23628.
Demais ambientes:
- Parede emassada com massa corrida e lixada, sobreposta com pintura látex com a
cor de acordo com especificações do projeto

• Forros
Os forros deverão estar completamente nivelados e alinhados com acabamento e
arremates satisfatórios e quando necessário devem ser montados por firma especializada.
Conforme indicação nas plantas e nos cortes, os forros serão:

• Forro de gesso liso com selador e pintura Coral cor branco neve;
• Forro de EPS com estrutura de alumínio;

• Esquadrias
As esquadrias deverão obedecer às dimensões mínimas especificadas, detalhadas no
projeto de arquitetura, e o seu projeto executivo deverá ser apresentado previamente para
aprovação.

• Vidros
O pano de vidro será constituído de vidro verde e transparentes sobre estrutura de
aço, vedados com silicone e terão espessura de 8mm, conforme as dimensões e detalhes da
planta específica.

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REFERÊNCIAS

BONAMETTI, João Henrique. A transformação da paisagem urbana. Dissertação,


Mestrado em arquitetura e urbanismo, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de
São Paulo. São Carlos, 2000

BURDEN, Ernest. Dicionário Ilustrado de Arquitetura. 2ª edição. São Paulo: Bookman,


2006

CANEDO, Daniele Pereira. Cultura, Democracia e participação social. 2008. 166 f.


Dissertação (Mestrado em Cultura e Sociedade). Faculdade de Comunicação, Universidade
Federal da Bahia, Salvador, Bahia, 2008

HARVEY, David. Spaces of Hope. United States: University of California Press, 2000.

HISTÓRIA DA ARTE. História da Arte. Disponível em: < http://historia-da-arte.info/>


Acesso em: 30 nov. 2014.
INHOTIM, ONDE ARTE E NATUREZA INTEGRAM A COMUNIDADE. Revista Museu:
Cultura levada a sério. Disponível em: < http://www.revistamuseu.com.br/naestrada/
naestrada.asp?id=16451> Acesso em: 30 nov. 2014

JONATHAM, Glancey. A história da arquitetura. São Paulo: Loyola, 2007.

LEWIS, Geoffrey. O Papel dos Museus e o Código de Ética Profissional. Como Gerir um
Museu: Manual Prático. ICOM, 2004, p. 1

MAIOR MUSEU DE ARTE A CÉU ABERTO DO MUNDO. Instituto Inhotim. Disponível


em: < http://www.ohminas.com.br/conheca-inhotim-o-maior-museu-de-arte-a-ceu-aberto-do-
mundo/> Acesso em: 25 Nov. 2014.

MIGNOT, Claude. The Pocket Louvre: A Visitor's Guide to 500 Works. Nova Iorque:
Abbeville Press, 1999.

MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL. Região Integrada de Desenvolvimento da


Grande Teresina-PI. Disponível em: < http://www.integracao.gov.br/ride-grande-teresina>
Acesso em: 04 set. 2014

MONTANER, Josep Maria. Depois do Movimento Moderno: Arquitetura da metade do


século XX. São Paulo: Gustavo Gili, 2001.

MUSEU DO HOMEM AMERICANO. Fundação Museu do Homem Americano.


Disponível em: < http://www.fumdham.org.br/achei.html > Acesso em: 30 Nov. 2014.

NOTAS SOBRE A HISTÓRIA DOS MUSEUS. Uma breve história dos museus. Em <
http://www.museus.art.br/historia.htm>. Acesso em: 01 set. 2014

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OLIVEIRA, Isabel Cristina Rodrigues de. Um museu, dois projetos, duas posturas:
análise das propostas de Paulo Mendes da Rocha e Bernard Tschumi para MAC-USP
Disponível em: < http://www.fau.usp.br/disciplinas/tfg/tfg_online/tr/081/a025.html> Acesso
em: 10 set. 2014

SILVA, Susie Barreto da. A importância das raízes culturais para a identidade cultural
do individuo. Disponível em: <http://meuartigo.brasilescola.com/artes/a-importancia-das-
raizes-culturais-para-identidade-.htm> Acesso em: 04 set. 2014

TURISMO TERESINA. Museus do Piauí Disponível em: <


http://www.turismoteresina.com/guias/atrativos-turisticos/museus-do-piaui-141.html> Acesso
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ZEVI, Bruno. Saber ver a arquitetura. São Paulo: WMF Jardins Fontes, 2009. 296 p.

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