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ENGENHARIA CIVIL

ALAN DE SÁ BORGES
LUIZ CLAUDIO SANT’ ANNA DA SILVA

ESTUDO DA ACESSIBILIDADE EM PASSEIOS, CALÇADAS E PRÉDIOS


PÚBLICOS NA CIDADE DE QUEIMADOS/RJ

Itaperuna
2022
1

ALAN DE SÁ BORGES
LUIZ CLAUDIO SANT’ ANNA DA SILVA

ESTUDO DA ACESSIBILIDADE EM PASSEIOS, CALÇADAS E PRÉDIOS


PÚBLICOS NA CIDADE DE QUEIMADOS/RJ

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial
para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil ao
Centro Universitário Redentor.

Orientador: Rômulo Rodrigues Coelho Delfino Souza

Itaperuna
2022
2

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Dimensões de referência para deslocamento em pé......................... 30

Figura 2 – Dimensões da cadeira de rodas........................................................ 31

Figura 3 – Módulo de referência......................................................................... 32

Figura 4 – Áreas de transferência...................................................................... 33

Figura 5 – Área de aproximação – valores máximos.......................................... 34

Figura 6 – Área de aproximação – valores mínimos............................................. 34

Figura 7 – Alcance manual frontal...................................................................... 35

Figura 8 – Aproximação lateral sem deslocamento do tronco............................ 36

Figura 9 – Aproximação lateral com deslocamento do tronco............................ 37

Figura 10 – Superfície de trabalho – vista superior............................................. 38

Figura 11 Superfície de trabalho – vista frontal.................................................. 38

Figura 12 – Empunhadura.................................................................................. 39

Figura 13 – Maçanetas, puxadores e barras antipânico..................................... 40

Figura 14 – Controles......................................................................................... 41

Figura 15 – Assentos para pessoas obesas....................................................... 43

Figura 16 – Parâmetros visuais – pessoa em pé................................................ 44

Figura 17 – Parâmetros visuais – pessoa sentada............................................. 45

Figura 18 – Parâmetros visuais – pessoa em cadeira de rodas.......................... 46

Figura 19 – Arranjo dos pontos em Braille.......................................................... 50

Figura 20 – Dimensões do ponto em Braille, em milímetros............................... 51

Figura 21 – Símbolos internacionais de acesso................................................. 52

Figura 22 – Símbolos internacionais referentes à deficiência visual................... 53

Figura 23 – Símbolos internacionais referentes à deficiência auditiva................ 53

Figura 24 – Símbolos complementares.............................................................. 53


3

Figura 25 – Faixa de alcance acessível.............................................................. 55

Figura 26 – Sinalização de pavimentos – vista superior..................................... 56

Figura 27 – Sinalização de pavimentos – vista lateral........................................ 57

Figura 28 – Sinalização de degraus – opção A................................................... 57

Figura 29 – Sinalização de degraus – opção B................................................... 58

Figura 30 – Sinalização de espaço reservado para P.C.R.................................. 59

Figura 31 – Posições possíveis para instalação de alarmes............................... 59

Figura 32 – Desníveis, dimensões em milímetros.............................................. 61

Figura 33 – Exemplos de espaços reservados para P.C.R................................. 63

Figura 34 – Vistas superior e inferior, dimensões apresentadas em metros....... 65

Figura 35 – Dimensões de rampa curva............................................................. 65

Figura 36 – Balizamento, dimensões em metros................................................ 66

Figura 37 – Vista superior dos patamares.......................................................... 66

Figura 38 – Dimensões de degraus.................................................................... 67

Figura 39 – Escada com lances curvos.............................................................. 68

Figura 40 – Corrimãos........................................................................................ 69

Figura 41 – Corrimão intermediário.................................................................... 70

Figura 42 – Barras de apoio............................................................................... 71

Figura 43 – Corrimão lateral............................................................................... 72

Figura 44 – Corrimão intermediário.................................................................... 72

Figura 45 – Equipamentos eletromecânicos de circulação, dimensões em


metros................................................................................................................. 73

Figura 46 – Espaço para transposição de portas................................................. 75

Figura 47 – Deslocamento frontal........................................................................ 76

Figura 48 – Deslocamento lateral........................................................................ 76

Figura 49 – Vista superior dos vãos das portas de correr e sanfonada................ 77


4

Figura 50 – Vistas frontal e superior da porta de sanitários e vestiários............... 77

Figura 51 – Porta do tipo vaivém.......................................................................... 78

Figura 52 – Portas e paredes de vidro................................................................. 79

Figura 53 – Alcance de janela.............................................................................. 80

Figura 54 – Corte demonstrando as faixas de uso da calçada............................. 81

Figura 55 – Acesso do veículo ao lote.................................................................. 83

Figura 56 – Vista superior das rampas de acesso provisórias.............................. 84

Figura 57 – Redução de percurso de travessia.................................................... 84

Figura 58 – Vista superior do rebaixamento da calçada, dimensões


apresentadas em metros..................................................................................... 85

Figura 59 – Corte da faixa de acomodação para travessia................................... 86

Figura 60 – Rebaixamento de calçada entre canteiros........................................ 86

Figura 61 – Vista superior do rebaixamento de calçadas estreitas, dimensões


em metros........................................................................................................... 87

Figura 62 – Dimensões da cabina telefônica....................................................... 90

Figura 63 – Vista superior de um assento público................................................ 91


5

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Tabela de contraste visual................................................................ 47

Tabela 2 – Tabela de crominância..................................................................... 48

Tabela 3 – Dimensões do arranjo dos pontos em Braille.................................... 50

Tabela 4 – Dimensões de rampas...................................................................... 62

Tabela 5 – Dimensões de rampas para casos excepcionais.............................. 62


6

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

1.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 11

1.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 11

1.3 Justificativa........................................................................................................ 11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 13

2.1 Histórico de Queimados ................................................................................... 13

2.2 Acessibilidade ................................................................................................... 14

2.2.1 Parâmetros antropométricos ............................................................................ 14

2.2.1.1 Área de circulação e manobra ....................................................................... 15

2.2.1.2 Proteção em áreas de circulação .................................................................. 16

2.2.2 Informação e sinalizações ................................................................................ 17

2.2.3 Rota acessível .................................................................................................. 18

2.2.4 Acesso.............................................................................................................. 19

2.2.5 Circulação ........................................................................................................ 20

2.2.5.1 Pisos.............................................................................................................. 20

2.2.5.2 Rampas ......................................................................................................... 20

2.2.5.3 Escadas......................................................................................................... 21

2.2.5.4 Elevadores e plataformas .............................................................................. 21

2.2.5.5 Portas, corredores e janelas .......................................................................... 22

2.2.6 Portões de acesso a garagem e acesso de veículos ao lote ............................ 22

2.2.7 Vagas específicas em estacionamento ............................................................ 23

2.2.8 Travessia de pedestres e cadeirantes .............................................................. 23

2.2.9 Passarela de pedestres .................................................................................... 23

2.2.10 Dimensões mínimas de calçadas ................................................................... 23


7

2.2.11 Acessibilidade em espaços públicos .............................................................. 24

2.2.11.1 Sanitários .................................................................................................... 27

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 29

3.1 Parâmetros Antropométricos ........................................................................... 29

3.1.1 Pessoas em pé ................................................................................................. 29

3.1.2 Pessoas em cadeira de rodas (P.C.R.) ............................................................ 31

3.1.2.1 Módulo de referência (M.R.) .......................................................................... 32

3.1.3 Área de transferência ....................................................................................... 32

3.1.4 Área de aproximação ....................................................................................... 33

3.1.5 Alcance manual frontal ..................................................................................... 35

3.1.6 Aproximação lateral sem deslocamento do tronco ........................................... 36

3.1.7 Aproximação lateral com deslocamento do tronco. .......................................... 37

3.1.8 Superfície de trabalho ...................................................................................... 38

3.1.9 Empunhadura ................................................................................................... 39

3.1.10 Maçanetas, puxadores e barras antipânico .................................................... 40

3.1.11 Controles (dispositivos de comando ou acionamento) ................................... 41

3.1.12 Assentos para pessoas obesas ...................................................................... 42

3.1.13 Parâmetros visuais ......................................................................................... 43

3.1.14 Parâmetros auditivos ...................................................................................... 46

3.2 Informação e Sinalização.................................................................................. 47

3.2.1 Altura de fixação de sinalização ....................................................................... 47

3.2.2 Contraste visual ................................................................................................ 47

3.2.3 Símbolos visuais e crominância ....................................................................... 48

3.2.3.1 Contraste tátil ................................................................................................ 49

3.2.3.2 Símbolos táteis .............................................................................................. 49

3.2.3.3 Sinalização em Braille ................................................................................... 50


8

3.2.4 Linguagem e sinais sonoros ............................................................................. 52

3.2.5 Símbolos .......................................................................................................... 52

3.2.6 Sinalização de portas e passagens .................................................................. 55

3.2.7 Planos e mapas acessíveis .............................................................................. 56

3.2.8 Sinalização de pavimentos ............................................................................... 56

3.2.9 Sinalização de degraus isolados e degraus de escada .................................... 57

3.2.10 Sinalização de elevadores e plataformas elevatórias ..................................... 58

3.2.11 Sinalização de espaço reservado para P.C.R. ............................................... 58

3.2.12 Alarmes .......................................................................................................... 59

3.3 Acessos e Circulação ....................................................................................... 60

3.3.1 Iluminação ........................................................................................................ 60

3.3.2 Acessos ............................................................................................................ 60

3.3.3 Circulação ........................................................................................................ 61

3.3.4 Área de resgate ................................................................................................ 63

3.3.5 Área de descanso ............................................................................................ 64

3.3.6 Rampas ............................................................................................................ 64

3.3.7 Dimensionamento de degraus e escadas fixas em rotas acessíveis ............... 67

3.3.8 Dimensionamento de pontos de instalação de corrimão e guarda-corpo ......... 68

3.3.9 Dimensionamento de equipamentos eletromecânicos de circulação ............... 73

3.3.10 Dimensionamento de área de circulação interna ........................................... 74

3.3.10.1 Corredores .................................................................................................. 74

3.3.10.2 Portas .......................................................................................................... 74

3.3.10.3 Janelas ........................................................................................................ 79

3.3.11 Dimensionamento da área de circulação externa .......................................... 80

3.3.11.1 Inclinações e dimensões de calçadas ......................................................... 80

3.3.11.2 Dimensionamento da faixa livre .................................................................. 82

3.3.11.3 Acesso de veículo ao lote ............................................................................ 82


9

3.3.11.4 Travessia em vias públicas ou em áreas internas de edificações ............... 84

3.3.11.5 Passarela de Pedestres .............................................................................. 87

3.3.11.6 Vagas reservadas para veículos ................................................................. 87

3.3.12 Mobiliário Urbano ........................................................................................... 88

3.3.12.1 Pontos de embarque e desembarque de transporte público ....................... 88

3.3.12.2 Semáforo de pedestre ................................................................................. 88

3.3.12.3 Telefones públicos....................................................................................... 88

3.3.12.4 Cabinas telefônicas ..................................................................................... 89

3.3.12.5 Bebedouros, lixeiras e contentores de recicláveis ....................................... 90

3.3.12.6 Assentos públicos........................................................................................ 90

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 92

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 96


10

1 INTRODUÇÃO

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde realizada em 2019, aproximadamente


8,4% da população brasileira, ou seja, cerca de 17,3 milhões de brasileiros,
apresentava problemas como mobilidade reduzida, deficiências motoras, visuais,
auditivas e mentais, portanto percebe-se que grande parte da população se encontra
com maior dificuldade para participar ativamente em sociedade, seja durante o
trabalho ou outros afazeres cotidianos, quando comparada com a outra parte da
população, que não possui os mesmos desafios (IBGE, 2021a). Os 17,3 milhões de
habitantes supracitados, logo, necessitam de recursos que os permitam exercer sua
cidadania sem serem limitados pelos problemas mencionados, necessidade essa
atendida pela acessibilidade que, de acordo com a ABNT NBR 9050 (2020),
proporciona à sociedade elementos perceptíveis que permitem a utilização com
segurança e autonomia de edificações, espaços, serviços, dentre outros, por parte de
pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.
Quanto aos fatores utilizados para determinar se um cidadão possui qualquer
tipo de deficiência e, portanto, necessita de acessibilidade, a Lei nº 13.146/2015, em
seu art. 2º, estabelece:
“Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento
de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o
qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições
com as demais pessoas” (BRASIL, 2021).
Nesta época contemporânea, a acessibilidade, principalmente em relação à
mobilidade urbana, se encontra em destaque, especialmente em centros urbanos,
onde os cidadãos podem observar a trajetória de multidões e dentre elas estando
pessoas com algum tipo de deficiência utilizando ou não algum recurso de
acessibilidade. Segundo Silva (2011), o direito à cidade está estritamente ligado às
condições de acessibilidade e mobilidade urbana, sendo que os diversos tipos de
locomoção oferecidos aos cidadãos afetam atividades de grande importância como
trabalho, estudo, lazer e serviços públicos, havendo considerável influência sobre o
cotidiano e qualidade de vida das pessoas com deficiência, principalmente quanto as
condições construtivas e de manutenção das calçadas, passeios, ruas e avenidas.
11

Este trabalho objetiva realizar a análise de normas, leis e decretos que regem
sobre o tema de acessibilidade, utilizando o Município de Queimados/RJ como campo
de aquisição de dados. Para isso foi realizado uma revisão bibliográfica, incluindo o
Plano Diretor Municipal, assim como uma visita ao local estudado, realizando registros
fotográficos e medidas de suas calçadas, passeios e prédios públicos, analisando os
princípios construtivos conforme as necessidades do público-alvo.

1.1 Objetivo Geral

Apresentar análise sobre a situação de acessibilidade urbana na cidade de


Queimados/RJ em relação às calçadas, passeios e prédios públicos quanto à
aplicabilidade das normas, leis e temas que regem sobre o tema.

1.2 Objetivos Específicos

a) Revisão Bibliográfica sobre o tema, com ênfase na ABNT NBR 9050 (2020);
b) Descrição, através de fotos, mapas e pesquisas sobre o histórico do local a ser
analisado;
c) Analisar em campo as características dos elementos utilizados para tornar a
acessibilidade possível a todos na cidade de Queimados/RJ;
d) Obter, através de pesquisa, opinião do público, pessoas com deficiência ou
dificuldade de mobilidade, a respeito da acessibilidade na região estudada;
e) Apresentar propostas à sociedade e aos órgãos públicos referentes a recursos e
resultados favoráveis à acessibilidade.

1.3 Justificativa

Na Constituição da República Federativa do Brasil, estabelece-se em seu 3°


artigo que seus objetivos principais são a construção de uma sociedade livre, justa e
solidária, como também garantir o desenvolvimento nacional, erradicar desigualdades
sociais e promover o bem de todos, sem preconceitos e quaisquer formas de
discriminação (BRASIL, 2022a). Portanto, evidencia-se o fato que o Brasil é um país
onde é considerado importante qualquer trabalho ou projeto que é a favor da liberdade
da população brasileira, incluindo a grande parte que necessita de elementos de
12

acessibilidade em seu cotidiano, visando uma sociedade justa onde qualquer cidadão
é capaz de atingir as mesmas oportunidades independentemente de suas
deficiências, pois busca-se uma situação nacional onde nenhum cidadão deve sofrer
discriminação e preconceito, não havendo desigualdade entre a população brasileira,
porque assim todos os cidadãos brasileiros se tornam capazes de contribuir com o
desenvolvimento da nação.
Para atingir os objetivos mencionados na Constituição federal, diversas leis e
decretos foram criados, dentre eles o Decreto n° 5296 de 2 de dezembro de 2004 da
Presidência da República do Brasil, estabelecendo que projetos de natureza
arquitetônica e urbanística estão sujeitos aos critérios e normas que promovem a
acessibilidade para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, principalmente
devendo atender às normas técnicas de acessibilidade da Associação Brasileira de
Normas Técnicas, orientando os profissionais da construção civil sobre os recursos a
serem utilizados para permitir a utilização de forma segura principalmente dos
espaços públicos por parte dessa grande parcela da população, como pela construção
de calçadas com rampas e edificações acessíveis (BRASIL, 2019a).
Tendo em vista as diversas justificativas a favor da acessibilidade, destaca-se
a questão social, podendo ser observado em sociedade o fato que grande parte da
população brasileira, por se apresentar em alguma situação em que necessita de
acessibilidade para continuar sua rotina, se encontra afetada negativamente pela má
conservação ou inexistência de diversos recursos importantes para a acessibilidade,
principalmente calçadas, passeios, rampas, dentre outros que dificultam ou mesmo
impedem o acesso a espaços e serviços, limitando sua participação nas atividades
sociais, como também aumentando a discriminação e os danos emocionais causados
a tal parcela da sociedade.
O município de Queimados já atende a diversas demandas e melhorias que
beneficiam a população, sendo este um trabalho que requer bastante tempo e
recursos, portanto propõe-se a junção de forças com o presente projeto, visualizando-
se a situação que a cidade se encontra referente ao tema para acrescentar o interesse
da sociedade na adequação da cidade ao que é de direito das pessoas dependentes
da acessibilidade, não apenas por causa do que a lei estabelece como direito legal,
mas também pelo direito humanitário que estas pessoas tem de viver com maior
qualidade, podendo-se deslocar livremente.
13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A revisão bibliográfica realizada proporciona informações referentes à história


do município de Queimados, como também estabelece assuntos relacionados à
acessibilidade.

2.1 Histórico de Queimados

A Cidade de Queimados faz parte do Estado do Rio de Janeiro, integrando a


Região Metropolitana e ocupa uma área de 75,927 km², encontrando-se situada a 22º
42’58” de latitude sul, 43º 33’19” de longitude oeste e a uma altitude de 29 metros do
nível do mar (IBGE, 2021b; QUEIMADOS, 2016).

A história da cidade tem início com a visita da família imperial à região a bordo
do primeiro trem da Estrada de Ferro D. Pedro II, havendo como finalidade a
inauguração do trecho da ferrovia que conecta a Estação de Campo até o município,
momento considerado como a oficial inauguração de Queimados por parte da
população da época, sendo que o investimento na expansão da estrada de ferro foi
motivado pelo crescimento da economia cafeeira, o que de diversas formas foi
benéfico para a prosperidade da região e sua população. (QUEIMADOS, 2019).

A origem do nome “Queimados” provém pelo uso da expressão “Vou pela


estrada dos queimados”, utilizada pela população após o que ocorreu com os
trabalhadores chineses que perderam a vida devido a malária, cólera e outras
epidemias durante a construção da ferrovia, em 1855, havendo sido queimados
postumamente conforme era a tradição de origem chinesa (QUEIMADOS, 2019).

Originalmente, o município pertencia as terras da Freguesia de Nossa Senhora


da Conceição de Marapicu, subordinada à representante Intendente da Vila de
Iguassu, que representava a Câmara da Cidade do Rio de Janeiro, sendo apenas em
1944 que, sob o decreto de Lei Estadual nº1063, Queimados se tornou o 2º Distrito
do Município de Nova Iguaçu (QUEIMADOS, 2019).

Em 1990, Queimados foi elevado à categoria de município com a denominação


de Queimados (QUEIMADOS, 2017). O prefeito atual do município é o prefeito Glauco
Barbosa Hoffman Kaizer. (QUEIMADOS, 2021).
14

Segundo o IBGE, a população do município estimada era de 152311 em 2021,


estando aproximadamente 10% dessa população na faixa etária acima de 60 anos de
idade, com uma densidade demográfica de 1.822,60 hab/km² em 2010, apresentando
que apenas 47,4% das residências em vias públicas possuem um nível adequado de
urbanização, como pavimentação, bueiros, entre outros (IBGE, 2021b).

2.2 Acessibilidade

A acessibilidade em geral pode ser realizada de diversas formas,


principalmente devido ao fato de a acessibilidade estar ligada a fatores tanto físico-
espaciais, referentes a conforto e deslocamento, quanto políticos, culturais e sociais,
referentes a compreensão de informações e preço de uso (DISCHINGER, 2005 apud
OLIVEIRA, 2006). Para calçadas, passeios e prédios públicos, no entanto, pode ser
observado uma ênfase nas condições de acessibilidade espacial para possibilitar a
utilização dos espaços por todos os cidadãos, independentemente de qualquer
condição que os diferencie da maioria da população, objetivando-se a inclusão social
(OLIVEIRA, 2006).

2.2.1 Parâmetros antropométricos

A Antropometria é o estudo das relações existentes entre o corpo humano e o


espaço em que está situado e realizando suas atividades, sejam elas em qual posição
for, sendo a Antropometria parte do dimensionamento de projetos de Arquitetura e
Construção (BOUERI, 2008). Existem dois conceitos básicos, sendo eles a
Antropometria estática, que informa as dimensões físicas do corpo parado, e
Antropometria dinâmica, sendo definida como:

“Antropometria dinâmica: inclui alcances, ângulos e forças de


movimentos na tomada de medidas dinâmicas, sendo importante
especificar qual é a função a ser executada pelo homem, pois essa
função pode envolver interações entre movimentos musculares, de
modo que o resultado final será diferente daquele que seria obtido se
fossem considerados esses movimentos isoladamente. Por exemplo,
o alcance com as mãos na posição sentada não depende apenas do
comprimento do braço, mas é afetado também pelo movimento do
15

ombro, rotação e curvatura do tronco, curvatura das costas e o tipo de


manejo a ser executado pela mão” (BOUERI, 2008, p. 29).
As maneiras como as pessoas enfrentam os obstáculos que se apresentam
nos espaços urbanos estão relacionadas com suas condições e limitações físicas,
sendo que cada indivíduo possui características e limitações próprias, geralmente
utilizando-se parâmetros antropométricos para auxiliar na projeção de espaços
urbanos acessíveis para criar uma forma de tornar acessível todos os espaços
urbanos, como calçadas, passeios, vias públicas e edificações (LAVERY et al., 1996
apud MUZILLO, 2016).

A ABNT NBR 9050 (2020) estabelece diversos parâmetros para a


acessibilidade de pessoas com mobilidade reduzida, sendo que, para determinar as
dimensões antropométricas de referência, são utilizadas as medidas antropométricas
entre 5% e 95% da população brasileira, que correspondem as mulheres de baixa
estatura e homens de estatura elevada. A ABNT NBR 9050 (2020) apresenta como
equipamentos auxiliares para locomoção a pé a bengala, andador com rodas, andador
rígido, muletas e o apoio de tripé. A ABNT NBR 9050 (2020) estabelece um Módulo
de Referência (M.R.), que corresponde a projeção de 0,80 m por 1,20 m no piso,
correspondente a uma pessoa utilizando cadeiras de rodas, seja ela motorizada ou
não.

2.2.1.1 Área de circulação e manobra

Existem diversas formas para a abordagem da acessibilidade na concepção de


um projeto arquitetônico, uma delas sendo o “Universal Designe” ou Desenho
Universal (UD), considerado pelo Decreto Federal 5.296/04 em seu Art. 8º, Inciso IX,
como:

“concepção de espaços, artefatos e produtos que visam atender


simultaneamente todas as pessoas, com diferentes características
antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e
confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem
a acessibilidade” (BRASIL, 2019a).
O Ministério das Cidades, discorrendo sobre o “Desenho Universal”, afirma que
a utilização desse no projeto arquitetônico visa a intenção de adotar soluções que
atendam todos os indivíduos de maneira simultânea, sem a necessidade de construir
16

instalações para um público específico, salientando também que a falta de


conhecimento técnico ou a constatação por parte dos profissionais responsáveis de
que a implantação do UD nos projetos arquitetônicos eleva os custos do
empreendimento, os leva a não implantarem as “regras” do UD (BRASIL, 2006).
Constatar as dificuldades e barreiras enfrentadas pelas pessoas com deficiência na
realização de suas atividades diárias é o primeiro passo para propor soluções que
venham a tornar as condições mais igualitárias entre os indivíduos com deficiência
para locomoção e os indivíduos ditos normais (MUZILLO, 2016).

No caso de pessoas em cadeira de rodas, para que sua locomoção possa se


dar de maneira confortável, segura e autônoma, se faz necessário a adoção nos
projetos arquitetônicos de medidas mínimas nas áreas de circulação e manobras de
cadeirantes. A ABNT NBR 9050 (2020) apresenta as dimensões referenciadas dessas
áreas, para haver de maneira confortável a circulação de uma Pessoa em Cadeira de
Rodas (PCR) de maneira isolada, assim como a passagem de uma PCR e um
pedestre ou a passagem de dois PCRs de maneira simultânea. A ABNT NBR 9050
(2020) também apresenta as dimensões da largura para transposição de obstáculos
isolados, sendo que caso exista a necessidade de instalar mobiliário na rota acessível,
a norma estabelece uma diferença mínima de valor de reflexo de luz (LRV) em relação
ao plano de fundo, também devendo ser detectáveis com bengala longa.

2.2.1.2 Proteção em áreas de circulação

Segundo a ABNT NBR 9050 (2020), no projeto arquitetônico deve ser previsto
sistema de proteção contra quedas em área de circulação que sejam limitadas por
áreas laterais, tanto planas quanto inclinadas, porém tal situação não se aplica ao
caso de locais de embarque e desembarque de transporte coletivo. O sistema de
proteção contra quedas é uma medida que deve ser adotada quando a diferença de
nível entre a área de circulação e as superfícies laterais for igual ou superior a 18 cm
(ABNT, 2020). A ABNT NBR 9050 (2020) apresenta três tipos de medidas a serem
adotados nesses casos: construção de margem plana ao lado da área de circulação,
com largura específica e feita com piso diferenciado com contraste tátil e visual
específico em reação a área de circulação; implantação de proteção vertical com
17

altura determinada e possuindo superfície superior contrastando visualmente com o


piso da área de circulação; proteção tipo guarda-corpo, caso especificado para
situações onde a área de circulação é elevada, na existência de rampas ou também
para terraços que não possuem proteção lateral. Em todos os três casos citados, a
ABNT NBR 9050 (2020) recomenda a adoção de taludes na interseção da área de
circulação e a área em desnível lateral a ela.

2.2.2 Informação e sinalizações

Segundo a ABNT NBR 9050 (2020), devem ser dispostas informações capazes
de orientar aos usuários por meios visuais, táteis e sonoros, seguindo o princípio dos
dois sentidos, onde há a combinação do sentido visual ao tátil ou ao sonoro,
objetivando-se a facilidade na compreensão e prevenção do estresse por informações
conflitantes ou de difícil memorização. Existem diversas formas de proporcionar uma
informação importante ao usuário que necessita de acessibilidade, existindo,
conforme a ABNT NBR 9050 (2020), métodos recomendados tais como o contraste
entre as portas e as paredes de entorno, igualdade entre o LRV (Valor de Luz
Refletida) de rodapés largos e o LRV das paredes, diferença entre o LRV das cores
das paredes e aquele utilizado no piso e o teto, dentre outros.

A ABNT NBR 9050 (2020) define que a sinalização deve transmitir por completo
a informação desejada, ser perceptível e legível para todos, incluindo as pessoas com
deficiência. As informações, quando transmitidas em formas de textos, devem vir
acompanhadas de símbolos (ABNT, 2020). Os “símbolos são representações gráficas
que, através de uma figura ou forma convencionada, estabelecem a analogia entre o
objeto e a informação de sua representação e expressam alguma mensagem” (ABNT,
2020, p. 40).

Conforme a ABNT NBR 9050 (2020), para indicação de acessibilidade em


edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos são utilizados os Símbolos
Internacionais de Acessibilidade (SIA), os quais possuem forma, cor e dimensões
determinadas. Propriamente, para auxiliar três grupos distintos de pessoas com
deficiência, os símbolos são divididos em: símbolo internacional de acesso, símbolo
internacional de pessoas com deficiência visual e símbolo internacional de pessoas
18

com deficiência auditiva (ABNT, 2020). Os símbolos também são utilizados para
sinalizar locais de atendimento preferencial e acesso de pessoas com deficiência
acompanhada de cão-guia, entre outros (ABNT, 2020).

Os sinais de acessibilidade “podem ser classificados como: sinais de


localização, sinais de advertência e sinais de instrução” (ABNT, 2020, p. 32). "A
sinalização quanto às categorias pode ser informativa, direcional e de emergência"
(ABNT, 2020, p. 33). Segundo a ABNT NBR 9050 (2020), há três tipologias:

- Visual: “utiliza de mensagens de texto, contrastes, símbolos e figuras” (ABNT,


2020, p. 33). São usados, principalmente, nas entradas de edificações, áreas e vagas
de estacionamento de veículos, assim como de embarque e desembarque, sanitários,
áreas de resgate, refúgio e saídas de emergência e áreas reservadas para pessoas
em cadeira de rodas (ABNT, 2020);

- Tátil: utilizada para auxiliar pessoas com deficiência visual total ou parcial,
sendo que quando essa sinalização for por texto, esse deve ser em alto relevo e em
linguagem Braille, considerando-se que um dos mais perceptíveis tipos de sinalização
desse item são os pisos táteis, tanto os de alerta como os direcionais (ABNT, 2020);

- Sonoro: também é utilizado no auxílio a locomoção de pessoas com


deficiência visual, principalmente em emergência ou perigo (ABNT, 2020).

2.2.3 Rota acessível

Ao executar um projeto urbanístico, o responsável pelo mesmo deve procurar


garantir em toda área um percurso sem interrupções a circulação dos futuros usuários,
seja ele uma pessoa com deficiência ou não, inclusive as pessoas em cadeira de
rodas (RIO DE JANEIRO, 2019). Além disso, “deve-se assegurar que haja sempre
uma opção de rota acessível na área” (RIO DE JANEIRO, 2019, p. 14).

De acordo com a ABNT NBR 9050 (2020), as edificações e espaços de uso


público ou coletivo devem conter ao menos uma rota acessível, havendo exceção para
áreas de uso restrito. Tais áreas são definidas como “espaços, salas ou elementos
internos ou externos, disponíveis estritamente para pessoas autorizadas” (ABNT,
2020, p. 6). A rota acessível é definida como:
19

“A rota acessível é um trajeto contínuo, desobstruído e sinalizado, que


conecta os ambientes externos e internos de espaços e edificações, e
que pode ser utilizada de forma autônoma e segura por todas as
pessoas. A rota acessível externa incorpora estacionamentos,
calçadas, faixas de travessias de pedestres (elevadas ou não),
rampas, escadas, passarelas e outros elementos da circulação. A rota
acessível interna incorpora corredores, pisos, rampas, escadas,
elevadores e outros elementos da circulação” (ABNT, 2020, p. 54).
Estabelece-se, portanto, que ao menos uma rota acessível deve ser projetada
nos espaços urbanos e edificações, obedecendo-se todos os requisitos constantes na
norma, sendo que não atender tais requisitos pode provocar a obstrução da circulação
das pessoas, principalmente aquelas com alguma deficiência física.

2.2.4 Acesso

De acordo com a ABNT NBR 9050 (2020), todas as entradas devem ser
acessíveis, tanto nas edificações quanto nos equipamentos urbanos, assim como
deve haver rotas responsáveis pelas ligações internas das partes funcionais das
edificações, desde a rota de circulação principal, incluindo a rota de emergência. Tais
acessos “devem permanecer livres de qualquer obstáculo de forma permanente”
(ABNT, 2020, p. 54). Para o caso de adaptação de edificações existentes, caso não
seja possível que todas as entradas sejam acessíveis, com comprovação técnica, o
maior número possível deve ser adaptado (ABNT, 2020). A entrada principal ou
entrada de acesso de maior número de circulação de pessoas deve atender todas as
questões de acessibilidade (ABNT, 2020). Caso não seja possível a construção de
uma rota acessível entre o estacionamento de veículos e a entrada da edificação,
deve-se construir um estacionamento exclusivo para pessoas com deficiência e
idosos, em outro local, até um acesso acessível (ABNT, 2020). Deve-se prever
também sinalização informativa e direcional para indicar a localização das entradas
acessíveis (ABNT, 2020).
20

2.2.5 Circulação

A circulação pode ser vertical ou horizontal, sendo que a vertical pode ser
executada através de escadas, rampas, elevadores e plataformas eletromecânicas
(ABNT, 2020). Deve-se atender também ao menos duas formas de deslocamento
vertical (ABNT, 2020).

2.2.5.1 Pisos

Os pisos devem possuir acabamento e revestimento superficial regular e coeso,


não apresentando trepidações ao ser utilizado por cadeira de rodas ou tripé com
rodas, além de ser antiderrapante, estando seco ou molhado (ABNT, 2020). Também
deve evitar estampas que, pelo uso de contraste ou pela cor, possa causar
insegurança ao usuário (ABNT, 2020). Quanto aos pisos táteis, tais tem por finalidade
sinalizar e informar ao usuário sobre rotas a serem seguidas dentro do espaço em que
estão para evitar acidentes (ABNT, 2020).

2.2.5.2 Rampas

De acordo com a ABNT NBR 9050 (2020), rampas são pisos com inclinação
igual ou superior a 5%. Como medidas para tornar as rampas acessíveis a pessoas
com mobilidade reduzida, tem-se o limite máximo de inclinação e o número máximo
de seguimentos (ABNT, 2020). Alguns componentes da rampa são fundamentais,
como corrimão, guia de balizamento e guarda corpo no caso de rampa não possuir
paredes laterais (ABNT, 2020). Também são previstos patamares no início, fim e
intermediários entre os seguimentos de rampa, sendo que as rampas também devem
possuir piso tátil de alerta no início e no fim (ABNT, 2020).

O código de obras do município de Queimados também estabelece que a


existência de rampas de acesso possua dimensões que atendam às normas e leis
21

vigentes, sendo que a inclinação da rampa deve atender o mínimo de 1:8 com relação
ao comprimento (RAMQUEIM).

2.2.5.3 Escadas

Rotas acessíveis que possuem degraus isolados ou escadas devem ser


associadas com rampas ou qualquer outro equipamento eletromecânico de transporte
vertical, devendo-se priorizar as rampas (ABNT, 2020). Não pode haver a utilização
de degraus ou escadas com espelhos vazados, além de que as dimensões tanto do
piso quanto do espelho da escada devem ser constantes ao longo de sua extensão
(ABNT, 2020). Os corrimãos devem ser instalados de acordo com suas características
de estruturas, altura de fixação e extensão, possuindo informações em alto relevo e
Braille no seu início e seu fim, como também devem ser sinalizadas, no início e no
fim, com piso tátil (ABNT, 2020).

2.2.5.4 Elevadores e plataformas

Segundo a ABNT NBR 13994 (2000, p. 2),

“A acessibilidade aos elevadores por pessoas portadoras de


deficiência tem que ser garantida, o que significa que é essencial que
o edifício e aquelas partes que conduzem aos elevadores atendam
aos requisitos das normas aplicáveis (por exemplo, entrada, rampas,
áreas de giro, largura de porta, etc.). Além disso, deve haver uma
especificação precisa, clara e apropriada para os elevadores,
contendo símbolos, alertas sonoros e pictogramas grandes. As
necessidades mencionadas anteriormente devem cobrir a diversidade
de deficiências e não devem trazer dificuldade para as pessoas não
portadoras de deficiências.”
A ABNT NBR NM 313 (2007) estabelece as especificações para acesso e uso
seguro e de maneira independente de elevadores por pessoas, sejam elas com
deficiência o não, inclusive requisitos técnicos necessários para minimizar os perigos
que possam surgir durante o uso dos mesmos.

As plataformas de elevação vertical devem apresentar fechamento contínuo em


suas laterais e serem dotadas de sistema de comunicação, na necessidade de
22

solicitação de auxílio (ABNT, 2020). As plataformas de elevação inclinada


obrigatoriamente devem possuir parada programada nos patamares, assim como
sinalização visual nas áreas de embarque, desembarque e no percurso (ABNT, 2020).

2.2.5.5 Portas, corredores e janelas

Para o dimensionamento das portas, há diversos parâmetros a serem


atendidos, devendo haver espaço para rotação de 360° por parte de uma PCR no
caso de portas em sequência, como também espaço para varredura das portas,
garantir o alcance à maçaneta, dentre outros (ABNT, 2020). Para dimensionar a
largura dos corredores, a ABNT NBR 9050 (2020) recomenda que se considere o fluxo
de pessoas que transitarão pelo mesmo e sua dimensão longitudinal, estabelecendo
também que, no caso de edificações e equipamentos urbanos já existirem e não for
possível adequar as dimensões do corredor aos requisitos da acessibilidade, devem
ser criados espaços que permitam a manobra em 180° por uma cadeira de rodas. No
caso das janelas, a ABNT NBR 9050 (2020) ressalta que é necessário considerar os
limites de alcance visual normatizados, considerando-se o ângulo de visão de pessoas
em pé ou sentadas e sobre a altura a serem instalados os comandos de controle.

2.2.6 Portões de acesso a garagem e acesso de veículos ao lote

Os portões de acesso a garagens, sejam por acionamento manual ou


automático, devem funcionar sem pôr em risco a integridade física do pedestre, com
superfície de varredura funcionando de maneira não invasiva sobre a faixa livre da
calçada, possuindo sinalização sonora e visual para informar a saída de veículos por
esse elemento (SOUZA JÚNIOR e SANTOS, 2019). O acesso de veículos ao lote e
garagem “deve ser feito de forma a não interferir na faixa livre de circulação de
pedestres, sem criar degraus ou desníveis” (ABNT, 2020, p. 75). Uma exceção para
essa regra é referente às faixas de serviço e de acesso onde é permitida a existência
de rampas (ABNT, 2020).
23

2.2.7 Vagas específicas em estacionamento

De acordo com a Lei Federal 10.098, em estacionamento de veículos


localizados em vias ou espaços públicos, devem haver vagas reservadas e
devidamente sinalizadas próximas a rota de acesso de pedestres para pessoas com
locomoção negativamente afetada, seja por alguma deficiência, seja por possuírem
mobilidade reduzida (BRASIL, 2019b). Essas vagas são de dois tipos: aos que
conduzem ou são conduzidos por idosos e aos que conduzem ou são conduzidos por
pessoas com deficiência (BRASIL, 2019b).

2.2.8 Travessia de pedestres e cadeirantes

De acordo com a ABNT NBR 9050 (2020), as travessias sobre as vias, de


pedestres e pessoas em cadeira de rodas, podem ser realizadas por meio da redução
de percurso com alargamento da calçada sobre a pista, faixa elevada instalada
conforme especificação legislativa, ou rebaixamento da calçada. Segundo a ABNT
NBR 9050 (2020), não deve haver desnível entre a faixa de circulação de veículos e
o término do rebaixamento da calçada, havendo cuidado para não faltar informação e
sinalização nas travessias através do piso tátil.

2.2.9 Passarela de pedestres

Sobre passarela de pedestres, estabelece-se que “devem ser providas de


rampas, ou rampas e escadas, ou rampas e elevadores, ou escadas e elevadores,
para sua transposição” (ABNT, 2020, p. 81). Sua largura está condicionada ao fluxo
de pedestres estimado para travessia nos horários de maior movimento (ABNT, 2020).

2.2.10 Dimensões mínimas de calçadas


24

Uma calçada adequada é aquela que propicia a todos que dela se utilizam um
trajeto não só seguro, mas também livre e confortável, havendo como característica a
apresentação de acessibilidade, dimensões adequadas, fluidez, continuidade,
segurança, espaço de socialização e desenho de paisagem (SECRETARIA
MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, 2014).
A calçada é definida como “parte da via, normalmente segregada e em nível diferente,
não destinada à circulação de veículos, reservada ao trânsito de pedestres e, quando
possível, à implantação de mobiliário urbano, sinalização, vegetação e outros fins”
(BRASIL, 2022b). A calçada tem por finalidade conectar e permitir a circulação de
pessoas e a instalação de elementos que auxiliam tais objetivos, assim como
instalação de mobiliários urbanos (RIO DE JANEIRO, 2019). Em relação à qualidade
e o serviço prestado pela calçada, a ABNT NBR 9050 (2020) apresenta requisitos a
serem apresentados em sua construção, como inclinação transversal e longitudinal,
além de suas dimensões mínimas. Para fins de dimensionamento, a calçada pode ser
dividida em três faixas:

a) Faixa de serviço: faixa destinada a implantação do mobiliário urbano, como


postes, golas de árvores, canteiros, jardineiras, rebaixamento para acesso de veículos
ou pedestres, as rampas de acesso e quaisquer outros elementos que devem estar
fora da faixa livre de modo a não interferir na circulação de pessoas (ABNT, 2020);

b) Faixa livre ou passeio: faixa de utilização exclusiva de pedestres, devendo


estar livre de obstáculos e permanecer contínua entre os lotes (ABNT, 2020);

c) Faixa de acesso: espaço situado entre a faixa livre e o lote, possível apenas
em calçadas com largura maior que 2,00 m, sendo que, com autorização da legislação
local, nessa faixa é permitido a projeção de rampa de acesso aos lotes, no caso de
edificações já construídas (ABNT, 2020).

2.2.11 Acessibilidade em espaços públicos

Estabelece-se que “é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz,


podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou sair com
seus bens” (BRASIL, 2022a). O exercício pleno da cidadania só é possível com o
diálogo entre os elementos de dimensões variadas, havendo fatores políticos, sociais,
25

culturais e espaciais, ou seja, o local ocupado no espaço por cada um de tais


elementos, seja espaço de trabalho, equipamentos sociais ou local de lazer, influencia
diretamente na condição de cidadão, sendo que a ausência de harmonia entre as
pessoas e tais elementos coloca tal cidadania em cheque (SANTOS et al., 2006 apud
CASSAPIAN e RECHIA, 2014).

Quanto aos espaços públicos, a ABNT NBR 9050 (2020) determina que locais
de reunião, como teatro, cinemas e similares, devem possuir espaços exclusivos para
pessoas com cadeira de rodas, mobilidade reduzida, além de assentos para pessoas
obesas. Tais espaços devem estar localizados em rotas acessíveis, apresentar as
mesmas condições de serviço oferecidas aos espaços comuns e distribuídos por toda
a área de uso (ABNT, 2020). As dimensões do espaço a ser ocupado por cada
elemento devem estar em conformidade com as dimensões do módulo de referência
(M.R.) (ABNT, 2020). A quantidade mínima de assentos acessíveis que cada
ambiente deve oferecer está ligada a capacidade total de assentos do ambiente
(ABNT, 2020).

De acordo com a ABNT NBR 9050 (2020), os balcões de atendimento,


bilheterias, caixa bancário e similares devem ter identificações claras, situadas em
rotas acessíveis, além de possuírem um M.R. para aproximação frontal e garantir
circulação adjacente que permita giro de 180° para pessoa em cadeira de rodas. Ao
atendente cadeirante também são garantidas condições de circulação, manobra e
aproximação, com mobiliário de acordo com os padrões normatizados (ABNT, 2020).
As mesas e superfícies de trabalho também devem ter fácil identificação e estarem
localizadas na rota acessível (ABNT, 2020). Segundo a ABNT NBR 9050 (2020),
equipamentos de controle de entrada com catracas devem previr também o uso de
portas e portões com vãos que atendam aos requisitos de acessibilidade. No caso de
palcos, plateias e bastidores, a circulação tais áreas devem estar livres de obstáculos,
sendo que suas rampas ou degraus devem possuir ao menos um corrimão, possuindo
sinalização adequada (ABNT, 2020). Restaurantes, refeitórios, bares e similares
devem reservar um determinado percentual de mesas do total para acessibilidade a
pessoas com cadeira de rodas, havendo localização ligada a rota acessível,
distribuídas pelo recinto e em local que seja possível o uso de todos os serviços do
estabelecimento (ABNT, 2020).
26

Para locais de hospedagem, a ABNT NBR 9050 (2020) recomenda que devem
ser acessíveis, com dormitórios atendendo a todas as condições de acessibilidade no
aspecto de alcance manual e visual, sendo que não se deve obstruir a faixa livre de
circulação interna, prevendo área de manobra no acesso a camas, armários e
banheiros. Em locais onde são ofertados os serviços de telefone, interfone e outros
equipamentos, as informações sobre o uso devem ser feitas em Braille e texto com
letra ampliada e de cor contrastante (ABNT, 2020).

Em locais de esporte, lazer e turismo, todas as áreas de prática de esporte


devem ser acessíveis, com determinadas exceções, devendo haver rotas acessíveis
aos espaços para pessoas em cadeira de rodas e assentos para pessoas com
mobilidade reduzida, além de pessoas obesas (ABNT, 2020). Sanitários acessíveis,
assim como vestiários, devem estar localizados nas áreas de uso público e nas áreas
de prática de esporte (ABNT, 2020). O acesso às piscinas deve ser projetado de
acordo com as características das mesmas, sendo que os meios utilizáveis para tal
acesso são rampas, equipamentos de acesso, banco de transferência e escada
(ABNT, 2020).

Os parques, praças e jardins, segundo a ABNT NBR 9050 (2020), devem


possuir rotas acessíveis, interferindo o mínimo possível no meio ambiente, sendo que
os pisos e mobiliários urbanos, quando existentes, devem atender às normas de
acessibilidade. Nas praias deve haver dispositivos para vencer o desnível entre o
passeio e a areia, além de garantir faixa livre de obstáculos até o trajeto para o mar
(ABNT, 2020). Tal trajeto deve ser sinalizado com o símbolo internacional de
acessibilidade adequado (ABNT, 2020). Além disso, “recomenda-se que, junto a cada
área de acesso adaptado à praia, exista um sanitário unissex acessível” (ABNT, 2020,
p. 134).

Para o acesso às escolas, a ABNT NBR 9050 (2020) determina que o acesso
dos alunos ao lote deve ser feito pela via de menor fluxo de tráfego de veículos,
existindo uma rota acessível interligando todas as dependências do estabelecimento,
incluindo locais de práticas esportivas, estudos, bibliotecas, locais de exposição e
outros. Nas bibliotecas, todo mobiliário deve atender os requisitos de acessibilidade,
observando a largura dos corredores, disposição de mesas de leitura, espaço de
manobra para cadeira de rodas, alcance dos livros pelas pessoas com deficiência
(ABNT, 2020).
27

Segundo a ABNT NBR 9050 (2020), em locais de comércio e atendimento ao


público, deve haver ao menos uma entrada acessível, espaço para manobra de
cadeiras de rodas com rotação de 180°, sendo que, no caso de locais onde existam
provadores, pelo menos um deve ser acessível. As portas, tanto as de entrada quanto
internas devem obedecer às normas de acessibilidade (ABNT, 2020). O mesmo se
aplica aos estabelecimentos bancários, cujos balcões e equipamentos de
autoatendimento devem ser acessíveis (ABNT, 2020). Tais locais de atendimento ao
público, no caso de possuir espaço de espera, devem prever assentos acessíveis para
pessoas obesas, assim como espaço específico para pessoas em cadeira de rodas,
todos sinalizados (ABNT, 2020).

Segundo a ABNT NBR 9050 (2020), as áreas de saúde que ocupam internação
de pacientes devem possuir banheiros acessíveis e adaptáveis, por pavimento.
Recomenda-se que ao menos uma das salas de prestação de serviços deve ser
acessível, assim como deve ser previsto nos assentos de espera para pessoa obesa
(ABNT, 2020).

Em locais de detenção de pessoas, como delegacias e presídios, a ABNT NBR


9050 (2020) estabelece que “o acesso, circulação e utilização dos elementos e
espaços permitidos ao público em geral nas delegacias, penitenciárias ou locais
similares devem ser acessíveis, desde que sem comprometer a segurança” (ABNT,
2020, p. 137). Além disso, atendimento ao público, locais de espera e celas com
instalações sanitárias devem obedecer às normas de acessibilidade (ABNT, 2020).

2.2.11.1 Sanitários

Quanto aos banheiros acessíveis, considera-se:

“O banheiro necessita atender às diferentes características das


pessoas que vão utilizá-lo e isso deve ocorrer de uma forma segura e
independente. O usuário portador de deficiência não consegue, muitas
vezes, entrar no ambiente em que esteja localizada a bacia sanitária,
pias e chuveiro devido a dimensões inadequadas, portas com vãos
estreitos e peças e metais sanitários dispostos de uma forma
inacessível para uma pessoa com mobilidade reduzida” (GHIRALDI,
2014, p. 29).
28

Um banheiro não acessível causa danos tanto psicológicos quanto sociais ao


usuário portador de deficiência, geralmente necessitando da ajuda de terceiros para
serem capazes de utilizar tal espaço até mesmo na própria residência quando a
mesma não atende aos requisitos da acessibilidade, possuindo equipamentos e
ambientes inadequados, problemas minimizados quando um banheiro possui, no
mínimo, a identificação de acessibilidade do local por meio dos símbolos
internacionais de acessibilidade (GHIRALDI, 2014).

Quanto aos aspectos normativos relacionados aos sanitários, estabelece-se:

“Os sanitários, banheiros e vestiários acessíveis devem obedecer aos


parâmetros desta Norma quanto às quantidades mínimas necessárias,
localização, dimensões dos boxes, posicionamento e características
das peças, acessórios barras de apoio, comandos e características de
pisos e desnível. Os espaços, peças e acessórios devem atender aos
conceitos de acessibilidade, como as áreas mínimas de circulação, de
transferência e de aproximação, alcance manual, empunhadura e
ângulo visual” (ABNT, 2020, p. 83).
Os requisitos supracitados são de aplicação em sanitários, banheiros e
vestiários de qualquer tipo de edificação, salvo as exceções estabelecidas em norma
(ABNT, 2020).

A ABNT NBR 9050 (2020) determina pontos relacionados a dimensão do box


do chuveiro, altura e localização de bacias sanitárias, mictórios e lavatórios, área de
circulação, manobra e transferência, barras de apoio e acessórios. Recomenda-se
também que a instalação dos sanitários acessíveis deve ser feita junta às rotas
acessíveis e integrada aos outros sanitários (ABNT, 2020). Em locais de grande fluxo
e aglomeração de pessoas, recomenda-se a instalação de sanitário acessível que
possibilite o acesso de pessoa com mobilidade reduzida com acompanhante, que
possua entrada independente, mas junto aos demais sanitários (ABNT, 2020).
29

3 METODOLOGIA

Nesta metodologia será utilizada como base a ABNT NBR 9050 (2020, p. 1),
que em seu escopo “estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados
quanto ao projeto, construção, instalação e adaptação do meio urbano e rural, e de
edificações às condições de acessibilidade”. Tais critérios estabelecem dimensões
mínimas para que áreas e elementos mobiliários possam ser acessíveis a todas as
pessoas, inclusive aquelas apresentam dificuldade de locomoção (ABNT, 2020).

3.1 Parâmetros Antropométricos

Esta seção trata dos métodos de dimensionamento de projeto, quanto aos


parâmetros estabelecidos em norma técnica para medidas do usuário em relação a
equipamentos e ambiente.

3.1.1 Pessoas em pé

A figura 1 informa as dimensões de referência para deslocamento em pé,


detalhando o espaço que ocupam de acordo com os objetos auxiliares utilizados para
locomoção segundo a ABNT NBR 9050 (2020), apresentando as dimensões em
metro.
30

Figura 1 – Dimensões de referência para deslocamento em pé

Fonte: Adaptado de ABNT (2020).


31

Legenda:

A: uma bengala;

B: duas bengalas;

C: andador com rodas;

D: vistas frontal e lateral do andador rígido;

E: vistas frontal e lateral das muletas;

F: muletas tipo canadense;

G: apoio de tripé;

H: sem órtese;

I: vistas lateral, frontal e superior da bengala longa;

J: cão-guia.

3.1.2 Pessoas em cadeira de rodas (P.C.R.)

Para pessoas em cadeira de rodas (P.C.R.), seja manual ou motorizada, sem


reboque, as dimensões recomendadas são apresentadas conforme a figura 2, sendo
as dimensões apresentadas em metros a menos que haja unidade especificada.

Figura 2 – Dimensões da cadeira de rodas

Fonte: Adaptado de ABNT (2020).


32

Legenda:

A: vista frontal aberta;

B: vista frontal fechada;

C: vista lateral;

D: vista frontal da cadeira cambada.

3.1.2.1 Módulo de referência (M.R.)

As dimensões do módulo de referência (M.R.) são apresentadas conforme a


figura 3, sendo as dimensões apresentadas em metros.

Figura 3 – Módulo de referência

Fonte: ABNT (2020).

3.1.3 Área de transferência

Conforme a ABNT NBR 9050 (2020), as áreas de transferência devem ter, no


mínimo, as dimensões normativas do M.R., garantindo condições de deslocamento e
manobra a fim de permitir que o M.R. se posicione junto à área de transferência, como
mostra a figura 4, sendo as dimensões apresentadas em metros.
33

Figura 4 – Áreas de transferência

Fonte: Adaptado de ABNT (2020).

Legenda:

A: vista superior da área de transferência;

B: vista superior da área de manobra.

3.1.4 Área de aproximação

Segundo a ABNT NBR 9050 (2020), as aproximações podem ser frontais ou


laterais e requerem uma área sob o objeto do qual se quer aproximar entre 0,25 e
0,50 m, conforme as figuras 5 e 6, sendo as dimensões apresentadas em metros.
34

Figura 5 – Área de aproximação – valores máximos

Fonte: ABNT (2020).

Figura 6 – Área de aproximação – valores mínimos

Fonte: ABNT (2020).


35

3.1.5 Alcance manual frontal

A figura 7 apresenta as dimensões para alcance manual frontal para P.C.R.,


sendo as dimensões apresentadas em metros.

Figura 7 – Alcance manual frontal

Fonte: Adaptado de ABNT (2020).

Legenda:

A3: altura do centro da mão, com o antebraço formando 90° com o tronco;

B3: altura do centro da mão estendida ao longo do eixo longitudinal do corpo;

C3: altura mínima livre entre a coxa e a parte inferior de objetos e


equipamentos;

D3: altura mínima livre para encaixe dos pés;

E3: altura do piso até a parte superior da coxa;

F3: altura mínima livre para encaixe da cadeira de rodas sob o objeto;

G3: altura das superfícies de trabalho ou mesas;

H3: altura do centro da mão, com o braço estendido paralelo ao piso;


36

I3: altura do centro da mão, com o braço estendido formando 30° com o piso =
alcance máximo confortável;

J3: altura do centro da mão, com o braço estendido formando 60° com o piso =
alcance máximo eventual;

L3: comprimento do braço na horizontal, do ombro ao centro da mão;

M3; comprimento do antebraço (do centro do cotovelo ao centro da mão);

N3: profundidade da superfície de trabalho necessária para aproximação total;

O3: profundidade da nádega à parte superior do joelho;

P3: profundidade mínima necessária para encaixe dos pés.

3.1.6 Aproximação lateral sem deslocamento do tronco

A figura 8 apresenta as dimensões referenciais para uma P.C.R. alcançar


objetos através de aproximação lateral, referente tanto a altura quanto a profundidade
alcançável, sem a necessidade de deslocar o tronco, sendo as dimensões
apresentadas em metros.

Figura 8 – Aproximação lateral sem deslocamento do tronco

Fonte: ABNT (2020).


37

3.1.7 Aproximação lateral com deslocamento do tronco.

A figura 9 apresenta dimensões referenciais para alcance manual lateral e


frontal com deslocamento do tronco, sendo as dimensões apresentadas em metros.

Figura 9 – Aproximação lateral com deslocamento do tronco

Fonte: ABNT (2020).


38

3.1.8 Superfície de trabalho

A superfície de trabalho acessível deve atender as dimensões apresentadas


nas figuras 10 e 11, sendo as dimensões apresentadas em metros.

Figura 10 – Superfície de trabalho – vista superior

Fonte: ABNT (2020).

Figura 11 Superfície de trabalho – vista frontal

Fonte: ABNT (2020).


39

3.1.9 Empunhadura

A figura 12 apresenta as dimensões de afastamento que objetos como corrimão


e barras de apoio devem estar em relação à parede ou com obstáculos, como também
demonstra as seções circulares ou outros tipos de seções admitidas na ABNT NBR
9050 (2020), sendo as dimensões apresentadas em milímetros.

Figura 12 – Empunhadura

Fonte: ABNT (2020).

Legenda:

1: medida da menor seção do corrimão;

2: medida da maior seção do corrimão;

3: arco da seção do corrimão.


40

3.1.10 Maçanetas, puxadores e barras antipânico

Segundo a ABNT NBR 9050 (2020), as maçanetas devem possuir ao menos


100 mm de comprimento e uma distância de 40 mm da superfície da porta.

A ABNT NBR 9050 (2020) estabelece que os puxadores verticais devem ser
instalados com afastamento mínimo de 40 mm da superfície da porta, possuir
diâmetro entre 25 mm e 35 mm, comprimento mínimo de 0,30 m e ser instalado
afastado 0,10 m do batente da porta. A ABNT NBR 9050 (2020) também esclarece
que os puxadores horizontais devem ter diâmetro entre 25 mm e 35 mm, afastamento
mínimo de 40 mm entre o puxador e a superfície da porta, comprimento mínimo de
0,40 m e ser instalado afastado a 0,10 m do batente da porta do lado das dobradiças.

A figura 13 mostra a altura para instalações de maçanetas e puxadores nas


portas, sendo as dimensões apresentadas em metros.

Figura 13 – Maçanetas, puxadores e barras antipânico

Fonte: ABNT (2020).

As barras antipânico devem obedecer integralmente a ABNT NBR 11785, além


de deverem ser instaladas à altura de 0,90 m do piso acabado (ABNT, 2020).
41

3.1.11 Controles (dispositivos de comando ou acionamento)

Conforme a figura 14, sendo as dimensões apresentadas em centímetros, os


controles devem possuir ao menos uma dimensão de valor igual ou superior a 2,5 cm.

Figura 14 – Controles

Fonte: ABNT (2020).

A altura de instalação dos controles varia de acordo com o tipo de comando e


controle:

a) Interruptores: altura de instalação varia de 0,60 m a 1,00 m (ABNT, 2020);

b) Campainhas e acionadores manuais (alarmes): altura de instalação varia de


0,40 m a 1,00 m (ABNT, 2020);

c) Tomadas: altura de instalação varia de 0,40 m a 1,00 m (ABNT, 2020);

d) Interfones, telefones e atendimento automático: altura de instalação varia de


0,80 m a 1,20 m (ABNT, 2020);

e) Quadros de luz: altura de instalação varia de 0,80 m a 1,20 m (ABNT, 2020);

f) Registros de pressão: altura de instalação varia de 0,80 m a 1,20 m (ABNT,


2020);
42

g) Comandos de janela: altura de instalação varia de 0,60 m a 1,20 m (ABNT,


2020);

h) Maçanetas das portas: altura de instalação varia de 0,80 m a 1,10 m (ABNT,


2020);

i) Dispositivos de inserção e retirada de produtos: altura de instalação varia de


0,40 m a 1,20 m (ABNT, 2020);

j) Comandos de precisão: altura de instalação varia de 0,80 m a 1,00 m (ABNT,


2020).

3.1.12 Assentos para pessoas obesas

Conforme mostra a figura 15, sendo as dimensões apresentadas em metros,


os assentos para pessoas obesas devem apresentar as seguintes características:

- Profundidade de assento entre 0,47 m e 0,51 m (ABNT, 2020);

- Largura mínima de 0,75 m, medida entre as bordas no terço mais próximo do


encosto, podendo ser utilizada a largura do somatório de dois assentos comuns e que
possua resultado superior a 0,75 m (ABNT, 2020);

- A altura do assento deve variar entre 0,41 m e 0,45 m, medida tal adquirida
na parte frontal e mais alta (ABNT, 2020);

- Possuir ângulo de inclinação em relação ao plano horizontal entre 2º e 5º


(ABNT, 2020);

- Possuir “ângulo entre assento e encosto de 100° a 105°” (ABNT, 2020, p. 26);

- Os apoios, quando existentes, devem estar a uma altura de 0,23 m a 0,27 m


em relação ao assento (ABNT, 2020);

- Devem suportar 250,0 kg de carga (ABNT, 2020).


43

Figura 15 – Assentos para pessoas obesas

Fonte: Adaptado de ABNT (2020).

Legenda:

A: vista lateral;

B: vista superior.

3.1.13 Parâmetros visuais

As figuras 16, 17 e 18 apresentam, em diferentes distâncias horizontais,


aplicação de ângulos de alcance visual para pessoas em pé, pessoas sentadas e em
cadeiras de rodas, sendo as dimensões apresentadas em metros.
44

Figura 16 – Parâmetros visuais – pessoa em pé

Fonte: ABNT (2020).


45

Figura 17 – Parâmetros visuais – pessoa sentada

Fonte: ABNT (2020).


46

Figura 18 – Parâmetros visuais – pessoa em cadeira de rodas

Fonte: ABNT (2020).

3.1.14 Parâmetros auditivos

Para uma melhor percepção pelo ser humano, os sons devem estar em uma
frequência entre 20 Hz e 20000 Hz, a uma intensidade entre 20 dB e 120 dB e com
duração mínima de 1 segundo (ABNT, 2020).
47

3.2 Informação e Sinalização

Nesta seção serão abordadas as questões de dimensionamento, posição de


fixação, contraste de cor e relevo dos elementos utilizados no tema informação e
sinalização em um ambiente para que o mesmo possa ser avaliado como acessível.

3.2.1 Altura de fixação de sinalização

Segundo a ABNT NBR 9050 (2020), os elementos de sinalização devem ser


instalados em altura que favoreça uma boa legibilidade e clareza na informação,
sendo que quando forem instalados de forma suspensa, devem estar a uma altura
acima de 2,10 m do piso acabado.

3.2.2 Contraste visual

O contraste visual tem como objetivo realçar elementos entre si através de uma
composição claro-escuro ou escuro-claro, proporcionando ao observador condições
de diferenciá-los (ABNT, 2020), sendo os parâmetros recomendados de diferença de
escala do Valor da Luz Refletida (LRV) demonstrados pela tabela 1.

Tabela 1 – Tabela de contraste visual

Aplicação visual do ΔLRV Diferença na escala

Em áreas amplas (parede, piso, portas,


teto), aplicação de elementos e
≥ 30 pontos
componentes para facilitar a orientação
(corrimãos, controles, pisos táteis).

No caso de perigo em potencial, aplicação


≥ 60 pontos
de textos informativos (sinalizações).
48

Nota 1: Na aplicação do LRV, os planos mais claros devem ter mínimo


de 50 pontos.

Nota 2: Utilizar como referência para contraste visual o LRV e fatores


relevantes de projeto determinados pela ABNT NBR 9050 (2020).

Fonte: Adaptada de ABNT (2020)

3.2.3 Símbolos visuais e crominância

Os símbolos visuais devem ter a altura na proporção de 1/200 da distância de


visada e no mínimo 8,0 cm (ABNT, 2020). Em relação as cores, a ABNT NBR 9050
(2020) orienta utilizar as recomendações da NR-26 – Sinalização de segurança. A
tabela 2 apresenta os valores das cores utilizadas.

Tabela 2 – Tabela de crominância

Cores Comprimento de onda Unidade

Vermelha 625 nm a 740 nm Frequência

Laranja 590 nm a 625 nm Frequência

Amarela 565 nm a 590 nm Frequência

Verde 500 nm a 565 nm Frequência

Branca 5 500 °k ± 10% Temperatura

Fonte: Adaptado de ABNT (2020).


49

3.2.3.1 Contraste tátil

Textos e símbolos táteis devem possuir o alto relevo com altura entre 0,8 mm
e 1,2 mm (ABNT, 2020). As frases curtas devem ser escritas em caixa alta, ao passo
que as sentenças devem ser escritas em caixa alta e caixa baixa, sendo que devem
ser evitados textos na vertical (ABNT, 2020).

Os textos em alto relevo devem ser associados ao texto Braille (ABNT, 2020) e
os seus caracteres devem obedecer às seguintes condições de dimensão:

- Os tipos de fonte devem possuir letras e números com dimensões


proporcionais à distância de leitura, na relação 1/200, sendo utilizadas letras de caixa
alta caso o texto possua fins de advertência, também não utilizando-se textos na
vertical, nem fontes com serifa (ABNT, 2020);

- O relevo deve ter altura entre 0,8 mm e 1,2 mm (ABNT, 2020);

- Os caracteres devem ter altura de entre 15 mm e 50 mm e possuírem como


distância entre si um valor de 1/5 da altura (H) da letra;

- A distância entre as linhas deve ser de 8,0 mm.

3.2.3.2 Símbolos táteis

No caso de sinalização dos ambientes, os símbolos devem ter a altura na


proporção de 1/200 da distância de visada e no mínimo 80 mm, sendo que seu
desenho possua contorno forte e bem definido, apresente-se simples e estável na
forma e possua pouco detalhamento, sendo a altura do relevo de 0,6 mm a 1,20 mm
e distância entre símbolo e texto de 8,0 mm, devendo ser utilizados símbolos de
padrão internacional (ABNT, 2020).
50

3.2.3.3 Sinalização em Braille

Segundo a ABNT NBR 9050 (2020), mesmo onde é utilizada informações em


Braille, não se deve dispensar a utilização da sinalização visual e tátil, com caracteres
em relevo, havendo exceção quando se tratar de sinalização de corrimão de escadas
e rampas, onde a sinalização visual e tátil pode ser dispensada.

Para informação em Braille em impressos, é dispensável o uso de textos e


símbolos em relevo, sendo que, no caso de sentenças longas, deve-se utilizar o texto
em Braille alinhado à esquerda com o texto em relevo (ABNT, 2020). Pontos em Braille
devem possuir arestas arredondadas (ABNT, 2020). O texto em Braille deve ser feito
conforme a tabela 3 e as figuras 19 e 20.

Figura 19 – Arranjo dos pontos em Braille

Fonte: Adaptado de ABNT (2020).

Tabela 3 – Dimensões do arranjo dos pontos em Braille

Diâmetro do Altura do ponto H


a (mm) b (mm) c (mm) d (mm)
ponto e = D (mm) (mm)

2,7 2,7 6,6 10,8 de 1,2 a 2,0 de 0,6 a 0,8

* D significa diâmetro.

Fonte: Adaptado de ABNT (2020).


51

Figura 20 – Dimensões do ponto em Braille, em milímetros

Fonte: Adaptado de ABNT (2020).

A ABNT NBR 9050 (2020) estabelece que a relação entre os valores de H e D,


apresentados pela figura 20, está na equação:

D (1)
P=
H

Onde:

P: “proporção entre o diâmetro e a altura” (ABNT, 2020, p. 39);

D: “diâmetro, expresso em milímetros (mm)” (ABNT, 2020, p. 39);

H: “altura do relevo, expressa em milímetros (mm)” (ABNT, 2020, p. 39).

Estabelecendo-se também que os valores de cada um deve estar entre:

P: “1,2 mm e 2,0 mm” (ABNT, 2020, p. 39);

D: “0,6 mm e 0,8 mm” (ABNT, 2020, p. 39);

H: “2,0 e 2,5” (ABNT, 2020, p. 39).


52

3.2.4 Linguagem e sinais sonoros

Os sinais sonoros podem ser verbais ou não verbais, sendo que segundo a
ABNT NBR 9050 (2020), os sinais verbais podem ser digitalizados ou sintetizados,
conter apenas uma sentença completa e estar na forma ativa e imperativa, além de
que os sinais sonoros não verbais devem apresentar as seguintes características:

- Frequência de 100 Hz, 1000 Hz e 3000 Hz para sinais de localização e


advertência (ABNT, 2020);

- No caso de sinais de instrução, devem ser acrescidas outras frequências entre


100 Hz e 3000 Hz (ABNT, 2020);

- Não podem ultrapassar 3000 Hz (ABNT, 2020).

3.2.5 Símbolos

A ABNT NBR 9050 (2020) discorre que, para indicação de acessibilidade nas
edificações, mobiliários e equipamentos urbanos, devem ser utilizados os Símbolos
Internacionais de Acesso (SIA), que consistem em um pictograma branco sobre fundo
azul, porém havendo também como opções a utilização de representações em branco
e preto, conforme a figura 21, sempre voltado para o lado direito.

Figura 21 – Símbolos internacionais de acesso

Fonte: ABNT (2020).

Os símbolos internacionais para pessoas com deficiência visual e auditiva


obedecem aos mesmos critérios supracitados, podendo ser observados nas figuras
22 e 23.
53

Figura 22 – Símbolos internacionais referentes à deficiência visual

Fonte: ABNT (2020).

Figura 23 – Símbolos internacionais referentes à deficiência auditiva

Fonte: ABNT (2020).

Além dos símbolos apresentados acima, a ABNT NBR 9050 (2020) também
apresenta outros símbolos, os chamados símbolos complementares, utilizados para
indicar facilidades ou preferência nos serviços oferecidos. Tais símbolos podem ser
individuais ou compostos e inseridos em quadrados ou círculos, como mostra a figura
24.

Figura 24 – Símbolos complementares

Fonte: ABNT (2020).


54

Legenda:

A: grávida;

B: pessoa com criança de colo;

C: pessoa idosa;

D: pessoa obesa;

E: pessoa com mobilidade reduzida;

F: pessoa com deficiência visual acompanhada de cão-guia;

G: sanitário feminino;

H: sanitário masculino;

I: sanitário feminino e masculino

J: sanitário feminino acessível;

K: sanitário masculino acessível;

L: sanitário feminino e masculino acessível;

M: sanitário familiar acessível;

N: elevador;

O: escada rolante;

P: escada rolante com degrau para cadeira de rodas;

Q: escada;

R: escada com plataforma móvel;

S: rampa;

T: esteira rolante;

U: símbolos internacionais de informação;

V: telefone;

W: telefone com teclado;

X: telefone com amplificador sonoro.


55

3.2.6 Sinalização de portas e passagens

De acordo com a ABNT NBR 9050 (2020), a sinalização nas portas e


passagens, quando for o caso de receberem sinalização, devem obedecer aos
aspectos dimensionais e de localização demonstrados na figura 25.

Além dos dados fornecidos na figura 25, a ABNT NBR 9050 (2020) salienta que
todas as portas de sanitários, banheiros e vestiários devem ser sinalizadas, devendo-
se obedecer aos seguintes aspectos quanto à sinalização:

- Se instalada entre 0,90 m e 1,20 m, tal instalação deve ser feita na parede ao
lado da maçaneta em plano inclinado entre 15º e 30º (ABNT, 2020);

- Quando instalada na porta, deve ser centralizada e sem informações táteis


(ABNT, 2020);

- Como complemento da informação instalada, deve existir informação tátil ou


sonora na parede adjacente ou no batente da porta (ABNT, 2020).

Figura 25 – Faixa de alcance acessível

Fonte: ABNT (2020).


56

Legenda:

A: porta;

B: passagem.

3.2.7 Planos e mapas acessíveis

Planos e mapas acessíveis são representações visuais, táteis e/ou sonoras


empregadas para direcionar e orientar os usuários quanto à localização dos espaços
e serviços oferecidos, devendo permitir alcance visual e manual (ABNT, 2020).

3.2.8 Sinalização de pavimentos

A sinalização de pavimentos deve ter dimensões e localizações conforme


mostram as figuras 26 e 27, sendo as dimensões apresentadas em metros.

Figura 26 – Sinalização de pavimentos – vista superior

Fonte: ABNT (2020).


57

Figura 27 – Sinalização de pavimentos – vista lateral

Fonte: ABNT (2020).

3.2.9 Sinalização de degraus isolados e degraus de escada

Degraus isolados são referentes às sequências de até dois degraus, devendo


receber sinalização em toda sua extensão, tanto no piso quanto no espelho, realizada
por meio de faixa com no mínimo 3,0 cm de largura contrastante com o piso ao lado
(ABNT, 2020).

Degraus de escada devem possuir sinalização visual fotoluminescente ou


retroiluminada, no caso de saídas de emergência e/ou rota de fuga e devem obedecer
às dimensões estipuladas pela ABNT NBR 9050 (2020), conforme as figuras 28 e 29,
sendo as dimensões apresentadas em metros exceto aquelas com unidade definida.

Figura 28 – Sinalização de degraus – opção A

Fonte: ABNT (2020).


58

Figura 29 – Sinalização de degraus – opção B

Fonte: ABNT (2020).

3.2.10 Sinalização de elevadores e plataformas elevatórias

De acordo com a ABNT NBR 9050 (2020), os painéis de chamada de


elevadores e plataformas devem apresentar informações em relevo e Braille para
orientar os usuários quanto à operação dos mesmos, obedecendo as normas ABNT
NM 313 e ABNT NBR ISO 9386-1, além de estarem localizadas nos dois batentes
externos, realizando a indicação do andar. As dimensões dos caracteres utilizados
nessas sinalizações devem ser de 15 mm a 50 mm de altura e apresentarem distância
de 5 mm um do outro, com altura de instalação entre 1,20 m e 1,60 m do piso (ABNT,
2020).

3.2.11 Sinalização de espaço reservado para P.C.R.

Para sinalização de espaço reservado para P.C.R. (M.R.), a ABNT NBR 9050
(2020) dita que deve ser utilizado o SIA, sendo que suas dimensões mínimas devem
ser de 15 cm x 15 cm, como mostra a figura 30, sendo as dimensões apresentadas
em metros.
59

Figura 30 – Sinalização de espaço reservado para P.C.R.

Fonte: ABNT (2020).

3.2.12 Alarmes

Alarmes são equipamentos utilizados para informar situações de emergência


através de linguagem visual, tátil e sonora, devendo serem instalados em espaços
confinados, como sanitários (ABNT, 2020). Devem ser instalados conforme a figura
31. Para os alarmes em semáforo, a ABNT NBR 9050 (2020) estabelece que eles
devem ser instalados de modo que funcionem associados e sincronizados aos sinais
visuais, devendo seu comando ser instalado entre 0,80 m e 1,20 m do piso.

Figura 31 – Posições possíveis para instalação de alarmes

Fonte: ABNT (2020).


60

3.3 Acessos e Circulação

Nesta seção serão abordados os critérios de acessibilidade estabelecidos pela


ABNT NBR 9050 (2020) para dimensionamento de acessos e áreas de circulação para
um espaço acessível a todas as pessoas.

3.3.1 Iluminação

Segundo a ABNT NBR 9050 (2020), deve ser prevista em toda rota acessível
iluminação natural ou artificial, devendo apresentar iluminância de 150 lux, com
medição realizada a 1,00 m do chão, havendo exceção quanto a ambientes
específicos que podem possuir níveis inferiores de iluminância, como cinemas e
teatros.

3.3.2 Acessos

Em casos de edificações a serem adaptadas, deve ser prevista a acessibilidade


em todas as entradas, sendo que quando isso não for possível, deve-se adaptar o
maior número possível de entradas e que não tenham a distância de uma para outra
superior a 50 m (ABNT, 2020).

No caso de estacionamentos em que não há possibilidade de rota acessível


para o acesso à edificação, a ABNT NBR 9050 (2020) prevê a criação de vagas em
outro local para pessoas idosas e com deficiência, localizada a uma distância máxima
de 50 m até um acesso acessível.
61

3.3.3 Circulação

Segundo a ABNT NBR 9050 (2020), a circulação pode ser vertical ou horizontal,
apresentando características quanto ao revestimento, inclinação e desníveis do piso.

Para inclinação transversal da superfície, a ABNT NBR 9050 (2020) estabelece


que tal deve ser de no máximo 2% para piso interno e 3% para piso externo, devendo
a inclinação longitudinal ser inferior a 5%, sendo que um piso apresentando inclinação
superior a tal valor deve ser considerado como rampa.

Quanto aos desníveis, caso não possam ser evitados, não necessitam de
tratamento especial desde que apresentem dimensão de no máximo 5 mm (ABNT,
2020). Quanto aos desníveis presentes no intervalo entre 5 mm e 20 mm, tais devem
apresentar inclinação máxima de 50%, de acordo com figura 32, além de que quando
forem superiores a 20 mm, tais desníveis devem ser tratados como degraus e
possuem regras próprias de dimensionamento (ABNT, 2020).

Para reformas, a ABNT NBR 9050 (2020) permite considerar um desnível de


no máximo 75 mm, com inclinação máxima de 12,5%, de acordo com figura 34. Já
para as soleiras de portas ou vãos de passagem com desnível de no máximo um
degrau, a ABNT NBR 9050 (2020) estabelece que devem ter parte de sua extensão
lateral substituída por rampa de largura mínima de 0,90 m, sendo que a inclinação
deve não só estar em função do desnível como também atender aos parâmetros
presentes nas figuras 33 e 34. O restante do desnível pode permanecer em degrau
desde que seja instalada uma barra de apoio com comprimento mínimo de 0,30 m e
cujo eixo esteja a 0,75 m da altura do piso, sem interferir na área de circulação pública
(ABNT, 2020).

Figura 32 – Desníveis, dimensões em milímetros

Fonte: ABNT (2020).


62

Tabela 4 – Dimensões de rampas

Desníveis máximos Inclinação admissível em


Número máximo de
de cada segmento cada segmento de rampa i
segmentos de rampa
de rampa h (m) (%)

1,50 5,00 (1:20) Sem limite

1,00 5,00 (1:20) < i ≤ 6,25 (1:16) Sem limite

0,80 6,25 (1:16) < i ≤ 8,33 (1:12) 15

Fonte: ABNT (2020).

Tabela 5 – Dimensões de rampas para casos excepcionais

Desníveis máximos de Inclinação admissível em


Número máximo de
cada segmento de cada segmento de rampa i
segmentos de rampa
rampa h (m) (%)

0,20 8,33 (1:12) < i ≤ 10,00 (1:10) 4

0,075 10,00 (1:10) < i ≤ 12,5 (1:8) 1

Fonte: ABNT (2020).

Para o caso de grelhas e juntas de dilatação, quando não haver possibilidade


de evitá-las tecnicamente, a ABNT NBR 9050 (2020) estabelece que elas devem
apresentar um vão máximo de dimensão de 15 mm. No caso de tampas de caixas de
inspeção e visita, a ABNT NBR 9050 (2020) recomenda que estejam niveladas com o
piso adjacente, com eventuais frestas entre eles de no máximo 15 mm. Já os
capachos, forrações, carpetes, tapetes e outros elementos similares devem ser
evitados nas rotas acessíveis (ABNT, 2020). No caso da existência dos mesmos, tais
devem ser fixados ao piso, embutidos ou sobrepostos de maneira que o seu desnível
em relação ao piso não seja maior que 5 mm (ABNT, 2020).
63

3.3.4 Área de resgate

Segundo a ABNT NBR 9050 (2020), nas áreas de resgate devem ser
reservados espaços para P.C.R., conforme mostra a figura 33, sendo as dimensões
apresentadas em metros.

Figura 33 – Exemplos de espaços reservados para P.C.R.

Fonte: ABNT (2020).


64

Legenda:

1: primeiro exemplo;

2: segundo exemplo;

3: terceiro exemplo;

4: quarto exemplo.

3.3.5 Área de descanso

A ABNT NBR 9050 (2020) recomenda uma área de descanso a cada 50 m, fora
da faixa de circulação, quando houver piso com inclinação de até 3%, ou área de
descanso a cada 30 m para piso com inclinação entre 3% e 5%. Para inclinação
superior a 5%, tal deve atender aos parâmetros estabelecidos para rampas (ABNT,
2020).

3.3.6 Rampas

Para que uma rampa seja considerada acessível, deve-se obedecer aos limites
máximos de inclinação, os desníveis a serem ultrapassados e o número máximo de
seguimentos, conforme mostra a figura 34, exceto nos casos de rampas de plateias,
palcos, piscinas e praias (ABNT, 2020). Para dimensionar a inclinação das rampas,
utiliza-se a seguinte fórmula, conforme a ABNT NBR 9050 (2020):

h × 100 (2)
i=
c

Onde:

i: “inclinação, expressa em porcentagem (%)” (ABNT, 2020, p. 57);

h: “altura do desnível” (ABNT, 2020, p. 57);


65

c: “comprimento da projeção horizontal” (ABNT, 2020, p. 57).

Figura 34 – Vistas superior e inferior, dimensões apresentadas em metros

Fonte: ABNT (2020).

Legenda:

A: vista superior;

B: vista lateral.

Em caso de reformas, a ABNT NBR 9050 (2020) permite a utilização de


inclinação de rampa acima de 8,33% até 12,5%. Para rampas em curva, a ABNT NBR
9050 (2020) estabelece as dimensões demonstradas pela figura 35, sendo tais
dimensões apresentadas em metros.

Figura 35 – Dimensões de rampa curva

Fonte: ABNT (2020).


66

Segundo a ABNT NBR 9050 (2020), as rampas devem possuir largura


dimensionada de acordo com o fluxo previsto de pessoas a utilizá-las, estabelecendo
uma largura mínima para acessibilidade de 1,50 m, sendo admissível a largura de 1,20
m e que em toda rampa deve ser previsto corrimão de duas alturas conforme é
mostrado na figura 36. No caso de reforma de edificações, quando não for possível
seguir tais recomendações, a ABNT NBR 9050 (2020) admite largura mínima de 0,90
m e seguimento máximo de 4,0 m de comprimento. Para rampas desprovidas de
paredes laterais, deve ser previsto algum elemento de segurança, como guarda-corpo
e corrimão, podendo apresentar projeção que incide no máximo até 10 cm dentro da
largura mínima admissível da rampa, de cada lado, assim como guia de balizamento
com altura mínima de 0,05 m (ABNT, 2020).

Figura 36 – Balizamento, dimensões em metros

Fonte: ABNT (2020).

Os patamares das rampas devem possuir dimensões conforme a figura 37. No


caso de necessidade de porta nos patamares, a área de varredura dela não pode
interferir na dimensão mínima do patamar, sendo que, em rampas externas e internas,
as inclinações transversais não podem exceder 3% e 2%, respectivamente (ABNT,
2020).

Figura 37 – Vista superior dos patamares

Fonte: ABNT (2020).


67

3.3.7 Dimensionamento de degraus e escadas fixas em rotas acessíveis

Pisos e espelhos de escadas de rotas acessíveis possuem características


próprias, conforme mostra a figura 38. Quando tais possuem bocel ou espelho
inclinado, o máximo que a projeção das arestas pode avançar sobre o piso abaixo é
de 1,5 cm, além de que quando forem utilizadas rampas junto a degraus isolados, tais
devem possuir largura livre mínima de 1,20 m (ABNT, 2020).

Figura 38 – Dimensões de degraus

Fonte: ABNT (2020).

Legenda:

A: bocel;

B: espelho inclinado;

e: altura do degrau = espelho;

p: largura do degrau = piso.

Segundo a ABNT NBR 9050 (2020), para o dimensionamento de pisos e


espelhos de escadas, devem ser observadas as seguintes condições:

a) 0,63 m ≤ p + 2e ≤ 0,65 m,

 b) pisos (p): 0,28 m ≤ p ≤ 0,32 m

 c) espelhos (e): 0,16 m ≤ e ≤ 0,18 m;

De acordo com a ABNT NBR 9050 (2020), a largura da escada em uma rota
acessível deve ser conforme estabelece a ABNT NBR 9077, sendo determinada de
68

acordo com o fluxo de pessoas estimadas a transitar por ela, no entanto não pode ser
inferior a 1,20 m. Os primeiros e últimos degraus das escadas em construções novas
devem estar a uma distância mínima de 0,30 m da área de circulação adjacente, com
os degraus apresentando inclinação transversal máxima de 1% para escadas internas
e 2% para escadas externas (ABNT, 2020). Para escadas com lances curvos,
estabelece-se o que demonstra a figura 39, sendo as dimensões apresentadas em
metros.

Figura 39 – Escada com lances curvos

Fonte: ABNT (2020).

3.3.8 Dimensionamento de pontos de instalação de corrimão e guarda-corpo

A instalação de corrimãos em escadas e rampas é obrigatório e devem ser


instalados conforme mostra figura 40, sendo as dimensões apresentadas em metros.
69

Figura 40 – Corrimãos

Fonte: ABNT (2020).

Legenda:

A: corrimão em escadas;

B: corrimão em rampas.
70

A ABNT NBR 9050 (2020) estabelece que, no caso de rampas e escadas que
apresentam dimensões de largura iguais ou superiores a 2,40 m, uma das seguintes
condições para a correta instalação de corrimãos deve ser obedecida:

 - “Corrimãos laterais contínuos, em ambos os lados, com duas alturas de 0,70


m e 0,92 m do piso” (ABNT, 2020, p. 63), conforme figura 40.

 - “Corrimão intermediário, duplo e com duas alturas, de 0,70 m e 0,92 m do


piso, garantindo a largura mínima de passagem de 1,20 m” (ABNT, 2020, p. 63). Tal
tipo de corrimão só pode ser interrompido quando o patamar da escada ou rampa
apresentar comprimento superior a 1,40 m, de modo a garantir um espaçamento
mínimo entre o término de um e o início do outro de no mínimo 0,80 m, conforme a
figura 41, sendo as dimensões apresentadas em metros.

Figura 41 – Corrimão intermediário

Fonte: ABNT (2020).


71

Legenda:

A: vista superior;

B: perspectiva.

Para corrimão em degrau isolado com um único degrau, a ABNT NBR 9050
(2020) estabelece que tal deve possuir comprimento mínimo de 0,30 m e ser instalado
conforme mostra a figura 42, sendo as dimensões apresentadas em metros.

Figura 42 – Barras de apoio

Fonte: ABNT (2020).

Legenda:

A: barra de apoio inclinada;

B: barra de apoio vertical;

C: barra de apoio horizontal.


72

No caso de degrau isolado, com dois degraus, os corrimãos devem ser


instalados conforme as figuras 43 e 44, sendo as dimensões apresentadas em metros.

Figura 43 – Corrimão lateral

Fonte: ABNT (2020).

Legenda:

A: planta;

B: vista frontal.

Figura 44 – Corrimão intermediário

Fonte: ABNT (2020).


73

3.3.9 Dimensionamento de equipamentos eletromecânicos de circulação

A ABNT NBR 9050 (2020) estabelece que o dimensionamento dos poços de


elevadores deve obedecer a ABNT NBR NM 313 para serem considerados acessíveis
a pessoas com deficiência.

Em relação ao dimensionamento relacionado a plataforma de elevação vertical,


estabelece-se:

- Plataforma de percurso aberto só poderá ser usada em percurso de até 2,00


m, sendo que para intervalos de 2,00 m até 4,00 m poderão ser utilizados somente
percursos fechados (ABNT, 2020);

- Plataformas de percurso aberto devem possuir fechamento ao longo de sua


extensão, sem possuírem vão, em cada lateral, até a altura de 1,10 m do piso da
plataforma (ABNT, 2020).

- Atender a ABNT NBR ISSO 9386-1 quanto a plataformas de elevação vertical


(ABNT, 2020).

Para plataforma de uso inclinado, a ABNT NBR 9050 (2020) estabelece que
seus parâmetros devem obedecer à ABNT NBR ISO 9386-2. A ABNT NBR 9050
(2020, p. 67) também estabelece que, quando forem previstas em projetos, devem
garantir uma “parada programada nos patamares ou pelo menos a cada 3,20 m de
desnível”. Também deve-se prever sinalização tátil e visual assim como
intercomunicador em posições determinadas, conforme mostra a figura 45.

Figura 45 – Equipamentos eletromecânicos de circulação, dimensões em metros

Fonte: ABNT (2020).


74

3.3.10 Dimensionamento de área de circulação interna

No dimensionamento de área de circulação interna, a ABNT NBR 9050 (2020)


aborda corredores, portas e janelas, enfatizando-se os dois primeiros, que possuem
maior influência ao tema de acessibilidade em áreas internas.

3.3.10.1 Corredores

Apresentam-se as seguintes dimensões mínimas para larguras de corredores


em edificações e equipamentos urbanos:

- Com extensão de até 4,00 m, 0,90 m para corredores de uso comum (ABNT,
2020);

- 1,20 m para corredores de uso comum com extensão até 10,00 m, sendo 1,50
m tanto para extensões acima de 10,00 m quanto para corredores de uso público
(ABNT, 2020);

- Valor acima de 1,50 m para corredores de grande fluxo (ABNT, 2020).

- No caso de edificações e equipamentos urbanos onde seja impraticável a


adequação das dimensões supracitadas, recomenda-se a implantação, nos
corredores, de bolsões de retorno que permitam a manobra de uma cadeira de rodas
de forma completa, havendo no mínimo um a cada 15,00 m, sendo que tais corredores
devem possuir uma largura mínima de 0,90 m (ABNT, 2020).

- Para passagem por obstáculos, objetos e elementos que possuam no máximo


0,40 m de extensão, o corredor deve possuir uma largura mínima de 0,80 m, porém
caso a extensão seja maior que 0,40 m, o corredor deverá ter largura mínima de 0,90
m (ABNT, 2020).

3.3.10.2 Portas

A ABNT NBR 9050 (2020) apresenta os critérios de dimensionamento de portas


de acordo com sua posição e utilização nas edificações.
75

Na utilização de portas em sequência, deve-se garantir espaço suficiente que


uma cadeira de rodas realize uma rotação de 360º completa, como também para
varredura, além de 0,60 m ao lado da maçaneta, permitindo o alcance de uma pessoa
que esteja utilizando tal tipo de cadeira, sendo que deve haver um vão livre mínimo
de 0,80 m, conforme mostra a figura 46, sendo as dimensões apresentadas em metros
(ABNT, 2020).

Figura 46 – Espaço para transposição de portas

Fonte: ABNT (2020).

No caso de deslocamento frontal, a ABNT NBR 9050 (2020) estabelece que,


para portas que abrem no sentido do deslocamento do usuário, deve-se reservar um
espaço livre entre a parede e a porta de 0,30 m, já quando as portas abrirem em
sentido oposto ao deslocamento do usuário, deve-se reservar um espaço livre de 0,60
m, ao lado da maçaneta, além de que, para o deslocamento lateral, deve haver um
espaço livre de 0,60 m em cada um dos lados da porta (ABNT, 2020). Caso não seja
possível atender tais orientações, deve-se realizar a instalação de equipamentos para
automação da abertura e do fechamento das portas, seja por meio de botoeiras ou de
sensores (ABNT, 2020). As figuras 47 e 48 demonstram tais casos, sendo as
dimensões apresentadas em metros.
76

Figura 47 – Deslocamento frontal

Fonte: ABNT (2020).

Figura 48 – Deslocamento lateral

Fonte: ABNT (2020).

As portas devem garantir um vão livre de passagem igual ou maior que 0,80 m
de largura e 2,10 m de altura, quando em processo de abertura (ABNT, 2020). Para
portas de duas folhas, ao menos uma das folhas deve ter largura mínima de 0,80 m,
valor que também deve ser respeitado no caso de portas de correr ou sanfonadas,
conforme figura 49 (ABNT, 2020). No caso de portas de espaços de prática esportiva,
o vão livre lateral deve ser de no mínimo 1,00 m (ABNT, 2020).
77

Figura 49 – Vista superior dos vãos das portas de correr e sanfonada

Fonte: ABNT (2020).

As maçanetas das portas devem ser instaladas a uma altura de 0,80 m a 1,10
m, sendo que as portas de sanitários devem possuir puxador horizontal do lado oposto
da abertura da porta na mesma altura da maçaneta, além de que, no caso de portas
tipo vaivém, estabelece-se que as mesmas devem possuir visor com largura mínima
de 0,20, instalado com sua face inferior entre 0,40 m e 0,90 m do piso, com face
superior a uma altura mínima de 1,50 do piso, localizado no mínimo entre o eixo
vertical central da porta e o lado oposto às dobradiças, conforme se observa nas
figuras 50 e 51, sendo as dimensões apresentadas em metros (ABNT, 2020).

Figura 50 – Vistas frontal e superior da porta de sanitários e vestiários

Fonte: ABNT (2020).


78

Figura 51 – Porta do tipo vaivém

Fonte: ABNT (2020).

Outras recomendações da ABNT NBR 9050 (2020), em relação ao


dimensionamento de portas acessíveis, são:

- Os dispositivos de acionamento pelo usuário, quando existirem, devem ser


instalados a uma altura de alcance entre 0,80 m e 1,00 m, fora da área de abertura da
folha (ABNT, 2020);

- Para portas de correr, instalam-se trilhos em sua parte superior de maneira


que fiquem nivelados com a superfície do piso, sendo que, caso possua frestas entre
tais elementos e a porta, as mesmas não podem apresentar largura superior a 15 mm
(ABNT, 2020).

- Portas e paredes envidraçadas devem ser amplamente sinalizadas, conforme


mostra figura 52, sendo as dimensões apresentadas em metros.

- A ABNT NBR NM 313 estabelece os parâmetros quanto às portas de


elevadores (ABNT, 2020).
79

Figura 52 – Portas e paredes de vidro

Fonte: ABNT (2020).

Legenda:

1: sinalização visual de forma contínua, com dimensão mínima de 50 mm de


largura;

2: sinalização visual emoldurando a porta, com dimensão mínima de 50 mm de


largura.

3.3.10.3 Janelas

Para dimensionar a altura de janelas, a ABNT NBR 9050 (2020) recomenda


considerar os limites de alcance visual vertical, para pessoa em pé e sentada, como
também horizontal, como demonstrado no item 3.1.13 do presente projeto, com
exceção dos casos em que devem prevalecer as questões de segurança e
privacidade, sendo que a altura do puxador da janela pode ser observada na figura
53, sendo as dimensões apresentadas em metros.
80

Figura 53 – Alcance de janela

Fonte: ABNT (2020).

3.3.11 Dimensionamento da área de circulação externa

A ABNT NBR 9050 (2020, p. 73) estabelece que calçadas e vias expressas
acessíveis devem “garantir uma faixa livre (passeio) para a circulação de pedestres
sem degraus“.

3.3.11.1 Inclinações e dimensões de calçadas

A ABNT NBR 9050 (2020) determina que as faixas livres não podem ter
inclinação transversal superior a 3%, sendo que inclinações maiores que essas devem
ser ajustadas na parte interna do lote ou em calçadas que possuam largura maior que
2,00 m, podendo o ajuste ser realizado na faixa de acesso, além de que a inclinação
longitudinal deve seguir a mesma inclinação da via lindeira.

Para o dimensionamento das calçadas, a ABNT NBR 9050 (2020) divide a


calçada em três faixas, conforme seu uso, havendo a faixa de serviço, faixa de acesso
e faixa livre ou passeio, cada uma possuindo dimensões mínimas, conforme mostra a
figura 54, sendo as dimensões apresentadas em metros. Para a faixa de acesso, a
ABNT NBR 9050 (2020) salienta que tal só é possível para calçadas com largura de
valor maior que 2,00 m.
81

Figura 54 – Corte demonstrando as faixas de uso da calçada

Fonte: ABNT (2020).


82

3.3.11.2 Dimensionamento da faixa livre

Para dimensionar a largura da faixa livre, a ABNT NBR 9050 (2020) recomenda
admitir um fluxo de tráfego de 25 pedestres por minuto, realizado com conforto, em
ambos os sentidos, a cada metro de largura, utilizando-se a seguinte fórmula:

F (3)
L= + ∑ i ≥ 1,20 m
K

Onde:

L: “largura da faixa livre” (ABNT, 2020, p. 77);

F: “largura necessária para absorver o fluxo de pedestres estimado ou medido


nos horários de pico, considerando o nível de conforto de 25 pedestres por minuto a
cada metro de largura” (ABNT, 2020, p. 77);

K: “25 pedestres por minuto” (ABNT, 2020, p. 77);

Ʃi: “somatório dos valores adicionais relativos aos fatores de impedância”


(ABNT, 2020, p. 77).

Os valores adicionais supracitados, de fatores de impedância, são: “0,45 m


junto às vitrines ou comércio no alinhamento” (ABNT, 2020, p. 77), “0,25 m junto ao
mobiliário urbano” (ABNT, 2020, p. 77) e “0,25 m junto à entrada de edificações no
alinhamento” (ABNT, 2020, p. 77).

3.3.11.3 Acesso de veículo ao lote

Deve ser feito de modo a não interferir no passeio, não criando degrau nem
desnível, sendo que quando necessário, nas faixas de serviço e acesso, é permitida
a presença de rampas para facilitar o acesso do veículo ao lote, conforme mostra a
figura 55, sendo as dimensões apresentadas em metros (ABNT, 2020).
83

Figura 55 – Acesso do veículo ao lote

Fonte: ABNT (2020).

Legenda:

A: vista superior;

B: corte.
84

Na necessidade de realizar obras na faixa livre de pedestre, a ABNT NBR 9050


(2020) recomenda a adaptação de tal parte da faixa, inclusive criando rampa
provisória de acesso, conforme mostra a figura 56.

Figura 56 – Vista superior das rampas de acesso provisórias

Fonte: ABNT (2020).

3.3.11.4 Travessia em vias públicas ou em áreas internas de edificações

De acordo com a ABNT NBR 9050 (2020), as travessias de pedestres devem


ser acessíveis. Para isso, podem ser utilizadas as seguintes formas:

- Redução de percurso, conforme mostra a figura 57.

Figura 57 – Redução de percurso de travessia

Fonte: ABNT (2020).


85

- Faixa elevada, que deve estar de acordo com a Resolução 738/18 –


CONTRAN (ABNT, 2020).

- Rebaixamento da calçada, sendo que para esse tipo de travessia, a ABNT


NBR 9050 (2020) recomenda que seja construída na direção do fluxo dos pedestres,
com inclinação inferior a 5%, sendo admitido até 8,33% no sentido longitudinal da
rampa central e nas abas laterais. A ABNT NBR 9050 (2020) recomenda também que
a largura seja de no mínimo 1,20 m, admitindo-se também um valor maior ou igual a
1,50 m, conforme mostra figura 58. Não se deve diminuir a faixa livre de circulação de
pedestres da calçada para valor inferior a 1,20 m (ABNT, 2020).

Figura 58 – Vista superior do rebaixamento da calçada, dimensões apresentadas em metros

Fonte: ABNT (2020).

A ABNT NBR 9050 (2020, p. 79) determina que “não pode haver desnível entre
o término do rebaixamento da calçada e o leito carroçável”. Quando houver inclinação
do leito carroçável superior a 5%, a ABNT NBR 9050 (2020) recomenda a construção
86

de uma faixa de acomodação cujas dimensões podem ser observadas na figura 59,
sendo as dimensões apresentadas em metros.

Figura 59 – Corte da faixa de acomodação para travessia

Fonte: ABNT (2020).

Segundo a ABNT NBR 9050 (2020), a rampa central deve ter largura mínima
de 1,20 m, sendo que tal largura deve ser igual ao comprimento das faixas de travessia
de pedestres. Quando o rebaixamento estiver localizado entre áreas verdes, como
jardins, canteiros e floreiras, deve-se atentar ao que mostra a figura 60.

Figura 60 – Rebaixamento de calçada entre canteiros

Fonte: ABNT (2020).


87

Para os casos em que as calçadas são estreitas, não havendo possibilidade de


obedecer as regras de dimensionamento de largura mínima, faixa livre e rebaixamento
de calçadas, a ABNT NBR 9050 (2020) recomenda a utilização de rampas laterais
com inclinação de até 5%, ou ainda, com conveniência do órgão de trânsito municipal,
a adoção de faixa elevada de pedestres ou redução de percurso de travessia. Um
exemplo de tal proposta é demonstrado pela figura 61.

Figura 61 – Vista superior do rebaixamento de calçadas estreitas, dimensões em metros

Fonte: ABNT (2020).

3.3.11.5 Passarela de Pedestres

Para as passarelas de pedestres, a ABNT NBR 9050 (2020) recomenda que


devem ser adotadas determinadas recomendações, constadas no item 2.2.9 do
presente projeto.

3.3.11.6 Vagas reservadas para veículos

Segundo a norma ABNT NBR 9050 (2020), as vagas para estacionamento de


veículos que conduzam ou sejam conduzidos por pessoas com deficiência devem
possuir espaço adicional de circulação com no mínimo de 1,20 m de largura. “Esse
espaço pode ser compartilhado por duas vagas, no caso de estacionamento paralelo,
88

perpendicular ou oblíquo ao meio fio” (ABNT, 2020, p. 81). O caminho entre a vaga e
o acesso à edificação deve estar a uma distância de 50 m no máximo. Ainda, conforme
a ABNT NBR 9050 (2020), em todo estacionamento deve ser garantido um trajeto
seguro até o destino, com largura mínima de 1,20 m, compondo a rota acessível.

3.3.12 Mobiliário Urbano

Esta seção apresenta as regras de localização e dimensionamento para que


um mobiliário urbano possa ser considerado acessível, conforme a ABNT NBR 9050
(2020).

3.3.12.1 Pontos de embarque e desembarque de transporte público

Não podem interferir na faixa de livre circulação de pedestres, devem garantir


espaço para pessoa em cadeira de rodas, além de que as informações sobre as linhas
de ônibus devem ser fixadas em posição que atenda aos parâmetros antropométricos
normatizados (ABNT, 2020).

3.3.12.2 Semáforo de pedestre

A ABNT NBR 9050 (2020, p. 113) estabelece que “os dispositivos de


acionamento manual para travessia de pedestres devem situar-se entre 0,80 m e 1,20
m de altura do piso acabado”. Também deve-se adequar o tempo de travessia de
pedestres ao trajeto de pessoas com mobilidade reduzida, de 0,4 m/s (ABNT, 2020).

3.3.12.3 Telefones públicos

Segundo a ABNT NBR 9050 (2020), telefones instalados em calçadas não


devem interferir na faixa livre de circulação de pedestres, sendo que pelo menos um
89

telefone de cada conjunto deve ser acessível, além de que em locais onde se faz
necessária a instalação de telefone que emita som mensagem de texto, tais devem
ser instalados a uma altura entre 0,75 m e 0,80 m, devendo-se atender a ABNT NBR
15599 quanto ao tema de telefones acessíveis.

3.3.12.4 Cabinas telefônicas

A ABNT NBR 9050 (2020) estabelece que em locais que possuam cabinas
telefônicas, ao menos uma deve ser acessível a qualquer pessoa, incluindo a que se
encontra em cadeira de rodas. Para que uma cabina telefônica seja considerada
acessível, devem ser atendidos os seguintes critérios de dimensionamento, como
também o que se encontra demonstrado pela figura 62, sendo as dimensões
apresentadas em metros:

- Ser instalado suspenso na parede oposta à entrada da cabina, garantindo um


M.R. com aproximação frontal ao telefone (ABNT, 2020);

- O acesso ao interior da cabina deve ser feito pelo lado de menor dimensão
em relação ao M.R., possuindo um vão livre de valor maior ou igual a 0,80 m, sendo
que no caso de haver porta de eixo vertical, sua abertura deve ser feita para fora
(ABNT, 2020).

- O piso interno deve estar nivelado com o piso externo ou atender aos
parâmetros apresentados no item 3.3.3 do presente projeto (ABNT, 2020).

- Possuir fonte de luz interna, havendo no mínimo uma fonte (ABNT, 2020).

- Deve existir espaço em frente à cabina que permita uma rotação de 180º de
uma cadeira de rodas.
90

Figura 62 – Dimensões da cabina telefônica

Fonte: ABNT (2020).

3.3.12.5 Bebedouros, lixeiras e contentores de recicláveis

Segundo a ABNT NBR 9050 (2020), os bebedouros devem possuir seus


sistemas de acionamento, assim como o local do manuseio dos copos, entre 0,80 m
e 1,20 m de altura do piso acabado, permitindo também a aproximação lateral de
pessoa com cadeira de rodas.

Quanto as lixeiras e contentores para reciclados, a ABNT NBR 9050 (2020)


estabelece que, no caso de instalação em espaços públicos, tais devem estar situados
em posição que não interfira nas faixas livres de circulação, devendo também ser
garantido espaço para aproximação de pessoa em cadeira de rodas e instalados em
posição que permita o alcance manual do maior número de pessoas.

3.3.12.6 Assentos públicos

Para o dimensionamento dos assentos públicos, a ABNT NBR 9050 (2020)


estabelece que tais devem apresentar as seguintes características:
91

- Possuir “altura entre 0,40 m e 0,45 m, medida na parte mais alta e frontal do
assento” (ABNT, 2020, p. 115);

- Possuir “largura do módulo individual entre 0,45 m e 0,50 m” (ABNT, 2020, p.


115);

- Os assentos devem possuir uma “profundidade entre 0,40 m e 0,45 m, medida


entre a parte frontal do assento e a projeção vertical do ponto mais frontal do encosto”
(ABNT, 2020, p. 115);

- O “ângulo do encosto em relação ao assento entre 100° e 110°” (ABNT, 2020,


p. 115);

- Ser “implantados sobre uma superfície nivelada com o piso adjacente” (ABNT,
2020, p. 116);

- Garantir “um M.R. ao lado dos assentos fixos, sem interferir com a faixa livre
de circulação” (ABNT, 2020, p. 116), conforme apresentado na figura 63.

Figura 63 – Vista superior de um assento público

Fonte: ABNT (2020).


92

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para a aquisição de informações pertinentes ao acesso aos possíveis


benefícios que venham a ser resultantes de futuras obras voltadas para este público
no município de Queimados, realizou-se a quantificação da amostra em que foi
realizada uma pesquisa na qual notou-se uma tendência a serem unânimes quanto
aos comentários apresentados pelos cidadãos nesta condição de deficiência ou
mobilidade reduzida. Devido a isso, para fins informativos, não serão postados todos,
mas apenas uma projeção utilizando as respostas mais comuns contidas em cerca de
7,8% da população, que participou da pesquisa.

Então, para fins de informação, foram utilizados apenas 30 questionários que


realmente dão ênfase à importância, o desejo, a opinião e a situação em que se
encontra esta população à frente de um cotidiano que as expõe a este cenário nas
vias públicas. O questionário contou com 9 perguntas e anotaram-se as conclusões a
partir das respostas. Notou-se que ao serem perguntados sobre o tipo de deficiência
ou mobilidade reduzida possuída, a maioria dos participantes afirmou possuir
paraplegia, seguido daqueles que passaram por amputação de uma ou mais pernas
e uma pequena porcentagem apresentou deficiência visual. Dentre os participantes
também se apresentavam pessoas com obesidade, mobilidade reduzida por idade
avançada, autismo, paralisia cerebral, problemas de articulação, paralisia corporal,
fraqueza nas pernas devido doença muscular, dislexia somada à déficit de atenção e
uma deficiência social não especificada.

Na segunda pergunta, os participantes da pesquisa responderam se sua


deficiência ou mobilidade reduzida causa dificuldade para circular por calçadas e
passeios públicos, como também o acesso aos prédios públicos, anotando-se que
todos apresentavam dificuldade, seja na autonomia quanto na circulação por
calçadas, além da presença de escadas que dificultam o acesso à certas construções.

Na terceira pergunta, anotou-se os equipamentos utilizados para auxiliar a


locomoção de cada participante, havendo apenas 3 cidadãos que não utilizam, sendo
que a maioria necessita do uso de cadeira de rodas, enquanto outros somam seu uso
à muletas e andadores, havendo 2 casos específicos onde um utiliza também triciclo
e outro utiliza carro adaptado a falta de uma das pernas. Dentre aqueles que não
93

utilizam cadeira de rodas, uma parcela utiliza bengala de rastreamento, havendo


também a soma de bengalas ou muletas ao uso de andador, como também aqueles
que utilizam apenas muletas ou somente andadores.

Na quarta pergunta, os participantes selecionaram entre as opções “SIM” e


“NÃO” quanto à necessidade de acompanhante para locomoção, anotando-se que 26
afirmaram que sim e 4 responderam que não. Alguns dos participantes optaram por
adicionarem comentário adicional às suas respostas, observando-se a qualidade das
calçadas, que apresentavam buracos, como também a falta de costume com a própria
condição de deficiência ou mobilidade reduzida e a preocupação daquele que não
utiliza equipamento de haver de utilizar futuramente se sua condição piorar.

Na quinta pergunta, os participantes avaliaram a qualidade do acesso aos


prédios públicos, a maioria comentou sobre aspectos negativos como grande
quantidade de degraus, rampas muito inclinadas, falta de pessoas para ajudar no
acesso, falta de mapa e piso tátil, falta de rampas em muitas construções antigas e
porta estreita em uma das construções, porém alguns dos participantes comentaram
que o acesso é razoável, pois certas edificações construídas mais recentemente
apresentaram um melhor nível de acessibilidade comparado ao de construções mais
antigas, havendo certas construções que atendem algumas ou mais condições de
acessibilidade.

Na sexta pergunta, os participantes avaliaram a qualidade da circulação em


passeios públicos e calçadas, sendo que todos comentaram algum aspecto negativo
sobre as calçadas, anotando-se que apresentavam buracos e algumas eram estreitas
ou altas e sem rampas, além da presença de comerciantes que ocupam espaço nas
calçadas com suas mercadorias e a grande presença de veículos estacionados,
dificultando a passagem dos cidadãos, principalmente aqueles que necessitam utilizar
cadeiras de rodas.

Na sétima pergunta, os participantes responderam se as qualidades postas em


questão na quinta e sexta pergunta impediam a utilização de algum tipo de serviço
oferecido em tais ambientes, anotando-se que todos exceto quatro participantes
afirmaram terem sido impedidos pelo menos uma vez, havendo muitos que afirmaram
haverem desistido de utilizar algum serviço ou acessar algum local devido aos
problemas apresentados, necessitando, nos casos onde é possível, do apoio de
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outras pessoas para utilizar o serviço. Quatro dos participantes afirmaram não ter seu
acesso impedido, porém dois deles afirmaram ter dificuldades.

Na oitava pergunta, os participantes responderam quanto à ocorrência de


acidentes devido às barreiras apresentadas por uma acessibilidade não adequada,
anotando-se que apenas 12 participantes afirmaram não terem se acidentado do lado
de fora de suas residências, contando com acompanhantes e medindo os riscos antes
de utilizar algum serviço ou ir para certos locais. Dos participantes, 5 afirmaram terem
se acidentado no passado, mas começaram a evitar de sair de suas residências ou
não saíam a menos que estivessem acompanhados, evitando assim que mais
acidentes ocorressem. Dentre os participantes que informaram as causas de seus
acidentes, 3 foram relacionados aos buracos nas calçadas, 1 era referente à altura
das calçadas, 1 ocorreu devido falta de rampa nas escadas e o último ocorreu devido
o banco de ônibus não ser acessível, levando à ocorrência de uma queda. A maior
parte dos acidentes ocorridos produziu algum ferimento, sendo que a segunda maior
parte deles provocaram apenas constrangimento.

Na nona pergunta, os participantes apresentaram sugestões para melhorar a


questão de acessibilidade no município, sendo que 26 participantes mencionaram
sugestões que incluíam calçadas, sugerindo soluções como o conserto, reforma e o
nivelamento das calçadas com relação às ruas. Dentre tais participantes, além das
calçadas foi sugerido a melhoria dos passeios, praças e travessias, construção de
rampas para acesso das calçadas e edificações, presença de elevadores nas
construções, pavimentação nos locais onde não há, meios de transporte acessíveis,
adaptação das edificações para a acessibilidade, utilização do ponto de vista da
pessoa com deficiência para prever possíveis problemas de acessibilidade nas obras
que ainda não foram concluídas, bancos acessíveis à pessoas obesas e campanhas
para conscientização dos cidadãos quanto às dificuldades sofridas por pessoas com
deficiência. Quanto aos 4 participantes que não sugeriram soluções para as calçadas,
houve a sugestão da construção de meios de transporte acessíveis principalmente
para pessoas que utilizam cadeira de rodas, resolução do problema referente à grande
quantidade de escadas e degraus presentes no acesso às construções, fiscalizações
em prol da acessibilidade e apoio ao Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência.

Lendo atentamente às respostas supracitadas e com o mínimo de


sensibilidade, pôde-se perceber que a situação é muito séria, principalmente porque
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estes cidadãos estão falando sozinhos, não havendo algum político ou representante
mencionando que irá pôr em prática alguma solução para essas pessoas. Por isso, tal
problema não pode ser mais tratado de forma alheia, sendo que não apenas o
município de Queimados mas também diversos outros lugares espalhados pelo Brasil
estão apresentando alguma situação similar. É um fato constrangedor que apenas
aqueles que estão nessa terrível situação sabem exatamente o desafio que estão
sofrendo, pois a outra parcela da população, que não apresenta deficiência ou
mobilidade reduzida, possuem suas próprias preocupações e portanto não estão
constantemente considerando o drama vivido diariamente por tais cidadãos
impossibilitados fisicamente.

Este trabalho visou expor não o caso em si, não se tratando de uma crítica ao
estado, nem mesmo aos políticos, mas sendo similar a uma voz tentando ser ouvida,
apresentando a perspectiva dos participantes da pesquisa e a porcentagem da
população que eles representam de forma a mostrar a necessidade de uma avaliação
de seus direitos e uma mobilização para serem atendidos, sendo que isso não irá
empobrecer o estado, mas enriquecer a qualidade de vida de todos os cidadãos, tanto
no presente quanto no futuro, pois a velhice é a fase na vida do ser humano onde
problemas de mobilidade reduzida podem ser vistos com mais frequência e toda
pessoa envelhece a cada dia, sendo que ao longo da sociedade os de idade avançada
sofrem mais devido problemas como poluição. Portanto, deve-se buscar boas ideias
que gerem soluções e comunicá-las aos administradores da sociedade para que não
precisem adivinhas, mas utilizem sua responsabilidade como parlamentares para
darem o apoio que a engenharia necessita para pôr em prática as sugestões
apresentadas pelos participantes do questionário.
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