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60 anos da Bossa Nova

Capítulos Linha do tempo

60 anos da Bossa Nova

comece

capa

Foto: Reprodução / "Filme Copacabana Palace", de 1962

Final dos anos 1950, zona sul do Rio de Janeiro. Um ritmo musical se esparrama pelos tapetes dos
apartamentos e auditórios
de universidades da cidade, para então, no início da década de 1960,
ganhar o Brasil e o mundo. Símbolo de modernidade
e trilha sonora da boemia daquela época, a
bossa nova completa 60 anos em 2018.

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Trecho extraído do programa Caminhos da


Reportagem: Caminhos de Tom

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60 anos da Bossa Nova

Vista aérea de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro -


Foto: acervo da Fundação Biblioteca Nacional | Divulgação
do livro 'Copacabana: A trajetória do samba-canção'

A primeira aparição do novo ritmo musical aconteceu no disco Canção do Amor Demais, onde a
cantora Elizeth Cardoso interpreta composições da dupla Tom Jobim e Vinicius de Moraes. A
bossa nova desponta especificamente em duas faixas, com acompanhamento ao violão feito pelo
baiano João Gilberto, que traz pela primeira vez a batida do violão que se tornaria característica do
estilo. “É clássico e definitivo momento de parto [da bossa nova]”, considera o crítico e historiador
Ricardo Cravo Albin.

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Canção do Amor Demais


Gravado em abril e lançado em maio de 1958, o disco Canção do Amor Demais teve uma
prensagem de 2 mil cópias. A produção foi feita pelo selo literário Festa, mantido pelo jornalista
Irineu Garcia.

Capa do disco Canção do


Amor Demais gravado em
1958 por Elizeth Cardoso

O catálogo do selo tradicionalmente reunia discos em que poetas e cronistas liam suas obras. Com
Vinicius de Moraes, no entanto, foi diferente: em vez da leitura de poemas, Irineu sugeriu produzir
um álbum com as composições ainda pouco conhecidas que ele havia feito, em parceria com
Jobim, para a peça Orfeu da Conceição.

Tom Jobim já tinha feito arranjos para o primeiro disco de Elizeth Cardoso Canções à meia luz,
gravado em 1955 e Vinicius se encantou com a voz da Divina, apelido cunhado por ele ao ouvir
Canção de Amor na voz da cantora, nas proximidades do Porto de Santos, quando voltava ao
Brasil depois de anos trabalhando como diplomata em Paris. Ligada ao samba-canção, gênero
musical que predominava até então no Brasil, Elizeth aprendeu as canções da dupla no
apartamento da Rua Nascimento Silva 107, em Ipanema, onde Tom Jobim morou entre 1953 e

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1962.


Apesar de reconhecida como a
maior cantora brasileira de
sua época, o que pesou em sua
escolha por Tom e Vinicius,
Elizeth jamais foi uma
recordista em vendagem de
discos. Contudo suas gravações
alcançavam uma permanência só
comparável a poucas cantoras
brasileiras, como é o caso
desse LP lançado pela
gravadora Festa, especializada
em discos de poesia e
cuidadosamente dirigida por
Irineu Garcia

Zuza Homem de Mello em Copacabana: a trajetória do


samba-canção (Editora 34, 2017)

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A cantora Elizeth Cardoso - Foto: Fundo


Última Hora, Arquivo Público do Estado de
São Paulo

A participação de João Gilberto estava prevista em cinco faixas, mas se concretizou em apenas
duas: Outra Vez, composição de Tom que já havia sido gravada em 1954, e
Chega de Saudade,
parceria dele com Vinicius feita em 1956, que permanecia inédita até então.

Outra vez, mais do que Chega


de Saudade, está, em Canção do
amor demais, bem próxima do
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“ estado de espírito bossa-nova


[...]. Quanto a Chega de
Saudade, seu registro é um
laboratório do que seria a
famosa gravação de João, dali
a seis meses

Walter Garcia em Bim Bom: a contradição sem conflitos de


João Gilberto (Paz e Terra, 1999)


A música Outra Vez é anterior
à bossa nova. O João colocou o
ritmo de bossa nova e seguiu
com a orquestra. Eu tinha
gravado com o Dick Farney, era
um samba-canção [...] gravada
pelo João, a música ficou com
uns espaços, enquanto o ritmo
vai correndo solto, e as
frases melódicas aparecem de
vez em quando

Tom Jobim em Tons sobre Tom, de Márcia Cezimbra, Tessy


Callado e Tárik de Souza (Editora Revan, 1995)

Chega de Saudade
Tom Jobim fez a parte musical de Chega de Saudade quando estava no sítio de sua família em
Petrópolis. Assim que voltou para o Rio de Janeiro mostrou a canção para Vinicius, que estava de
malas prontas para reassumir seu posto de diplomata em Paris, mas adiou a viagem em alguns
dias para terminar a letra da canção.

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Assista aqui à íntegra


do programa Caminhos de Tom


O Vinicius fez a letra de
Chega de Saudade do meu lado.
Ele não gostava de trabalhar
sozinho. Preferia trabalhar ao
lado do piano

Tom Jobim em
Tons sobre Tom, de Márcia Cezimbra, Tessy
Callado e Tárik de Souza (Editora Revan, 1995)

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Tom Jobim toca piano ao lado do poeta Vinicius de Moraes -


Foto: Divulgação / A Música Segundo Tom Jobim

O encontro de Tom e Vinícius


Vinicius já conhecia Tom Jobim de vista, das noites no Clube da Chave em 1952, mas foi
apresentado pessoalmente ao pianista
pelo crítico e historiador Lúcio Rangel em 1956. O encontro
aconteceu no Bar Villarino, no Rio de Janeiro.


Conheci o Vinicius mais ou
menos em 1953, mais de obas e
olás. Em novembro de 1956,
começamos a parceria. A
verdadeira apresentação ao
Vinicius foi feita pelo Lúcio
Rangel. Foi aí que começamos o
trabalho no Orfeu da Conceição

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Tom Jobim em Tons sobre Tom, de Márcia Cezimbra, Tessy


Callado e Tárik de Souza (Editora Revan, 1995)

Estréia da peça Orfeu da Conceição - Foto:


Fundo Última Hora / Apesp

Jobim estava com 29 anos e trabalhava como pianista no Bar Azul, em Copacabana. Vinicius
apresentou ao músico o projeto de sua peça Orfeu da Conceição e o convidou para musicá-la. Em
entrevista para o programa Ensaio da TV Cultura, resgatado para o especial sobre o poeta feito
pelo Caminhos da Reportagem da TV Brasil, Vinicius lembra desse encontro:

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Assista a íntegra do programa


Poesia, música,
paixão: Vinicius de Moraes, do Caminhos da
Reportagem

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A parceria com Antonio Carlos
Jobim, iniciada sob a gerência
espiritual de Orfeu, serve de
marca definitiva para uma
virada na carreira do poeta. O
inspirado Tom desloca a
atenção de Vinícius do
silêncio e da atmosfera
reservada própria à poesia e a
dirige para o ambiente mais
amplo e arejado da música
popular

José Castello em Vinícius de Moraes: O Poeta da Paixão


(Cia das Letras, 1997)

Veja também o especial Vinicius de Moraes


Depois que encontrei o
Vinícius e fiz o Orfeu da
Conceição, percebi que poderia
ser um bom músico. Antes, na
adolescência, eu subia o morro
do Cantagalo e ia lá pra cima
olhar o mar. Pensava na
música, pensava em ser
músico”.

Tom Jobim em Tons sobre Tom, de Márcia Cezimbra, Tessy


Callado e Tárik de Souza (Editora Revan, 1995)

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Veja também o especial Tom Jobim

João Gilberto reencontra Tom


No início de 1955 João
Gilberto havia chegado ao seu
fundo do poço no Rio. Estava
sem dinheiro, sem trabalho e
quase sem amigos. O orgulho
flechado por todos os lados
fizera sua autoestima
despencar a zero

Ruy Castro em Chega de Saudade: a história e as histórias


da Bossa Nova (Companhia das Letras, 1990)

Após passar dois anos em diferentes cidades (Porto Alegre, Diamantina, Juazeiro e Salvador),
João Gilberto retorna ao Rio em 1957, então com 26 anos, e traz na bagagem os elementos
fundamentais para a consolidação da bossa nova: a batida do violão e a forma de cantar.

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João Gilberto na época da gravação de seu primeiro disco -


Foto: Divulgação / Francisco Pereira


As saudades da minha família
eram grandes. Procurei minha
irmã, que se casara e residia
numa cidade mineira. E daí fui
rever
os meus pais, de quem eu
estava afastado havia seis
anos[...] Meus planos eram
recuperar-me dos insucessos.
Quando vim novamente
para o
Rio, estava apto para lutar em
situação de igualdade com
muita gente. O sofrimento
havia-me dado a necessária
experiência

João Gilberto em entrevista concedida para a Revista do


Rádio em 23/01/1960.

Se Tom e Vinicius já haviam estabelecido a parceria de letra e música que serviu de base para o
gênero musical, o elemento
detonador desse processo foi o reencontro de Tom Jobim e João
Gilberto, que já se conheciam anteriormente das madrugadas
nas boates cariocas.

Estimulado por Chico Pereira, fotógrafo da gravadora Odeon, onde Jobim exercia a função de
diretor artístico, João procurou
o maestro no seu apartamento em Ipanema e apresentou a ele
duas composições próprias:
Bim-bom e
Hô-ba-la-lá.

Tom se impressionou com a batida do violão do músico baiano e pensou nas composições em que
estava trabalhando. Escolheu
Chega de Saudade, parceria com Vinicius feita após a temporada de
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Orfeu da Conceição, que permanecia guardada.

O samba de João Gilberto

Tudo é samba. Mas isso, essa bossa, é outra Esse espaço que aproveito, tinha no samba. Foi
coisa: é samba e não é samba tirado do samba. A prova que tinha, é que tem. É
um contratempo que é do samba

Essas falas foram destacadas de depoimentos dados por João Gilberto em outubro de 1990,
selecionadas pela pesquisadora Edinha
Diniz em João Gilberto (Cosac Naify, 2012), organizado
por Walter Garcia.

Ao acompanhar Elizeth Cardoso, João Gilberto inova na forma de cadenciar o ritmo, acentuando os
tempos fracos, de forma a realizar uma síntese da batida do samba ao violão.


A síntese realizada pelo
violão de João Gilberto é uma
redução da batucada do samba.
Uma estilização produzida a
partir de um dos instrumentos
de percussão (o tamborim) em
detrimento dos demais

Walter Garcia em Bim Bom: a contradição sem conflitos de


João Gilberto (Paz e Terra, 1999).

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A maneira como ele trabalha o
samba faz com que a música
dele acabe sendo samba e não
sendo ao mesmo tempo. Eu
cheguei a essa conclusão
analisando o ritmo, a batida
do João Gilberto ao violão

Walter Garcia, em entrevista ao Portal EBC. ”


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João parte do samba para
retornar a ele: então, o que
ele faz é samba; e não é: pois
sua batida não permanece no
samba, ela vai e volta
impulsionada por aquilo que o
baiano acrescenta, aquilo que
se convencionou chamar de
bossa e que, formalmente são
os procedimentos jazzistas

Walter Garcia em Bim Bom, a contradição sem conflitos de


João Gilberto

Meses depois de Canção do Amor Demais chegar às lojas, João Gilberto conclui a gravação de
seu próprio disco 78 rotações, contendo de um lado a canção Chega de Saudade e de outro Bim
Bom, composição própria.

Tom Jobim já havia apresentado para Aloysio de Oliveira, que assumiria como diretor-geral da
Odeon, um acetato com João Gilberto cantando e tocando Chega de Saudade apenas em voz e
violão. Oliveira não se impressionou com o que ouviu, mas foi convencido depois por André Midani
e Dorival Caymmi, que se juntaram a Tom na argumentação.

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Jobim simplificou o arranjo que havia feito para o disco de Elizeth para Chega de Saudade e
também para Bim Bom, que seria gravada pela primeira vez.


O samba sempre teve muito
acompanhamento, muita batucada
- às vezes sofria de excesso
de acompanhamento, inclusive.
Você tocando tudo ao mesmo
tempo [...] não deixa os
espaços. Você acaba criando
uma zoeira que mais parece um
mar de ressaca. O que nós
fizemos ali com o João foi
tirar as coisas, criar espaço,
dissecar, despojar, economizar

Tom Jobim em entrevista a Jorge Carvalho Pereira da Silva


citado no artigo Eu mesmo mentindo devo argumentar, de
José Miguel Wisnik.

Nesse trabalho autoral, onde definitivamente se consolidou o que seria chamado de bossa nova,
aparece outra faceta de João
Gilberto: a forma de cantar o samba. Para Walter Garcia, dizer que
João Gilberto canta “baixinho”, ou que seu canto se aproxima
do modo de falar, é contemplar
apenas uma parte desse processo.

“Existe também uma percussividade na forma de cantar de João Gilberto e alguns pesquisadores
apontam que seu canto se aproxima da sonoridade de um instrumento de cordas e da articulação
de um saxofone”, acrescenta.

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Ruy Castro levanta uma possível influência na forma de cantar de João Gilberto: a cantora Sylvia
Telles, que já havia gravado
a canção Foi a Noite, de Tom Jobim, em um disco gravado em 1956 -
antes do retorno de João Gilberto ao Rio de Janeiro.

Lembre-se que os dois foram


namorados em 1952, quando João
ainda usava amídalas à Orlando
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“ Silva e a acompanhava todo dia


ao violão. Não se pode ter
certeza de como ela cantava
naquele tempo, mas, desde os
seus primeiros 78s a partir de
Foi a Noite em 1956 Sylvinha
já era a mesma cantora que em
1959 gravaria Amor de gente
moça. Ela não havia mudado;
João Gilberto, sim.

Ruy Castro em
Chega de Saudade: a história e as histórias
da Bossa Nova (Companhia das Letras, 1990)

Em uma rara entrevista, concedida a Tárik de Souza e publicada na revista Veja em 12/05/1970,
João Gilberto comentou sobre sua forma de cantar:

“Uma das músicas que despertaram, que me mostraram que podia tentar uma
coisa diferente foi Rosa Morena, do Caymmi. Sentia que aquele
prolongamento de som que os cantores davam prejudicava o balanço natural
da música. Encurtando o som das frases, a letra cabia certa dentro dos
compassos e ficava flutuando. Eu podia mexer com toda a estrutura da
música, sem precisar alterar nada. Outra coisa com que eu não concordava
era as mudanças que os cantores faziam em algumas palavras, fazendo o
acento do ritmo cair em cima delas para criar um balanço maior. Eu acho
que as palavras deveriam ser pronunciadas da forma mais natural possível,
como se estivesse conversando. Qualquer mudança acaba alterando o que o
letrista quis dizer com seus versos. Outra vantagem dessa preocupação é
que, às vezes, você pode adiantar um pouco a frase e fazer às vezes com
que caibam duas ou mais num compasso fixo. Com isso, pode-se criar uma
rima de ritmo. Uma frase musical rima com a outra sem que a música seja
artificialmente alterada”

João Gilberto em entrevista a Tárik de Souza

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Caymmi toca violão em uma boate carioca. Autor de sambas-


canção na década de 1950, ele teve músicas regravadas por
João Gilberto com a batida de violão da bossa nova - Foto:
Fundo Última Hora, Arquivo Público do Estado de São Paulo

A forma inovadora de tocar e cantar o samba, unida às harmonias de Tom Jobim e à guinada do
poeta e diplomata Vinicius de
Moraes como letrista de música popular, encontrou ressonância
imediata entre os músicos que buscavam na noite carioca novas
abordagens para o samba. Muitos
deles eram influenciados pelo jazz norte-americano.

Transição
“A música brasileira de onde eu vim é a música do perdedor, perdedor nato [...]. A coisa da bossa
nova, a coisa do Vinicius, ele começa a dizer uma porção de coisas afirmativas, ele fala ‘eu sei que
vou te amar’, ele fala um troço positivo”, afirmou Tom Jobim em uma entrevista recuperada pela
Rádio Nacional. Ouça o trecho da entrevista:

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A bossa nova surgiu no momento em que o samba-canção era o gênero musical que dominava o
mercado fonográfico brasileiro. Ricardo Cravo Albin considera que Chega de Saudade, gravada por
João Gilberto, foi a manifestação concreta do movimento e um grito ao samba-canção.

“O samba-canção não era senão um samba lento, muitas vezes com um cheiro de bolero, que foi o
grande momento da venda de discos nos anos 1950. Era o samba-fossa, o samba dor de
cotovelo”, aponta o crítico e historiador.

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Chega de Saudade, como diria
pitorescamente o maestro
Rogério Duprat, fora ‘uma
pernada na era boleral’.
Aquele novo jeito de cantar e
tocar de João Gilberto
ensolarava tudo - muito mais
do que ‘Copacabana’, com Dick
Farney, tinha feito 12 anos
antes

Ruy Castro em
Chega de Saudade: a história e as histórias
da Bossa Nova (Companhia das Letras, 1990)

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Trio de jazz de Dick Farney tocando no Peacock Alley do


hotel Waldorf Astoria, em Nova York, em 1957 - Crédito:
Fundo
Última Hora / Apesp

Para o crítico musical Zuza Homem de Mello, autor de Copacabana: a trajetória do samba-canção,
a bossa nova foi uma evolução dessa forma de fazer samba, que representou um momento de
transição no processo de modernização da música brasileira iniciado no final da década de 1940.

“O samba-canção vinha dando ares de modernidade à Música Popular Brasileira, devido a


compositores que deram à música melodias e harmonias muito mais avançadas do que as que
havia até então”, considera.

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Aproveitando os avanços musicais, a bossa nova se consolidou com a nova forma de ritmar o
samba, e a batida de violão de
João Gilberto representou o ápice desse processo de
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modernização. “A bossa nova também é um samba, não nos esqueçamos disso, só que um samba
criado ou recriado pela batida de João Gilberto”, pontua Cravo Albin.


O grande salto do samba-canção
para bossa nova foi essa
batida do João. Essa batida do
João está incorporada. O
universo todo conhece. Eu
tinha uma série de sambas-
canção de parceria com Newton
Mendonça mas a chegada do João
abriu novas perspectivas: o
ritmo que o João trouxe. A
parte instrumental - harmônica
e melódica - essa já estava
mais ou menos estabelecida

Tom Jobim em Tons sobre Tom, de Márcia Cezimbra, Tessy


Callado e Tárik de Souza (Editora Revan, 1995)

No livro Verdade Tropical, Caetano Veloso exemplifica a transição do samba-canção para a bossa
nova ao comparar duas gravações da música Caminhos Cruzados, composição de Tom Jobim: a
versão de Maysa, gravada como samba-canção, e a de João Gilberto, como bossa nova. Ele
conclui que a segunda revela “o samba-samba que estava escondido num samba-canção”.


A interpretação de João é mais
introspectiva que a de Maysa,
e também violentamente menos
dramática; mas, se na gravação
dela os elementos essenciais
do ritmo original do samba
foram lançados ao esquecimento
quase total pela concepção do
arranjo e, sobretudo, pelas
inflexões do fraseado, na dele
chega-se a ouvir - com o
ouvido interior - o surdão de
um bloco de rua batendo com
descansada regularidade de
ponta a ponta da canção. É uma
aula de como o samba pode

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estar inteiro mesmo nas suas


formas mais aparentemente
descaracterizadas; um modo de,
radicalizando o refinamento,
reencontrar a mão do primeiro
preto batendo no couro do
primeiro atabaque no
nascedouro do samba.

Caetano Veloso em Verdade Tropical (Companhia das


Letras, 2017)

Onde está João Gilberto?

A bossa nova chega à terceira idade com seu principal ícone fora de
atividade há dez anos: a última vez que João Gilberto pisou em um palco
foi em 2008, por ocasião das comemorações dos 50 anos desse gênero
musical. Em São Paulo, os shows aconteceram
no auditório do Ibirapuera e
o apresentador foi o crítico musical e amigo pessoal de João, Zuza Homem
de Mello.

“Estive com ele pessoalmente, sempre com aquela amizade intensa de parte
a parte, numa situação muito amorosa, muito respeitosa e da minha intensa
admiração sobre aquele que é o mestre para a música popular”, recorda
Melo.

A memória que guarda daquela apresentação é de uma platéia “totalmente


fascinada, num silêncio sepulcral”.

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Foi a última vez que ele esteve na presença do músico e lamenta sua
ausência dos palcos no momento em que o movimento musical
alavancado por
ele chega aos 60 anos.

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“É uma grande pena a gente não ter mais o João Gilberto podendo cantar e
tocar em público. Certamente ele deve estar cantando
e tocando no
apartamento onde vive”, reflete.

Houve uma expectativa de que João voltasse aos palcos em novembro de


2011, em uma turnê nacional com o show
João Gilberto 80 anos - Uma vida
Bossa Nova. Mas a primeira apresentação que seria realizada na capital
paulista foi
cancelada por motivos de saúde por parte do músico e a turnê
terminou cancelada.

João Gilberto foi visto cantando e tocando violão pela última vez em
2015: ele aparece em vídeos postados na rede social
Facebook por Claudia
Faissol, mãe de Luisa, filha caçula do cantor. João estava de pijama,
tocava e cantava
Garota de Ipanema ao lado da filha.

“Mas em público é diferente, ele tem que se preparar para isso. A razão
disso [ausência dos palcos] é que ele não está preparado
para se
apresentar em público. Há que se respeitar João Gilberto”, ressalta
Mello.

Devido a problemas financeiros e de saúde, sua filha Bebel Gilberto


conseguiu na Justiça a interdição do músico no último
dia 15 de novembro.
O processo corre em segredo na 5ª Vara de Orfãos e Sucessões do Rio de
Janeiro.

Pesquisador da obra de João Gilberto, Walter Garcia sintetizou a complexidade do trabalho do


músico baiano como uma “contradição sem conflitos”.

“O difícil do João Gilberto é que a obra dele está sempre equilibrando contrastes e antagonismos,
embora na aparência seja uma obra que não tem contradição nenhuma. Ela é toda atravessada de
contradições mas elas são apresentadas como se não houvesse o conflito”, explica em entrevista
ao Portal EBC.

Ele qualifica como “imensa” a contribuição do músico baiano para música, a arte e a cultura
brasileira, mas ressalta que “estamos longe de compreender essa contribuição” e considera que,
apesar de ter sido bastante difundida, a obra de João “aos poucos foi deixando de ser escutada
como deve ser”.

“Ela é colocada numa espécie de pedestal e aí fica difícil você escutar a obra e compreender
exatamente o que ela está tentando transmitir, o que está tentando expressar”, ressalta.

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Para Zuza Homem de Melo, o aspecto mais difícil para a compreensão da obra de João Gilberto é
a necessidade de uma audição muito concentrada em duas sonoridades diferentes, voz e violão,
que se complementam.

“Uma audição do João Gilberto não é uma audição de um cantor se acompanhando ao violão.
Ouvir o João Gilberto é uma audição de voz e violão ao mesmo tempo, é diferente, as pessoas
precisam se exercitar para ouvir as duas coisas ao mesmo tempo”, afirma.

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A grande contribuição rítmica
da bossa nova é que quando o
João cantava, havia um jogo
rítmico entre o violão, a voz
e a bateria [...]No Bim Bom
por exemplo, você vê a
dissociação entre o que ele
faz no violão e o que ele
canta, gerando essa terceira
coisa que eu acho
importantíssima

Depoimento de Tom Jobim a Zuza Homem de Mello, citado


no livro
Bim Bom: a contradição sem conflitos de João
Gilberto (Paz e Terra, 1999).

Walter Garcia destaca ainda outro aspecto do canto de João: “ele controla o corpo de quem está
ouvindo a canção”. Isso implica em dois aspectos. Ao mesmo tempo que caracteriza uma obra de
arte moderna em termos autonomia da obra, do artista e por consequência da platéia “até certo
ponto”, João Gilberto age, segundo ele, como um “mandão esclarecido”.

“Como um coronel que ao dar ordens não grita, ele fala cada vez mais baixo, mas ao falar cada vez
mais baixo impõe que a pessoa silencie e que no limite ela não se mova. Isso eu observei em
vários shows do João Gilberto”, aponta.

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Bossa Nova e Tropicália

“Um cara que eu considero realmente um gênio, que extrapolou uma posição
no terreno da pesquisa cultural de pessoas informadas, para uma
influência total na música brasileira”. É dessa forma que Caetano Veloso
se referiu a João Gilberto, em uma entrevista concedida em dezembro de
1967 para a Rádio Cultura de São Paulo.

“Ele assimilou toda a gama de informação que se tinha verbalmente e


também de uma maneira muito especial pela sensibilidade singular do João.
Ele engoliu tudo com uma violência terrível e conseguiu transformar a
maneira de se ouvir no Brasil até o fundo”, afirmou Caetano na ocasião.

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A declaração foi feita por Caetano quando estava à frente do movimento


tropicalista, que retomava na música popular elementos que haviam sido
deixados de lado pela bossa nova.

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60 anos da Bossa Nova

João Gilberto convidou Caetano - que estava no exílio em Londres -


para participar com ele e Gal Costa da gravação de um programa
para a TV Tupi em 1971. - Reprodução TV Tupi

Quase dez anos após o surgimento desse gênero musical, Caetano


considerava que, ao passar por um processo de vulgarização comercial, a
bossa nova perdia seu vigor enquanto manifestação cultural.

“Essa palavra pra mim não tem o sentido necessariamente pejorativo. A


vulgarização que eu falo é a transformação das conquistas do João
[Gilberto] em êxitos, em coisas comerciais”, afirmou Caetano. Ele avaliou
naquele momento que, ao passar por um processo de comercialização sem
conseguir fazer frente à outros tipos de música comercial como o rock e o
iê-iê-iê, a bossa nova passou a ser “uma espécie de defesa da música
brasileira contra a influência da música vulgar internacional” e assim a
se afastar de “um processo real”.

Veja também o especial da Tropicália

“Eu sentia que o que eu fazia era uma coisa muito mais ligada à morte do

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60 anos da Bossa Nova

que à vida e resolvi quebrar com as amarras a certas idéias abstratas de


cultura, de nacionalidade e de pureza, entende? Para conseguir me
expressar de uma maneira mais rica e mais viva”, afirmou na ocasião sobre
a guinada na sua carreira musical no momento da Tropicália.

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Cerca de um ano antes do surgimento do movimento tropicalista, o próprio


João Gilberto já havia feito um diagnóstico bastante próximo ao de
Caetano, durante uma passagem de quatro meses pelo Brasil antes de voltar
aos EUA, onde residia.

Quanto ao iê-iê-iê, que cada vez mais deixa o nosso samba em segundo
plano no mercado brasileiro, João diz que não é contra ele, pois é uma
música muito “inocente”, enquanto a bossa nova que “os meninos estão
fazendo hoje, esta sim é que prejudica o nosso desenvolvimento musical,
porque é pretensiosa, sem autenticidade e sem espontaneidade”, afirmou a
Armando Aflalo na reportagem “João Vê Tudo Errado na Bossa Nova”,
publicada no Caderno B do Jornal do Brasil em 24/04/1966.

“Não foi à toa que eles retomavam como mestre João Gilberto. Eles
impediram que se enterrasse o João Gilberto prematuramente”, afirmou
Décio Pignatari em relação ao movimento tropicalista, em entrevista para
a Rádio Cultura de São Paulo em maio de 1968.

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Diferente do Tropicalismo, que “foi mais uma ideia, um conceito e não


tinha uma forma definida”, a bossa nova se tornou permanente por ter sido
um movimento que mudou a estrutura da música popular brasileira, na
avaliação de Tárik de Souza.

“Qualquer pessoa hoje sabe o que é bossa nova, porque ela realmente criou
um padrão musical, tem uma forma musical definida. Ela ficou
característica e até hoje está por aí. Não vou dizer que ela faz sucesso,
mas ela existe, está na corrente sanguínea da música brasileira”, afirmou

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60 anos da Bossa Nova

em entrevista ao Portal EBC.

Gravadora Elenco
Como diretor artístico da Odeon, Aloysio de Oliveira foi o responsável pela gravação, em 1958, dos
dois primeiros discos 78 rpm de João Gilberto, além dos primeiros LPs do músico baiano: Chega
de Saudade (1959) e O amor, o sorriso e a flor (1960). Ele deixou a Odeon depois que a gravadora
demitiu Sylvia Telles e Lúcio Alves, artistas que tinham sido contratados a seu pedido. Levou
ambos para a gravadora Philips, mas ali permaneceu por apenas um ano.

Depois de passar o ano de 1962 produzindo shows na casa Au Bon Gourmet, fundou sua própria
gravadora: Elenco.

Durante os três anos de atividade com Aloysio no comando (1963-1966), a Elenco lançou mais de
60 LPs de músicos ligados à bossa nova. Além do time de músicos que integrava, a gravadora
ficou conhecida também pela identidade visual de suas capas, que ficaram a cargo do fotógrafo
Chico Pereira e do diretor de arte César Villela.

“O Aloysio de Oliveira tem um papel fundamental [para a bossa nova] e ele criou a gravadora
Elenco justamente pra essas pessoas que estavam meio fora do sistema que as gravadoras
queriam”, pontua Tárik de Souza.

Confira abaixo alguns artistas lançadas pela gravadora Elenco:

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60 anos da Bossa Nova

Linha do Tempo

1946

Gravação da música Copacabana por Dick


Farney

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60 anos da Bossa Nova

Dick Farney nos anos 40 -


Foto: Fundo Última Hora /
Apesp

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Tom Jobim começa a trabalhar como


pianista da noite em bares e boates da
Zona Sul do Rio de Janeiro.

1950

Aos 19 anos, João Gilberto se muda para o


Rio de Janeiro para tentar a carreira
musical e passa a integrar o conjunto
Garotos da Lua.

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Foto: Divulgação

1952

João Gilberto grava seu primeiro disco de


78 rotações

Foto: Reprodução

Tom Jobim começa a trabalhar como

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arranjador na gravadora Continental

Johnny Alf é contratado como pianista da


recém-inaugurada Cantina do César.

Três músicas dele são gravadas pela Rainha do


Rádio
Mary Gonçalves em seu disco
Convite ao Romance:
Estamos sós, O que é amar e Escuta.

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1953

Marisa Gata Mansa grava a composição


Você Esteve com Meu Bem?, de João
Gilberto

Foto: Reprodução

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Tom Jobim tem suas primeiras músicas


gravadas

Em abril, o cantor Mauriey Moura grava Incerteza,


parceria com Newton Mendonça. Em junho, Ernâni
Filho grava Pensando em Você e Faz uma semana, de
autoria de Jobim e Juca Stockler

O violonista e compositor Laurindo de

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60 anos da Bossa Nova

Almeida grava com o saxofonista Bud


Shank três discos chamados
Brazilliance,
em uma tentativa de unir a música
brasileira ao jazz

Foto: Reprodução

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1954

A música Tereza da Praia, parceria de Tom


Jobim e Billy Blanco, é gravada pelos
cantores Dick Farney e Lúcio Alves.

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60 anos da Bossa Nova

Foto: Reprodução

Também em parceria com Blanco, Jobim


inicia a gravação do LP Sinfonia do Rio de
Janeiro

Foto: Reprodução

1955

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60 anos da Bossa Nova

Sem sucesso em sua carreira artística,


João Gilberto deixa o Rio de Janeiro.

Luís Bonfá grava seu primeiro LP com a


música Minha Saudade, de João Donato,
acordeonista do disco que tem Tom Jobim
como pianista

Foto: Reprodução

A composição Minha Saudade ganhou letra de João


Gilberto e foi gravada por Donato em 1958. Confira a
entrevista de João Donato para
a Rádio MEC:

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Com a morte de Carmem Miranda em


agosto de 1955 nos EUA, Aloysio de
Oliveira resolve desfazer o Bando da Lua,
conjunto que acompanhava a cantora.

Carmen Miranda (ao centro)


durante intervalo das
filmagens do filme,
Springtime in the Rockies),
por volta de 1942. - Foto:

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60 anos da Bossa Nova

Domínio Público

1956

Aloysio de Oliveira retorna ao Rio de


Janeiro, onde se torna diretor artístico da
gravadora Odeon

Sylvia Telles lança Foi a Noite, parceria de


Jobim com Newton Mendonça

Vinicius de Moraes encontra Tom

Tom e Vinicius compõe Chega de Saudade

1957

João Gilberto retorna ao Rio de Janeiro

1958

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O disco Canção do amor demais, de


Elizeth Cardoso, é lançado em maio

Tom Jobim e Newton Mendonça compõem


“Desafinado”

Considerada um dos manifestos do movimento musical


que estava surgindo naquele momento, a música traz o
verso “isso é bossa nova, isso é muito natural”, antes
que o termo fosse utilizado para batizar o novo ritmo.

Em julho, João Gilberto lança o disco que


passa a ser considerado como o marco do
nascimento da bossa nova

Foto: Reprodução

O disco 78 rotações trazia de um lado Chega de


Saudade, composição de Tom e Vinicius, registrada
ainda como samba-canção, e do outro, Bim Bom,
composição de João Gilberto.

Show no auditório do Grupo Universitário


Hebraico reúne músicos influenciados por
João Gilberto e Tom Jobim

A apresentação teria sido divulgada por seu


organizador, o jornalista Moysés Fuks, como “uma
noite bossa nova”

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60 anos da Bossa Nova

Em novembro, sai o segundo disco 78


rotações de João Gilberto

Foto: Reprodução

O disco traz contendo no primeiro lado a música


Desafinado, composição de Tom Jobim e Newton
Mendonça e no lado B outra música autoral de João
Gilberto: Hobalalá.

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1959

João Gilberto lança pela Odeon seu


primeiro LP: Chega de Saudade

Foto: Reprodução

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60 anos da Bossa Nova

Em janeiro de 1959 Tom Jobim convenceu Aloysio de


Oliveira a gravar o primeiro LP de João Gilberto,
Chega de Saudade, contendo 12 músicas.

Foto: Reprodução

Lenita Bruno grava o disco Por toda a


minha vida ,

O disco de Lenita traz a face característica de Tom e


Vinicius, Com músicas como Canta, canta mais; Cai a
tarde, Eu não existo sem você, As praias desertas e Eu
sei que eu vou te amar.

Foto: Reprodução

Sylvia Telles grava Amor de gente moça,


dedicado às composições de Tom Jobim

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60 anos da Bossa Nova

Foto: Reprodução

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O filme Orfeu Negro, adaptação da peça de


Vinicius, ganha a Palma de Ouro, em
Cannes

Na mesma época, é lançado na França o disco de


mesmo nome, com composições como A Felicidade, O
nosso amor e Frevo.

1960

Faculdade de Arquitetura do Rio de Janeiro


recebe o show A Noite do Amor, do Sorriso
e da Flor

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60 anos da Bossa Nova

Foto: Reprodução

O show de bossa nova trouxe pela primeira vez a


presença de João Gilberto, que se apresentou ao final
do espetáculo ao lado
de sua mulher Astrud. Também
tocaram na ocasião Johnny Alf, precursor da bossa
nova, Os Cariocas, Vinicius de Moraes e Elza
Soares.

Morre, aos 33 anos, Newton Mendonça

João Gilberto lança seu segundo disco, O


amor, o sorriso e a flor

Foto: Reprodução

No disco, além de Samba de uma nota só, aparecem


as canções Meditação e Discussão, da parceria entre
Tom Jobim e Newton Mendonça, além de Outra Vez e
Só em teus braços, apenas de Jobim.

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60 anos da Bossa Nova

1962

Tom, Vinicius e João Gilberto se


apresentam juntos

Em 2 de agosto, Tom Jobim, Vinicius de Moraes e


João Gilberto dividem o palco pela primeira vez,
acompanhados do conjunto vocal Os Cariocas.

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No show na casa de shows Au Bon Goumert, no Rio


de Janeiro, foi apresentada pela primeira vez a canção
Garota de Ipanema. Também foram tocadas em
primeira mão Só danço samba e Samba do avião.

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Show no Carnegie Hall apresenta a bossa


nova

Em novembro, o consulado brasileiro - em uma


ofensiva de propaganda - promove um show no
Carnegie Hall, em Nova York, para mostrar a bossa
nova. Entre os músicos estão Tom Jobim, João
Gilberto, Luís Bonfá, Oscar Castro Neves, Sérgio
Mendes, Carlos Lyra e Chico Feitosa.

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Versão instrumental de Desafinado é


gravada nos EUA

O compacto, lançado pelos músicos de jazz Stan Getz


(saxofone) e Charlie Byrd (guitarra), vende um milhão
de cópias.

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60 anos da Bossa Nova

Foto: Reprodução

1963

Tom Jobim estreia em disco solo nos EUA

Aos 36 anos, o maestro grava The composer of


Desafinado plays, com orquestrações do maestro
alemão Claus Ogerman.

Foto: Reprodução

Aloysio de Oliveira abre sua própria gravadora: Elenco

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60 anos da Bossa Nova

Foto: Reprodução

1964

João Gilberto, Astrud Gilberto e Stan Getz


lançam o álbum Getz/Gilberto

Foto: Reprodução

O disco vende mais de dois milhões de cópias e


projeta internacionalmente a música The girl from
Ipanema. Ele permanece durante 96 semanas em
segundo lugar na lista dos mais vendidos da revista
Billboard, atrás apenas de A Hard Day’s Night, dos
ingleses The Beatles.

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60 anos da Bossa Nova

Expediente

Reportagem e produção:
Leandro Melito

Edição:
Ana Elisa Santana e Nathália Mendes

Imagens do vídeo A batida de João Gilberto:


Jorge Monforte

Design e implementação:
Daniel Dresch

Gerência Executiva de Web

Os áudios disponibilizados na linha do tempo são programetes produzidos e cedidos pela rádio MEC, do Rio de Janeiro

Pesquisa, roteiro e produção:


Adriana Ribeiro

Locução:
Raquel Ricardo

Gerente Rádio MEC:


Thiago Regotto

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