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Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho

[FUNDACENTRO]

Programa de Pós-graduação Trabalho, Saúde e Ambiente.

Ione Aparecida da Silva

O prescrito e o real na implantação da descentralização da Política de Saúde do


Trabalhador: experiência de Uberlândia/MG.

São Paulo

2016
Ione Aparecida da Silva

O prescrito e o real na implantação da descentralização da Política de Saúde do


Trabalhador: experiência de Uberlândia/MG.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


graduação em Trabalho, Saúde e Ambiente,
da FUNDACENTRO – Fundação Jorge
Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina
do Trabalho como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre.
Área de concentração: Vigilância em Saúde
do Trabalhador, SUS e Atenção Básica.

Orientadora: Drª. Elizabeth Costa Dias

São Paulo
2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Serviço de Documentação e Biblioteca – SDB / Fundacentro
São Paulo – SP
Erika Alves dos Santos CRB-8/7110

1234567890Silva, Ione Aparecida da.

1234567890O prescrito e o real na implantação da descentralização da política de


1234567saúde do trabalhador [texto] : experiência de Uberlândia/MG / Ione
1234567Aparecida da Silva. – 2016.
123456789087 f., enc.
1234567890Orientadora: Elizabeth Costa Dias.
1234567890Texto datilografado.
1234567890Dissertação (mestrado)–Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
1234567Segurança e Medicina do Trabalho, São Paulo, 2016.
1234567890Análise qualitativa sobre o processo de descentralização de ações de
1234567vigilância em saúde do trabalhador no município de Uberlândia - MG.
1234567890Referências: f. 63-70.
12345678901. Saúde do trabalhador – Uberlândia, MG. 2. Vigilância em saúde. I.
1234567Dias, Elizabeth Costa. II. Título.

É expressamente proibida a comercialização deste documento tanto na sua forma impressa como
eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos,
desde que na reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano da dissertação.
Dedico este trabalho a todos os trabalhadores do Brasil, que por meio de sua força e
capacidade de trabalho honesto constroem com dignidade, moral e ética um mundo melhor;
Aos trabalhadores da Saúde que a cada dia enfrentam o desafio de uma construção conjunta
para um sistema de saúde justo e eficaz;
Aos que acreditam na saúde do trabalhador e nas possibilidades de trabalho saudável, fazendo
do caminho intervenções que podem mudar o mundo e transformando sonhos em ações;
À trabalhadora que mais sonhou por um futuro melhor para os filhos e usou a vida para
mostrar que desafios podem ser vencidos – Minha Mãe – Maria Madalena da Silva. Um
exemplo, mulher guerreira;
A todos os que contribuíram para que eu acreditasse que estudar muda as perspectivas e
direções da existência humana ao trilhar horizontes mais amplos;
Aos companheiros de caminhada: Silvio Miana de Paula, Victor Silva de Paula, Arthur Silva
de Paula. Minha pequena família;
À minha grande família, especialmente aos meus irmãos a quem devo aprendizados e valores
humanos e aos quais dedico meu amor e meus agradecimentos;
A Deus, força maior, que ampara nos momentos difíceis.
AGRADECIMENTOS

Obrigada a cada pessoa que passou pela minha vida, com as quais aprendi e cresci. São
muitas e tenho um carinho especial por todos. Pais, irmãos, professores, amigos.
Ao Luiz Humberto e colegas. Ao me convidar para trabalhar no CEREST, possibilitou uma
experiência muito gratificante de tomar contato com a Saúde do Trabalhador e suas
peculiaridades.
À Jandira Maciel, que com toda a paciência me apresentou à Saúde do Trabalhador. Que
como coordenadora do CEREST Estadual atuou na construção dos primeiros passos dos
CEREST de Minas Gerais. Que plantou muitas sementes de amor pelo assunto a muitos
trabalhadores da saúde.
Ao professor Gilmar Trivelato. Um exemplo de pessoa empenhada no que faz. Com ele
aprendi tanto. Por causa dele estou aqui hoje.
À professora Elizabeth Costa Dias. Não tem tamanho meu respeito e admiração por sua
sabedoria e perseverança. Minha gratidão pelo exemplo de orientadora e por ter me acolhido
como orientanda.
Aos colegas que fortaleceram minhas convicções sobre a importância de pessoas especiais
que engrandecem a vida. E aqueles que se tornaram muito especiais. Adélia, Aluísio, Ana,
Camila, Fernando, Karla e Simone que fazem os percalços se tornarem mais leves.
A todos os professores da Fundacentro, grandes mestres que não mediram esforços para
contribuir para o aprendizado de todos. (Gilmar, Carlos, Thais, Erika, Tarcísio, Ana, Marcela,
Laura, Beth, Eduardo, Damásio, Walter) e a todos os convidados e colaboradores do curso de
pós-graduação que somaram pontos positivos a minha formação. Vocês são especiais.
Aos meus colegas de trabalho que torcem sempre para que esse caminho seja positivo.
Ao meu marido, Silvio, por suportar a papelada, as horas frente ao computador, as ausências.
E do qual a ausência dói tanto.
Aos meus filhos, Victor e Arthur, meus maiores tesouros, que acham bacana a mãe estar na
luta pela vida.
A tanta gente que não cabe aqui. Mas cabe no meu coração.
Obrigada a todos!
“Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio
que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não
seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar.
Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.

Cora Coralina
RESUMO

O presente estudo, de abordagem qualitativa, baseado em análise documental objetivou


analisar o processo de descentralização de ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador
proposto pela Diretoria de Saúde do Trabalhador da Secretaria de Estado da Saúde de Minas
Gerais, no “Programa de Fortalecimento da Vigilância em Saúde (PFVS)” no município de
Uberlândia, MG, no período 2011-2015. Foram estudados documentos sobre a organização
dos serviços de saúde no município: a legislação e as normas vigentes sobre as ações de
Saúde do Trabalhador no SUS, com ênfase na Vigilância em Saúde e Vigilância em Saúde do
Trabalhador; os conteúdos, programas e organização das capacitações realizadas para
implantação do PFVS e as estratégias adotadas no âmbito municipal para executar as tarefas
propostas pelo PFVS. Também foram analisados os relatórios das duas Conferências
Municipais de Saúde, da Conferência Macrorregional de Saúde do Trabalhador, do Plano de
Saúde Municipal e do Plano de Ação em Saúde do Trabalhador, ocorridos durante o período
estudado, buscando identificar indícios da inserção mais sistemática de ações de Vigilância
em Saúde do Trabalhador no planejamento da atenção da Saúde do Trabalhador no município
de Uberlândia. Os resultados mostram uma frágil descentralização das ações de Saúde do
Trabalhador, na Atenção Básica, e nos fóruns sociais ou de planejamento em saúde no
município. Também sinalizam a necessidade de se considerar as iniciativas e o trabalho das
equipes locais de saúde na elaboração de propostas de implementações de novas práticas em
saúde.

Palavras-chave: SUS; Saúde do Trabalhador; Vigilância em Saúde do Trabalhador;


Descentralização em saúde; Atenção Básica;
ABSTRACT

The following study, of qualitative approach, has the objective to describe and analyze the
decentralization process in the Workers Health actions proposed by the Minas Gerais State,
through a project called Surveillance in Health Strengthening Program (PFVS) in the
Uberlândia, MG, municipality, during the time period of 2011-2015. The analyzed documents
include the specifics from the local health organizations, the training course to implement the
new policy and the strategies of the city to execute and implement the proposed PFVS tasks.
The examination of documents in two Municipal Health Boards, the Macro regional
Conference of Occupational Health, the Municipal Health Plan and from the Action Plan in
Occupational Health, all of which happened during the time period analyzed was also a
chosen strategy to observe the insertion of the Worker Health Surveillance, in the Universal
Health System (SUS) planning and the full attention in the Occupational Health in the city,
with actions in Basic Attention. The results show that the intented decentralization on the
Workers Health in the Basic Attention and in the social and health planning foruns, were not
achieved. It also shows the urge to consider the local health organization in propositions to
implement new health standards.

Key Words: SUS,Worker Health, Worker Health Surveillance, Decentralization, Basic


Attention.
LISTA DE QUADROS E FIGURA

Quadro 1 Ações e metas para avaliação do município conforme Projeto de 19


Fortalecimento das Ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador –
Período de 2012 a 2015.
Quadro 2 Passos da análise de conteúdo das Conferências Municipais de 35
Saúde de Uberlândia realizadas em 2011 e 2015.
Quadro 3 Avaliação sobre a capacitação feita pelo CEREST Uberlândia, para 40
coleta de dados do perfil ocupacional nos territórios conforme
PFVS, setembro de 2012.
Quadro 4 Análise Comparativa das Conferências Municipais de Saúde de 54
Uberlândia, 2011 e 2015, considerando palavras chave e o número
de vezes que aparecem relacionadas às áreas de planejamento do
SUS.
Figura 1 Roteiro metodológico do estudo, Uberlândia, MG. 2011-2015 36
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 11
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................................. 16
2.1 Aspectos Históricos da Saúde do Trabalhador: uma visão geral ................................................ 16

2.2 Projeto de Fortalecimento das Vigilâncias em Saúde no SUS, Minas Gerais: enfrentando o
desafio de implantar uma Política Estadual de Vigilância em Saúde. ............................................... 18

2.3 A Vigilância em Saúde do Trabalhador – VISAT na PNSTT .......................................................... 23

2.4 Cenário do estudo ....................................................................................................................... 25

2.4.1 Organização do SUS em Uberlândia ..................................................................................... 27


2.4.2 A Atenção Básica em Saúde em Uberlândia ........................................................................ 27
2.4.3 A Saúde do Trabalhador em Uberlândia .............................................................................. 28
2.4.4 O PFVS chegando a Uberlândia ............................................................................................ 29
3 OBJETIVOS DO ESTUDO ............................................................................................................... 30
3.1 Objetivo Geral: ............................................................................................................................ 30

3.2 Objetivos específicos: .................................................................................................................. 30

4 METODOLOGIA ............................................................................................................................. 31
4.1 Etapas do estudo ......................................................................................................................... 31

4.1.1 Revisão Bibliográfica ............................................................................................................ 31


4.1.2 Busca e seleção dos documentos sobre o processo de implantação e o desenvolvimento do
Projeto de Fortalecimento da Vigilância em Saúde do Trabalhador no município de Uberlândia
MG, 2011-2015.............................................................................................................................. 31
4.1.3 Análise documental .............................................................................................................. 32
4.1.4 A análise das Conferências Municipais de Saúde - CMS ...................................................... 34
4.2 Aspectos Éticos ............................................................................................................................ 37

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................................... 38


5.1 Sobre a capacitação e participação dos ACS no PFVS/VISAT ...................................................... 39

5.2 Observações sobre desdobramentos da implementação do PFVS em Uberlândia .................... 42

5.2.1 Sobre a situação do município e características da organização de serviços ...................... 42


5.2.2 A consideração de que um programa inovador necessita se fazer conhecer ...................... 43
5.2.3 Sobre o material didático e de apoio do PFVS ..................................................................... 46
5.2.4 Considerações sobre ações VISAT inseridas no planejamento do SUS no município .......... 49
5.3 Devolutivas de dados: do CEREST para as UBSF e da SES/MG para o município ....................... 57

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................ 58


7 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................................................................. 60
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 63
APÊNDICE 1 ........................................................................................................................................... 71
APÊNDICE 2 ........................................................................................................................................... 72
1 INTRODUÇÃO

A Constituição de 1988 assegura a saúde como direito de todos os brasileiros enquanto


princípio de cidadania, regulamentado em 1990 pela Lei Orgânica da Saúde que institui o
Sistema Único de Saúde, o SUS (BRASIL, 1988; 1990).

A publicação das Portarias 3120 e 3908 de 30/10/1998 estabeleceram as bases para o


desenvolvimento de ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS. A Portaria 3908,
conhecida como Norma Operacional de Saúde do Trabalhador (NOST), estabeleceu
procedimentos para orientar e instrumentalizar as ações e serviços de saúde do trabalhador no
SUS.

Mais recentemente, a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST), definida


pelo Decreto 7602 de 07 de novembro de 2011, tem abordagem integradora e considera a
importância do meio ambiente e do modelo de desenvolvimento adotado no país na
determinação da saúde dos trabalhadores (BRASIL, 2011). Considerada um marco histórico
na abordagem da saúde dos trabalhadores no Brasil, a PNSST estabelece as responsabilidades
dos Ministérios do Trabalho e Previdência Social e da Saúde com atribuições específicas para
implementação e execução da saúde e segurança do trabalho. Ao Ministério da Saúde cabe a
responsabilidade de estruturar a atenção integral à saúde dos trabalhadores, no âmbito do
SUS, com ênfase nas ações de prevenção e vigilância dos agravos e dos ambientes e
condições de trabalho (DIAS; LACERDA & SILVA, 2013).

No âmbito do SUS, a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT),


publicada em 2012, estabelece os princípios e diretrizes para a “promoção da saúde e a
melhoria da qualidade de vida do trabalhador e a prevenção de acidentes e danos a saúde
relacionados ao trabalho ou que ocorram no curso dele, por meio da eliminação ou redução
dos riscos presentes nos ambientes de trabalho” (BRASIL, 2012).

A integralidade da atenção à Saúde do Trabalhador é destacada pela PNSTT que privilegia o


atendimento integral e com qualidade ao trabalhador a partir da porta de entrada do SUS.
Entre os objetivos da PNSTT destaca-se o fortalecimento da Vigilância em Saúde do
Trabalhador (VISAT) e sua integração com os demais componentes da Vigilância em Saúde;
a identificação, análise e intervenção no processo e ambientes de trabalho com base nas
necessidades demandas e problemas de saúde dos trabalhadores; a produção de tecnologias de

11
intervenção, de avaliação e de monitoramento das ações de saúde do trabalhador; a produção
de protocolos, de normas técnicas e regulamentares; incorpora a participação dos
trabalhadores e suas organizações como de importância fundamental no planejamento e
fortalecimento da Saúde do Trabalhador no SUS.

Para fazer frente a este desafio, as três esferas de gestão do SUS, federal, estadual e
municipal, ainda que em diferentes funções do nível de gestão, atuam intersetorialmente de
forma a adaptar essas prescrições às distintas realidades regionais e locais.

Na atualidade o modelo de organização da saúde esta, baseado nas Redes de Atenção (RAS)
que se caracterizam como arranjos e organização de ações e serviços de saúde com gradativas
densidades tecnológicas, para garantir a integralidade na atenção. A regulamentação,
implantação e operacionalização dos serviços de saúde no Brasil são definidas pelo Decreto
7508, de junho de 2011 (BRASIL, 2011a).

A Portaria 2.488 de 2011 define a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), considerada
ordenadora das ações de saúde no território, dai sua importância para a implementação da
PNSTT. (BRASIL, 2011b)

Nesse sentido, é essencial o envolvimento e a capacitação dos trabalhadores da saúde,


especialmente daqueles que atuam na Atenção Básica (AB), conforme discutido por Mendes e
Dias (1991); Dias e Hoefel (2005); Machado (2003); Nunes (2004). As equipes da Atenção
Básica (AB) e da Estratégia de Saúde da Família (ESF) devem estar capacitadas a lidar com
os conceitos básicos que estruturam o campo da Saúde do Trabalhador, em especial com o
entendimento e a percepção da categoria “Trabalho” como determinante para os processos
saúde/doença.

A atenção integral da Saúde do Trabalhador (ST) ultrapassa as práticas do atendimento


tradicional e deve estar incorporada no planejamento dos serviços de saúde, em visão
integrativa, com a participação da equipe de saúde e dos trabalhadores, também representados
por suas organizações. Os trabalhadores detêm conhecimentos e vivencias de seu trabalho,
que são essenciais para o planejamento das ações de saúde (DIAS & HOEFEL, 2005; DIAS,
LACERDA e SILVA, ALMEIDA, 2012).

Assim, é “necessário mudar a forma de enxergar e cuidar dos trabalhadores no âmbito da


Atenção Básica” Nunes (2004). Esta perspectiva é compartilhada por Minayo e Lacaz (2005)
12
quanto argumentam que atuar em ST requer um “tratamento interdisciplinar, que dê conta de
contextualizar e interpretar a interseção entre as relações sociais e técnicas que ocorrem na
produção, assim como, de considerar a subjetividade dos vários atores sociais nelas
envolvidos” (MINAYO GOMES e LACAZ, 2005, pag. 799).

Segundo estabelece a Portaria 3120 de 01/07/1998 a Vigilância em Saúde do Trabalhador


(VISAT) tem como objetivo detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes
e condicionantes dos agravos à Saúde que estejam relacionados aos processos de trabalho e
ambientes onde são exercidas as atividades fins, considerando os aspectos epidemiológicos,
organizacionais e sociais. A finalidade da VISAT se constitui como elemento fundamental no
planejamento, execução e intervenções da saúde sobre os agravos causados pelo trabalho,
com a finalidade de eliminar ou controlar os agravos e decorrências do ambiente de trabalho
(BRASIL, 1998).

O conceito moderno de VISAT propõe a perspectiva de informações epidemiológicas, com a


busca e análise de informações, estudos e pesquisa dos agravos de saúde e com a vigilância
que se traduz em fiscalização e controle dos determinantes dos riscos à saúde
(VASCONCELLOS; MACHADO; GUEDES, 2010).

Vigilância em Saúde, conforme definido na Portaria 1378 (2013) constitui um processo


contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de dados sobre eventos
relacionados à saúde, visando o planejamento de medidas de saúde pública para a proteção da
saúde da população, prevenção e controle de riscos, agravos e doenças, bem como para
promoção da saúde. Este conceito é importante, pois estabelece diretrizes para planejamento
da integralidade da saúde (BRASIL, 2013).

A VISAT tem como objetivo a análise da situação de saúde da população e, integrada aos
serviços de saúde promover a integralidade da atenção, incluindo a atenção individual e
coletiva dos problemas de saúde proporcionados pelos meios de produção e pelo trabalho.

Neste sentido o Estado de Minas Gerais propõe o Projeto de Fortalecimento da Vigilância em


Saúde (PFVS), iniciado em 2012, cujo objetivo é a descentralização das ações de vigilância
nos municípios e a atenção integral em ações de prevenção, proteção e promoção da saúde no
âmbito do SUS.

13
Este estudo busca descrever os caminhos percorridos, registrar e reconhecer o trabalho dos
atores e os investimentos políticos, sociais e pessoais de gestores, trabalhadores da saúde,
conselheiros municipais e sociedade civil envolvidos no processo de implantação do Projeto
de Fortalecimento da Vigilância em Saúde (PFVS) da Secretaria Estadual de Saúde de Minas
Gerais, com ênfase na Vigilancia em Saúde do Trabalhador (VISAT) em sua implantação no
município de Uberlândia, MG, bem como identificar alguns dos possíveis resultados desse
processo.

A escolha do local do estudo justifica-se pela importância do município no âmbito estadual e


sede de Superintendência Regional de Saúde (SRS) e, por ter cumprido as metas propostas
pela Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais no PFVS; por ser sede de um Centro de
Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) cuja abrangência Regional é de 30
municípios, e por ser o local de trabalho da pesquisadora.

Esse processo é parte da construção histórica das ações de Saúde do Trabalhador na rede de
serviços de saúde do município. É importante destacar que quando a SES/MG apresentou o
Projeto de Fortalecimento de Vigilância em Saúde com incentivo financeiro pela adesão do
município, de certo modo atravessou outro processo em curso, nessa mesma temática, que foi
desativado ou deixado em segundo plano, uma vez que o município assumiu a política de
descentralização proposta pela SES-MG. Esta questão voltará a ser abordada quando da
análise das observações feitas (LIMONGI, 2012).

Como a pesquisadora é participante ativa do processo de estruturação da Vigilância em Saúde


do município, tanto antes quanto depois do PFVS da SES/MG, este estudo incorpora a
percepção de que um programa macro, estabelecido como política de estado, ao se inserir em
um universo micro como o municipal, necessita ter cuidado para não atropelar as iniciativas
locais.

Reiteramos, também, a importância, no âmbito da gestão de serviços de saúde, do


acompanhamento e avaliação das políticas públicas, com vistas a corrigir desvios e aproveitar
os bons resultados buscando a melhoria contínua. Considerar acertos, possibilidades e
monitorar os resultados, é não reduzir o projeto a decisões iniciais.

Considerando a Saúde do Trabalhador e suas peculiaridades, o Projeto de Descentralização


das Vigilâncias no Estado de Minas Gerais, a organização de saúde do município, as metas

14
propostas, os resultados obtidos a partir desse investimento, humano, financeiro e político na
implantação do PFVS no município, o estudo busca responde as seguintes questões:

a) Como aconteceu a implantação do PFVS/VISAT em Uberlândia?


b) Que evidencias podem ser identificadas, ainda que indiretas, da incorporação das
ações de ST na política de planejamento do município, a partir da implantação do
PFVS; e como essas repercussões aparecem nos fóruns de controle social,
especialmente nas Conferências Municipais de Saúde?

15
2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para entender como a Saúde do Trabalhador se dá no município de Uberlândia, foi


estabelecida na seção referencial teórico, uma linha condutora de como se estruturou o
projeto.

2.1 Aspectos Históricos da Saúde do Trabalhador: uma visão geral

Para situar as ações de Saúde do Trabalhador e contextualizar a implantação da Política


Nacional dessa temática, serão destacados brevemente, a seguir, aspectos da história e a
construção do campo da Saúde do Trabalhador, que está registrada ao longo dos séculos por
diferentes expressões, na literatura, na pintura, na música, como mostram Mendes e Dias
(1991). Um marco importante é o trabalho de Bernardino Ramazzini publicado em 1700, na
Itália, no qual descreve as doenças relacionadas e ocasionadas pelo trabalho.

A Medicina do Trabalho, segundo Mendes e Dias (1991) e Thedim-Costa e Minayo-Gomez


(1997), se estabelece a partir da Revolução Industrial, na Inglaterra, no Sec. XIX, baseada em
uma visão biologista e individual, com atuação limitada ao espaço da fabrica, cujo cuidado se
restringe univocamente ao desempenho e produção do trabalhador a serviço do capitalismo.

Da Revolução Industrial, até a criação e publicação das Normas Regulamentadoras


brasileiras, muitos fatos e acontecimentos traçam a linha histórica da saúde do trabalhador e a
saúde ocupacional.

Em 1919, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), por meio do Tratado de Versalhes


objetiva uniformizar as questões trabalhistas e a superação das condições subhumanas do
trabalho e o desenvolvimento econômico.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, e a assinatura da Carta das Nações Unidas, em 26 de
junho de 1945, uma nova ordem é estabelecida com empenho da busca pela preservação,
progresso social e melhores condições de vida das futuras gerações.

Em 1948 a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi criada, estabelecendo o conceito de


saúde que juntamente com a Declaração Universal dos Direitos Humanos do Homem
agregam bases conceituais e de direitos até os dias atuais.

Nesses cenários, os anos de 1949, 1952 e, sobretudo a década de 60, o desenvolvimento da


Ergonomia e a necessidade de reverter situações improdutivas fizeram com que alguns
16
empresários “emprestassem” seus médicos particulares para diagnosticar problemas em
empresas. Nasce aí, a saúde ocupacional que tem papel fundamental no Brasil dos anos 70
quando esse país se destacou como o campeão mundial de acidentes de trabalho.

Tais fatos e os processos que lhes acompanharam favoreceram para que o legislador
entendesse a necessidade de dedicação de parte da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT
em prol da saúde e segurança do trabalhador até que o Ministério do Trabalho e Emprego
relate, promulgue e publique as Normas Regulamentadoras em 1978.

Fundamentando a saúde ocupacional e do trabalhador, vale a pena destacar que na visão atual,
a saúde e a doença são processos dinâmicos, articulados com métodos produtivos da
humanidade em determinado momento histórico e sendo assim, faz-se necessário considerar a
forma de inserção nos espaços de produção e a relação entre o trabalho e as formas de adoecer
e morrer dos trabalhadores (BRASIL, 2001a).

Segundo Thedin e Minayo (1997), o campo da Saúde do Trabalhador compreende “práticas


interdisciplinares - técnicas, sociais, humanas – e interinstitucionais, desenvolvidas por
diversos atores situados em lugares sociais distintos e informados por uma perspectiva
comum”. É vital para lidar com a Saúde do Trabalhador uma visão ampliada de saúde, que se
utiliza do campo do conhecimento, da investigação e da interdisciplinaridade para ações
transformadoras, que por sua vez sempre levarão a novos objetos de estudo, pois está em
constante transformação. Os mesmos autores consideram fundamental a valorização dos
saberes e a participação dos trabalhadores.

A trajetória da Saúde do Trabalhador, ao longo do século vinte agrega novos profissionais e


define práticas seguras no trabalho. Evidencia que o fator trabalho, além de ser um dos pilares
da saúde individual e coletiva, também pode gerar adoecimentos e morte. Isto se evidencia no
Brasil quando a ST é congregada no bojo das ações e discussões da Reforma Sanitária e
Saúde Coletiva e são explicitadas na 8ª Conferência Nacional de Saúde em 1986, e na
efetivação da I Conferência Nacional de Saúde do trabalhador em 1987 com resultado rico
que posteriormente foi incorporado ao texto da Constituição Federal em 1988 (BRASIL,
1988).

Considerando a natureza do trabalho e da ST, na atualidade, os processos de produção


resultam de uma economia globalizada e em constante mudança, com graves implicações para
o trabalhador e sua família, entre eles, o desemprego estrutural, a precarização e flexibilização
17
do trabalho, o crescimento do setor informal, a pulverização das organizações sociais dos
trabalhadores como bem lembram Dias e Hoefel (2005). Também é importante discutir as
novas configurações do trabalho no mundo globalizado, mostradas por Druck (2011), que se
apresentam como vulnerabilidades de inserção no trabalho e desigualdades sociais,
intensificação do trabalho terceirizado, insegurança social e no trabalho, perda da identidade
social, fragilização da organização dos trabalhadores, lembrando que aos já conhecidos riscos
físicos, químicos e biológicos somam-se os riscos ergonômicos, a sobrecarga psíquica com
impactos sobre a saúde mental. Esta realidade do mundo do trabalho, tão ampla e diversa,
sugere a necessidade de saberes múltiplos para entendimento e atendimento integral ao
trabalhador, como salienta Mendes & Dias (1991), também necessárias ao desenvolver as
ações da ligadas a VISAT.

2.2 Projeto de Fortalecimento das Vigilâncias em Saúde no SUS, Minas Gerais:


enfrentando o desafio de implantar uma Política Estadual de Vigilância em Saúde.

No período de 2011 a 2014, a gestão do Estado de Minas Gerais programou a Politica


Nacional de Saúde do Trabalhador - PNST, tendo como foco principal a Vigilancia da Saúde
do Trabalhador - VISAT e estrategicamente, a descentralização da Vigilância em Saúde. A
partir disso, foi desenvolvido projeto específico de implantação da Vigilância em Saúde
denominado “Projeto de Fortalecimento das Vigilâncias em Saúde” (PFVS), no qual se inclui
a VISAT.

O desafio para sua implementação foi grande uma vez que o Estado conta com 853
municípios com características muito singulares e grande diversidade de atividades produtivas
e de perfil de trabalhadores.

O PFVS foi publicado na Resolução SES Nº 3.049, em dezembro de 2011, Edital 01/2011,
convocando todos os municípios a aderirem ao projeto, com o objetivo de apoiar a
descentralização das ações de Vigilância e garantir a integralidade da atenção. Para cada
Vigilância em Saúde que incluem: Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária,
Vigilância em Saúde do Trabalhador, Vigilância Ambiental e Ações de Educação em Saúde.
Foi definido, no PFVS, um elenco de ações a serem executadas em cada Vigilância.

18
A proposta da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais teve como característica o
envolvimento de todos os trabalhadores do SUS no nível estadual e municipal de gestão e de
modo particular a Atenção Básica. Para viabilizar a adesão dos municípios à implementação
do PFVS, foi oferecido incentivo financeiro como estímulo os municípios para pactuarem e
desenvolverem ações de Vigilâncias em Saúde de forma descentralizada. O repasse financeiro
do estado para o município se efetivaria com a adesão do mesmo ao PFVS e a execução das
metas definidas para cada programa após avaliação e a comprovação de cumprimento das
metas estabelecidas. O valor do repasse financeiro poderia chegar a R$1,00 (um real) por
habitante/ano, para municípios com mais de 11.200 habitantes conforme o nível de
complexidade de sua pactuação (MG, Resolução SES nº 3.049, 2011; Resolução SES/MG,
3152, 2012).

Para a Saúde do Trabalhador as ações, avaliações e metas definidas pelo PFVS estão
resumidas no quadro 1, apresentado a seguir:

Quadro 1 - Ações e metas para avaliação do município conforme Projeto de


Fortalecimento das Ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador – Período de 2012 a
2015.

Ações Consideradas realizadas – metas para avaliação do


Ação município
Elenco 1 Elenco 2 Elenco 3
2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014
Investigar os acidentes
de transporte de carga 70% 70% 70% 80% 80% 80% 90% 90% 90%
envolvendo produtos
perigosos informados
pelo Núcleo de
Emergência Ambiental
- Secretaria de Meio
Ambiente e
Desenvolvimento
Sustentável
(NEASEMAD)
atendidos no município
Investigar os Acidentes 20% 20% 30% 30% 30% 40% 40% 40% 50%
de Trabalho graves
notificados no SINAN-
NET
Realizar e atualizar o
19
Diagnóstico do Perfil 80% 80% 80% 100%
Produtivo do município
nas Unidades de Saúde
que tenham Equipe de
Saúde da Família (ESF)
e Programa de Agentes
Comunitários de Saúde
(PACS).
Elaborar e executar Considera-se ação realizada: o município que elaborar e executar o
Plano de Ação Plano de Ação em Saúde do Trabalhador, aprová-lo no Conselho
Municipal em Saúde do Municipal de Saúde, incluí-lo no PMS-Plano Municipal de Saúde e
Trabalhador na PAS-Programação Anual de Saúde.
Realizar a Vigilância Apenas para biênio 2014/2015 realizar Vigilância em 04 ambientes
de ambientes e de trabalho, conforme especificações e planejamento indicado no
processos de trabalho Instrutivo.
Fonte: Organizado pela autora com base do Instrutivo para execução e avaliação das vigilâncias
em saúde SES/MG (2014/2015)

Para cada uma das ações propostas foi estabelecida uma ficha própria, destinada à coleta de
dados, em um total de 10. São estas: a) Ficha de Identificação do Perfil Ocupacional Familiar;
b) Consolidado do Perfil Ocupacional da ESF/PACS; c) Consolidado do Perfil Ocupacional
do Município; d) Consolidado do Perfil Ocupacional Regional; e) Ficha de Levantamento das
Atividades Econômicas do Território; f) Consolidado Municipal de Atividade Econômica; g)
Consolidado Regional de Atividade Econômica; h) Planilha de Monitoramento Dos
Relatórios de Investigação dos Acidentes de Trabalho Graves; i) Relatório de Investigação de
Acidentes de Trabalho Grave; j) Lista de Produtos Perigosos; k) Modelo De Formulário do
FormSUS). São fichas padronizadas e foram disponibilizadas apenas como modelos aos
municípios durante as capacitações feitas pela SES/MG. Foram entregues a representante da
Saúde do Trabalhador das Superintendências e Regionais de Saúde e CEREST. (SES/MG,
2012; 2013; 2014).

Para orientar os municípios e respectivos programas que compõem a Vigilância em Saúde a


Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) preparou e publicou um “livro
guia/instrutivo” detalhando as ações de vigilância esperadas, o formato para as ações serem
executadas, o tempo determinado para execução de cada etapa, a forma de avaliações das
ações propostas, a cada quadrimestre, e as condições para o repasse financeiro à execução das
ações.

20
Na apresentação desse Instrutivo (2012) está definida a premissa:

“Vigilância em Saúde amplia a concepção de saúde, e sua inserção nas


redes de atenção, com efetiva integração com a atenção primária,
possibilita a mudança lógica do modelo de atenção curativo (com
ênfase na doença), para um modelo de atenção integral à saúde”
(GOMES; QUINTINO, 2012. p.7).

Ou seja, segundo o Instrutivo, a ampliação da concepção da saúde proporcionada pela


vigilância em Saúde direcionaria uma visão mais integral do processo saúde-doença. Ao
estabelecer este raciocínio, fica implícita a determinação de que ao executar as ações
propostas pelo PFVS, naturalmente haverá uma mudança no modelo de atenção praticado
pelos serviços de saúde e equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) na Atenção Básica
(AB).

O conceito de Vigilância em Saúde do Trabalhador definida no PFVS reproduz o da Portaria


3120 (1998) e considera que

“Vigilância à Saúde do Trabalhador visa à promoção da saúde e à


redução da morbimortalidade da população trabalhadora, por meio da
integração de ações que intervenham nos agravos e seus determinantes
decorrentes dos modelos de desenvolvimento e processo produtivo”
(BRASIL, Portaria 3120, 1998).

Também está em conformidade com a Portaria 3252 (2009) que define Vigilância em Saúde
abrangendo as Vigilâncias: Epidemiológica, Sanitária, Saúde do Trabalhador, Saúde
Ambiental, Promoção da Saúde e Situação de Saúde. Sendo revogada em julho de 2013, essa
Portaria foi substituída pela de número 1378 na qual se regulamenta as diretrizes para
execução e financiamento das ações de VISAT.

As formas escolhidas para descentralizar as ações em Saúde do trabalhador no PFVS foram


definidas em três ações específicas: realização do perfil produtivo da área de abrangência das
equipes de ESF; fazer a investigação de Acidentes de Trabalho Graves notificados no Sistema
de Informação de Agravos de Notificação (SINAN); investigar os casos de acidentes com
produtos perigosos atendidos no município (MINAS GERAIS. Resolução 3260, 2012).

21
Não foram consideradas, no planejamento, as realidades micro de cada município, ou as ações
desenvolvidas em VISAT pelos mesmos. Esta é uma realidade, importante na implantação de
políticas públicas visto que regularmente não consideram programas e atuações diversos dos
planejados, nas realidades micro dos municípios brasileiros.

Como estratégia de implantação do PFVS, a SES/MG, elegeu e indicou os seguintes passos: a


organização de estrutura de gestão das Superintendências Estaduais de Saúde e Gerências
Regionais de Saúde do Estado, composta por Coordenações das áreas temáticas, ou seja, de
cada Vigilância, e por núcleos Microrregionais e Municipais de Vigilância em Saúde.

Promoveu-se a escolha e nomeação de coordenadores para cada área temática da Vigilância


em Saúde dentro das Superintendências Regional de Saúde e das Gerências Regionais de
Saúde. Cada coordenador eleito torna-se o responsável pelos municípios de referência de sua
área de abrangência e execução das ações pertinentes. Para isso foi solicitado a todos os
gestores municipais a nomeação de uma Referência Técnica Municipal para cada área
temática (em pequenos municípios uma única Referência Técnica pode representar mais de
uma vigilância) com a atribuição de fazer com que as ações propostas pelo PFVS, sejam
inseridas em seu município. (SES/MG, 2012; 2013; 2014).

O acompanhamento da implantação e avaliação do PFVS foi descrito no livro: “Instrutivo


para execução e avaliação das ações de Vigilância em Saúde” tendo sido entregue 01 para
cada coordenador de Vigilância em Saúde, 01 para as Referências Técnicas municipais e 01
aos gestores de saúde dos municípios.

A inserção das ações de VISAT conta, pois, com a necessidade do compromisso pessoal de
gestores e profissionais da área da saúde, principalmente porque a estrutura organizacional de
trabalho possui uma dinâmica de funcionamento onde também existem cobranças de metas
por outras instâncias governamentais. São os Programas colocados como prioridades pelo
Ministério da Saúde (MS), conforme o Pacto Pela Saúde (BRASIL, 2006). A obrigatoriedade
de cumprir metas em cada programa está ligada diretamente à avaliação dos serviços de saúde
do município, sendo, portanto, consideradas prioridade absoluta.

Assim, a implantação do PFVS, de forma descentralizada foi um objetivo ambicioso, pois


propõe o envolvimento, mudanças e readequações tanto de estruturas e organização dos
processos de trabalho, quanto de educação permanente dos profissionais da área da saúde, o

22
que envolve de forma absolutamente necessária o estabelecimento de parcerias com
instituições de ensino, com movimentos sociais e de representantes dos trabalhadores, bem
como de outras instituições relacionadas à Saúde do Trabalhador (BRASIL, 2001b. DIAS;
LACERDA e SILVA 2013).

Entre os fatores citados é importante lembrar que falta tradição no atendimento integral ao
trabalhador na rede SUS, tanto no entendimento das especificidades do adoecimento, na
prevenção, reabilitação, quanto de vigilância de ambientes de trabalho.

2.3 A Vigilância em Saúde do Trabalhador – VISAT na PNSTT

Contextualizando as informações e discussão das propostas do PFVS, e a VISAT como objeto


do estudo, é importante lembrar a Portaria 3120 que aprova a Instrução Normativa de Saúde
do Trabalhador e constitui marco orientador das ações de Vigilância em Saúde do
Trabalhador (VISAT) definida como “atuação contínua e sistemática, ao longo do tempo, no
sentido de detectar, conhecer e analisar os fatores determinantes e condicionantes dos agravos
à saúde relacionados a ambientes de trabalho.” (BRASIL, 1998).

A VISAT é uma estratégia fundamental na implementação das ações de saúde e atenção


integral do trabalhador conforme a PNSTT. A legislação pressupõe que se associada às
vigilâncias em saúde e a Atenção Básica (AB) a VISAT permite a integração entre as ações
individuais, de assistência e recuperação dos agravos e as ações coletivas, de promoção e
prevenção na integralidade das ações de ST (BRASIL, 2012).

Para Machado (2013), a VISAT tem como objetivo, “prevenir agravos à saúde dos
trabalhadores, manifestos por sofrimento, exigência, alteração biológica, dano, desgaste,
doença, lesão ou acidente”.

Além disso, segundo Minayo e Thedim (1997) tanto nos atendimentos a trabalhadores na
Rede SUS, como nas VISAT os saberes dos trabalhadores precisam ser valorizados na busca
de melhores soluções para os agravos detectados. A dinâmica do cuidado na Saúde do
Trabalhador envolve, pois, além da VISAT, considerações sociais, econômicas, culturais e
políticas, bem como entendimento das características dos processos de trabalho e organização
do trabalho que interferem na saúde, incluindo as manifestações patológicas do sofrimento
mental.

23
A literatura mostra que nas experiências locorregionais as ações de VISAT na AB, propostas
pela PNSTT, perpassam por indicativos que se mostram fatores facilitadores e fatores
dificultadores na execução das ações de VISAT. Entre os facilitadores, como apontado em
estudo de Fernandes (2012), destacam-se o trabalho multiprofissional nas ações do cuidado a
ST; o apoio institucional que valoriza as ações de ST; a organização de serviço e percentual
de cobertura da ESF; a interação com Centro de Referência em Saúde do Trabalhador
(CEREST). Outros estudos mostram, ainda, a importância do apoio matricial com ação
pedagógica como fatores facilitadores para ações de VISAT na atenção integral da ST
(SANTO; LACAZ, 2012), (DIAS; BERTOLINE; PIMENTA, 2011).

Dentre as dificuldades apontadas para o desenvolvimento das ações de VISAT na AB


Fernandes (2012) destaca a baixa qualificação dos profissionais, a organização do trabalho
que leva a alta rotatividade de trabalhadores da saúde, a sobrecarga de trabalho, a ausência de
referencia e contra referencia, falta de notificação tanto de acidentes graves como de
adoecimentos dos trabalhadores, resistência das empresas em permitir a entrada dos
profissionais de saúde nos ambientes de trabalho, a dificuldade da equipe para ter acesso aos
trabalhadores em serviço, dificuldade de monitoramento e avaliação e a não apropriação das
ações da VISAT pela AB.

Ainda a propósito da VISAT, mesmo considerando as facilidades e dificuldades, as ações só


tem sentido como mostra Lacaz (2013), caso as informações resultantes dos processos de
Vigilância nos ambientes de trabalho, sejam entendidas e utilizadas no planejamento de ações
em Saúde do Trabalhador. Planejamento este, que deve ser executado em conjunto com
trabalhadores e participação das instituições relacionadas ao campo da Saúde do Trabalhador,
conforme proposta da PNSTT (BRASIL, 2012).

Informações das VISAT são condicionantes para o planejamento, tanto para prevenir agravos
ao trabalhador como para promover modificações da realidade dos ambientes de trabalho
adoecedores. A compreensão e consideração das realidades distintas que podem ser
proporcionadas pelas VISAT, e a organização dos serviços do SUS, em cada município, são
condições para intervenções integradas de prevenção, promoção e recuperação da saúde dos
trabalhadores. (DIAS e HOEFEL, 2005).

Segundo Lacaz (2013) e Pinheiro (2013) ações de compreensão, organização e planejamento


inibem a fragmentação resultante da falta de integração entre os setores afins. A criação de

24
protocolos padronizados, parcerias com organizações sociais e de trabalhadores, articulação
das Redes do SUS são, para estes autores algumas das estratégias para efetivar e justificar
ações de VISAT.

Estas ações são partilhadas pela organização e planejamento do Ministério da Saúde quando
em 2002 propõe a articulação, no âmbito do SUS, de ações de prevenção, promoção e
recuperação da saúde dos trabalhadores através de planejamento regionalizado em Centros de
Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) como estratégia de hierarquização das ações
na Rede SUS. Esta foi denominada Rede Nacional de Assistência a Saúde do Trabalhador
(RENAST) publicada na Portaria 1679 de 2002. A RENAST foi modificada: em 2005 pelas
Portarias 2437, para adequar-se ao Pacto Pela Vida do Ministério da Saúde e, em 2009, pela
Portaria 2728 para adequação de ações de ST ao SUS, que determina a coordenação da saúde
a partir da AB, porta de entrada do SUS (LEÃO; VASCONCELLOS, 2011).

Este cenário apresenta ainda as ações propostas pela PNSTT, utilizando a estratégia da
RENAST, com o objetivo de reduzir a morbimortalidade decorrentes dos modelos de
desenvolvimento e dos processos produtivos pela eliminação ou redução dos riscos. Para que
isso aconteça, segundo estas Portarias, é necessário que as políticas públicas considerem
estudos, pesquisas educação continuada e informações epidemiológicas nos planejamentos
descentralizados de ações em ST (BRASIL, Portaria 2728, 2009; Portaria 1823, 2012).

Como estratégia de implementação a proposta indicada na PNSTT é a descentralização das


ações de ST, e esta inclui a responsabilização dos três níveis de governo, que pressupõe
Estado e Municípios organizando a Saúde do Trabalhador nas ações cotidianas dos serviços
de saúde, ordenadas pela AB. A integração entre as vigilâncias, análise do perfil produtivo
dos trabalhadores, estruturação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador
(RENAST), articulação intersetorial, a participação social, capacitação dos recursos humanos
e o apoio a estudos e pesquisa na área de ST, são apresentadas como estratégias para
efetividade das ações de ST no SUS.

2.4 Cenário do estudo


Uberlândia tem uma população de 646.673 mil habitantes (IBGE, 2010) e experimenta nas
últimas décadas crescimento populacional e econômico diferenciado no Estado com uma taxa
de crescimento de 20,5% em 10 anos. O município é considerado ponto de passagem e
contato para o comércio brasileiro, pela localização geográfica, e pela malha rodoviária que

25
serve a cidade. Tem no setor terciário sua maior relevância econômica, seguida do setor
secundário e agrícola. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,789, considerado
alto pela Organização Mundial de Saúde (OMS), com 100% de água tratada e 99% de esgoto
tratado (IBGE, 2010).

A renda per capita do município é de R$ 865,00 com um salário mínimo de R$ 510,00. Em


comparação com o ano de 2000 quando foi apresentada uma renda média per capta de R$
924,18 quando o salário mínimo era de R$136,00 o munícipe diminuiu sobremaneira seus
ganhos mensais. Aponta-se na análise de gênero que o sexo masculino ganha 51,2% a mais
que as mulheres. Em Minas Gerais essa média é de 44% (IBGE 2010).

A população do município vem mostrando uma redução da natalidade com aumento da


população intermediária e idosa (IBGE, 2010). Essa transição tem impacto sobre as demandas
sociais, com o aumento relevante das doenças não transmissíveis, conforme aponta o Plano
Municipal de Saúde 2014-2017 (UBERLÂNDIA, 2014).

A demanda por moradia e o número de analfabetos com idade acima de 15 anos que é de
3.8% conforme IBGE (2010). Estes são dados importantes para a Saúde do Trabalhador, visto
que envolvem formas de trabalho, condições de moradia e de empregabilidade dos
trabalhadores sem ou com pouca instrução formal.

Outro problema que se apresenta é o número de óbitos por causas externas, considerado maior
entre 15 e 49 anos, somando 315 no total de 464 mortes no ano de 2011, conforme o Sistema
de Informação de Mortalidade (SIM, 2013). Lembrando que esta e uma população
economicamente ativa e que de acordo com pesquisas onde há o resgate de informações nos
atestados de óbito, muitos dos óbitos de causas externas, estão relacionados ao trabalho
(LACERDA e SILVA, et al, 2014).

Na área da saúde, 8.034 profissionais prestaram serviços para o município no ano de 2013.
Destes, 32,97% possuem vínculo do tipo emprego público; 24,55% têm vínculo estatutário;
11,52% não possuem categoria; 3,01% com vinculação celetista; 0,60% eram contratados por
tempo determinado, 0,21% cargos comissionados e 27,1% autônomos, conforme Plano
Municipal de Saúde de Uberlândia, 2014-2107. (UBERLÂNDIA, 2014, p. 26)

26
Estes dados são importantes quando se fala na implantação de qualquer serviço de saúde, pois
envolve sensibilização e educação permanente para profissionais que podem, em um tempo
indeterminado, não mais fazer parte do serviço de saúde e da Rede SUS.

2.4.1 Organização do SUS em Uberlândia

Relativo à contratação de profissionais da Atenção Básica, é importante citar que a


contratação de recursos humanos para a atenção básica é feita por duas Organizações Sociais
Sem Fins Lucrativos: “Fundação Maçônica Manoel dos Santos” e “Missão Sal da Terra”, que
também são responsáveis por gerenciar as Unidades de Saúde em suas áreas de abrangência.

Após 2013 a Fundação Saúde do Município de Uberlândia (FUNDASUS), criada no


município sob Lei nº 558 em 05 de março de 2013, com objetivo de: “qualificar a gestão dos
serviços de saúde prestados à população por intermédio de sua Rede de Atenção à Saúde” e
gerenciar a estruturação da Rede de Atenção a Saúde (RAS), inicia também o gerenciamento
e administração de Unidades de Saúde nos diferentes níveis: AB, Ambulatório, Hospitalar,
Pronto Atendimento, Apoio Diagnóstico. Ou seja, a organização dos serviços de saúde está
em processo de mudança, conforme descrito no Plano Municipal de Saúde (2014-2017), fato
que ocasiona alteração considerável na gestão, principalmente de pessoal, o que impacta em
necessidade constante de educação continuada.

Nesse processo de mudança muitos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) foram desligados
do serviço. A abertura de novas Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) também foi
fator de reestruturação das equipes e de territórios geográficos de atuação. Muitas vezes a
mudança de territórios implicou em mudança de profissionais de saúde e de ACS, devido à
necessidade deste residir no território em que trabalha, conforme princípios da ESF.

Uberlândia também tem sua história de construção do SUS. Em 1991 implantou o Conselho
Municipal de Saúde, em 1996 estava em gestão semiplena e em 1998 se habilitou em gestão
plena no SUS (VERÇOSA, 2013).

2.4.2 A Atenção Básica em Saúde em Uberlândia

A AB é organizada em dois formatos. Primeiro como indicado pelo Ministério da Saúde, na


Estratégia Saúde da Família. O município possui em 2014, 48 equipes de Saúde da Família
chamadas Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF). Possui 02 Unidades de Apoio à

27
Saúde na zona rural e uma cobertura da população do município de 27%, nesta modalidade de
atendimento, conforme o Plano Municipal de Saúde (2014-2017).

Outro formato de atendimento é o considerado convencional. Este tipo de organização em


saúde promove atendimento individual e/ou grupal para a população de uma área geográfica
de abrangência definida, nas áreas de ginecologia, clínica, pediatria, saúde mental,
odontologia e vacinação, atendendo a demanda espontânea. O município de Uberlândia conta
com 08 Unidades Básicas de Saúde (UBS) que fazem a cobertura de 26% da população,
conforme Plano Municipal de Saúde (2014-2017).

O serviço de saúde conta ainda com 08 Unidades de Atendimento Integrado (UAI) que
promovem atendimento ambulatorial em diversas especialidades. As consultas são agendadas
e referenciadas pelas UBS ou UBSF, além de atender a demanda espontânea, em modelo
convencional, da área geográfica definida para a Unidade. São responsáveis pelo atendimento
a 38% da população. As UAIS tem, também, o serviço de Pronto Atendimento sem restrição
geográfica. Os dados são apontados pelo Plano de Saúde do Município (2014-2017).

A Universidade Federal de Uberlândia é responsável pelo atendimento ambulatorial para


população de área geográfica definida através de 01 Unidade Básica de Saúde e 01
ambulatório no Hospital Escola. O ambulatório é referência para a região do Triangulo
Mineiro e Alto Paranaíba, conforme pactuação do SUS.

2.4.3 A Saúde do Trabalhador em Uberlândia

A Saúde do Trabalhador foi estabelecida no município de Uberlândia com a Rede Nacional de


Atenção a Saúde do Trabalhador (RENAST) de 2002, lei que regulamenta a criação e
funcionamento de todos os CEREST. Através do CEREST Regional, com sede em
Uberlândia, as ações desenvolvidas compreendem vigilância, cuidados, estabelecimento de
nexo entre adoecimento e trabalho, de educação permanente para trabalhadores do SUS do
município sede. Como tem abrangência regional, é referência para municípios da área de
abrangência em um total, 30 municípios. (BRASIL, 2002)

O CEREST tem como um dos atributos desenvolver indicadores epidemiológicos nesta área,
que permitam estabelecer prioridades de ações de intervenção nos ambientes de trabalho,
como prevê a legislação brasileira, estadual e municipal. E juntamente com as vigilâncias que
compõem a Vigilância em Saúde, desenvolveu um processo de reuniões em grupo de trabalho

28
ao longo de 2010 a 2012, que culminou no “I Ciclo Municipal de Vigilância e Atenção
Primaria à Saúde” com mobilização de todos os profissionais da AB do município.

Na análise dos documentos e contextualização do município, por ocasião da implantação do


PFVS, apareceu como importante organização de serviço o projeto municipal de Vigilância
em Saúde. Este serviço composto por uma sequência de ações lineares envolveram desde
oficinas com apresentações das ações desenvolvidas por cada Vigilância em Saúde, para
alinhamento de conceitos, terminologias e ações foi seguido por visitas de um grupo com
representantes de cada uma das Vigilâncias a todas as Unidades de Saúde do município. As
Unidades de Saúde se preparavam antecipadamente para uma roda de conversas entre os
profissionais com objetivo de trocar experiências em ações de saúde, considerando a forma de
atuação tanto das vigilâncias quanto do atendimento desenvolvido pelas Unidades de Saúde.
Também buscou o levantamento de dúvidas existentes pelos trabalhadores da AB quanto ao
trabalho das vigilâncias. Esta programação teve como resultado uma capacitação
sistematizada pelo Núcleo de Gestão de Pessoas e Educação em Saúde da Secretaria
Municipal de Saúde de Uberlândia denominado de “I Ciclo Municipal de vigilância e Atenção
Primária em Saúde”.

2.4.4 O PFVS chegando a Uberlândia

O PFVS chega a Uberlândia, no mesmo ano que o município teve o reconhecimento pela
Mostra Nacional de Experiências Bem Sucedidas em Epidemiologia (BRASIL, ExpoEpi,
2012) uma menção honrosa pelo trabalho e organização da Vigilância em Saúde Municipal. O
trabalho foi apresentado no evento sob a forma de pôster com o título: “Vigilância e Atenção
Básica em Saúde: educação permanente para a efetivação da integralidade das ações”. A
construção de uma metodologia de trabalho de Vigilância em Saúde municipal foi atravessada
institucionalmente pela política de implantação do PFVS, que traz em sua estrutura e
formatação uma metodologia própria de trabalho e passos pré-determinados, conforme
normatizações fixas de trabalho e de avaliação.

É este o contexto histórico e social que gestou questionamentos e objeto de estudo aqui
apresentado. Para esta pesquisa o problema de estudo partiu da experiência da pesquisadora,
trabalhadora do CEREST desde sua inauguração, especialista em saúde do trabalhador, e
também parte da construção da saúde do trabalhador no município.
29
3 OBJETIVOS DO ESTUDO

3.1 Objetivo Geral:

Estudar o processo de implantação e o desenvolvimento do Projeto de Fortalecimento da


Vigilância em Saúde do Trabalhador - PFVS no município de Uberlândia MG, no período de
2011 a 2015.

3.2 Objetivos específicos:

a) Analisar o processo de implantação do PFVS em Uberlândia;


b) Analisar as dificuldades e facilidades para implantação do PFVS;
c) Identificar possíveis indicadores do processo de descentralização na implantação da
PFVS;

30
4 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, com abordagem qualitativa, por meio de


análise documental sobre o processo de implantação e o desenvolvimento do Programa de
Fortalecimento da Vigilância em Saúde do Trabalhador no município de Uberlândia MG, no
período de 2011 a 2015. Para melhor entender, as etapas do estudo foram detalhadas a seguir.

4.1 Etapas do estudo

4.1.1 Revisão Bibliográfica

Foi realizada revisão de literatura utilizando os descritores Saúde do Trabalhador, Vigilância


em Saúde do Trabalhador, Conferências de Saúde e legislação e, saúde do trabalhador no
período proposto de 2011 a 2015 no acervo da LILACS, SCIELO, BVS, dos quais foram
extraídos; artigos e monografias, alguns destes, com publicações em revistas do meio que
culminaram a uma mesma linha de pensamento e desenvolvimento, o que contribuiu
fortemente para esta reflexão.

4.1.2 Busca e seleção dos documentos sobre o processo de implantação e o


desenvolvimento do Projeto de Fortalecimento da Vigilância em Saúde do Trabalhador
no município de Uberlândia MG, 2011-2015.

Com esta etapa se procurou explorar o tema central da pesquisa sobre o processo de
implantação e o desenvolvimento do Projeto de Fortalecimento da Vigilância em Saúde do
Trabalhador no município de Uberlândia MG, no período de 2011 a 2015.

A metodologia do estudo baseou-se no entendimento que documentos representam uma fonte


de informação política, social, cultural e historicamente contextualizados (COSETTI, 2006),
de modo a permitir uma visão geral e aproximativa do objeto estudado, como sugere Gill
(2008).

Os documentos sobre a implantação do PFVS em Uberlândia no período de 2011 a 2015


foram selecionados utilizando os seguintes critérios:

Foi realizado levantamento dos documentos relacionados a implementação do PFVS em


Uberlândia, disponíveis na Secretaria Estadual de Saúde, Secretaria Municipal de Saúde, no
CEREST–Uberlândia e no Conselho Municipal de Saúde. Foram incluídos os seguintes
documentos: correspondência eletrônica, como E-mails e anexos, documentos físicos como

31
Atas de reuniões, documentos oficiais, legais e normativos, e notícias de jornal referentes ao
PFVS e temas correlatos como VISAT, Atenção Básica, SUS e CEREST, com as restrições
elencadas no item anterior.

Os documentos utilizados no estudo são E-mails recebidos e enviados pelo CEREST com
conteúdos relativos ao PFVS cujos destinatários ou origem são relacionados à implantação do
PFVS com a SES/MG, SRS/GRS, coordenadores da vigilância em saúde municipais,
Conselho Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Saúde, Diretoria de Gestão de Pessoas
e Educação em Saúde do município, Gerencias das Unidades de PSF; apresentações utilizadas
nas capacitações da SES/MG; ofícios e memorandos enviados e recebidos e documentos
legais e normativos como resoluções, decretos e instrutivos municipais e estaduais cujo
assunto seja relativo ao PFVS. Relatório das Conferências Municipais de Saúde (2011 e 2015)
e da Conferência Macrorregional de ST (2014), Plano Plurianual de Saúde do Município
(2014-2017). Plano de ação da ST (2015).

Como critério de exclusão, foram adotados os seguintes discernimentos: Documentos sem


relação com a legislação de implantação da PNSTT, sem relação com a VISAT ou com a
cidade de Uberlândia e suas vivências em saúde do trabalhador ou, com a implantação do
PFVS.

Os documentos recolhidos e selecionados foram organizados em uma planilha contendo


informações sobre o ano de publicação ou criação; a fonte ou de onde foi a origem do
documento; a natureza ou classificação do documento quanto a forma como se apresenta; o
resumo básico para futuras buscas e inserções; os pontos ou categoria de interesse e
observações pessoais após leituras prévias e após análises dos documentos. Os documentos
também foram separados como sendo de âmbito municipal, estadual e nacional conforme
Apêndice 1, de modo a permitir a visualização mais rápida e fácil dos mesmos.

4.1.3 Análise documental

Selecionados os materiais deu-se a análise documental. Nesta tarefa, o pesquisador deve


interpretar e sintetizar as informações, determinar tendências e, na medida do possível, fazer a
inferência, utilizando de técnicas apropriadas, que foram utilizadas para o manuseio desses
documentos valiosos, ampliando assim o entendimento do objeto de estudo (SÁ-SILVA et al;
2009) e esta foi a tônica da análise.

32
Dessa maneira, foram analisados os processos técnicos, sociais e políticos dos processos de
implantação do PFVS bem como situações onde se caracteriza a participação da comunidade
na construção do SUS, no planejamento da saúde e da VISAT, como indicado por Bardin,
(2007) e Minayo (1994).

O procedimento de busca, leitura e escolha da documentação, permitiu uma aproximação


sucessiva do objeto estudado e a construção dos primeiros significados das mensagens
trabalhadas (BARDIN, 2007. TURATO, 2005; MINAYO, 2007).

A implantação do PFVS, sensibilização, capacitação e estratégia utilizada pela SES/MG para


levar o PFVS aos municípios, de forma especial no município de Uberlândia, foram
caracterizadas considerando três aspectos: o PFVS e as ações elencadas para a ST; o
município, compreendido como lugar de produção de serviços do SUS e de organização das
vigilâncias em saúde junto a AB e o passo a passo da capacitação proposta pela SES/MG no
município (papel desempenhado pelo CEREST).

Foi realizada leitura cuidadosa do material coletado e a partir dela o preenchimento do roteiro
da análise que se encontra no Apêndice 2.

Os documentos foram analisados não apenas como contextualização da realidade, mas vistos
como interpretação do sentido das palavras utilizadas. O tratamento dos dados se deu
considerando a análise dos conceitos fundamentais apresentados nos documentos.
Inicialmente foram grifadas palavras e frases que sintetizavam conceitos, pertinentes com o
objetivo da pesquisa, e apontava uma proposta, uma definição, uma concepção ou
simplesmente expressavam uma ideia relevante ao assunto, por exemplo, “vigilância em
saúde”, considerando como mostrado no quadro 2 e propostas da PNSTT.

A seleção dos termos-chave foi definida em razão de representação da ideia ou contextos no


qual essas expressões se apresentavam. Em seguida como definição do principio norteador do
termo, conforme análise do conteúdo (PIMENTEL, 2001). Como objetivo deste estudo
apenas o conteúdo relacionado com Vigilância em Saúde do Trabalhador, foi foco de análise.

A busca de possíveis pistas sobre a efetividade do PFVS foi buscado nos documentos em
expressões nos processos de planejamento de saúde do município, ou seja, se e como o tema
da VISAT aparece nos Fóruns sociais de planejamento de saúde do município. Observados
em consonância com os preceitos da Lei 8142 de (1990), que define a participação e/ou

33
controle social na elaboração das diretrizes da organização e planejamento do SUS. Desse
modo buscou-se conhecer como as questões da VISAT apareceram nos documentos das
Conferências Municipais de Saúde de 2011 e de 2015, coincidentes com o período da
implantação do PFVS, e na Conferência Macrorregional de Saúde do Trabalhador ocorrida
em 2014. Os Planos de Saúde do Município e Plano de Saúde do Trabalhador, ambos de
2015, também foram documentos consultados para o mesmo fim. O(s) livro(s) de registros de
atas de reunião das equipes de Vigilância em Saúde foram lidas, integralmente, pela própria
pesquisadora. (UBERLÂNDIA, 2011; 2015)

4.1.4 A análise das Conferências Municipais de Saúde - CMS

Os registros das Conferências Municipais de Saúde de Uberlândia tiveram um tratamento dos


dados de forma diferenciada. O caminho metodológico seguido é ilustrado conforme quadro
apresentado no quadro 2 a seguir, que resume os passos e os conteúdos valorizados na analise
dos Relatórios das Conferências Municipais de Saúde, realizadas em Uberlândia, em 2011 e
2015, durante a vigência do PFVS.

34
Quadro 2 – Passos da análise de conteúdo das Conferências Municipais de Saúde de
Uberlândia realizadas em 2011 e 2015.

ETAPAS AÇÃO IMPLICAÇÃO


Retomada das perguntas orientadoras e objetivos do Feita uma leitura flutuante
estudo; marcando as palavras no
Documentos analisados como resultado da participação texto sem maiores
da comunidade e da gestão do SUS; preocupações técnicas, mas
Comparativo das Conferências Municipais de Saúde, exaustivamente por várias
dos anos de 2011 e 2015; vezes;
Construção inicial dos indicadores para análise, sendo os Estabelecida a
mesmos constructos relacionados como indicativos na classificação dos termos
Início da
implantação da PNSTT: Atenção Básica/ atenção conforme agrupamento
análise homogêneo, ficando
Primária à Saúde; equipe multiprofissional; perfil
epidemiológico; integralidade; controle social/conselho definido em categorias de:
de saúde; Rede SUS; Saúde do Trabalhador; VISAT; Atenção Básica;
Equipe Saúde da Família; Trabalhador; CEREST; Epidemiologia; Controle
Notificação; Segurança e Saúde do Trabalhador; Social; Vigilância; Rede
trabalho; risco; perfil produtivo; assistência Integral; SUS; Perfil produtivo;
Promoção da saúde; intersetorialidade; reabilitação; CEREST; Saúde do
educação em saúde. Trabalhador.
Elaborados os indicadores, e estabelecido a classificação O texto foi desmembrado
dos termos conforme agrupamento homogêneo fica em unidades/categorias
definido as categorias: Atenção Básica; Epidemiologia; isoladas.
Explorando Controle Social; Vigilância; Rede SUS; Perfil produtivo; Foi reagrupado em novas
o material CEREST; Profissionais de Saúde; Promoção em Saúde; categorias.
A análise foi estabelecida
conforme nova
organização da mensagem.
Os indicadores foram classificados em função de seu Inferência utilizando de
significado conforme a destinação da proposta da uma abordagem
Conferência: qualitativa. Análise e
1- Gestão para o que se destina a organização do SUS. trabalhada com
Tratamento 2 – Atendimento o que estabelece formas de significações em lugar de
dos dados atendimento, considerando modelo médico. inferências estatísticas.
3 – Educação em Saúde, termo utilizado em sentido
amplo na Rede SUS.
4 – Saúde do Trabalhador usado no sentido social do
termo.
Comparativo entre as duas Conferências Municipais de Comparativo em função do
Saúde, para verificar possíveis mudanças no contexto conteúdo apresentado nas
Comparativo em função do objetivo e implementação do PFVS. duas conferências e do
significado qualitativo dos
termos em cada contexto.
Fonte: construção da pesquisadora baseado em análise de conteúdo conforme Bardin (2007).

Para melhor entender, o esquema da síntese da metodologia foi elaborado no quadro


descritivo a seguir.

35
Fig. 1 – Roteiro metodológico do estudo, Uberlândia, MG. 2011-2015

1 - ANÁLISE DOCUMENTAL sobre a


implantação do PFVS em Uberlândia,
MG (2011-2015).

2 - ELABORAÇÃO DE ROTEIRO
para levantamento dos documentos a
serem analisados.
Localização dos
documentos;
Leitura;
Codificação;
Categorização;
Análise de
4 - ANÁLISE DOS
conteúdo;
3 - ORGANIZAÇÃO E DOCUMENTOS DEFINIDOS Analise do discurso;
CONTEXTUALIZAÇÃO DO para estudo, caracterizados como
CAMPO de busca dos documentos a possíveis evidências da
serem analisados; implantação do PFVS na AB de
Uberlândia;

DEFINIÇÃO de TIPOS de
documentos para documentos
análise; procurados;

5 - DISCUSSÃO com literatura

Federais
Sim Não

Estaduais

Municipais

Fonte: Produção da autora.

36
4.2 Aspectos Éticos
Considerando a natureza do estudo, não houve necessidade de submissão ao Comitê de Ética
na Plataforma Brasil.

37
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram analisados 236 documentos correspondentes ao período e ao tema estudado e


descartados aqueles que apesar de tratarem da PNSTT, não estavam diretamente ligados ao
processo de implantação do PFVS em Uberlândia.

As correspondências oficiais, físicas e eletrônicas enviadas e recebidas pelo CEREST e


Secretaria Municipal de saúde, relativas ao PFVS, os Planos de Saúde e as Conferências
Municipais propiciaram verificar as prioridades do município e a (ir)relevância social das
propostas de planejamento de saúde do trabalhador no município nos diversos eixos do SUS.
Os documentos dirigidos à Secretaria e ao Conselho Municipal de Saúde, ao CEREST e à
SRS-SES-MG relacionados à implantação do PFVS no município, forneceram informações
sobre a articulação com a Atenção Básica, pactuação com outros programas, a (in)adequação
das equipes e serviços para realização das ações propostas pelo PFVS; já os textos técnicos e
os referentes a Política Federal para implementação da VISAT, propiciaram base para o
estudo.

Os documentos comportaram a visualização da dinâmica da organização da vigilância em


saúde municipal, estruturada e em parceria com a Atenção Básica, envolvendo capacitações
dos trabalhadores em assuntos pertinentes a cada Programa que a compõe. Permitiram
também o entendimento sobre o processo do PFVS em Uberlândia, segundo as orientações da
SES/MG. Possibilitou a análise do “Plano Municipal de Investimento em vigilância em
Saúde” confeccionado pela Vigilância Sanitária municipal encarregada da produção desse
material com uma discriminação de gastos para o dinheiro vindouro. Plano este que foi
votado pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS) em 28 de março de 2012. E conforme a
orientação da SES/MG, através das Referências Técnicas da SRS, os recursos foram
direcionados e alocados para compra de material a ser utilizado pelas Vigilâncias em Saúde,
incluindo computadores, carros, motocicletas e câmaras frias.

Possibilitou ainda verificar que o valor financeiro considerado no documento foi o repasse de
0,50 por habitante/ano, para pactuação do município no nível I do PFVS. Visualizar a situação
apresentada indica que as ações planejadas estão unicamente voltadas para aquisições de bens
possíveis graças ao repasse financeiro proposto pelo PFVS.

Observou-se que a partir da aprovação do “Plano Municipal de Investimento em vigilância em


Saúde” (UBERLÂNDIA, 2012) foram iniciadas as capacitações para implantação do
38
PFVS/VISAT no município, envolvendo duas categorias de trabalhadores da AB: os agentes
de saúde (ACS) e as coordenações das Equipes de Saúde da Família para a coleta de dados
para o levantamento do perfil ocupacional. Anterior a esta etapa, a SES estabeleceu um
processo de oficinas para todo o estado de Minas Gerais com capacitações em bloco, onde a
lógica era capacitar as Referências Técnicas. A Diretoria Estadual de Saúde repassava o
material para as Referências Técnicas Estaduais que por sua vez se encarregaram de
multiplicá-las para o próximo nível em hierarquia organizacional decrescente até chegar ao
trabalhador da AB nos municípios. Participaram deste processo as Referências Técnicas
Estaduais (SES-MG, SRS e GRS), CEREST e Referência Técnica Municipal em Saúde do
Trabalhador.

Deve ser registrado que esse processo provocou uma quebra da atuação das Vigilâncias em
Saúde com a qual Uberlândia trabalhara até então. A partir da participação do representante
do CEREST – Uberlândia na capacitação do nível central da SES/MG onde foi explicitada a
forma de trabalho proposta pelo PFVS. Foi apresentado um documento orientador, publicado
posteriormente, denominado “Instrutivo para execução e avaliação de ações de vigilância em
saúde”, acompanhado dos modelos de fichas a serem utilizados pelos ACS para a coleta de
dados, que compõe também o material de análise. A partir deste momento ficou definido pela
SES e Diretoria de Saúde do Trabalhador o formato para desenvolver as ações previstas pelo
PFVS.

Essas capacitações foram planejadas para o primeiro semestre de 2012 considerando que a
partir de setembro de 2012, começou a contar o tempo para a primeira avaliação das ações de
ST propostas pelo PFVS. Houve intensa mobilização do município, no sentido de cumprir as
metas mobilizando um encontro para explicação do PFVS aos enfermeiros coordenadores das
equipes de Saúde da Família sobre a demanda da SES/MG.

Estes procedimentos e caminhos seguidos nas capacitações e coleta de dados com os


trabalhadores da AB são mostrados a seguir.

5.1 Sobre a capacitação e participação dos ACS no PFVS/VISAT

A capacitação dos ACS aconteceu em Setembro de 2012, muito próximo às eleições


municipais. Em decorrência do fato, não puderam ser confeccionadas e impressas as fichas
39
para a coleta dos dados. Como eram serviços de gráfica em grande quantidade, teria
necessariamente que passar por licitação. E foram fechadas as licitações, considerando a Lei
de Responsabilidade Fiscal (BRASIL, Lei 101 de 05 de maio de 2000) que demanda sobre a
transparência dos gastos públicos, bem como o controle de gastos dos gestores. Cada gestor
tem a obrigação de contabilizar os gastos anuais, planejar o gasto e promover o orçamento
para a execução das ações que foram programadas e aprovadas pelo Legislativo para o ano
vindouro. Conforme esta Lei um administrador público não pode entregar dívidas sem
provisionamento para o próximo prefeito eleito no município.

Todos os ACS do município foram convocados para fazer a capacitação conforme orientação
da SES/PFVS. Pela primeira vez entraram em contato com a tarefa do preenchimento das
fichas e com as informações para procederem a coleta dos dados. Além de conteúdos
conceituais sobre a ST importantes para o procedimento de preenchimento das fichas, tais
como conceito de trabalhador, trabalhador formal e informal, biscateiro, autônomo, o
significado de manipular produtos químicos e alimentos, quais as profissões mais favoráveis
para desenvolver essas ações, entre outros.

A análise dos documentos e em especial das avaliações feitas pelos ACS, ao final das
capacitações, mostrou reiteradamente o desejo dos ACS de participarem mais. Dessas fichas,
a da apreciação das mesmas verificou-se que os ACS revelam a insatisfação, as dificuldades e
a confusão de papeis na empreitada solicitada.

Em outras fichas notou-se que os profissionais ACS descreveram como se sentem


desvalorizados no desenvolvimento de seu trabalho e se queixaram da demanda de mais
trabalho que nomearam como “preencher mais papeis”; a falta de governabilidade sobre o
próprio trabalho quando explicitam que o gerente da unidade é que deveria ter participado da
capacitação; e sobre a dificuldade com os muitos conceitos, solicitando mais capacitações
para melhor entendimento.

O quadro 3 apresentado a seguir, resume algumas das questões enunciadas acima.

Quadro 3 – Avaliação sobre a capacitação feita pelo CEREST Uberlândia, para coleta
de dados do perfil ocupacional nos territórios conforme PFVS, setembro de 2012.

Relatos descritos nas fichas Nº


Trabalhadores (ACS) Sem cuidados; 17

40
Mais papeis e tarefas para fazer; 4
Dificuldades com conceitos novos apresentados; 4
Sem governabilidade sobre o próprio trabalho; 3
Querer certificado para a avaliação do Departamento de Recursos 2
Humanos;
Fonte: Elaborado pela autora baseado nas avaliações de capacitação dos ACS. Documentos do
CEREST, 2012.

A impossibilidade de ter as fichas disponíveis, imediatamente após o processo de capacitação,


mencionado anteriormente, impossibilitou o desenvolvimento da coleta de dados, e acarretou
um grande lapso de tempo entre a capacitação promovida e a coleta de dados feita pelos ACS.
Apenas em fevereiro de 2013, efetivamente aconteceu o início da coleta de dados. Houve
necessidade de tirar fotocópias das fichas utilizadas, o que contribuiu para desqualificar a
tarefa.

Outro fator determinante no período estudado foi à mudança do prefeito e do partido que
ganhou as eleições realizadas em 2012. Agravou a demora da ação em decorrência do período
de transição entre as administrações, até que os novos gestores conseguissem organizar a
execução dos serviços cotidianos.

Ainda que o cenário politico e de gestão estivesse em plena mudança, coube ao CEREST
escolher uma Unidade Básica para realização de projeto piloto a fim de coletar dados.
Também coube ao CEREST verificar que haveria necessidade de repetir o processo de
capacitação dos ACS já que não se lembravam da capacitação anterior.

Tanto os ACS como Coordenadores foram capacitados em suas UBSF para que a coleta de
dados acontecesse. Considerou-se também que houve mudanças nas equipes tanto de alguns
ACS, quanto de Coordenadores.

Após a coleta dos dados, foi feita a tabulação e em consequência da urgência em repassá-los
para a SRS-SES-MG muitas vezes o profissional do CEREST teve que assumir esta tarefa,
originalmente ao encargo da enfermeira da UBS junto com seus ACS. Os dados do município,
somados aos de outros municípios da área de regionalização encaminhados à SES-MG
permitiu uma visão e avaliação global do Estado.

41
No CEREST Uberlândia, por iniciativa da instituição, os dados coletados foram
transformados em apresentação gráfica, distribuídos por cada equipe de UBSF. A devolutiva
para a equipe que gerou os dados aconteceu conforme organização da coordenação da
Unidade, podendo envolver toda a equipe ou apenas os ACS ou parte dos ACS. Alguns
fatores que concorreram para o comparecimento ou ausência da equipe foram: a
disponibilidade de cada profissional, os atendimentos e as intercorrências na rotina da
Unidade.

Os dados repassados para a equipe foram relativos ao seu território de atuação, e contemplou
as 10 principais atividades domiciliares, as 20 principais atividades econômicas do território e
as 20 principais ocupações de cada território.

A coleta de dados se deu em conformidade com as metas definidas pelo PFVS a cada
quadrimestre. Basicamente seguindo uma rotina que implicava na ida do CEREST até a
UBSF; fazer capacitação com os ACS sobre a coleta de dados; entregar as fichas a serem
preenchidas; marcar uma data para recolher as fichas; leva-las para o CEREST; fazer a
tabulação dos dados; enviar os dados, quadrimestralmente para SRS; fazer a devolutiva para
cada UBSF.

Em relação à devolutiva dos dados enviados e condensados pelo Estado para o município, não
foi encontrado procedimento padronizado para tal ação. Os dados foram disponibilizados,
aguardando a solicitação do município.

5.2 Observações sobre desdobramentos da implementação do PFVS em Uberlândia

Cabe ainda descrever e discutir algumas das dificuldades observadas em decorrência da opção
e adoção do PFVS, sem que no processo fosse considerado ou aproveitado o projeto integrado
de Vigilância em Saúde municipal. Está também considerado o formato adotado na
implantação do PFVS pela SES/MG, como o de um modelo unidirecional.

5.2.1 Sobre a situação do município e características da organização de serviços

Os registros documentais revelam que a implantação do PFVS interferiu negativamente na


organização de serviços do município e promoveu uma quebra no desenvolvimento do projeto
local, já citado, rico em conteúdo e com resultados iniciais promissores, envolvimento a
Vigilância em Saúde e AB no município.

42
Se considerarmos trabalho conforme definição de DEJOURS (2004), para o qual o trabalho
saudável é aquele que tem um significado simbólico e real para o trabalhador, e que se traduz
entre o que é prescrito em normas e a realidade do trabalhar, não podemos deixar de
questionar as consequências para os trabalhadores das vigilâncias em saúde sobre a
desconsideração pelo projeto municipal no qual atuaram.

A necessidade de reinvestir energia em um projeto macro, como o PFVS, com características


e visão diferente da praticada até então pelos trabalhadores municipais, pode ser considerada
fonte de conflito para os trabalhadores municipais da Vigilância em Saúde e ST.
Compreendendo que a eles foi solicitada a competência de implantar as ações prescritas no
PFVS em forma de ações pré-determinadas e não coincidentes com as executadas até então.
Considerando que trabalhar não envolve apenas a tarefa. Envolve o querer, a intencionalidade
e o envolvimento do trabalhador (ASSUNÇÂO; LIMA, 2002),

O processo que ocorreu no município a partir da escolha em favor da política da SES/MG,


teve como resultado que cada Vigilância trabalhou nas capacitações e ações visando alcançar
as metas propostas. Assim a busca pelas metas estabelecidas pelo PFVS se individualizou e
ocorreu em separado. Houve uma quebra da atuação conjunta na qual se trabalhara até então.

É importante salientar que esse processo se contrapõe ao indicativo da PNSTT, que é de


integração entre os demais componentes da vigilância em saúde. Esta é a estratégia sugerida
para o fortalecimento da ST. A articulação das vigilâncias com a AB, em intervenções
conjuntas que propiciam o planejamento, avaliação e práticas de saúde para atenção integral
ao trabalhador (BRASIL, 2012).

5.2.2 A consideração de que um programa inovador necessita se fazer conhecer

Ressalta-se que o PFVS, na fase de sua implantação, por ser um programa novo, necessitava
se fazer conhecer. E para tornar esse fato realidade é necessária a utilização da estratégia de
Educação Permanente, como prescrito pela Política Nacional de Educação Permanente para o
SUS (BRASIL, 2009).

Esta consideração sobre educação permanente é fundamental, pois a VISAT, conforme


discussão e revisão bibliográfica, implica na adoção de conceitos inovadores e acontece em
um contexto de contradições e mudanças no mundo do trabalho em uma economia

43
globalizada. Incorpora conceitos da saúde pública e saúde coletiva, e necessita da adoção de
linguagem horizontalizada que integre os trabalhadores (CAMPOS; DOMITI, 2007).

A Educação Permanente é essencial, como indicado na Primeira Conferência Internacional


para Promoção da Saúde (1986) que propõe a promoção da saúde como forma de reduzir as
diferenças no estado de saúde das populações. Assim, capacitar equipes de AB, que não
possuem familiaridade com Vigilância em Saúde do Trabalhador, mais acostumadas em suas
rotinas de trabalho com a lógica da assistência, utilizando métodos de transmissão verticais,
direcionados para ações específicas como coleta de informações sem vinculação com a rotina
diária, é um grade desafio para que estas ações sejam incorporadas pelos trabalhadores em
suas ações cotidianas ou nos planejamentos das equipes de saúde.

Nesse sentido, a capacitação de apoio à implantação do PFVS, pode ser considerada


verticalizada, visto que não contou com a participação do trabalhador na construção dos
conceitos nem este foi solicitado a pensar nas possibilidades de resolução de problemas no
território. Tem, portanto, alcance moderado. O entendimento desse critério pode ser
comprovado pela avaliação dos ACS após capacitação. Quando se refere a grande quantidade
de conceitos novos e quando pede mais capacitação para melhor “entender”. Ou quando fala
que o coordenador é quem deveria ter feito a capacitação, significando o não empoderamento,
da aprendizagem ou da liberdade de ação, no desempenho de suas atribuições.

Sobre incluir novos saberes através de capacitações verticalizadas e esperar dos trabalhadores
a responsabilização por incorporar novos conteúdos no desempenho das ações cotidianas
dentro da AB é um contrassenso e comprovadamente sem eficácia. No entanto este é o
pressuposto pelo PFVS na descentralização das Vigilâncias em Saúde.

Para efeito de análise, retomemos o conceito de AB, onde uma equipe de saúde se
responsabiliza pela saúde individual e coletiva de um território adstrito e busca a promoção e
proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico e tratamento, a reabilitação, a
redução de danos e a manutenção da saúde desenvolvendo a atenção integral à população
deste território.

A equipe deve, nestes termos, considerar os critérios de risco, vulnerabilidade e resiliência da


comunidade com a qual assumiu o compromisso e a responsabilização. As ações dessa equipe
devem ser desenvolvidas com o mais alto grau de descentralização, considerando a AB como

44
porta de entrada para o usuário do SUS. O trabalho da equipe deve considerar o sujeito, sua
inserção sociocultural e desenvolver ações para promover a saúde e autonomia dos cidadãos.
Isto é o prescrito como o correto a se fazer. (BRASIL, Portaria 2488, 2011b).

No entanto, estudos mostram que entre o conceito técnico de território e a vivencia das
intervenções das equipes de AB, existem lacunas e limitações nas quais não se consideram os
condicionantes e determinantes de saúde na prática dos profissionais de saúde. Santos &
Rigotto (2010) em estudo, elencam alguns problemas decorrentes de capacitações
equivocadas, com uma crítica grave às ações programáticas de conteúdos desarticulados que
geram tarefas, sem relação com o significado das mesmas, propiciando continuidade ao
caráter prescritivo, comumente encontrado nas ações da ESF.

As capacitações pontuais são também objetos de estudo de FERNANDES (2012), que cita a
baixa qualificação dos profissionais da AB como um dos fatores que dificultam as ações de
ST. Aspectos como capacitação técnica deficitária, a falta de educação continuada e de
discussões sistemáticas sobre ações de vigilância em ST são apontadas por DALDON e
LANCMAN (2013), como problemas para desenvolvimento de ações de Vigilância em ST na
AB. Adotar comportamentos de atenção integral a ST implica em revisão de competências
individuais e institucionais e também na incorporação de atores sociais ligados ao território; a
importantíssima abertura para a participação dos trabalhadores.

Capacitações pontuais e verticalizadas, portanto, levam a equívocos. Como bem


exemplificado na fala do ACS que participou da capacitação para que pudesse fazer a coleta
dos dados e preenchimento das fichas do PFVS: “Adquiri novos conhecimentos num geral.
Porém na teoria. Alguns temas só funcionam mesmo no papel.” Ou na simplicidade da
constatação de outro: “mais papeis para preencher”. Esse é um vazio deixado pela incerteza
sobre os frutos do próprio trabalho, pela falta de reconhecimento institucional e também de
comprometimento com o planejamento de ações construtivas, no caso, de ações de ST na AB.

Por tudo isso, o processo de capacitação para implantação do PFVS, pode ser melhorado. A
constatação de poucas e esporádicas capacitações, verticalizadas, não é condizente com um
aprendizado proposto em uma educação permanente. Isto também dificulta a
responsabilização da equipe pelas novas ações, pela incorporação de novos conceitos e por
colocar na rotina da equipe a atenção integral a Saúde do Trabalhador.

45
5.2.3 Sobre o material didático e de apoio do PFVS

Dentre as características positivas do PFVS estão os objetivos e planejamento Estadual,


condizente com as diretrizes nacionais que se coadunam com a PNSTT e o incentivo
financeiro para o município. No mínimo esse conhecimento é de interesse dos trabalhadores
do SUS e do controle social. Tanto para acompanhar a implantação como os gastos no
município, com a verba alocada decorrente das ações executadas em vigilância em saúde e
ST, propostas pelo PFVS.

O PFVS, como toda tecnologia inovadora a ser implantada precisa da ajuda de material
educativo, de divulgação e de apoio, como o “Instrutivo para Execução e Avaliação das ações
de Vigilância em Saúde”, e das fichas para coleta de dados municipais que fazem parte do
perfil ocupacional dos territórios.

O Instrutivo precisa estar disponível a todos os trabalhadores que fazem parte das equipes
responsáveis pela implantação, coleta de dados e transformação desses dados em informações
significativas para o trabalho no território. Para planejar é preciso conhecer. É preciso
também apropriar-se dos dados pelos quais a equipe foi responsável em coletar, conforme
políticas de formação voltadas para o desenvolvimento e consolidação do SUS (BELISÁRIO;
AGUIAR, 2013).

O Instrutivo do PFVS contendo as fichas, as metas e a forma de avaliação é um material


precioso e de consulta frequente. E necessita ser de fácil acesso a todos os trabalhadores, das
equipes de saúde, para um conhecimento continuado. As fichas para coleta de dados
representam o desenvolvimento das ações e do trabalho em si. Como são específicas para
cada ação, é necessária sua disponibilidade para executar a ação solicitada. São instrumentos
de trabalho. Não pode ser deixado para que o município se organize para confeccionar o
material, sem considerar as dificuldades de contexto no momento da implantação de qualquer
projeto como aconteceu com o PFVS.

Em Uberlândia, o livro-guia/Instrutivo de 2012 foi direcionado para as coordenações de cada


Vigilância em Saúde. Um exemplar foi entregue a estas coordenações, bem como as edições
seguintes no ano de 2013 e de 2014/2015. As equipes da AB não tiveram acesso direto ao
Instrutivo, nem foram disponibilizadas pela SES/MG, durante as capacitações, as fichas para
propiciar a atuação dos ACS. E para a coleta de dados ocupacionais e produtivos, em visitas
domiciliares, implicam na necessidade de se ter em mãos os instrumentos de trabalho.
46
Os gerentes das UBSF e equipes de trabalho não tiveram acesso direto ao instrumento. Este é
um dado relevante, pois novas atribuições exigem novas aquisições cognitivas, disposição
para mudança e revisão de práticas. A incorporação de saberes para transformações da prática
cotidianas requer o conhecimento da dinâmica das relações de trabalho e do discurso que
subsidia todos os participantes do processo (ALVES, 2006).

Sair de atividades cotidianas para desenvolver uma nova ação, exige um projeto de educação
continuada, como sugere o MS através da Política Nacional de Educação Permanente em
Saúde (2009). A sugestão é que o processo se dê a partir da problematização do que acontece
no processo de trabalho. Há, por parte desta Portaria, uma crítica feita ao imediatismo que
permeia a ideia de capacitações rápidas como sendo capazes de resolver problemas de
aprendizagem, cujas ações intencionais e planejadas têm a missão inglória de fortalecer
conhecimentos, habilidades, atitudes e práticas (BRASIL, 2009).

Conforme proposta da PNSTT, fazer o fortalecimento da Vigilância em Saúde do


Trabalhador, utilizando de integração com a AB pressupõe uma visão funcional e condicional
a uma proposta metodológica e pedagogia problematizadora em educação permanente
(FADEL; ALMEIDA, 2010). Principalmente se considerarmos como indicam Daldon E
Lancman (2013) a existência de dificuldades conceituais e não críticas a respeito dos
pressupostos que norteiam a prática da ST, por parte dos trabalhadores da saúde, acostumados
a práticas de saúde voltadas para o atendimento médico.

Não ter acesso fácil ao material didático para conhecimento e execução das ações propostas
logo após as capacitações é uma falha na capacitação, que dificulta ou inviabiliza o novo
procedimento, na AB, proposto pelo PFVS.

Conseguir a cooperação das equipes de AB para incorporar as ações do PFVS e promover a


autonomia e responsabilização das equipes pelas novas ações implica em partir de
diagnósticos da situação de trabalho. Mas quando se pede ao ACS que ele levante os dados
nas visitas domiciliares e não integra essas informações ao significado do trabalho e às
possíveis ações que podem daí decorrer, não se promove a visão do todo. Não esclarece a
razão para a ação desempenhada. Mesmo que estas atribuições façam parte das atribuições
prescritas aos profissionais da AB.

47
Ações que poderiam significar integração e responsabilização tais como o acolhimento do
trabalhador por toda a equipe na UBSF ou visitas domiciliares compartilhadas ou, ainda, a
identificação da ocupação do trabalhador relacionada a riscos do processo de trabalho não
fizeram parte do “pacote” do PFVS. Nem o levantamento e mapeamento das atividades
produtivas e impactos ambientais que levassem a projetos com outras secretarias para ações
intersetoriais buscando diminuir agravos. Nem mesmo o entendimento sobre o adoecimento
do trabalhador e a relação desse adoecimento com o trabalho trazendo para a rotina a
responsabilização que poderia indicar ações de prevenção e vigilância no trabalho e no
ambiente de trabalho. Estas seriam ações que podem promover mudança na organização do
trabalho. Mudanças desejáveis e incorporadas nos planejamentos da equipe, do território e do
município. Ações que seriam a demonstração da descentralização de ST e eficácia do PFVS.
Mas são ações que não foram comprovadas no estudo.

É necessário, de acordo com a PNSTT, o planejamento conjunto com eleição de prioridades e


atuação integrada de toda a equipe na implementação de ações da ST na AB. Ou, como
aconteceu em Uberlândia, fica um trabalho de coletar dados para o CEREST, visto como o
“responsável” pela saúde do trabalhador. Em um processo de transferência de
responsabilidades, ou ainda um indício de que não houve descentralização das ações de
VISAT.

A educação continuada proposta pela Política de Educação Permanente (2009) exige união
entre a aprendizagem e a ação. Problematizando o saber. Aproveitando o conhecimento
técnico e humano de cada trabalhador do serviço de saúde, considerado construtor do
conhecimento. Assim, nesta perspectiva, a equipe precisa ser considerada como tal. A
utilização de parte da equipe para coletar dados, sem significado para todos da equipe, não
fortalece a descentralização de ações de ST. Lembrando que o PFVS direcionou a atuação de
ações ao ACS e ao enfermeiro/coordenador do PSF.

Por outro lado ao avaliar a utilização dos espaços da comunidade que de acordo com a
PNSTT pode propiciar a participação da comunidade e do trabalhador que vivencia os
processos de trabalho, cuja participação no processo de descentralização da VISAT e papel na
atenção integral são tido como essencial pela organização do SUS, percebe-se que este não foi
um aspecto observado na capacitação direcionada pela SES/MG conforme o PFVS.

48
Outro fator de grande importância é que não foi identificada na capacitação proposta pelo
PFVS é a utilização de tecnologia de suporte, como o matriciamento, que se caracteriza como
uma equipe de referência utilizada para suporte técnico às equipes da AB. Conforme Domitti
(2006); Campos & Domitti (2007) e Santo & Lacaz, (2012), o matriciamento, como
tecnologia de organização de serviço permite a estimulação de discussão de casos e estimula a
troca de conhecimentos que, em equipe multiprofissional, pode propiciar melhor qualidade ao
atendimento integral ao trabalhador.

Estes são alguns dos problemas identificados no percurso da implantação do PFVS em


Uberlândia. Uma capacitação caracterizada como a persistência do modelo onde pessoas com
conhecimentos especializados “ensinam” a pessoas que “não sabem”, como fazer um
trabalho. Em outras palavras, reproduzindo a distancia entre a prática e o saber, com rupturas
e descontinuidade, focada em categorias profissionais e não em equipes.

5.2.4 Considerações sobre ações VISAT inseridas no planejamento do SUS no município

Para identificar possíveis registros e impactos da descentralização proposta pelo PFVS


utilizou-se a análise de documentos de planejamento do SUS.

Nesse período de quatro anos, acontecimentos importantes para o planejamento em saúde


tiveram lugar no município. Duas Conferências Municipais de Saúde (2011) e (2015), uma
Conferência Macrorregional de Saúde do Trabalhador (2014); o Plano Plurianual de Saúde
(2014 – 2017); o Planejamento do CEREST para o ano de 2015. Estes documentos
permitiram uma visualização global do desenvolvimento e planejamento da saúde do
trabalhador. E os valores e paradigmas nos quais se fundamentam e se contextualizam as
ações de saúde programadas pelo município, verificando também se houve a descentralização
da VISAT conforme previsão do PFVS.

Como um dos documentos analisados é o Plano Plurianual de Saúde é necessário o


entendimento de sua importância. É um instrumento de planejamento de médio prazo
regulamentado pelo Decreto 2829 de outubro de 1998 que estabelece objetivos, metas e
diretrizes de saúde para quatro anos. Tem vigência do segundo ano do mandato majoritário
até o primeiro ano do mandato seguinte. Nele constam, detalhadamente, os atributos das
políticas públicas a serem executadas, tais como metas físicas e financeiras, público-alvo a ser
atingido com cada ação e resultados para a sociedade (BRASIL, 1998).

49
Quando no Plano Municipal de Saúde 2014-2017 de Uberlândia (Pag. 24) é referida a
integração entre Rede de Assistência e Atenção Básica e estabelece a meta de “promover a
prevenção e intervenção adequadas considerando os níveis de complexidade que cada ação
demandada e engloba de Promoção à Saúde, Vigilâncias Epidemiológica, Sanitária e
Ambiental”, depreendem-se observações importantes.

A primeira é que a ST não é citada entre as Vigilâncias. E esse é um gatilho fundamental. Ora,
se uma coisa não está no contexto de análise, como pode acontecer o planejamento da
mesma? Lembrando que 2014 foi o marco para a concretização e inserção das ações de ST na
AB, conforme o PFVS. Não foi observada a inserção da ST no discurso social e politico do
planejamento de saúde no município, nem se visualiza a descentralização das ações em ST,
declarado um dos objetivos do PFVS.

Por outro lado, ao analisar o documento de Planejamento de ST para o ano de 2015, feito em
parceria entre o CEREST e a SES/MG, depreendem-se algumas observações discutidas a
seguir. O Planejamento contempla três eixos: Vigilância em Saúde do Trabalhador; Atenção à
Saúde do Trabalhador e Educação Permanente. A expectativa de que as ações e propostas se
alinhem com os objetivos de descentralização do PFVS não se concretiza na análise. No
planejamento não mostra programação de ações desenvolvidas ou em parceria com AB.

O que se observa, no entanto, são ações sem o foco do objetivo do PFVS cujo objetivo se
traduz em ações de ST descentralizadas, desenvolvidas e coordenadas pela AB. As propostas
apresentadas no Planejamento do CEREST 2015 não mostrou relação com o diagnóstico do
perfil produtivo e nem propostas de ações em parceria com AB, como mostrado a seguir.

No Eixo de Ações de Vigilância as propostas são melhorar notificação do SINAN e


realização de vigilância em segmento de supermercado. No eixo de Atenção à Saúde do
Trabalhador propõem estabelecimento de nexo causal e reabilitação de trabalhador adoecido
com ações desempenhadas pelo CEREST. No eixo de Educação Permanente propõe
capacitar municípios da área de abrangência para o preenchimento de vistoria de ambiente de
trabalho e implementar ações de Saúde do Trabalhador nos municípios de abrangência do
CEREST.

As ações propostas implicam em ações desempenhadas pelo CEREST. Não foram


encontradas evidencias de descentralização de ações de ST para a AB, como também não

50
foram encontradas, como mostrado anteriormente, evidências de descentralização no Plano
Plurianual de Saúde de Uberlândia (2014-2017).

Como um dos pressupostos do SUS, a participação social é preponderante e foi estabelecida


pela Lei 8.142/90. Um dos instrumentos definidos para a participação social, além dos
Conselhos de Saúde, são as Conferências Municipais de Saúde (BRASIL, 1990).

Devido a sua importância, as Conferências Municipais de Saúde ocorridas no período


estudado foram analisadas e ofereceram algumas observações relevantes já representam e
subsidiam o documento de planejamento da saúde e logicamente também o planejamento da
VISAT no município de Uberlândia. As conclusões são apresentadas a seguir.

A 1ª Conferência Macrorregional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora do Triangulo


Mineiro, realizada em Uberlândia em 2014, cuja função é dar subsídio e elencar prioridades
para discussão na Conferência Estadual e Nacional de Saúde do Trabalhador de 2015,
contemplou quatro eixos. Para cada eixo foram apresentadas três propostas votadas pelos
participantes da Conferência, descritos e discutidas a seguir para uma melhor visualização das
mensagens e do significado das mesmas.

a) I Eixo: Desenvolvimento socioeconômico e seus reflexos na Saúde do Trabalhador: Propõe


criar cursos profissionalizantes no PRONATEC ante implantação de novos empreendimentos
na região, capacitar os alunos em Saúde e Segurança; implementar a legislação PNSTT e criar
comissões Inter setoriais para garantir inserção do trabalhador como atores sociais na
organização do trabalho; destinar recursos de medidas compensatórias para demandas da ST.

Analisando as propostas de criar cursos pertinentes aos empreendimentos locais com


conteúdo sobre saúde e segurança no trabalho, verifica-se que existe a ideia de que os
trabalhadores são os responsáveis pela própria saúde, por adoecimentos ou acidentes. Esta é a
concepção do erro humano e atos inseguros (VILELA; MENDES; GONÇALVES, 2007).
Tanto que a proposta é que os trabalhadores devem ser capacitados a respeito nos cursos
técnicos. Essa ideia corrobora com a construção social que não considera a organização do
trabalho ou ambientes de trabalho na equação do adoecimento do trabalhador. Não está
considerado também o trabalho de vigilância em ST nem ações com a AB, que é o objetivo da
implantação do PFVS.

51
b) II Eixo: Sobre a participação dos Trabalhadores nas ações de saúde: Propõe criar comissão
permanente com participação dos conselhos municipais e realizar plenárias para debates sobre
impactos de novos empreendimentos, solicitar medidas compensatórias a serem utilizadas
para a Saúde dos Trabalhadores; criação de uma ouvidoria da ST; fortalecer o processo de
comunicação, divulgação, utilizando as informações dos Acidentes de Trabalho e agravos
juntamente com o Conselho, Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador (CIST) e
CEREST.

Sobre as propostas em criar fóruns de discussão e ouvidoria para trabalhadores não apresenta
participação dos trabalhadores nos moldes planejados pelo PFVS, que seria a participação de
trabalhadores a partir da porta de entrada no SUS. Ou seja, ser ouvido em suas demandas, ser
orientado em suas necessidades, participar do processo de construção de ambientes saudáveis
para o desenvolvimento de suas funções e participar do planejamento em saúde de seu
território. Simplificando: descentralizar ações de ST. Que não aparecem nas propostas.

c) III Eixo: Efetivação da PNSTT: implantar comissão de vigilância para serviços e


trabalhadores da saúde; incluir no Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) um
campo a ser preenchido nas visitas domiciliares, sobre consultas e internações em ST; criação
do Núcleo microrregional de ST com equipe mínima de médico, enfermeiro psicólogo,
fisioterapeuta e assistente social.

As ações propostas consideram os trabalhadores da saúde ao propor vigilância em saúde para


trabalhadores da saúde. Não amplia o olhar para todos os trabalhadores de cada território da
AB. O olhar para o trabalhador do território, fica restrito a informações sobre atendimento da
equipe. Não há duvidas que esta proposta possua importante mérito ao colocar o trabalhador
da saúde em evidencia na ST. A proposta de um campo no SIAB pode representar uma forma
de dar visibilidade ao trabalhador. Mas o olhar ainda é direcionado para consulta e internação,
não possibilitando atendimento integral, nem mostra a descentralização da VISAT.

d) IV Eixo: Financiamento da PNSTT, propostas de: transformar a portaria PNSTT em Lei;


criar CEREST para cada Região de Saúde de MG; capacitar gestores e técnicos na utilização
dos recursos financeiros de ST.

Nas propostas encaminhadas para a Conferência Estadual de ST, observa-se uma confusão de
papeis entre CEREST, Conselho e AB quando as propostas dos representantes da sociedade
organizada, que participaram da Conferência, coloca o Conselho como executor de ações. Ou
52
quando visualiza o CEREST como responsável pela ST e, portanto sugere mais CEREST. Ou
quando não consideram ações de ST incorporadas à rotina da AB. Ou não considera a AB
como ordenadora de ações e porta de entrada do SUS.

Não foram encontradas no relatório da Conferência em Saúde do Trabalhador da


Macrorregião, propostas que demonstrem a descentralização da Vigilância em Saúde do
Trabalhador, nem a atenção integral do Trabalhador a partir da porta de entrada do SUS. Não
se observa, portanto, a descentralização da VISAT como resultado do PFVS.

Quanto à análise das duas Conferências Municipais de Saúde acontecidas no período


estudado, os resultados são apresentados e discutidos a seguir.

Cabe ressaltar que na análise das Conferências Municipais, neste estudo, foi dada ênfase
apenas às questões referentes à VISAT e ao PFVS. Desse modo foi possível estabelecer as
relações entre os documentos buscando responder as questões do estudo e lembradas a seguir:

 Como aconteceu a implantação do PFVS em Uberlândia?


 Que evidencias temos, ainda que indiretas, da incorporação das ações de ST na
política de planejamento do município, a partir da implantação do PFVS.
 Como essas repercussões aparecem nos fóruns de controle social, especialmente nas
Conferências Municipais de Saúde?

Foram identificadas no texto expressões e palavras chaves referentes ao tema da pesquisa: Atenção
Básica e Atenção Primária em Saúde; perfil epidemiológico; Vigilância em Saúde; Controle Social;
Rede SUS; Perfil Produtivo; Saúde do Trabalhador; profissionais de Saúde; CEREST; Promoção e
Educação em Saúde; notificação de agravos; Atenção a Saúde.

Cada uma dessas expressões foi marcada nos documentos. Em seguida foram classificadas
conforme atribuição na organização do SUS de acordo com o conteúdo e significado social que
representa no contexto: Gestão quando tem relação com organização do serviço de Saúde;
Atendimento quando o conteúdo se relaciona a prestação de serviço a comunidade em visão
curativa; Educação em Saúde, quando relacionada a educação continuada ou ações preventivas;
saúde do trabalhador, quando a ação está relacionada com ação, VISAT ou planejamento do
assunto. Esta relação e os resultados estão mostrados no quadro 4.

53
O quadro 4, apresentado a seguir mostra a frequência ou número de propostas nos temas da
VISAT e VS na Atenção Básica que aparecem nos Relatórios das Conferências Municipais de
Saúde de Uberlândia, nos anos de 2011 e 2015.

Quadro 4 - Análise Comparativa das Conferências Municipais de Saúde de Uberlândia,


2011 e 2015, considerando palavras chave e quantas vezes aparecem relacionadas à
áreas de planejamento do SUS.
CMS 2011 CMS 2015
Palavras chaves
Gestão Atendimento Educação ST Gestão Atendimento Educação ST
em saúde em saúde
Atenção Básica 13 6 3 2 25 0 5 0
Perfil 4 0 7 1 1 0 1 0
epidemiológico
0ontrole social 15 0 6 0 17 0 8 0
Vigilâncias 7 0 5 0 6 0 2 0
Rede SUS 4 0 4 0 3 0 0 0
Perfil produtivo 0 0 4 1 0 0 0 0
Profissionais de 22 2 10 4 24 3 7 1
Saúde
CEREST 3 1 1 1 0 1 0 0
Promoção e 6 2 8 0 27 6 20 1
educação em
saúde
Notificação de 9 3 4 2 7 4 3 5
agravos
Atenção a Saúde 0 0 0 0 4 3 1 0
Total 83 14 48 11 114 17 47 7
Fonte: Construção da pesquisadora com base na análise de documento das Conferências Municipais de
Saúde 2011 e 2015

As categorias de interesse para os objetivos da pesquisa são os termos Saúde do Trabalhador,


Vigilância em Saúde do Trabalhador, perfil produtivo e atenção básica. Também se observou
a forma como se entrelaçam e o contexto no qual se estabelecem as ligações com descritores
relacionados a AB.

Na CMS 2011 o termo Saúde do Trabalhador aparece 11 vezes e está relacionado


respectivamente aos termos profissionais de saúde, notificação de agravos, atenção básica,
perfil epidemiológico e CEREST. Estas interseções permitem uma visualização positiva e

54
sinalizadora da visualização da saúde do trabalhador com as ações do SUS. Na maior parte
das vezes está relacionado à Gestão de Serviço. Em segundo lugar observa-se a Educação e
Promoção em Saúde, seguidas de Atendimento em Saúde e Saúde do Trabalhador.

Percebe-se na CMS de 2011, que acontece antes da implantação do PFVS, que a expressão
Saúde do Trabalhador aparece ligada a: perfil produtivo, perfil profissional, profissionais da
saúde, AB, CEREST e notificações de agravos. São expressões que na mesma frase
demandam consonância com os indicativos propostos na PNSTT. Representam conceitos
chave e a lógica interna do texto condiz com contextualização do planejamento municipal
entre Vigilância em Saúde e AB praticado no município no momento da chamada da
Conferência (SÁ_SILVA, J.R.; ALMEIDA, C. D; GUINDANI, J. F. 2009). Abaixo frases do
Relatório da 6ª Conferência Municipal de Saúde de junho/julho de 2011 que corroboram na
avaliação.

“Garantir interlocução da Saúde do Trabalhador e saúde mental no atendimento e vigilância


dos transtornos mentais relacionados ao trabalho”

“Implementar a Vigilância em Saúde a partir de ações padronizadas na atenção primária.”

“Realizar levantamento epidemiológico a fim de mapear causas das doenças a saúde dos
usuários, inclusive da saúde do trabalhador da saúde”.

“Efetivar a notificação compulsória de acidentes relacionados ao trabalho”

“disponibilizar atendimento para consultas e informações sobre as doenças relacionadas ao


trabalho nas Unidades de saúde da Rede SUS e CEREST, inclusive na internet”.

“Incluir os dados de morbimortalidade e agravos em Saúde do Trabalhador na análise


estatística da saúde da população”.

Na análise da CMS 2015 o termo Saúde do Trabalhador aparece 7 vezes e sua relação se
estabelece com notificação de agravos, profissionais de Saúde, promoção e educação em
saúde.

Após a implantação do PFVS se observa o termo Saúde do Trabalhador ligada a:


trabalhador da saúde, promoção em educação e saúde e notificações. Não demonstram, como
esperado, maior inserção de ações de ST na AB. Lembrando que as ações efetivadas no
município, conforme o PFVS foi a coleta de dados para consolidação do perfil ocupacional e
55
produtivo de cada território e equipe da ESF; a indicação do PFVS é que a VISAT seja
desempenhada pela equipe do CEREST em casos de acidentes graves e investigação de
acidentes com produtos perigosos. Estas expressões, indicativas da descentralização da
VISAT seriam esperadas no planejamento de saúde onde são agregados representantes de
todas as esferas da sociedade.

No entanto nota-se que as referências a Saúde do Trabalhador não são consistentes com
promoção de ações conforme ordenação da atenção básica, como mostram frases do Relatório
da 7ª Conferência Municipal de Saúde de junho de 2015.

“assegurar a segurança do trabalhador da saúde em seu ambiente de trabalho”

“assegurar roupas adequadas para os usuários e profissionais de saúde durante realização de


exames”

“fortalecer a assistência ao trabalhador doméstico, considerando o acidente doméstico um


acidente de trabalho e permitindo o preenchimento /abertura do Comunicado de Acidente de
Trabalho CAT”.

“Fomentar a comunicação entre os setores da vigilância em saúde principalmente entre


zoonoses e Unidade de Saúde”

Nota-se que apesar do trabalho extenso desenvolvido pelos ACS na coleta de dados sobre os
trabalhadores de suas áreas de abrangência, não foi possível verificar a inclusão das
informações ou sua utilização no planejamento da organização da saúde através da
participação social, ou seja, na Conferência de Saúde de 2015.

Lembrando que 2011 foi o ano onde a vigilância em saúde municipal fez os contatos com
cada Unidade de Saúde fazendo visitas a todas as Unidades de saúde para uma aproximação
entre atendimento e vigilância, percebe-se que o resultado pode ser considerado mais positivo
que a coleta de dados proposta pelo PFVS.

Conforme objetivo do estudo nossa análise se baseia na Vigilância em Saúde do Trabalhador


e em como esta expressão aparece poucas vezes, mas principalmente em como está ausente na
Conferência Municipal de Saúde de 2015.

56
5.3 Devolutivas de dados: do CEREST para as UBSF e da SES/MG para o município
Foi observado que a devolutiva aos participantes do processo de implantação do PFVS, feita
pelo CEREST para as equipes de PSF, através da apresentação de gráficos e tabelas
consolidadas sobre os levantamentos feitos em cada território, foi um cuidado não apenas para
cumprir com um compromisso ético de devolver aos participantes a parcela dos resultados do
trabalho de coleta de dados efetuada pelos ACS, mas também uma tentativa, ainda que tímida,
de envolvê-los no processo de compreensão e apropriação do tema da VISAT.

Quanto à devolutiva de dados da SES para o município, não foram encontrados documentos
padronizando essa devolutiva seja através de relatórios, apresentações ou discussão com
equipe do CEREST.

57
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao empreender esse estudo, foi surpreendente a abrangência dos assuntos que foram sendo
incorporados às informações coletadas nos documentos. Não havia ficado claro
anteriormente, a importância do olhar para a organização de saúde no município como fator
importante na implantação de novas Políticas Públicas. O realce especial sobre a
responsabilização dos trabalhadores da AB quanto a incorporar novas tecnologias em sua
rotina de trabalho. A fundamental organização da educação continuada como forma de
capacitação das equipes de forma participativa, ou ainda, a incorporação social dos termos e
tecnologias, sem a devida compreensão, precipitando atuações profissionais confusas e sem
significados para o trabalhador e para sua equipe.

Com relação à forma como se deu a implantação do PFVS/VISAT em Uberlândia, algumas


dificuldades foram salientadas e as consequências evidenciadas. Entre estas está a
implantação do PFVS que ao não considerar a organização das Vigilâncias em Saúde no
município levou a dissociação das Vigilâncias em Saúde local, em movimento contrário ao
pretendido. As capacitações de forma verticalizada que dificultaram a incorporação das ações
e a inserção das ações na rotina de trabalho da AB. A não disponibilização do material
didático e o contratempo que isso acarretou entre a capacitação e o início das atividades, que
não favoreceu a incorporação dos novos saberes. A não disponibilidade física do material
didático para as equipes, distanciando a aprendizagem da prática.

Na análise de documentos, observa-se que houve grande mobilização para a implantação do


PFVS no município, mas não foi proposto e nem implementado um programa para a
continuidade de modo a garantir que os dados conseguidos a custa de tanto esforço pelos ACS
e organizados pela equipe do CEREST pudessem ser aproveitados em planejamentos e
orientação para ações da VISAT na busca do atendimento integral do trabalhador.

Na analise de documentos que configuram a participação social, fica claro a necessidade de


entendimento dos conceitos, tanto na quantidade de solicitação de capacitação para
conselheiros, quanto na forma como são colocadas as propostas das Conferências de Saúde.
Esta observação se refere tanto as Conferências Municipais quanto na Conferência de Saúde
do Trabalhador.

58
Não foi visualizada a descentralização da VISAT ou de ações integrando a ST no
planejamento do SUS. Seja na visão dos trabalhadores do SUS, que incluem os trabalhadores
da AB, ou dos representantes da sociedade civil organizada uberlandense.

Em resumo, não foram encontrados indicativos de que PFVS/VISAT tenha sido incorporada à
AB de Uberlândia. Mais ainda fica a dúvida e a importância de explicita-la é para que os
gestores ao propor ações de saúde considerem as realidades locais: se o município houvesse
trilhado o caminho de gradativamente fazer a interação com a AB, como vinha acontecendo,
onde teríamos chegado?

59
7 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES

Os resultados desse estudo permitem fazer algumas recomendações e sugestões para políticas
e ações nos serviços de saúde municipais. Os pontos de maior destaque são abordados a
seguir:

 Conhecer mais sobre as realidades locais de modo a construir e implementar políticas


utilizando as capacidades e envolvendo a participação dos grupos locais fazendo o
reconhecimento de seus saberes individuais e capacidade como equipe para planejar
ações.
 Evitar as capacitações verticalizadas que distanciam a teoria da prática e dificultam a
incorporação de novos saberes nas rotinas de trabalho. A recomendação é de educação
continuada envolvendo toda a equipe de trabalho, utilizar a pedagogia
problematizadora.
 Dar continuidade ao PFVS, aproveitando a grande quantidade de dados gerados para
organizar em conjunto com as equipes o planejamento e protocolos para ações em
VISAT;
 Buscar parceria com os trabalhadores seja no planejamento central como na ponta,
onde a equipe, inserida em um território é a responsável integralmente pelas ações de
ST.
 Dar continuidade às ações e não parar no cumprimento de metas como se mostrou no
estudo em questão na implantação do PFVS.
 Ampliar ações de ST em parceria com Saúde ambiental e por meio de intervenções de
aprendizagem colaborativa entre diferentes projetos
 Utilizar de Matriciamento ou equipes de referência para suporte das equipes da AB,
estimulando as trocas de conhecimentos, técnicas e manejos de casos com retaguarda
especializada de modo a garantir o atendimento integral ao trabalhador.

A Saúde do Trabalhador precisa fazer parte da porta de entrada do SUS, quando o


acolhimento é feito pela equipe, a exemplo de RAMAZZINE (1700) perguntar sobre a
ocupação do individuo no território e, a partir dai implementar as novas tecnologias ou
implantação de ações para toda a equipe.

Que as informações produzidas, primeiro sejam reconhecidas e incorporadas pelos


trabalhadores em seu cotidiano; segundo que sejam validadas pelos trabalhadores, para
60
produzir mudanças na atuação rotineira de suas ações com planejamentos embasados em
dados concretos do território.

Como ST tem características e peculiaridades próprias, como conhecer a epidemiologia, os


porquês adoecem e morrem os trabalhadores, isso exige conhecer o trabalho, o trabalhador e
os processos de trabalho no território, fazendo relações entre os dados e o planejamento das
ações para o território, com a participação dos trabalhadores.

Para alcançar a capacidade de trabalhar com a integralidade em ações inter e intrasetoriais,


necessariamente a equipe deve estar apta para lidar com o adoecimento do trabalhador e com
o mundo do trabalho através das Redes de Atenção, e com Vigilâncias em ST como parte da
atenção integral utilizando e pactuando com instituições afins para desenvolver trabalhos.

Lembrar que a atuação da equipe implica também em atender todos os programas e


prioridades solicitados pelos programas do MS.

O trabalhador da saúde em sua atuação necessita ter reconhecido seu saber, suas ações, sua
capacidade e ‘criatividade’ ao resolver os problemas.

É importante considerar que adultos aprendem melhor quando participam de exercícios de


resolução de problemas, que levam a pensamento crítico relacionando a aprendizagem e à
realidade de seu trabalho.

Lembrando ainda que a OIT recomenda a educação continuada, desde 1981, quando foi
sugerida como forma de alcançar a saúde no mundo (HECKER, 2001).

Em toda ação de capacitação, o principio básico deve ser a avaliação de necessidades e


identificação de problema, análise do problema, determinação de soluções prioridades e
objetivos, mas de forma horizontalizada. Não imposta de cima para baixo.

Entre as estratégias sugeridas pelo MS para inserção da ST no SUS de forma intersetorial,


está também a análise conjunta entre técnicos, trabalhadores e sindicatos. Análise do processo
produtivo. Mapeamento de riscos. Conhecer morbidade e mortalidade. Definição de eventos
sentinela. Reconhecimento das atividades e processos produtivos na área. Promover cursos de
formação básica e de multiplicadores em ST. Para viabilizar a participação do trabalhador
nos planejamentos de saúde, primeiro fazer o reconhecimento e a importância desse
trabalhador. Construir fluxogramas de processos de educação continuada e que as
61
capacitações utilizem dinâmicas de grupo e situações simuladas em estratégia
problematizadora para resolução da equipe

Utilizar de pesquisas de especialistas como explicita Dias; Lacerda E Silva (2013) que
elencam de modo esquemático em seis eixos com uma gradação que compreende e sintetiza a
prática para ações de ST na AB.:

a) diagnóstico situacional, que inclui o levantamento e/ou


identificação das atividades produtivas desenvolvidas no
território; b) caracterização do perfil demográfico dos
usuários trabalhadores que residem no território e o perfil
epidemiológico traduzido nos agravos e nas formas de
adoecimento prevalentes; c) o planejamento das ações,
com a priorização de intervenções sobre problemas de
saúde de maior frequência, risco e vulnerabilidade; d)
definição dos procedimentos de assistência ao trabalhador
vítima de acidente ou doenças relacionada ao trabalho,
organizados em linhas de cuidado; e) ações educativas e
de promoção da saúde, com orientação sobre fatores de
risco para a saúde e medidas de proteção e direitos
previdenciários e f) ações caracterizadas como de VISAT.

Desse modo, poderíamos evitar assim o que Machado (2003) chamou de descontinuidade e
fragmentação das políticas públicas nas ações em ST na AB.

62
REFERÊNCIAS

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educação popular. 2006. Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação da
Faculdade de Educação da Pontifica Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2006.

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BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Editora 70, 2007.

BELISÁRIO, S. A.; de AGUIAR, R. A. T. A formação das equipes de saúde da família para a


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RENAST no Sistema Único de Saúde - SUS e dá outras providências. Brasília, DF, 2005.

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Operacionais dos Pactos Pela Vida e de Gestão. Brasília, DF: 2006.

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implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Diário Oficial
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BRASIL. GM. Portaria nº 3.252/GM, de 22 de dezembro de 2009. Aprova as diretrizes para


execução e financiamento das ações de vigilância em saúde pela União, estados, Distrito
Federal e municípios e dá outras providências. Brasília, 2009.

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Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho/PNSST. Brasília, DF, 2011.

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19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS,

64
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Graduação em Ciências Sociais. Uberlândia, 2013.

70
APÊNDICE 1

Foi criada uma planilha para documentos Federais, uma para documentos Estaduais e uma
para documentos Municipais.

Quadro exemplo: Formato de Organização dos Documentos analisados no estudo

Documento Ano Fonte Natureza Resumo Pontos de


Interesse e
observações

71
APÊNDICE 2

Quadro de documentos municipais relacionados à implantação do Projeto de Vigilância


em Saúde o município de Uberlândia, MG (2009-2015).

Ano Fonte Natureza Resumo Pontos ou categoria de interesse Observação pessoal


Trabalhos
Reunião
DATA: 15/12/2009 desenvolvidos pela
Vigilância em
2009 E-mail Correspondência LOCAL: CCZ Vigilancia em
Saúde de
HORÁRIO: 08h30min Saúde do município
Uberlândia.
de Uberlândia.
Cada Vigilância preparar material para
avaliar o conhecimento dos agentes de Próxima reunião
Relatório de saúde (equipe) sobre Vigilância em será dia 04 de
2009 E-mail Correspondência
reunião Saúde. ST conversará com Gestão de fevereiro de 2010
Pessoas e nos repassará material já às 8h no CCZ
elaborado como exemplo.
Início da
programação com
Que cada Programa de Vigilância em
Programação AB. Definições de
Saúde aqui representado, fará um
para todas as
apanhado de como trabalhar com APS e
2009 E-mail Correspondência planejamento Vigilâncias. E
com Agentes Comunitários como
ações com planilha para
parceiros nas ações de Vigilância em
ACS análise de
Saúde;
Vigilância em
Saúde;
Anexo material para discutirmos na Planejamento para
2010 E-mail Correspondência Documentos
reunião do dia 30 com Gestão de Pessoas capacitação da AB
Implantação do
O “Conjunto de itens de verificação” que Plano Diretor de
serão elaborados por cada setor APS – pag. 29-34 e
(Zoonoses, Epidemiológica, Saúde do 26. Por ocasião do
2010 E-mail Correspondência Documentos
Trabalhador, Sanitária e Ambiental) I Encontro de
servirá como roteiro para as visitas Vigilância e APS,
técnicas nas Unidades de Saúde. ao final das
atividades, para os

72
participantes
localizarem em que
estágio as suas
unidades.
Conforme agenda
da AB
representantes da
VS vão até as
Unidades de Saúde
para encontro com
Como preparação para o I Ciclo equipe.
Municipal de Vigilância e Atenção Recebidos pelo
Primária em Saúde, que terá seu início enfermeiro e, se
2010 E-mail Correspondência Documentos em outubro de 2010, faz-se um possível, o médico
reconhecimento da realidade vivida nas e demais
Unidades de Saúde que compõem o setor profissionais para
sanitário oeste, bem como suas rotinas e conversar sobre
fluxos de trabalho. rotinas e fluxos de
trabalho que
envolva a
Vigilância e a
Atenção Primária
em Saúde.
Muitas vezes a
agenda foi
Mudança de data para vista a UBS
2010 E-mail Correspondência Documentos modificada em
Tocantins
função da rotina
diária da Unidade.
Correspondência
Encaminhamento do “Conjunto de Itens entre Vigilâncias
de Verificação das Vigilâncias”. Utilizar em Saúde e DGP,
2010 E-mail Correspondência Documentos
como Roteiro para as Visitas Técnicas as para iniciar visitas
Unidades de Saúde. às Unidades de
Saúde.
Reunião Adiamento do I Ciclo Para o mês de
2010 E-mail Correspondência Documentos
Municipal de Vigilância e Atenção Novembro/2010,

73
Primária em Saúde do Setor Oeste. considerando
atrasos no Setor de
aprovação da arte
das peças de
divulgação –
Secretaria
Municipal de
Comunicação.
I Ciclo Municipal
Data e local da Reunião: 13 de outubro –
2010 E-mail Correspondência Documentos de Vigilância em
8hs CCZ,
Saúde
Visitas técnicas da
Reconhecimento da realidade vivida nas
VS em todas as
Unidades de Saúde que compõem os
2010 E-mail Correspondência Documentos Unidades de Saúde
setores sanitários central-norte bem
do Distrito Central-
como suas rotinas e fluxos de trabalho.
Norte.
Adiamento para
março 2011 -
considerando
atrasos no Setor de
licitação das peças
Comunicamos o adiamento do início do de divulgação - este
I Ciclo Municipal de Vigilância e Ciclo tem como
2010 E-mail Correspondência Documentos
Atenção Primária em Saúde do Setor finalidade
Oeste, para o mês de Março/2011. promover a
identificação e
integração das
ações de Vigilância
e Atenção Primária
em Saúde
Sec. Programação Propostas em
Na programação de ST, propõe VISAT
2010 Mun. Planejamento quadriênio programação do
com AB.
Saúde 2010-2013 SUS
Estão confirmadas visitas técnicas Visitas técnicas da
2010 E-mail Correspondência Documentos amanhã nas Unidades: UAI Martins e VS no Distrito
UBS Brasil Central-Norte

74
Objetivo de reduzir os acidentes e OBS:
doenças relacionadas ao trabalho, através considerando que
de ações de promoção, reabilitação e este planejamento
vigilância na área de ST, foi antes do PFVS,
Planejamento
2010 SMS Documento compreendendo a Atenção Integral a está mais
quadriênio
Saúde, a articulação intra e intersetorial, estruturado e
a participação popular, o apoio a estudos alinhado com o
e a capacitação de Recursos Humanos da mesmo antes de
AB e controle social. ser proposto.
3% aumento até
Pacto pela Aumentar número de notificações de 2013 totalizando
2010 SMS Plano Quadriênio
Saúde agravos a ST 45% considerando
2010.
Retomada de
Retornar as reuniões para definição das reuniões param VS.
2011 E-mail Correspondência Documentos visitas nas Unidades de Saúde e as Para inicio trabalho
oficinas da Vigilância em Saúde. com "I Ciclo" no
início de 2011.
Solicitamos do Quadro das ações anuais
Planejamento ST,
2011 E-mail Correspondência Documentos (planejamento do CEREST para 2011)
considerando VS.
impresso.
Previsto para o dia
22 de Agosto/2011
REUNIÃO PARA ALINHAMENTO - I o inicio do I Ciclo
2011 E-mail Correspondência Documentos Ciclo Municipal de Vigilância e Atenção Municipal de
Primária em Saúde. Vigilância e
Atenção Primária
em Saúde.
Providências para
Relatório de reunião (11 de julho) - criação do material
planilha com os itens de verificação da gráfico para o I
2011 E-mail Correspondência Documentos vigilância em saúde para serem Ciclo Municipal de
revisados e reencaminhados até dia Vigilância e
18/07 Atenção Primária
em Saúde.
2011 E-mail Correspondência Documentos Segue o folder do I Ciclo Municipal de Folder da

75
Vigilância e Atenção Primária em Saúde capacitação AB.
para revisão final.
Apresentação do
Em preparação ao I Ciclo Municipal de
material gráfico e
Vigilância e Atenção Primária em Saúde
educativo a ser
2011 E-mail Correspondência Documentos - reunião para discutir a metodologia de
utilizado pelos
apresentação das VS nos diversos
programas VS nas
momentos da capacitação.
oficinas.
Propõe como
objetivos:
1. Promover a
identificação e
integração das
ações de Vigilância
e da Rede de
Atenção à Saúde;
2. Definir fluxos de
vigilância em saúde
na Rede SUS
municipal;
Convite da SMS para AB. para participar
3. Definir papéis e
do I Ciclo Municipal de Vigilância e
responsabilidades
2011 E-mail Correspondência Documentos Atenção Primária em Saúde do
de todos os
município de Uberlândia. Agosto a
membros das
novembro de 2011.
equipes de saúde na
interação entre
ações da vigilância
e a Rede SUS;
4. Definir fluxos
das redes de
atenção à saúde
incluindo práticas
de vigilância em
saúde.
5. Garantir a
prestação dos

76
serviços de
vigilância em saúde
na Rede de Atenção
à Saúde, mediante a
integração de ações
programáticas e de
demanda
espontânea.
6. Estimular as
ações intersetoriais,
buscando parcerias
que propiciem o
desenvolvimento
integral das ações
de promoção à
saúde.
7. Estabelecer
mecanismos que
garantam que a
promoção da saúde
seja uma parte
fundamental da
busca da equidade,
da melhoria da
qualidade de vida e
de saúde.
Início em setembro para próximas (V,
Informe de
VI, VII e VIII). O objetivo é atingir
conclusão das
2011 E-mail Correspondência Documentos 100% dos profissionais lotados nas
turmas I, II, III,
Unidades de Saúde dos Setores Central,
IV;·.
Norte e Oeste.
Consolidado d as avaliações dos Devolutiva para
participantes das 04 primeiras turmas do VS. Em 09 de
2011 E-mail Correspondência Documentos
I Ciclo Municipal de Vigilância e Setembro/2011(sex
Atenção Primaria em Saúde. ta-feira) ··.
2011 E-mail Correspondência Documentos Diretoria de Saúde do Trabalhador Propõe definir as

77
realizará nos dias 28, 29 e 30 de atribuições dos
novembro. CEREST’s
regionais; Elaborar
planejamento de
2012;
Saúde do
Trabalhador;

Encaminhamento da SES MG para LER/DORT;

CEREST sobre apresentação da Acidente


2011 E-mail Correspondência Documentos capacitação - para conhecimento e Biológico;

sugestões. Intoxicação
endógena; Acidente
Grave; dados perfil
epidemiológicos;
Programação da
Reunião com Ref. Técnica– Regional – capacitação com
sobre capacitação com Municípios da municípios.
2011 E-mail Correspondência Documentos
área de Abrangência do CEREST – Material em PTT.
Uberlândia. Encaminhado pela
SES.
O Planejamento regional deve
contemplar as ações que necessitam de Correspondência
suporte técnico da RT-ST, da instância encaminhada pela
regional e que as macro ações devem Coordenação de
2011 E-mail Correspondência Documentos
auxiliar a definição das prioridades de ST. Não cita nem
ação das RT-ST da instância regional, aplica FVST.
diante das demandas trazidas pelas RT- Centraliza ações.
ST municipais.
A AB (Central
Norte e Oeste) foi
Módulo de reposição para trabalhadores
capacitada em
2011 E-mail Correspondência Documentos que não participaram de todos os
todos os módulos
módulos. Adequação.
de Vigilância em
Saúde;
Uberlând Código Art. 55 a 69 - Sobre Saúde do Institui ações da
2011 Lei
ia Municipal de Trabalhador Vigilância em

78
Saúde Saúde do
Trabalhador.
Priorizando o
trabalho
cooperativo e
integrado.
Cronograma com
Capacitação
Oficina, apresentação perfil produtivo e três datas.
dos
Correspondência epidemiológico de cada município, Dinâmicas que não
2011 CEREST municípios
SES notificações compulsórias e vigilância propões trabalho
área de
em ST. Intersetorial nem
abrangência
VISAT;
Levanta propostas
referentes Às
melhorias
necessárias para a
atenção a saúde, no
Sec. 6ª Conferência
Setor Sanitário,
2011 Mun. Relatório Municipal de Todos usam o SUS!
para os próximos
Saúde Saúde
quatro anos;
elaborar propostas
relacionadas; aos
eixos da
Conferência.
Houve mudança de
Docume Informa que a Referência Técnica da ST
RT de Saúde do
2011 nto Oficio Informação na Superintendência Regional está sob
Trabalhador por 03
CEREST coordenação da Epidemiologia na SRS.
vezes/ ano.
Novas turmas de
2012 E-mail Correspondência Documentos Distribuição de turmas da oficina de VS capacitação AB e
VS
Encaminha
Solicita preenchimento do diagnóstico
documentos como a
Correspondência para enviar para DATASUS. Encaminha
2012 E-mail Documentos Planilha para
SES Resolução do PFVS, Dando ciência ao
diagnóstico do
Secretário de Saúde de Uberlândia.
município e pela

79
primeira vez
aparece
oficialmente o
PFVS;
Inicio ao processo da 2ª etapa do I Ciclo
Novas turmas de
Correspondência Municipal de Vigilância e Atenção
2012 E-mail Documentos AB capacitadas em
SMS Primária - programação e convites dia
VS.
14/03/2012.
Ata de reunião da apresentação do
PFVS. Houve um posicionamento de As ponderações são
cada programa a respeito. Cada basicamente ligadas
programa fez considerações como a não à estruturação de
2012 E-mail Correspondência Documentos capacidade técnica, falta de rede de serviços e ao não
internet não condizente, laboratórios não respeito pela
conveniados, falta de proximidade com estruturação da VS
AB, dificuldades de inserção de ações na municipal;
AB.
A reunião com a GRS para discussão do
O movimento das
Projeto de Fortalecimento da Vigilância
Vigilâncias levou a
em Saúde ficou agendada conforme
2012 E-mail Correspondência Documentos várias reuniões com
abaixo:
SRS, para tentativa
Data: 16/03/2012, sexta-feira – 9hs -
de esclarecimento.
Auditório do Anexo 2.
Turmas da 2ª etapa
Dando cumprimento a política municipal com finalização em
de Vigilância em Saúde, você é nosso 03/05/2012 – dando
2012 E-mail Correspondência Documentos convidado (a) para participar do I Ciclo continuidade ao
Municipal de Vigilância e Atenção Processo de
Primária – 2ª etapa. aproximação com
AB.
Participação do CEREST em
Planejamento de
Capacitação da SES/MG sobre as ações
oficina na SRS -
Correspondência elencadas para atuação da ST:
2012 E-mail Documentos para municípios
SES Diagnostico do perfil Produtivo nas
área de abrangência
UBSF; Investigação de AT grave;
CEREST.
Investigação de acidentes com prod.

80
Perigosos;
Apresentação do
Perfil produtivo;
conceitos básicos
Correspondência Anexo o material a ser utilizado na
2012 E-mail Documentos de ST;
SES Capacitação dos ACS
08 turmas de ACS
capacitadas
inicialmente.
Para o dia 26/10/12 às 08h30min, a fim
Correspondência
2012 E-mail Documentos de realizarmos o monitoramento do 1ª avaliação PFVS
SES
Projeto de Fortalecimento.
Em leitura da ATA:
cada coordenação
falou sobre as ações
Convite a
Para execução e avaliação das ações propostas no
2012 SRS Oficio todos os
propostas para elenco 1 resolução 3152 Instrutivo. E muitas
municípios
questões e dúvidas
não foram
respondidas.
SES parabeniza a
equipe das
Vigilâncias em
Questiona o papel da SES em chegar a
Diretoria de questionar os itens
2012 SMS E-mail pontuar a implantação de um projeto
saúde SM; e formas de
com impossibilidade de cobranças.
avaliação aos quais
a SES não deu
respostas;
Microrregião
Uberlândia/Araguar
Reunião para orientação quanto à
Superintendên i 25/6/12;
execução e avaliação das ações
2012 SMS Oficio- SES cia regional de Microrregião de
propostas no elenco I da resolução
saúde/ MG; Patrocínio/Monte
3.152/12;
Carmelo
26/06/2012;
Questionamen CMS questiona a SRS, sobre vários SRS responde que
2012 E-mail Documento
to do pontos não esclarecidos em vídeo pode haver

81
Conselho conferencia com a SES/MG, da qual fez mudanças no
Municipal de parte a Vigilancia do município. SRS projeto por ser
Saúde de Acrescenta que é uma adesão favorável novo. Inseguranças
Uberlândia ao município. nas respostas a
questionamentos do
município quanto à
implantação do
PFVS;
Avaliação e Mostra realização
prestação de Eixos de: gestão e processos de trabalho; de ações
contas das ações educativas; ações de assistência; direcionadas aos
2012 CEREST Documento ações ações de Divulgação em ST; Ações de eixos solicitados,
realizadas Vigilância em Saúde/ Vigilância em ST; em ações concretas,
pelo CEREST Ações e Projetos Especiais. conforme
em 2011 RENAST;
Sobre coleta
Inicio em 17 setembro a 19 setembro. 04 horas por turma.
do perfil
Planilha de Constou de: Apresentação individual; Manhã e tarde -
produtivo para
2012 E-mail capacitação dos apresentação do CEREST; perfil média de 25 ACS
ACS;
ACS produtivo - ficha de coleta de dados e por turma – uma
Indicadas pela
conceitos; semana;
SES.
8 turmas. Capacitação para
2012 SMS Documento Média de 25 Listas de presença das ACS coleta de dados
ACS/Turma perfil ocupacional
Este Trabalho teve
Folder para I
I Ciclo, participação dos profissionais da menção honrosa na
Ciclo
Atenção Básica em capacitação de EXPOEPI.
Municipal de
Vigilâncias em Saúde. II Ciclo em Este trabalho não
2012 SMS E-mail Vigilância e
2012, quando participaram foi considerado
Atenção
Trabalhadores que não puderam pela SES, na
Primária em
comparecer no I Ciclo. implantação do
Saúde.
PFVS da SES.
Apresentação da
Realizar capacitação em VS para todos
Mistério estrutura da VS, as
2012 Publicação EXpoEpi os profissionais do SUS, para integração
da Saúde coordenações,
da VS com AB.
atribuições e a

82
necessidade de
integração para
êxito das ações.
Módulos semanais
a cada turma
durante 03
semanas. 356
trabalhadores
divididos em 14
turmas foram
capacitados no
primeiro ciclo. A
necessidade de
fortalecimento da
VS junto a AB,
uma concepção
cada vez mais
abordada nas
esferas de governo
como eixo
reestruturante do
SUS.
Vigilanci
Plano
a em
Municipal de Foi votado pelo
2012 Saúde Documento Feito por solicitação da SRS
Vigilancia em CMS
Municipa
Saúde
l
Cita
"Consideramos que
Vigilancia em Saúde de Uberlândia realizar a pactuação
Plano
encaminha Plano municipal para no Elenco 1,
Municipal de
2012 SMS E-mail acrescentar ao Plano Municipal de Saúde mesmo sem os
Vigilancia em
e ser votado pelo Conselho Municipal de esclarecimentos
Saúde
Saúde em 28 de março de 2012 solicitados, é
possível, tendo em
vista que a equipe

83
de Vigilância em
Saúde já executa a
maior parte das
ações, embora que
alguns itens não
atingindo a meta
determinada pela
SES/MG;”.
Roteiro para
Baseado em
realização do Utilizado na capacitação dos ACS pelo
2012 CEREST PPT informações da
perfil CEREST Uberlândia
SES/MG;
produtivo
Através das
informações desta
Convite aos
Oficina, o CEREST
CEREST’s da Para participação de oficina do Caderno
Correspondência capacita
2013 E-mail Região do de Saúde do Trabalhador em Atualização
SES Referências
Triangulo Profissional de Vigilância em Saúde
Técnicas de
Mineiro
Municípios da área
de abrangência;
Gerencia o SUS em
Uberlândia.
Mudanças na
Cria a FUMDASUS – Fundação organização do
2013 Lei Municipal Uberlândia
Municipal de Saúde SUS; citadas no
texto de
contextualização do
município;
Sobre o PFVS:
Vigilância: Análise do ambiente de
"levantamento do
Relatório de processo de trabalho e dos instrumentos
perfil produtivo de
ações legais de saúde e segurança; avaliação
100% das áreas
2013 CEREST Relatório realizadas de qualitativa e quantitativa dos riscos;
cobertas pelas
janeiro a abril medidas de intervenção na causa básica
unidades de PSF
2013 dos problemas identificados (citadas
até maio/2013”;
pelo CEREST).
Município

84
consegue alcançar
metas do PFVS;
Oficina a ser
Apresentação da SRS, recebida pelo
Correspondência repassada para
2014 E-mail Documentos CEREST para capacitação de municípios
SES municípios da área
da área de abrangência;
do CEREST;
1- analise do perfil dos trabalhadores; 2 -
distribuição dos trabalhadores por faixa Dá uma visão geral
etária. 3 - distribuição segundo do trabalhador.
Análise do
escolaridade. 4 - desligamento por Discriminado área
Docume Relatório Perfil dos
2014 aposentadoria, decorrentes de acidentes da construção civil.
nto Fundacentro trabalhadores
de trabalho ou doenças profissionais. 5 - Para análise do
de Uberlândia
desligamentos por óbito decorrentes de trabalhador de
acidentes de trabalho ou doenças Uberlândia.
profissionais
Criar cursos profissionalizantes; Criar
comissão permanente de Conselheiros
para debater ST; implantar comissão
permanente de vigilância em ambientes
de trabalhadores da saúde; transformar
Encaminhadas para
Propostas da Portaria 1823 em Lei; criar comissão
Conferência
1ª Conferência intersetorial para garantir inserção do
Estadual de Saúde
Sec. Macrorregiona Trabalhador na organização do trabalho;
do Trabalhador e da
2014 Mun. Documento l de Saúde do criar ouvidoria macrorregional para
Trabalhadora.
Saúde Trabalhador e trabalhador; incluir no SIAB, ações de
Mostram a não
da ST; criar um CEREST em cada Região
inserção da VISAT
Trabalhadora de Saúde; destinar recursos de medidas
na AB.
compensatória para ST; fortalecer
processo de comunicação e divulgação
de ST; criar Núcleo Microrregional de
ST; capacitar gestores na utilização de
financiamento ST.
Documento Atividades
Relatório para Atividade domiciliar formal: 309; domiciliares:
2015 CEREST E-mail
planejamento atividade domiciliar informal: 1448. Manicure, costura,
do CEREST cabelereira,

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artesanato,
produção de
salgado,
bordadeira, oficina
mecânica, venda de
produtos de beleza,
serralheiro,
reciclagem;
Não existe proposta
para trabalhar com
as informações na
AB;
Planejamento feito
pela coordenadora
do CEREST em
parceria com SRS:-
Melhorar
notificações ST;
realizar vigilância
em supermercados;
estabelecer nexo
2015 CEREST E-mail Documento Planejamento para 2015 causal; reabilitação
psicossocial de
trabalhadores
adoecidos;
capacitar
municípios da
abrangência;
implementar ações
ST nos municípios
de abrangência.
A realização da CMS de Uberlândia Relatório Final, não
Sec. 7ª Conferência representa o ápice do desenvolvimento e apresenta propostas
2015 Mun. Relatório Municipal de do amadurecimento da gestão, do de organização de
Saúde Saúde Conselho Municipal de Saúde e da serviço que
sociedade de Uberlândia com caracterizem a

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participação da sociedade; inserção da VISAT
na AB.
Fonte: Criação da autora.

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