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UNCEPLAC
curso de arquitetura e urbanismo
Brasília - DF
2021
ANNA BEATRIZ RODRIGUES LACERDA
Brasília - DF
2021
Agradecimentos
Agradeço a minha mãe Elizabeth e minhas avós Francisca e Maria José, que sempre
me incentivaram, confiaram e não mediram esforços para que esse sonho se tornasse
realidade.
Agradeço principalmente a minha irmã Anna Liz que chegou como um presente e
que me deu força, coragem e foi meu maior incentivo para seguir em frente.
Agradeço a todos que estiveram ao meu lado, em especial a quem pude contar em
todos os momentos, meus queridos Lucas, Mayane e Amanda.
Agradeço aos “meus ultimo 5 neurônios” Beatriz, Giulia, Mario e Milena por terem
sido colegas de curso incríveis e por todo auxilio nesses anos de graduação.
Agradeço aos meus professores pelos ensinamentos e por terem sido responsáveis
pelo meu crescimento, agradeço em especial ao professor Octávio dos Santos pela dedi-
cação, compreensão e paciência, e a professora Luciana Jobim por todo apoio durante a
fundamentação teórica.
“Todos nós nascemos nus. O resto é drag.”
RuPaul Charles
Resumo
This final course work aims to develop a study on how the recovery of drag queen
history can be used to preserve and promote the history of the Queer movement in Brazil.
With reference to the Federal District and local artists, who are gradually conquering their
space not only in shows and nightclubs, but using art as a resistance to prejudice; the drag
cultural center would bring to the community of Brasília the opportunity to have experience
with new art forms, in addition to opening up a range of possibilities for queer artists.
Therefore, based on the narrative of the aforementioned movement, the intention is to
perpetuate, preserve and promote the history of the drag queen phenomenon, giving the
opportunity to learn about the history of this group that is so significant for world culture and
bringing more “voice” to drag queen art that is still misunderstood by many today.
Keywords: Drag Queen. Queer. Cultural Center
Lista de ilustrações
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1 JUSTIFICATIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2 CONTEXTO HISTÓRICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.1 SEXO BIOLÓGICO E IDENTIDADE DE GÊNERO . . . . . . . . . . . . 10
2.2 A HISTÓRIA DA CULTURA DRAG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.3 AS DRAGS BRASILEIRAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.4 CENA QUEER DE BRASÍLIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3 ESTUDOS DE CASO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.1 CENTRO GEORGES POMPIDOU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.2 SESC POMPEIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4 ESTUDO DO SÍTIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.1 LOCALIZACAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.2 ESTUDO DO ENTORNO E DAS VIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.3 ESTUDO BIOCLIMÁTICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
5 DIRETRIZES PROJETUAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
6 PROGRAMA DE NECESSIDADES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
7 DIAGRAMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
8 CONCEITO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
9 IMPLANTAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
10 PLANTAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
10.1 COBERTURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
10.2 ESTRUTURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
11 CORTES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
12 FACHADAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
13 PERSPECTIVAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
13.1 PERSPECTIVAS TÉRREO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
13.2 PERSPECTIVAS CAFÉ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
13.3 PERSPECTIVAS EXPOSIÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
13.4 PERSPECTIVA CAFÉ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
14 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
9
1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
Diante ao meu interesse pessoal pela arte que trabalha com a aparência e o corpo,
surgiu o interesse pela história do movimento drag queen, justamente porque o mesmo
trabalha com a arte em quase todos os âmbitos, apesar de conhecer pessoas inseridas
nesse meio ainda não tinha a compreensão da necessidade de existência de tantos títulos
para a denominação de identidade de gênero como, por exemplo, transexual, travesti, drag,
etc; conforme fui pesquisando tive o entendimento de que o drag queen não está relacionado
somente ao show e à performance mas também à crítica de que toda forma de expressão
de gênero é válida e que inclusive existem artistas drags heterossexuais.
É comum o questionamento do que é ser drag queen, segundo a psicóloga Isabel
1
Amora , que atende no ambulatório de gênero do Hospital Universitário de Brasília, as
performances de drag têm o intuito de provocar reflexões sobre o que é ser mulher e ser
homem e sobre as expressões de gênero, e vários são os motivos que podem levar a
pessoa a se experimentar nesse papel; desde questões laborais até mesmo para ajudar no
processo de significação de si próprio. Afinal, representar o outro sexo implica processos de
identificação daquele sujeito e isso tudo ainda hoje é tido como um tabu.
A criação de um centro de cultura drag queen terá como objetivo não só reproduzir a
história mas também produzir cultura queer no Distrito Federal trazendo para a comunidade
de Brasília a oportunidade de ter experiência com novas formas de arte, além de abrir
um leque de possibilidades para artistas queer que atualmente não tem espaços para
performances além de festas e casas de show.
O estudo das minorias de gêneros e sexuais através da teoria queer, teoria essa que
começou a ser desenvolvida a partir do final dos anos 80 por uma série de pesquisadores
e ativistas, que trata sobre a fluidez de gênero e que tem como intuito desconstruir o
argumento de que sexualidade segue um curso natural; reforça ainda mais a premissa do
quão necessário é a produção e disseminação de cultura queer, que é representada por
grupos menos favorecidos e excluídos da sociedade heteronormativa.
O centro cultural é um importante equipamento de disseminação de informação e
também tem como objetivo ajudar no desenvolvimento dos artistas que ali se apresentam,
abrem-se oportunidades para que a classe artística possa apresentar seu trabalho, podendo
contar com um espaço para apresentações, exposições, etc.
Desmistificar a ideia de que o artista drag queen é apenas um homem vestido
de mulher, provoca reflexões sobre expressões de gênero e é de extrema importância
preservar a história desse movimento que ainda hoje não tem grande “visibilidade” no
contexto histórico.
1
AMORA, Isabel, mestre em processos pscicológicos básicos
10
2 CONTEXTO HISTÓRICO
A principal distinção que deve ser feita entre “sexo” e “gênero” é quanto ao uso des-
sas palavras. Enquanto “sexo” é utilizado para se referir ao aspecto biológico, ou
seja, divisão entre macho e fêmea, a palavra “gênero” se refere a uma construção
social, onde a sociedade define o que deve ser considerado um comportamento
adequado de mulher ou de um homem (JARAMILLO, 2000, p. 105).
3
AMANAJÁS, Igor. Drag queen: um percurso histórico pela arte dos atores transformistas
Capítulo 2. CONTEXTO HISTÓRICO 12
No final do século XVII o ator feminino havia se tornado uma figura cômica, uma
criatura do burlesco e da paródia. Suas aparições no palco durante os próximos
150 anos ou mais eram ocasionais.(BAKER, 1994, p.161).
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Apesar da crescente luta política por direitos, no início da década de 80, homens
e mulheres parte da comunidade LGBTQIA+ eram constantemente rejeitados por suas
famílias. Nesse contexto uma subcultura essencialmente negra e gay, a ball culture (cultura
dos bailes), ganhou proporções.
Na ball culture, evidenciada no documentário “Paris is Burning” (1990) da diretora
Jennie Livingston, tinham os chamados BallRooms (bailes) que era um espaço de socia-
lização da comunidade LGBTQIA+ negra dos Estados Unidos, e as houses (casas) que
funcionavam como famílias.
Capítulo 2. CONTEXTO HISTÓRICO 14
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Eu queria ser uma menina branca, rica e estragada. Elas conseguem o que
querem e quando querem. Não tem que lutar com as finanças para conseguir
coisas legais, roupas legais. . . Não é um problema para elas. (XTRAVAGANZA In
LIVINGSTONE, 1990).
Ainda sobre os balls, essa subcultura que ganhava cada vez mais espaço, teve
seu declínio com a crise da AIDS, momento em que além de dificultar a continuação da
Capítulo 2. CONTEXTO HISTÓRICO 15
cultura dos bailes, devido às incontáveis mortes, levou também a comunidade gay de volta
à extrema marginalização.
Assim, com o passar do tempo, mesmo em ambientes gays, a cultura drag acabou
ficando cada vez mais restrita e marginalizada, dado o padrão gay heterossexista progres-
sivamente enraizado na cultura homossexual, que enaltece o masculino e discrimina o
afeminado. Por esses indivíduos afeminados e travestidos representarem fortemente a ho-
mossexualidade masculina, eles acabam comprometendo o ideal praticamente hegemônico
de masculinidade dentro do universo gay (VENCATO, 2003).
Ao longo de alguns anos, o movimento continuou na cena underground, até que,
na década de 90 as coisas começaram a mudar, foi quando a cultura drag queen atingiu
o mainstream através de filmes como “Priscilla, Rainha do Deserto” (1994) e “Gaiola das
Loucas” (1996), daí em diante foi construído todo um panorama cultural em torno do drag,
estavam na televisão, no cinema, no teatro, na música , etc.
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Ainda na década de 90, RuPaul, que pra muitos é a representante do ápice da cultura
drag queen, teve sua ascensão.
RuPaul, uma drag negra, alta, loira, elevou a arte tão marginalizada nos anos
70 e 80 para o mundo da música, com seu single Supermodel; para o cinema,
com suas produções originais e participação em filmes diversos; e para o mundo
da moda, sendo modelo para diversas marcas. Contudo, nenhum desses feitos
superou a criação de seu reality show,“Rupaul’s Drag Race”.(SILVA; SANTOS,
2018, p. 4)
Capítulo 2. CONTEXTO HISTÓRICO 16
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Talvez possamos dizer que, no Brasil, alguns dos artistas que mais tenham tido
visibilidade nos palcos dos teatros, travestidos, foram os escandalosos Dzi Croquettes,
artistas masculinos, barbados e de pernas peludas que, na década de 70, se apresentavam
vestidos em saltos altos, paetês e muito glitter. Alcançaram reconhecimento em teatros no
Brasil e na França, com shows de grande potência política e artística, como é retratado no
documentário “Dzi Croquettes”, de 2009. (Thürler, 2011).
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das mais de 50 personagens femininas construídas por Chico Anysio? E das frequentes
aparições de algum dos trapalhões vestidos em drag? Ou, retrocedendo um pouco mais, no
começo do cinema no Brasil, com Grande Otelo e Oscarito? O fato é que, ao longo de sua
imensa trajetória na arte e, sobretudo na sociedade, a drag queen tem sido uma forte arma
de provocação, blasfêmia, divertimento, e fator de estranhamento em que o masculino e o
feminino se fundem na construção de uma personagem e de uma linguagem cênica que
gerou aprovação e fúria no decorrer da história.
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Se a drag queen hoje é bem vista assim como toda a cultura gay? Ou se é
qualificada como uma forma autêntica de arte performativa? Se a drag queen
ajudou a sociedade a ser mais receptiva quanto às questões das diferenças e das
igualdades? Creio que as respostas sejam todas negativas, mas, assim como o
princípio fundamental da arte, a drag é um ser anárquico e misterioso e que, se
ainda causa olhares perturbados e medrosos, os encara com diversão, cores e
plumas. (AMANAJÁS, 2014, p.21)
3 ESTUDOS DE CASO
Projetado por Renzo Piano e Richard Rogers, foi inaugurado no ano de 1977 e é
um marco da arquitetura pós moderna; o edifício localizado em Paris, França tem uma
concepção original do espaço, que causa um forte impacto no entorno; assim como o drag,
o Centro Pompidou é um espaço polêmico e transgressor, onde a arquitetura não segue
padrões e é livre de amarras e conceitos.
O projeto foi escolhido mediante um concurso idealizado pelo então presidente da
França (1969-74) Georges Pompidou. O impacto sobre a população foi tremendo, tanto pelo
desenho e decisões projetuais quanto pelos próprios arquitetos, Renzo Piano e Richard
Rogers, ambos quase desconhecidos na época.1
Figura 9 – Elementos
ArchDaily
centrepompidou.fr/fr/
Flickr
ArchDaily
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Capítulo 3. ESTUDOS DE CASO 26
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Lina Bo Bardi deu início ao projeto em 1977, após ser convidada para transformar
uma antiga fábrica de tambores no complexo de lazer e cultura hoje conhecido como SESC
Pompéia.
Vitruvius
Capítulo 3. ESTUDOS DE CASO 27
Foram praticamente dez anos até que a obra do Sesc Pompeia fosse concluída,
desde a compra do espaço em 1971 pela rede, até a sua inauguração. Praticamente toda a
obra trazia o conceito de preservação e a estrutura original da fábrica foi mantida.
O edifício com arquitetura marcante possui Três volumes prismáticos de concreto
aparente: um prisma retangular de trinta por quarenta metros de base e quarenta e cinco
metros de altura; um segundo prisma retangular, menor e mais alto que o primeiro, de
quatorze por dezesseis metros de base e cinquenta e dois metros de altura; e um cilindro
de oito metros de diâmetro e setenta metros de altura.3
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O prisma menor apresenta doze pavimentos que coincidem a cada dois com os
pavimentos do prisma maior, tendo assim, quatro metros e trinta centímetros de altura
entre pisos. Os dois últimos pavimentos têm sua altura reduzida para três metros e setenta
centímetros.
3
archdaily.com.br
Capítulo 3. ESTUDOS DE CASO 28
archdaily
Figura 18 – Cilíndrico
archdaily
Capítulo 3. ESTUDOS DE CASO 29
Cada uma das passarelas elevadas apresenta um desenho diferente, ainda que
sob as mesmas regras: partem de uma mesma abertura no prisma menor e se ramificam
levando a duas aberturas simétricas no prisma maior. Têm dois metros de largura e peitoris
de um metro e vinte centímetros. A primeira passarela, a partir de baixo, forma um V perfeito.
A segunda também forma um V perfeito e leva a aberturas um pouco mais centralizadas
que as da primeira passarela, configurando um V mais fechado que o inferior. A terceira
passarela parte como uma linha reta perpendicular, e somente depois da metade do vão se
bifurca, assemelhando-se a um Y. Suas aberturas de chegada no prisma maior estão um
pouco mais centralizadas que as inferiores, quase na mesma medida que as da segunda
passarela em relação às da primeira. A quarta e última passarela volta a ser um V, porém
imperfeito: um dos braços do V surge do outro, ou seja, não coincidem no ponto de saída.
Além disso, a saída no prisma menor é desalinhada em relação às passarelas inferiores. As
aberturas de chegada estão próximas aos extremos do prisma maior, formando um V mais
aberto que os demais.4
Figura 19 – Passarelas
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4
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Capítulo 3. ESTUDOS DE CASO 30
Figura 20 – Passarelas
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31
4 ESTUDO DO SÍTIO
4.1 LOCALIZACAO
O espaço está localizado entre as vias W3 Sul e ERW Sul e tem grande potencial
a ser explorado, é um local de fácil acesso ao transporte público, o que possibilita maior
praticidade na mobilidade dos visitantes.
Capítulo 4. ESTUDO DO SÍTIO 33
Imagem autoral
Capítulo 4. ESTUDO DO SÍTIO 35
Imagem autoral
Capítulo 4. ESTUDO DO SÍTIO 36
Figura 27 – Entorno
projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/
Capítulo 4. ESTUDO DO SÍTIO 37
O terreno está sob influência da Zona Bioclimática 4, que tem como característica o
clima tropical, ou seja, possui verão úmido e chuvoso e inverno seco e de baixa umidade.
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5 DIRETRIZES PROJETUAIS
6 PROGRAMA DE NECESSIDADES
7 DIAGRAMA
8 CONCEITO
9 IMPLANTAÇÃO
- ÁREA TOTAL=8090,9 M²
- ÁREA 1º E 2º PAVIMENTOS: 60M X 25,25M = 1515M²
- ÁREA MEZANINO = 975,2M²
- ÁREA TÉRREO: 51M X 20,70M = 1055,7M²
- ÁREA 1º E 2º SUBSOLOS: 60M X 25,25M = 1515M²
- ALTURA: 11,2M
10 PLANTAS
10.1 COBERTURA
10.2 ESTRUTURA
11 CORTES
52
12 FACHADAS
13 PERSPECTIVAS
Capítulo 13. PERSPECTIVAS 55
Capítulo 13. PERSPECTIVAS 56
14 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse trabalho tem como foco principal a função social cênica, de entretenimento e
política, que a drag queen representa; através da linha histórica é possível concluir que
o movimento queer com o passar do tempo rompe barreiras, desafia o senso comum e
paulatinamente têm se mostrado como figura confrontativa diante ao preconceito.
Diante disso, é proposta a criação de um centro cultural como forma de resistência
com intuito de democratizar a cultura para além das tendências da cultura de massa; tendo
o sítio escolhido localizado no centro de Brasília, a proposta visa a não segregação dos
espaços, retirando dos guetos a história de um movimento que é comumente marginalizado.
Por fim, vale ressaltar que apesar do movimento drag ter alcançado patamares
antes inimagináveis para uma comunidade que sempre esteve à margem da sociedade, o
processo ainda é longo e aos poucos essa comunidade vem transformando os olhares de
quem busca descobrir novas formas de enxergar uma sociedade que sempre foi fadada ao
padrão imposto aos corpos.
Ser drag é um ato político, é a narrativa de pertencimento cultural que questiona a
imagem do gênero e quebra padrões, é a sátira ao binarismo, ser drag é a arte de poder se
expressar; é a luta contra o preconceito, é ser livre pra ser quem é, é revolucionário, é o
respeito ao diferente e é o amor próprio, afinal de contas, “If you can’t love yourself, how in
the hell you gonna love somebody else?” RuPaul.
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15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMANAJÁS, Igor. Drag queen: um percurso histórico pela arte dos atores
transformistas. Revista Belas Artes, ano 6, nº 16, 2014.
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YOUNG, Fernanda. Coluna Opinião; O Globo. Rio de Janeiro, 2019
Filmes, séries e documentários
Dzi Croquettes. Direção: Tatiana Issa e Raphael Alvarez. São Paulo: Canal Brasil,
2009 (109 min.).
Divinas Divas. Direção de Leandra Leal. Rio de Janeiro: Daza Filmes, 2017 (109
min.).
Paris is burning. Direção: Jennie Livingston. EUA: Miramax Films, 1990 (76 min.).
POSE (Temp. 1). Direção: Ryan Murphy, Brad Falchuk, Nina Jacobson, Brad Simpson,
Alexis Martin Woodall, Sherry Marsh. Produção: Janet Mock, Our Lady J, Lou Eyrich, Erica
Kay. EUA: FX Channel, 2018 (45-78 min.)
Rupaul’s drags race (Temp. 1). Direção: Nick Murray. Produção: Fenton Bailey, Randy
Barbato, Tom Campbell, RuPaul, Steven Corfe, Pamela Post, Mandy Salangsang e Chris
McKim. EUA: VH1 Channel, 2009 (42-60 min.).
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Glossário
-Cisgênero: Identifica-se com o mesmo gênero que lhe foi dado no nascimento
(mulher cis/homen cis);
-Transgênero: Identifica-se com um gênero diferente daquele que lhe foi dado no
nascimento;
-Heteronormatividade: Perspectiva que exclui ou marginaliza as orientações sexuais
que se diferem da heterosexual;
-LGBTQIA+: Lésbias (L), gays (G), bissexuais (B), transexuais ou transgêneros (T),
queer (Q), intersexo (I), assexual (A), abriga todas as diversas possibilidades de orientacao
sexual e/ou de identidade de gênero que existam;
-Lésbicas: Mulheres que sentem atração afetivo/sexual pelo mesmo gênero;
-Gays: Homens que sentem atração afetivo/sexual pelo mesmo gênero;
-Bissexuais: Homens e mulheres que sentem atração afetivo/sexual por ambos os
gênero;
-Transexuais ou transgêneros: Pessoas que se identificam com outrogênero que não
aquele que lhe foi atribuído no nascimento;
-Queer: Pessoas que, seja por sexo biológico, orientação sexual, identidade de
género ou expressão de género, não correspondem a um padrão cis-heteronormativo
-Intersexo: Pessoas que naturalmente, ou seja, sem qualquer intervenção médica,
desenvolvem características sexuais que são parte de ambas as definições típicas de sexo
masculino e femino; comumente chamados de hermafroditas;
-Assexual: Pessoas que não sentem atração afetiva e/ou sexual por outras pessoas,
independente do gênero;
- Identidade de gênero: Diz respeito à como o individuo se sente e se percebe em
relacao ao seu genero, seja homem, mulher, homem trans, mulher trans, travesti, não-binario
e outros; identidade cisgênero e transgênero;
- Orientação sexual: Diz respeito à atração que se sente por outro indivíduo;
-Travesti: Identidade de gênero feminina, ao qual o indivíduo não sente necessidade
de fazer a cirurgia de redesignacccao de sexo .
-Drag queen: personagens criadas por artistas performáticos que se travestem; com
fins artísticos;
-Expressão de gênero: Baseia-se em como alguém se expressa, veste ou apresenta
através do tipicamente masculino ou feminino;
- não-binariedade: é uma categoria abrangente para identidades de gênero que não
estão relacionadas apenas a identidades masculinas ou femininas que estão fora do binário
e da cisnormatividade de gênero.