Você está na página 1de 57

UNIFAAT – CENTRO UNIVERSITÁRIO FACULDADES ATIBAIA

ENGENHARIA CIVIL

Célio Rogério Lourenço – RA 4519016


Everton Davi da Silva – RA 4517022
Hélio Fernando Peçanha Varela – RA 4519048
Luciano Nakagima – RA 4519650
Luiz Humberto Borges Junior – RA 4519510
Patrick de Jesus Siqueira – RA 4519651

Estudo sobre Taludes - Estudo de caso Fernão Dias Km 22,700 Pista Norte

Trabalho de Conclusão de
Curso, apresentado para obtenção do
grau de Bacharelado no curso de
Engenharia Civil do Centro Universitário
Unifaat, orientado pela professora
Luciana Bertolla Andrade

ATIBAIA
2023
Lista de Figuras
Figura 1 - Classificação dos tipos de movimento de massa de acordo com a
velocidade e a umidade ............................................................................................ 13
Figura 2 - Queda de Bloco .............................................................................. 15
Figura 3 - Tombamento .................................................................................. 15
Figura 4 - Escorregamento Rotacionais.......................................................... 17
Figura 5 - Escorregamento Translacional ....................................................... 17
Figura 6 - Rastejo ........................................................................................... 18
Figura 7 – Tipos de Taludes ........................................................................... 19
Figura 8 - Elementos de um Talude ................................................................ 20
Figura 9 - Exemplo da divisão das fatias de um escorregamento .................. 22
Figura 10 – Forças atuantes na fatia .............................................................. 23
Figura 11 - Fator de correção para o método simplificado ............................. 26
Figura 12 - Exemplo das funções utilizadas para descrever a variação a
variação do angulo das forças entre fatias ................................................................ 28
Figura 13 - Mapa de localização ..................................................................... 38
Figura 14 – Foto do talude onde houve o movimento de massa. ................... 39
Figura 15 - Outro angulo de vista da ruptura. ................................................. 39
Figura 16 - Canaleta na berma do talude no trecho da ruptura maior. ........... 40
Figura 17 - Ruptura menor ( destacada em amarelo ). ................................... 40
Figura 18 - Foto em zoom da ruptura menor. ................................................. 41
Figura 19 - Pé do talude ................................................................................. 41
Figura 20 - Drenos .......................................................................................... 42
Figura 21 – Planta de localização das sondagens.......................................... 43
Figura 22 - Perfil geológico-geotécnico idealizado ......................................... 44
Figura 23 - croqui esquemático ...................................................................... 46
Figura 24 - Croqui esquemático das soluções propostas para garantir a
estabilidade dos taludes. ........................................................................................... 46
Figura 25 - Resultado da análise de estabilidade local do solo grampeado ... 49
Figura 26 - Resultado da retro análise da ruptura planar ( nível d’água adotado
elevado para representar a saturação por chuva – provável causa da ruptura ). ..... 50
Figura 27 - Resultado da análise de estabilidade global da solução em muro de
gabião no SLIDE ....................................................................................................... 51
Figura 28 - Resultado da análise de estabilidade local do muro de gabião no
MACCAFERRI........................................................................................................... 52
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Classificação dos movimentos de massa ...................................... 14
Tabela 2 – Fatores de segurança mínimos para deslizamentos..................... 21
Tabela 3 - Condições consideradas de equilíbrio estático .............................. 24
Tabela 4 – Propriedades dos solos ................................................................ 48
Sumário
1. RESUMO ........................................................................................... 7

2. INTRODUÇÃO................................................................................... 8

3. OBJETIVO ....................................................................................... 11

4. METODOLOGIA .............................................................................. 12

5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................... 13

5.1. Movimentos de Massa ............................................................ 13

5.1.1. Quedas .................................................................................. 14

5.1.2. Tombamento .......................................................................... 15

5.1.3. Escoamentos ou Fluxo ........................................................... 16

5.1.4. Escorregamentos ................................................................... 16

5.1.5. Rotacionais ............................................................................ 16

5.1.6. Translacionais ........................................................................ 17

5.1.7. Rastejos (“Creep”) .................................................................. 18

5.2. Taludes ..................................................................................... 18

5.3. Estabilidade de taludes........................................................... 20

5.3.1. Métodos ordinário de fatias (Fellanius) .................................. 24

5.3.2. Métodos simplificado de Janbu .............................................. 25

5.3.3. Métodos simplificado de Bishop ............................................. 27

5.3.4. Método do limite de equilíbrio generalizado (GLE) ................ 27

5.3.5. Métodos computacionais ....................................................... 29

5.4. Técnicas para prevenção e correção de Instabilidade dos taludes


.................................................................................................. 31

5.4.1. Análise geotécnica ................................................................. 31

5.4.2. Sondagem .............................................................................. 31

5.4.3. Drenagem .............................................................................. 32

5.4.4. Terraplenagem e contenção .................................................. 32

5.4.5. Geossintéticos........................................................................ 33
5.4.6. Plantação de vegetação ......................................................... 33

5.4.7. Estabilização por enrocamento .............................................. 34

5.4.8. Variações climáticas .............................................................. 34

5.4.9. Paredes de gabião ................................................................. 34

5.4.10. Solo grampeado ................................................................ 35

5.4.11. Sistemas de contenção ..................................................... 35

5.4.12. Tratamento de águas pluviais ........................................... 35

5.4.13. Capacitação e treinamento ............................................... 36

5.4.14. Monitoramento geotécnico ................................................ 36

5.4.15. Inspeções periódicas e manutenção ................................. 36

6. ESTUDO DE CASO – FERNÃO DIAS KM 22 + 700 PISTA NORTE..


......................................................................................................... 37

6.1. Localização .............................................................................. 38

6.2. Caracterização e Problemática .............................................. 38

6.3. Descrição da sondagem ......................................................... 42

6.4. Análise sobre a memória de cálculo...................................... 46

6.5. Comentários sobre a análises de estabilidade ..................... 47

6.6. Características construtivas do Muro de gabião .................. 53

6.7. Geotêxtil não tecido ................................................................ 53

7. CONCLUSÃO .................................................................................. 54

8. REFERENCIAS ............................................................................... 56
7

1. RESUMO

O presente estudo apresentado traz consigo uma analogia do provimento de


surgimento, tratamento e identificação de taludes. Com isso há uma grande variedade
e formato de taludes, o estudo apresentado com cálculos elaborados, demonstra o
resultado e a primeira ação a ser iniciada.
Em detrimento do ambiente que se formou o talude da Fernão Dias km 22, 700,
houve uma intensa pesquisa para o trabalho a ser feito no talude, onde através de
softwares computacionais obteve um grande avanço para o andamento da obra a ser
feita, com tudo observou- se uma parte do talude com a necessidade do muro de
gabião para que contenha quaisquer incidentes de deslizamento e desmoronamento
da área analisada.
Através dos dados obtidos, chegou à conclusão da criação do muro de gabião
em uma superfície do talude, analisado com maior aparição de deslizamento e alta
probabilidade de risco contra a vida humana, com toda segurança, foi desenvolvido e
calculado as especificações e dimensões do material a ser utilizado nessa obra, a
atribuição com coeficiente de majoração de 1,5.
8

2. INTRODUÇÃO

Atualmente, uma das melhores maneiras de se tratar os resíduos sólidos


urbanos sem causar agressões muito graves ao meio ambiente é através de sua
disposição final em aterros sanitários. Segundo MONTEIRO et al. (2001) aterros
sanitários podem ser definidos como um método para disposição final de resíduos
sólidos urbanos em terreno natural, através do seu confinamento em camadas
cobertas com material inerte, geralmente solo, segundo normas operacionais
específicas, de modo a evitar danos ao meio ambiente, à saúde e à segurança pública.
Nesta técnica, o volume do lixo vai sendo reduzido através da compactação em
camadas que são periodicamente cobertas com terra formando células (MONTEIRO
et al. 2001). As células compactadas e recobertas dão origem aos taludes. Taludes
podem ser definidos como qualquer superfície inclinada que limitam um maciço de
terra, de rocha ou de terra e rocha. Eles podem ser naturais, no caso de encostas ou
artificiais, como os taludes de corte ou aterro (DIRCEU JÚNIOR, 2003).
Compreender e garantir a estabilidade dessas estruturas é essencial para evitar
deslizamentos e colapsos que possam resultar em danos materiais e, principalmente,
colocar em risco a segurança das pessoas envolvidas.
A topografia é um dos principais fatores que influenciam a estabilidade de
taludes. Segundo Jones (2018), a inclinação e a geometria dos taludes afetam
diretamente as forças que atuam sobre o solo, podendo aumentar ou diminuir a
tendência de instabilidades. É essencial considerar a topografia no processo de
análise e projeto de taludes, a fim de determinar as medidas adequadas para garantir
sua estabilidade.
A geologia também desempenha um papel fundamental na estabilidade de
taludes. Conforme mencionado por Smith (2015), as características geológicas do
terreno, como a natureza dos materiais presentes e sua resistência, influenciam
diretamente a estabilidade dos taludes. É necessário realizar uma investigação
geológica detalhada para compreender essas características e adaptar as soluções
de estabilização de acordo com as condições geológicas específicas do local.
Além disso, a hidrologia tem um impacto significativo na estabilidade de
taludes. Segundo Johnson (2019), a presença de água nos taludes pode afetar a
coesão e a resistência do solo, aumentando o risco de instabilidades. É crucial
considerar a drenagem adequada do talude e adotar medidas para controlar o fluxo
9

de água, como a construção de canaletas e sistemas de drenagem, a fim de preservar


a estabilidade da estrutura.
As condições climáticas também devem ser levadas em conta na análise de
estabilidade de taludes. De acordo com Brown (2016), as variações climáticas, como
chuvas intensas ou períodos de seca, podem desencadear processos erosivos e
aumentar os riscos de instabilidades nos taludes. É necessário considerar esses
eventos climáticos extremos ao projetar medidas de estabilização, a fim de garantir a
resiliência da estrutura ao longo do tempo.
No que diz respeito às técnicas de análise de estabilidade de taludes, o método
de equilíbrio limite é amplamente utilizado na prática de engenharia civil. Conforme
citado por Johnson (2017), esse método permite determinar a condição crítica de
equilíbrio em que o talude está no limite de sua estabilidade, considerando os fatores
de segurança necessários. Já o método das características, conforme explicado por
Smith (2018), utiliza a análise numérica para modelar o comportamento do solo e
avaliar a estabilidade do talude com base em parâmetros geotécnicos específicos.
Em suma, a estabilidade de taludes é uma área de extrema importância na
engenharia civil, exigindo uma abordagem abrangente e cuidadosa. A compreensão
dos fatores que afetam a estabilidade, como a topografia, geologia, a hidrologia e as
condições climáticas, é essencial para o desenvolvimento de projetos seguros e
eficientes. A utilização de técnicas de análise, como o método de equilíbrio limite e o
método das características, proporciona uma avaliação precisa da estabilidade dos
taludes.
No entanto, vale ressaltar que a estabilidade de taludes não se restringe
apenas à análise teórica. A implementação de medidas de estabilização adequadas é
fundamental para garantir a segurança e a durabilidade das estruturas. Conforme
destacado por Lee (2020), diferentes técnicas podem ser empregadas, como a
construção de muros de contenção, o uso de geossintéticos e a revegetação do
talude. A escolha da técnica mais adequada depende das características geotécnicas
do solo, das condições ambientais e dos objetivos específicos do projeto.
Além disso, é importante ressaltar a importância da gestão e do monitoramento
contínuo dos taludes. Como mencionado por Johnson (2021), a implementação de
sistemas de monitoramento geotécnico permite a detecção precoce de sinais de
instabilidade, permitindo a tomada de ações corretivas antes que ocorram falhas
catastróficas. Isso inclui o uso de instrumentação geotécnica, como inclinômetros,
10

piezômetros e extensômetros, além de tecnologias de monitoramento remoto, como


drones e imagens de satélite.
Em síntese, a estabilidade de taludes é um tema crítico na engenharia civil, que
envolve a compreensão e o controle dos fatores que influenciam a segurança e a
estabilidade dessas estruturas. Através da análise adequada, da implementação de
técnicas de estabilização e do monitoramento contínuo, é possível garantir a
segurança das obras e a preservação do meio ambiente. O estudo aprofundado desse
assunto é fundamental para aprimorar as práticas de engenharia civil e contribuir para
o desenvolvimento de projetos sustentáveis e seguros.
11

3. OBJETIVO

Este trabalho visa analisar, para melhor compreensão, sobre a recuperação do


talude e contenção, do trecho da Rodovia BR-381 MG/SP Fernão Dias km 22+700
Pista Norte, município de Bragança Paulista – SP
Será avaliado as condições do solo e fazer o levantamento topográfico, será
fundamental para obter informações precisas sobre as características geológicas e
geográficas da região, fornecendo uma base de dados sólida para o desenvolvimento
de estudos concisos e mais aprofundados.
Esta análise será crucial para compreender as propriedades físicas e
mecânicas do solo, como sua capacidade de suporte, compactação, permeabilidade,
entre outros aspectos relevantes. Essas informações permitirão uma melhor
compreensão das condições geotécnicas da região e serão utilizadas nos
desenvolvimentos, além da base de dados fundamentais das condições de
estabilidade de taludes drenagem, e obras de contenção, do trecho, e também será
de suma importância, e esclarecerá sobre manutenções preventivas
No âmbito do estudo, será realizado um comparativo entre os métodos de
cálculo de estabilidade de taludes, levando em consideração os fatores de segurança
obtidos. Essa análise permitirá avaliar e comparar a eficácia dos diferentes métodos
utilizados na engenharia da estabilidade de taludes, fornecendo a escolha do método
mais adequado para o trecho em estudo. O resultado desse comparativo será de
extrema importância para embasar a elaboração de medidas efetivas de redução de
riscos, garantindo a máxima segurança das estruturas viárias. Com base nos fatores
de segurança obtidos e na comparação entre os diferentes métodos de análise e
estudos sobre estabilidade de taludes, será possível identificar e implementar as
soluções mais adequadas para prevenir instabilidades e falhas ao trecho em questão.
Essas medidas serão fundamentais para garantir a integridade e a confiabilidade do
sistema viário, promovendo uma maior segurança aos usuários da rodovia.
12

4. METODOLOGIA

A metodologia adotada neste trabalho será dividida em três partes principais,


visando uma abordagem abrangente e estruturada da estabilidade de taludes de terra:
Análise dos fatores que afetam a estabilidade de taludes de terra: Nesta etapa,
será realizada uma análise detalhada dos principais fatores que podem contribuir para
a instabilidade dos taludes. Serão considerados aspectos como topografia (inclinação
e altura do talude), geologia (tipo de solo e estrutura geológica), hidrologia
(escoamento de água e erosão) e condições climáticas (chuva, vento). Serão
revisadas as fontes bibliográficas relevantes e estudos de casos para compreender
como esses fatores influenciam a estabilidade dos taludes.
Apresentação das técnicas de análise de estabilidade de taludes: Nesta parte,
serão apresentadas as principais técnicas utilizadas para analisar a estabilidade de
taludes. Serão abordados em detalhes o método de equilíbrio limite e o método das
características. Cada técnica será descrita, explicando seus princípios fundamentais,
suas vantagens e desvantagens, e sua aplicabilidade em diferentes situações. Serão
utilizadas referências bibliográficas confiáveis e estudos de casos para ilustrar a
aplicação prática dessas técnicas.
Discussão das medidas de prevenção e correção de instabilidades em taludes
de terra: Nesta parte, serão discutidas as medidas adotadas para prevenir e corrigir
instabilidades em taludes de terra. Serão abordadas técnicas de estabilização, como
drenagem, compactação do solo, utilização de geotêxtis e construção de muros de
contenção. Será enfatizada a importância de medidas de segurança, como a
instalação de cercas de proteção e a realização de inspeções periódicas. A discussão
será embasada em estudos de casos e boas práticas de engenharia, visando fornecer
orientações práticas para profissionais e pesquisadores.
Essa metodologia foi desenvolvida considerando a necessidade de uma
abordagem abrangente e estruturada da estabilidade de taludes de terra, permitindo
uma análise aprofundada dos fatores envolvidos, a compreensão das técnicas de
análise e a discussão das medidas preventivas e corretivas. Será utilizada uma
combinação de revisão bibliográfica, estudos de casos e análise crítica para alcançar
os objetivos propostos neste trabalho.
13

5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5.1. Movimentos de Massa

Diversos autores propuseram classificações para os tipos de movimentos de


massa (Figura 1), um deles é Hutchinson(1988), que utiliza a morfologia do movimento
da encosta e o tipo de material movimentado para classificar os diferentes
movimentos, propondo assim a seguinte divisão (Tabela 1).

Figura 1 - Classificação dos tipos de movimento de massa de acordo com a velocidade e a


umidade

Fonte: Diversos autores adaptados por Geologia Básica


14

Tabela 1 - Classificação dos movimentos de massa

Fonte: Adaptada de Hutchinson (1988)

5.1.1. Quedas

De acordo com Hutchinson(1988), nas uma quantidade variável de solo e/ou


rocha é desprendida de uma encosta íngreme ou escarpa, ao longo de uma superfície
onde há pouco ou nenhum deslocamento cisalhante (Figura 2).
O movimento predominante nessas situações é caracterizado pela queda livre,
pelo rolamento ou pelo salto do material, resultando em deslocamentos rápidos a
extremamente rápidos.
Podendo ser classificados em dois tipos:
a) Primário: Quedas de rocha ou grandes blocos que estão desprendidos
da sua rocha-mãe
b) Secundário: ocorrem quando há o destacamento progressivo de
material intacto da rocha-mãe.
15

Figura 2 - Queda de Bloco

Fonte: http://www1.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09e.html (acessado em


22/06/2023)

5.1.2. Tombamento

O tombamento ocorre quando existe um movimento de rotação do bloco


rochoso, geralmente a quebra do bloco ocorre nos planos de descontinuidades do
maciço (Figura 3).
Figura 3 - Tombamento

Fonte: http://www1.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09f.html (acessado em


22/06/2023)
16

5.1.3. Escoamentos ou Fluxo

São movimentos gravitacionais com uma alta velocidade e que movimentam


grandes volumes de materiais, para Hutchinson (1988) os escoamentos podem ser
divididos nos seguintes tipos:
a) Corrida de Lama (mudslide) –Movimentos que ocorrem em uma matriz
argilosa
b) Flow slides – Movimentos de materiais não coesivos como silte e areia
c) Corrida de Detritos (Debrisflow) – Movimento de materiais
predominantemente grosseiros em alta velocidade e poder destrutivo

5.1.4. Escorregamentos

São movimentos onde ocorre um deslizamento de grandes volumes de solos


ao longo de superfícies de ruptura bem definidas, cilíndricas ou planares, sendo
geralmente divididos em dois tipos: Rotacionais e Translacionais.

5.1.5. Rotacionais

Segundo Varnes (1958) são movimentos onde o material sofre pouca


deformação ocorrendo principalmente ao longe de superfícies de deslizamento
internas, apresentando uma superfície curva na face de ruptura (Figura 4).
17

Figura 4 - Escorregamento Rotacionais

Fonte: http://www1.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11a.html (acessado em


22/06/2023)

5.1.6. Translacionais

São movimentos onde o material apresenta grande deformações e o se


movimenta em uma superfície plana, geralmente acompanhando superfícies de
fraquezas como falhas, juntas, contato entre duas camadas de solos ou rochas
diferentes, ou estratificações do solo/rocha (Figura 5).

Figura 5 - Escorregamento Translacional

Fonte: http://www1.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11a.html) (acessado em


22/06/2023)
18

5.1.7. Rastejos (“Creep”)

São movimentos predominantemente sazonais com uma baixa velocidade


(cm/ano) que ocorrem na superfície (até 1m de profundidade), porem também podem
ocorrer antes de eventos maiores de ruptura, nestes casos a velocidade é maior e são
essenciais para identificar estes eventos e assim reduzir o dano causado (Figura 6).

Figura 6 - Rastejo

Fonte: http://www1.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/riscos/risco11b.html) (acessado em


22/06/2023)

5.2. Taludes

Os taludes desempenham um papel crucial em projetos de engenharia civil e


obras de infraestrutura, fornecendo suporte e estabilidade para diversas estruturas,
como estradas, barragens e edifícios (Figura 7) .
Eles são inclinações ou declividades em terrenos e podem ser formados por
diferentes materiais, como terra, rocha ou concreto. A formação adequada dos taludes
é essencial para garantir a segurança e a integridade das estruturas.
19

Figura 7 – Tipos de Taludes

Fonte: Prof. MSc. Douglas M. A. Bittencourt – PUC Goiás – Geotecnia II

A inclinação da crista e do pé é um aspecto crucial na formação dos taludes. A


inclinação da crista se refere à inclinação da parte superior do talude, onde a estrutura
encontra-se (Figura 8). Essa inclinação é determinada levando-se em consideração
fatores como a estabilidade do solo e a função da estrutura em si. De acordo com
Pereira (2015), a inclinação da crista pode variar de acordo com o tipo de solo e a
finalidade da estrutura, sendo comumente adotados valores entre 1:1 (um metro de
altura para cada metro de distância horizontal) e 1:2.
Por outro lado, a inclinação do pé do talude refere-se à inclinação da parte
inferior do talude, que está em contato direto com o terreno natural. Essa inclinação é
determinada com base nas características do solo e nas condições geológicas da
área. Conforme destacado por Souza (2018), a inclinação do pé do talude pode variar
significativamente, dependendo da estabilidade do solo e da ocorrência de processos
erosivos. Valores comumente utilizados variam de 1:1 a 1:3.
É importante ressaltar que a inclinação da crista e do pé deve ser definida
levando em consideração uma série de fatores, como as características geotécnicas
do solo, a exposição a condições climáticas adversas, a presença de água no terreno
e a geometria da estrutura em si. Segundo Lima (2019), uma inclinação inadequada
pode comprometer a estabilidade do talude, resultando em riscos de deslizamentos,
colapsos e danos à infraestrutura.
Em resumo, a formação adequada dos taludes é essencial para garantir a
estabilidade e a segurança das estruturas de engenharia civil. A inclinação da crista e
do pé desempenha um papel crucial nesse processo, sendo determinada com base
em uma análise criteriosa das características do solo, das condições geológicas e das
demandas específicas de cada projeto.
20

Figura 8 - Elementos de um Talude

Fonte: Prof. MSc. Douglas M. A. Bittencourt – PUC Goiás – Geotecnia II.

5.3. Estabilidade de taludes

De acordo com Queiroz(2009), o cálculo da estabilidade de taludes envolve a


consideração de duas variáveis principais: os esforços atuantes e os esforços
resistentes da estrutura. Os esforços atuantes correspondem, principalmente, ao peso
do solo sujeito ao cisalhamento. Já os esforços resistentes dizem respeito à
resistência ao cisalhamento ao longo da superfície de ruptura.
O Estudo da estabilidade de um talude pode ser feito por alguns métodos, entre
eles existe o Método de Equilíbrio Limite, que segundo Massad (2010) este método
considera as seguintes premissas
• O Solo se rompe de forma brusca sem sofrer deformação
• É utilizado os valores médios de parâmetros de resistência
• O Fator de Segurança (FS) é constante na linha de ruptura
• As equações de equilíbrio estático são válidas até a iminência de
ruptura
• O Material é homogêneo e continuo na mesma camada
O Fator de segurança (FS) é dado como sendo a razão entre as forças
resistentes sob a força solicitantes
𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓ç𝑎𝑎𝑎𝑎 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟
𝐹𝐹𝐹𝐹 = (1)
𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓ç𝑎𝑎𝑎𝑎 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠
21

Segundo Fiori (2015), o fator de segurança pode ser resumido da seguinte


forma
𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡
𝐹𝐹𝐹𝐹 = (2)
𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡

onde Φ é o ângulo de atrito interno do material e i é o ângulo de inclinação do


plano
Segundo a NBR 11.682 é dado os seguintes valores mínimos do FS (Tabela 2)

Tabela 2 – Fatores de segurança mínimos para deslizamentos

Fonte: ABNT - NBR 11.682

Para o cálculo de estabilidade de taludes existe diversos métodos e um deles


é o Método das Fatias, que segundo Abramson, Lee, Sharma & Boyce (2001), este
método é geralmente utilizado pela maioria dos programas computacionais, pois
permite a análise de taludes com geometrias complexas, variedade nas condições do
solo e permite a influência de cargas externas.
Este método leva em consideração a divisão da massa de solo em fatias
verticais (Figura 9)
22

Figura 9 - Exemplo da divisão das fatias de um escorregamento

Fonte: https://www.guiadaengenharia.com/analise-estabilidade-talude/ (acessado 05/05/2023)

Cada fatia apresenta as seguintes forças atuantes (figura 10)


23

Figura 10 – Forças atuantes na fatia

Fonte: Adaptado de Abramson, Lee, Sharma & Boyce (2001)

Para os diferentes métodos de análise em fatias é levado em consideração as


seguintes condições de equilíbrio estático (Tabela 3).
24

Tabela 3 - Condições consideradas de equilíbrio estático

Equilíbrio das Equilíbrio das Equilíbrio do


Método
forças em X forças em Y Momento
Ordinário/Fellenius Não Não Sim
Bishop Simplificado Sim Não Sim
Janbu Simplificado Sim Sim Não
Lowe-Karafiath Sim Sim Não
Corps ofEngineers Sim Sim Não
Spencer Sim Sim Sim
Morgenstern-Price Sim Sim Sim
Sarma Sim Sim Sim
Fonte: Adaptado de Abramson, Lee, Sharma & Boyce (2001)

Um dos métodos mais populares de análise é o General Limit Equilibrium (GLE)


formulado por Chugh, 1986, apud Abramson, Lee, Sharma &Boyce (2001), pois ele
permite modelar uma versão mais discreta da de Morgenstern & Price (1965), este
método pode ser usado para satisfazer tanto o equilíbrio das forças quanto o do
momento.
O GLE consiste na seleção de uma função apropriada que descreve a variação
dos ângulos das forças entre as fatias para satisfazer o equilíbrio completo, já o
método de Janbu assume uma posição para a “linha de pressão” e assim calcula o
ângulo das forças entre fatias para os processos computacionais esta operação é
muito sensível e pode gerar problemas numéricos, como por exemplo a falha de
convergir para uma solução do fator de segurança.
O Método simplificado de Bishop e Janbu são populares pois é possível obter
o fator de segurança facilmente e para a maioria das superfícies, porem como eles
não satisfazem todas as condições de equilíbrio de forças e momento o valor
encontrado é ligeiramente diferente dos outros métodos que respeitam todas as
condições.

5.3.1. Métodos ordinário de fatias (Fellanius)

O método de Fellenius foi um dos primeiros métodos analíticos que usou o


método das fatias para estimar a estabilidade de um talude, este método assume que
25

a resultante das forças entre todas as fatias é inclinada em ângulo paralelo a base da
fatia. Essa simplificação é uma das principais desvantagens deste método o que leva
a um cálculo inconsistente da força efetiva na base das fatias.
O Fator de segurança é assumido como o mesmo para todas as fatias, podendo
ser calculado da seguinte forma

∑𝑛𝑛𝑖𝑖=1(𝐶𝐶 + 𝑁𝑁 ′ 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡Φ)
𝐹𝐹 = 𝑛𝑛 (3)
∑𝑖𝑖=1 𝐴𝐴1 − ∑𝑛𝑛𝑖𝑖=1 𝐴𝐴2 + ∑𝑛𝑛𝑖𝑖=1 𝐴𝐴3

Onde
𝐴𝐴1 = (𝑊𝑊(1 − 𝑘𝑘𝑉𝑉 ) + 𝑈𝑈𝐵𝐵 cosβ + 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄 δ) 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠α (4)


𝐴𝐴2 = (𝑈𝑈𝐵𝐵 senβ + 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄δ) (𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐α − ) (5)
𝑅𝑅

ℎ𝑐𝑐
𝐴𝐴3 = 𝑘𝑘𝐻𝐻 W (𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐α − ) (6)
𝑅𝑅

R = Raio da superfície circular de falha

5.3.2. Métodos simplificado de Janbu

Este método se baseia nas forças mostradas na figura 10, o método


simplificado assume que não existe força cisalhante entre fatias, a geometria de cada
fatia é descrita pela sua altura, h, medida ao longe da linha central, sua largura b, e
suas inclinações na base e no topo α e β respectivamente.
Satisfazendo também a condição de equilíbrio das forças verticais em cada
fatia e também do equilíbrio das forças horizontais em todo o conjunto, sendo capaz
de calcular o fator de segurança para superfícies circulares e não circulares.
Podendo calcular o fator de segurança pela seguinte formula:

∑𝑛𝑛𝑖𝑖=1(𝐶𝐶 + 𝑁𝑁 ′ 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡Φ)cos 𝛼𝛼
𝐹𝐹 = (7)
∑𝑛𝑛𝑖𝑖=1 𝐴𝐴4 + ∑𝑛𝑛𝑖𝑖=1 𝑁𝑁 ′ 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 𝛼𝛼
Onde
26

𝐴𝐴4 = 𝑈𝑈𝛼𝛼 senα + 𝑊𝑊𝑘𝑘ℎ − 𝑈𝑈𝛽𝛽 senβ − 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄 δ (8)

O fator de segurança de Janbu é dado pela multiplicação do F pelo fator f0,


dado pelo seguinte gráfico (Figura 11).

Figura 11 - Fator de correção para o método simplificado

Fonte: Abramson, Lee, Sharma & Boyce (2001)

Não existe um consenso na escolha correta do f0 quando a superfície intercepta


diferentes tipos de solo que possui apenas o c, apenas Φ, ou ambos c e Φ, nestes
casos geralmente é utilizado a curva de Φ e c para se obter o valor de f0.
Também é possível utilizar a seguinte formula para se calcular o f0.

𝑑𝑑 𝑑𝑑
𝑓𝑓0 = 1 + 𝑏𝑏1 � − 1,4 � � ²� (9)
𝐿𝐿 𝐿𝐿

Onde b varia de acordo com o tipo de solo


Solos com apenas c: b1 = 0,69
Solos com apenas Φ: b1 = 0,31
Solos com c e Φ: b1 = 0,5
A escolha correta de b1 depende do tipo de solo encontrado junto ao plano de
falha analisado.
27

5.3.3. Métodos simplificado de Bishop

O Método de Bishop também utiliza o método de fatias para discretizar a massa


de solo e determinar o fator de segurança, este método satisfaz a condição de
equilíbrio de forças verticais para cada fatia e um equilíbrio geral do momento no
centro da superfície circular e também assume que não existe força de cisalhamento
entre as fatias.
O uso deste método é restrito para o cálculo do fator de segurança de
superfícies circulares e geralmente é o método recomendado para estas analises.
Assumindo que o fator de segurança é o mesmo para todas as fatias pode-se
calcular da seguinte forma.
∑𝑛𝑛𝑖𝑖=1(𝐶𝐶 + 𝑁𝑁 ′ 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡Φ)
𝐹𝐹 = 𝑛𝑛 (10)
∑𝑖𝑖=1 𝐴𝐴5 − ∑𝑛𝑛𝑖𝑖=1 𝐴𝐴6 + ∑𝑛𝑛𝑖𝑖=1 𝐴𝐴7

Onde
𝐴𝐴5 = (𝑊𝑊(1 − 𝑘𝑘𝑉𝑉 ) + 𝑈𝑈𝐵𝐵 cosβ + 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄 δ) 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠α (11)

𝐴𝐴6 = (𝑈𝑈𝐵𝐵 senβ + 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄 δ) (𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐α − ) (12)
𝑅𝑅
ℎ𝑐𝑐
𝐴𝐴7 = 𝑘𝑘𝐻𝐻 W (𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐α − ) (13)
𝑅𝑅

R = Raio da superfície circular de falha

5.3.4. Método do limite de equilíbrio generalizado (GLE)

Este método é a extensão do procedimento de Spencer (1973) que foi


generalizado por Chugh (1986) apud Abramson, Lee, Sharma & Boyce (2001), que
adopta a função θi = λ * f(xi) para determinar o ângulo direito da força entre fatias da
fatia i como mostrado na figura 10.
A função f(xi) varia de 0 a 1 e essencialmente representa a forma da distribuição
usada para descrever a variação dos ângulos das forças entre fatias (figura 12).
28

Figura 12 - Exemplo das funções utilizadas para descrever a variação a variação do angulo
das forças entre fatias

Fonte: Abramson, Lee, Sharma & Boyce (2001)

Para o equilíbrio das forças o método assume que ZL e ZR estão inclinados por
θL e θR no lado esquerdo e direito de cada fatia.
O cálculo do Fator de segurança deste método é feito na seguinte sequência.
1) Assume que o ângulo da força entre fatias θL para a primeira fatia e
para o θR da última fatia é zero
2) Determina o Fator de segurança, que permite satisfazer o equilíbrio
das forças de tal forma que ZR para a última fatia (na crista) é igual
a força do contorno, esta força será igual à força hidrostática gerada
pela água em uma trinca de tração preenchida com água no topo
do talude, caso não exista esta trica a força do contorno é
considerada zero.
3) Se guarda os valores das forças ZR e ZL usadas para calcular o fator
de segurança
4) Utilizando o valor das forças ZR e ZL é calculado o ângulo das
forças entre fatias θR que satisfaz o momento de equilíbrio de tal
forma que hR para a última fatia é zero ou igual a força hidrostática
de uma trinca de tração preenchida com água. Este processo é
29

repetido para todas as fatias partindo do fato que o θL ehL para a


primeira fatia (no pé) é zero.
5) Os passos 2 a 4 são repetidos até o fator de segurança e os ângulos
das forças entre fatais estiverem dentro de um limite tolerável.
6) É então calculado as tensões normal, vertical e de cisalhamento na
base de cada fatia para auxiliar ao usuário a determinar se o fator
de segurança encontrado é razoável.

5.3.5. Métodos computacionais

Atualmente a forma que os taludes são calculados são com uso de softwares
pois eles têm avançado significativamente na área da geotecnia, permitindo que os
engenheiros resolvam problemas relacionados a solos e rochas com maior precisão
e eficiência. Entre as diversas aplicações, os programas de estabilidade de taludes se
destacam como ferramentas poderosas e cada vez mais indispensáveis para análises
geotécnicas.
No mercado, há uma ampla variedade de programas de computador
disponíveis, oferecendo alta confiabilidade e precisão. Entre os mais utilizados
destacam-se o GeoStudio, Slide2, Slope/W, PLAXIS, LS-DYNA.
Esses programas permitem que os engenheiros realizem análises mais
sofisticadas e detalhadas, considerando uma série de fatores que podem influenciar
a estabilidade de taludes, como a presença de água, a variação das propriedades do
solo, a inclinação do terreno, entre outros. Com isso, é possível obter resultados mais
precisos e confiáveis, contribuindo para a tomada de decisão em projetos de
engenharia geotécnica.
O Programa utilizado no caso que vai ser mostrado é o Slide2 e ele utiliza o
método de fatias descrito acima, podendo calcular a fator de segurança pelos
seguintes métodos:
• Ordinário/Fellenius
• Bishop Simplificado
• Janbu Simplificado
• Janbu Corrigido
• Lowe-Karafiath
30

• Corps ofEngineers #1
• Corps ofEngineers #2
• Spencer
• GLE (General LimitEquilibrium) a implementação do GLE no Slide2 é
equivalente ao método de Morgenstern-Price
• Sarma
31

5.4. Técnicas para prevenção e correção de Instabilidade dos taludes

A prevenção e a correção da instabilidade de taludes, é uma preocupação


fundamental na engenharia geotécnica, visando garantir a permanente segurança das
estruturas. No contexto, as técnicas são regidas por normas específicas que
estabelecem padrões e diretrizes para projetos geotécnicos. Abaixo, serão
apresentadas as principais técnicas de prevenção de instabilidades de taludes de
acordo com as normas brasileiras.

5.4.1. Análise geotécnica

Antes de qualquer intervenção, é crucial realizar uma análise geotécnica


para avaliar as condições do solo, o tipo de rocha, a orientação do talude e outros
fatores geológicos. ANBR 11682, e a NBR 6484 estabelece os procedimentos
para essa análise.
A análise geotécnica preliminar é o ponto de partida crucial em qualquer
projeto. Consiste em uma avaliação inicial das condições do solo e do subsolo,
visando compreender as características morfológicas, que podem influenciar a
estabilidade e o comportamento da estrutura.
Nessa etapa, são coletadas informações geológicas, geotécnicas e
topográficas, além de dados históricos sobre o local, para embasar as decisões
de projeto. É também durante a análise preliminar que são identificados possíveis
riscos, como a presença de lençóis freáticos, solos expansivos ou instabilidades
pré-existentes, que podem exigir medidas adicionais de prevenção e correção.
Essa fase inicial é fundamental para a definição de estratégias e a seleção
das técnicas mais adequadas para a estabilização do talude.
A partir dos dados obtidos, os engenheiros podem realizar simulações e
cálculos para determinar as etapas do projeto, como inclinações seguras, tipos
de contenção e sistemas de desvio necessários.

5.4.2. Sondagem

É uma técnica crucial, empregada para obter informações detalhadas


sobre as características do solo e do subsolo em um determinado local.
32

Consiste na perfuração controlada do terreno, seguida da coleta de


amostras de solo e, em alguns casos, de rochas.
Esses dados são essenciais para a realização de análises geotécnicas
precisas, permitindo a avaliação da resistência, permeabilidade, compactação e
outras propriedades que influenciam diretamente o projeto. Além disso, as
informações obtidas por meio da sondagem são fundamentais para a tomada de
decisões embasadas na engenharia, contribuindo para a segurança e eficiência
de diversas obras civis.

5.4.3. Drenagem

A implementação de um sistema de drenagem em taludes é uma


estratégia fundamental, para conter os efeitos adversos da água e preservar a
estabilidade da estrutura. Consiste na instalação de canais, tubos e dispositivos
de coleta específicos para direcionar a água longe do talude, evitando o acúmulo
e a saturação do solo.
Além disso, o sistema de drenagem pode incluir a utilização de mantas
geossintéticas, que auxiliam na filtração e na redistribuição da água, reforçando
toda a estrutura. A eficácia de um sistema de drenagem baseada na análise
específica e no planejamento criterioso da disposição e dimensões dos
componentes, para garantir o escoamento eficiente.

5.4.4. Terraplenagem e contenção

A NBR 11682 auxilia e norteia a fazer o sistema de terraplenagem e


contenção, práticas fundamentais, sendo frequentemente empregadas para
estabilizar taludes e garantir a segurança em áreas com variações topográficas
acentuadas.
A terraplenagem envolve o processo de nivelamento e modelagem do
terreno, seja através do corte e remoção de material ou do aterramento com solo
adequado. Essa etapa é essencial para criar uma superfície estável e com as
inclinações desejadas, preparando o terreno.
Por sua vez, as estruturas de contenção, como paredes de arrimo ou
sistemas de enrocamento, têm o papel crucial de evitar deslocamentos de solo.
33

Os muros de arrimo, muitas vezes construídos em concreto armado ou alvenaria


reforçada, funcionam como barreiras físicas que suportam as forças laterais
exercidas pelo terreno.
Já os sistemas de enrocamento consistem na colocação estratégica de
blocos de rocha, criando uma barreira natural contra erosões e deslocamentos
de solo. A combinação eficaz de terraplenagem e contenção é essencial para
garantir a segurança e a estabilidade de taludes e áreas adjacentes.

5.4.5. Geossintéticos

O uso de geossintéticos representa uma inovação significativa, oferecendo


soluções versáteis e eficazes para uma variedade de desafios.
Esses materiais sintéticos, como os geotêxteis, geomembranas e
geogrelhas, são projetados para fortalecer, filtrar, drenar e separar diferentes
camadas de solo, proporcionando maior estabilidade aos taludes e estruturas
geotécnicas.
Com características de alta resistência mecânica e durabilidade, os
geossintéticos são aplicáveis em uma ampla gama de cenários, desde obras de
contenção até projetos de proteção contra erosão.
Além de oferecer soluções técnicas avançadas, esses materiais também
se destacam por promover práticas construtivas mais sustentáveis, ao reduzir a
necessidade de escavação e transporte de materiais naturais, contribuindo para
a preservação do meio ambiente. A incorporação de geossintéticos no projeto,
pode fortalecer a estabilidade do talude, aumentando sua resistência e
diminuindo a erosão.

5.4.6. Plantação de vegetação

Uma técnica de bioengenharia consiste no uso de vegetação específica para


fortalecer a estabilidade do talude, e fornece diretrizes para essa prática.
34

5.4.7. Estabilização por enrocamento

É uma técnica robusta e eficaz, frequentemente empregada para fortalecer


taludes e áreas sujeitas à erosão. Consiste na disposição estratégica de grandes
blocos de rocha ou concreto, criando uma barreira resistente contra as forças da
natureza.
Essa técnica aproveita a inércia dos materiais usados, proporcionando
uma solução de contenção altamente durável e de baixa manutenção. Além
disso, os enrocamentos podem ser adaptados a diferentes perfis topográficos,
tornando-os uma escolha versátil para projetos em variados ambientes
geológicos. Ao conferir estabilidade e proteção contra a erosão.

5.4.8. Variações climáticas

Exercem um impacto significativo em obras de terra, exigindo uma


abordagem cuidadosa e adaptativa. Chuvas intensas, períodos de seca e
variações de temperatura podem desencadear processos erosivos e de
expansão/contração do solo, influenciando diretamente na estabilidade do talude.
Estratégias como a implementação de sistemas de drenagem práticas, o
uso de materiais geossintéticos e a escolha de técnicas de contenção são
essenciais para reduzir os efeitos das condições climáticas inconstantes.
A interpretação das variações climáticas não apenas garante a
durabilidade das estruturas de talude, mas também fortalece a adaptabilidade
referente as obras, frente às adversidades impostas pela natureza.

5.4.9. Paredes de gabião

São estruturas que combinam funcionalidade e estética de maneira


notável. Compostos por cestos de malha metálica preenchida com pedras ou
rochas, esses muros oferecem uma solução versátil para a contenção de taludes,
controle de erosão e até mesmo como elementos decorativos em paisagismo.
Sua construção permite a interação com o ambiente circundante,
facilitando a flexibilidade e minimizando a pressão hidrostática, tornando-os
ideais para áreas sujeitas a variações climáticas e a movimentações do solo.
35

5.4.10. Solo grampeado

É uma técnica avançada de estabilização, regularmente aplicada em


taludes e encostas sujeitas a movimentações de solo.
Consiste na inserção de elementos metálicos, chamados de grampos, no
solo, criando uma união entre camadas, reforçando a estrutura e impedindo
rupturas ou colapsos. Esta técnica oferece uma solução flexível e eficaz para
áreas com solos de baixa coesão ou instáveis.
Além disso, o solo grampeado pode ser combinado com outras técnicas,
ampliando sua aplicabilidade em diferentes cenários geológicos. Por meio do uso
de grampos, esta técnica confere uma estabilidade, protegendo as áreas de risco
contra movimentações indesejadas de solo.

5.4.11. Sistemas de contenção

Esses sistemas representam uma peça fundamental, sendo projetados


para garantir a estabilidade e segurança de encostas sujeitos a movimentações
de solo.
Compreende uma variedade de técnicas, como paredes de arrimo,
cortinas atirantadas e enrocamento, que visam conter as cargas laterais, e evitar
deslocamentos indesejados, destacando-se como uma prática essencial, corrigir
a instabilidade. A NBR 6122 fornece diretrizes para o dimensionamento de
paredes de arrimo, cortinas atirantadas e outros elementos de contenção.

5.4.12. Tratamento de águas pluviais

O tratamento de águas pluviais em obras de terra é uma etapa crítica,


que visa minimizar os impactos ambientais e garantir a estabilidade da
estrutura.
Envolver uma melhoria de sistemas que coletam, filtram e gerenciam as
águas provenientes de chuvas, evitando o acúmulo e a erosão do solo.
Estratégias como a construção de canais de drenagem, a instalação de bacias
de retenção e o uso de dispositivos de filtragem são empregados para controlar
o fluxo pluvial e reduzir os riscos de instabilidade.
36

Além de preservar a integridade das obras, o tratamento adequado de


águas pluviais contribui para a proteção do meio ambiente, promovendo a
sustentabilidade e a durabilidade da edificação

5.4.13. Capacitação e treinamento

Além das técnicas específicas, é fundamental que os profissionais


envolvidos estejam devidamente capacitados e treinados para a supervisão e
tomada de decisão das medidas preventivas.

5.4.14. Monitoramento geotécnico

É uma etapa essencial na gestão da estabilidade de taludes e outras


estruturas. Envolve a instalação de instrumentos e sensores especializados para
registrar e analisar as condições do solo, deformações e pressões exercidas
sobre a estrutura ao longo do tempo.
Esses dados fornecem informações valiosas sobre o comportamento do
talude e auxiliam na detecção precoce de quaisquer sinais de instabilidade,
permitindo orientações corretivas antes que uma situação se agrave.
O monitoramento geotécnico é, portanto, uma ferramenta preventiva
crucial para garantir a segurança e a durabilidade de taludes e estruturas em
áreas suscetíveis a movimentações do solo.

5.4.15. Inspeções periódicas e manutenção

Após a correção, a realização de inspeções periódicas e a execução de ações


de manutenção são fundamentais para garantir a durabilidade e a eficácia das
medidas adotadas.
A prevenção e a correção da instabilidade de taludes, guiada pelas normas
brasileiras, representa a fronteira entre a segurança e o perigo iminente. Cada
intervenção, desde a análise geotécnica detalhada até à implementação de sistemas
de contenção e reforço, é um elemento crucial na preservação de vidas e
propriedades. Ao aplicar essas diretrizes, transformamos taludes instáveis em
fortalezas de estabilidade, erguendo um escudo contra a força implacável da natureza.
37

6. ESTUDO DE CASO – FERNÃO DIAS KM 22 + 700 PISTA NORTE

No caso em tela, além da solução proposta para as rupturas identificadas,


foram realizados estudos de estabilidade utilizando programas computacionais e
métodos estatísticos para avaliar a probabilidade de sucesso da estabilização
concebida. Também foram adotados parâmetros geotécnicos baseados nos
resultados das sondagens do local e da retro análise do escorregamento, além da
experiência do escritório nos materiais envolvidos e na bibliografia especializada.
Além disso, foi destacado que a norma brasileira NBR 11.682 - Estabilidade de
encostas prescreve um fator de segurança mínimo de 1,5 nas análises de
estabilidade, e que neste projeto foi empregado o nível ALTO de segurança contra
danos a vidas humanas e nível ALTO de segurança contra danos materiais e
ambientais, perfazendo um fator de segurança mínimo de 1,5. Cabe à Concessionária
(Autopista Fernão Dias) avaliar e validar esse nível de segurança preconizado pela
norma NBR 11.682 - Estabilidade de Encostas.
Por fim, é importante ressaltar que a solução proposta para as rupturas
identificadas foi baseada em técnicas construtivas sustentáveis, que utilizam materiais
naturais e reduzem o impacto ambiental da obra. Além disso, a utilização do solo
grampeado no pendente superior permitiu a estabilização do talude sem a
necessidade de grandes movimentações de terra, o que também contribuiu para a
sustentabilidade da obra.
38

6.1. Localização

O presente projeto está localizado beira da Rodovia BR-381, localizada no km


22+700, Pista Norte (Figura 13).

Figura 13 - Mapa de localização

Fonte: Silva (2017)

6.2. Caracterização e Problemática

O objeto de estudo compõe em duas rupturas em talude de corte à beira da


Rodovia BR-381, localizada no km 22+700, Pista Norte.
Inicialmente o talude original compõe berma intermediária e inclinação de cada
pendente entre 50° e 60°, com altura variando entre 10 e 18 m.
Uma das rupturas, mais precisamente a localizada à direita do talude de corte,
possui cerca de 60 m de extensão e cerca de 9 m de altura, expondo a fundação da
canaleta existente na berma.
Já a outra ruptura, é um pouco menor, localizada à esquerda do talude de corte,
apresenta cerca de 10 m de extensão e 4 m de altura, atingindo a crista do talude.
39

Porém, ambas as rupturas podem ser classificadas como rasas ou planares.


Segundo o projeto objeto de estudo, foi relatado que durante a inspeção, foi
detectada a intensa presença de água aflorando no pé do talude, coletada pela sarjeta
ao pé do talude.
Seguem abaixo fotos com o intuito de ilustrar e melhor demonstrar o narrado
no presente estudo.

Figura 14 – Foto do talude onde houve o movimento de massa.

Fonte: Silva (2017)

Figura 15 - Outro angulo de vista da ruptura.

Fonte: Silva (2017)


40

Figura 16 - Canaleta na berma do talude no trecho da ruptura maior.

Fonte: Silva (2017)

De acordo com o responsável técnico, na imagem anterior é possível observar


que não há sinais de seu comprometimento ( trincas e desalinhamento ) apesar de
estar “descalçada”.

Figura 17 - Ruptura menor ( destacada em amarelo ).

Fonte: Silva (2017)


41

Figura 18 - Foto em zoom da ruptura menor.

Fonte: Silva (2017)

Figura 19 - Pé do talude

Fonte: Silva (2017)

Foi observado na vista de campo, água no pé do talude, porém não na ruptura.


Esses afloramentos encontram-se na extremidade do talude, a titulo de
referencia fica à esquerda do ponto de vista da pessoa que observa a partir da pista
(montante) e essa água é coletada pela sarjeta na base do talude, escoando para a
direita (jusante).
42

A vista a campo foi encontrada um dreno, com intensa saída de água (figura
20)
Figura 20 - Drenos

Fonte: Silva (2017)

Pode-se observar também a presença de duas saídas de drenos, porém essas


estavam secas.
Segundo o autor do projeto, as instabilizações observadas têm como provável
gênese a saturação por água em períodos de chuva aliada às altas declividades dos
pendentes do talude, acima de 45°.
Ainda em campo, não foram detectados indícios de acúmulo de água e
transbordamento na canaleta no topo da ruptura maior, mas esta possibilidade não
deve ser descartada.

6.3. Descrição da sondagem

A caracterização geológico-geotécnica de um determinado solo desempenha


um papel fundamental na análise e no planejamento de obras civis e geotécnicas.
Neste contexto, foram realizadas sete sondagens de percussão no terreno específico
(Figura 21) , abrangendo a composição do maciço em questão.
43

Figura 21 – Planta de localização das sondagens

Fonte: Silva (2017)

Os resultados indicam que o maciço é predominantemente composto por uma


camada de elúvio, tipicamente como solo residual maduro.
Esta camada é caracterizada por argila pouco siltosa ou silte argiloso,
apresentando variações de consistência que vão desde muito mole até duro, com
espessura variável de 2,5 a 14 metros. Esta camada refere-se a uma camada de solo
de alteração de rocha, definida como solo residual jovem, composta por silte argiloso
e argila arenosa, com areia fina, de consistência média a dura.
Além da composição do solo, também foi identificada a profundidade do nível
d'água no local. Durante as sondagens, o nível d'água foi encontrado a cerca de 1
metro de profundidade no pé do talude e aproximadamente 11 metros de profundidade
a partir do topo do talude de corte. Esses dados são cruciais para o planejamento e a
execução de projetos geotécnicos, bem como para a estabilidade do terreno em
questão.
Os detalhes dos perfis individuais das sondagens, todas feitas com ø21⁄2,
podem ser encontrados nos anexos deste relatório, fornecendo informações
específicas sobre as características do solo em diferentes pontos do terreno. No
entanto, para uma compreensão mais abrangente do maciço, um perfil geológico-
geotécnico idealizado foi desenvolvido e está representado na Figura 22 deste
relatório.
44

Figura 22 - Perfil geológico-geotécnico idealizado

Fonte: Silva (2017)

Na sondagem (SP-01) em área de aterro(AT), foi encontrada argila arenosa


fina, com detritos de vegetais, na cor marrom escura, entre 0,90me 1,59m foi
encontrada argila siltosa pouco arenosa com mica, muito mole, com perfuração em
(SAR) solo de alteração de rocha, entre 5,62m e 9,19m foi encontrando silte argiloso,
com areia fina, com mica mole e dura, na tonalidade cinza, a partir dessa
profundidade, o solo impenetrável à lavagem por tempo (rocha ou matacão).
Em (SP-02) também se iniciou a sondagem em (AT) entre 0,12m e 5,00m,
encontrou-se argila siltosa, com areia fina a média, mole e dura, vermelha escura e
cinza, entre 5,00m e 8,60m (SAR) argila arenosa (fina a média) dura, e vermelha e
rôsea, entre 8,60m e 12,95m,argila com areia fina a média, média a rija, cinza
esverdeada, e entre 12,95 e 15,45m silte argiloso com areia fina a média, com caulim
rijo a duro, cinza e róseo variegado.
45

É importante ressaltar que, em uma das sondagens (SP-03), entre 0.15m,


1.57m e 8.74m, encontrou-se silte argiloso, muito mole, marrom escuro. foi
inicialmente incluída a camada como "colúvio", (solos coluviais são formados pelo
processo de deposição causada pela ação da gravidade, que provoca a queda de
massas de solo e rochas ao longo de taludes. Essa queda de material resulta na
acumulação gradual desses sedimentos no pé do declive, formando os solos coluviais.
Essas características tornam-se solos diferentes, já que são diretamente influenciadas
pelo efeito da gravidade como agente transportador.)
Porém, entre 8.74m e 14.63m e após análise mais detalhada das sondagens
vizinhas, e da geomorfologia do local e das observações realizadas durante a
inspeção de campo, concluímos que essa classificação estava equivocada,
encontrou-se argila pouco siltosa, com areia fina rija a dura, marrom avermelhada
escura.
Portanto, consideramos mais adequados classificá-la como "elúvio", (é uma
acumulação de material de qualquer natureza que permanece no local de origem, com
um transporte mínimo ou praticamente inexistente. A distinção crucial entre um
depósito residual e um solo autônomo reside na remoção significativa de parte do solo
original no primeiro caso. Em outras palavras, o depósito residual é caracterizado pela
retenção predominante do material em seu local de formação, enquanto o solo
autóctone mantém a maior parte do material no local de sua gênese.) Alinhando-a
com as características das camadas adjacentes e das condições geotécnicas do
terreno.
Em resumo, a caracterização geológico-geotécnica do maciço em questão é
fundamental para embasar as decisões de engenharia e geotecnia em projetos
futuros, fornecendo informações cruciais sobre a composição do solo e o nível d'água
presente no local. Esses dados são essenciais para garantir a segurança e a
estabilidade de qualquer empreendimento que envolva o uso desse terreno.
46

Figura 23 - croqui esquemático

Fonte: Silva (2017)

Já a segunda ruptura, o autor classificou como maior, devendo ser executado


uma implantação de muro de gabião e aterro defronte à ruptura, para confinar o pé do
maciço e execução de solo grampeado na pendente superior de modo a se garantir a
estabilidade local desta porção do maciço

Figura 24 - Croqui esquemático das soluções propostas para garantir a estabilidade dos
taludes.

Fonte: Silva (2017)

6.4. Análise sobre a memória de cálculo

A memorial de calculo, foi utilizado como fatores de segurança para as análises de


estabilidade, a norma brasileira NBR 11.682 (Tabela 2)
47

A analisando as características da rodovia tais como tráfego e importância


econômica, empregou-se o nível ALTO de segurança contra danos a vidas humanas
e nível ALTO de segurança contra danos materiais e ambientais, o responsável
técnico chegou ao valor perfazendo um fator de segurança mínimo de 1,5.
Vale ressaltar, que o autor lembra da responsabilidade da Concessionária (
Autopista Fernão Dias ) avaliar e validar o nível de segurança preconizado pela norma
NBR 11.682 - Estabilidade de Encostas.

6.5. Comentários sobre a análises de estabilidade

No projeto em tela, foi efetuado estudos de estabilidade da solução de


estabilização concebida, utilizando-se o programa computacional SLIDE version
5.014, da Rocscience Inc. (University of Toronto - Dr. EvertHoek), que emprega
consagrados métodos de equilíbrio limite e que destaca a superfície crítica de ruptura
entre as diversas superfícies potenciais de ruptura. Paralelamente, empregou-se,
junto com a análise determinística tradicional, o método estatístico do próprio
programa (método Monte-Carlo) de forma a se avaliar a probabilidade de sucesso da
estabilização concebida.
Os valores de desvio padrão do peso específico, coesão (c) e ângulo de atrito
foram adotados com base em valores de coeficiente de variação (CV) encontrados na
literatura especializada nacional e internacional (e.g. JCSS - Joint Committee of
Structural Safety e em Sandroni & Sayão, 1992 ).
O autor adverte que a norma brasileira (NBR 11.682 – estabilidade de
encostas) considera estáveis taludes que exibam Fs determinísticos ≥ 1,5 e a
literatura nacional considera estáveis taludes com β ( índice de confiabilidade ) > 1,8;
Teixeira & Virgili (1984) propõe a magnitude de 0,3 % como valor aceitável de
probabilidade de ruína, para taludes cujas consequências da ruptura são classificadas
como “muito graves”. Estes autores classificam com estas consequências “os taludes
médios e altos em estradas de acesso importantes”. Whitman (1984) propõe valores
limites de probabilidade de ruína da ordem de 1% para o risco da perda de vidas
humanas. Sandroni & Sayão (1992) sugerem um valor mínimo do índice de
confiabilidade do coeficiente de segurança de 2.
Na verificação da estabilidade local do muro de gabião, foi utilizado no projeto
o programa GawacWin da MACCAFERRI.
48

Como parâmetros geotécnicos empregados nas análises e respectivas


variáveis estatísticas foram adotados pelo autor, de acordo com os resultados das
sondagens do local e da retro análise do escorregamento.
Afirma ainda que a análise foi baseada na expertise dos profissionais que
compunha o quadro de colaboradores do escritório, onde estava atuando, bem como
nos materiais envolvidos e na bibliografia especializada.

Tabela 4 – Propriedades dos solos

Fonte: Silva (2017)

Obtendo o resultado de:

Fs determinístico: 1,5
Probabilidade de ruína: < 1%
β (índice de confiabilidade): 2,3
49

Figura 25 - Resultado da análise de estabilidade local do solo grampeado

Fonte: Silva (2017)

A figura 26 representa as análises de estabilidade da solução concebida


(adotando–se os seguintes parâmetros para o aterro no tardoz do muro de gabião: ꙋ=
1,8 tf/m³; c = 1,0 tf/m²; Ф= 25° ).
50

Figura 26 - Resultado da retro análise da ruptura planar ( nível d’água adotado elevado para
representar a saturação por chuva – provável causa da ruptura ).

Fonte: Silva (2017)

Como resultado o autor obteve:

FS determinístico: 1,5
Probabilidade de ruína: <1/1.000
β ( índice de confiabilidade ): 2,7
51

Figura 27 - Resultado da análise de estabilidade global da solução em muro de gabião no


SLIDE

Fonte: Silva (2017)


52

Figura 28 - Resultado da análise de estabilidade local do muro de gabião no MACCAFERRI

Fonte: Fonte: Silva (2017)

Como resultado após análise e tratamento dos dados, com o resultado da


análise de estabilidade local do muro de gabião, aplicando as seguintes verificações,
conforme NBR 11.682, obteve:

FS Deslizamento >1,5
FS Tombamento > 2,0
Tensão na base < 15 tf/m²

Os resultados encontrados estavam dentro dos limites impostos ela NBR


11.682, portanto a solução é adequada.
53

O autor explica, que a tensão admissível da fundação do gabião foi estimada


através da equação:
N𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆 8 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘
𝜎𝜎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 = = ~ 1,5 = 15 𝑡𝑡𝑡𝑡/𝑚𝑚2 (14)
5 5 𝑐𝑐𝑐𝑐2

Segundo o autor, a equação mencionada já é consolidada entre os profissionais


da área de geotécnica nacional.

6.6. Características construtivas do Muro de gabião

Confeccionados com malha de dupla torção hexagonal de abertura 8 x 10 cm


produzida com arames de aço de baixo teor de carbono (BTC), revestidos com liga de
zinco e alumínio galvanizado, foi de diâmetro 2,70 mm (malha) e fio de diâmetro 3,40
mm, são subdivididos em células que reforçam os elementos, aumentando a
resistência da estrutura construída.
Material é indicado para obras geotécnicas em áreas urbanas e rurais, como
solução para contenções de solo, barreiras acústicas, recuperação da área, entre
outras, material muito utilizado em área de aterro e barranco.

6.7. Geotêxtil não tecido

O geossintético é definido como produto planar fabricado a partir de material


polimérico. Na maioria das vezes utilizado em combinação com o solo, rocha e terra,
além do mais pode haver outro material definido pela engenharia civil, trabalho e
estrutura montada pelo (Koerner, 1998).
Além da grande variedade de modelos de geossintéticos o geotêxtil não –
tecido, sendo assim um dos materiais mais utilizados dentro dessa cadeia de produto,
onde desempenha na qualidade das obras, com as funções de filtração, separação,
reforço, drenagem e proteção.
54

7. CONCLUSÃO

O presente estudo aborda a informações sobre rupturas no solo,


escorregamentos de terra e instabilidades em taludes, que podem ocorrer por
processos naturais, como a ação da chuva, vento e sol, ou por processos artificiais.
As características do solo onde as contenções serão instaladas são cruciais na
avaliação da relação entre o manejo e a técnica de contenção a ser aplicada.
Movimentos de massa, conhecidos como escorregamentos, são
frequentemente desencadeados pela diminuição da resistência interna do solo
exposto ao deslocamento da massa ou pelo aumento das cargas externas aplicadas.
A estabilidade de taludes e encostas é essencial tanto em obras públicas
quanto privadas, como na construção de rodovias, ferrovias, barragens e loteamentos.
Taludes rodoviários podem enfrentar diversos problemas, incluindo erosões em
sulcos e plataformas longitudinais, associadas à deriva, desagregação superficial,
escorregamentos devido a inclinações acentuadas, descontinuidades, saturação do
solo, evolução da erosão, problemas de fundação, no corpo e na travessia de aterro,
e com o sistema de drenagem.
A escolha das técnicas de estabilização depende de coeficientes de segurança
adotados para diferentes configurações, sendo necessário considerar as técnicas
mais conservadoras em regiões propensas a instabilidades.
Em termos de custos, a solução em mantas geotêxteis foi destacada como uma
opção de baixo custo. Telas de alta resistência e pedra arrumada também apresentam
um custo-benefício interessante.
Portanto, a seleção da técnica de estabilização deve ser feita levando em conta
não apenas a eficácia, mas também a viabilidade financeira, especialmente em
cenários onde a estabilidade do talude é crucial.
O trabalho apresenta uma análise abrangente sobre técnicas de contenção em
projetos de engenharia, ressaltando a eficácia da combinação de estratégias para
obter resultados semelhantes a um custo menor.
Um exemplo notável é a redução da drenagem pluvial com a contenção
utilizando solo grampeado de face verde. Além disso, ao avaliar diferentes tipos de
paredes de contenção, observamos que a técnica de parede de solo reforçada com
geotêxtil é destacada como a opção mais econômica.
55

O estudo também enfatiza a relevância do licenciamento ambiental para a


construção e regularização desses empreendimentos. Este processo busca garantir
que estejam em conformidade com as leis e normas ambientais, minimizando assim
os impactos sobre o meio ambiente.
Por fim, o trabalho reúne informações e dados fornecendo aos profissionais da
área uma referência útil para a seleção da melhor solução em termos de tipos de
taludes a serem implementados em uma obra, levando em consideração suas
características específicas.
Essa contribuição é valiosa para orientar as decisões de projeto e execução,
promovendo eficiência e sustentabilidade nas práticas de engenharia civil.
E vale salientar que a estabilidade de taludes é a sinfonia da segurança na
dança da geotecnia, em cada movimento, cada estrato de solo, é uma nota na partitura
da solidez.
Como maestros, os engenheiros orquestram técnicas como terraplenagem
precisa, sistemas de contenção robustos e drenagem eficazes, com a precisão de
quem conduz uma sinfonia impecável.
É uma harmonia entre ciência e arte, onde cada pedra posicionada, cada
análise geotécnica realizada, ecoa na segurança das estruturas e no respeito pela
vida. A estabilidade de taludes é uma melodia da confiança, uma melodia que ressoa
através do tempo, garantindo que o solo sob nossos pés permaneça firme e confiável.
56

8. REFERENCIAS
Abramson, L.W., Lee, T.S., Sharma, S. and Boyce, G.M. Slope Stability and
Stabilization Methods, 2nd edition, 2001.
Chugh, A. K. Variable interslice force inclination in slope stability analysis. Soils
and Fundation, Japanese Society of SMFE, Vol 26, No.1, 1986, pp 115-21. Clough,
R.W.
DAS, Braja M.. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. 6. ed. São Paulo:
Thomson Learnig, 2007. 559 p. Tradução da 6ª edição norte-americana.
Fiori, Alberto Pio. Fundamentos de mecânica dos solos e das rochas:
aplicações na estabilidade de taludes. 1. Ed. São Paulo: Oficina de textos, 2015. 71p.
HUTCHINSON,J.N.General report: morphological and geotechnical parameters
of landslides in relation to geology and hidrology. In: INTERNATIONALSYMPOSIUM
ON LADSLIDES, 5, Lausanne, 1988. Resumos, Rotterdam, Balkema,p.3-29.
Johnson, R. (2017). Stability Analysis of Earth Slopes. In Geotechnical
Engineering Calculations and Rules of Thumb (pp. 185-202). Butterworth-Heinemann.
Johnson, R. (2019). Slope Stability Analysis in Practice. In Soil Mechanics and
Foundations (pp. 305-326). CRC Press.
Jones, S. (2018). Slope Stability and Earth Retaining Walls. In Principles and
Practice of Soil Mechanics and Foundation Engineering (pp. 283-308). CRC Press.
Lee, K. (2020). StabilizationTechniques for Slopes and Embankments. In
Handbook of Geotechnical Investigation and Design Tables (pp. 195-222). CRC Press.
Lima, R. S. Fundamentos de Mecânica dos Solos e das Rochas. Editora
Interciência., 2019
Massad, F. Obras de terra: Curso básico de geotecnia, 2ed., São Paulo, Oficina
de Textos, 2010.
Morgenstern, N. R., Price, V.E.The analysis of the stability of general slip
surfaces. Geotechique, Vol. 15, No.1, 1965
Pereira, M. A. Fundamentos de Geotecnia. Editora LTC, 2015.
QUEIROZ, Rudney C. Geologia e geotecnia básica para a engenharia civil. São
Carlos: Rima, 2009. 406 p
Sarma, S.K. Stability analysis of embankment and slopes. Geotechinique, Vol.
23 (3), 1973.
SILVA, Leandro Rodrigues Eira da (2022). Projeto executivo, 2017
57

Souza, J. M. Manual de Engenharia Geotécnica: Solos, Fundações e Taludes.


Editora Oficina de Textos,2018
Smith, M. (2015). Geological Factors Affecting Slope Stability. In Engineering
Geology for Society and Territory - Volume 2 (pp. 1075-1079). Springer.
Smith, M. (2018). Numerical Methods for Slope Stability Analysis. In Applied
Engineering Geology (pp. 281-293). Elsevier.
VARNES,D.J.(1958).Slopemovements,typesandprocesses.In:ECKEL,E.B.,ed.
Landslidesandengineeringpractice.p.20-47

Você também pode gostar