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UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DE FEIRA DE SANTANA

ADRIELE OLIVEIRA SILVA

REQUALIFICAÇÃO URBANÍSTICA: UMA PROPOSTA


PARA A COLINA DA SANTA EM SERRINHA-BA

Feira de Santana

2021
ADRIELE OLIVEIRA SILVA

REQUALIFICAÇÃO URBANÍSTICA: UMA PROPOSTA


PARA A COLINA DA SANTA EM SERRINHA-BA

Trabalho de Conclusão de Curso, como requsito


necessário para o curso de graduação em Arquitetura
e Urbanismo, da Unidade de Ensino Superior de Feira
de Santana – UNEF.

Orientação: Prof. MSc. Allan Pimenta

Feira de Santana

2021
TERMO DE APROVAÇÃO

ADRIELE OLIVEIRA SILVA

REQUALIFICAÇÃO URBANÍSTICA: UMA PROPOSTA


PARA A COLINA DA SANTA EM SERRINHA-BA

Trabalho de Conclusão do Curso I submetido à coordenação de Arquitetura e Urbanismo da Unidade de Ensino Superior de
Feira de Santana como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Arquiteta e Urbanista.

BANCA EXAMINADORA:

Prof. MSc. Allan Ribeiro Pimenta (Orientador) – Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana

Esp.

Esp.

Feira de Santana
2021
AGRADECIMENTOS

A realização desse trabalho não seria possível sem a colaboração mesmo que indireta de diversas pessoas. Por isso,
dedico-o a todos que trilharam esse caminho ao meu lado.
Agradeço primeiramente a Deus, pois a fé de todos os dias me impulsionou a dar um passo de cada vez. A meu orientador
Allan, por todas as revisões, dicas e ensinamentos, indispensáveis em todas as etapas do trabalho.
Agradeço também a minha família e amigos, que sempre torceram pelo meu sucesso, por todo incentivo, força e por nunca
duvidarem da minha capacidade. A todos minha eterna gratidão!
Levarei comigo a certeza, de que se quero sou capaz e tendo força e vontade chego aonde quero.
“Cidades cheias de vida têm essa maravilhosa habilidade, inata, de
compreender, de comunicar, de concatenar e inventar o que será
necessário para combater suas dificuldades...”
JANE JACOBS
RESUMO
ABSTRACT
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

FIGURAS
Figura 1 – Localização de Serrinha na Bahia......................................................................................................................................33
Figura 2 – Morro Senhora Santana.......................................................................................................................................................33

Figura 3 – Mapa de localização de Serrinha........................................................................................................... ............................................33

Figura 4 – Inauguração da estrada de ferro em 1880..................................................................... ..................................................................33

Figura 5 – Empregos Formais (2016-2019).............................................................................................. .........................................................34

Figura 6 – Feira livre de Serrinha..................................................................................................................................................................... ......34

Figura 7 – Pista de vaquejada em


Serrinha...........................................................................................................................................36
Figura 8 – Grandes shows na vaquejada.............................................................................................................................................37
Figura 9 – Procissão do
Fogaréu..........................................................................................................................................................37
Figura 10 – Ponto de transporte
coletivo...............................................................................................................................................33
Figura 11 – Crescimento da população
brasileira.................................................................................................................................33
Figura 12 – Comparativo da urbanização entre os
países....................................................................................................................33
Figura 13 – Ginásio Estadual –
1960.....................................................................................................................................................33
Figura 14 – Shopping Serrinha.............................................................................................................................................................34
Figura 15 – IF
Baiano............................................................................................................................................................................34
Figura 16 – Zoneamento das atividades X Núcleos
compactos...........................................................................................................36
Figura 17 – Relação espacial entre modais de
transporte....................................................................................................................37
Figura 18 – Densidades e parâmetros urbanos em diferentes
projetos................................................................................................37
Figura 19 – Cidade densa, Barcelona..................................................................................................................................................37
Figura 20 – Cidade densa, São
Paulo...................................................................................................................................................33
Figura 21 – Cidade dispersa, Los
Angeles...........................................................................................................................................33
Figura 22 – Espraiamento de Abu Dhabi em 50
anos...........................................................................................................................33
Figura 23 – Dimensões de calçadas
residênciais.................................................................................................................................33
Figura 24 – Dimensões de calçadas
comerciais...................................................................................................................................34
Figura 25 – Arborização de
Brasília......................................................................................................................................................36
Figura 26 – Iluminação pública com
qualidade.....................................................................................................................................37
Figura 27 – Fachadas
ativas.................................................................................................................................................................37
Figura 28 – Dimensões e configurações, Vias de Transporte
Rápido..................................................................................................37
Figura 29 – Dimensões e configurações, Via
Arterial...........................................................................................................................33
Figura 30 – Dimensões e configurações, Via
Coletora.........................................................................................................................33
Figura 31 – Dimensões e configurações, Via
Local..............................................................................................................................33
Figura 32 – Pirâmide invertida de
mobilidade.......................................................................................................................................33
Figura 33 – Mapa da área de
intervenção.............................................................................................................................................34
Figura 34 – Calçadas sem
acessibilidade.............................................................................................................................................34
Figura 35 – Postes obstruindo a
passagem............................................................................................................................................34
Figura 36 – Obstrução por meio de
rampa............................................................................................................................................38
Figura 37 – Vazio urbano proporcionando...........................................................................................................................................37
Figura 38 – Acúmulo de lixo em vazio
urbano.......................................................................................................................................33
Figura 39 – Falta de acessibilidade em acesso ao
morro.....................................................................................................................33
Figura 40 – Acesso alternativo sem
pavimentação...............................................................................................................................33
Figura 41 – Mirante não
acessível.........................................................................................................................................................33
Figura 42 – Falta de manutenção no monumento à Senhora
Sant'Ana..................................................................................................34
Figura 43 – Degradação da base do
monumento..................................................................................................................................34
Figura 44 – Pavimentação e iluminação
mirante...................................................................................................................................36
Figura 45 – Capela sem manutenção - alto do
Morro............................................................................................................................37
Figura 46 – Falta de acessibilidade no
palco........................................................................................................................................37
Figura 47 – Palco com
infiltração..........................................................................................................................................................37
Figura 48 – Fissuras no
piso.................................................................................................................................................................33
Figura 49 – Ponto comercial – Bar e
Restaurante.................................................................................................................................33
Figura 50 – Tirolesa em
desuso............................................................................................................................................................33
Figura 51 – Arborização irregular no canteiro central –
Santa..............................................................................................................33
Figura 52 – Obstruções por meio de elemento
religioso.......................................................................................................................34
Figura 53 – Iluminação pública voltada para
carros..............................................................................................................................34
Figura 54 – Gráfico perfil dos entrevistados -
Sexo..............................................................................................................................35
Figura 55 – Gráfico perfil dos entrevistados – Faixa
etária...................................................................................................................36
Figura 56 – Gráfico perfil dos entrevistados –
Ocupação......................................................................................................................37
Figura 57 – Gráfico perfil dos entrevistados –
Escolaridade.................................................................................................................33
Figura 58 – Gráfico perfil dos entrevistados – Meios de
Locomoção....................................................................................................33
Figura 59 – Gráfico perfil dos entrevistados – Segurança
pública........................................................................................................33
Figura 60 – Gráfico perfil dos entrevistados –
Iluminação.....................................................................................................................33
Figura 61 – Gráfico perfil dos entrevistados – Estado das
calçadas....................................................................................................34
Figura 62 – Gráfico perfil dos entrevistados – Arborização do
bairro......................................................................................................34
Figura 63 – Gráfico perfil dos entrevistados – Visitas ao
Morro............................................................................................................36
Figura 64 – Gráfico perfil dos entrevistados – Utilização do Morro......................................................................................................37
Figura 65 – Gráfico perfil dos entrevistados – Opiniões sobre o
projeto...............................................................................................37
Figura 66 – Mapa de Uso e Ocupação + Gabarito de
altura.................................................................................................................37
Figura 67 – Mapa de Quadras e
Conectividade....................................................................................................................................33
Figura 68 – Mapa de Vias e
Fluxos.......................................................................................................................................................33
Figura 69 – Mapa topográfico...............................................................................................................................................................33
Figura 70 – Gráfico de variação de
temperatura...................................................................................................................................33
Figura 71 – Gráfico rosas dos ventos – Serrinha.................................................................................................................................34
Figura 72 – Estudo da Insolação + Ventilação +
Arborização..............................................................................................................34
Figura 73 – Muro de contenção em fase de
obra.................................................................................................................................67
Figura 74 – Área de lazer.....................................................................................................................................................................89
Figura 75 – Área de esporte no morro.................................................................................................................................................89
Figura 76 – Escadaria requalificada e arte de rua...............................................................................................................................89
Figura 77 – Morro mais acessível com funicular.................................................................................................................................89
Figura 78 – Rua Vidal Ramos após
requalificação................................................................................................................................89
Figura 79 – Implantação de mobiliário
urbano......................................................................................................................................89
Figura 80 – Pavimentação diferenciada por
coloração.........................................................................................................................90
Figura 81 – Iluminação de LED com sistema
subterrâneo....................................................................................................................90
Figura 82 – Becos antigos e becos
remodelados..................................................................................................................................90
Figura 83 – Mobilidade urbana e integração com o transporte
coletivo................................................................................................90
Figura 84 – Implantação de
bicicletários...............................................................................................................................................90
Figura 85 – Escadaria da Santa revitalizada........................................................................................................................................90
Figura 86 – Mosaicos que contam a história
religiosa...........................................................................................................................90
Figura 87 – Masterplan.........................................................................................................................................................................90
Figura 88 – Mosaico na
escadaria........................................................................................................................................................90

TABELAS
Quadro 1 – Intervenções solicitadas por
moradores.............................................................................................................................66
LISTA DE SIGLAS

ACIF – Associação Comercial e Industrial de Florianópolis


FAT – Faculdade Anísio Teixeira
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IF BAIANO – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
IPAC – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia
IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano
IPUF – Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis
LED – Diodo emissor de luz
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego
NBR – Norma Técnica Brasileira
PDDU – Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
PNMU – Plano Nacional de Mobilidade Urbana
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Micro Empresa
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
UPA – Unidade de Pronto Atendimento
VA – Via Arterial
VC – Via Coletora
VL – Via Local
VP – Via Pedestre

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................................................................04
1.1
Justificativa.....................................................................................................................................................................................05
1.2
Objetivos........................................................................................................................................................................................06
1.2.1 Geral..........................................................................................................................................................................................06
1.2.2 Específicos................................................................................................................................................................................06
1.3 Metodológia...................................................................................................................................................................................07
2 CONTEXTUALIZAÇÃO: A CIDADE DE SERRINHA......................................................................................................................08
2.1
Localização....................................................................................................................................................................................08
2.2 Breve
histórico...............................................................................................................................................................................08
2.3
Economia.......................................................................................................................................................................................08
2.4 Cultura e
lazer................................................................................................................................................................................08
2.5 Mobilidade
urbana..........................................................................................................................................................................09
3 URBANIZAÇÃO E
URBANISMO.....................................................................................................................................................09
3.1 Urbanização no
mundo..................................................................................................................................................................09
3.2 Urbanização no
Brasil....................................................................................................................................................................09
3.3 Urbanização em
Serrinha...............................................................................................................................................................09
3.4 Urbanismo
sustentável...................................................................................................................................................................09
3.4.1
Caminhabilidade........................................................................................................................................................................09
a) Diversidade de Usos......................................................................................................................................................................09
b) Conectividade.................................................................................................................................................................................10
c) Densidade Residencial...................................................................................................................................................................09
d) Calçadas.........................................................................................................................................................................................09
e) Microclima......................................................................................................................................................................................09
f) Iluminação Pública..........................................................................................................................................................................09
g) Fachadas Ativas.............................................................................................................................................................................09
4 ASPECTOS
LEGAIS........................................................................................................................................................................13
4.1 Código de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo, Obras e Edificações de
Serrinha...............................................................16
4.2 Plano Diretor de Desenvolvimento................................................................................................................................................16
4.3 Estatuto da Cidade........................................................................................................................................................................16
4.4 Plano Nacional de Mobilidade Urbana...........................................................................................................................................16
5 ÁREA DE INTERVENÇÃO...............................................................................................................................................................18
5.1
Delimitação..................................................................................................................................................................................... 18
5.2 Condições
atuais............................................................................................................................................................................19
5.3 Análise fotográfica..........................................................................................................................................................................22
6 PESQUISA DE
CAMPO....................................................................................................................................................................23
6.1Questionários..................................................................................................................................................................................23
7 ESTUDO MORFOLÓGICO..............................................................................................................................................................30
7.1 Uso do solo e gabarito de
altura....................................................................................................................................................30
7.2 Quadras e
conectividade...............................................................................................................................................................30
7.3 Vias e
fluxos...................................................................................................................................................................................31
7.4
Topografia.....................................................................................................................................................................................33
7.5 Estudo do
clima.............................................................................................................................................................................32
8 PROJETOS DE REFERÊNCIA........................................................................................................................................................33
8.1 Morro Santa Terezinha, Fortaleza -
CE........................................................................................................................................33
8.2 Requalificação da Rua Vidal Ramos, Florianópolis - SC..............................................................................................................33
8.3 Intervenções urbanas de Melbourne, Austrália.............................................................................................................................33
9 IMPLANTAÇÃO GERAL: PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO URBANA........................................................................................33
9.1 Programa de necessidades....................................................................................................................................................36
a 37
9.1.1 Intervenções legais...................................................................................................................................................................37
9.1.2 Intervenções morfológicas........................................................................................................................................................37
9.1.3 Intervenções projetuais.............................................................................................................................................................38
9.2 Partido e
Conceito..........................................................................................................................................................................37

9.2.1
Partido.......................................................................................................................................................................................37

9.2.2
Conceito....................................................................................................................................................................................37

9.3
Masterplan......................................................................................................................................................................................37

10 CONSIDERAÇÕES
FINAIS............................................................................................................................................................38

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................................................................................38

APÊNDICE.......................................................................................................................................................................................
....38
o deslocamento de pessoas do campo para a cidade,
processo também conhecido como êxodo rural.
1 INTRODUÇÃO
Segundo Choay (2011 apud Detoffol 2018, p.10), “a
A urbanização das cidades brasileiras teve início no
urbanização representou uma reflexão crítica sobre os
século XX a partir da revolução industrial. Essa revolução no
processos de industrialização das cidades e na forma como
setor da indústria foi um dos principais fatores que ocasionou
estes, impactam no modo de vida e nos hábitos dos
indivíduos.”

Através dessa problemática, surge então o urbanismo


com o intuito de planejar e expandir os espaços, para que o
território possa crescer de forma organizada.

Esse trabalho irá explorar a requalificação de uma


determinada área localizada no município de Serrinha, interior
da Bahia.
O município está localizado a aproximadamente 185
km da capital Salvador (Figura 1), é a maior concentração
demográfica da região sisaleira, o que atesta o seu potencial
como pólo estratégico de comércio e de serviços.

Figura 1: Localização de Serrinha na Bahia

Fonte: WIKIPÉDIA

A cidade surgiu a partir da colonização portuguesa e ao


longo dos seus 144 anos de fundação passou por diversas
alterações nos fatores econômicos e sociais. Parte dessas
transformações se deu devido a sua expansão demográfica,
que por sua vez possui um planejamento urbano inadequado, cidade. A estátua fica em um dos pontos mais altos do
no qual a gestão pública não promove condição para que esta município o que atrai moradores e visitantes para contemplar
expansão seja de maneira ordenada e traçada com base nos a vista panorâmica da cidade, do alto do morro.
princípios do desenvolvimento urbano sustentável.
Visto que a cidade tem potencial de crescimento Figura 2: Morro Senhora Santana
urbanístico e comercial, deve-se pensar na temática para que
esses impactos de crescimento desordenado sejam
reduzidos.
Ferreira, Lucas e Gato (1999 apud Moreira, 2007, p.124)
consideram que: “requalificação urbana é um processo social
e político de intervenção que visa essencialmente (re)criar
qualidade de vida urbana, através de uma maior equidade
nas formas de produção (urbana), de um acentuado equilíbrio
no uso e ocupação dos espaços e na própria capacidade
criativa e de inovação dos agentes envolvidos nesses
processos”.
Partindo desse ponto, o presente trabalho consiste em
uma requalificação do Morro Senhora Santana, popularmente
Fonte: Bahia Notícia, 2018
conhecido como “Colina da Santa” (Figura 2) e seu entorno,
localizado no bairro da Santa, no município acima citado. O
No trabalho em questão abordaremos algumas
local recebeu esse nome pois nele encontra-se um
intervenções que promovam a proteção e recuperação do
monumento religioso à Senhora Santana, padroeira da
espaço público, para a melhoria na qualidade de vida da em 2019, como Patrimônio Cultural Imaterial do estado.
população. Sendo assim, se faz necessário uma requalificação
urbana na área de estudo, que se baseia em um plano macro

1.1 Justificativa de intervenções, considerando algumas reformulações acerca


do tratamento de vias, contemplando diferentes formas de
O Morro Senhora Sant'Ana, tido como objeto de mobilidade e também o incentivo à economia com a atração
estudo, encontra-se em um dos bairros mais tradicionais e de um fluxo maior de pessoas.
populosos da cidade, que por sua vez, é o retrato da alta
deficiência urbanística. No entanto, este espaço permanece
1.2 Objetivos
subutilizado, com infraestrutura precária, dando surgimento a
algumas problemáticas, tais como a falta de acessibilidade, 1.2.1 Geral
com calçadas precárias cheias de obstruções, a inexistência
de rampas e sinalização, quesitos primordiais, principalmente Elaborar um projeto de requalificação urbanística no
por se tratar de uma área com relevo mais acidentado; Morro Senhora Santana e entorno, que proporcione uma
iluminação inadequada, trazendo insegurança; falta de área dinâmica urbana, qualificando o espaço público,
de lazer; e etc. Ocasionando a ausência de caminhabilidade, potencializando seu uso, garantindo a melhoria na qualidade
que afeta diretamente a qualidade de vida da população. de vida da população.
A escolha se deu por o referido local não supre as
demandas dos usuários, além de se tratar de uma área 1.2.2 Específicos
importante para a história da cidade, atuando como ponto de
desfecho da Procissão do Fogaréu, tida como principal • Entender as problemáticas e vontades dos moradores
manifestação religiosa local, a qual foi reconhecida pelo IPAC locais;
• Fazer um estudo morfológico para entender a análise fotográfica.
dinâmica da área de intervenção; 3) Estudo quantitativo: Aplicação de questionários on-line
• Criar um programa de necessidades com base nos para se ter conhecimento das problemáticas e carências
questionários aplicados; enfrentadas pelos moradores locais.
• Melhorar a caminhabilidade na região do Morro 4) Estudo morfológico: Construção de mapas de densidade,
Senhora Santana e entorno; conectividade, uso misto e vias, através do software
• Propor uma infraestrutura voltada a AutoCad.
acessibilidade atendendo as normas 5) Projeto urbano: Desenvolvimento do plano de
existentes; requalificação urbana na Colina da Santa em Serrinha-
• Estimular o turismo religioso. Ba.

1.3 Metodologia 2 CONTEXTUALIZAÇÃO: A CIDADE DE SERRINHA

O processo metodológico do presente trabalho é 2.1 Localização


organizado por cinco diferentes etapas:
Serrinha está localizada na microrregião nordeste da
1) Estudo qualitativo: Revisão bibliográfica acerca do tema Bahia (Figura 3), a 175 km da capital baiana, esta é cortada
escolhido, através da leitura de artigos, normas, planos, por importantes rodovias, uma federal e três estaduais sendo
dentre outros. Para assim, construir uma síntese visando elas consecutivamente a BR-116 norte (Serrinha – Feira de
a construção do trabalho proposto. Santana), BA-409 (Rodovia do Sisal), BA-233 (Serrinha -
2) Estudo de campo: Realização de diagnóstico, com visitas Nova Soure) e BA-411 (Serrinha - Barrocas), se configurando
na área de implantação, por meio de levantamento e assim um entrocamento rodoviário. Sendo esse um dos
fatores que fazem convergir para a cidade o escoamento da
produção de diversos municípios. Tem como municípios limítrofes: Biritinga, Lamarão,
Tanquinho, Santa Bárbara, Candeal, Ichu, Conceição do
Figura 3: Mapa localização de Serrinha Coité, Teofilândia, Barrocas e Água Fria. Segundo dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE),
Serrinha ocupa uma área territorial de 583,314 Km² (2019),
dividido por zona urbana e rural, com população estimada de
cerca de 81.286 habitantes (2020), com densidade
demográfica de 122,97 hab./km².

2.2 Breve histórico

A origem do Brasil se deu antes mesmo da descoberta


de Cabral em 1500, quando os portugueses chegaram, já
encontraram essas terras ocupadas pelos povos indígenas de
diferentes tribos. Partindo desse ponto, os primeiros
habitantes de Serrinha foram os índios da nação Cariris,
designação dada às primeiras famílias de língua indígenas do
sertão do Nordeste.
Porém a sua história como cidade iniciou no período
colonial, com a chegada do português Bernardo da Silva, o
qual comandou uma expedição portuguesa no ano de 1715.
Fonte: FREIRE, Luiz Eduardo, 2018
Nesta época já existiam 16 residências, que serviam como Segundo Alves (2020, p.11) “A presença de Bernardo
rancho de descanso para viajantes e comerciantes que da Silva foi marcante pois desenvolveu o território comercial,
tinham como destino o rio São Francisco (CARVALHO, 2017). social e religiosamente, ampliando a importância da região e
De acordo com FRANCO (2008, p.18): atraindo pelo mesmo motivo mais moradores”.
Dentre as primeiras atividades, destacam-se a abertura
Bernardo da Silva assim que comprou a terra do de estradas para o sertão, desenvolvimento das atividades
Sítio Serrinha mudou-se de Tambuatá para a
agrícolas, agropecuárias e comerciais. Sendo que na
nova propriedade, por ser um local mais
produção agrícola destacam-se o fumo, a mandioca, o feijão e
agradável e com maiores possibilidades de
negócios, pois se encontrava na rota dos
o milho, de acordo com Franco (2008, apud ALVES, 2020,
tropeiros e das boiadas, além de ter excelente p.11).
clima com campos rodeados por pequenas A atividade comercial influenciou no desenvolvimento
serras, daí a origem do nome Serrinha.
da cidade, com pequenas lojas e pousadas servindo aos
Depois de assentar-se no terreiro do sítio (atual
viajantes (CARVALHO, 2017). Devido a esse fluxo tanto de
Praça Luiz Nogueira), Bernardo mandou erguer
a sua casa de morada, a capela em louvor a
viajantes quanto para demais negócios, a região central da
Senhora Santana, e o povoamento que já cidade passou a ser ponto de reunião para fazendeiros em
possuía outras habitações, cresceu tomando busca da realização de transações comerciais (FRANCO,
quatro rumos: em direção à linha oeste onde
2008, p.110). Posteriormente, surgiu a feira regional, a qual
posteriormente se instalou a Estação do Trem;
devido ao grande fluxo de pessoas, influenciou a economia e
na linha leste, para o lado da futura estação da
usina de energia (Praça Miguel Carneiro). A
a sociedade local, resultando em benefícios, como exemplo a
norte via Rua Direita (atual Antônio Rodrigues construção de tanques de água potável e do mercado
Nogueira); e a Sul rumo a Estrada das Boiadas municipal, inaugurado em 1950 (FRANCO, 2008, p.17).
em direção a Salvador.
Um marco para o fator econômico e desenvolvimento
da cidade foi em 1880 com a inauguração da estrada de ferro à estação, com a construção de residências e pontos
junto com a estação ferroviária (Figura 4), por ser o principal comerciais por exemplo, conforme afirma Franco (2008 apud
meio que interligava Serrinha à Salvador e Alagoinhas, tanto ALVES, 2020, p.13-14).
para transporte de pessoas quanto para o transporte de Franco (2008), considera esse ensejo como “novo tempo
mercadorias (FRANCO, 2008, p.22). de civilidade”, devido às mudanças proporcionadas pela
construção da ferrovia. Como forma de identificação dessas
Figura 4: Inauguração da Estrada de Ferro em 1880 principais mudanças inseridas na cidade, Tasso Franco
(2008, p.22), cita:

Aplicaram-se técnicas de engenharia moderna


na construção da estrada, construíram prédios
para dar suporte à estação de passageiros do
trem, ergueram-se casas em padrões europeus
para os ferroviários e suas famílias, instituíram a
assistência social médica. E, o mais importante
de tudo: instalou-se na comunidade patriarcal um
núcleo operário (ferroviários), antes da virada do
século XIX.

Com os governos militares de 1964, o país aderiu ao


sistema viário como meio de transporte principal, e Serrinha
Fonte: GIESBRECHT, Ralph Mennucci , editado em 2021
foi interligada à capital e ao centro-sul do país através da BR-

Neste período o fluxo e a dinâmica da cidade 116. Este fato auxiliou na decadência do sistema ferroviário

passam a ocorrer ao sul da Praça Luís Nogueira, em direção do Brasil e em Serrinha não foi diferente, a estação caiu em
desuso e atualmente, é utilizada para o transporte de cargas estão concentradas no centro da cidade, e as de
(FRANCO, 2008). menores portes espalhados pelos bairros residenciais
(PDDU ANEXO IV, 2020, p.27). Disso exposto, nota-se
A companhia Vale do Rio Doce, instalou-se no
na Figura 5, a evidências dessas atividades no setor
município de Teofilândia (ex-distrito de Serrinha) em 1984, a
formal.
presença da empresa é até hoje um fator muito importante
para a população, visto que impactou na geração de Figura 5: Empregos formais (2016-2019)
empregos e investimentos.
Segundo Franco (2008), citado por Alves (2020, p.16-
17), “outro elemento relevante é a sede administrativa de
vários órgãos públicos estaduais e o desenvolvimento
educacional fixados à cidade de Serrinha, essa característica
movimenta o fluxo de pessoas na cidade vindas de regiões
próximas para solucionar suas demandas, além é claro dos
servidores públicos, cuja maioria estabelece residência na
cidade ”.

2.3 Economia

A economia da cidade gira em torno do comércio e


serviço, apesar de existirem indústrias de repercussão
nacional, de calçados e dentre outras. Estas atividades Fonte: ALVES, Letícia, 2020 - (Dados Obtidos pelo MTE)
Segundo análise de dados do Censo de 2010, do
IBGE, aproximadamente 12,0% da população encontra-se
empregada no mercado formal, estando dentro da média para
as cidades da região, como Conceição do Coité com cerca de
10,5% da população ocupada. Comparando ainda com os
outros municípios do estado a cidade encontra-se na 75
posição. A média salarial é de 1,6 salários-mínimos, o mesmo
que na cidade vizinha, Conceição do Coité, cuja taxa da
população empregada é bem próxima, conforme IBGE (2018
apud ALVES, 2020, p.17-18).
Fonte: WALBER, Taise, 2013

Figura 6: Feira livre de Serrinha


A tradicional feira livre (Figura 6), é considerada uma
das maiores da região, acontecem às quartas com a feira de
roupas, que recebe feirantes de Serrinha e cidades vizinhas,
e aos sábados, com a feira de roupa porém em uma escala
menor, sendo voltada principalmente para produtos de
alimentícios e artesanatos.
O mercado informal, possui relevante importância para
a movimentação econômica, além de acontecer por meio da
feira livre, esta acima mencionada, tem as barracas e traillers
que se distribuem pela cidade, ocupando geralmente as
praças de maiores movimentação.

2.4 Cultura e lazer

Serrinha, assim como o Brasil, é marcada pela mistura


de diferentes povos, que somados formam a identidade local.
Ela possui manifestações culturais múltiplas, que variam entre
tradições populares, religiosas e outras.
Uma dos eventos mais tradicionais da cidade, é a
vaquejada de Serrinha (Figura 7) que acontece há mais de 50
anos. Esta surgiu em 1967, quando Valdete Carneiro e Fonte: FREIRE, Eduardo, 2018
Neném de Maroto resolveram criar um evento que
significasse a bênção e a confraternização dos vaqueiros da Desde então é inegável a importância da festa, que
região (VAQUEJADA, 2021). além de movimentar a economia, evidencia a cidade na
Figura 7: Pista de Vaquejada em Serrinha época do evento. Com a participação dos empresários
Vardinho Serra e Carlinhos Serra, a festa foi consolidando e
os prêmios simbólicos tornaram-se valiosos. Com grandes
shows (Figura 8), de artistas de nível nacional. A vaquejada
comprovou ser um dos maiores eventos culturais e esportivos
do Brasil (VAQUEJADA, 2021).
Figura 8: Grandes shows na vaquejada
que faz parte da tradição com um legado cultural. Dentre os
variados ritos que compõem a semana santa, a “Procissão do
fogaréu” (Figura 9), é tida como a mais importante, sendo
reconhecida pelo IPAC em 2019, como Patrimônio Cultural
Imaterial do estado.

Figura 9: Procissão do Fogaréu

Fonte: FREIRE, Eduardo, 2014

O evento acontece próximo ao dia 7 de setembro, no


Parque de Vaquejada Maria do Carmo, pertencente a família
Serra, localizado no bairro da Vaquejada, e dura 4 dias,
começando pelo desfile de cavalo (quinta), Bezerro Manhoso
(sexta), Vaca atolada (sábado) e o Boi Malandro (domingo).

A influência do catolicismo imposta pelos Fonte: Autor desconhecido

colonizadores portugueses, reflete na atualidade, através dos


Além desses, há outros eventos de representação
eventos religiosos, como a festa de Senhora Santana,
cultural, como a comemoração do dia do evangélico, o São
padroeira da cidade e as comemorações da Semana Santa,
João, Moto Argola e outras datas comemorativas municipais.
2.5 Mobilidade urbana forma regular. Este modal é mais utilizado por estudantes da
rede pública estadual, que necessitam diariamente deste
O modo como as pessoas se deslocam dentro das
deslocamento, e possui um fluxo maior nos dias da feira livre.
cidades vai de encontro a infraestrutura que lhes é oferecida.
Mediante isso, a mobilidade de Serrinha, é feita
Figura 10: Ponto de transporte coletivo
predominantemente a pé ou por meio de transporte particular
seja motorizado ou bicicletas, sendo este último utilizado
comumente para práticas de esporte e lazer.
De acordo com Souza (2018, p.1):

Serrinha não possui um sistema de transporte


público efetivo que venha atender a população
com qualidade, assim compromete o
deslocamento das pessoas que necessitam do
serviço e muitas para não aguardar o transporte
coletivo por conta principalmente da
Fonte: ALVES, Letícia, 2020
irregularidade de horários, preferem optar por
outro transporte, seja ele particular ou de frete ou Os moradores das zonas rurais, que vêm ao centro,
até mesmo de carona com amigos.
para resolução de problemas, promoção do comércio
Disso exposto, a cidade possui apenas 2 linhas de informal e realização de compras, fazem o uso de
transporte coletivo na área urbana (Figura 10), que ligam transportes fretados. Em contrapartida, é disponibilizado
alguns bairros distantes do centro, com rotatividade que para alunos e servidores educacionais, transporte de forma
deveria ser a cada uma hora, porém em conversa com alguns gratuita, com ônibus escolares, oferecidos pela prefeitura.
usuários, nota-se que esses horários não são cumpridos de
Existem outros meios de locomoção são os táxis, Todavia, a realidade do processo de urbanização vai
motoristas de aplicativo (YesGO) e os mototaxistas, usado contra o ideal, nota-se que em muitos casos acontecem por
com muita frequência por aqueles que necessitam de meio da expansão urbana desordenada, seguido por uma
agilidade, nota-se a implementação de vários pontos falta de planejamento e uma infraestrutura inadequada, não
espalhados pela cidade. garantindo a qualidade de vida que se é esperada.
Segundo Silva (1997, p. 21):
3 URBANIZAÇÃO E URBANISMO
A urbanização gera enormes problemas,
A urbanização é o processo de transformação de um deteriora o ambiente urbano, provoca a
desorganização social, com carência de
determinado local, podendo ser considerada como o aumento
habitação, desemprego, problemas de higiene e
proporcional da população urbana em relação à rural. O
de saneamento básico. Modifica a utilização do
urbanismo por sua vez é responsável por fazer o controle, solo e transforma a paisagem urbana [...]
projetando e ordenando as cidades que estão em constante
crescimento demográfico. Com o surgimento dessas problemáticas, nasce o
De acordo com Mota (1999, p. 17) “O aumento da urbanismo que estuda os impactos do espaço urbano nas
população e a ampliação das cidades deveria ser sempre relações sociais, econômicas, culturais e políticas de modo a
acompanhado do crescimento de toda a infraestrutura urbana, proporcionar maior qualidade de vida à crescente população
de modo a proporcionar aos habitantes uma mínima condição de centros urbanos. GONÇALVES JR. et. al., (2006, p. 15-16)
de vida.” Ele ainda afirma que, “a ordenação deste define urbanismo como “o estudo das relações entre
crescimento faz-se necessária, de modo que as influências determinada sociedade e o espaço que a abriga, bem como
que o mesmo possa ter sobre o meio ambiente não se tornem das formas de sua organização e intervenção sobre elas com
prejudiciais aos habitantes.” determinado objetivo”
Sendo assim, nota-se o quanto o urbanismo é administrativos, e as transformações sociais, que envolvem
importante para o bem-estar da sociedade, criando visão de mundo, hábitos e consumo e a formação de uma
configurações planejadas e organizadas de habitar os identidade cultural” (LUCCI et al., 2005, p. 434).
espaços urbanos, favorecendo o desenvolvimento da cidade O século XX foi marcado pelo acelerado
e solucionando problemas. crescimento das cidades e pela sua abrangência, agora
mundial. De fato, as transformações que o capitalismo
3.1 Urbanização no mundo promoveu em diversas sociedades nacionais contribuíram
para que este processo se desencadeasse em diversas
A urbanização pode ser definida como o aumento nações, mesmo naquelas onde a industrialização não foi
populacional em centros urbanos devido ao êxodo rural representativa, isto é, em diversas áreas do mundo
(LUCCI et al., 2005). Mediante isso, a urbanização está subdesenvolvido.
correlacionada a concentração de muitas pessoas em um A expansão acelerada das cidades, caracterizou-se por
espaço restrito e na troca das atividades agropecuárias por quatro tendências básicas no século XX (OLIVIA;
industriais e serviços. Contudo, o aumento da população GIANSANTE, 1995, p.112):
urbana em relação à população rural se conceitua como
urbanização, partindo desse ponto, a urbanização acontece - aceleração acentuada no ritmo de crescimento
das cidades;
quando o percentual da população urbana é mais elevado
- distribuição do fenômeno urbano por todos os
quando se comparado a rural (SILVA et al., 2014).
continentes;
Deste modo, apesar do aumento populacional - desenvolvimento das metrópoles modernas;
demográfico ser um fator importante para definir a - expansão da urbanização para além dos limites
urbanização, “ela decorre de mudanças econômicas, territoriais das cidades.

impulsionadas por avanços tecnológicos, científicos e


Ainda que a urbanização tenha se iniciado com a Vale salientar que após a Segunda Guerra Mundial,
Revolução Industrial, foi um processo lento e limitado para apareceram na Europa do Leste Estados socialistas com
algumas regiões do mundo. Mas, após a Segunda Guerra baixo grau de urbanização, como por exemplo China e União
Mundial, a urbanização se tornou mais abrangente nos países Soviética. Porém no final do século XX, com o declínio da
desenvolvidos e iniciou-se de maneira alarmante em muitos União Soviética e abertura da economia chinesa, os países
países subdesenvolvidos. Em contrapartida o continente componentes do bloco socialista que possuíam um baixo grau
africano, até os dias atuais é pouco urbanizado (SILVA et al., de urbanização, vem se urbanizando com a mudanças na
2014). implementação de elementos da economia capitalista em
Após a década de 1950, um marco importante para o ritmo acelerado (OLIVIA; GIANSANTE, 1995).
processo de urbanização foi a maneira rápida que ocorreu Na atualidade, a internacionalização do capital vem se
nos países subdesenvolvidos, independente do processo de realizando com as multinacionais e a articulação entre os
industrialização. lugares, não somente ao nível regional e nacional, mas agora
Segundo Singer, apud Campos Filho (1992), transnacional. Ao se exportar o capital dos países
desenvolvidos para os subdesenvolvidos, propicia novas
[...] nos países desenvolvidos [...] a mudança etapas no processo de urbanização.
ocorre na medida em que determinadas
Desta forma, é possível que os países
inovações tecnológicas, amadurecem‟, nos
subdesenvolvidos e desenvolvidos compartilhem da mesma
países não desenvolvidos ramos inteiros da
produção são implantados, de uma só vez,
produção, estimulando a economia globalizada. Esse
submetendo a estrutura econômica a choques processo cria no atual espaço geográfico, o acúmulo de
muito mais profundos. capital de maneira desigual e combinada e também espaços
geográficos desiguais. O qual pode ser notado através das
cidades com diferentes níveis de desenvolvimento, ou entre
países, regiões e lugares (SILVA et al., 2014).

3.2 Urbanização no Brasil

Vieira et al. (2015) aponta que a urbanização brasileira teve


início em áreas isoladas, propagando-se apenas a partir do
século XX, período em que se teve condições favoráveis para
a integração do território.

Figura 11: Crescimento da população brasileira

Fonte: Censo 2010 IBGE


Como exposto na Figura 11, nos últimos 150 anos a
população brasileira cresceu muito. De acordo com o primeiro
censo (1872), o Brasil possuía 9.930.470 habitantes, já em
1970 era mais de 90 milhões, e quarenta anos depois, havia
cerca de 191.755.799 habitantes, sendo que 161 milhões
dessas pessoas viviam em cidades. Com isso, o rápido
crescimento demográfico foi acompanhado de acelerada
urbanização (IBGE, 2010 apud RIBEIRO, 2015).
De acordo com Ribeiro (2015, p.19): Vieira et al. (2015, p.104) fala que a partir da década
de 70, as modernizações aumentaram tanto no campo quanto
A grande expansão urbana, como elemento na cidade. Com a construção e expansão de estradas de
fundamental de mudanças sociais, foi causada,
rodagem e a criação, permitiram uma fluidez maior no
dentre outros fatores, pelo êxodo rural –
território. Houve o aumento do consumo de bens materiais e
ocasionado pela modernização conservadora do
campo e reforçado pela atratividade das cidades,
imateriais, como educação e saúde, modificando as funções
com oferta de emprego na indústria e em urbanas, tornando-a mais complexa.
serviços, e pela expectativa de melhoria da Novas tendências no processo de urbanização
qualidade de vida – e pelo crescimento
brasileira vêm se delineando, a partir dos anos 1990,
demográfico vegetativo.
conforme declara Lucci et al. (2005, p.451):

A urbanização acelerada das últimas décadas do


- diminuição na intensidade do êxodo rural;
século XX contém características semelhante a dos países
- maior fluxo em de pessoas entre a cidade
subdesenvolvidos (Figura 12). Há um caráter auto reforçador e o campo, com muitos trabalhadores e
de expansão das grandes cidades, devido a instabilidade da
rede urbana apontada pelo controle de grandes cidades, que
desfrutam de economias de aglomeração, mantendo-se como
pólos de crescimento. Atualmente essa situação evolui para a
condição de cidades globais que dominam determinadas
regiões do mundo, conforme afirma Ribeiro (Scott, 2008).

Figura 12: Comparativo da urbanização entre países


Fonte: Autor Desconhecido
proprietários rurais vivendo em cidades e interação entre a zona rural e urbana. Esses processos se
ampliação na quantidade de chácaras para lazer
diferenciam no espaço geográfico de diferentes formas, que
rural frequentadas por pessoas do espaço
configuram a especialização desses espaços.
urbano (em decorrência disso, aumenta o
número de trabalhadores rurais que se
As construções espaciais, desenvolvidas ao passar do
dedicam a atividade não-agrícola); tempo, estão ligadas à dinâmica das cidades que sofrem
- alteração no ritmo de crescimento das intervenção direta. A produção do espaço urbano, diante do
cidades, uma vez que as médias – entre 100 e
processo capitalista, ganha escopo ao longo do tempo, que
500 mil habitantes – são as que apresentam
percebe-se pela articulação entre espaço e a sociedade, por
maior crescimento (4,8%, em média, nos
anos 1990), enquanto aquelas com mais de 1
meio das diferentes relações estabelecidas entre elas (CRUZ,
milhão de habitantes cresceram, em média, 2016, p.03).
0,9%. Em Serrinha a expansão se mostra clara, através da
ação de diferentes agentes, que se articulam e agem a partir
“Atualmente, no Brasil, cada vez mais vai se formando de diferentes interesses, porém com ações conjuntas em prol
em todo o território uma hierarquia urbana, uma rede do capital. Segundo Cruz (2016, p.08), os agentes
integrada de funções econômicas, políticas e de relações apresentados em Serrinha são: “Os proprietários fundiários,
sociais entre as cidades brasileiras” (VIEIRA et al., 2015). os promotores imobiliários, e de maneira mais intensa, porém
não única e isolada, a ação do Estado”.
3.3 Urbanização em Serrinha O município foi emancipado em 1891, e desde então
vem passando por profundas mudanças na vida urbana, teve
As configurações das cidades, sofreram um processo um marco importante em 1952, com a instalação do Ginásio
de modificação desde a sua formação, e em Serrinha não foi Estadual (Figura 13), que ocasionou um aumento
diferente, sua dinâmica urbana veio sendo alterada através da populacional por aqueles que acabaram migrando em busca
de conhecimento (CARVALHO, 2011). urbanos, fez com que a presença desse empreendimento
Figura 13: Ginásio Estadual - 1960 valorizasse a área, atraindo novos empreendimentos e
investimentos, a exemplo: IF Baiano (Figura 15), a UPA, a
FAT e o SENAI.

Fonte: Museu Pró Memória de Serrinha, 1960.


Figura 14: Shopping Serrinha
A expansão urbana de algumas áreas, a partir de 2005,
aconteceu por meio da política habitacional de implantação
residenciais, como o programa Minha Casa Minha Vida, para
pessoas de renda baixa e média, pela ação do Governo
Federal, sem citar os condomínios fechados que vêm sendo
construídos pela iniciativa privada. Em contrapartida, esses
espaços não receberam investimentos necessários e uma
infraestrutura satisfatória (CARVALHO, 2011).
O processo de urbanização é nítido, e o mercado Fonte: Autor desconhecido

capitalista se faz presente nessas novas configurações. A


Figura 15: IF Baiano
implementação do Shopping Serrinha (Figura 14), no bairro
do Ginásio, num local que até então era cercada de vazios
como sustentabilidade econômica e social. Ele possui um
planejamento voltado para as pessoas proporcionando uma
experiência agradável tanto para a geração atual, quanto para
as futuras (SILVA, 2020, p.39).
De acordo com Ghidini (2011):

O objetivo da sustentabilidade urbana é a busca


de modelos que contribuam com a melhoria da
qualidade de vida das pessoas nas cidades em
associação direta com as questões de
Fonte: A TARDE (Redação) habitabilidade, equidade (social, física,
distributiva etc.) e meio ambiente, cuja
Diante do aqui exposto, nota-se que o crescimento complexidade está relacionada com as
urbano da cidade aconteceu de forma radial e concentrada, necessidades e os limites dos recursos para sua

contribuindo para a manutenção de muitos vazios urbanos, própria obtenção.

por interesses imobiliários e principalmente fundiários, onde a


Devido ao crescimento desordenado das cidades, as
mancha urbana da cidade vem sofrendo um espraiamento.
perspectivas atuais para a urbanização são frustrantes e
dolorosas. Desta maneira, se faz necessário a implementação
3.4 Urbanismo Sustentável
dos princípios do Urbanismo Sustentável.

O urbanismo sustentável nasce da necessidade de


3.4.1 Caminhabilidade
manutenção do planeta para futuras gerações, tanto com uso
eficiente de recursos naturais e energia em cidades, bem
Para os espaços públicos se tornarem atrativos para os
pedestres é de fundamental importância a realização de O espaço urbano deve oferecer uma diversidade de
análise que vise o entendimento das necessidades de uso, funções que integrem áreas de lazer, comerciais, serviços,
podendo assim inserir elementos que garantam que as várias institucionais, todos conectados com as residências.
atividades ali realizadas ocorram de forma segura e com Segundo FARR (2013, p.122), “Uma variedade de usos
qualidade. permite que moradores morem, trabalhem, se divirtam, se
Conforme mencionado em GGDR (2016) “Todo trajeto exercitem, façam compras e satisfaçam suas necessidades
começa e termina a pé, portanto todo mundo é um pedestre diárias a pé”. Dessa forma, a locomoção para fora da
em uma rua urbana em algum momento”. Partindo desse vizinhança torna-se mínima, reduzindo a dependência de
ponto de vista, os pedestres devem ser o centro do desenho carro (Figura 16) e consequentemente a contaminação que o
das ruas, no qual o seu espaço de circulação necessita de seu uso gera.
destaque considerável, proporcionando assim o prazer no Figura 16: Zoneamento das atividades X Núcleos compactos
deslocamento a pé.
De modo geral, é necessário a adoção de algumas
particularidades, que permitam que o caminho a ser
percorrido pelos pedestres, disponham de uma iluminação
adequada, com calçadas acessíveis e de qualidade,
mobiliário urbano, paisagismo, permitindo lugar de descanso
e caminhos confortáveis, fachadas ativas, com diferentes
usos, tornando assim o ambiente seguro.

a) Diversidade de Usos
Essa conexão acontece por meio dos desenhos das
ruas que conduzem ao objetivo da priorização e investimentos
em infraestrutura que incentivem a caminhada, uso de
bicicletas e o transporte público, opções mais atrativas do que
o uso do automóvel particular (GGDR, 2018).
Segundo Zerbinatti (2017, p.33)

A espinha dorsal do planejamento do transporte


público é proporcionar diferentes modais, a partir
de uma linha central, com ramificações de
acordo com a densidade do local, para que esse
transporte seja funcional e os usuários bem
atendidos. Essas variantes de transportes podem
surgir como repartilhamentos das vias, gerando
redução de velocidades máxima. Portanto, a
conectividade é um dos princípios importantes
Fonte: Autores adaptados de ROGERS, 2001
para essas intervenções, integrando o transporte

b) Conectividade e os usos do solo.

A conectividade é um dos pilares do urbanismo De uma perspectiva urbana, vale salientar que os
sustentável, podendo qualificar o deslocamento e torná-lo carros requerem muito espaço para transitar e/ou estacionar
mais eficaz, melhorando a conexão entre diversos modais de (Figura 17). A sensação transmitida pelas cidades criadas
transportes. para carros, é que tudo é muito longe e monótono,
aumentando a falta de interesse das pessoas em caminhar
(GEHL, 2013). com segurança, zonas de transição atrativas, percursos sem
Figura 17: Relação espacial entre modais de transporte obstruções, dentre outros. Ela é responsável por mudar a
percepção do tempo de caminhada dos pedestres, em trajetos
comuns uma caminhada curta parece durar um longo tempo,
fazendo com que esta distância encurte ou aumente (GEHL,
2013).

c) Densidade Residencial

A densidade está ligada aos aspectos da estrutura


urbana, pois a forma da distribuição ocupacional leva a
diferentes graus de densidade. Ela vai de acordo ao tamanho
do terreno, da quantidade de unidades e a área total da gleba
(ACIOLY e DAVIDSON, 1998 apud BARROS, 2014), como

Fonte: Guia Global de Desenho de Ruas, 2016 mostra a Figura 18.

A caminhabilidade é uma particularidade fundamental Figura 18: Densidades e parâmetros urbanos em diferentes
projetos
para o desenvolvimento dos diferentes modais. Ao caminhar,
os pedestres percebem qual espaço é mais seguro e
agradável, se dispondo a utilizar outras formas para alcançar
distância superior a 500m, proposta por Gehl. O que permite
vencer esse percurso de 500m é a boa qualidade do trajeto,
Fonte: Acioly e Davidson (1998). Elaboração da autora.
As cidades possuem diferentes padrões de densidade,
podendo ser densas, como é o caso de Barcelona (Figura 19)
e São Paulo (Figura 20), ou dispersas, com baixas
densidades como Los Angeles (Figura 21) e Abu Dhabi
(Figura 22).

Figura 19: Cidade densa, Barcelona

Fonte: Autor desconhecido


Figura 20: Cidade densa, São Paulo
Fonte: Ricardo Soares, 2017

Figura 21: Cidade dispersa, Los Angeles

Fonte: HASHIM, 2016

Geralmente o espalhamento é o método mais adotado


para uma cidade que precisa comportar um número crescente
de habitantes, porém esta não é a solução mais eficaz, uma
vez que acarreta em maiores custos e favorece a segregação
e a desigualdade espacial.
O adensamento urbano proporciona a utilização
eficiente das áreas disponíveis, permitindo maiores
Fonte: Autor desconhecido
Figura 22: Espraiamento de Abu Dhabi em 50 anos investimentos públicos, incluindo infraestrutura, serviço e
transporte. Outros aspectos benéficos proporcionados pelas vai de acordo ao seu uso, aqui abordada as de usos
altas densidades são a vitalidade urbana, facilidade de comerciais e residenciais.
acesso dos consumidores para o comércio e vice-versa, Segundo o GGDR (2018), a faixa livre permite que os
maior acessibilidade de emprego e redução de trânsito pedestres tenham um lugar confortável para transitar, quando
(ZIEGLER, 2009). se trata de calçada residencial, deve ter dimensões entre
1,8m a 2,4m de largura (Figura 23) e comerciais por sua vez
d) Calçadas
de 2,4m a 4,5m de largura (Figura 24).

As calçadas são fundamentais para a vida urbana, por


Figura 23: Dimensões de calçadas residenciais
incentivarem a conectividade e estimularem a caminhada.
Quando seguras e bem conservadas, potencializam o capital
social e contribuem para o bem estar público (GGDR, 2018).
Partindo desse ponto, pode-se entender a importância
das calçadas preservadas, uma vez que permitem caminhos
mais atraentes e confortáveis, nos quais os pedestres se
sentem mais seguros. E quando se tem o cuidado de projetá-
las com a mesma continuidade de materiais e de níveis,
torna-se acessível e possibilita a circulação de pessoas com
deficiência.
As calçadas possuem três faixas, sendo elas: de
serviço (instalação de equipamentos urbanos), livre (exclusivo Fonte: Guia Global de Desenho de Ruas, 2018
Figura 24: Dimensões de calçadas comerciais
para a circulação de pedestre) e de acesso (zona de transição
da calçada para o lote), e diferentes tipos de dimensões, que
A urbanização traz para o ambiente sérias
modificações, com isso, se faz necessário a implementação
de intervenções que diminuam os problemas bioclimáticos,
proporcionando uma melhor qualidade de vida. A arborização
pode minimizar bastante esses problemas, Brasília é reflexo
dessa realidade (Figura 25), onde a vegetação integra os
diversos setores da cidade, possuindo um bom microclima .

Figura 25: Arborização de Brasília

Fonte: Guia Global de Desenho de Ruas, 2018

e) Microclima

O microclima é um conjunto de condições atmosféricas


locais divergentes das condições da área que está localizada
globalmente. Essa diferença pode ser devido à existência de
aspectos morfológicos peculiares, sendo naturais ou artificiais.
Os aspectos que lhe definem são a temperatura, umidade,
ventilação e a radiação solar (Figura 25), sendo que a Fonte: Victória Câmara, 2013
formação urbana pode influenciar diretamente na alteração
f) Iluminação Pública
desses aspectos (ROCHA, 2018).
Espaços bem iluminados são fundamentais para o bem
estar e segurança dos pedestres. Portanto, é importante Fonte: Guia Global de Desenho de Ruas, 2018
As alturas de postes de rua, para calçadas e ciclovias
instalar equipamentos de iluminação na escala de pedestres
tem um padrão, que varia de 4,5m a 6m, em ruas estreitas,
nas ruas, para garantir níveis de iluminação e espaçamento
residenciais, históricos e comerciais são de 8m a 10m, e a
suficiente para evitar trechos escuros entre um local bem
distância entre eles, vai de acordo a sua altura, os mais
iluminado, como mostra na Figura 26, dessa forma traz a
baixos possuem de 11m a 15,5m e os mais altos de 21,5m a
sensação de bem-estar e segurança, que é o que o pedestre
27,5m e o nível ao longo da rua comercial deve ser maior,
busca ao caminhar na rua.
enquanto o nível de brilho na área residencial deve ser menor.
E os postes devem ficar na faixa de serviço da calçada, para
Figura 26: Iluminação pública com qualidade
não atrapalhar o caminho dos pedestres (GGDR, 2018).

g) Fachadas Ativas

As fachadas ativas referem-se aos edifícios com


comércio, serviços e equipamentos dispostos no térreo
(Figura 27), que proporcionam uma interação com os
pedestres. Dessa forma a rua se torna um espaço mais
interessante e vivo, sendo que essa dinamicidade entre os
passeios públicos e ambiente interno das edificações,
fortalecem a vida urbana, tornando esses espaços mais
atraentes e ativos. Além disso, impulsiona o comércio e a
segurança funciona de maneira oposta, onde os que estão
dentro das lojas são os olhos da ruas, tendo uma vigilância
constante (JACOBS, 2011). projetos e na urbanização da cidade.
Figura 27: Fachadas Ativas O parcelamento do uso do solo, acontecerá através de
loteamento (divisão de lotes com aberturas de vias) e
desmembramento (divisão de lotes aproveitando o sistema
viário existente), onde o limite máximo para o comprimento
das quadras é de 200m, tido como ideal, para a conectividade
e a caminhabilidade nas ruas.
O sistema viário do município está dividido em: via de
trânsito rápido (Figura 28), via arterial (Figura 29), via coletora
Fonte: Autor desconhecido (Figura 30), via local (Figura 31), via de acomodação, via de
pedestre e ciclovias. A função das vias de acomodação é
4 ASPECTOS LEGAIS desviar o tráfego nas vias de tráfego rápido e nas vias
arteriais para as áreas adjacentes.
4.1 Código de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo,
Obras e Edificações de Serrinha Figura 28: Dimensões e configuração, Via de Trânsito Rápido

Em serrinha o código de ordenamento do uso e


ocupação do solo e o código de obras e edificações estão
unidos em
uma Lei única (n°582 – 2002). Vale salientar que esta, assim
como outras leis da cidade encontram-se desatualizadas. As
instruções nela expostas propõem orientar na elaboração de
Fonte: ALVES, Letícia, 2020
Figura 29: Dimensões e configuração, Via Arterial
Fonte: ALVES, Letícia, 2020
Figura 31: Dimensões e configurações, Via Local

Fonte: ALVES, Letícia, 2020

Figura 30: Dimensões e configuração, Via Coletora


A lei também trata de licenciamento, controle, inspeção
e punição. Esses meios são procedimentos administrativos
para garantir o ordenamento do uso, da ocupação do solo,
das obras e edificações.

4.2 Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano – PDDU

O plano diretor tem por finalidade orientar a população


e seus administradores a respeito do espaço urbano e de
suas funções. Um elemento proposto é o fortalecimento no
sentido da identidade local, mas ao contrário do que se
propõe, a falta de incentivo à cultura, história e a preservação,
abala a identidade da cidade. A conservação e preservação
são corriqueiros nos objetivos, porém marcadas pela
demolição de vários monumentos históricos.
Fonte: ALVES, Letícia, 2020
No âmbito das metas propostas no plano, foram
reiterados todos os aspectos do desenvolvimento social,
A construção e manutenção das calçadas é de
econômico e ambiental. Portanto, aspectos como a prestação
responsabilidade dos próprios proprietários, com exigências
de serviços básicos à população, como saúde, educação,
pré determinadas, com garantia de acessibilidade, segurança,
esporte e lazer, são mencionados como elementos que
materiais adequados, sem interrupções, com rampas de
fortalecem sua identidade. São ainda objetivos, o
acesso junto às faixas de pedestres.
desenvolvimento econômico e a ordenação do uso e
ocupação do solo, cuja base é a regulação e o fortalecimento 4.3 Estatuto da cidade
das atividades existentes.
Em contrapartida, raramente esses aspectos são No estatuto da cidade, recomenda-se padronizar o
tratados de forma relevante, e por sua vez a política e os ordenamento do território para garantir os interesses coletivos
interesses imobiliários se destacam, a equidade é dos cidadãos, a segurança, o bem-estar e o equilíbrio
contrastada pela segregação socioespacial e a qualidade de ambiental. A formulação desta lei é o resultado da Agenda 21,
vida escolhe a quem vai servir. formulada pela Assembléia Geral das Nações Unidas em
O plano diretor estabelece cinco estratégias como setembro de 1997, e um de seus objetivos era formular
instrumento para atingir suas metas. O primeiro é fortalecer o estratégias de desenvolvimento sustentável até 2002. Para
comércio, por meio da sua valorização local e encontrar ordenar o espaço, a lei formulou diretrizes e meios para
novas indústrias, para que a cidade se torne uma referência promover o desenvolvimento justo das funções sociais e da
comercial. Da segunda a quarta estratégia, a prestação de propriedade urbana. Recomenda ações nos níveis nacional,
cuidados de saúde, educação, cultura, esporte e lazer, onde o regional, estadual e municipal.
plano se dedica a melhorar, expandir e criar recursos que Um dos conjuntos de diretrizes tratados são os
atendam às necessidades das pessoas. Por fim, com base associados ao desenvolvimento sustentável, especialmente
na gestão compartilhada, foi definido o objetivo da cidade os que são consistentes com os objetivos de desenvolvimento
cidadã. Nos anexos da lei são definidas as medidas que econômico, social e ambiental. Dentre os pontos
serão tomadas para atingir os objetivos propostos. Na mencionados, pode-se destacar a proteção dos direitos de
verdade, essas estratégias estão se desenvolvendo todos os cidadãos, desde saneamento básico até o lazer, com
lentamente, no mesmo ritmo das revisões planejadas do condições dignas que supram as necessidades de todas as
plano que até então não foram realizadas. pessoas, sem qualquer distinção.
Outra diretriz importante é a proteção e preservação
dos diferentes tipos de patrimônio, trazendo essa atenção Na esfera municipal, se sobressaem o plano diretor e
para a esfera municipal. Esse ponto gera certa discussão, ordenamento do uso e ocupação do solo. Essas leis acima
pois essa lei foi criada há quase vinte anos, e nota-se um mencionadas, visam nortear os princípios do desenvolvimento
certo descuido com o meio ambiente, e com os patrimônios urbano e o seu desenvolvimento no setor municipal,
histórico e cultural nas cidades brasileiras. integrando os projetos e objetivos a serem alcançados nele,
Com relação ao uso e ocupação do solo, é orientado assim determinando a forma como a cidade se desenvolve,
quais medidas devem ser adotadas e o que deve ser vetado. garantindo que a função social do espaço urbano seja obtida.
Ela determina a importância e preocupação do Esta, por sua vez, é alcançada quando os interesses
desenvolvimento proporcional de todos os espaços de forma coletivos são maiores quando comparados aos particulares.
igualitária, até mesmo a zona rural. Os instrumentos financeiros, consistem em
Um outro conjunto traz diversos fatores sobre o recolhimentos de impostos como IPTU, assim como outras
processo de urbanização e desenvolvimento, incluindo as ferramentas que podem alinhar a gestão do uso do solo com
trocas entre as sociedades, a população, o interesse público e o desenvolvimento urbano sem estarem sujeitos à
o privado. Estabelecer essa relação pode, por exemplo, intervenção do setor privado, que tem um impacto negativo no
fortalecer opções de financiamento e permitir que os desenvolvimento da cidade.
administradores ouçam as necessidades das pessoas.
O estatuto da cidade, quando relacionado aos 4.4 Plano Nacional de Mobilidade Urbana – PNMU
instrumentos estipula o planejamento em todos os níveis
como forma de promover o desenvolvimento sustentável. O A Política Nacional de Mobilidade Urbana é um
plano proposto deve ser executado nos níveis municipal, instrumento de desenvolvimento urbano que trata da
regional, estadual e nacional. integração entre diferentes modos de transporte e a melhoria
da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no
território do Município (PNMU, 2012).
Existe uma hierarquia de prioridades (Figura 32), que Nota-se, que essa ordem estabelecida coloca o
devem ser seguidas segundo o Plano Nacional de Mobilidade pedestre como prioridade nos desenhos das ruas e
Urbana. incentiva o uso transporte ativo, tendo o intuito de minimizar
os congestionamentos e os problemas ambientais.
Figura 32: Pirâmide invertida de mobilidade Para isso ser possível, é necessário oferecer
acessibilidade, com uma infraestrutura adequada tanto para
pedestres com calçadas, iluminação, travessias, mobiliários e
áreas verdes, quanto para ciclistas com ciclovias, ciclofaixas,
ciclorotas, bicicletários e a integração entre meios de
transporte.

A Lei Federal 12.587/2012, torna obrigatório a


elaboração e a aprovação do Plano de Mobilidade Urbana nos
municípios com mais de 20.000 habitantes, no prazo de três
anos, sendo que este deve estar de forma integrada e
compatível com os respectivos planos diretores. Caso essa
determinação não seja cumprida, as cidades estão sujeitas ao
não recebimento de verbas da União para a mobilidade
urbana. A cidade de Serrinha não possui plano de mobilidade
urbana sendo este o instrumento para realização dos

Fonte: Mobilize Brasil princípios, diretrizes e objetivos do plano nacional de Política


Nacional de Mobilidade Urbana.
5 Área de intervenção
Como já mencionado anteriormente, a área escolhida
para a intervenção foi o Morro Senhora Santana e o seu
entorno, localizado no Bairro da Santa em Serrinha. A área
tem um importante significado para a cidade, por ser ponto de
encontro de eventos religiosos e pela bela vista panorâmica
proporcionada. Enquanto espaço requalificado pode valorizar
ainda mais a cidade e beneficiar em diversos aspectos a vida
da população.

5.1 Delimitação

Com o objetivo de propor um projeto que promova o


desenvolvimento econômico da região, foi estabelecido uma
intervenção que abrange vias de acessos ao bairro e ao
morro (cerca de 1,2km), um vazio urbano e o próprio Morro
Senhora Santana, como mostra a Figura 33. A escolha
decorre da análise do espaço em questão e do entendimento
que boa parte dos espaços urbanos são deficientes em
infraestrutura.
Figura 33: Mapa da área de intervenção

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


5.2 Condições atuais um canteiro central estreito e arborizado (aos pés do morro).
Ao longo de sua extensão possui calçadas irregulares, não
O bairro conta com uma leve diversidade de usos, obedecendo as normas e em algumas partes ela é
possuindo equipamentos de cunho educativo, desportivo, inexistente. As ruas X e América, não contam com nenhum
saúde e outros. A área de intervenção conta com uma tipo de pavimentação e por boa parte dos seus
topografia acidentada com grandes níveis, sendo plana em prolongamentos serem preenchidos por vazios urbanos a
pequena parte. No entorno há uma vasta área de vazios calçada se torna inexistente.
urbanos que compreende tanto com vegetação rasteira Mediante o estudo realizado, identificando as
quanto de pequeno porte. configurações urbanas foi possível perceber alguns
A média de pessoas por domicílio no bairro é de 4,4 problemas enfrentados pela população na presente área. As
hab./resid, com densidade territorial de 137 hab./ha e 21 dificuldades existentes no bairro são evidentes ao longo da
dom./ha, com ocupação mais concentrada nas proximidades sua extensão, onde observa-se a precariedade dos seus
do bairro de Oséas e sua densidade líquida é de acessos, com falta de acessibilidade, bem como a ausência
aproximadamente 263 habitantes/ha e de 62 edif./ha. As de equipamentos de lazer e espaços de convívio.
edificações de modo geral tem um padrão tipológico e
construtivo baixo, sendo que essa realidade só muda nas 5.3 Análise fotográfica
áreas.
A avenida Senhora Santana, tida como uma das Como forma de identificar a realidade já instalada no
principais vias de acesso ao bairro, possui uso bairro da Santa, foram realizados alguns registros
predominantemente residencial, no seu trecho final conta com fotográficos, onde foi possível notar as problemáticas
enfrentadas pela população local, estas demonstradas a
seguir.
Conforme NBR 9050, as calçadas de vias públicas
precisam garantir o acesso a todas as pessoas, com ou sem
limitações físicas. Desta forma, a norma exige dimensões
mínimas, onde a maioria das existentes nessa área (Figura
34), não obedecem a legislação.
Figura 34: Calçadas sem acessibilidade

Fonte: Arquivo pessoal da autora

As calçadas são precárias, os problemas mais comuns


existentes, são os obstáculos nelas contidas, como postes,
lixeiras, rampas de acesso para carros, escadas, que
obstruem a passagem, como mostram as Figuras 35 e 36.
Figura 35: Poste obstruindo a passagem Fonte: Arquivo pessoal da autora
Figura 36: Obstrução por meio de rampa

Fonte: Arquivo pessoal da autora

Para as calçadas serem seguras, devem ter superfície


regular contínua, sem diferença de materiais, nível ou
inclinações, requisitos que não são adotados como visto
acima. Nota-se também a inexistência de sinalização
informativa, piso tátil, rebaixamento de guias em forma de
rampas de acesso, que permita a circulação de pessoas
cadeirantes.
A presença de terrenos baldios atrapalham a
caminhabilidade, tornando os espaços mais ociosos e
visivelmente inseguros durante o dia, se intensificando no
horário da noite. Percebe-se a ausência da vida urbana e a
precariedade da infraestrutura nesse trecho (Figura 37),
sendo expressiva a falta de pavimentação, calçadas e
iluminação pública. Fonte: Arquivo pessoal da autora
Um outro problema gerado pelos vazios urbanos é que
Figura 37: Vazio urbano proporcionando insegurança esses espaços acabam se tornando depósitos de lixo (Figura
38), atraindo animais peçonhentos.

Figura 38: Acúmulo de lixo em vazio urbano


não possui pavimentação, sendo completamente esburacada,
como mostra a Figura 40.

Figura 39: Fata de acessibilidade em acesso ao Morro

Fonte: Arquivo pessoal da autora Fonte: Arquivo pessoal da autora


O acesso à colina não possui rampas, nem corrimão Figura 40: Acesso alternativo sem pavimentação

(Figura 39), por se tratar de uma área com o relevo muito


acidentado, pessoas com mobilidade reduzida sentem certa
dificuldade. O único caminho possível para quem faz uso de
cadeira de rodas é a via utilizada por carros, que por sua vez
Fonte: Acervo pessoal da autora

O monumento à Senhora Santana, mais conhecido


como “A Santa”, foi erguido em 1955 e conta com mais de 5
Fonte: Arquivo pessoal da autora metros de altura (somente a estátua). Ao longo dos anos

A falta de acessibilidade continua no mirante, com passou por algumas reformas e manutenções, sendo a mais

degrau que impossibilita a autonomia, criando barreiras que significativa em 2005, realizado pela prefeitura municipal, a

impedem o pleno acesso (Figura 41). Visto que é uma área qual foi projetado o mirante que até então era uma área com

que recebe diversas pessoas, essas barreiras impedem o piso de areia batida, além disso a base da estátua recebeu

usufruto direto do espaço, não garantindo o direito de ir e vir, revestimento de pedra. Nota-se que a estátua vem sofrendo

propiciam acidentes e causam constrangimento. com as ações do tempo (Figura 42) e o revestimento vem

Figura 41: Mirante não acessível perdendo parte do seu rejunte (Figura 43), o que permite que
as pedras venham a se soltar.

Figura 42: Falta de manutenção no monumento à Senhora Santana

Fonte: Arquivo pessoal da autora

Como é possível observar na Figura 44, o piso do


mirante está em boas condições, nivelado, não apresenta
buracos. Os únicos danos são a sujeira acumulada ao longo
do tempo e algumas manchas. Percebe-se na mesma
imagem, um poste de iluminação com fiação de forma
irregular, exposta e apoiada sobre o guarda corpo, tornando-

Fonte: Arquivo pessoal da autora se um perigo para os visitantes.


Figura 43: Degradação da base do monumento
Figura 44: Pavimentação e iluminação do mirante
Figura 45: Capela sem manutenção - alto do morro

Fonte: Arquivo pessoal da autora

Além do mirante, o alto da colina possui uma capela à


Senhora Santana, palco para apresentação teatral e missa ao
Fonte: Arquivo pessoal da autora
ar livre, um bar e restaurante, que também oferece o serviço
de tirolesa. A capela (Figura 45) vem sofrendo com alguns Os problemas encontrados no palco, são à falta de

danos provocados pela água da chuva e infiltração, como acessibilidade (Figura 46), danos causados pela ação do

manchas na fachada nas áreas com acabamento em pintura tempo, como infiltração na sua vista frontal (Figura 47), e

e/ou revestimento. danos biológicos provocados pelo crescimento de vegetação,


gerando fissuras (Figura 48) na pavimentação.
Figura 46: Falta de acessibilidade no palco Fonte: Arquivo pessoal da autora
Figura 48: Fisuras no piso

Fonte: Arquivo pessoal da autora

Figura 47: Palco com infiltração Fonte: Arquivo pessoal da autora

O Recanto da Serra (Figura 49), é o único ponto


comercial existente no alto da colina, ele atrai um grande
público à noite, com realização de eventos temáticos e
pequenos shows aos finais de semana, com artistas locais.
Além disso, conta com um outro meio de entretenimento, a
tirolesa, para aqueles que possuem um espírito mais
aventureiro (Figura 50). Vale salientar que devido a pandemia
que estamos enfrentando há mais de um ano, atualmente o
serviço da tirolesa está suspenso e funcionamento do
estabelecimento ocorre somente por meio de delivery.
Figura 49: Ponto comercial - Bar e restaurante

Fonte: Autor desconhecido


Fonte: Arquivo pessoal da autora
Figura 50: Tirolesa em desuso A principal avenida tem um uso de predominância
residencial, com pouco uso misto ao longo do seu percurso.
Em seu trecho final, possui um estreito canteiro central, que
não fornece mobiliário urbano para contemplação, como
bancos com encosto, mesa e etc. Apesar de possuir uma boa
arborização (Figura 51), as suas sombras não são
aproveitadas de maneira eficiente, uma vez que possuem
médio porte, e copas densas, onde a dimensão do canteiro
não comporta a sua estrutura, e estas se tornam obstrução na
passagem.
Figura 51: Arborização irregular no canteiro central Figura 52: Obstruções por meio de elemento religioso

Fonte: Arquivo pessoal da autora


Além da obstrução acima mencionada, nota-se
também a existência de cruzes (Figura 52), ao longo do
caminho até a colina, alguns fiéis acreditam que ao colocarem Fonte: Arquivo pessoal da autora
pedras nelas e pedir perdão pelos pecados, estes serão
Os postes de iluminação são altos (Figura 53), e não
absorvidos.
possuem nenhum tipo de iluminação voltada para o pedestre.
São modelos mais antigos com fiação aparente que acabam
poluindo a paisagem.

Figura 53: Iluminação pública voltada para carros


urbanísticas, uma vez que serve como ferramenta para
análise dos perfis dos entrevistados, tendo acesso aos seus
hábitos e preferências, para entender as reais necessidades
do espaço e das pessoas que o utilizam.

6.1 Questionários

Mediante o atual cenário pandêmico da Covid19, a


realização de coleta de dados foi feita de forma virtual, por
meio da plataforma do Google Forms, onde houve a
participação de 113 pessoas, no período de 02 à 20 de abril
de 2021, com os resultados expostos à seguir. Na Figura 54
nota-se que, pouco mais da metade dos entrevistados foram

Fonte: Arquivo pessoal da autora do sexo feminino (63,7%), sendo 72 mulheres e 41 homens.
Em relação à faixa etária, todos os entrevistados tinham idade
Visto que os elementos contidos no canteiro, são a partir dos 15 anos até os 50 anos ou mais, no entanto a
fundamentais para a identidade local, para a segurança e por faixa etária mais expressiva se deu entre as pessoas de 20 a
um clima mais agradável, o canteiro necessita de manutenção 29 anos, seguido por as de 30 a 39 anos de idade (Figura 55).
para que se adeque a necessidade. Essa análise é fundamental para compreender e adequar as
6 PESQUISA DE CAMPO necessidades de acordo com a faixa etária. Visto que a
maioria dos entrevistados tem um perfil mais jovem, os usos
O questionário é de suma importância em um projeto
serão mais voltados para este público com áreas de lazer,
de pesquisa que se pretende propor requalificações
esporte e espaço de convivência. Vale salientar que o método
utilizado no questionário acaba excluindo um público mais 6% 10%
8%
idoso, devido a falta de habilidade e limitações com o acesso
De 15 à 19
à internet, por isso, considerações projetuais para público De 20 à 29
também serão feitas. A maioria dos entrevistados estava De 30 à 39
29%
empregada, por consequência a taxa de desemprego é De 40 à 49
47%
Acima de 50
relativamente baixa, como mostra a figura 56.

Figura 54: Gráfico perfil dos entrevistados - Sexo

Fonte: Elaborado pela autora a partir das entrevistas

Figura 56: Gráfico perfil dos entrevistados – Ocupação


36%

11%

7%
64%

feminino masculino outro


82%
Fonte: Elaborado pela autora a partir das entrevistas
Figura 55: Gráfico perfil dos entrevistados – Faixa etária
empregado estudante
desempregado
Fonte: Elaborado pela autora a partir das entrevistas
No que se refere a taxa de escolaridade, as mais
significativas são as do ensino médio, seguida por ensino O meio de locomoção tem uso com predominância de
superior completo (Figura 57), sendo que poucas pessoas moto (Figura 58) e carro próprio consecutivamente. O baixo
possuem um outro tipo de escolaridade, diferente das uso do transporte coletivo se dá pelo seu não oferecimento,
mencionadas. O questionário virtual aqui abordado, acaba por sendo ofertado somente para bairros mais distantes do
excluir uma parcela da população não alfabetizada ou sem centro, com apenas duas linhas. Dentre as alternativas a
acesso a internet, impossibilitando uma maior equidade dos bicicleta não foi mencionada por nenhum dos entrevistados,
dados coletados. que é reflexo da falta de incentivo do uso do modal na
localidade.
Figura 57: Gráfico perfil dos entrevistados – Escolaridade
Figura 58: Gráfico perfil dos entrevistados – Meios de locomoção
1% 1%
1%1%
9%
ensino fundamen- 13%
tal
26%

ensino médio 25%

superior in-
completo

46% superior completo

19%
outro

59%
Fonte: Elaborado pela autora a partir das entrevistas
a pé bicicleta moto carro próprio ônibus transporte por app outro
Fonte: Elaborado pela autora a partir das entrevistas Fonte: Elaborado pela autora a partir das entrevistas
Em relação a avaliação da segurança (Figura 59), a A infraestrutura precária, aponta pela maioria dos
insatisfação se faz presente de forma incisiva, onde os entrevistados uma insatisfação significativa. A iluminação
aspectos mais citados são péssimo, ruim e regular, pública, assim como no gráfico anterior, têm um alto nível de
acarretando em um índice elevado de impressões negativas. descontentamento, sendo péssima a alternativa mais
A sensação de segurança está diretamente ligada à expressiva (Figura 60), seguida por ruim. Isso devido a má
quantidade de pessoas que interagem no espaço público, o iluminação de algumas áreas, onde os usuários se sentem
principal ponto que afeta negativamente é o alto número de privados em relação a locomoção em horários noturnos,
vazios urbanos, que ocasionam a prática de atividades ilícitas devido ao aumento da criminalidade.
e violências. Vale lembrar que nenhum dos entrevistados,
consideram a segurança pública do local ótima. Figura 60: Gráfico perfil dos entrevistados – Iluminação pública
4%
Figura 59: Gráfico perfil dos entrevistados – Segurança pública 10%

4% 3%

18%
13%

56%

19%
17%
57%

ótimo bom regular ruim péssimo não sei opnar


ótimo bom regular
ruim péssimo não sei opnar
Fonte: Elaborado pela autora a partir das entrevistas As concepções tidas em relação a arborização, não
No que se refere às calçadas, os resultados obtidos
são tão negativas quanto as outras, em contrapartida a
seguem nessa mesma linha, suas condições são
maioria dos entrevistados consideram o número de árvores
consideradas péssimas e ruins, como mostra na Figura 61.
regular (Figura 62). Visto que a maioria das árvores existentes
Isto explica o baixo índice de deslocamento a pé exposto no
são de baixo, pequeno e médio porte, plantadas de forma
gráfico de locomoção e a falta de segurança pública, por não
irregular, sem obedecer a faixa livre para o pedestre e sem a
ter os “olhos nas ruas”, afetando diretamente a
devida manutenção, desta forma, acaba não atendendo o
caminhabilidade.
objetivo proposto de criação de sombras.

Figura 61: Gráfico perfil dos entrevistados – Estado das calçadas


Figura 62: Gráfico perfil dos entrevistados – Arborização do bairro
2%
8% 2%
11% 6%

9%

26%
19%
61%

55%

ótimo bom regular ruim péssimo não sei opnar ótimo bom regular
ruim péssimo não sei opnar
Fonte: Elaborado pela autora a partir das entrevistas
Fonte: Elaborado pela autora a partir das entrevistas
O gráfico sobre a periodicidade de visita ao Morro
Senhora Santana (Figura 63), mostra que a maioria dos 30%
entrevistados visita-o de forma frequente. Sendo que este
espaço é mais utilizado para lazer, seguido pela prática de
atividade física como mostra na Figura 64. Os entrevistados 55%

consideram de maneira quase unânime, interessante um


9%
projeto de requalificação urbanística para essa área (Figura
65), acreditam que por meio dessa intervenção o ambiente 6%

estará mais agradável para a vivência pública, atraindo um frequentemente ocasionalmente


raramente outro
maior número de visitantes ao local.
Fonte: Elaborado pela autora a partir das entrevistas
Figura 64: Gráfico perfil dos entrevistados – Utilização do Morro
Figura 63: Gráfico perfil dos entrevistados – Visitas ao Morro
21%

13%
61%

5%

lazer atividade física


não utilizo outro
Fonte: Elaborado pela autora a partir das entrevistas
Calçadas 09 solicitações
Figura 65: Gráfico perfil dos entrevistados – Opinião sobre o projeto
Área de esporte 08 solicitações
Drenagem 06 solicitações
19%
28% Acessibilidade 06 solicitações
Diversidade de usos 05 solicitações
Arborização 05 solicitações
Área para prática religiosa 04 solicitações
Modal de acesso ao Morro 03 solicitações
Pontos de apoio 03 solicitações
53%
Fonte: Questionários on-line aplicados pela autora
interessante indiferente desnecessário
Fonte: Elaborado pela autora a partir das entrevistas
Por fim, a questão discursiva do questionário, Nota-se no quadro 1 que, dentre as solicitações, a mais

requisitava sugestões de melhorias para o espaço estudado. predominante foi em relação a iluminação. Esta que por sua

As respostas que transmitem a mensagem dos entrevistados, vez, acaba afetando negativamente as atividades noturnas na

serão mostradas no quadro 1. localidade, pela seu mal planejamento. Foi solicitado uma
melhor iluminação das ruas, calçadas e demais espaços de

Quadro 1 – Intervenções solicitadas por moradores forma planejada, oferecendo um melhor conforto visual,
INTERVENÇÕES SOLICITADAS QUANTIDADE segurança e qualidade de vida.
Iluminação 37 solicitações Outros aspectos abordados foram a pavimentação de
Pavimentação 23 solicitações ruas e calçadas, solicitando uma manutenção nas existentes,
Áreas de Lazer 21 solicitações tornando-as mais acessíveis e a execução em alguns pontos
Segurança 15 solicitações importantes, principalmente as vias de acesso ao morro,
impactando também a drenagem e acessibilidade. urbana instalada, de modo a favorecer o entendimento da
Visto que é uma área que recebe um grande número forma com que se organizam e se estruturam os vários
de pessoas para o lazer e prática de esporte, foi solicitado elementos urbanos. Para se ter um melhor entendimento, foi
melhorias para esse setor. Foi pedido implantação de parque necessário delimitar uma área, que abrangesse o tecido
infantil, academia ao ar livre, telescópio, bancos para urbano que envolve a região da intervenção.
contemplação, dentre outros. Sobretudo atrativos para o
período noturno, que atenda às diferentes idades, com pontos 7.1 Uso do solo e gabarito de altura
de apoio como sanitários, áreas de alimentação e posto
policial. A arborização e o paisagismo também foram Conforme podemos observar na Figura 66, o uso do
mencionados, visando o bem estar e melhoria na estética do solo no entorno da área de intervenção, é predominantemente
bairro. residencial, seguido pelos vazios urbanos. Alguns desses
Por último, e não menos importante, foram solicitadas vazios estão relacionados a existência de pequenas lagoas e
melhorias que impulsionam o turismo religioso, como espaço devido a topografia acidentada, que torna esses espaços
para oração, penitências, e que conte um pouco da história alagadiços, dificultam a construção nessa área. Nota-se que
religiosa que envolve o Morro. entre a faixa norte e oeste, um parcelamento do solo com a
Vale ressaltar que a percepção geral tida pelos criação de loteamento, área que atualmente está em
entrevistados é coerente com a estrutura física atual do expansão.
espaço público. O uso comercial está mais concentrado no centro da
cidade, na faixa de leste ao sul. No restante da região é bem
7 ESTUDO MORFOLÓGICO reduzido, sendo mais comum o uso misto, que todavia não
atende de maneira satisfatória a demanda da população.
O estudo morfológico visa a compreensão da realidade A área estudada conta também com equipamentos
comunitários, órgãos institucionais, religiosos e áreas verdes,
estes não sendo com números significativos.
Referente ao gabarito, a maioria das edificações são
de até dois pavimentos, sendo ultrapassado somente nas
áreas do centro e nas vias principais que cortam a cidade. O
que faz com que ela seja predominantemente horizontal, onde
pode ser observado no mapa a seguir.

Figura 66: Mapa de Uso e ocupação + Gabarito de altura


Fonte: Elaborado pela autora, 2021
7.2 Quadras e conectividade interseções.

O mapa de quadras e conectividade (Figura 67) é


muito importante, pois serve de instrumento para medir o
desempenho da caminhabilidade. Percebe-se através do
tamanho das quadras, que na sua maioria são médias,
seguida pelas quadras pequenas, estas citadas são mais
atraentes e caminhavéis, promovendo uma maior
conectividade entre as ruas. Na área central da cidade é onde
há uma maior concentração das quadras menores, que reflete
no alto fluxo de pessoas e na potencialização do comércio.
Nota-se que a região menos caminhável se encontra
na faixa norte a oeste, na região onde estão localizados os
loteamentos. Essas quadras maiores, são percursos mais
longos a serem percorridos pelas pessoas.
As interseções mais predominantes são de três e
quatro vias consecutivamente, independente da existência de
quadras médias e grandes, a sua maioria está distante com
menos de 100m uma da outra. E assim como as quadras
menores estão mais concentradas no centro da cidade, é
nessa área que também possui um maior número de
Figura 67: Mapa de Quadras e Conectividade

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


7.3 Vias e fluxos

As vias urbanas existentes são classificadas em


rodovia, arterial, coletora e local, como mostrado na Figura
68. As arteriais permitem o deslocamento entre as diferentes
regiões da cidade, possuindo grandes fluxos que se conectam
com as demais. As coletoras são responsáveis por ligar e
distribuir o trânsito para vias com fluxos menores. E as locais
por sua vez tem fluxos mais baixos.
Partindo disso, na área estudada existem duas vias
arteriais que cortam a cidade, sendo interrompidas somente
quando encontram rodovias ou a linha férrea. As coletoras
estão definidas em três vias. As restantes são consideradas
vias locais, estas representam a maioria, devido a sua
principal função de ligar os lotes lindeiros às demais vias e a
cidade.
No que se refere as suas dimensões há uma pequena
alteração, porém a maioria obedece as dimensão mínima
exposta na lei de 8m. Vale lembrar que nenhuma das vias
dispõem de calçadas com exigências da lei.
Figura 68: Mapa de Vias e Fluxos
Fonte: Elaborado pela autora, 2021
7.4 Topografia

Serrinha é uma cidade com um relevo relativamente


plano, com algumas regiões serranas, característica que deu
nome a cidade. A área de intervenção trata-se do espaço
urbano de maior declividade da cidade, o que acaba
afetando na expansão urbana, assim como para a ocupação
dos loteamentos.
Observa-se na Figura 69 a formação planialtimétrica
do Morro Senhora Santana, que no seu nível mais alto chega
a 435m em relação ao nível do mar, sendo que a altitude
média da cidade é de 312m (TOPOGRAPHIC, 2021).

Figura 69: Mapa Topográfico

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


7.5 Estudo do clima ao sul, com ventos eventuais ao leste, todavia no período
noturno a predominância é ao leste. Na análise geral a
Segundo Franco (2008), Serrinha possui um clima seco predominância é a sudeste e a leste, com velocidade média
e semiárido, e o seu bioma é a caatinga. As temperaturas de 2-4m/s (Figura 71).
mais baixas da cidade ocorrem no período do inverno, sendo
Figura 71: Gráfico rosas dos ventos Serrinha
que nas demais estações as temperaturas são mais altas,
como demonstra a Figura 70.

Figura 70: Gráfico de variação de temperaturas

Fonte: Projeteee

Em relação a arborização, está presente na Av.


Senhora Santana, no canteiro central da via e na frente de
algumas residências dispostas no seu lado esquerdo. Como
Fonte: Projeteee
já mencionado, seu plantio não foi feito de forma regular e
planejada. A unificação desses dados podem ser analisados
Durante o dia a ventilação predominante é a sudeste e
na Figura 72.
Figura 72: Estudo Insolação + Ventilação + Arborização
Fonte: Elaborado pela autora, 2021
8 PROJETOS DE REFERÊNCIA
8.1 Morro Santa Terezinha, Fortaleza – CE chuva.

O Morro Santa Terezinha, passou por um forte Figura 73: Muro de contenção em fase de obra
processo de urbanização e ocupação desordenada desde a
década de 80, que ocasionou uma série de problemas,
atingindo o ápice em 2015, onde após um período de fortes
chuvas, houve deslizamento de parte da sua encosta. Com
isso, no mesmo ano, através do programa “Juntos por
Fortaleza”, o Governo do Ceará em parceria com a Prefeitura,
iniciou o projeto de requalificação e contenção do morro
(FILHO, 2018).
O local é tido como um dos mais belos cartões postais
em um final de tarde em Fortaleza, onde proporciona uma
Fonte: (VIEIRA, 2017)
vista pro mar, com as jangadas, o tradicional Mercado de
Peixe e as velas do Mucuripe. A sua requalificação foi dividida As melhorias englobam espaço público de lazer, esporte e
em duas etapas, entregues em maio de 2018 e dezembro de cultura, tais como parque infantil, academia ao ar livre,
2019 respectivamente. Foram construídos muros de anfiteatro, tabuleiro de xadrez humano (Figura 74), mini
contenção (Figura 73), com paredes de blocos de concreto arena (Figura 75), calçadão, nova escadaria, paisagismo, e
embutidos, possibilitando uma maior estabilidade da encosta, ponto de contemplação, atingindo mais de 40.00m² de área
atrelado com um vasto jardim vertical, melhorando o urbanizada (FILHO, 2018). Esses equipamentos foram
microclima da região. Paralelamente, foi implantado um novo implantados de acordo com as propostas dos moradores da
sistema de drenagem para aumentar a fluidez das águas da região, que solicitaram diferentes modos de entretenimento
que atendesse as diferentes idades. A escadaria (Figura 76) conta com 160m de degraus
de concreto, guarda-corpo, corrimão, rampa para facilitar no
Figura 74: Área de lazer transporte de bicicleta, iluminação branca e subterrânea,
áreas de descanso e ao longo da sua extensão arte urbana,
no guarda-corpo e degraus, realizada por artistas e
voluntários locais.

Figura 76: Escadaria requalificada e arte de rua

Fonte: Tiago Stille, 2018

Figura 75: Área de esporte no Morro

Fonte: Autor desconhecido, 2019

Visando a acessibilidade foi implantado um elevador


sobre trilhos (Figura 77), ao lado da escadaria principal,
facilitando o acesso de pessoas com dificuldades
locomotoras. Ele permite o deslocamento de até 5 pessoas
Fonte: Autor desconhecido, 2018 por viagem, e o trajeto de 80m leva cerca de 3,5 minutos.
Figura 77: Morro mais acessível com funicular de parceria entre a Associação Comercial e Industrial de
Florianópolis (ACIF), o Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena
e Micro Empresa (SEBRAE), a Prefeitura Municipal e o
Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF).
A sua requalificação teve início em 2010, sendo
concluída em março de 2012, e envolveu melhorias do
espaço público e da paisagem, tendo como principal critério a
priorização do pedestre por meio do oferecimento de uma
infraestrutura mais adequada, como mostra a Figura 78.

Fonte: (GOMES, 2020)


Figura 78: Rua Vidal Ramos após requalificação

Vale salientar que esta obra aprimora as condições


tornando o espaço mais atrativo, beneficiando tanto os
moradores quanto os turistas que visitam a capital.

8.2 Requalificação da Rua Vidal Ramos, Florianópolis -SC

O primeiro passo por buscas de melhorias da Rua


Vidal Ramos, localizada no centro histórico da cidade, foi
dado por lojistas locais, que buscavam fomentar a Fonte: Autor desconhecido
atratividade. Partindo disso, o processo aconteceu por meio
O projeto envolveu: ampliação e reforma de calçadas,
atendendo as normas da NBR 9050; inserção de mobiliário A pavimentação da via e calçada foram feitas com piso
urbano (Figura 79), proporcionando um local de descanso e intertravado (Figura 80), como mencionado anteriormente,
um maior conforto aos usuários; pavimentação com piso sendo diferenciadas por coloração: vermelho indica área
intertravado, evitando a alta velocidade dos veículos; reforma preferencial para carros; amarelo, preferencial para pedestre;
do sistema de drenagem; adoção do sistema subterrâneo de e cinza, área exclusiva para uso de pedestre (RRVR, ).
iluminação pública e telefônica, proporcionando uma
paisagem mais limpa e atrativa. Figura 80: Pavimentação diferenciada por coloração

Figura 79: Implantação de mobiliário urbano

Fonte: Autor desconhecido

A iluminação além da mudança pelo sistema


subterrâneo, foram utilizadas lâmpadas de LED (Figura 81),
com postes mais econômicos e a luminosidade aumentada
Fonte: Autor desconhecido em 30% (RRVR, ), proporcionando um melhor conforto e
segurança para o pedestre.
Figura 81: Iluminação de LED com sistema subterrâneo passou por uma série de transformações entre os anos 90 até
2004, tornando-se atualmente uma das cidades mais
agradáveis do mundo (ZENATO, 2016).
Para chegar nesse resultado, foi necessário a união de
vários fatores, para estimular a densidade e reocupação da
área central, por meio de um programa de intervenção que
tinha por objetivo convidar as pessoas a vivenciar a cidade.
Um dos principais pontos abordados foram a acessibilidade,
mobilidade e as edificações com a fachada ativa, através dos
becos ativos e remodelados (Figura 82), sendo que essas
transformações proporcionaram um aumento no movimento
de pessoas (ZENATO, 2016).

Figura 82: Becos antigos e becos remodelados

Fonte: Dejalma Frasson, 2012

8.3 Intervenções urbanas de Melbourne, Austrália

Melbourne era considerada uma cidade com baixa


densidade populacional e dependente de automóvel, devido
ao seu crescimento e espalhamento horizontal. Contudo, ela
Fonte: Adaptado por ZENATO, 2016 (baseado em COSTA, 2014)
Outras alterações que refletem na melhoria da contemplar a área.
caminhabilidade são o sistema de ciclovias integrado ao Melbourne também conta com um sistema de bicicletas
transporte público de qualidade (Figura 83), calçadas com coletivas (Figura 84), que trazem benefícios para as
nova pavimentação e maiores dimensões, implantação de condições ambientais, a ampliação do alcance do transporte
mobiliário urbano e arborização. coletivo, reduzindo os congestionamentos.

Figura 83: Mobiliário urbano e integração com o transporte coletivo.


Figura 84: Implantação de bicicletário

Fonte: COSTA, 2014


Fonte: COSTA, 2014
Nota-se, que a pavimentação é feita no mesmo nível,
atendendo a diferentes modais e o grande benefício do 8.4 Revitalização da escadaria da Santa em Arraial
mobiliário urbano, que se torna um convite para o descanso. d’Ajuda, Porto Seguro – BA
Onde as pessoas podem sentar e esperar o bonde elétrico ou
A Escadaria da Santa (Figura 85), conta com 146 O projeto foi inaugurado em janeiro de 2021 e foi
degraus, que tem início na ladeira da Santa até o mirante das idealizado pelo trabalho do artista plástico Gabriel Guya, que
fitas, no centro histórico do Arraial d’Ajuda. A sua revitalização conta a história do local (Figura 86 e 87), através de mosaicos
teve iniciativa dos moradores e empresários locais, por meio coloridos, que enalteceram o valor religioso da escadaria
da campanha “Adote um Degrau”, por meio do Projeto Arraial (JORNAL DO SOL, 2021).
do Bem, o qual arrecadou fundos que ajudaram na execução
da obra (JORNAL DO SOL, 2021). Figura 86: Mosaicos que contam a história religiosa

Figura 85: Escadaria da Santa revitalizada

Fonte: Autor desconhecido


Fonte: Autor desconhecido

9 IMPLANTAÇÃO GERAL: PROPOSTAS DE


INTERVENÇÃO URBANA

9.1 Programa de necessidades


Fonte: Autor desconhecido
Figura 87: Mosaico da escadaria

O programa de necessidades vem para atender as


expectativas expostas pela população, a partir dos resultados
obtidos ao longo do presente trabalho, por meio do estudo
morfológico, análise fotográfica e questionário online. Serão
aqui apresentadas as intervenções legais, morfológicas e organização, adotando as três faixas conceituadas
gráficas para a requalificação do Morro da Santa e entorno, (serviço, circulação e transição);
área já delimitada anteriormente.
● Criar um programa para financiamento de projetos de

ciclovias nas vias arteriais e coletoras;


9.1.1 Intervenções legais
● Promover incentivos para empreendimentos que haja

● Propiciar a atualização do Código de Ordenamento do fachada ativa e uso misto;

Uso e Ocupação do Solo, Obras e Edificações de


9.1.2 Intervenções morfológicas
Serrinha, e do Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano de Serrinha, com seus respectivos materiais
Partindo do estudo morfológico realizado na área de
técnicos;
intervenção, serão abordados as possíveis intervenções
● Preencher os vazios urbanos existentes com aumento morfológicas, que poderão ser adotadas, sendo elas:
da densidade aplicando os instrumentos do Estatuto da ● Preenchimento de vazios urbanos em locais
Cidade, tais como IPTU progressivo no tempo e
estratégicos, com implantação de praças e áreas de
emissão de títulos;
lazer;
● Promover a preservação e restauração de áreas
● Diversificação do uso do solo, com implantação de
históricas, incluindo o Morro da Santa e outras
áreas para fins comerciais, serviços e institucionais.
localidades;
● Aumento do gabarito das edificações na Av. Senhora
● Criar um plano de incentivo à melhoria das calçadas,
Santana e nas vias principais, em até 5 pavimentos,
estabelecendo dimensões e recomendações de
sendo o térreo ativo e os demais residências, No Morro da Santa:
aumentando a densidade;
● Melhoria na qualidade das vias de acesso: com
● Desenvolver térreos ativos, fachadas ativas; pavimentação em piso intertravado nas vias e concreto
na calçada;
● Abertura de novas vias, em locais que possuem
● Melhorias nas instalações elétricas: uso de sistema
quadras grandes e muito grandes, aumentando a
conectividade; subterrâneo, com lâmpadas de LED;

● Criação de novos espaços públicos e de lazer, com ● Restauração do monumento: limpeza com sabão e

melhorias nos já existentes; água, aplicação de selante acrílico e acabamento nas


fissuras, aplicação de primer, duas camadas de pintura
● Melhoria no conforto climático, através da arborização
acrílica na cor branca e uma camada de verniz;
da Av. Senhora Santana e nas vias principais, criando
● Reforma do mirante: pavimentação em concreto polido,
sombras e pontos de descanso para os pedestres,
visando microclimas. guarda-corpo em aço e vidro, e iluminação adequada;

● Restauração da capela: recuperação das paredes com


9.1.3 Intervenções projetuais fissuras, do telhado, troca de esquadrias, acabamento
da fachada com revestimento e pintura;
As intervenções projetuais, tem por finalidade deixar o
● Reforma no palco: revestimentos da fachada com
espaço urbano mais atrativo e consequentemente seguro,
portanto elas serão: pedra madeira, pavimentação de concreto,
acessibilidade e iluminação adequada;
● Criação de área para prática religiosa: no entorno do

monumento, com base a 15cm do chão em concreto,


No entorno:
revestido de madeira;
● Pavimentação urbana: com intertravado na via,
● Área para esportes radicais: tirolesa – com base de
concreto na ciclovia e calçada;
madeira, cabo de aço e equipamentos de segurança;
● Requalificação do canteiro central: com implantação de
● Área de permanência e contemplação: implantação de
ciclovia bidirecional, mobiliários e arborização
bancos em concreto e madeira, lunetas e deck de
adequada;
madeira da piquenique;
● Ciclovia com pigmento em pó vermelho acrescentado
● Implantação de funicular: facilitando o acesso de
ao concreto, garantindo assim maior durabilidade da
pessoas com dificuldades locomotoras;
cor;
● Criação de áreas de apoio: com implantação de
● Sistema de drenagem urbana: com pavimentação
sanitários;
permeável, grelhas metálicas e canteiro arborizado;
● Lixeiras de coleta seletiva em aço (separadas por
● Bancos de concreto e madeira com encosto, com a
reciclável e rejeito);
frente voltada para a interatividade da rua;
● Acessibilidade: escadaria de acesso - atendendo a
● Lixeiras de coleta seletiva em aço (separadas por
Fórmula de Blondel (2E+P=+/-64cm), e a NBR 9050,
reciclável e rejeito);
com a implantação de corrimões; rampas de acesso ao
comIluminação
mirante, capela e palco com a com inclinação 8,33% e sinalização ● piso tátil. pública de vias: com duas alturas, sendo
adequada para pedestres e ciclistas, com lâmpadas de pedestres e/ou ciclistas ( faixa de pedestre, placas,
LED e sistema subterrâneo de cabos, evitando a semáforos...).
poluição visual; 9.2 Partido e conceito

● Bicicletário: em aço, próximo ao morro;


9.2.1 Partido
● Áreas de esporte: academia ao ar livre – Com peças
A cidade expressa a sua vitalidade e a capacidade de
em aço, possuindo cadeira de pressão de perna, esqui
se moldar por meio do espaço urbano. Assim, o partido do
duplo, abdominal duplo, barra tripla fixa, simulador de
presente projeto, vem do princípio de levar melhor qualidade
caminhada e surf;
de vida para a população local e visitantes, tendo um olhar
● Área de lazer: parque infantil – Com escorregador,
voltado para o pedestre, proporcionando experiências
balanço, tela de nó, gangorra tripla, gira-gira; mesa de positivas ao caminhar, com uma melhor percepção de
tabuleiro; segurança e agradabilidade.
● Calçadas: com inclinação máxima de 3%,
9.2.2 Conceito
padronização do material, faixa livre de 1,20m e
acessibilidade.
O conceito adotado baseia-se na valorização do local,
● Acessibilidade: com rampas de acesso com i 8,33% ,
através do resgate da sua memória histórica religiosa, criando
piso tátil de alerta e direcional na cor amarelo; um espaço que funcione como imã, atraindo a população e

● Sinalização de trânsito: vertical e horizontal em vias, fortalecendo o uso do espaço público.

cruzamentos, indicação de área de lazer, prioridade de


9.3 Masterplan
4. ÁREA VERDE DE USO DIVERSO
1. INFRAESTRUTURA PARA O MORRO Local livre arborizado, onde pode ser desenvolvido
Adoção de sistema subterrâneo na iluminação, com diferentes tipos de atividades, oferecendo mobiliários e
postes de 2,5m de altura e iluminação especial voltada para o bicicletário (Figura 88).
monumento, com troca de cores para homenagem e/ou
comemoração de datas importantes. Implementação de piso 5. BICICLETÁRIO
intertravado nas vias de acesso e escadaria, e concreto polido Instalação de bicicletário ao pés do Morro, incentivando
no palco e mirante (Figura 88) o uso de bicicleta pelos visitantes (Figura 88).

2. ÁREA DE APOIO 6. MOBILIÁRIOS


Criação de espaço para atendimento médico, com Implementação de iluminação, lixeiras de coleta
instalações sanitárias e bebedouros, oferecendo uma seletiva, sinalização de trânsito, bancos com encosto para
estrutura que atenda as necessidades da população (Figura contemplação, proporcionando momentos de descanso e uma
88). composição do espaço público (Figura 88).

3. ESPORTE RADICAL 7. FAIXA DE PEDESTRE


Área destinada para implementação de tirolesa seca, Adoção de faixa de pedestre em cruzamentos e em
com cabo aéreo ancorado entre dois pontos, fornecendo pontos estratégicos, que não ultrapassem a distância de
entretenimento para quem curte uma atividade esportiva 100m (Figura 88).
aventureira. Instalação obedecendo os requisitos das normas
NBR 15508-1, NBR 15508-2 e NBR 15500 (Figura 88). 8. INFRAESTRUTURA DAS VIAS
Implementação de sistema de drenagem. Alteração
nas dimensões das vias conforme a lei e melhoria na
pavimentação. Troca de iluminação por sistema subterrâneo, 12. ÁREA DE CONVÍVIO E RECREAÇÃO
com postes voltados para os pedestres (h=2,5m) e veículos Criação de praça, local que permita relaxar, descansar,
(h=6,00m), com espaçamento igual a 2,5xh, considerando a conversar e atividades de lazer atendendo um público mais
altura da luminária menor, para não ter riscos de ocorrer adulto, assegurando a vitalidade urbana (Figura 88).
pontos cegos (Figura 88).
13. ACADEMIA AO AR LIVRE
9. CICLOVIA Instalação de aparelhos de exercício físico e
Implementação de ciclovia bidirecional, no canteiro musculação, promovendo o bem-estar físico e emocional de
central, percorrendo parte da Av. Senhora Santana e toda forma gratuita (Figura 88).
extensão da Rua X, tendo dimensão de 2,4m e segregação
física por meio de canteiro e desnível (Figura 88). 14. BARREIRA VEGETAL
Criação de barreira vegetal lindeira a BA-411,
10. INFRAESTRUTURA PARA ACESSIBILIDADE escondendo visualmente a fonte de ruídos e na extremidade
Instalação de rampas obedecendo a NBR 9050 com da área de recreação, proporcionando uma maior segurança
inclinação para os usuários (Figura 88).
8,33% e sinalização com piso tátil de alerta, garantindo a autonomia
para todos os transeuntes (Figura 88).
15. INFRAESTRUTURA DO CANTEIRO CENTRAL
11. ÁREAS INFANTIS Implantação de sistema de drenagem. Troca de
Implantação de parque infantil, com materiais que iluminação por sistema subterrâneo, com postes voltados
forneçam uma maior durabilidade e que proporcione diversão para pedestres e ciclistas com 2,5m de altura e espaçamento
(Figura 88). de 6m, não ocasionando na criação de pontos cegos. Adoção
de piso de concreto na faixa livre e ciclovia, com diferentes 19. DECKS DE MADEIRA
colorações (Figura 88). Criação de área de permanência, onde pode-se
praticar atividades de grupo como piqueniques (Figura 88).
16. CALÇADAS
Pavimentação das calçadas em concreto, não
ultrapassando 3% de inclinação, com padronização de 1,20m
de faixa livre, faixa de serviço de 0,60m e faixa de acesso
variável. Acrescentar sinalização com piso tátil contínuo e de
alerta (Figura 88).

17. FUNICULAR
Implantação de modal sobre triplo, que vence grandes
alturas, facilitando o deslocamento de pessoas com
dificuldades locomotoras (Figura 88).

18.ÁREA DE CONTEMPLAÇÃO E PRÁTICA RELIGIOSA


Adequação da área, destinada para contemplar o pôr
do sol e observar a bela vista proporcionada pelo morro, com
implantação de lunetas. Criação de área voltada para os fieis,
com espaços para oração (Figura 88).
Figura 88: Masterplan
Fonte: Elaborado pela autora com base no programa de necessidade, 2021
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Janeiro, p. 22. 2018.

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Grafico g1 – censo ibge http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/04/ibge-
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%20(1).pdf

Cidade de sao
Normas: https://www.tecmundo.com.br/tutorial/834-aprenda-a-usar-as- paulo:https://domtotal.com/noticia/1201942/2017/10/s
normas-da-abnt-citacao-2-de-4-.htm ao-paulo-cidade-retrovisor/
Fotos:
Link entrevista: https://docs.google.com/forms/d/1qMHm0g-
Vaquejada
https://g1.globo.com/ba/bahia/musica/noticia/2018/09/12/vaquejada-de- 14vy6SS_ZSEVk7ZExhns3GBRj1L3oOf-Rd-Q/edit
serrinha-divulga-datas-da-53a-edicao-da-festa-em-2019.ghtml

Festa vaquejada http://sertaobaiano.com.br/noticia/confira-programacao-


completa-da-vaquejada-de-serrinha-2014

Procissao do fograréu:
https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/procissao-do-fogareu-e-
reconhecida-como-patrimonio-cultural-imaterial-da-bahia/

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