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Desenho Técnico

APOSTILA DA DISCIPLINA

2ª edição
2019
Sumário
1- INTRODUÇÃO...................................................................................................6
1.1 Associação Brasileira de Normas Técnicas..............................................................7
2- Elementos Geométricos - Figuras Planas....................................................8
2.1 Linhas............................................................................................................................ 8
2.2 Ângulos......................................................................................................................... 8
2.3 Bissetriz........................................................................................................................ 9
2.4 Mediatriz........................................................................................................................ 9
2.5 Polígonos...................................................................................................................... 9
2.6 Triângulos..................................................................................................................... 9
2.7 Quadriláteros.............................................................................................................. 10
2.8 Polígonos regulares................................................................................................... 10
2.9 Círculos....................................................................................................................... 10
2.10 Circunferências.......................................................................................................... 10
2.11 Diagonais.................................................................................................................... 11
2.12 Alturas de Figuras Planas......................................................................................... 11
3- Elementos Geométricos - Sólidos...............................................................12
4- Instrumentos de desenho.............................................................................13
5- Caligrafia técnica...........................................................................................14
5.1 Norma NBR 8402........................................................................................................ 14
5.2 Seqüência de operações...........................................................................................16
5.2.1 Verticais......................................................................................................... 16
5.2.2 Inclinadas......................................................................................................17
6- Formatos de Papeis para Desenho Técnico...............................................18
6.1 Norma NBR 10068...................................................................................................... 18
7- Legendas........................................................................................................21
8- Linhas Convencionais...................................................................................24
8.1 Norma NBR 8403........................................................................................................ 24
8.2 Tipos e empregos...................................................................................................... 26
9- Geometria descritiva.....................................................................................30
9.1 Ponto de vista............................................................................................................. 30
9.2 Projeção ortogonal em três planos..........................................................................30
9.3 P.V. (Plano Vertical) – Vista frontal ou elevação.....................................................32
10- Diedros............................................................................................................33
11- Projeção ortogonal no 1° diedro..................................................................34
11.1. Projeção ortográfica do prisma retangular..............................................................35
11.2. Rebatimento dos planos de projeção.......................................................................38
11.3. Projeção orto ráfica de modelos..............................................................................41

3
12- Projeção ortogonal no 3º diedro..................................................................44
12.1 Comparações entre as Projeções Ortogonais do 1º e 3º Diedro...........................44
13- Classificação dos desenhos........................................................................46
13.1 Esboço........................................................................................................................ 46
13.2 Desenho de conjunto................................................................................................. 48
13.3 Desenho de componente...........................................................................................48
14- Perspectiva.....................................................................................................49
14.1 Perspectiva isométrica..............................................................................................49
14.1.1 Perspectiva isométrica de circunferências e de arcos de circunferência50
14.1.2 Linhas não isométricas................................................................................51
14.2 Perspectiva cavaleira.................................................................................................51
15- Escalas............................................................................................................53
15.1. Tipos e empregos...................................................................................................... 53
15.2. Escalas usuais........................................................................................................... 53
16- Supressão de vistas......................................................................................56
16.1. Sinais convencionais.................................................................................................58
17- Cotagem em desenho técnico......................................................................61
17.1. Norma NBR 10126...................................................................................................... 61
18- Cortes..............................................................................................................79
18.1 Interpretação do corte............................................................................................... 79
18.1.1 Observações.................................................................................................79
18.1.2 Hachuras........................................................................................................80
18.1. Norma NBR 12298.........................................................................................82
18.2. Algumas regras sobre os cortes.................................................................84
18.3. Corte total................................................................................................................... 85
18.5. Corte em desvio......................................................................................................... 88
18.6. Meio corte................................................................................................................... 89
18.7. Corte parcial............................................................................................................... 89
18.8. Corte rebatido............................................................................................................. 90
18.9. Superfícies finas em corte.........................................................................................90
18.10. Omissão de corte.................................................................................................91
18.11. Seções.................................................................................................................. 93
18.12. Rupturas............................................................................................................... 94
19- Rotação de detalhes oblíquos......................................................................96
20- Vistas auxiliares.............................................................................................98
19.1. Vista Auxiliar Simplificada........................................................................................99
21- Vistas parciais..............................................................................................100
18.1.3 Casos usuais de vistas parciais................................................................100
20. Conjuntos mecânicos.................................................................................101

4
22.1. Interpretação da legenda.........................................................................................106
22.2. Desenho de componente.........................................................................................109
22- Bibliografia...................................................................................................122

5
1- INTRODUÇÃO

Quando vamos executar uma determinada peça na oficina de nossa escola ou na


indústria, necessitamos receber todas informações e dados sobre a mesma.
Estas informações poderiam ser apresentadas de várias formas, tais como:

1. Descrição verbal da peça


2. Fotografia da peça
3. Modelo da peça
4. Desenho técnico da peça

Se analisarmos cada uma destas formas, veremos que nem todas proporcionam as
informações indispensáveis para a execução da peça, senão, vejamos:

1. Uma Descrição Verbal não é bastante para transmitir


as idéias de forma e dimensões de uma peça, mesmo
que ela não seja mui o complicada. Se experimentarmos
descrever, usando somente o recurso da palavra, um
objeto, de maneira que outra pessoa o execute,
concluiremos que isto é praticamente impossível.

2. A Fotografia transmite relativamente bem a idéia da parte


exterior da peça, mas não mostra seus detalhes internos e nem
suas dimensões. Logo, a fotografia também não resolve o nosso
problema.

3. O Modelo resolve, até certo ponto, alguns problemas. Nem


todos, porém. Por exemplo, se tivéssemos que transportar
uma peça de grande tamanho, para reproduzi-la pelo
modelo... Além disso, a peça pode estar sendo “projetada”,
não existindo ainda um modelo da mesma.

4. O Desenho Técnico pode transmitir, com clareza,


precisão e de maneira simples, todas as idéias de forma e
dimensões de uma peça. Além disso, há uma série de
outras informações necessárias que somente o desenho
pode dar, tais como: o material de que é feita a peça, os
acabamentos de sua superfície, as tolerâncias de suas
medidas etc.

Portanto, o conhecimento de Desenho Técnico é indispensável a todos aqueles que


necessitam executar tarefas que sejam de ajustagem, tornearia, marcenaria,
eletricidade etc.

O Desenho Técnico é usado na indústria pelos engenheiros, projetistas, desenhistas,


mestres e operários qualificados, como uma linguagem técnica universal, pela qual

6
se expressam e registram idéias e dados para a construção de móveis, máquinas e
estruturas.

Sendo uma linguagem gráfica universal, o Desenho Técnico possui normas


específicas para o seu traçado e interpretação. Estas normas são elaboradas por
entidades especializadas que padronizam e normalizam o seu emprego.

1.1 Associação Brasileira de Normas Técnicas

No Brasil, a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – padronizou as


normas, que fixam as condições gerais que devem ser observadas na execução dos
desenhos técnicos e representações convencionais.

Para que o emprego do desenho técnico se torne fácil e preciso, recorre-se ao uso
de instrumentos apropriados, chamando-se, neste caso, “Desenho com
Instrumentos”. Quando executado à mão, sem o auxílio de instrumentos, denomina-
se “Desenho à Mão Livre” ou “Esboço”.

Segundo a norma NBR 10647 que regulariza os termos utilizados no desenho


técnico um esboço é “Representação gráfica aplicada habitualmente aos estágios
iniciais de elaboração de um projeto, podendo, entretanto, servir ainda à
representação de elementos existentes ou à execução de obras”.

Já um croqui é definido como sendo “Desenho não obrigatoriamente em escala,


confeccionado normalmente à mão livre e contendo todas as informações
necessárias à sua finalidade.”

O nosso objetivo é estudar e exercitar a linguagem universal do desenho técnico, a


fim de expressá-la e escrevê-la com clareza, bem como interpretá-la quando escrita
por outrem.

7
2- Elementos Geométricos - Figuras Planas
2
2.1 Linhas

reta

c
u
r
v
a

8
quebrada mista

horizontal paralelas
inclinada
vertical
B

A
linha poligonal
oblíqua perpendicular segmento de
reta - AB

2.2 Ângulos

 > 180

agudo  obtuso reto raso



< > 
9
0 9 =
 0 
   9
  0

ângulo de 360 ângulo central


 +  = 90  +  = 180


complementares suplementares 

+ replementares

3
6
0

9
2.3 Bissetriz

Bissetriz - AD
A

rB
D C



=
2.4 Mediatriz

C

M D
OBA
eO
d
i=
2.5 Polígonos
a
tO
rB
i
lados e ângulos
z
iguais lados e ângulos diferentes
C
-
D

polígono regular
polígono irregular

2.6 Triângulos

equilátero isósceles escaleno retângulo

10
2.7 Quadriláteros

quadrado retângulo trapézio paralelogramo losango

2.8 Polígonos regulares

pentágono sextavado octógono heptágono

2.9 Círculos

2.10 Circunferências

Circunf. Circunferências
Circunferência
Concêntricas Excêntricas Circunf.
Exteriores

Circunferêcias Secantes Circunf. Tangentes Interiores


10
Circunf.
Ta
ng
ent
es
Ext
eri
ore
s

11
Circunferêcias Circunferêcias
Linhas das Cirncunferências Inscrita
Circunscrita

2.11 Diagonais

Quadrado Retângulo Losango Trapézio

2.12 Alturas de Figuras Planas

OBS. : A altura é sempre perpendicular à base.

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3- Elementos Geométricos - Sólidos

cubo paralelepípedo barra triangular


(barra quadrada) (barra chata)

cilindro tronco de barra barra


(barra redonda) cilindro pentagonal sextavada

Barra * Tronco de Cone


Oitavada P pirâmide
irâmi
de
(bas
e
sext
avad
a)

Tronco de con e
13
Cilindro Alongado (elo
oblongo)
oco

*Nota: A pirâmide pode ser classificada segundo sua base, então teremos pirâmide
de base triangular, quadrangular, pentagonal,sextavada, etc.

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4- Instrumentos de desenho
1 - 10 folhas de formato A4 com
margem para desenho técnico.
2 10 folhas de formato A3 com
margem para desenho técnico.
3 – 15 folhas milimetrada A4.
4 - Um jogo de esquadro: 30°x60° e
de 45°, acrílico transparente,
preferencialmentee sem escala.

5 - Régua acrílico transparente (sem


cores, cristal) com escala 300 mm
6 - Compasso de boa qualidade (com
parafuso de reaperto ou abertura por
roda central)

7 - Lapiseiras 0,5 e 0,7 (grafites HB).

8 - Uma borracha macia com capa


para manuseio (preferencialmente
dust free /sem resíduo)
9 - Flanela

10 - Frasco 500 ml de álcool gel para


limpeza dos instrumentos e da
prancheta.
11 - Fita crepe para fixação dos
desenhos

12 - Trincha de 2"para limpeza da


prancheta (mesmo usado para
pintura).
13 – Gabarito de circunferências

15
5- Caligrafia técnica
3
4
5
5.1 Norma NBR 8402

Esta norma fixa as condições exigíveis para a escrita usada em desenhos técnicos e
documentos semelhantes.

As principais exigências na escrita em desenhos técnicos são:

a) legibilidade;
b) uniformidade;
c) adequação à microfilmagem e a outros processos de reprodução.

Para preencher os requisitos acima devem ser observadas as seguintes regras:

▪ Os caracteres devem ser claramente distinguíveis entre si, para evitar


qualquer troca ou algum desvio mínimo da forma ideal.

▪ Para a microfilmagem e outros processos de reprodução é necessário que a


distância entre caracteres (a) corresponda, no mínimo, à duas vezes a
largura da linha (d), conforme Figura e Tabela abaixo.

▪ Para facilitar a escrita, deve ser aplicada a mesma largura de linha para
letras maiúsculas e minúsculas.

▪ Os caracteres devem ser escritos de forma que as linhas se cruzem ou se


toquem, aproximadamente, em ângulo reto.

16
Exemplo de letra:

17
5.2 Seqüência de operações
5.2.1 Verticais

18
5.2.2 Inclinadas

Normas para o traçado de Letras e Algarismos:


1 – As letras e algarismos usados em legendas ou anotações podem ser
verticais ou inclinadas para a direita, adotando neste caso, um ângulo de
inclinação com a linha de base de aproximadamente de 75o.
2 – Para o traçado rápido e execução perfeita das letras e algarismos a mão
livre, devemos fazer pautas a lápis com linhas quase invisíveis, e seguir as

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seqüências de operações para a execução das mesmas.

20
6- Formatos de Papeis para Desenho Técnico

6
6.1 Norma NBR 10068

Esta Norma padroniza as características dimensionais das folhas em branco e pré-


impressas a serem aplicadas em todos os desenhos técnicos.

As folhas de desenhos podem ser utilizadas tanto na posição horizontal (ver Figura
1) como na vertical (ver Figura 2).

Figura 1: Folha na horizontal Figura 2: Folha na vertical

O formato da folha recortada da série "A" é considerado principal (ver Tabela


abaixo).

Designação Dimensões
A0 841 X 1189
A1 594 X 841
A2 420 X 594
A3 295 X 420
A4 210 X 297

O formato básico para desenhos técnicos é o retângulo de área igual a 1 m 2 e de


lados medindo 841 mm x 1189 mm, isto é, guardando entre si a mesma relação que
existe entre o lado de um quadrado e sua diagonal x 1
y
6.1.1. Dimensões da legenda

A posição da legenda deve estar dentro do quadro para desenho de tal forma que
contenha a identificação do desenho (número de registro, título, origem, etc.); deve
estar situado no canto inferior direito, tanto nas folhas posicionadas horizontalmente
(ver Figura 1) como verticalmente (ver Figura 2).

A direção da leitura da legenda deve corresponder à do desenho. Por conveniência,


o número de registro do desenho pode estar repetido em lugar de destaque,
conforme a necessidade do usuário.

21
A legenda deve ter 178 mm de comprimento, nos formatos A4, A3 e A2, e 175 mm
nos formatos A1 e A0.

22
6.1.2. Margem e quadro

Margens são limitadas pelo contorno externo da folha e quadro. O quadro limita o
espaço para o desenho (ver Figura 6).

As margens esquerda e direita, bem como as larguras das linhas, devem ter as
dimensões constantes na Tabela 2 .

A margem esquerda serve para ser perfurada e utilizada no arquivamento.

23
6.1.3. Dobramento de folhas

20
7- Legendas
Toda folha (formato 2A0, A0, A1, A2, A3) desenhada deve levar no canto inferior
direito um quadrado destinado à legenda. Na folha formato A4, a legenda fica na
parte inferior, ao longo da largura.

As legendas nos desenhos industriais, de um modo geral, não são normalizadas,


pois variam de acordo com as necessidades internas da firma, mas todas elas
devem ter obrigatoriamente os seguintes itens:

a) Nome da firma ou empresa;


b) Título do desenho;
c) Escala em que foi desenhado;
d) Número da folha ou desenho;
e) Número do desenho de conjunto ou referência;
f) Datas e assinatura dos responsáveis pela execução, verificação e
aprovação;
g) Lista de materiais que é composta de:
▪ Posição das peças dentro do conjunto;
▪ Quantidade para fabricação;
▪ Tipo de material de cada peça;
▪ Dimensão real ou em bruto;
▪ Nome das peças;
▪ Pesos reais e totais.

Legenda utilizada no IFMG:

Lista de Materiais (Posicionada logo acima da legenda):

POS QUANT MATERIAL DIMENSÕES DENOMINAÇÃO PESO (KG)

< 15 > < 15 > < 30 > < 40 > < 50 > < 28 >

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Obs. n 01 - A lista de materiais normalmente fica sobre a legenda e as posições
são colocadas em ordem crescente de baixo para cima, mas em casos especiais, a
lista de materiais poderá estar ao lado esquerdo das legendas em forma de faixas.

Obs. n 02 – Recomenda-se colocar o ângulo de projeções. No exemplo acima


temos o símbolo do 1°diedro.

A postura e o uso dos Instrumentos:

Postura

Um bom desenhista é atento a todos os detalhes. Persistência, treinamento e observação são


qualidades que devem ser cultivadas por estes profissionais e pelos que aspiram esta
qualificação.
A postura do desenhista sentado é muito importante para sua saúde e produtividade.
Posturas incorretas sinalizam displicência, problemas de visão, problemas de coluna e podem
causar sérios problemas no futuro.
Régua graduada

A régua graduada em milímetros serve para leitura e marcação de medidas e não deve ser
transparente devendo ser de plástico opaco e flexível. Não se deve usá-la como apoio para
traçar retas porque o lápis suja a régua, gasta a graduação e a própria linha fica irregular por
falta de apoio para a lapiseira.
Também não devemos utilizá-la para rasgar ou cortar papeis, pois seu aquecimento devido ao
atrito gerado derrete o plástico causando falhas e ondulações na régua.

Esquadros
Um par de esquadros no qual a hipotenusa de um (esquadro de 30 e 60º) é igual ao cateto de
outro (esquadro de 45º) são essenciais para os traçados nos desenhos usuais. Os esquadros,
réguas e gabarito de circunferência devem ser lavados periodicamente com água e sabão.

Lapiseiras
É importante começar aprendendo como segurar corretamente a lapiseira. A lapiseira deve
ser segurada entre o polegar e o dedo indicador a cerca de 40 a 50 mm da ponta, de modo
que a mão fique apoiada no dedo mínimo e a ponta da lapiseira esteja bem visível.

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Prendendo o papel na prencheta

Após verificar a iluminação e a prancheta, corte o papel no tamanho necessário, não se


esquecendo de suas margens. Cole-o apoiado na régua paralela com fita adesiva crepe,
seguindo a numeração indicada na figura abaixo. Isso evitará o desvio na extremidade da
régua paralela que prejudica a qualidade do desenho, sendo importante também observar que
o alinhamento da folha é em relação a régua paralela e não pela prancheta conforme mostra
a figura a seguir:

Limpeza da prencheta
A prancheta e a régua paralela devem ser limpas com alcool gel antes do final da aula.

23
8- Linhas Convencionais
Os tipos de linhas e suas respectivas larguras são definidas pela norma NBR 8403.

7
8
8.1 Norma NBR 8403

Esta Norma fixa tipos e o escalonamento de larguras de linhas para uso em


desenhos técnicos e documentos semelhantes.

8.1.1. Largura das linhas

A relação entre as larguras de linhas largas e estreita não deve ser inferior a 2.

As larguras das linhas devem ser escolhidas, conforme o tipo, dimensão, escala e
densidade de linhas no desenho, de acordo com o seguinte escalonamento:
0,13(1);0,18(1); 0,25; 0,35; 0,50; 0,70; 1,00; 1,40 e 2,00 mm.

Para diferentes vistas de uma peça, desenhadas na mesma escala, as larguras das
linhas devem ser conservadas.

8.1.2. Espaçamento entre linhas

O espaçamento mínimo entre linhas paralelas (inclusive a representação de


hachuras) não deve ser menor do que duas vezes a largura da linha mais larga,
entretanto recomenda-se que esta distância não seja menor do que 0,70 mm.

Ordem de prioridade de linhas coincidentes

Se ocorrer coincidência de duas ou mais linhas de diferentes tipos, devem ser


observados os seguintes aspectos, em ordem de prioridade (ver Figura 2):

1) Arestas e contornos visíveis (linha contínua larga, tipo de linha A);

2) Arestas e contornos não visíveis (linha tracejada, tipo de linha E ou F);

3) Superfícies de cortes e seções (traço e ponto estreitos, larga nas extremidades e


na mudança de direção; tipo de linha H);

4) Linhas de centro (traço e ponto estreita, tipo de linha G);

5) Linhas de centro de gravidade (traço e dois pontos, tipo de linha K);

6) Linhas de cota e auxiliar (linha contínua estreita, tipo de linha B).

24
8.1.3. Tipos de linhas

25
8.1.4. Terminação das linhas de chamadas

As linhas de chamadas devem terminar:

a) sem símbolo, se elas conduzem a uma linha de cota;


b) com um ponto, se termina dentro do objeto representado;
c) com uma seta, se ela conduz e ou contorna a aresta do objeto representado.

8.2 Tipos e empregos


Quando à espessura, as linhas devem ser:

▪ Grossas
▪ Médias
▪ Finas

A espessura da linha média deve ser a metade da linha grossa e a espessura da


linha fina, metade da linha média.

8.2.1. Linhas para arestas e contornos visíveis

São de espessura grossa e de traço contínuo.

Figura 9

8.2.2. Linhas para arestas e contornos não visíveis

São de espessura fina e tracejadas

Figura 10

26
8.2.3. Linhas de centro e eixo de simetria

São de espessura fina e formadas por traços e


pontos.

Figura 11

8.2.4. Linhas de Cota

São de espessura fina, traço contínuo, limitadas por setas nas extremidades.

Figura 12

8.2.5. Linhas de chamada ou extensão

São de espessura fina e traço contínuo. Não devem tocar o contorno do desenho e
prolongam-se além da última linha de cota que limitam.

Figura 13

27
8.2.6. Linhas de corte

São de espessura fina, formada por traços e pontos e grossas no inicio e fim e nas
mudanças de direção. Servem para indicar cortes e seções.

8.2.7. Linhas para hachuras

São de espessura fina, traço contínuo, geralmente inclinadas a 45º e mostram as


partes cortadas da peça. Servem também para indicar o material de que a peça é
feita, de acordo com as convenções recomendadas pela ABNT NBR12298

Figura 15
Figura 16

8.2.8. Linhas de rupturas

São de espessura estreita, traço contínuo e sinuoso e servem para indicar pequenas
rupturas e cortes parciais.

Figur
Figura

28
8.2.9. Linhas para representações simplificadas

São de espessura e, traço contínuo e servem para indicar o fundo de filetes de


roscas e de dentes de engrenagens.

Figura 19

Figura 20
9- Geometria descritiva
A relação estabelecida entre o objeto no espaço (tridimensional) e sua representação
no plano (bidimensional) é uma operação geométrica que denominamos
PROJEÇÃO.

9
9.1 Ponto de vista
Quando um observador vê uma figura, seus olhos vêem uma única imagem. Sem
discrepância, então o órgão visual fica reduzido a um ponto geométrico designado
por P.V., cujo projeção no geometral é um ponto P.V..

9.2 Projeção ortogonal em três planos


9.2.1. Projeção de um ponto

30
9.2.2. Projeção de um segmento de reta

9.2.3. Projeção de uma figura plana

9.2.4. Projeção de um sólido

30
Na projeção cilíndrica ortogonal, as projetantes são paralelas entre si e
perpendiculares ao plano de projeção.

31
Na projeção de um sólido em três planos, consideram-se três planos principais:

9.3 P.V. (Plano Vertical) – Vista frontal ou elevação.


P.H. (Plano Horizontal) – Vista superior ou planta.
P.L. (Plano Lateral) – Vista lateral ou perfil.

32
10- Diedros

Cada diedro é a região limitada por dois semiplanos perpendiculares entre si. Os
diedros são numerados no sentido anti-horário, isto é, no sentido contrário ao do
movimento dos ponteiros do relógio.

Figura 21

Atualmente, a maioria dos países que utilizam o método de projeção ortográfica no


1º diedro diedro. No Brasil, a ABNT recomenda a representação no 1º diedro diedro.
Entretanto, alguns países, como por exemplo os Estados Unidos e o Canadá,
representam seus desenhos técnicos no 3º diedro.

Ao ler e interpretar desenhos técnicos, o primeiro cuidado que se deve ter é


identificar em que diedro está representado o modelo. Esse cuidade é importante
para evitar o risco de interpretar errado as características do objeto.

No desenho não se representam as linhas de referências, nem se escrevem os


nomes das vistas. Deve-se, porém, indicar o diedro em que é feita a representação,
de modo a permitir a identificação das vistas pelas suas posições relativas. Essa
indicação se faz, seja escrevendo “1º DIEDRO” ou “3º DIEDRO”, seja utilizando os
símbolos na legenda.

O símbolo ao lado indica que o desenho


técnico está representado no 1º diedro diedro.
Este símbolo aparece no canto inferior direito
da folha de papel dos desenhos técnicos,
dentro da legenda. Mais usado no Brasil.

Quando o desenho técnico estiver


representado no 3º diedro diedro, você verá
este outro símbolo:

33
11- Projeção ortogonal no 1° diedro
Uma peça que estamos observando ou mesmo
imaginando, pode ser desenhada (representada) num
plano. A essa representação gráfica dá-se o nome de
“projeção”.

O plano é denominado “plano de projeção” e a


representação da peça recebe o nome de projeção.

Figura 22
Podemos obter as projeções através de observações feitas em posições
determinadas. Podemos, então, ter várias “vistas” da peça.

A projeção ortográfica de um modelo em um único plano algumas vezes não


representa o modelo ou partes dele em verdadeira grandeza. Mas, para produzir um
objeto, é necessário conhecer todos os seus elementos em verdadeira grandeza.
Por essa razão, em desenho técnico, quando tomamos sólidos geométricos ou
objetos tridimensionais como modelos, costumamos representar sua projeção
ortográfica em mais de um plano de projeção. No Brasil, onde se adota a
representação no 1º diedro, além do plano vertical e do plano horizontal , utiliza-se
um terceiro plano de projeção: o plano lateral. Esse plano é, ao mesmo tempo,
perpendicular ao plano vertical e ao plano horizontal.

Figura 23

34
11.1. Projeção ortográfica do prisma retangular
Para entender melhor a projeção ortográfica de um modelo em três planos de
projeção você vai acompanhar, primeiro, a demonstração de um sólido geométrico -
o prisma retangular em cada um dos planos, separadamente.

11.1.1. Vista frontal

Imagine um prisma retangular paralelo a um plano de projeção vertical visto de


frente por um observador, na direção indicada pela seta, como mostra a figura
seguinte. Este prisma é limitado externamente por seis faces retangulares: duas são
paralelas ao plano de projeção (ABCD e EFGH); quatro são perpendiculares ao
plano de projeção (ADEH, BCFG, CDEF e ABGH). Traçando linhas projetantes a
partir de todos os vértices do prisma, obteremos a projeção ortográfica do prisma no
plano vertical. Essa projeção é um retângulo idêntico às faces paralelas ao plano de
projeção.

Figura 24

Imagine que o modelo foi retirado e você verá, no plano vertical, apenas a projeção
ortográfica do prisma visto de frente.

Figura 25

A projeção ortográfica do prisma visto de frente no plano vertical dá origem à vista


ortográfica chamada vista frontal.

35
11.1.2. Vista superior

A vista frontal não nos dá a idéia exata das formas do prisma. Para isso
necessitamos de outras vistas, que podem ser obtidas por meio da projeção do
prisma em outros planos do 1º diedro. Imagine, então, a projeção ortográfica do
mesmo prisma visto de cima por um observador na direção indicada pela seta, como
aparece na próxima figura.

Figura 26

A projeção do prisma, visto de cima no plano horizontal, é um retângulo idêntico às


faces ABGH e CDEF, que são paralelas ao plano de projeção horizontal.
Removendo o modelo, você verá no plano horizontal apenas a projeção ortográfica
do prisma, visto de cima.

Figura 27

A projeção do prisma, visto de cima no plano horizontal, determina a vista


ortográfica chamada vista superior.

36
11.1.3. Vista lateral

Para completar a idéia do modelo, além das vistas frontal e superior uma terceira
vista é importante: a vista lateral esquerda. Imagine, agora, um observador vendo o
mesmo modelo de lado lado, na direção indicada pela seta, como mostra a
ilustração a próxima figura.

Figura 28

Como o prisma está em posição paralela ao plano lateral, sua projeção ortográfica
resulta num retângulo idêntico às faces ADEH e BCFG, paralelas ao plano lateral.
Retirando o modelo, você verá no plano lateral a projeção ortográfica do prisma visto
de lado, isto é, a vista lateral esquerda.

Figura 29

Você acabou de analisar os resultados das projeções de um mesmo modelo em três


planos de projeção. Ficou sabendo que cada projeção recebe um nome diferente,
conforme o plano em que aparece representada:

 projeção do modelo no plano vertical dá origem à vista frontal;


 projeção do modelo no plano horizontal dá origem à vista superior;
 projeção do modelo no plano lateral dá origem à vista lateral esquerda.

37
11.2. Rebatimento dos planos de projeção
Agora, que você já sabe como se determina a projeção do prisma retangular
separadamente em cada plano, fica mais fácil entender as projeções do prisma em
três planos simultaneamente, como mostra a figura seguinte.

Figura 30

As linhas estreitas que partem perpendicularmente dos vértices do modelo até os


planos de projeção são as linhas projetantes. As demais linhas estreitas que ligam
as projeções nos três planos são chamadas linhas projetantes auxiliares. Estas
linhas ajudam a relacionar os elementos do modelo nas diferentes vistas. Imagine
que o modelo tenha sido retirado e veja como ficam apenas as suas projeções nos
três planos:

Figura 31

Mas, em desenho técnico, as vistas devem ser mostradas em um único plano. Para
tanto, usamos um recurso que consiste no rebatimento dos planos de projeção

38
horizontal e lateral. Veja como isso é feito no 1º diedro: E o plano vertical, onde se
projeta a vista frontal, deve ser imaginado sempre numa posição fixa; E para rebater
o plano horizontal, imaginamos que ele sofre uma rotação de 90º para baixo, em
torno do eixo de interseção com o plano vertical (Figura 32 e Figura 33). O eixo de
interseção é a aresta comum aos dois semiplanos.

Figura 32 Figura 33

Para rebater o plano de projeção lateral imaginamos que ele sofre uma rotação de
90º, para a direita, em torno do eixo de interseção com o plano vertical (Figura 34 e
Figura 35).

Figura 35
Figura 34

39
Agora, você tem os três planos de projeção: vertical, horizontal e lateral,
representados num único plano, em perspectiva isométrica, como mostra a Figura
35. Observe agora como ficam os planos rebatidos vistos de frente.

Figura 36

Em desenho técnico, não se representam as linhas de interseção dos planos.


Apenas os contornos das projeções são mostrados. As linhas projetantes auxiliares
também são apagadas. Finalmente, veja como fica a representação, em projeção
ortográfica, do prisma retangular que tomamos como modelo:

Figura 37

A projeção A, representada no plano vertical, chama-se projeção vertical ou vista


frontal; E a projeção B, representada no plano horizontal, chama-se projeção
horizontal ou vista superior; E a projeção C, que se encontra no plano lateral,
chama-se projeção lateral ou vista lateral esquerda.

As posições relativas das vistas, no 1º diedro, não mudam: a vista frontal, que é a
vista principal da peça, determina as posições das demais vistas; a vista superior
aparece sempre representada abaixo da vista frontal; a vista lateral esquerda
aparece sempre representada à direita da vista frontal. O rebatimento dos planos de
projeção permitiu representar, com precisão o modelo de três dimensões (o prisma
retangular) numa superfície de duas dimensões. Além disso, o conjunto das vistas
representa o modelo em verdadeira grandeza, possibilitando interpretar suas formas
com exatidão.

40
11.3. Projeção orto ráfica de modelos

Acompanhe, agora, a demonstração da projeção ortográfica de outro modelo com


elementos paralelos (figura38). Este modelo prismático tem dois rebaixos laterais
localizados na mesma a tura e um rasgo central mais profundo.
Observe a projeção da vista frontal. O rasgo central e os rebaixos estão
representados pela linha para arestas e contornos visíveis:

Figura 38

Figura 39

Veja, agora, a vista superior.

Figura 40

41
Todas as arestas que definem os elementos do modelo são visíveis de cima e estão
representadas na vista superior pela linha para arestas e contornos visíveis. Por último,
analise a projeção da vista lateral esquerda.

Figura 41

As projeções das arestas que formam os rebaixos são coincidentes.


Essas arestas são representadas na vista lateral esquerda pela linha para arestas e
contornos visíveis. As arestas que formam o rasgo central não são visíveis de lado,
por isso estão representadas pela linha tracejada estreita. Analise as três vistas
projetadas ao mesmo tempo nos três planos de projeção, como mostra a figura ao
lado.

Figura 42

42
Observe as vistas ort gráficas do modelo após o rebatimento dos planos de
projeção. Você pode identificar, na figura abaixo, a linha para arestas e contornos
visíveis e a linha para arestas e contornos não visíveis.

43
12- Projeção ortogonal no 3º diedro
Nos Estados Unidos e Canadá, convencionou-se usar as projeções com disposição
diferente das vistas, sendo esse sistema chamado de “projeção no 3º diedro”. É
importante o conhecimento desse tipo de representação, visto existir no Brasil
grande número de indústrias de ordem norte-americana e canadense.

Figura 44

Observa-se que a vista de cima fica acima da vista de frente, enquanto que as
laterais direta e esquerda ficam, respectivamente, à direita e à esquerda da vista de
frente.

10
11
12
12.1 Comparações entre as Projeções Ortogonais do 1º e 3º Diedro

Figura 45

44
Figura 46

Figura 47

Figura 48

45
13- Classificação dos desenhos
Segundo a norma NBR 10647 os desenhos podem ser classificados como:

13
13.1 Esboço
Representação gráfica aplicada habitualmente aos estágios iniciais de elaboração de
um projeto, podendo, entretanto, servir ainda à representação de elementos
existentes ou à execução de obras.

Algumas definições estão presentes no cotidiano e não são abordados pela norma. A
facilidade de executar desenhos a mão livre é parte indispensável na bagagem
intelectual de um técnico. No seu dia-a-dia terá que elaborar rápidos esboços de
detalhes construtivos, peças, instalações ou elementos que compõe uma máquina. Esta
habilidade será bastante útil no momento de criação de um projeto e para facilitar a
transmissão de idéias no trabalho em equipes.
46
Em aproximadamente 90% (noventa por cento) dos casos, o técnico terá a sua
disposição, na fábrica ou no campo, apenas lápis, borracha e papel. E sendo assim,
surge a necessidade deste técnico possuir habilidade suficiente para desenvolver, a
contento, os esboços exigidos.

Recomendações:

• No desenho a mão livre é importante o traçado inicial ser bem leve, para possibilitar
correções de eventuais erros, após verificações. Estas correções devem ser feitas com
traços firmes e nítidos com pressão moderada.

• Evite o uso excessivo da borracha que deve ser do tipo macia.

• Use linhas de construção extremamente fracas, de forma que ao reforçar o desenho as


linhas de construção percam ênfase.

• Para desenho a mão livre use lapiseiras com grafite 0,5 milímetro e macio.

• O antebraço e a mão devem estar totalmente apoiados sobre a prancheta.

• A mão deve segurar a lapiseira naturalmente, sem forçar.

• Os traços verticais, inclinados ou não, em geral sai melhor de cima para baixo assim
como os horizontais da esquerda para a direita, sendo que para os canhotos pode ser
mais cômodo o sentido inverso

47
13.2 Desenho de conjunto
Segundo a norma NBR 10647 é o desenho mostrando reunidos componentes, que
se associam para formar um todo.

13.3 Desenho de componente


É o desenho de um ou vários componentes representados separadamente, também
chamado de detalhamento.

48
14- Perspectiva
O desenho em perspectiva mostra o objeto como ele aparece aos olhos do
observador. Dá a idéia clara por apresentar diversas faces do objeto.

Sendo um desenho ilustrativo, a perspectiva é facilmente compreensível aos leigos,


o que não acontece com o desenho técnico. Compare as figuras abaixo.

14
14.1 Perspectiva isométrica

A perspectiva isométrica (medidas iguais) é das mais simples e eficientes. Parte de


três eixos a 120°, sobre os quais se marcam as medidas reais da peça.

49
50
14.1.1 Perspectiva isométrica de circunferências e de arcos de circunferência

São geralmente representados pela elipse isométrica, cujo traçado oferece exatidão
suficiente para trabalhos comuns.

50
14.1.2 Linhas não isométricas

As linhas não paralelas aos eixos isométricos são chamadas linhas não isométricas.
Estas linhas não se apresentam em perspectiva nas suas verdadeiras grandezas e
devem ser traçadas através de linhas isométricas auxiliares, como mostra o exemplo
abaixo:

14.2 Perspectiva cavaleira

Outro tipo de perspectiva empregado em desenho técnico, para auxiliar a


representação e visualização das peças, é a perspectiva cavaleira.

Esta perspectiva caracteriza-se por sempre representar a peça como vista de frente.

As medidas horizontais e verticais, na perspectiva cavaleira, não sofrem redução.

51
O ângulo a, na perspectiva cavaleira, pode ser de 30º, 45º ou 60º. A medida
marcada nesta linha inclinada sofrerá redução de 1/3 quando o ângulo for de 30º, 1/2
quando o ângulo for de 5º e 2/3 quando for de 60º.

Este tipo de perspectiva é empregado com vantagem quando a peça apresenta


superfícies curvas. Vejamos o exemplo do cilindro abaixo pelos dois tipos de
perspectiva. Na isométrica, o círculo é representado por uma oval e na cavaleira, por
um círculo.

52
15- Escalas

12.
13.
14.
15.
15.1. Tipos e empregos

Os desenhos que utilizamos em oficinas, para orientar a construção de uma peça,


nem sempre podem ser executados com os valores reais das medidas da peça. Por
exemplo: é impossível representar no desenho uma mesa de três metros de
comprimento em seu tamanho real, como é também difícil ou quase impossível
representar em seu tamanho natural uma peça para relógio, com três milímetros de
diâmetro.

O recurso será, então, reduzir ou ampliar o desenho, conservando a proporção da


peça a ser executada.

Em todos estes casos, isto é, desenhando na mesma medida, reduzindo ou


ampliando, estaremos empregando escalas. Escala é, portando, a relação entre as
medidas do desenho e a da peça.

15.2. Escalas usuais

Quando o desenho for do mesmo tamanho da peça ou quando tiver as mesmas


dimensões indicadas nas cotas, teremos a escala natural.

A escala natural é indicada da seguinte forma:

Escala 1:1, que se lê “Escala um por um”.

Figura 49

O exemplo acima mostra o desenho de um punção de bico com todas as indicações


necessárias à sua execução na oficina. Note que, devido ao seu tamanho, foi
possível desenhar em escala natural.
53
Quando o desenho de uma peça for efetuado em tamanho menor do que o tamanho
da própria peça, estaremos usando escala de redução. Note que, embora reduzindo
o tamanho, as cotas conservaram as medidas reais da peça.
A escala de redução é indicada da seguinte forma:

54
Escala 1:2, que se lê “Escala um por dois”.

No exemplo abaixo, o desenho está duas vezes menor que os valores das cotas.

Figura 50

As escalas de Redução recomendadas pela ABNT são as seguintes:

1:2 – 1:5 - 1:10 - ... – 1:100

Quando o desenho de uma peça for efetuado no tamanho maior do que esta,
estaremos usando escala de ampliação. Note que as cotas conservaram, também,
os valores reais da peça.

A escala de ampliação é indicada da seguinte forma:

Escala 2:1, que se lê “escala dois por um”,


significando que o desenho é duas vezes maior que a peça.

Figura 51

As escalas de ampliações recomendadas pela ABNT são as seguintes:

2:1 – 5:1 – 10:1 - ... – 100:1


A interpretação de uma escala em relação à razão numérica é feita da seguinte
forma:

Usam-se dois números; o primeiro refere-se ao desenho e o segundo, à peça.

55
O exemplo ao lado significa que 2 mm na peça, corresponde a 1 mm no desenho.

A redução ou ampliação só terá efeito para o traçado do desenho, pois na cotagem


colocaremos as medidas reais da peça.

Em escalas, as medidas angulares não sofrem redução ou ampliação como as


lineares, por exemplo. Seja qual for a escala empregada, um ângulo de 60º será
representado com o mesmo valor.

Figura 52

Figura 53

14.2.1.1 NOTAS:

1) A escala do desenho deve obrigatoriamente ser indicada na legenda.

2) Constando na mesma folha desenhos em escalas diferentes, estas devem ser


indicadas tanto n legenda como junto aos desenhos a que correspondem.

3) Sempre que possível devemos desenhar em escala natural.

56
16- Supressão de vistas
Quando representamos uma peça pelas suas projeções, usamos as vistas que
melhor identificam suas formas e dimensões. Podemos usar três ou mais vistas,
como também podemos usar duas vistas e, em alguns casos, até uma única vista.

Nos exemplos abaixo estão representadas peças com duas vistas. Continuará
havendo uma vista principal - vista de frente -, sendo escolhida como segunda vista
aquela que melhor complete a representação da peça.

Figura 54

Figura 55

Nos exemplos abaixo estão representadas peças por uma única vista. Nesse tipo de
projeção, é indispensável o uso de símbolos.

Figura 56
Figura 57
Agora você vai aprender a ler e interpretar desenhos técnicos de peças
representadas em vista única.

57
As três vistas: frontal, superior e lateral esquerda transmitem a idéia de como o
modelo é na realidade. Veja agora o mesmo modelo, representado em duas vistas.

Mas, este mesmo modelo pode ser representado com apenas uma vista, sem
qualquer prejuízo para sua interpretação. Veja.

Desta vez o modelo foi representado em vista única.

Apenas a vista frontal foi representada. Todas as cotas da peça foram indicadas. A
largura da peça foi indicada pela palavra espessura abreviada (ESP), seguida do
valor numérico correspondente.

Acompanhe a interpretação da cotagem do modelo. AS cotas básicas são:


comprimento = 60, altura = 35 e largura = 15 (que corresponde à cota indicada por:
ESP 15).

Uma vez que o modelo é simétrico no sentido longitudinal, você já sabe que os
elementos são centralizados. Assim, para definir os elementos, bastam as cotas de
tamanho. O tamanho do rasgo passante fica determinado pelas cotas 10 e 15. Como
o rasgo é passante, sua profundidade coincide com a largura da peça, ou seja, 15
mm.

As cotas que definem os elementos oblíquos são: 16, 48, 8 e 15.

58
Analise outro desenho técnico em vista única.

Como não é possível concluir, pela analise da vista frontal, se os furos são
passantes ou não, esta informação deve vir escrita, em lugar que não atrapalhe a
interpretação do desenho.

Você notou que a indicação da espessura da peça foi representada fora da vista
frontal? Isto porque a indicação da espessura da peça dentro da vista prejudicaria a
interpretação do desenho.

Com essas informações é possível interpretar corretamente o desenho técnico da


peça.

16.
16.1. Sinais convencionais
Sinais convencionais são usados nos desenhos com a finalidade de simplificar e
facilitar sua leitura.

16.1.1. Sinal indicativo de diâmetro -


Usado na indicação de partes cilíndricas e nas vistas onde a secção circular das
mesmas não estejam bem caracterizadas. O sinal é colocado sempre antes dos
algarismos.

59
16.1.2. Sinal indicativo de quadrado -

Usado na indicação de elementos de forma quadrada.

Exemplo:

16.1.3. Diagonais cruzadas

Duas diagonais cruzadas, traçadas com linha fina-cheia, são usadas na:

Representação de espiga de secção quadrada:

Representação de superfícies planas de peças cilíndricas:

60
16.1.4. Sinais convencionais indicativos de perfilados

Estes sinais são empregados sempre antes da designação de bitola nos materiais
perfilados.

60
17- Cotagem em desenho técnico
Os desenhos devem conter todas as cotas necessárias de maneira a permitir a
completa execução da peça sem que para isso seja necessário recorrer à medição
no desenho, o que não seria cômodo e nem adequado.

A norma NBR10126 fixa os princípios gerais que devem ser usados na cotagem em
todos os desenho técnicos.

17.
17.1. Norma NBR 10126
17.1.1. Aplicação

A aplicação das cotas deve ser conforme especificado a seguir:

Toda cotagem necessária para descrever uma peça ou componente, clara e


completamente, deve ser representada diretamente no desenho.

A cotagem deve ser localizada na vista ou corte que represente mais claramente o
elemento.

Desenhos de detalhes devem usar a mesma unidade (por exemplo, milímetro) para
todas as cotas sem o emprego do símbolo. Se for necessário, para evitar mau
entendimento, o símbolo da unidade predominante para um determinado desenho
deve ser incluído na legenda. Onde outras unidades devem ser empregadas como
parte na especificação do desenho (por exemplo, N.m. para torque ou kPA para
pressão), o símbolo da unidade apropriada deve ser indicado com o valor.

Cotar somente o necessário para descrever o objeto ou produto acabado. Nenhum


elemento do objeto ou produto acabado deve ser definido por mais de uma cota.
Exceções podem ser feitas:

a) onde for necessário a cotagem de um estágio intermediário da produção (por


exemplo: o tamanho do elemento antes da cementação e acabamento);

b) onde a adição de uma cota auxiliar for vantajosa.

Não especificar os processos de fabricação ou os métodos de inspeção, exceto


quando forem indispensáveis para assegurar o bom funcionamento ou
intercambiabilidade.

A cotagem funcional deve ser escrita diretamente no desenho (ver Figura 18.1)
Ocasionalmente a cotagem funcional escrita indiretamente é justificada ou
necessária. A Figura 18.2 mostra o efeito da cotagem funcional escrita indiretamente,
aceitável, mantendo os requisitos dimensionais estabelecidos na Figura 18.1.

A cotagem não funcional deve ser localizada de forma mais conveniente para a
produção e inspeção.

61
Figura 18.1

Figura 18.2

17.1.2. Método de execução

Incluem a linha auxiliar, linha de cota (NBR 8403) limite da linha de cota e a cota. Os
vários elementos da cot gem são mostrados nas Figuras 18.3 e 18.4.

Linhas auxiliares e cotas

São desenhadas como linhas estreitas contínuas, conforme NBR 8403, mostrado
nas Figuras 18.3 e 18.4.

Linha auxiliar deve ser prolongada ligeiramente além da respectiva linha de cota (ver
Figuras 18.3 e 18.4). Um pequeno espaço deve ser deixado entre a linha de
contorno e linha auxiliar.

Figura 18.3 – a

62
Figura 18.3 - b

Figura 18.4

Linhas auxiliares devem ser perpendiculares ao elemento dimensionado, entretanto


se necessário, pode ser desenhado obliquamente a este, (aproximadamente
60°), porém paralelas entre si (ver Figura 18.5).

Figura 18.5

A construção da intersecção de linhas auxiliares deve ser feita com o prolongamento


desta além do ponto de intersecção (ver Figura 18.6).

Figura 18.6

Linhas auxiliares e cota, sempre que possível, não devem cruzar com outras linhas
(ver Figura 18.7).

63
Figura 18.7

A linha de cota não deve ser interrompida, mesmo que o elemento o seja (ver Figura
18.8).

Figura 18.8

O cruzamento das linhas de cota e auxiliares devem ser evitados, porém, se isso
ocorrer, as linhas não devem ser interrompidas no ponto de cruzamento.

A linha de centro e a linha de contorno, não devem ser usadas como linha de cota,
porém, podem ser usadas como linha auxiliar (ver Figura 18.9). A linha de centro,
quando usada como linha auxiliar, deve continuar como linha de centro até a linha de
contorno do objeto.

Figura 18.9

17.1.3. Limite da linha de cota

A indicação dos limites da linha de cota é feita por meio de setas ou traços oblíquos.

As indicações são especificadas como segue:

64
a) a seta é desenhada com linhas curtas formando ângulos de 15°. A seta pode ser
aberta, ou fechada preenchida (ver Figura 18.10);

b) o traço oblíquo é desenhado com uma linha curta e inclinado a 45° (ver Figura
18.11);

Figura 18.10

Figura 18.11

A indicação dos limites da linha de cota deve ter o mesmo tamanho num mesmo
desenho.

Somente uma forma da indicação dos limites da linha de cota deve ser usada num
mesmo desenho. Entretanto, quando o espaço for mito pequeno, outra forma de
indicação de limites pode ser utilizada (ver Figura 18.23).

Quando houver espaço disponível, as setas de limitação da linha de cota devem ser
apresentadas entre os limites da linha de cota (ver Figura 18.12). Quando o espaço
for limitado as setas de limitação da linha de cota, pode ser apresentadas
externamente no prolongamento da linha de cota, desenhado com esta finalidade
(ver Figura 18.13).

Figura 18.12 Figura 18.13

65
Somente uma seta de limitação da linha de cota é utilizada na cotagem de raio (ver
Figura 18.14). Pode ser dentro ou fora do contorno, (ou linha auxiliar) dependendo
do elemento apresentado.

Figura 18.14

17.1.4. Apresentação da cotagem

As cotas devem ser apresentadas em desenho em caracteres com tamanho


suficiente para garantir completa legibilidade, tanto no original como nas reproduções
efetuadas no microfilmes (conforme NBR 8402). As cotas devem ser localizadas de
tal modo que elas não sejam cortadas ou separadas por qualquer outra linha.

Existem dois métodos de cotagem mas somente um deles deve ser utilizado num
mesmo desenho:

a) método 1:

- as cotas devem ser localizadas acima e paralelamente às suas linhas de cotas e


preferivelmente no centro (ver Figura 18.15).

Figura 18.15

Exceção pode ser feita onde a cotagem sobreposta é utilizada (ver Figura 18.33). As
cotas devem ser escritas de modo que possam ser lidas da bas e/ou lado direito do
desenho.

Cotas em linhas de cotas inclinadas devem ser seguidas como mostra a Figura
18.16.

66
Figura 18.16

Na cotagem angular podem ser seguidas uma das formas apresentadas nas Figuras
18.17 e 18.18.

Figura 18.17 Figura 18.18

b) Método 2:

- as cotas devem ser lidas da base da folha de papel. As linhas de cotas devem ser
interrompidas, preferivelmente no meio, para inscrição da cota (ver Figuras 18.19 e
18.20).

67
Figura 18.19 Figura 18.20

Na cotagem angular podem ser seguidas uma das formas apresentadas nas Figuras
18.18 e 18.21.

Figura 18.21

A localização das cotas freqüentemente necessita ser adaptada às várias situações.


Portanto, por exemplo, as cotas podem estar:

a) no centro submetido da linha de cota, quando a peça é desenhada em meia peça


(ver Figura 18.22).

Figura 18.22

b) sobre o prolongamento da linha de cota, quando o espaço for limitado (ver Figura
18.23);

68
Figura 18.23

c) sobre o prolongamento horizontal da linha de cota, quando o espaço não permitir


a localização com a interrupção da linha de cota não horizontal (ver Figura 18.24).

Figura 18.24

Cotas fora de escala (exceto onde a linha de interrupção for utilizada) deve ser
sublinhada com linha reta com a mesma largura da linha do algarismo (ver Figura
18.25).

Figura 18.25

Os símbolos seguintes são usados com cotas para mostrar a identificação das
formas e melhorar a interpretação de desenho. Os símbolos de diâmetro e de
quadrado podem ser omitidos quando a forma for claramente indicada.

Os símbolos devem preceder à cota (ver Figuras 18.26 a 18.30).

69
Figura 18.26 Figura 18.27 Figura 18.28

Figura 18.29 Figura 18.30

17.1.5. Disposição e apresentação da cotagem

A disposição da cota no desenho deve indicar claramente a finalidade do uso.


Geralmente é resultado da combinação de várias finalidades.

Cotagem em cadeia

Deve ser utilizada somente quando o possível acúmulo de tolerâncias não


comprometer a necessidade funcional das partes. (Figura 18.31).

Figura 18.31

70
Cotagem por elemento de referência

Este método de cotagem é usado onde o número de cotas da mesma direção se


relacionar a um elemento de referência. Cotagem por elemento de referência pode
ser executada como cotagem em paralelo ou cotagem aditiva.

Cotagem em paralelo a localização de várias cotas simples paralelas uma às


outras e espaçadas suficientemente para escrever a cota (ver Figuras 18.32 e
18.33).

Figura 18.32 Figura 18.33

Cotagem aditiva é uma simplificação da cotagem em paralelo e pode ser utilizada


onde há limitação de espaço e não haja problema de interpretação. A origem é
localizada num elemento de referência e as cotas são localizadas na extremidade da
linha auxiliar (ver Figura 18.33).

Cotagem aditiva em duas direções pode ser utilizada quando for vantajoso. Neste
caso, a origem deve ser como mostra a Figura 18.34.

Figura 18.34

Quando os elementos estiverem próximos, quebramos as linhas auxiliares para


permitir a inscrição da c ta no lugar apropriado, como mostra a Figura 18.35.

71
Figura 18.35

Cotagem por coordenadas

Pode ser mais prático reduzir-se a Tabela, como mostra a Figura 18.36 do que a
Figura 18.34.

Figura 18.36

Coordenadas para pontos de intersecção em malhas nos desenhos de localização


são indicadas como mostra a Figura 18.37.

Figura 18.37
Coordenadas para pontos arbitrários sem a malha, devem aparecer adjacentes a
cada ponto (ver Figura 18.38) ou na forma de tabela (ver Figura 18.39).

72
Figura 18.38 Figura 18.39

Cotagem combinada

Cotagem simples, cotagem aditiva e cotarem por elemento comum podem ser
combinadas no desenho (ver Figuras 18.40 e 18.41).

Figura 18.40 Figura 18.41

17.1.6. Indicações especiais

Cordas, arcos, ângulos e raios

As cotas de cordas, arcos e ângulos, devem ser como mostra a Figura 18.42.

Figura 18.42

Quando o centro do arco cair fora dos limites do espaço disponível, a linha de cota
do raio deve ser quebrada ou interrompida, conforme a necessidade de localizar ou
não o centro do arco (ver Figura 18.14).

Quando o tamanho do raio for definido por outras cotas, ele deve ser indicado pela
linha de cota do raio com o símbolo R sem cota (ver Figura 18.43).

73
Figura 18.43

Elementos eqüidistantes

Onde os elementos equidistantes ou elementos uniformemente distribuídos são parte


da especificação do desenho a cotagem pode ser simplificada. Espaçamento linear
pode ser cotado como mostra a Figura 18.44.

Se houver alguma possibilidade de confusão, entre o comprimento do espaço e o


número de espaçamentos, um espaço deve ser cotado como mostra a Figura 18.45.

Figura 18.44

Figura 18.45

Espaçamentos angulares de furos e outros elementos podem ser cotados como


mostra a Figura 18.46. Espaçamentos dos ângulos podem ser omitidos se não
causarem dúvidas ou confusão (ver Figura 18.47).

74
Figura 18.46 Figura 18.47
Espaçamentos circulares podem ser cotados indiretamente, dando o número de
elementos, como mostra a Figura 18.48

Figura 18.48

17.1.7. Elementos repetidos

Se for possível definir a quantidade de elementos de mesmo tamanho e assim, evitar


de repetir a mesma cota, eles podem ser cotados como mostram as Figuras 18.49 e
18.50.

Figura 18.49 Figura 18.50

75
17.1.8. Chanfros e escareados

Chanfros devem ser cotados como mostra a Figura 18.51. Nos chanfros de 45° a
cotagem pode ser simplificada, como mostram as Figuras 18.52 e 18.53.

Escareados são cotados conforme mostra a Figura 18.54.

Figura 18.51 Figura 18.52Figura 18.53

Figura 18.54

17.1.9. Outras indicações

Para evitar a repetição da mesma cota ou evitar chamadas longas, podem ser
utilizadas letras de referências, em conjunto com uma legenda ou nota (ver Figura
18.55).

Figura 18.55
Em objetos simétricos representados em meio corte (ver Figura 18.56-a)) ou meia
vista (ver Figura 18.56-b)) (ver NBR 10067), a linha de cota deve cruzar e se
estender ligeiramente além do eixo de simetria.

76
Figura 18.56 - a Figura 18.56 - b

Normalmente não se cota em conjunto, porém, quando for cotado, o grupo de cotas
específico para cada objeto deve permanecer, tanto quanto possível, separados (ver
Figura 18.57).

Figura 18.57

Algumas vezes, é necessário cotar uma área ou comprimento limitado de uma


superfície, para indicar uma situação especial.

Neste caso, a área ou o comprimento e sua localização, são indicados por meio de
linha, traço e ponto larga, desenhada adjacente e paralela à face correspondente.

Quando esta exigência especial se referir a um elemento de revolução, a indicação


deve ser mostrada somente num lado (ver Figura 18.58).

77
Figura 18.58

Quando a localização e a extensão da exigência especial neces itar de identificação,


deve-se cotar aproximadamente, porém, quando o desenho mostrar claramente a
sua extensão, a cotagem não é necessária (ver Figura 18.59).

Figura 18.59

78
18- Cortes
Os cortes são utilizados para representar de um modo claro os detalhes internos de
uma peça, fazendo ressaltar ainda em um conjunto a posição de cada peça ou órgão
que o constitui.

A aplicação do corte em desenhos de peças e conjuntos tem três vantagens:

1. Facilitar a interpretação interna das peças ou do conjunto de peças.


2. Facilitar a colocação de cotas, evitando, assim, cotação em linhas tracejadas.
3. Identificar, por meio de hachuras, de que material é feita a peça (desenho de
detalhes) ou as peças (desenho de conjunto).

15
16
17
18
18.1 Interpretação do corte

Para representarmos melhor o corte, observemos a figura n 53 abaixo, pois quando


executamos um corte, o executamos imaginariamente. Na figura n 54, as partes
atingidas pelo corte estão representadas com linhas finas inclinadas, chamadas
linhas de hachuras.

Figura 58 (Cotação
desaconselhável) Figura 60
Figura 59

18.1.1 Observações

1. O corte é imaginário.
2. O sombreado, na projeção, corresponde à parte da peça que foi atingida pelo
corte. A região não sombreada indica a não atingida.

79
18.1.2 Hachuras

São traços eqüidistantes e paralelos que produzem em desenhos e gravuras o efeito


do sombreado.

No desenho técnico, representamos as hachuras por meio de linhas finas inclinadas


a 45 em relação à base da peça ou em relação ao seu eixo.

Para cada material existe uma hachura convencional, conforme exemplos abaixo.

No desenho abaixo, temos duas vistas de uma peça da qual só conseguimos


interpretar a parte externa.

Figura 61

80
Com apenas esses detalhes externos apresentados, é impossível a identificação
correta da peça. Portanto, precisamos de mais detalhes.
Na figura abaixo, temos os detalhes externos representados por meio de contornos
visíveis e os detalhes internos por contornos invisíveis (linhas tracejadas). Com tudo
isso, ainda existe uma dificuldade para interpretar a forma de todas as peças.
Portanto, temos de lançar mão de um outro recurso que possibilite mostrá-las com
maior clareza e facilidade de interpretação.

Figura 62
Esse recurso, chamado de corte total, usado nestas vistas, possibilitar uma perfeita
interpretação e algumas vantagens, como:
1. maior clareza dos detalhes internos das peças;
2. quais os tipos de material de que constituem as peças;
3. melhor interpretação do funcionamento do conjunto;
4. número de peças que constituem o conjunto.

Figura

81
CORTE - AA

82
18.1. Norma NBR 12298
As hachuras, em uma mesma peça, são feitas sempre numa mesma direção. (ver
Figura abaixo)

As hachuras, nos desenhos de conjunto, em peças adjacentes, devem ser feitas em


direções opostas ou espaçamentos diferentes. (ver Figura abaixo)

As hachuras devem ser espaçadas em função da superfície a ser hachurada.

O espaçamento mínimo para as hachuras é de 0,7 mm, conforme a NBR 8403.

As hachuras, em área de corte muito grande. Podem ser limitadas à vizinhança do


contorno, deixando a parte central em branco (ver Figura abaixo)

As hachuras têm sempre a mesma direção, mesmo quando o corte de uma peça é
executada por vários planos de corte paralelos (ver Figura abaixo).

83
Quando houver necessidade de representar dois elementos alinhados, manter a
mesma direção das hachuras, porém com linhas desencontradas (ver Figura abaixo).

As hachuras devem ser interrompidas quando da necessidade de se inscrever na


área hachurada (ver Figura abaixo).

84
18.2. Algumas regras sobre os cortes
1. O corte, de um modo geral, é sempre indicado em uma vista por meio de uma
linha de corte acompanhada pelas letras AA, BB, CC ... e representado em outra
vista (figura acima).

2. Sempre que indicarmos em uma vista a linha de corte seguida das letras AA, BB,
CC ... embaixo da vista na qual é representada o corte, será escrita a expressão
CORTE-AA, CORTE-BB, CORTE-CC, etc.

3. Em um mesmo formato, quando houver mais de uma peça cortada, as letras


indicativas de corte AA, BB, CC, etc., não poderão se repetir. Cada vista cortada
terá um tipo de indicação.
4. As letras indicativas de corte deverão seguir a mesma seqüência alfabética,
começando de AA, BB, CC, DD, EE, FF, GG, HH, II, JJ ... ZZ.

5. Quando cortamos ume peça, mostramos apenas o que vemos. Portanto, não
mostramos nenhum detalhe oculto por meio de linhas tracejadas.

6. Quanto às hachuras, devem ficar inclinadas para a direita tratando-se de peças


isoladas. Mas em se tratando de conjuntos, mesmo que sejam de mesmo
material, o hachurado deve ser disposto em sentindo divergente, ou seja, para a
direita e para a esquerda, conforme a Figura 63.

85
18.3. Corte total
O corte total é aquele que corta toda a extensão de uma peça em uma só direção e
sua direção pode ser no sentido vertical ou horizontal.

Os cortes podem ser representados em qualquer das vistas do desenho técnico


mecânico. A escolha da vista onde o corte é representado depende dos elementos
que se quer destacar e da posição de onde o observador imagina o corte.

18.3.1. Corte Total Longitudinal

Considere o modelo abaixo, visto de frente por um observador.

Figura 64

Nesta posição, o observador não vê os furos redondos nem o furo quadrado da


base. Para que estes elementos sejam visíveis, é necessário imaginar o corte.
Imagine o modelo secionado, isto é, atravessado por um plano de corte, como
mostra a ilustração.

Figura 65

O plano de corte paralelo ao plano de projeção vertical é chamado plano longitudinal


vertical. Este plano de corte divide o modelo ao meio, em toda sua extensão,
atingindo todos os elementos da peça. Veja as partes em que ficou dividido o modelo
atingido pelo plano de corte longitudinal vertical.

85
Figura 66

86
Observe novamente o modelo secionado e, ao lado, suas vistas ortográficas.

Figura 67

18.3.2. Corte Total Horizontal

Como o corte pode ser imaginado em qualquer das vistas do desenho técnico, agora
você vai aprender a interpretar cortes aplicados na vista superior. Imagine o mesmo
modelo anterior visto de cima por um observador.

Figura 68

Para que os furos redondos fiquem visíveis, o observador deverá imaginar um corte.
Veja, a seguir, o modelo secionado por um plano de corte horizontal.

Figura 69

Este plano de corte, que é paralelo ao plano de projeção horizontal, é chamado


plano longitudinal horizontal. Ele divide a peça em duas partes. Com o corte, os furos
redondos, que antes estavam ocultos, ficaram visíveis. Imagine que o modelo foi
removido. Veja como fica a projeção do modelo no plano horizontal.

Observe novamente o modelo secionado e, ao lado, suas vistas ortográficas.

86
Figura 70

18.3.3. Corte Total Transversal

Observe mais uma vez o modelo com dois furos redondos e um furo quadrado na
base. Imagine um observador vendo o modelo de lado e um plano de corte vertical
atingindo o modelo, conforme a figura a seguir.

Figura 71

Observe na figura seguinte, que a parte anterior ao plano de corte foi retirada,
deixando visível o furo quadrado.

Figura 72

Finalmente, veja na próxima ilustração, como ficam as projeções ortográficas deste


modelo em corte.

87
Figura 73

O plano de corte, que é paralelo ao plano de projeção lateral, recebe o nome de


plano transversal. Na vista lateral, o furo quadrado, atingido pelo corte, aparece
representado pela linha para arestas e contornos visíveis. As partes maciças,
atingidas pelo corte, são representadas hachuradas.

18.5. Corte em desvio


Toda peça tem um eixo principal que pode ser horizontal ou vertical e, normalmente,
a direção do corte passa por um desses eixos, mas pode também, quando isso se
fizer necessário, mudar de direção (corte em desvio) para passar por detalhes
situados fora do eixo e que devem ser mostrados também em corte.

OBS: A mudança de direção do corte é feita mediante dois traços grossos em


ângulos (observe as figuras abaixo).

Figura 74

Em determinadas situações, para mostrar todos os detalhes internos de uma peça, é


necessário aplicar mais de um plano de cotre em desvio, como se observa no
exemplo abaixo.

88
18.6. Meio corte
Tratando-se de uma peça ou de um conjunto simétrico, é sempre vantajoso
representá-los em meio corte.

O meio corte tem a vantagem de indicar em uma só vista a parte interna e externa da
peça ou conjunto mas tem o inconveniente de não se poderem cotar com clareza
alguns detalhes internos.

Este corte se faz imaginariamente, eliminando ¼ da peça ou conjunto de peças e


representando em uma outra vista os ¾ que restaram.

Figura 76 Figura 77

18.7. Corte parcial

É o corte que se representa sobre parte de uma vista para indicar algum detalhe
interno da peça, evitando, às vezes, o corte total ou meio corte.

OBS: Quando aplicamos o corte parcial em uma vista, as partes internas não
atingidas pelo corte deverão ser mostradas em linhas tracejadas e o contorno da
parte cortada é feito por uma linha de ruptura de grossura média.

Figura 78

89
18.8. Corte rebatido
A projeção normal de peças que tenham partes ou detalhes situados fora dos eixos
horizontais e verticais, além de deformar os elementos, torna difícil a interpretação.
Para evitar tais dificuldades, criou-se o corte rebatido, que consiste no deslocamento
em rotação dessas partes para o eixo principal (horizontal ou vertical).

Quando aplicamos o corte rebatido, imaginariamente fazemos com que os detalhes


desloquem para o eixo horizontal ou vertical e aplicamos o corte como se fosse total
longitudinal ou total transversal.

18.9. Superfícies finas em corte


Vistas em corte de peças muito estreitas, tais como juntas, guarnições gaxetas,
tubulações ou perfis de estruturas metálicas quando em escalas reduzidas, em vez
de hachuradas serão enegrecidas por completo. Se coincidirem várias superfícies
enegrecidas, uma com a outra, a separação será feita por uma junta chamada linha
de luz.

Figura 93

90
18.10. Omissão de corte
Para melhor interpretação de certos elementos de máquinas, e de alguns detalhes
de peças mecânicas, foi criada uma regra no desenho técnico mecânico, que se
chama omissão de corte. Assim, veja como ficou o desenho abaixo.

Figura 79

Portanto, pinos, contra pinos, eixos, rebites, parafusos, porcas, contra porcas,
arruelas, esferas e roletes de rolamento, chavetas, nervuras, braços de polias,
volantes e rodas dentadas, não devem ser desenhadas em corte no sentido
longitudinal, mesmo situadas no plano de corte.

Figura 80

Figura 82

91
Figura 81

Figura 84

Figura 83

Figura 86

Figura 85

92
18.11. Seções
Teoricamente podemos imaginar que a secção e o corte tem a mesma finalidade,
mas isto não é verdade pois cada um possui regras próprias; enquanto o corte é
usado para representar detalhes internos de uma peça, a secção é usada para
mostrar o perfil da mesma ou de uma de suas partes.

Em alguns casos é aconselhável fazer o uso da secção, pois na sua representação,


mostramos apenas a parte seccionada (cortada), enquanto que o corte, mostramos
além da parte cortada todos os detalhes externos não atingidos pelo plano de corte,
mas que são visíveis na projeção.

Compare as vistas ortográficas desta peça em corte e em seção.

Figura 87

18.11.1. Seção traçada sobre a própria vista

A seção pode ser representada rebatida dentro da vista, desde que não prejudique a
interpretação do desenho. Observe a próxima perspectiva em corte e, ao lado, sua
representação em vista ortográfica, com a seção representada dentro da vista.

Figura 88

Para representar o contorno da seção dentro da vista, usa-se a linha contínua


estreita. A parte maciça é representada hachurada. Quando a seção aparece
rebatida dentro das vistas do desenho técnico, ela não vem identificada pela palavra
seção, seguida de letras do alfabeto. Na seção dentro das vistas também não
aparece a indicação do plano de corte.

93
18.11.2. Seções traçadas fora das vistas

No desenho técnico, as seções sucessivas também podem ser representadas:


próximas da vista e ligadas por linha traço e ponto; em posições diferentes mas,
neste caso, identificadas pelo nome.

Figura 89

18.12. Rupturas

Peças de perfis simples e uniforme porém longas, como chapas, barra chatas, barra
redonda, tubos e perfilados de um modo geral, não precisam ser desnhados em
formatos alongados e nem em escalas muito reduzidas, dificultando à interpretação e
até mesmo a execução dos mesmos. O desenhos destas peças se faz aplicando
uma representação convencional chamada ruptura.

O desenho de peças usando rupturas, consiste em representar as peças numa


escala maior, para isso quebra-se imaginariamente a peça nos dois extremos,
removendo a parte quebrada e aproximando as extremidades. A sua verdadeira
grandeza será dada por uma cota de preferência quebrada.

OBS.: A parte removida da peça, não poderá ter nenhum detalhe importante para
sua construção.

94
Figura 90

As linhas de ruptura são contínuas de grossuras médias, desenhadas à mão-livre.


Nos desenhos técnicos confeccionados à máquina, pode-se optar pela linha
contínua estreita em ziguezague para representar os encurtamentos.

Figura 91

95
19- Rotação de detalhes oblíquos
Rotação é um movim nto giratório, um giro em torno de um eixo. A seguir,
começaremos nosso estudo exercitando esse tipo de representação. A peça em
perspectiva abaixo, um tipo de braço de comando, apresenta uma parte oblíqua.

Observe, na próxima ilustração, a projeção ortográfica dessa peça em dois planos de


projeção.

Figura 94

Figura 95

Agora, analise a projeção ortográfica nos planos rebatidos.

Observe que o segmento AB, que determina a distância entre dois furos da peça, é
maior na vista frontal do que na vista superior. Isso ocorre porque, na vista frontal, a
parte oblíqua aparece representada em verdadeira grandeza.

Figura 96 Figura 97
96
Na vista superior a parte oblíqua aparece encurtada. O mesmo ocorre com o
segmento CD (diâmetro da parte cilíndrica), que na vista frontal é representado em
verdadeira grandeza e na vista superior aparece menor que na vista frontal.

Para que os segmentos AB e CD sejam representados em verdadeira grandeza,


também na vista superior, é necessário imaginar a rotação da parte oblíqua. Observe
a ilustração a seguir, que mostra a rotação da parte oblíqua.

Figura 98

A rotação é imaginada de modo que a parte oblíqua fique sobre o eixo principal da
peça e paralela ao plano de projeção, que neste exemplo é o horizontal. Agora veja
o que acontece quando a parte oblíqua em rotação é representada na vista superior.
Compare o tamanho dos segmentos: AB e CD da parte oblíqua na vista frontal e na
vista superior.

Após a rotação, a parte oblíqua passou a ser representada em verdadeira grandeza,


na vista superior. Note a linha de centro que atravessa a parte oblíqua, na vista
frontal. É a existência dessa linha de centro que facilita a rotação da parte oblíqua.

No desenho técnico, a vista onde a rotação é imaginada, é representada


normalmente.

97
20- Vistas auxiliares
Existem peças que têm uma ou mais faces oblíquas em relação aos planos de
projeção. Veja alguns exemplos.

Figura 99

A projeção normal (Verical ou Horizontal) de peças que tenham partes ou detalhes


inclinados (oblíquos), além de deformarem os elementos, torna-se difícil a
interpretação. Para evit r tais dificuldades, criou-se “vistas auxiliares”, que consiste
em projetar paralelamente a parte inclinada, obtendo-se assim a forma real do
detalhe.

OBS: Uma superfície só se apresenta com sua verdadeira forma, quando projetada
sobre um plano que lhe é paralelo.

Figura 101

Figura 100

98
19.1. Vista Auxiliar Simplificada
A vista auxiliar simplificada, pela facilidade de sua interpretação, é da maior
importância no desenho de mecânica. Tem por objetivo, tornar mais fácil a
construção dos desenhos, economizando tempo e espaço. Entretanto a sua
interpretação nem sempre é tão fácil aos que se uniciam a arte de ler desenho
técnico.

Consiste em representar a peça em vista única e, por meio de linhas finas,


complementar o desenho com os detalhes que não ficaram esclarecidos na vista
apresentada.

OBS: Só podermos aplicar as vistas auxiliares simplificadas, quando as vistas ou


detalhes apresentados forem simétricos.

Figura 102

99
21- Vistas parciais
Certas peças, embora simples, necessitam, devido a pequenos detalhes, mais de
uma vista para sua inteira interpretação. A representação dessas peças pode ser
simplificada, deixando-se de desenhar a segunda vista por inteiro, mas rebatendo
apenas o detalhe no qual não ficou bem interpretado na vista principal.

18.1.3 Casos usuais de vistas parciais

Figura 103 Figura 104

Figura 105

100
20. Conjuntos mecânicos
O desenho de conjunto representa um grupo de peças montadas, como: dispositivos,
ferramentas, máquinas, motores, equipamentos, etc.

A finalidade do desenho de conjunto é


mostrar as interligações entre as
peças, orientar a montagem e
esclarecer o funcionamento. No
conjunto, normalmente, não deve ser
colocada a cotagem das peças.

Cada peça do conjunto deve ser


representada em um desenho
separado, com todas as vistas,
cotagem e símbolos necessários para a
sua fabricação. O conjunto consiste de
um desenho e da legenda que deve vir
abaixo do desenho, onde o número
das peças aparecem em ordem
crescente de baixo para cima.

Os conjuntos mecânicos, geralmente, são desenhados de duas formas:


Desenho de detalhe – s peças são desenhadas separadamente.

101
Desenho de conjunto – as peças são desenhadas em conjunto, dando uma idéia
de montagem.

Nos exemplos abaixo, estão desenhados detalhes e conjunto de uma chave de


fenda de hastes permutáveis (extraídos da CBC de tornearia).

102
A escolha das vistas para os desenhos de conjuntos obedece aos mesmos princípios
usados nas projeções d s peças.

As peças componentes de um conjunto são identificadas, no desenho, por números


colocados dentro de pequenas circunferências.

Nos desenhos de conjuntos, existe uma tabela, colocada acima do rótulo, que indica
a quantidade, o número, o nome e o material de cada peça, além de outras
informações que se fizerem necessárias.

O exemplo da folha seguinte mostram o conjunto e os detalhes do o “grampo fixo”.

103
O grampo fixo é uma ferramenta utilizada para fixar peças temporariamente.

As peças a serem fixadas ficam no espaço “a” (ver na figura). Esse espaço pode ser
reduzido ou ampliado, de acordo com o movimento rotativo do manípulo (peça nº 4)
que aciona o parafuso (peça nº 3) e o encosto móvel (peça nº 2).

Quando o espaço “a” é reduzido, ele fixa a peça e quando aumenta, solta a peça.

O desenho de conjunto é representado, normalmente, em vistas ortográficas.

Cada uma das peças que compõem o conjunto é identificada por um numeral.

O algarismo do número deve ser escrito em tamanho facilmente visível.

Observe esse sistema de numeração na representação ortográfica do grampo fixo.


Você notou que a numeração das peças segue o sentido horário?

Os numerais são ligado a cada peça por linhas de chamada. As linhas de chamada
são representadas por uma linha contínua estreita. Sua extremidade termina com um
ponto quando toca a superfície do objeto. Quando toca a aresta ou contorno do
objeto, termina com seta.

Uma vez que as peças são desenhadas da mesma maneira como devem
sermontadas no conjunto, fica fácil perceber como elas se relacionam entre si e
assim deduzir o funcionamento de cada uma.

Geralmente, o desenho de conjunto em vistas ortográficas não aparece cotado. Mas,


quando o desenho de conjunto é utilizado para montagem, as cotas básicas podem
ser indicadas.

104
O desenho de conjunto, para montagem, pode ser representado em perspectiva
isométrica, como mostra a ilustração seguinte.

Por meio dessa perspectiva você tem a idéia de como o conjunto será montado.

Outra maneira de representar o conjunto é através do desenho de perspectiva não


montada. As peças são desenhadas separadas, mas permanece clara a relação que
elas mantêm entre si.

Esse tipo de representação é também chamado perspectiva explodida. Veja a seguir.

Geralmente, os desenhos em perspectiva são raramente usados para fornecer


informações para a construção de peças. O uso da perspectiva é mais comum nas
revistas e catálogos técnicos.

A partir do próximo capítulo, você aprenderá a interpretar desenhos para execução


de conjuntos mecânicos em projeções ortográficas, que é a for a de representação
empregada nas indústrias. O conjunto mecânico que será estudado primeiramente é
o grampo fixo.

105
22.1. Interpretação da legenda
Veja, a seguir, o conjunto do grampo fixo desenhado numa folha de papel
normalizada.

No desenho para execução, a legenda é muito importante.

A legenda fornece informações indispensáveis para a execução do conjunto


mecânico.

A legenda é constituída de duas partes: rótulo e lista de peças as.

A disposição e o número de informações da legenda podem variar.

Geralmente, as empresas criam suas próprias legendas de acordo com suas


necessidades. A NBR 10 068/1987 normaliza apenas o comprimento da legenda.

106
É fácil interpretar a lege da do desenho de conjunto. Basta ler as informações
que o rótulo e a lista de peças contêm.

107
Para facilitar a leitura do rótulo e da lista de peças, vamos analisá-los
separadamente.

Vamos começar pelo rótulo.

As informações mais importantes do rótulo são:

· Nome do conjunto mecânico: grampo fixo.


· Tipo de desenho: conjunto (a indicação do tipo de desenho é sempre feita entre
parênteses).
· Escala do desenho: 1:1 (natural).
· Símbolo indicativo de diedro: 1º diedro.
· Unidade de medida: milímetro.
Outras informações que podem ser encontradas no rótulo do desenho de montagem
são:

· Número do desenho (correspondente ao lugar que ele deve ocupar no


arquivo).
· Nome da instituição responsável pelo desenho.
· Assinaturas dos responsáveis pelo desenho.
· Data da sua execução.

Veja, a seguir, a lista de peças

Todas as informações da lista de peças são importantes. A lista de peças


informa:
· A quantidade de peças que formam o conjunto.
· A identificação numeral de cada peça.
· A denominação de cada peça.
· A quantidade de cada peça no conjunto.
· Os materiais usados n fabricação das peças.
· As dimensões dos materiais de cada peça.

Acompanhe a interpretação da lista de peças do grampo fixo.

O grampo fixo é composto de cinco peças.

108
Os nomes das peças que compõem o grampo fixo são: corpo, encosto móvel,
parafuso, manípulo e cabeça. Para montagem do grampo fixo são necessárias duas
cabeças e uma unidade de cada uma das outras peças.

Todas as peças são fabricadas com aço ABNT 1010-1020. Esse tipo de aço é
padronizado pela ABNT. Os dois primeiros algarismos dos numerais 1010 e 1020
indicam o material a ser usado, que nesse caso é o aço-carbono.

Os dois últimos algarismos dos numerais 1010 e 1020 indicam a porcentagem de


carbono existente no aço. Nesse exemplo, a porcentagem de carbono pode variar
entre 0,10 e 0,20%.

Todas as peças do grampo fixo são fabricadas com o mesmo tipo de aço. Mas,
as seções e as medidas do material de fabricação são variáveis.

O que indica as variações das seções são os símbolos:

Observe, na listas de peças, as indicações das seções:

· As seção do aço do corpo é retangular ( ).


· As seções dos aços do parafuso, do manípulo e das cabeças são circulares (
).

Já o símbolo # indica que o material de fabricação é chapa. O símbolo #


acompanhado de um numeral indica a bitola da chapa.

O encosto móvel é fabricado com aço 1010-1020 e bitola 16. A espessura da


chapa #16 corresponde a 1,52 mm.

22.2. Desenho de componente


Desenho de componente é o desenho de uma peça isolada que compõe um
conjunto mecânico.

Desenho de detalhe é o desenho de um elemento, de uma parte de um elemento, de


uma parte de um componente ou de parte de um conjunto montado.

O desenho de componente dá uma descrição completa e exata da forma, dimensões


e modo de execução da peça.

O desenho de componente deve informar, claramente sobre a forma, o tamanho, o


material e o acabamento de cada parte. Deve esclarecer quais as operações de
oficina que serão necessárias, que limites de precisão deverão ser observados etc.

Cada peça que compõe o conjunto mecânico deve ser representada em desenho de
componente.

Apenas as peças padronizadas, que não precisam ser executadas pois são
compradas de fornecedores externos, não são representadas em desenho de
componente.

109
Essas peças aparecem representadas apenas no desenho de conjunto e devem ser
requisitadas com base nas especificações da lista de peças.

Os desenhos de componentes também são representados em folha normalizada.

A folha do desenho de componente também é dividida em duas partes: espaço para


o desenho e para a legenda.

A interpretação do desenho de componente depende da interpretação da legenda e


da interpretação do desenho propriamente dito.

Veja, a seguir, o desenho de componente da peça 2 do grampo fixo.

110
A legenda do desenho de componente é bastante parecida com a legenda do
desenho de conjunto.

Ela também apresenta rótulo e lista de peças. Examine, com atenção, a legenda do
desenho de componente da peça 2.

111
A interpretação do rótulo do desenho de componente é semelhante à do rótulo do
desenho de conjunto.

Uma das informações que varia é a indicação do tipo de desenho: componente em


vez de conjunto.

Podem variar, também, o número do desenho e os responsáveis por sua execução.

Os desenhos de componente e de detalhe podem ser representados em escala


diferente da escala do desenho de conjunto.

Nesse exemplo, a peça 2 foi desenhada em escala de ampliação (2:1), enquanto


que o conjunto foi representado em escala natural (1:1).

18.1.3.1 22.2.1. Interpretação do desenho de componente

Você já tem todos os conhecimentos necessários para fazer a interpretação


completa do desenho de componente.

Acompanhe a interpretação do desenho do encosto móvel, para recordar. O encosto


móvel está representado com supressão de vistas. Apenas a vista frontal está
representada.

A vista frontal está representada em corte total. Analisando as cotas, percebemos


que o encosto tem a forma de uma calota esférica, com um furo passante. A
superfície interna do encosto tem a forma côncava.

As cotas básicas do encosto são: diâmetro = 18 mm e altura = 4 mm.

112
O diâmetro do furo passante é de 6 mm. O raio da superfície esférica é de 12 mm. A
espessura do encosto é de 1,52 mm e corresponde à espessura do Aço ABNT 1010-
1020, bitola 16.

O numeral 2, que aparece na parte superior do desenho, corresponde ao número da


peça.

O símbolo , ao lado do número 2, é o símbolo de rugosidade, e indica o estado


de superfície que a peça deverá ter. O círculo adicionado ao símbolo básico de
rugosidade indica que a superfície da chapa para o encosto deve permanecer como
foi obtida na fabricação. Isto quer dizer que a remoção de material não é permitida.

Não há indicações de tolerâncias específicas, pois trata-se de uma peça que não
exige grande precisão. Apenas a tolerância dimensional geral foi indicada: ± 0,1
.
Acompanhe a interpretação dos desenhos das demais peças que formam o grampo
fixo. Vamos analisar, em seguida, o desenho de componente da peça nº 1, que é o
corpo.

Veja a representação ortográfica do corpo em papel normalizado e siga as


explicações, comparando-as sempre com o desenho.

113
Examinando o rótulo, vemos que o corpo está representado em escala natural (1:1),
no 1º diedro. As medidas da peça são dadas em milímetros.

114
A lista de peças traz as mesmas informações já vistas no desenho de conjunto.
O corpo está representado pela vista frontal e duas vistas especiais: vista de A e
vista de B. A vista de A e a vista de B foram observadas conforme o sentido das
setas A e B, indicadas na vista frontal.

A vista frontal apresenta um corte parcial e uma seção rebatida dentro da sta.
O corte parcial mostra o furo roscado. O furo roscado tem uma rosca triangular
métrica normal. A rosca é de uma entrada.

A vista de B mostra a saliência e o furo roscado da peça. A vista de A mostra a


representação das estrias.

O acabamento que o corpo receberá vem indicado pelo símbolo ,que


caracteriza uma superfície a ser usada. N9 indica a classe de rugosidade de todas
as superfícies da peça.

O afastamento geral é de ± 0,1.

Agora, vamos interpretar as medidas do corpo:

· Comprimento, largura e altura - 65 mm, 18 mm e 62 mm.

· Distância da base do corpo até o centro do furo roscado - 52 mm.

· Diâmetro da rosca triangular métrica - 10 mm.

· Diâmetro da saliência - 18 mm.

· Tamanho da saliência - 2 mm e 18 mm.

· Largura da seção - 18 mm.

· Altura da seção - 13 mm.

· Tamanho do elemento com estrias - 15 mm, 18 mm e 22 mm.

· Profundidade da estria - 1 mm.

· Largura da estria - 2,5 mm.

· Ângulo de inclinação da estria - 45º.

· Tamanho do chanfro - 9 mm, 15 mm e 18 mm.

· Raios das partes arredondadas - 5 mm e 12 mm.


Agora, acompanhe a interpretação da peça 3, o parafuso.

115
A legenda nos informa que o parafuso está desenhado em escala natural
(1:1), no 1º diedro.

116
As informações da lista de peças são as mesmas do desenho de conjunto. O
parafuso está representado por intermédio da vista frontal com aplicação de corte
parcial.

A vista frontal mostra a cabeça do parafuso, o corpo roscado, o elemento A e o


elemento B. O elemento A deverá ser rebitado no encosto móvel.

Na cabeça do parafuso há um furo passante. O furo passante está representado


parcialmente visível.

As medidas do parafuso são:

· Comprimento total do parafuso - 64 mm.

· Diâmetro externo da rosca triangular métrica normal - 10 mm.

· Comprimento do corpo do parafuso - 46 mm.

· Comprimento da parte roscada - 46 mm.

· Tamanho do chanfro da cabeça do parafuso - 2 mm e 45º.

· Altura da cabeça do parafuso - 12 mm.

· Diâmetro da cabeça do parafuso - 15 mm.

· Diâmetro do furo da cabeça do parafuso - 6,5 mm.

· Localização do furo da cabeça do parafuso - 6 mm.

· Tamanho do elemento A - 4 mm e 6 mm.

· Tamanho do elemento B - 2 mm e 8 mm.

Não há indicação de tolerâncias específicas. O afastamento geral ± 0,1 vale para


todas as cotas.

O acabamento geral da peça corresponde à classe de rugosidade N9.

O acabamento do furo da cabeça corresponde à classe de rugosidade N12.

A usinagem será feita com remoção de material.

Veja, a seguir, a interpretação da peça 4, o manípulo. Só que, desta vez, você


participará mais ativamente, resolvendo os exercícios de interpretação propostos.

117
O manípulo também está representado em escala natural, no 1º diedro. Essa peça
será feita de uma barra de aço com 6,35 mm de diâmetro e 80 mm de comprimento.

118
O manípulo está representado em vista frontal. A vista frontal mostra o corpo do
manípulo e duas espigas nas extremidades. O símbolo indicativo de diâmetro indica
que tanto o corpo como as espigas são cilíndricos.

O manípulo receberá acabamento geral. Apenas as superfícies cilíndricas das

espigas receberão acabamento especial .

O afastamento geral a ser observado na execução é de ± 0,1mm.

Note que as espigas têm tolerância ISO determinada: e9 no diâmetro. Essas duas
espigas serão rebitadas nas cabeças no manípulo (peça 5).

Finalmente, participe da interpretação da peça 5, a cabeça:

119
A cabeça está representada em escala de ampliação (2:1), no 1º diedro. Serão
necessárias 2 cabeças para a montagem do manípulo.

120
Nesse desenho, N12 indica o acabamento especial da superfície interna cilíndrica do
furo.

A representação em meio-corte permite visualizar tanto o aspecto exterior da cabeça


como o furo escareado interno.

O afastamento ± 0,1 é geral. Lembre-se de que o diâmetro nominal do furo é igual ao


diâmetro nominal da espiga do manípulo, que será rebitada na cabeça.

A tolerância do furo da cabeça H8, combinada com a tolerância e9 de diâmetro da


espiga do manípulo, resulta num ajuste com folga.

121
22- Bibliografia

 PROVENZA, F. Desenhista de máquina. São Paulo: PROTEC, 1981.


 FRENCH, Thomas E., VIERCK, C. J., Desenho Técnico e Tecnologia Gráfica .
Rio de Janeiro: Globo, 1995.
 MANFÉ, Giovanni et al. Desenho técnico mecânico: curso completo. São
Paulo: Hemus
 SILVA, Arlindo; RIBEIRO, Carlos Tavares; DIAS, João. Desenho técnico
moderno. 4.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
 Normas técnicas ABNT para desenho técnico: NBR1068, NBR5984,
NBR6402, NBR8196, NBR8402, NBR8403, NBR8404, NBR10067,
NBR10126, NBR10582, NBR12298 e NBR13142.
 www.gettyimages.com

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