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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

BERNARDO FRATA COMACCHIO

RELATÓRIO CIENTÍFICO:
CENTRO CULTURAL MANSUETO BERNARDI

BENTO GONÇALVES
2023
BERNARDO FRATA COMACCHIO

RELATÓRIO CIENTÍFICO:
CENTRO CULTURAL MANSUETO BERNARDI

Trabalho apresentado como requisito parcial para


aprovação na disciplina de Trabalho de
Conclusão de Curso I em Arquitetura e
Urbanismo, da Universidade de Caxias do Sul.
Orientadora Prof.: Me. Kátia Fernanda Marchetto

BENTO GONÇALVES
2023
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Fachada Biblioteca Atual ........................................................................................... 9
Figura 2 - Vista Interna Biblioteca Atual ................................................................................. 10
Figura 3 - Vista Interna área de estudo Biblioteca Atual ......................................................... 10
Figura 4 - Fachada Edificação Histórica .................................................................................. 10
Figura 5 - Fachada Lateral Edificação Histórica ...................................................................... 11
Figura 6 - Mapa Raio Escolas .................................................................................................. 13
Figura 7 - Legenda escolas ....................................................................................................... 13
Figura 8 – Imagem externa da Casa em anúncio comercial ..................................................... 17
Figura 9 – Foto da casa em 1982 .............................................................................................. 17
Figura 10 - Situação e Localização .......................................................................................... 19
Figura 12 – Valores atribuídos à edificação ............................................................................. 21
Figura 13 - Escolha de Terreno de Intervenção........................................................................ 21
Figura 14 - Dados do terreno .................................................................................................... 21
Figura 15 - Mapa de usos ......................................................................................................... 22
Figura 16 - Mapa de Altura ...................................................................................................... 23
Figura 17 - Cheios e Vazios ..................................................................................................... 23
Figura 18 - Mapa Síntese .......................................................................................................... 24
Figura 19 - Mapa de Zoneamento ........................................................................................... 25
Figura 20 - Terreno Condicionantes legais .............................................................................. 25
Figura 21 - Praça das Artes ...................................................................................................... 27
Figura 22 - Acervo Café + Galeria Casa .................................................................................. 27
Figura 23 - Biblioteca Pública de Porto Alegre........................................................................ 28
Figura 24 - Programa de Necessidades Biblioteca ................................................................... 30
Figura 25 - Programa de Necessidades Espaço Cultural, Gastronômico e Praça Central ........ 31
Figura 26 - Organograma ......................................................................................................... 33
Figura 27 - Fluxograma ............................................................................................................ 34
Figura 28 - Hipóteses de Volumetria........................................................................................ 34
Figura 29 - Manipulação da Forma .......................................................................................... 35
Figura 30 - Manipulação da Forma Final ................................................................................. 35
Figura 31 - Planta Baixa Térrea, nível Rua Marechal Deodoro Da Fonseca ........................... 36
Figura 32 - Planta Baixa 1° Pavimento, nível subsolo Avenida Osvaldo Aranha ................... 36
Figura 33 - Planta Baixa 2° Pavimento, nível da rua da Avenida Osvaldo Aranha ................. 37
Figura 34 - Planta Baixa 3° Pavimento, 2° pav. nível da rua da Avenida Osvaldo Aranha ..... 37
Figura 35 - Corte AA’ e BB’ .................................................................................................... 38
Figura 36 - Corte CC’ e DD’ .................................................................................................... 38
Figura 37 - Fachada Interna ...................................................................................................... 39
Figura 38 - Fachada Interna ...................................................................................................... 39
Figura 39 - Projeto Estrutural ................................................................................................... 40
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 6

1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO ................................................................................................... 6


1.1.1 Tema ................................................................................................................................. 6
1.1.2 Delimitação ....................................................................................................................... 6
1.2 OBJETIVO ........................................................................................................................... 6
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 6
1.2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................................... 7

2 ASPECTOS RELACIONADOS AO DESENVOLVIMENTO DO PROJETO .............. 8


2.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 8
2.2 PROBLEMA ........................................................................................................................ 9
2.2.1 Sobre a Biblioteca Pública .............................................................................................. 9
2.2.2 Sobre a edificação escolhida ......................................................................................... 10
2.2.3 Sobre a cidade ................................................................................................................ 12
2.3 PÚBLICO-ALVO ............................................................................................................... 12
2.4 ESCOLAS ATENDIDAS .................................................................................................. 12

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................... 14

4 ASPECTOS RELATIVOS AO LUGAR ........................................................................... 19


4.1 MUNICÍPIO DE VERANÓPOLIS .................................................................................... 19
4.2 A EDIFICAÇÃO HISTÓRICA ESCOLHIDA .................................................................. 20
4.3 CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DO TERRENO .............................................................. 21
4.4 DIAGNÓSTICO ................................................................................................................ 22
4.5 CONDICIONANTES FÍSICOS ........................................................................................ 24
4.6 CONDICIONANTES LEGAIS .......................................................................................... 24

5 ASPECTOS RELATIVOS AO PROGRAMA ................................................................. 27


5.1 ESTUDO DE REFERENCIAIS ......................................................................................... 27
5.2 ESTUDO BIBLIOGRÁFICO ............................................................................................ 29
5.3 DEFINIÇÃO DO PROGRAMA DE NECESSIDADES ................................................... 29
6 CONCEITO ......................................................................................................................... 32

7 CONCEPÇÃO ..................................................................................................................... 33
7.1 ASPECTOS FUNCIONAIS ............................................................................................... 33
7.2 ASPECTOS FORMAIS ..................................................................................................... 34
7.3 ASPECTOS CONSTRUTIVOS ......................................................................................... 40

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 40

9 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 42
6

1 INTRODUÇÃO

O projeto tem como ideia principal preservar, revitalizar e reutilizar a edificação


histórica conhecida como fruteira central ou casarão, conferindo a ela um novo uso e
recolocando a edificação em benefício à comunidade.
A Praça Central é a norteadora do projeto, distribuindo e integrando todos três espaços
projetados (centro cultural, biblioteca e centro gastronômico). Além de ser o elemento
conexão, a Praça serve como um local de estar, convivência e contemplação, podendo ser uma
extensão dos blocos e servindo como apoio para eventos, apresentações ou exposições.
O centro cultural serve como local de ensino de cultura, artes, dança, música,
artesanato, entre outros. É um serviço para atender à comunidade que, em conjunto com o
banco Santander, fará parte de uma rede de incentivos culturais, tornando viável sua criação e
permanência.

1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO

1.1.1 Tema

Arquitetura institucional e de intervenção.

1.1.2 Delimitação

Arquitetura de intervenção histórica com complexo cultural.

1.2 OBJETIVO

1.2.1 Objetivo Geral

Requalificar edificação subutilizada, preservando a estrutura existente e tornando o


espaço acessível ao público. Solucionar problemas de espaço da biblioteca pública da cidade,
criando um espaço de fácil acesso e na área central, anexando um centro cultural e
gastronômico.
7

1.2.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos do trabalho são definidos como:


a) Preservar patrimônio histórico, fortalecendo a identidade do centro da cidade;
b) Requalificar a edificação para novos usos;
c) Solucionar problemas de espaço interno da biblioteca municipal;
d) Facilitar acesso da comunidade à biblioteca;
e) Proporcionar maior contato/interesse com a leitura, desenvolvendo espaço de leitura e
estudo;
f) Promover pequenos eventos relacionados à cultura, literatura, gastronomia e música, com
amostras culturais, eventos gastronômicos e música ao vivo;
g) Fomentar o comércio gastronômico local.
8

2 ASPECTOS RELACIONADOS AO DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

2.1 JUSTIFICATIVA

A Biblioteca Pública Mansueto Bernardi sofre, desde o início de sua história, com a
falta de um local apropriado para manter seu acervo, atender os leitores e expandir projetos
que demandam mais área construída.
A atual localização, na Sociedade Alfredochavense, tem um acesso desfavorável devido
à ausência de rampas para acesso de pessoas com deficiência. Além disso, o local é de difícil
visualização pela população. O ambiente se encontra no térreo de um clube multiuso, com um
espaço pouco iluminado e pequeno.
Nos próximos meses, a biblioteca será realocada. O novo espaço fica junto à Prefeitura
da cidade, e dispõe de uma área ainda menor do que a atual, com menos insolação e mais
afastado do centro. As novas dependências não atendem às exigências que a biblioteca
necessita. De acordo com a bibliotecária em exercício, Sandra Benedetti Dall'Agnol, estima-
se que a biblioteca irá perder grande parte de seus leitores devido à mudança. Isso se dá ao
fato do local ser longe do comércio, de paradas de ônibus e do centro da cidade.
Ademais, a profissional afirma que parte do acervo ficará indisponível à população, já
que as novas dependências não comportam todos os exemplares que a instituição oferece.
A preservação é outro ponto que está muito em voga na comunidade, com o projeto de
lei n° 067/2021, apresentado na Câmara de Vereadores, com o intuito de preservar e proteger
as edificações de caráter arquitetônico, histórico, artístico e cultural. Essa lei foi altamente
rejeitada pelos proprietários dos imóveis que nela se encaixam (cujos nomes são mantidos em
sigilo). Com a possível aprovação do projeto, muitos proprietários demoliram ou
descaracterizaram seus imóveis, com a intenção de evitar a sua preservação e proteção. Essa
ação já é vista em vários pontos da cidade, onde existiam edificações de valor histórico que
foram completamente demolidas. Outros locais, ainda, foram reformados, e os elementos
característicos da época em que foram construídos foram retirados. Essas perdas já se
tornaram irreparáveis para a cidade. A região norte (bairro Palugana) foi a que mais sofreu
com as consequências dessas ações, sendo completamente descaracterizada e perdendo a sua
identidade histórica.
Pensando na valorização do patrimônio tão significativo da cidade, o local escolhido
para o trabalho foi uma edificação construída em meados de 1920, e que se tornou residência
da família Giuseppe. Com a ajuda de fotografias, pode-se observar que a obra foi utilizada
9

como moradia e comércio pela família. Desde 2013, o local abriga uma fruteira central e um
cabeleireiro. O local é subutilizado, já que, nas suas dependências, vários ambientes ficam
fechados, por conta dos problemas físicos e de má conservação da edificação.
Interligando esses pontos supracitados, observa-se a chance de suprir a necessidade da
preservação das edificações e da locação de um espaço apropriado para a Biblioteca Pública
Mansueto Bernardi.

2.2 PROBLEMA

2.2.1 Sobre a Biblioteca Pública

Considerada parte significativa da intervenção na edificação, a Biblioteca Mansueto


Bernardi foi fundada em 31 de março de 1971. Leva o nome de Mansueto Bernardi, escritor,
poeta e político que residiu boa parte de sua vida, até seus últimos dias, na cidade de
Veranópolis.
Desde sua inauguração, a biblioteca já esteve em cinco lugares diferentes, sendo os
mais marcantes a Casa da Cultura e na SOAL (Sociedade Alfredochavense). Atualmente, está
localizada em uma sala da SOAL e possui cerca de 25 mil exemplares de livros e mais de 2
mil usuários cadastrados. Ainda sem data definida, o local terá um novo endereço, juntamente
à Prefeitura de Veranópolis, mudança que ainda tenta ser revertida devido à falta de espaço e
localização afastada da área central e comercial da cidade.
Atualmente, observa-se que a Biblioteca Pública Mansueto Bernardi, no lugar onde
está localizada (Av. Pinheiro Machado, 770, Centro, junto à Sociedade Alfredochavense), não
conta com espaço suficiente para manter o acervo que possui (de 25 mil livros).

Figura 1 - Fachada Biblioteca Atual

Fonte: acervo do autor


10

Figura 2 - Vista Interna Biblioteca Atual

Fonte: acervo do autor

Figura 3 - Vista Interna área de estudo Biblioteca Atual

Fonte: acervo do autor

Além disso, ela fica em um local que não é de fácil acesso e não possui paradas de
ônibus no entorno, o que dificulta o acesso da população. Como consequência disso, o hábito
da leitura acaba por ser pouco fomentado dentro da cidade.

2.2.2 Sobre a edificação escolhida

A edificação escolhida fica localizada bem no centro da cidade de Veranópolis


(Avenida Osvaldo Aranha, 1077), em uma das principais avenidas da cidade e muito próximo
à Igreja Matriz.
Figura 4 - Fachada Edificação Histórica
11

Fonte: acervo do autor


Figura 5 - Fachada Lateral Edificação Histórica

Fonte: acervo do autor

Apesar disso e de o edifício ser um espaço de caráter histórico, é um local subutilizado


e que não conta com a manutenção e preservação adequadas. Isso vem ao encontro de um
ponto que pode ser observado na cidade de Veranópolis: a falta de interesse na preservação
histórica.
De acordo com Pollak (1989), a memória coletiva, ou de um grupo, é essencial para
“manter a coesão dos grupos e das instituições que compõem uma sociedade, para
12

definir seu lugar respectivo, sua complementaridade”. Dessa forma, é de suma importância
valorizar a memória coletiva veranense, o que não está sendo observado atualmente.

2.2.3 Sobre a cidade

Além das problemáticas supracitadas (Biblioteca Pública em local pequeno e de difícil


acesso e visualização e necessidade de preservação de patrimônios históricos), ainda existe o
fato de que a cidade de Veranópolis não conta com espaços gastronômicos próximos à Praça
XV de Novembro.
Por estar localizada na área central da cidade e ser frequentada por muitas pessoas
diariamente, a Praça e seus arredores necessitam de espaços e estabelecimentos que fomentem
a cultura e valorizem a gastronomia local.

2.3 PÚBLICO-ALVO

O público-alvo principal do centro cultural são alunos do ensino fundamental, médio e


superior que necessitam de um espaço para estudo e que desejam estar em contato com a
literatura e cultura da cidade. Apesar do foco nas vivências de estudantes, o espaço abrange
toda a comunidade e todas as faixas etárias, o que fomenta a expansão da leitura e o
aprendizado de todos.

2.4 ESCOLAS ATENDIDAS

A maioria das escolas está dentro do raio de 500m da área de intervenção,


possibilitando o fácil acesso das escolas à biblioteca. Apenas duas escolas estão fora dos
raios, escola Irmão Don Matheus Pasquali, que está localizada na comunidade de Monte
Bérico e atende a rede fundamental e o Instituto Federal, que atende a rede de ensino médio.
13

Figura 6 - Mapa Raio Escolas

Fonte: elaborado pelo autor


Figura 7 - Legenda escolas

Fonte: elaborado pelo autor


14

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

De acordo com Canini (2005), a visão de herança de um povo e conjunto de bens e


valores representativos de uma nação que se tem através de um patrimônio cultural não é uma
discussão dos dias de hoje. Segundo a autora, ela vem ganhando seu espaço dentro da
antropologia, sociologia, história e também da arquitetura.
Muito mais do que apenas história, apenas arquitetura, ou apenas cultura, o Patrimônio
é visto como uma conexão de todos esses elementos citados, que culmina na construção da
cidadania de um povo. É o que diz Bittencourt (2005),

A preservação do patrimônio histórico é vista, hoje, prioritariamente, como uma


questão de cidadania e, como tal, interessa a todos por se constituir em direito
fundamental do cidadão e esteio para a construção da identidade cultural.

Por conta disso, se caracteriza como uma temática interdisciplinar. Essa visão se
complementa:

[...] O conceito de patrimônio, partindo de uma definição simples, pode ser


entendido como um conjunto de bens, materiais ou não, direitos, ações, posse e tudo
o mais que pertença a uma pessoa e seja suscetível de apreciação econômica.
Colocado dessa forma, o patrimônio está relacionado diretamente à ideia de
propriedade. Poderia se dizer que a propriedade é um dos universais da cultura
humana, pois todos os povos de que se tem notícia conhecem alguma forma de
propriedade, seja ela individual ou coletiva. (CANINI, 2005)

Para a o campo da arquitetura, os organizadores do Inventário do Patrimônio


Arquitetônico Urbano de Veranópolis (2020), definem o Patrimônio Cultural como o conjunto
de lugares ou edifício que merece um tratamento de proteção de suas características físicas
por conta do seu valor, que pode ser arquitetônico, urbanístico, cultural, singular ou histórico.
Já o Patrimônio Arquitetônico, parte significativa do Patrimônio Cultural, é
constituído pelo conjunto de edifícios e/ou lugares que, por seu valor urbanístico,
arquitetônico, histórico, cultural ou singular, merecem um tratamento de proteção de suas
características físicas.
Para o historiador de arquitetura Gideon (1962), o Patrimônio Arquitetônico reúne
construções que desde tempos remotos têm cumprido um papel essencial como suporte da
memória e dos valores simbólicos, constituindo a identidade cultural das sociedades.
Candau (2012), sobre o conceito de memória, coloca que:
15

Sem memória o sujeito se esvazia, vive unicamente o presente, perde suas


capacidades conceituais e cognitivas. Sua identidade desaparece. Não produz mais
do que um sucedâneo de pensamento, um pensamento sem duração, sem a
lembrança de uma gênese que é a condição necessária para a consciência e o
conhecimento de si.

Ainda, de acordo com Chauí (1998), a memória é uma forma de evocar o passado. É
como os humanos encontraram uma maneira de guardar o tempo que passou e, dessa forma,
salvá-lo da perda total.
Com relação à conexão entre memória e Patrimônio, é possível estabelecer que um
está diretamente ligado ao outro: através da manutenção e preservação dos Patrimônios é que
se cria a identidade de um povo e seus laços e lembranças coletivas.
Tomaz (2010), diz que é importante destacar que de forma alguma priorizar a
preservação de uma edificação ou de um espaço da cidade é ir contra ao novo ou às
novidades. Isso, na verdade, é dar oportunidade às futuras gerações para que criem, também,
essas lembranças. A partir delas, a identidade coletiva se mantém viva através daquele imóvel
que foi preservado, conservado e mantido.
Pavan (2014) complementa essa visão e também adiciona a ela o valor arquitetônico,
que é essencial para a compreensão e identificação de um povo dentro de um espaço:

O conjunto arquitetônico histórico de uma cidade é de essencial importância para a


compreensão da sociedade que nela vive (e viveu), pois a arquitetura é capaz de
acumular dados históricos dos modos de vida do homem, não somente sobre sua
concepção mas “também dos que ali viveram através dos tempos e lhe conferiram
novos usos e significados simbólicos” (GUTIERREZ, 1989, p.32); um conjunto
arquitetônico histórico deve, então, ser compreendido como um testemunho
excepcional para a memória coletiva. A produção dos espaços arquitetônicos no
passado e o acúmulo de valores e significados produzidos na relação do homem com
estes espaços construídos permitem o reconhecimento do passado de nossa
sociedade e trazem a possibilidade de nos identificarmos como indivíduos
integrantes de nossa comunidade na atualidade.

A partir do que foi exposto, percebe-se a necessidade de manter certos traços


comunitários e coletivos vivos na memória de um povo, para que se crie identidade e valor
entre esses indivíduos. Esses são laços que não apenas servem para o presente ou para uma
única geração, mas que se perpetuam conforme o tempo passa.
O tema da questão dos Patrimônios Históricos e Culturais também está em voga agora
na cidade de Veranópolis, implicando debates sobre a propriedade privada e quais os
benefícios os proprietários teriam na preservação e manutenção de suas respectivas
propriedades.
16

Com o interesse da prefeitura da cidade, foi elaborado o Inventário do Patrimônio


Arquitetônico de Veranópolis, com o intuito de qualificar e enumerar as edificações históricas
que deveriam ser preservadas.
A parceria da Prefeitura Municipal de Veranópolis com um projeto da Universidade de
Caxias do Sul fez com que algumas temáticas fossem pensadas e, a partir delas, alguns locais
fossem elencados, mediante critérios importantes e fundamentados, como parte do Inventário
do Patrimônio Arquitetônico Urbano de Veranópolis, o que originou o Relatório Técnico I.
Uma das obras relacionadas nesse Inventário é a Casa Farina-Munaretti, localizada na
Avenida Osvaldo Aranha, 1017, que possui uso misto, é de propriedade particular e data de
1930. A descrição que pode ser encontrada no documento sobre o local é a seguinte:

Construído no alinhamento da avenida, o sobrado de dois pavimentos tem hoje sua


ambiência impactada pela verticalização da vizinhança próxima. Anteriormente a
este processo, sua implantação estratégica na subida da via e próxima à Praça
Central lhe garantia uma certa notoriedade no cenário edificado, fato também devido
ao arranjo formal de sua frontaria. Trata-se de uma composição muito utilizada
desde o surgimento do neoclassicismo na arquitetura brasileira, onde a área definida
pelo frontão triangular evidencia o acesso centralizado, com o rebatimento de duas
alas simétricas. A harmonia da composição é enfatizada pela superposição de cinco
aberturas moduladas em cada andar, tendo acima uma platibanda vazada em
balaústres e quatro pináculos que reforçam a partição vertical da fachada. A sóbria
ornamentação restringe-se ao frontão, às pilastras nas extremidades laterais e à
cercadura dos vãos, além dos frisos e relevos. Destaca-se o rosto feminino no eixo
do frontão, replicado sobre as três vergas centrais do andar superior. A decoração
frontal contrasta com a nudez das demais alvenarias externas da Casa. A frontaria
tem atualmente seu equilíbrio perturbado por uma grosseira intervenção que encobre
as vergas ornamentadas das portas no pavimento térreo, além de outras posturas sem
maior critério (VERANÓPOLIS, 2020).

A partir de sua localização, importância histórica, cultural, arquitetônica e de sua


relevância para a construção da memória e, consequentemente, identidade do povo veranense,
é essa a edificação que foi escolhida para a intervenção presente neste estudo.
É possível observar os aspectos da descrição nas imagens coletadas pelo Inventário
expostas através das Figuras 8 e 9.
17

Figura 8 – Imagem externa da Casa em anúncio comercial

Fonte: Inventário do Patrimônio Arquitetônico Urbano de Veranópolis

Figura 9 – Foto da casa em 1982

Fonte: Inventário do Patrimônio Arquitetônico Urbano de Veranópolis

Quando escolhida, o uso já estava definido, mas outras dúvidas surgiram, em como
adequar a edificação para o novo uso e se o uso seria apropriado para o local, e como seriam
as intervenções que poderiam ser feitas para a adequação ao programa. Pavan (2014), na
tentativa de explicar as dificuldades de adaptação, preservação e reforma de Patrimônios
Culturais e edifícios antigos, afirma que:

[...] A reutilização do edifício antigo, assim como a reabilitação de áreas históricas


degradadas e abandonadas, são necessárias para a preservação do patrimônio
cultural, já que é reconhecida a importância da utilização para que o edifício se
mantenha conservado, em oposição ao abandono, que aumenta a possibilidade de
degradação. Porém, como é possível adequar o uso do patrimônio edificado as
solicitações advindas de novas demandas e tecnologias, sem descaracterizar os seus
valores tangíveis e intangíveis? Corremos o risco de modificar em demasia uma
edificação, e também de um conjunto histórico, tentando adaptá-los às necessidades
da vida contemporânea, tornando o aspecto de um edifício ou conjunto histórico
diferente de sua autêntica imagem e de seus reais, e atuais, significados culturais.
18

Por conta da própria importância da cultura e de algumas ausências da cidade de


Veranópolis, pensou-se, então, na valorização da Biblioteca Pública e na construção de um
centro cultural, além da valorização da questão gastronômica da cidade.
A primeira parte da intervenção se justifica, pois, de acordo com a UNESCO, essas
instituições estão ao serviço da comunidade e atendem ao público em geral. Dessa forma, um
patrimônio da cidade de Veranópolis estaria a serviço de seu próprio povo, através do
fomento do hábito da leitura e, consequentemente, da cultura – através da formação de uma
comunidade leitora.
A segunda parte é importante, pois favorece, também, a criação e a reflexão de
produtos culturais. Isso se justifica com Milanesi (1997), que define centros culturais como “a
reunião de produtos culturais, a possibilidade de discuti-los e a prática de criar novos
produtos.” Essa é, portanto, outra maneira de unir a população em prol de novas reflexões e
criações dentro da sociedade.
Por fim, a junção desses dois elementos culmina naquilo que pode ser considerado
como um patrimônio imaterial, que é a gastronomia. Isso se justifica pelo que argumenta
Toledo (2003),

Patrimônio cultural é a riqueza comum que nós herdamos como cidadãos,


transmitida de geração em geração. Constitui a soma dos bens culturais de um povo.
Ele conserva a memória do que fomos e somos, revela a nossa identidade. Expressa
o resultado do processo cultural que proporciona ao ser humano o conhecimento e a
consciência de si mesmo e do ambiente que o cerca. Apresenta, no seu conjunto, os
resultados do processo histórico. Permite conferir a um povo a sua orientação,
pressupostos básicos para que se reconheça como comunidade, inspirando valores,
estimulando o exercício da cidadania, a partir de um lugar social e da continuidade
no tempo.
19

4 ASPECTOS RELATIVOS AO LUGAR

4.1 MUNICÍPIO DE VERANÓPOLIS

O município de estudo para implantação da Biblioteca Pública com centro


gastronômico e cultural é Veranópolis localizado na Serra. A sua distância da capital Porto
Alegre é de aproximadamente 172km.
Veranópolis é parte da microrregião Termas e Longevidade, a qual também tem na sua
composição os municípios de Nova Prata, Vila Flores, Cotiporã e Protásio Alves. De acordo
com o Instituto Brasilerio de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade em questão possui
24.021 habitantes e densidade demográfica de 83 hab/km². Esses dados são de acordo com o
senso realizado no ano de 2022.

Figura 10 - Situação e Localização

Fonte: elaborado pelo autor


20

Figura 11 - Localização

Fonte: elaborado pelo autor

4.2 A EDIFICAÇÃO HISTÓRICA ESCOLHIDA

A edificação histórica a ser trabalhada não é tombada pelo município, mas confere
fatores de atribuição de valores, que referenciam a obra e o caracterizam como uma edificação
passível de preservação e restauro e que deve entrar como sítio histórico da cidade. A obra
está localizada no centro da cidade, na Avenida Osvaldo Aranha, número 1.077. Várias
características arquitetônicas são vistas em outras edificações ao longo da cidade,
principalmente na avenida supracitada e que fazem parte da mesma época e que juntas
formam a identidade da cidade.
Valor de Antiguidade: obra construída há mais de 50 anos - construção da obra feita
em 1930 - 93 anos.
Valor Cultural Identitário: obra como ponto de referência facilmente identificável
pela comunidade - conhecida como fruteira central ou casarão.
Valor Tecnológico Construtivo: valor dado pelas tecnologias construtivas específicas
- subsolo feito de pedra, e demais pavimentos de alvenaria; ornamentação na fachada, frontão,
janelas em madeira; piso em madeira com barrotes.
21

Valor de Uso ou Evocativo: qualidade que confere à edificação interesse de


permanência na memória coletiva - edificação que faz parte da história de Veranópolis e da
paisagem do centro.

Figura 12 – Valores atribuídos à edificação

Fonte: Inventário Veranópolis – parte 1

4.3 CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DO TERRENO

Figura 13 - Escolha de Terreno de Intervenção

Fonte: elaborado pelo autor

Figura 14 - Dados do terreno

Fonte: elaborado pelo autor


22

O terreno escolhido foi o primeiro, devido à possibilidade de maior ligação de duas


vias importantes e conexão mais próxima dos lotes, também por questões topográficas, por ter
uma declividade menos acentuada. O terreno 2 não foi escolhido devido à construção ser nova
e abrigar grandes lojas varejistas. O terreno 3 tem um desnível maior e uma passagem estreita
entre as edificações pré-existentes.

4.4 DIAGNÓSTICO

Devido ao fato de ser uma área central e ao plano diretor, o local apresenta uma
quantidade muito grande de edificações de uso misto, com comercial no andar térreo e
residências nos demais apartamentos. Também, há toda a área de serviços e algumas
instituições e centros religiosos.
Figura 15 - Mapa de usos

Fonte: elaborado pelo autor


23

Na região de análise, observa-se a predominância de edifícios de 2 pavimentos que


são, principalmente, edificações mais antigas ou residências. Também, existem alguns pontos
de novas edificações de 8 ou mais pavimentos.

Figura 16 - Mapa de Altura

Fonte: elaborado pelo autor


Figura 17 - Cheios e Vazios

Fonte: elaborado pelo autor


24

Por ser uma área com pouca vegetação e APPs e um local com um índice construtivo e recuos
favoráveis, há uma grande parcela de solo ocupada, que predomina sobre o espaço vazio.

4.5 CONDICIONANTES FÍSICOS

Figura 18 - Mapa Síntese

Fonte: elaborado pelo autor

O terreno tem um grande potencial arquitetônico e urbanístico, devido a ser uma


localização no centro da cidade e ter conexões com importantes equipamentos. O lote está
localizado na Avenida Osvaldo Aranha e está próximo da Avenida Júlio de Castilhos, estas
duas avenidas são as mais importantes da cidade e que cruzam a cidade de norte a sul e leste
a oeste. Além disso, pode-se ser criado um eixo de conexão entre duas vias, encurtando o
caminho de pedestres e criando uma praça central, para a convivência e comércio. Outro
ponto importante é a feira do livro que acontece anualmente na praça central, e que serviria
como apoio a biblioteca pública.

4.6 CONDICIONANTES LEGAIS

Para elaboração do trabalho, foi utilizado o plano diretor da cidade de Veranópolis,


que está em vigor, com seus respectivos anexos e foram analisados o índice construtivo, taxa
de ocupação, recuos frontais, laterais e fundos e taxa de permeabilidade.
25

Figura 19 - Mapa de Zoneamento

Fonte: elaborado pelo autor

O terreno está situado na ZRMC - Zona Residencial Mista Comercial, área com maior
desenvolvimento da cidade, com grande potencial construtivo. Esse local tem incentivo a
salas comerciais no térreo e construções de grande porte. Também é a região onde estão as
obras históricas, que possuem muito incentivo para sua preservação.

Figura 20 - Terreno Condicionantes legais

Fonte: elaborado pelo autor


26

O terreno é a junção de dois lotes, que foram anexados e compreendem uma área total
de 1.078,15 m², por estar em uma região com incentivos a construção de maior escala o
terreno comporta edificações de grande porte, com um Índice de Aproveitamento de 4,8, Taxa
de Ocupação de 90% e isenção de recuos frontais e laterais até o segundo pavimento.
Importante ressaltar que há possibilidade de isenção de afastamentos laterais segundo o Plano
diretor de Veranópolis (2020, pag. 41).

Serão permitidas construções nas divisas laterais em atividades não residenciais,


com afastamento de fundos de um metro e cinquenta centímetros em todas as
ZRM’s, sendo que na ZRMC e ZRM2 a altura máxima medida do nível médio do
passeio até o piso da laje de forro será de 7,50m e, nas demais ZRM’s, esta altura
será de 4,20 m.
27

5 ASPECTOS RELATIVOS AO PROGRAMA

5.1 ESTUDO DE REFERENCIAIS

Figura 21 - Praça das Artes

Fonte: ArchDaily

Obra de adição de antigo X novo da praça das artes, desenvolvida no escritório de


arquitetura Brasil Arquitetura, no ano de 2012. Está localizada na cidade de São Paulo.
Projeto de restauro com adição de nova edificação. Referencial escolhido devido à sua
interação/integração do novo e antigo e o contraste das duas fachadas para evidenciar o novo
do antigo. Análise de fachada, onde foram seguidos alinhamentos de altura de fachada, tendo
uma continuidade entre a edificação histórica e a nova com a diferenciação marcada da
materialidade aplicada.
Outros alinhamentos podem ser observados na altura do balanço, onde o teto do térreo
da edificação nova está alinhado com o final das janelas do térreo da edificação histórica.
Outro ponto de destaque é o contraste das esquadrias/ janelas, onde pode se observar
uma robustez típica da época na edificação histórica e a simplicidade com materialidade
contemporânea com uso de vidro fumê. Esse mesmo contraste de épocas e estilos
arquitetônicos é visível em toda a fachada, sendo a edificação nova mais minimalista e com
linhas retas, evidenciando mais a edificação de preservação.

Figura 22 - Acervo Café + Galeria Casa


28

Fonte: ArchDaily

Edificação reformada no ano de 2021, em Brasília, pelo escritório Rodrigo Biavati


Arquitetos Associados, reformulando a antiga livraria, conferindo a ela um novo uso. Foi
instalado um café e uma sala de exposição à antiga obra. Projeto que foi analisada a
reformulação de um edifício de valor histórico e as resoluções técnicas de fluxograma para
atender tanto o café como a biblioteca.
A criação do mezanino foi a solução encontrada para alocar de forma mais reservada
o café, sem perder a integração.
Também é possível observar os elementos usados para remeter à antiga edificação,
como concreto aparente, correntes de ferro que servem tanto como questões estruturais para
sustentação do mezanino como estéticas, que remetem tanto ao projeto antigo quanto à
reforma, sendo um elemento que une os dois estilos arquitetônico.

Figura 23 - Biblioteca Pública de Porto Alegre

Fonte: GauchaZH
29

Edificação histórica desenvolvida no ano de 1877, por Affonso Hebert e Teófilo


Borges de Barros, engenheiros de obras públicas do estado. O uso do edifício histórico é o
principal motivo pela análise feita, utilizando um edifício histórico para receber o acervo da
cidade.
Conforme o passar dos anos e por questões de seguranças e acessibilidade, muitas
mudanças internas tiverem que ocorrer. Devido a essas alterações, algumas intervenções
tiveram que ser feitas, como abertura de portas internas e mudança de escadas para atender as
novas regras estaduais e municipais.

5.2 ESTUDO BIBLIOGRÁFICO

Deste modo, o primeiro passo foi determinar o tamanho do acervo. Segundo Milanesi
(2012, p. 63):
Apesar de tentativas já feitas, é difícil estabelecer qual seria o número mínimo de
obras para atender a uma população de 10 mil habitantes. Por “número mínimo”
entende-se o conjunto de obras que possa cobrir os campos do conhecimento
humano com ênfase nas áreas de maior interesse para o Brasil. Essa coleção básica
teria o número mínimo de 5 mil títulos [...]

Veranópolis conta com cerca de 26.813 habitantes. Sendo assim, quando esse número
é dividido por 2, ficam 13.406,5 livros no total.
Neufert (1976) diz que, em cada metro linear de estante, cabem aproximadamente 30
livros. Sendo assim, temos: 25.000 obras ÷ 30 livros/m = 834 metros lineares de estante. O
autor comenta também que a área necessária para o acervo pode ser medida “[...] por metro
quadrado de pavimento, incluindo passagens, de 200 a 250 volumes”. Assim: 25.000 / 250 =
100 m² (área necessária para o acervo).

5.3 DEFINIÇÃO DO PROGRAMA DE NECESSIDADES

O programa foi planejado para atender a biblioteca e seu acervo atual, com
possibilidade de expansão, um centro gastronômico de pequeno porte, que atenderia o público
que frequenta a biblioteca e a praça, um salão de eventos, com capacidade para 80 pessoas e
um centro cultural que possua aulas de dança/ teatro, música, artesanato entre outros.
30

Figura 24 - Programa de Necessidades Biblioteca

Fonte: elaborado pelo autor


31

Figura 25 - Programa de Necessidades Espaço Cultural, Gastronômico e Praça Central

Fonte: elaborado pelo autor


32

6 CONCEITO

A arquitetura de um espaço cultural deve integrar vários programas sobre práticas


culturais e sociais. Com o objetivo de integrar vários programas e dar acesso a cultura,
literatura e informação a toda a comunidade, criando assim uma identidade cultural.
Para acomodar esse programa cultural foram elaborados alguns conceitos que norteiam o
projeto, sendo eles:
Conexão: Local que fará a conexão entre os blocos e diferentes culturas,
proporcionando um ambiente de encontro e troca de informações.
Integração: Entre o programa, arquitetura e a comunidade, com espaço histórico que
cria identidade e remete ao passado e a edificação nova.
Identidade: Através do uso de edificação histórica favorecendo o reconhecimento e
memória da população.
33

7 CONCEPÇÃO

7.1 ASPECTOS FUNCIONAIS

O projeto foi pensado na preservação e na implantação da biblioteca municipal na


edificação histórica existente, dando um novo uso e revitalizando a mesma. Partindo deste
princípio foram pensadas as novas adições para os centros gastronômico e cultural, com
formas puras e que se evidencia o contraste das duas épocas construtivas.

Figura 26 - Organograma

Fonte: elaborado pelo autor

A organização do projeto é centrada na praça central, que é distribuída em três


edificações com usos diferentes (biblioteca, centro gastronômico e centro cultural).
34

Figura 27 - Fluxograma

Fonte: elaborado pelo autor

7.2 ASPECTOS FORMAIS


Figura 28 - Hipóteses de Volumetria

Fonte: elaborado pelo autor


35

A escolha foi baseada por questões de insolação, onde o sol da manhã pega
diretamente na edificação do centro cultural e na parte da tarde na barra do centro
gastronômico, sem perder a iluminação na parte da praça central. A fachada também é
convidativa para o pedestre e com o eixo de circulação pode ser um atalho entre a Avenida
Osvaldo Aranha e a Avenida Marechal Deodoro da Fonseca.

Figura 29 - Manipulação da Forma

Fonte: elaborado pelo autor

Partido inicia-se por prismas retangulares, sendo feitas duas subtrações e mais uma
subtração no pré-existente. Após, são adicionados um bloco vertical para o elevador, anexos
de reservatórios de caixa d’água e coberturas para a praça central e para a pré-existência.

Figura 30 - Manipulação da Forma Final

Fonte: elaborado pelo autor


36

Forma final - com as subtrações e adições, formando um bloco em balanço com pilotis
e removendo as adições posteriores da edificação histórica.

Figura 31 - Planta Baixa Térrea, nível Rua Marechal Deodoro Da Fonseca

Fonte: elaborado pelo autor

Figura 32 - Planta Baixa 1° Pavimento, nível subsolo Avenida Osvaldo Aranha

Fonte: elaborado pelo autor


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Figura 33 - Planta Baixa 2° Pavimento, nível da rua da Avenida Osvaldo Aranha

Fonte: elaborado pelo autor

Figura 34 - Planta Baixa 3° Pavimento, 2° pav. nível da rua da Avenida Osvaldo Aranha

Fonte: elaborado pelo autor


38

Figura 35 - Corte AA’ e BB’

Fonte: elaborado pelo autor


Figura 36 - Corte CC’ e DD’
39

Fonte: elaborado pelo autor


Figura 37 - Fachada Interna

Fonte: elaborado pelo autor

Figura 38 - Fachada Interna

Fonte: elaborado pelo autor

Por questões de preservação e segurança, o piso da edificação histórica deve ser todo
alterado, por já apresentar problemas como cupins, madeiras quebradas e mofos. Com isso,
foi utilizado uma estrutura metálica por toda a edificação, na parte interna, com laje metálica
para suportar a biblioteca. Essa mesma estrutura será utilizada nos novos blocos, remetendo a
materialidade em todos os blocos arquitetônicos.
40

7.3 ASPECTOS CONSTRUTIVOS

Figura 39 - Projeto Estrutural

Fonte: elaborado pelo autor

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O centro cultural e gastronômico Mansueto Bernardi, com a biblioteca, teve como


objetivo solucionar problemas de espaço e preservação de edificações históricas com anexos.
Com problemas de espaço e de acessibilidade, a Biblioteca Pública carecia de um
local apropriado e de fácil acesso a toda população do município, com local para manutenção
e ampliação do acervo. O projeto veio para solucionar problemas de iluminação, ventilação,
espaço e acessibilidade. Também há uma necessidade grande de preservação de edificações
históricas do município, para que permaneçam fazendo parte da paisagem da cidade e que
recebam as manutenções necessárias. Conforme mostrado no trabalho, a PL 067 visava à
preservação dessas edificações históricas, mas que foi altamente rejeitada pelos proprietários.
Com isso, isso o Projeto de Lei acabou sendo revogada na câmara municipal de vereadores,
decisão que foi votada contra a preservação por dois vereadores que por interesse próprio
privado rejeitaram o Projeto de Lei, sendo assim, tornando legítimas as demolições que já
foram feitas e as que poderão vir, apagando a história e a identidade da cidade.
A falta de um espaço gastronômico no centro da cidade faz com que a população deixe
de habitar o centro para se reunir e confraternizar e também obriga as pessoas a se deslocarem
para fazer pequenas refeições durante o dia a dia. Além de solucionar o problema
41

gastronômico, o bloco atenderá diretamente à Biblioteca Municipal, integrando os programas


e contribuindo mais para o interesse na literatura e cultura.
O espaço cultural Mansueto Bernardi serve não apenas para solucionar um problema
da biblioteca pública e de infraestrutura, mas também para criar e fomentar um espaço de
contemplação, convivência, troca de experiências, leitura e aprendizado. Isso faz com que seja
habitada uma área sem uso ou subutilizada, revertendo seu novo uso para a comunidade.
42

9 REFERÊNCIAS

ARCHDAILY. Acervo Café + Galeria Casa / Rodrigo Biavati Arquitetos Associados.


2022. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/980123/acervo-cafe-plus-galeria-casa-
rodrigo-biavati-arquitetos-associados. Acesso em: 05 jul. 2023.

ARCHDAILY. Praça das Artes / Brasil Arquitetura. 2013. Disponível em:


https://www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura. Acesso em: 05
jul. 2023.

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes (org.). O saber histórico na sala de aula. 10. ed.
São Paulo: Contexto, 2005.

CÂMARA DE VEREADORES DE VERANÓPOLIS. Projeto de Lei nº 67, de 26 de abril


de 2021. Substitui na Integra a Redação do Projeto de Lei Executivo no 67, de 26 de abril de
2021.. . Veranópolis, RS, Disponível em:
https://legis.camaraveranopolis.rs.gov.br/pdf.view.php?filename=Arquivo&url=uploads/2503.
pdf. Acesso em: 28 jun. 2023.

CANDAU, J. Memória e identidade. São Paulo: Contexto, 2011.

CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1998.

GIDEON, Sigfried. Espaço, tempo e arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 2004. [1962].
http://www.valedoparaiba.com.> Acesso em 29 jun. 2023.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Brasileiro


de 2022. Disponível em < https://cidades.ibge.gov.br/>. Acesso em 28 jun. 2023.

MILANESI, Luis. A casa da invenção. Ateliê Editorial. São Caetano do Sul, 1997.

NEUFERT, Ernst. Arte de projetar em arquitetura: princípios, normas e prescrições sobre


construção, instalações, distribuição e programa de necessidades, dimensões de edifícios,
locais e utensílios. 5. ed. São Paulo, 1976.

POLLAK, Michael. Memória, esquecimento e silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro,


vol. 2, n. 3, 1989.

TOLEDO, S. Francisco. A questão do patrimônio cultural. Disponível em:


https://valedoparaiba.com/. Acesso em 29 jun 2023.

VERANÓPOLIS. Inventário do Patrimônio Arquitetônico


Urbano de Veranópolis (anexo). IN: Lei nº 7577, de 19 de novembro de 2021. Dispõe sobre
a proteção, preservação e promoção do patrimônio arquitetônico, histórico, artístico e cultural
do município de Veranópolis.. . Veranópolis, RS, 19 nov. 2021. Disponível em:
https://atos.veranopolis.rs.gov.br/acessos/consolida/lei/lKDUXokXfUmKUBQ.html. Acesso
em: 26 jun. 2023.
43

VERANÓPOLIS. Lei nº 7577, de 22 de dezembro de 2020. Dispõe sobre o plano diretor de


desenvolvimento urbano ambiental e rural integrado – PDDUARI do município de
Veranópolis, estabelecendo as diretrizes gerais da política municipal de desenvolvimento
territorial, e dá outras providências.. . Veranópolis, RS, 22 dez. 2020. Disponível em:
https://atos.veranopolis.rs.gov.br/acessos/consolida/lei/lKDUXokXfUmKUBQ.html. Acesso
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VERANÓPOLIS. Lei nº 7577, de 19 de novembro de 2021. Dispõe sobre a proteção,


preservação e promoção do patrimônio arquitetônico, histórico, artístico e cultural do
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em: 26 jun. 2023.

ZERO HORA (Porto Alegre). Com recursos do governo do RS, Biblioteca Pública do
Estado deve passar por reformas. 2021. Disponível em:
https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/livros/noticia/2021/08/com-recursos-do-
governo-do-rs-biblioteca-publica-do-estado-deve-passar-por-reformas-
ckskrbyue000r013blkcr3d4i.html. Acesso em: 05 jun. 2023.

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