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República de Moçambique

Universidade Zambeze
Faculdade de ciências e tecnologia
Licenciatura em Arquitectura

Arquitectura IV° Nível

Tema:
Base da cultura da conservação do
património e evolução conceptual.

Beira, Abril de 2022


Base da cultura da conservação do
património e evolução conceptual.

Discentes:
– Amira Sadique
– Mohammad Yassin
– Ronaldo Luis

Trabalho solicitado pelo


Arquitecto:
Felisberto Mufanequiço
Cadeira:Conservação,
Reabilitação e Restauro.

Beira, Abril de 2022

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ĺndice
Resumo ...................................................................................................................................... 5
Abstract ...................................................................................................................................... 5
Capitulo I ................................................................................................................................... 6
1. Introdução ........................................................................................................................... 6
2. Objectivos. .......................................................................................................................... 6
2.1. Objectivo Geral: .............................................................................................................. 6
2.2. Objectivos Específicos: ................................................................................................... 6
3. Problematização.................................................................................................................. 6
4. Hipóteses ............................................................................................................................ 6
5. Justificativa. ........................................................................................................................ 7
Capitulo II .................................................................................................................................. 7
6. Contextualização ................................................................................................................ 7
6.1. Cultura............................................................................................................................. 7
6.2. Património ....................................................................................................................... 7
6.3. Património cultural.......................................................................................................... 7
Capitulo III ................................................................................................................................. 8
7. Patrimonio cultural em Moçambique ................................................................................. 8
7.1. Património Cultural Tangível ............................................................................................. 9
7.1.1. Monumentos .................................................................................................................... 9
7.1.2. Conjuntos ......................................................................................................................... 9
7.1.3. Locais ou Sítios .............................................................................................................. 10
7.1.4.Elementos Naturais ......................................................................................................... 10
8. Protecção do património cultural imóvel.......................................................................... 10
9. Preservação do património cultural imóvel ...................................................................... 11
10. Conservação do património cultural imóvel ................................................................. 11
11. Gestão do património cultural imóvel........................................................................... 11
12. Conservação do património cultural ao nível mundial ................................................. 12
12.1. As obrigações mais amplas da gestão de patrimônio ................................................ 12
13. Patologias existentes no património cultural ao nível mundial. ................................... 12
13.1. Mudanças bruscas de temperatura............................................................................. 13
13.2. A humidade do ar ...................................................................................................... 14
13.3. A proliferação de fungos e insectos. ......................................................................... 14
13.4. A contaminação atmosférica (poluição do ar)........................................................... 14

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13.5. Ausência de ventilação, chuvas, ventos, movimentos tectônicos ............................. 15
13.6. Problemas existentes devido as patologias................................................................ 15
13.7. Devido aos agentes externos ..................................................................................... 15
13.8. Devido a ausência de ventilação, chuvas e ventos e movimentos tectónicos e na hora
da construção. .......................................................................................................................... 16
14. Conservação do património .......................................................................................... 17
14.1. Aplicações do CO2 na conservação e restauro de documentos gráficos .................. 17
14.2. Aplicações do CO2 na conservação e restauro de madeira ....................................... 17
14.3. Aplicações do CO2 na conservação e restauro de pedra ........................................... 18
14.4. Aplicações do CO2 na conservação e restauro de têxteis ......................................... 18
15. Aplicação nitrogênio para proteger obras de arte. ........................................................ 19
16. EVOLUÇÃO DO CONCEITO NO CONTEXTO GERAL ......................................... 20
Considerações finais ................................................................................................................ 23
Referencias Bibliográficas ....................................................................................................... 24

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Resumo
Na perspectiva de contribuir para o processo de conservação patrimonial, a base da cultura da
conservação e a sua evolução conceptual faz com que o presente trabalho traga elementos
acerca dos que contribuem para abordagem da conservação do patrimônio tanto material ou
imaterial. A abordagem se abre com o entendimento de património, cultura e património
cultural, discorrendo sobre os materiais para a conservação do mesmo. Investiga a
materialidade, a imaterialidade do património intangíveis tanto como tangível. A sua evolução
conceptual levantada é visto no contexto patrimonial de onde leva-se em consideração que o
com o andar do tempo as formas para combater as patologias evoluem. Como uma base da
cultura mesmo arquitetonicamente mesmo no contexto geral, apresenta-se fundamentos,
princípios da teoria de que forma conserva-se e de que modo é eficaz esse modo de
conservação.

Palavras chave: Conservação, Património, Património cultural, Evolução Conceptual.

Abstract
From the perspective of contributing to the heritage conservation process, the basis of the
culture of conservation and its conceptual evolution makes the present work bring elements
about those that contribute to the approach to the conservation of both material and immaterial
heritage. The approach opens with the understanding of heritage, culture and cultural heritage,
discussing the materials for its conservation. It investigates the materiality, the immateriality
of intangible as well as tangible heritage. Its conceptual evolution raised is seen in the heritage
context where it is taken into account that over time the ways to combat pathologies evolve.
As a basis of culture, even architecturally, even in the general context, it presents foundations,
principles of the theory of how it is conserved and how this mode of conservation is effective.

Keywords: Conservation, Heritage, Cultural Heritage, Conceptual Evolution.

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Capitulo I

1. Introdução
O património cultural deve ser valorizado por todos e para a sua duração deve ser pensada para
e pelas pessoas que têm esse conhecimento. E por essa razão que o presente trabalho irá abordar
as bases da cultura da conservação do património e a sua evolução conceptual, para que o
património tangível ou intangível permaneça existente precisa de conservação, que na
conservação do património é importante o uso de termos operacionais, para o uso do mesmo
definiu-se a cultura, o património no geral e o património cultural, partindo para a sua
conservação que trata-se de um conjunto de medidas destinadas a controlar as deteriorações do
objeto, realizadas pelos bens materiais do património por meio de atividades de intervenções
técnicas e científicas, (permanentes ou periódicas), aplicadas diretamente sobre um objeto ou
no entorno apresentar-se-á imagens ilustrativas do que as patologias criam, das suas respectivas
soluções e da sua evolução com o andar do tempo, para melhor entendimento.

2. Objectivos.

2.1. Objectivo Geral:


 Analisar teoricamente a base da cultura da conservação do património cultural e a sua
evolução.

2.2. Objectivos Específicos:


 Explicar teoricamente o que e o património generalizando.
 Explicar as patologias apresentadas no património.

3. Problematização
Para a conservação do património cultural deve ter estratégicas especificas a se fazer, sendo
assim, quais seriam essas estratégicas para manter o património cultural materializado ou
tangível intacta e sem danificações?

4. Hipóteses
 Fazer Manutenção do mesmo, para proteger das patologias apresentadas na pesquisa.

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5. Justificativa.
Tendo em vista que tudo que existe especificamente dizendo que foi construído, necessita de
fazer uma manutenção para a conservação da mesma, isso não é diferente para património
cultural materializado ou tangível. O mesmo tem de passar pelo processo de conservação.

Capitulo II

6. Contextualização

6.1. Cultura
A palavra cultura vem da raiz semântica colore, que originou o termo em latim cultura, de
significados diversos como habitar, cultivar, proteger, honrar com veneração (Williams, 2007,
p.117). No pensamento iluminista francês, a cultura caracteriza o estado do espírito cultivado
pela instrução. “A cultura, para eles, é a soma dos saberes acumulados e transmitidos pela
humanidade, considerada como totalidade, ao longo de sua história” (Cuche, 2002, p.21).
Porem em Moçambique sempre se afirmou como polo cultural com intervenções marcantes,
de nível internacional, no campo da arquitectura, pintura, música, literatura e poesia.

6.2. Património
A palavra patrimônio, bem como memória, compõe um léxico contemporâneo de expressões
cuja característica principal é a multiplicidade de sentidos e definições que a elas podem se
atribuídos. Quando se fala de patrimônio, para além da origem jurídica do termo, o sentido
evocado é o da permanência do passado, a necessidade de resguardar algo significativo no
campo das identidades, do desaparecimento (Ferreira, 2006). Segundo o dicionário de língua
portugesa da porto editora, património e uma “herança paterna”, no sentido de “bens que se
herdaram dos avos ou dos pais”, mas também o conjuntos de “Zonas, edifícios e outros bens
naturais ou materiais de determinado pais que são protegidos e valorizados pela sua
importância cultural”.

6.3. Património cultural


O patrimônio cultural de uma sociedade é também fruto de uma escolha, que, no caso das
políticas públicas, tem a participação do Estado por meio de leis, instituições e políticas
específicas. Essa escolha é feita a partir daquilo que as pessoas consideram ser mais importante,
mais representativo da sua identidade, da sua história, da sua cultura, ou seja, são os valores,

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os significados atribuídos pelas pessoas a objetos, lugares ou práticas culturais que os tornam
patrimônio de uma coletividade (ou patrimônio coletivo). Em outras palavras, é o conjunto de
bens tangíveis e intangíveis, que constituem a herança de um grupo de pessoas e que reforçam,
emocionalmente, o seu sentido de comunidade com uma identidade própria, sendo percebidos
por outros como característicos.

Capitulo III

7. Patrimonio cultural em Moçambique


O património cultural é definido, pela lei no 10/88 de 22 de Dezembro, como sendo o “conjunto
de bens materiais e imateriais criados ou integrados pelo povo moçambicano ao longo da sua
história, com relevância para a definição da sua identidade cultural” (lei no 10/88, 1988:13-
14). Por conseguinte, o património cultural pode ser subdividido dois tipos (Tabela 1),
nomeadamente: património tangível (ou Bens Culturais Materiais) e património intangível (ou
Bens Culturais Imateriais). Os Bens Culturais Materiais são, por sua vez, subdivididos em:
Bens Culturais Móveis e Bens Culturais Imóveis.

Tabela 1: Património tangível e intangível

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7.1. Património Cultural Tangível
São os bens culturais móveis3 e imóveis com valor arqueológico, arquitectónico, histórico,
antropológico e artístico, que fazem parte do património cultural moçambicano.

Constituem bens culturais imóveis:

7.1.1. Monumentos
Construções pré-coloniais; obras de arte; edifícios de valor histórico que testemunham a
convivência no nosso espaço territorial de diferentes culturas e civilizações tais como feitorias
árabes, templos hindus, mesquitas, igrejas e capelas, antigas fortalezas e outras novas obras de
defesa, edifícios públicos e residências do tempo da implantação colonial e da época.

Figura 1 e 2: Estátuas em Moçambique. Fonte: Internet.

7.1.2. Conjuntos
Grupo de edifícios com importância histórica, arquitectónica e científica como cidades antigas,
núcleos urbanísticos (é o exemplo da Ilha de Moçambique e da Baixa da cidade de Maputo);

Figura 2: Ilha de Moçambique. Fonte: Internet

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Figura 3: Baixa da cidade de Maputo. Fonte: Internet

7.1.3. Locais ou Sítios


Estações arqueológicas, como por exemplo, os abrigos com pinturas rupestres; lugares
relacionados com tráfico de escravos, os centros de poder pré-colonial e as construções do tipo
Zimbabwe. entram ainda nesta definição os locais históricos da resistência contra a ocupação
colonial assim como da luta Armada de libertação Nacional;

7.1.4.Elementos Naturais
São áreas delimitadas de reconhecido valor em termos de conservação da natureza como, por
exemplo, os parques e reservas naturais, bem como as lorestas sagradas e a árvore dos
antepassados (lei no10/88, 1988).

8. Protecção do património cultural imóvel


A protecção é entendida, em termos legais, como sendo a acção necessária para proporcionar
as condições de sobrevivência do património cultural e neste caso do monumento ou estação
arqueológica. A protecção legal, baseada na legislação e normas que possam ser
implementadas, visa garantir a defesa contra intervenções prejudiciais e estabelece as
respectivas penalizações (Macamo 2003a). Por exemplo, o estado promove a declaração e
classificação de Imóveis, com vista a distingui-los e a reconhecer o seu valor arqueológico,
histórico, sócio - cultural, artístico, estético ou natural e garantir a sua conservação e fruição
pela comunidade, conferindo-lhes uma protecção legal e um estatuto privilegiado. A
classificação de Bens Imóveis do Património Cultural tem como finalidade a conservação

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permanente do Imóvel e a sua protecção contra a destruição ou contra as alterações não
autorizadas pela autoridade competente.

9. Preservação do património cultural imóvel


Preservar significa manter o imóvel na condição em que se encontra, tentando ao mesmo
tempo, travar ou atrasar a sua deterioração. Na prática isto significa que os danos e a
deterioração (como os causados pela água, químicos, insectos e plantas) devem ser retardados
e revertidos quando diagnosticados (Agnew 1997). A preservação visa ainda garantir a
manutenção (protecção contínua que não deve envolver a alteração física) da estrutura original
do bem cultural imóvel e a tomada de todas as medidas cautelares possíveis para retardar a sua
deterioração ou alteração.

10. Conservação do património cultural imóvel


Conservar implica guardar em segurança ou preservar o presente estado do bem patrimonial
das destruições ou mudanças. Nesta dimensão do conceito, a conservação implica vários tipos
de tratamento como, por exemplo, a manutenção4, a reabilitação5 ou restauro6 de edifícios, as
estações arqueológicas ou cidades históricas (Walderhaug Saetersdal 2000). O objectivo da
conservação é preservar para o futuro, manter ou recuperar as condições originais de um
imóvel, garantindo a integridade dos objectos ou estruturas que dele fazem parte.

11. Gestão do património cultural imóvel


Numa perspectiva mais abrangente, a gestão refere-se à conservação planeada dos recursos
patrimoniais existentes, identificados e avaliados, de modo a prevenir a exploração, decadência
ou destruição devido à negligência, ignorância ou indiferença por parte de certos sectores do
público. No presente Manual, o termo gestão é entendido como sendo todo o processo que visa
não só cuidar do local (monumento, estação arqueológica, local histórico, paisagem e sua área
circundante), incluindo os bens culturais tangíveis e intangíveis associados, como também reter
e manter o seu significado cultural.

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12. Conservação do património cultural ao nível mundial

12.1. As obrigações mais amplas da gestão de patrimônio


Atualmente, múltiplos objetivos caracterizam a gestão da maior parte dos bens culturais. Isso
significa que uma ampla gama de estruturas (e obstáculos) institucionais e organizacionais,
perspetivas sociais, formas de conhecimento, valores (tanto para as gerações presentes quanto
para as futuras, muitas vezes conflituantes) e outros fatores precisam ser avaliados. Muitas
vezes, esses fatores atuam em uma complexa teia, e é ainda mais difícil estabelecer e manter
abordagens adequadas de gestão. Superar tais desafios é vital para o futuro do bem cultural a
ser gerido.

Diagrama 1: Teia explicativa do património, Fonte: Manual THOMAS, L.; MIDDLETON.

13. Patologias existentes no património cultural ao nível mundial.


A conservação do patrimônio cultural envolve tratá-lo de forma que tanto os elementos quanto
seu potencial documental resistam à tendência de desgaste e desaparecimento, processo natural
que o tempo impõe. Ao nível mundial os procedimentos adotados para o controle de tais
desgastes está na conservação. No caso da conservação trata-se de um conjunto de medidas
destinadas a controlar as patologias existentes no património cultural. Os exames e as técnicas
usadas para diagnosticar o estado de conservação de um objeto consideram a influência dos
seguintes aspectos.

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Os agentes naturais e fatores culturais são responsáveis pelo desgaste do bem cultural material.
A influência danosa que os agentes naturais exercem sobre o bem cultural está relacionada às:

 Mudanças bruscas de temperatura;


 A humidade do ar;
 A proliferação de fungos e insectos;
 A contaminação atmosférica (poluição do ar);
 Ausência de ventilação, chuvas, ventos, movimentos tectônicos, etc.

Já os fatores culturais responsáveis pelo desgaste do património, são:

 O uso inadequado do espaço físico: compromete a conservação do bem cultural quando


a construção e a localização são inadequadas, devido à ocorrência de vandalismo, e de
guerras;
 O uso inadequado dos objetos em relação ao transporte, as formas impróprias de
manuseio, de embalagem e de depósito;
 O uso incorreto de produtos químicos por pessoas não qualificadas para a função (uso
de colas, solventes, vernizes, tintas, etc.);
 A documentação feita sem critério técnico (informações incorretas, desconhecimento
das informações básicas, etc.).

13.1. Mudanças bruscas de temperatura


Os impactos da mudança brusca da temperatura faz parte de um processo natural que não pode-
se retificar, portanto, deve-se deve-se usar o processo de conservação para evitar certos
desgastes.

Figura 4: Aquecimento global, Fonte: Internet

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13.2. A humidade do ar
Quando existe quantidade de água existente no ar na forma de vapor, isso chama-se humidade
do ar, e isso e muito perigoso para os edifícios pois condicionam problemas de humidade.

13.3. A proliferação de fungos e insectos.


O calor e humidade faz com que existe proliferação de fungos e insectos, é o calor e a humidade
que faz com que esses fungos e insectos se sintam atraídos.

Figura 5: Proliferação de fungos, Fonte: Internet.

13.4. A contaminação atmosférica (poluição do ar)


Outro efeito natural que cria patologias nos monumentos, estatuas tanto como templos, igrejas,
entre outros, é a contaminação atmosférica, não só faz mal para a saúde para seres vivos como
também é um agente causador de patologias nos edifícios.

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Figura 6: Poluição do ar, Fonte: Internet.

13.5. Ausência de ventilação, chuvas, ventos, movimentos tectônicos


A ausência desses factores também causam desgaste, existem lugares que devem ser feitas
conservação justamente por esses factores, presença de ventilação é muito importante para o
bem-estar dos edifícios. Por essa razão que edifícios que não tem ventilação não funcionam.

13.6. Problemas existentes devido as patologias


Os problemas existentes apresentados através dos efeitos dos agentes causadores são: Fissuras,
inundação, queda de alguns materiais nos edifícios, infiltração, rachaduras de perimento.

13.7. Devido aos agentes externos

Figura 7:Monumento 1, Fonte: Internet. Figura 8: Monumento 2, Fonte: Internet

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Figura 9: Monumento 3, Fonte: Internet Figura 10: Monumento 4, Fonte: Internet

13.8. Devido a ausência de ventilação, chuvas e ventos e movimentos tectónicos


e na hora da construção.

Figura 11: Monumento 5, Fonte: Internet Figura 12: Monumento 6, Fonte: Internet

Figura 13: Monumento 7, Fonte: Internet Figura 14: Monumento 8, Fonte: Internet

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14. Conservação do património

14.1. Aplicações do CO2 na conservação e restauro de documentos gráficos


O papel de documentos e livros envelhecido ao longo dos anos tem de sofrer, muitas vezes,
tratamentos de desacidificação e consolidação. O papel ao longo do tempo sofre reacções
químicas que podem alterar as suas propriedades físicas e a sua aparência. Muitos documentos
históricos incluindo livros, manuscritos, arquivos, estampagens e pinturas em papel são
afectados pela degradação ácida. A formação de ácido leva à decomposição das fibras de
celulose a qual é responsável pela diminuição da consistência do papel e sua consequente
redução de propriedades físicas e químicas. O CO2 em condições supercríticas ou quase
críticas também tem sido usado, com bastante sucesso, na eliminação de fungos e bactérias que
existam em livros, documentos, têxteis e artefactos danificados por água.

Figura 15: Conservacao, fonte: internet.

14.2. Aplicações do CO2 na conservação e restauro de madeira


As obras de arte em madeira, devido à sua elevada higroscopicidade, quando expostas às
flutuações de humidade e temperatura ao longo do tempo, podem sofrer danos e alterações das
suas superfícies. No campo da conservação e restauro de madeira, a aplicação de fluidos
supercríticos à secagem de material arqueológico que esteve submerso, tem-se mostrado muito
promissora como alternativa aos métodos convencionais de secagem. Pode ser usado, também,
para secar materiais delicados de origem arqueológica tais como madeira em diversos estágios
de decomposição, cortiça, ossos e outros materiais sem ser preciso adicionar um consolidante.

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Figura 16: madeira sendo tratada, Fonte: internet

14.3. Aplicações do CO2 na conservação e restauro de pedra


Outra aplicação interessante do CO2 é na conservação de monumentos por poder ser utilizado
como solvente para materiais poliméricos.A protecção de edifícios históricos e monumentos
tem sido feita com sucesso utilizando materiais poliméricos como é o caso dos promissores
óleos perfluorados. Estes óleos apresentam elevada estabilidade química e fotoquímica e são
materiais extremamente hidrofóbicos.

Figura 17: pedra tratada, Fonte: internet

14.4. Aplicações do CO2 na conservação e restauro de têxteis


Actualmente, o dióxido de carbono é já uma alternativa industrial na limpeza a seco de têxteis,
em substituição de solventes orgânicos altamente poluentes e tóxicos tais como o
percloroetileno (PER) e os clorofluoroalcanos (CFCs) que são usados habitualmente em
limpezas a seco. Sendo uma solução ambientalmente mais favorável comparativamente à
limpeza a seco convencional, a aplicação desta tecnologia à conservação e restauro de têxteis

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com valor patrimonial e cultural, é uma alternativa a considerar sempre que a limpeza com
água ou por meios mecânicos não possa ser feita. Schmidt et al.

Figura 18: Escultura do século XVIII, Nossa Senhora e o Menino do Palácio das Necessidades,
Lisboa Fonte: Instituto Português de Conservação e Restauro (IPCR), Departamento de
Conservação, Área de Têxteis (DCRT).

15. Aplicação nitrogênio para proteger obras de arte.


A técnica para atingir niveis e controles da atmosfera, é feita com Nitrogenio, nomeadamente
também para a conservação do património artístico, tendo como suporte materiais orgânicos
(como madeira, papel, tecidos, etc.), que estão sujeitos a degradação e pré-oxidação devido a
alguns insetos que utilizam os mais variados substratos desses materiais como alimento. A
integridade de artefatos e estruturas de madeira, telas, tapeçarias, manuscritos, pode ser
preservada com tratamentos específicos utilizando equipamentos e tecnologias Marvil. Na
prática, à semelhança do que se aplica à desinfestação de alimentos, o trabalho a tratar é isolado
criando um envelope específico estanque e a percentagem de oxigénio é reduzida pela
libertação controlada de nitrogenio; desta forma, os insetos são erradicados pela asfixia. Os
tempos de tratamento, bem como os volumes envolvidos, dependem da temperatura e da
umidade relativa, do tipo de infestação do inseto e do seu estado de desenvolvimento.
Terminado o tratamento, o patrimônio artístico ainda pode ser protegido em caixas especiais
lacradas, sempre sob nitrogênio.

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Figura 19: Uso do nitogenio, Fonte: Internet.

16. EVOLUÇÃO DO CONCEITO NO CONTEXTO GERAL


Realizam-se três reuniões de especialistas para discussão desta temática, Jerusalém (junho
2006); S. Petersburgo, Federação Russa (janeiro 2007) e Olinda, Brasil (novembro 2007),
complementadas por outras duas reuniões na Sede da UNESCO (setembro 2006 e novembro
2008). A conclusão destes debates de especialistas, produziram alterações significativas na
prática e na Disciplina da Conservação do Património Urbano, sendo as mais representativas
as seguintes:

 A importância da paisagem, como estratificação da dinâmica urbana passada e atual,


na relação do ambiente natural com o ambiente construído. A ênfase assenta na
continuidade dos relacionamentos, valores e gestão. A adoção de uma abordagem
holística para a conservação do património significa um incremento na complexidade
dos processos no sentido de identificar e proteger o significado dos valores incluindo
os artefactos, sendo a sua compreensão o ponto de partida para uma intervenção
equilibrada. Torna-se deste modo claro que a noção tradicional de conjunto de edifícios,
conjuntos históricos ou centros da cidade, identificados anteriormente como entidades
autónomas, alheias ao todo global onde se inserem, já não é suficiente para conservar
as suas características intrínsecas, contra a fragmentação, degeneração, perda de
significado e Autenticidade.

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 Atualmente o papel da arquitetura contemporânea parece estar mais relacionada com a
cidade através de estratégias de marketing, do que em criar espaços urbanos. A
arquitetura de autor sobrepõe-se muitas vezes ao projeto urbano integral equilibrado e
sustentável do ponto de vista social, económico e cultural. O surgimento de edifícios
considerados ícones da expressão cultural na dinâmica das cidades é preocupante,
porque muitos deles são deliberadamente justapostos com edifícios históricos
monumentais, no sentido de atrair para si as atenções e criar com isto uma imagem de
pretenso progresso.

Figura 20: Palácio Sotto Mayor Centro Comercial – Lisboa; Fonte: Manual
ARQUITETURA, PATRIMÓNIO E AUTENTICIDADE Autenticidade na Reabilitação do
Património Histórico

 A economia e alteração de regras da cidade têm enfâse em processos extra locais, tais
como turismo e desenvolvimento urbano, com autores de mudança, exteriores ao local.
Como motor do desenvolvimento e crescimento regional, as cidades precisam de captar
capital internacional convidando as multinacionais a instalarem-se nos seus territórios.
Acontece que estas empresas não têm conhecimento nem preocupação quanto aos
valores das sociedades onde se instalam.

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Figura 21: Edifício Eden, Lisboa Alteração de Função/Uso, fonte: Manual ARQUITETURA,
PATRIMÓNIO E AUTENTICIDADE Autenticidade na Reabilitação do Património Histórico.

O significado cultural define-se como “valor estético, histórico, social ou espiritual do passado,
do presente ou de futuras gerações. É sinónimo com significado e valor do património cultural,
que pode ser alterado em resultado da continuidade histórica do local, enquanto o entendimento
do significado cultural se altera em resultado de nova informação”.

Fig. 22 – Praça dos Restauradores Lisboa, Reabilitação Alteração de Uso. fonte: Manual
ARQUITETURA, PATRIMÓNIO E AUTENTICIDADE Autenticidade na Reabilitação do
Património Histórico

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Considerações finais
Depois de uma análise aprofundava da pesquisa relacionada a base da cultura da conservação
do património cultural e a sua evolução conceptual encontrou-se muitos aspectos para ter que
levar em conta sendo que constatou-se no presente Capítulo, quão importante é o valor da
Autenticidade do Património Cultural, atendendo ao número de Reuniões e Conferências
Internacionais de especialistas realizadas para discussão da matéria em apreço, resultando em
Normas e Regulamentos adequados, definindo critérios e atributos. Descobriu-se que existem
inúmeras maneiras de conservar os bens ou seja o património destacamos ainda a evolução
constante do sentimento e caracterização do conceito de Património Cultural, cada vez mais
abrangente. Os conceitos e todo o articulado atrás referido contextualizam o conhecimento
científico internacional actual sobre a questão do Valor de Autenticidade, para a preservação
do bem património, uma parte deles foi sobre Moçambique. Solucionou-se alguns problemas,
ou seja, o problema das patologias referidas na investigação acima. Entende-se deste modo
notabilizar a informação presente na génese da definição, para melhor compreender os Critérios
agora propostos e os atributos associados.

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Referencias Bibliográficas
Jopela, A. 2012. Definição de conceitos-chave. In: Jopela, A. (Coord.) Manual de Conservação
do Património Cultural Imóvel em Moçambique: 4-8. Maputo: Ministério da Cultura-Direcção
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THOMAS, L.; MIDDLETON, J. Guidelines for management planning of protected areas.


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