Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
comece
capa
Final dos anos 1950, zona sul do Rio de Janeiro. Um ritmo musical se esparrama pelos tapetes dos
apartamentos e auditórios
de universidades da cidade, para então, no início da década de 1960,
ganhar o Brasil e o mundo. Símbolo de modernidade
e trilha sonora da boemia daquela época, a
bossa nova completa 60 anos em 2018.
00:00 00:00
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
A primeira aparição do novo ritmo musical aconteceu no disco Canção do Amor Demais, onde a
cantora Elizeth Cardoso interpreta composições da dupla Tom Jobim e Vinicius de Moraes. A
bossa nova desponta especificamente em duas faixas, com acompanhamento ao violão feito pelo
baiano João Gilberto, que traz pela primeira vez a batida do violão que se tornaria característica do
estilo. “É clássico e definitivo momento de parto [da bossa nova]”, considera o crítico e historiador
Ricardo Cravo Albin.
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
00:00 00:00
O catálogo do selo tradicionalmente reunia discos em que poetas e cronistas liam suas obras. Com
Vinicius de Moraes, no entanto, foi diferente: em vez da leitura de poemas, Irineu sugeriu produzir
um álbum com as composições ainda pouco conhecidas que ele havia feito, em parceria com
Jobim, para a peça Orfeu da Conceição.
Tom Jobim já tinha feito arranjos para o primeiro disco de Elizeth Cardoso Canções à meia luz,
gravado em 1955 e Vinicius se encantou com a voz da Divina, apelido cunhado por ele ao ouvir
Canção de Amor na voz da cantora, nas proximidades do Porto de Santos, quando voltava ao
Brasil depois de anos trabalhando como diplomata em Paris. Ligada ao samba-canção, gênero
musical que predominava até então no Brasil, Elizeth aprendeu as canções da dupla no
apartamento da Rua Nascimento Silva 107, em Ipanema, onde Tom Jobim morou entre 1953 e
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
1962.
“
Apesar de reconhecida como a
maior cantora brasileira de
sua época, o que pesou em sua
escolha por Tom e Vinicius,
Elizeth jamais foi uma
recordista em vendagem de
discos. Contudo suas gravações
alcançavam uma permanência só
comparável a poucas cantoras
brasileiras, como é o caso
desse LP lançado pela
gravadora Festa, especializada
em discos de poesia e
cuidadosamente dirigida por
Irineu Garcia
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
A participação de João Gilberto estava prevista em cinco faixas, mas se concretizou em apenas
duas: Outra Vez, composição de Tom que já havia sido gravada em 1954, e
Chega de Saudade,
parceria dele com Vinicius feita em 1956, que permanecia inédita até então.
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
00:00 00:00
“
O Vinicius fez a letra de
Chega de Saudade do meu lado.
Ele não gostava de trabalhar
sozinho. Preferia trabalhar ao
lado do piano
Tom Jobim em
Tons sobre Tom, de Márcia Cezimbra, Tessy
Callado e Tárik de Souza (Editora Revan, 1995)
”
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
“
Conheci o Vinicius mais ou
menos em 1953, mais de obas e
olás. Em novembro de 1956,
começamos a parceria. A
verdadeira apresentação ao
Vinicius foi feita pelo Lúcio
Rangel. Foi aí que começamos o
trabalho no Orfeu da Conceição
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Jobim estava com 29 anos e trabalhava como pianista no Bar Azul, em Copacabana. Vinicius
apresentou ao músico o projeto de sua peça Orfeu da Conceição e o convidou para musicá-la. Em
entrevista para o programa Ensaio da TV Cultura, resgatado para o especial sobre o poeta feito
pelo Caminhos da Reportagem da TV Brasil, Vinicius lembra desse encontro:
00:00 00:00
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
“
A parceria com Antonio Carlos
Jobim, iniciada sob a gerência
espiritual de Orfeu, serve de
marca definitiva para uma
virada na carreira do poeta. O
inspirado Tom desloca a
atenção de Vinícius do
silêncio e da atmosfera
reservada própria à poesia e a
dirige para o ambiente mais
amplo e arejado da música
popular
“
Depois que encontrei o
Vinícius e fiz o Orfeu da
Conceição, percebi que poderia
ser um bom músico. Antes, na
adolescência, eu subia o morro
do Cantagalo e ia lá pra cima
olhar o mar. Pensava na
música, pensava em ser
músico”.
“
No início de 1955 João
Gilberto havia chegado ao seu
fundo do poço no Rio. Estava
sem dinheiro, sem trabalho e
quase sem amigos. O orgulho
flechado por todos os lados
fizera sua autoestima
despencar a zero
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
“
As saudades da minha família
eram grandes. Procurei minha
irmã, que se casara e residia
numa cidade mineira. E daí fui
rever
os meus pais, de quem eu
estava afastado havia seis
anos[...] Meus planos eram
recuperar-me dos insucessos.
Quando vim novamente
para o
Rio, estava apto para lutar em
situação de igualdade com
muita gente. O sofrimento
havia-me dado a necessária
experiência
Estimulado por Chico Pereira, fotógrafo da gravadora Odeon, onde Jobim exercia a função de
diretor artístico, João procurou
o maestro no seu apartamento em Ipanema e apresentou a ele
duas composições próprias:
Bim-bom e
Hô-ba-la-lá.
Tom se impressionou com a batida do violão do músico baiano e pensou nas composições em que
estava trabalhando. Escolheu
Chega de Saudade, parceria com Vinicius feita após a temporada de
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Tudo é samba. Mas isso, essa bossa, é outra Esse espaço que aproveito, tinha no samba. Foi
coisa: é samba e não é samba tirado do samba. A prova que tinha, é que tem. É
um contratempo que é do samba
Essas falas foram destacadas de depoimentos dados por João Gilberto em outubro de 1990,
selecionadas pela pesquisadora Edinha
Diniz em João Gilberto (Cosac Naify, 2012), organizado
por Walter Garcia.
Ao acompanhar Elizeth Cardoso, João Gilberto inova na forma de cadenciar o ritmo, acentuando os
tempos fracos, de forma a realizar uma síntese da batida do samba ao violão.
“
A síntese realizada pelo
violão de João Gilberto é uma
redução da batucada do samba.
Uma estilização produzida a
partir de um dos instrumentos
de percussão (o tamborim) em
detrimento dos demais
00:00 00:00
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
“
A maneira como ele trabalha o
samba faz com que a música
dele acabe sendo samba e não
sendo ao mesmo tempo. Eu
cheguei a essa conclusão
analisando o ritmo, a batida
do João Gilberto ao violão
“
João parte do samba para
retornar a ele: então, o que
ele faz é samba; e não é: pois
sua batida não permanece no
samba, ela vai e volta
impulsionada por aquilo que o
baiano acrescenta, aquilo que
se convencionou chamar de
bossa e que, formalmente são
os procedimentos jazzistas
Tom Jobim já havia apresentado para Aloysio de Oliveira, que assumiria como diretor-geral da
Odeon, um acetato com João Gilberto cantando e tocando Chega de Saudade apenas em voz e
violão. Oliveira não se impressionou com o que ouviu, mas foi convencido depois por André Midani
e Dorival Caymmi, que se juntaram a Tom na argumentação.
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Jobim simplificou o arranjo que havia feito para o disco de Elizeth para Chega de Saudade e
também para Bim Bom, que seria gravada pela primeira vez.
“
O samba sempre teve muito
acompanhamento, muita batucada
- às vezes sofria de excesso
de acompanhamento, inclusive.
Você tocando tudo ao mesmo
tempo [...] não deixa os
espaços. Você acaba criando
uma zoeira que mais parece um
mar de ressaca. O que nós
fizemos ali com o João foi
tirar as coisas, criar espaço,
dissecar, despojar, economizar
“Existe também uma percussividade na forma de cantar de João Gilberto e alguns pesquisadores
apontam que seu canto se aproxima da sonoridade de um instrumento de cordas e da articulação
de um saxofone”, acrescenta.
00:00 00:00
Ruy Castro levanta uma possível influência na forma de cantar de João Gilberto: a cantora Sylvia
Telles, que já havia gravado
a canção Foi a Noite, de Tom Jobim, em um disco gravado em 1956 -
antes do retorno de João Gilberto ao Rio de Janeiro.
Ruy Castro em
Chega de Saudade: a história e as histórias
da Bossa Nova (Companhia das Letras, 1990)
”
Em uma rara entrevista, concedida a Tárik de Souza e publicada na revista Veja em 12/05/1970,
João Gilberto comentou sobre sua forma de cantar:
“Uma das músicas que despertaram, que me mostraram que podia tentar uma
coisa diferente foi Rosa Morena, do Caymmi. Sentia que aquele
prolongamento de som que os cantores davam prejudicava o balanço natural
da música. Encurtando o som das frases, a letra cabia certa dentro dos
compassos e ficava flutuando. Eu podia mexer com toda a estrutura da
música, sem precisar alterar nada. Outra coisa com que eu não concordava
era as mudanças que os cantores faziam em algumas palavras, fazendo o
acento do ritmo cair em cima delas para criar um balanço maior. Eu acho
que as palavras deveriam ser pronunciadas da forma mais natural possível,
como se estivesse conversando. Qualquer mudança acaba alterando o que o
letrista quis dizer com seus versos. Outra vantagem dessa preocupação é
que, às vezes, você pode adiantar um pouco a frase e fazer às vezes com
que caibam duas ou mais num compasso fixo. Com isso, pode-se criar uma
rima de ritmo. Uma frase musical rima com a outra sem que a música seja
artificialmente alterada”
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
A forma inovadora de tocar e cantar o samba, unida às harmonias de Tom Jobim e à guinada do
poeta e diplomata Vinicius de
Moraes como letrista de música popular, encontrou ressonância
imediata entre os músicos que buscavam na noite carioca novas
abordagens para o samba. Muitos
deles eram influenciados pelo jazz norte-americano.
Transição
“A música brasileira de onde eu vim é a música do perdedor, perdedor nato [...]. A coisa da bossa
nova, a coisa do Vinicius, ele começa a dizer uma porção de coisas afirmativas, ele fala ‘eu sei que
vou te amar’, ele fala um troço positivo”, afirmou Tom Jobim em uma entrevista recuperada pela
Rádio Nacional. Ouça o trecho da entrevista:
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
00:00 00:00
A bossa nova surgiu no momento em que o samba-canção era o gênero musical que dominava o
mercado fonográfico brasileiro. Ricardo Cravo Albin considera que Chega de Saudade, gravada por
João Gilberto, foi a manifestação concreta do movimento e um grito ao samba-canção.
“O samba-canção não era senão um samba lento, muitas vezes com um cheiro de bolero, que foi o
grande momento da venda de discos nos anos 1950. Era o samba-fossa, o samba dor de
cotovelo”, aponta o crítico e historiador.
00:00 00:00
“
Chega de Saudade, como diria
pitorescamente o maestro
Rogério Duprat, fora ‘uma
pernada na era boleral’.
Aquele novo jeito de cantar e
tocar de João Gilberto
ensolarava tudo - muito mais
do que ‘Copacabana’, com Dick
Farney, tinha feito 12 anos
antes
Ruy Castro em
Chega de Saudade: a história e as histórias
da Bossa Nova (Companhia das Letras, 1990)
”
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Para o crítico musical Zuza Homem de Mello, autor de Copacabana: a trajetória do samba-canção,
a bossa nova foi uma evolução dessa forma de fazer samba, que representou um momento de
transição no processo de modernização da música brasileira iniciado no final da década de 1940.
00:00 00:00
Aproveitando os avanços musicais, a bossa nova se consolidou com a nova forma de ritmar o
samba, e a batida de violão de
João Gilberto representou o ápice desse processo de
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
modernização. “A bossa nova também é um samba, não nos esqueçamos disso, só que um samba
criado ou recriado pela batida de João Gilberto”, pontua Cravo Albin.
“
O grande salto do samba-canção
para bossa nova foi essa
batida do João. Essa batida do
João está incorporada. O
universo todo conhece. Eu
tinha uma série de sambas-
canção de parceria com Newton
Mendonça mas a chegada do João
abriu novas perspectivas: o
ritmo que o João trouxe. A
parte instrumental - harmônica
e melódica - essa já estava
mais ou menos estabelecida
“
A interpretação de João é mais
introspectiva que a de Maysa,
e também violentamente menos
dramática; mas, se na gravação
dela os elementos essenciais
do ritmo original do samba
foram lançados ao esquecimento
quase total pela concepção do
arranjo e, sobretudo, pelas
inflexões do fraseado, na dele
chega-se a ouvir - com o
ouvido interior - o surdão de
um bloco de rua batendo com
descansada regularidade de
ponta a ponta da canção. É uma
aula de como o samba pode
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
A bossa nova chega à terceira idade com seu principal ícone fora de
atividade há dez anos: a última vez que João Gilberto pisou em um palco
foi em 2008, por ocasião das comemorações dos 50 anos desse gênero
musical. Em São Paulo, os shows aconteceram
no auditório do Ibirapuera e
o apresentador foi o crítico musical e amigo pessoal de João, Zuza Homem
de Mello.
“Estive com ele pessoalmente, sempre com aquela amizade intensa de parte
a parte, numa situação muito amorosa, muito respeitosa e da minha intensa
admiração sobre aquele que é o mestre para a música popular”, recorda
Melo.
00:00 00:00
Foi a última vez que ele esteve na presença do músico e lamenta sua
ausência dos palcos no momento em que o movimento musical
alavancado por
ele chega aos 60 anos.
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
“É uma grande pena a gente não ter mais o João Gilberto podendo cantar e
tocar em público. Certamente ele deve estar cantando
e tocando no
apartamento onde vive”, reflete.
João Gilberto foi visto cantando e tocando violão pela última vez em
2015: ele aparece em vídeos postados na rede social
Facebook por Claudia
Faissol, mãe de Luisa, filha caçula do cantor. João estava de pijama,
tocava e cantava
Garota de Ipanema ao lado da filha.
“Mas em público é diferente, ele tem que se preparar para isso. A razão
disso [ausência dos palcos] é que ele não está preparado
para se
apresentar em público. Há que se respeitar João Gilberto”, ressalta
Mello.
“O difícil do João Gilberto é que a obra dele está sempre equilibrando contrastes e antagonismos,
embora na aparência seja uma obra que não tem contradição nenhuma. Ela é toda atravessada de
contradições mas elas são apresentadas como se não houvesse o conflito”, explica em entrevista
ao Portal EBC.
Ele qualifica como “imensa” a contribuição do músico baiano para música, a arte e a cultura
brasileira, mas ressalta que “estamos longe de compreender essa contribuição” e considera que,
apesar de ter sido bastante difundida, a obra de João “aos poucos foi deixando de ser escutada
como deve ser”.
“Ela é colocada numa espécie de pedestal e aí fica difícil você escutar a obra e compreender
exatamente o que ela está tentando transmitir, o que está tentando expressar”, ressalta.
00:00 00:00
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Para Zuza Homem de Melo, o aspecto mais difícil para a compreensão da obra de João Gilberto é
a necessidade de uma audição muito concentrada em duas sonoridades diferentes, voz e violão,
que se complementam.
“Uma audição do João Gilberto não é uma audição de um cantor se acompanhando ao violão.
Ouvir o João Gilberto é uma audição de voz e violão ao mesmo tempo, é diferente, as pessoas
precisam se exercitar para ouvir as duas coisas ao mesmo tempo”, afirma.
00:00 00:00
“
A grande contribuição rítmica
da bossa nova é que quando o
João cantava, havia um jogo
rítmico entre o violão, a voz
e a bateria [...]No Bim Bom
por exemplo, você vê a
dissociação entre o que ele
faz no violão e o que ele
canta, gerando essa terceira
coisa que eu acho
importantíssima
“Como um coronel que ao dar ordens não grita, ele fala cada vez mais baixo, mas ao falar cada vez
mais baixo impõe que a pessoa silencie e que no limite ela não se mova. Isso eu observei em
vários shows do João Gilberto”, aponta.
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
00:00 00:00
“Um cara que eu considero realmente um gênio, que extrapolou uma posição
no terreno da pesquisa cultural de pessoas informadas, para uma
influência total na música brasileira”. É dessa forma que Caetano Veloso
se referiu a João Gilberto, em uma entrevista concedida em dezembro de
1967 para a Rádio Cultura de São Paulo.
00:00 00:00
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
“Eu sentia que o que eu fazia era uma coisa muito mais ligada à morte do
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
00:00 00:00
Quanto ao iê-iê-iê, que cada vez mais deixa o nosso samba em segundo
plano no mercado brasileiro, João diz que não é contra ele, pois é uma
música muito “inocente”, enquanto a bossa nova que “os meninos estão
fazendo hoje, esta sim é que prejudica o nosso desenvolvimento musical,
porque é pretensiosa, sem autenticidade e sem espontaneidade”, afirmou a
Armando Aflalo na reportagem “João Vê Tudo Errado na Bossa Nova”,
publicada no Caderno B do Jornal do Brasil em 24/04/1966.
“Não foi à toa que eles retomavam como mestre João Gilberto. Eles
impediram que se enterrasse o João Gilberto prematuramente”, afirmou
Décio Pignatari em relação ao movimento tropicalista, em entrevista para
a Rádio Cultura de São Paulo em maio de 1968.
00:00 00:00
“Qualquer pessoa hoje sabe o que é bossa nova, porque ela realmente criou
um padrão musical, tem uma forma musical definida. Ela ficou
característica e até hoje está por aí. Não vou dizer que ela faz sucesso,
mas ela existe, está na corrente sanguínea da música brasileira”, afirmou
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Gravadora Elenco
Como diretor artístico da Odeon, Aloysio de Oliveira foi o responsável pela gravação, em 1958, dos
dois primeiros discos 78 rpm de João Gilberto, além dos primeiros LPs do músico baiano: Chega
de Saudade (1959) e O amor, o sorriso e a flor (1960). Ele deixou a Odeon depois que a gravadora
demitiu Sylvia Telles e Lúcio Alves, artistas que tinham sido contratados a seu pedido. Levou
ambos para a gravadora Philips, mas ali permaneceu por apenas um ano.
Depois de passar o ano de 1962 produzindo shows na casa Au Bon Gourmet, fundou sua própria
gravadora: Elenco.
Durante os três anos de atividade com Aloysio no comando (1963-1966), a Elenco lançou mais de
60 LPs de músicos ligados à bossa nova. Além do time de músicos que integrava, a gravadora
ficou conhecida também pela identidade visual de suas capas, que ficaram a cargo do fotógrafo
Chico Pereira e do diretor de arte César Villela.
“O Aloysio de Oliveira tem um papel fundamental [para a bossa nova] e ele criou a gravadora
Elenco justamente pra essas pessoas que estavam meio fora do sistema que as gravadoras
queriam”, pontua Tárik de Souza.
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Linha do Tempo
1946
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
00:00 00:00
1950
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Foto: Divulgação
1952
Foto: Reprodução
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
00:00 00:00
1953
Foto: Reprodução
00:00 00:00
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Foto: Reprodução
00:00 00:00
1954
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução
1955
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Foto: Reprodução
00:00 00:00
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Domínio Público
1956
1957
1958
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Foto: Reprodução
00:00 00:00
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Foto: Reprodução
00:00 00:00
1959
Foto: Reprodução
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Foto: Reprodução
00:00 00:00
1960
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
1962
00:00 00:00
00:00 00:00
00:00 00:00
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Foto: Reprodução
1963
Foto: Reprodução
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Foto: Reprodução
1964
Foto: Reprodução
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]
60 anos da Bossa Nova
Expediente
Reportagem e produção:
Leandro Melito
Edição:
Ana Elisa Santana e Nathália Mendes
Design e implementação:
Daniel Dresch
Os áudios disponibilizados na linha do tempo são programetes produzidos e cedidos pela rádio MEC, do Rio de Janeiro
Locução:
Raquel Ricardo
http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2018/bossa-nova/[26/05/2018 18:48:04]