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FACULDADE DE PIRACANJUBA – FAP

ENFERMAGEM

MARIA REGINA DOS SANTOS

QUALIDADE DE VIDA DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE.

PIRACANJUBA - GO

2022
MARIA REGINA DOS SANTOS

SAÚDE DOS PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Banca Examinadora da
Faculdade Piracanjuba - FAP, como
parte dos requisitos para obtenção do
título de Bacharel, Curso de
Enfermagem da Faculdade Piracanjuba -
FAP, sob orientação da Prof.ª Michelle
Meireles Hamilton.

PIRACANJUBA - GO

2022

FOLHA DE APROVAÇÃO
MARIA REGINA DOS SANTOS

QUALIDADE DE VIDA DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE.


SAÚDE DOS PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM.

APROVADO EM: _______/________/ 2022

DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente a Deus,
que sempre deu força, coragem, determinação e o
fôlego da vida, para que pudesse estar presente
nesta caminhada.

Ao esposo, a todos os demais familiares,


aos colegas de trabalho e amigos que por tantas
vezes suportarem as ausência e me apoiaram o
necessário para seguir até o final.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os professores, que não mediram sacrifícios para transmitir parte
do vasto conhecimento; aos coordenadores, ao gestor municipal de saúde de
Paranaiguara - GO e demais colaboradores que abriram suas portas para a realização da
pesquisa; a toda unidade de saúde pública, que nos oportunizaram nossos estágios, os
meus sinceros agradecimentos.
Aos amigos e familiares que de alguma forma contribuíram para o
desenvolvimento deste trabalho.

Em especial, agradecendo a Deus, pelo auxilio na superação dos vários


obstáculos que inicialmente pareciam intransponíveis, e foram vencidos ao longo da
elaboração deste trabalho.
RESUMO

A Qualidade de Vida dos profissionais de saúde vai muito além do que se pode
ver, para que o profissional possa desempenhar um bom trabalho humanizado, ele
precisa estar bem consigo e estar bem no ambiente em que trabalha, não resolver os
lideres cobrar um trabalho humanizado se ao mesmo tempo não valoriza seu
profissional e não o capacita segundo as necessidades do seu setor, sem um
equipamento adequado, onde a maioria das funções são realizadas a base de material
improvisado, e equipes sobrecarregadas de funções ou horários exedentes. Assim como
todos os seres humanos para ter saúde necessita do equilíbrio entre o bem estar físico e
mental, para o profissional da enfermagem essa necessidade é ainda maior, pois todos
os dias lida com situações que se envolve no emocional ao ter que repassar um noticia
de um falecimento aos familiares, ou por não conseguir prolongar a vida de seu cliente,
onde esses traumas vivido pela enfermagem vão sendo armazenado em sua bagagem da
vida, possibilitando o profissional a desenvolver uma doença mental.
Palavras Chaves: Saúde, Profissional Capacitado, São Simão.
ABSTRACT

The Quality of Life of health professionals goes far beyond what can be seen,
so that the professional can perform a good humanized work, he needs to be
well with himself and be well in the environment in which he works, not to
resolve the leaders to demand a humanized work if, at the same time, it does
not value its professional and does not train it according to the needs of its
sector, without adequate equipment, where most of the functions are carried out
on the basis of improvised material, and teams overloaded with functions or
excessive schedules. Just like all human beings, in order to have health, they
need a balance between physical and mental well-being, for the nursing
professional this need is even greater, because every day they deal with
situations that get involved in the emotional when having to pass on a news of a
death to family members, or for not being able to prolong the life of their client,
where these traumas experienced by nursing are being stored in their luggage
of life, allowing the professional to develop a mental illness.

Keywords: Health, Qualified Professional, São Simão.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS


-OMS Organização Mundial de Saúde.

-INPS Instituto Nacional de Previdência Social.

-MTSN Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental.

-DINSAM Divisão Nacional de Saúde Mental.

-SUS Sistema Único de Saúde.

-1ª CNSM 1ª Conferência Nacional de Saúde.

-CAPS Centro de Atenção Psicossosial.

-SRTs Serviços Residenciais Terapêuticos.

CAPSi Centro de Atenção Psicossocial / Criança e Adolescente.

-CAPSad Centro de Atenção Psicossocial /Alcool e Droga.

-ESF Estratégia Saúde da Família.

-DSM IV Manual de Diagnóstico e Estátistica das Pertubaçãoes Mentais.

-CID Classificação Internacional de Doenças.

-TCC Trabalho de Conclusão de Curso.

-UHE Usina Hidréletrica de Energia

-ICMS Impostos Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.

-PABA Gestão de Atenção Básica Ampliada.

-SAMU Serviço de Atendimento Móvel de Urgencia.

-QV Qualidade de Vida.

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................09

Histórico da Enfermagem..............................................................................................11

Enfermagem no Brasil.........................................................................................11

Os profissionais de enfermagem...........................................................................12

Qualidade de vida em geral....................................................................................13

Qualidade de vida no trabalho...............................................................................14

Qualidade de vida dos profissionais de enfermagem............................................16

O profissional de enfermagem na saúde mental...................................................18

Identificação do Município..................................................................................22

CONCLUSÃO...............................................................................................................24

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................26

INTRODUÇÃO
A história indica que o enfermeiro e a Enfermagem existem desde o momento
em que uma pessoa cuidou de outra, porém sua profissionalização teve início com
Florence Nightingale, enfermeira britânica que ficou famosa por ser pioneira no
tratamento a feridos quando Inglaterra, França e Turquia declararam guerra à Rússia,
em 1854, com duração até 1856, tendo esse conflito recebido o nome de Guerra da
Criméia. . Passou a ser conhecida como a dama da lâmpada porque durante a noite
percorria as enfermarias com um lampião e atendia os feridos. O que caracteriza essa
profissão é ter um corpo de conhecimento específico e instrumentos de trabalho que
permitam desempenhar as atribuições com independência,competência e
responsabilidade; a Enfermagem proporciona aos pacientes melhores condições para a
natureza agir. Os profissionais de enfermagem executam suas atividades laborais em
unidades que requerem um nível de exigência maior, acrescido à capacitação técnica,
censo crítico e observacional apurado e relacionamento interpessoal
cliente/familiares/equipe satisfatório, o que acarreta desgaste físico e emocional devido
à exposição nos aspectos físico, mental, social e espiritual, o que interfere em sua
qualidade de vida. O termo Qualidade de Vida (QV) passou a permear o cotidiano de
forma mais constante e mobilizou a reflexão sobre a necessidade de ter hábitos
saudáveis de vida e ainda buscar formas de combater os danos causados pela
modernidade. Existem inúmeras pesquisas a respeito do referido tema nos mais
diferentes tipos de atuação, sendo uma delas a qualidade de vida no trabalho e,
especificamente, dos profissionais de enfermagem. Segundo Delgado (2005, s.p) a
saúde do trabalhador é essencial para o desenvolvimento de qualquer instituição, seja
ela do setor da saúde ou outro qualquer. Porém, o que se observa é que cada vez mais as
organizações estão cobrando maior produtividade dos funcionários, contudo sem
oferecer condições favoráveis para que possam desenvolver suas funções sem prejuízos
à saúde

A HISTÓRIA DA ENFERMAGEM
A palavra história reflete a investigação, informação e a busca pela verdade,
analisando o passado da humanidade e das sociedades humanas, ressaltando as
mudanças, transformações, aspectos quantitativos e qualitativos (FIGUEIREDO, 2005).
A American Nurses Association (2003) descreve que a compreensão da história
da enfermagem norteia todo estudante ou profissional desta área para o conhecimento
da filosofia desta profissão, sendo que várias são as definições, mas a que melhor
caracteriza a filosofia da enfermagem foi elaborada pela American Nurses Association
(ANA) – enfermagem é a proteção, promoção e otimização da saúde e capacidades,
prevenção das doenças e danos, alívio do sofrimento pelo resultado do diagnóstico e
tratamento da resposta humana, defender o cuidado dos indivíduos, famílias,
comunidades e população. Segundo Padilha (2005, s.p) a enfermagem é uma profissão
que ao longo do tempo vem desconstruindo e construindo sua história.
“A sua relação com a sociedade é permeada pelos conceitos, preconceitos e
estereótipos que se estabeleceram na sua trajetória histórica e que influenciam até hoje a
compreensão de seu significado enquanto profissão da saúde composta de gente que
cuida de gente”. Paixão (apud MURTA, 2005, p.335) relata que a prática da saúde
inicia-se no sentido religioso, acreditava-se que as doenças eram castigos dos deuses,
fazendo com que estes povos buscassem ajuda nos feiticeiros e sacerdotes. Durante esta
época o enfermeiro era visto como aquele que detinha conhecimento do preparo das
drogas e de sua administração, inteligência, dedicação, pureza de corpo e espírito.
Com a Revolução Industrial percebeu-se relevante avanço nos cuidados da
saúde, pois a doença tornara-se obstáculo à força produtiva do trabalho, dificultando a
ascensão do Capitalismo. Foi neste período que a enfermagem surgiu de forma
hierarquizada com a finalidade de organizar o espaço hospitalar e orientada pelo novo
modelo de ensino – o ensino nightingaleano. 16 Padilha (2005, s.p) descreve que
Florence Nightingale foi a fundadora da história da enfermagem moderna no século
XIX quando Inglaterra, França e Turquia declararam guerra à Rússia, em 1853, com
duração até 1856, tendo esse conflito recebido o nome de Guerra da Criméia. As
pessoas feridas, tanto os franceses quanto russos, eram tratadas por irmãs de caridade,
sendo que aos ingleses faltava a organização da enfermagem, a mortalidade entre os
hospitalizados era de 40% em consequência de abandono. Nesse sentido Geovanini
(2010, p. 48) ressalta: A guerra da Criméia veio mostrar a necessidade de colocar a
higiene militar numa posição independente do controle burocrático da administração
civil. A falta de um serviço de Enfermagem eficiente nesta guerra causou perdas tão
grandes aos exércitos aliados, especialmente aos ingleses, que isto se tornou alvo de
uma investigação prolongada por parte do Parlamento inglês. Florence não contente
com a execução corriqueira de sua tarefa chegava ao ponto de percorrer as enfermarias à
noite com sua lâmpada, sendo esta para os feridos um raio de esperança.
Após a Guerra Florence fundou uma escola de Enfermagem no Hospital Saint
Thomas onde os fundamentos que nortearam a criação desta escola foram originados
também de sua educação aristocrática e o estágio de três meses no Instituto de
Diaconisas de Kaserwerth/Alemanha, onde aprendeu os primeiros passos da disciplina
na enfermagem (regras e horários rígidos, religiosidade, divisão do ensino por classes).
Desta forma passou a servir de modelo para as demais escolas que foram fundadas
posteriormente.

A ENFERMAGEM NO BRASIL

Paiva et al. (1999) destaca que no Brasil o ensino de Enfermagem iniciou-se


oficialmente em 1890 com a promulgação do Decreto nº791, tendo como objetivo
preparar enfermeiros (as) para trabalhar nos hospícios e hospitais civis e militares,
sendo analisada e desenvolvida em três fases– Organização de enfermagem,
desenvolvimento da educação em enfermagem e enfermagem no Brasil moderno. Em
1916 foi criada a Escola Prática de Enfermeira da Cruz Vermelha Brasileira para treinar
socorristas voluntários e, em 1920, na mesma escola, foi criado o curso de visitadoras
17 sanitárias. “A formação de visitadoras sanitárias precede a institucionalização da
enfermagem, tanto na Europa, quanto nos Estados Unidos e no Brasil. Nas atividades
destas visitadoras repousam as raízes da Enfermagem em Saúde Coletiva...”
(OLIVEIRA, apud GALLEGUILLOS, OLIVEIRA, 2001, s.p).
Nota-se que a Enfermagem Moderna com seu ensino sistematizado tinha como
propósito garantir o saneamento urbano, condição necessária à continuidade do
comércio internacional, que se encontrava ameaçado pelas epidemias. Essa capacitação
estava a cargo de enfermeiras da Fundação Rockfeller enviadas ao Brasil com o intuito
de organizar e dirigir uma escola de enfermagem. Esta foi criada em 1922, mas iniciou
seu funcionamento em 1923 com o nome de Escola de Enfermagem do DNSP. Em 1926
passou a ser designada Escola de Enfermagem Anna Nery e, em 1931, Escola de
Enfermagem da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

A formação dos profissionais de enfermagem ocorre em diferentes graus- o


auxiliar, o técnico e enfermeiro e, apesar de formar uma equipe com diferentes níveis de
conhecimento, as suas atribuições ao cuidar do paciente ou cliente são semelhantes.
Para Porto (2011, s.p) o enfermeiro é um profissional com curso superior, tem diploma
de instituição brasileira ou estrangeira, sendo necessário o reconhecimento do país de
origem para atuar na área de sua competência e deve ser registrado pelo órgão da
categoria. Tem poder para dirigir e chefiar o serviço de enfermagem de uma instituição
de saúde pública ou privada e supervisionar as atividades de técnicos e auxiliares.
O técnico de enfermagem é capacitado para realizar cuidados aos pacientes
desde que esteja sob a supervisão de um enfermeiro, os auxiliares de enfermagem são
preparados para realizar cuidados básicos, sem presença de risco e complexidade desde
que também tenham a supervisão de um enfermeiro. Os profissionais de enfermagem de
uma instituição de saúde são peças fundamentais de cuidado e atenção para os clientes,
pois desenvolvem um papel primordial destinado à recuperação, promoção e prevenção
de doenças. Geovanini et al. (2010, p.3), descreve-se que a enfermagem: É a arte e a
ciência do CUIDAR, necessária a todos os povos e a todas as nações, imprescindível em
época da paz ou em época de guerras indispensável à preservação da saúde e da vida
dos seres humanos em todos os níveis, classes ou condições sociais.
O enfermeiro deve exercer a profissão com dedicação e ética proporcionando
confiança e estabelecendo um vínculo humanístico com os pacientes. A prática do
profissional deve ser realizada de forma contínua, assim desenvolve ações tanto
individuais como coletivos dentro de sua unidade, analisando os problemas e
solucionando-os, de acordo com a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, o exercício de
enfermagem é livre em todo território nacional para os profissionais inscritos no
Conselho Regional de Enfermagem (COREN).
Para o referido Conselho (2012) o exercício da enfermagem deve observar as
disposições da lei a qual estabelece que tal profissão apenas pode ser exercida por
profissionais inscritos no COREN de acordo com o seu grau de habilitação, sendo que o
enfermeiro é habilitado à prescrição.

QUALIDADE DE VIDA EM GERAL

O termo qualidade de vida (QV) está em voga, sendo muito estudado e


relacionandose a diferentes campos da vida social: trabalho, saúde, educação,
transporte, moradia e lazer, e com conceitos diversificados. Porém, nota-se que
geralmente está relacionado à saúde e ao trabalho remunerado.
O conceito é muito abrangente e engloba vários fatores, podendo variar de
indivíduo para indivíduo. Segundo Queiroz, Sá e Assis (2004) QV é um termo que
permeia o dia-a-dia das pessoas, mas com diversos conceitos, diferentes para cada
segmento da sociedade, podendo significar prosperidade, viver bem, ter família, ter
realização, uma vida equilibrada, liberdade de ir e vir, ou de expressão, dentre outros.
Entende-se, assim, que equilíbrio é prerrogativa da QV e envolve diversas dimensões da
vida, sejam elas mental, social, física, emocional ou espiritual. A QV depende
fortemente de um balanceamento adequado entre essas diversas esferas, buscando
alcançar um perfil mais equilibrado.
Carvalho Filho e Papaleo Netto (2006, p.414) relatam que a expressão QV está
embutida nos escritos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada na
Assembléia Geral das Nações Unidas, em 1948 que, no seu artigo 25, inciso I,
estabelece: Todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua
família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados
médicos e os serviços sociais indispensáveis e direitos à segurança em caso de
desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
subsistência em circunstância fora de seu controle.
Segundo os mesmos autores o termo em questão relacionado à saúde é mais
abrangente e envolve vários fatores que podem afetar a percepção do indivíduo em
relação ao seu funcionamento diário, mas não se limitando, à sua condição de saúde e às
intervenções médicas. 20 Beraquet (2005) menciona que é comum a QV ser associada a
um “bem-estar”, a um “estilo de vida”. O termo QV tem merecido atenção cada vez
maior não apenas na literatura científica, como também em vários outros campos em
diferentes segmentos sociais. QV é uma expressão complexa, com gama variada de
significados e diversas possibilidades de enfoque, tendo conceituação variada conforme
cada momento e estágio de desenvolvimento da sociedade. Souza (2004) relata que o
conceito de QV, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), está dividido em
três níveis: avaliação total de bem-estar, domínio global e componentes de cada
domínio, estando os mesmos distribuídos numa pirâmide.
O topo seria a avaliação total de bem-estar, seguido do domínio global que é o
corpo da pirâmide e a base constituída pelos componentes de cada domínio. Observa-se
que os componentes de cada domínio são a base da pirâmide, sendo os mais variados e
com importância diferenciada conforme cada indivíduo. Ou seja, a QV é de percepção
eminentemente pessoal. QV é a percepção que cada indivíduo tem de sua posição na
vida, no seu espaço cultural, dos valores que preserva, das suas angústias e expectativas
sobre algo, sendo assim inerentemente particular e individual. A QV na saúde não pode
estar relacionada apenas à resolução dos problemas básicos de sobrevivência. Deve-se
considerar também os prejuízos funcionais, repercussões negativas pelo estado da
doença, complicações e tratamentos, incluindo as limitações encontradas.
Domingues (apud TEIXEIRA, 2005, p.172) entende que QV vai além de uma
abordagem e identificação de indicadores que permitam medi-la e avaliá-la: Qualidade
de vida engloba a vida e toda a problemática que circunscreve, é falar da vida e seu
valor, de sua qualidade, dos aspectos mais profundos, de uma humanidade que se
encontra inserida em um ambiente físico, social, político, econômico, espiritual e
cultural de extrema complexidade, em constante transformação e absolutamente distante
das origens humanas.
Assim a QV tem uma visão holística, enfocando o ser humano em todas as suas
dimensões, incorporando de forma complexa a saúde física, estado psicológico, nível de
independência, relações sociais, crenças pessoais e a relação com o meio ambiente. QV
é um construto subjetivo que se atem a diversos fatores, entre eles as relações
familiares, afetivas e sociais correlacionadas à saúde, religião, espiritualidade e,
principalmente, à satisfação no trabalho que absorve grande parte do tempo do
indivíduo.
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Para Potter e Perry (2004) QV é um conceito difícil, muito pessoal e particular a


cada pessoa. Ainda assim, o pragmatismo médico utiliza-se de várias medidas de QV,
estando muitos baseados em tabelas e questionários fixos, abrindo assim um leque com
inúmeras questões para discussões sobre o tema. Idealmente, uma boa QV deverá estar
presente em todas as atividades sociais, principalmente no trabalho. É neste contexto
que o profissional absorve a maior parte do seu tempo, necessitando assim de uma
atenção especial, pois a sobrecarga de atividades gera processos destrutivos que se
intensificam ao longo dos anos como favorecimento à doença, ao envelhecimento
precoce e à perda da capacidade ocupacional. Por isso, é de extrema importância que as
instituições organizem-se para que se tenha uma boa qualidade de vida no trabalho
(QVT). Codo et al.(2004, p. 279) afirmam: Estas são as duas grandes áreas na vida de
um ser humano adulto: o amor, traduzido nos afetos, nos amigos, na família, no
erotismo, e o trabalho, na profissão, no dinheiro, na classe social, na produção, no
consumo, entre outros fatores.
O ambiente de trabalho faz parte do cotidiano das pessoas, considerando que a média de
trabalho é de 40 a 44 horas semanais presenciais no respectivo recinto de trabalho.
Conte (2003) relata que a QVT influência diretamente na QV pessoal, social e familiar,
mesmo estas esferas tendo diferentes papéis na vida do indivíduo. Um ambiente seguro,
harmonioso, alegre e saudável pode proporcionar melhores condições para o
profissional desenvolver suas potencialidades e obter êxito em seu trabalho, ao sentir-se
realizado profissionalmente, refletindo de forma positiva na sua QV pessoal.
Antunes (2000) acredita que o trabalho tem papel fundamental na vida do ser
humano, sendo o ponto de partida e motor decisivo no processo de humanização da
pessoa, tendo sua realização de vida pelo trabalho. Proporcionar um ambiente de
trabalho propício ao desenvolvimento das pessoas que ali trabalham requer dos gestores
um trabalho contínuo e estratégico. Isso é muito importante para o melhor
desenvolvimento das organizações de saúde. O trabalho é o centro do círculo da vida do
homem.
Por meio do qual ele se constrói. Reconhecer a importância da QV dos
profissionais facilita a mudança de paradigmas quanto à gerência da prática assistencial
no processo saúde-doença. 22 Para Stumm et al. (2009) o trabalho deve ser realizado em
condições que promovam a saúde e o equilíbrio físico e psicoemocional, levando a um
bem estar do indivíduo, reforçando positivamente sua identidade pessoal.
Segundo Limongi-França e Zaima (2002, p. 406) a QVT pode ser entendida
como “[...] conjunto das ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias
e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho. Estas ações
acabam por influenciar o colaborador durante o desenvolvimento de suas atividades”. A
inovação tecnológica e organizacional nos ambientes de trabalho é muito importante,
pois facilita as tarefas desenvolvidas pelos trabalhadores, levando a uma nova relação
homem/trabalho, influenciando positivamente o trabalhador na busca do fazer com
excelência, eficácia e trazendo bem-estar. Martinez (2002) menciona que a satisfação no
trabalho pode influenciar diretamente na vida do trabalhador, podendo afetar sua saúde
tanto física quanto mental, interferir no seu comportamento profissional e/ou social com
repercussões na sua vida pessoal, familiar e para as organizações do trabalho.
Pode-se dizer que a QVT traduz-se na satisfação do profissional com a
organização do seu trabalho, permitindo a implementação de seus conhecimentos e o
desenvolvimento de suas potencialidades, trazendo também um bem-estar consigo
próprio e um bom entrosamento com toda a equipe de trabalho. A profissão de
enfermagem é peculiar, tendo atributos relevantes com relação ao trabalho com a vida –
o acolhimento e cuidados para com o paciente.
E ao mesmo tempo está sob constantes cobranças – ética, erro profissional,
equilíbrio psicológico, atualização constante, sobrecarga de trabalho, más condições de
infra-estruturas do trabalho e má remuneração. É preciso haver um equilíbrio dessas
variáveis para que o trabalho se desenvolva bem e haja satisfação com o mesmo, além
de um bom relacionamento com os pacientes e a equipe multiprofissional.
O presente estudo teve como tema a Qualidade de Vida dos Profissionais de
Enfermagem do Hospital Municipal Antônio Martins da Costa, sendo o objetivo
principal verificar a qualidade de vida dos profissionais de enfermagem.
QUALIDADE DE VIDA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM.
De acordo com Pires e Lunardi Filho (2008) o trabalho na área da saúde torna-se
mais complexo à medida que seu principal objeto de trabalho – o ser humano – não é
exclusivamente material, tendo atributos que lhe conferem flexibilidade, dúvida, caráter,
existência e história. A assistência em enfermagem é a mais bela das artes, constituindo-
se em uma profissão técnico e cientificamente capaz de prestar cuidados ao ser humano
como um todo, visando ao bem-estar do cliente, mas com forte conotação psicológico-
emocional, tendo em conta a variabilidade individual de cada paciente.
Spiller, Dyeniewicz e Slomp (2008) descrevem que a QVT dos profissionais de
saúde relaciona-se à jornada de trabalho, condições de meio ambiente, remuneração,
relacionamento interpessoal, além de outros aspectos relacionados. A relação do
trabalho com a QV é dualística e complexa, pois ao mesmo tempo em que o trabalho
pode ser agravante do estado de saúde das pessoas e fonte de desprazer, pode também
gerar satisfação e bem-estar. Assim, o trabalho é fortemente ligado à QV, podendo
influir positiva ou negativamente sobre ela.
Mininel (2006) descreve a importância do cenário econômico vigente e seu
reflexo nas políticas de saúde, e consequentemente, no trabalho de enfermagem.
Sobrecarga de trabalho com baixos rendimentos é a regra. Além disso, há grande
sobrecarga emocional desses profissionais que lidam diariamente com as contradições –
saúde e doença, bem-estar e dor, cura e sofrimento, vida e morte, gerando sentimentos
conflitantes e muitas vezes negativos no enfermeiro.
Apesar de todas essas dificuldades e conflitos a doação e entrega na assistência
ao doente e seu sofrimento, gera um sentimento de valor e satisfação profissional da
saúde. Beck (apud QUEIROZ, 2012) descreve o trabalho de enfermagem como exigente
e complexo na medida em que deverá haver disposição do profissional ao paciente e
seus familiares nas 24 horas, boa relação interpessoal com estes e os colegas
profissionais, além do trabalho regimentado conforme normas internas.
Os profissionais de enfermagem são os mais numerosos na organização do
ambiente hospitalar e mesmo assim o trabalho é sobrecarregado devido à insuficiência
de profissionais qualificados, excesso de pacientes internados, escalas aceleradas e
relações multidisciplinares insatisfatórias. Isso leva a condições adversas de trabalho
com sobrecarga física, emocional, mental e, consequentemente, pode levar a má
assistência aos pacientes contribuindo para a falência do serviço de saúde; podendo
sobre maneira desencadear doenças ocupacionais nos enfermeiros. Compreende-se que
o trabalho assistencial e gerencial de enfermagem em setores críticos como unidade de
terapia intensiva (UTI), centro cirúrgico (CC) e pronto socorro (PS) é de risco para
agravos à saúde física e emocional.
Nesses setores geralmente com grande lotação e fluxo de pacientes a exigência
emocional com relação à gravidade, intercorrências e sofrimento dos pacientes podem
levar à redução da QV bem como da capacidade do trabalho. Barboza e Soler (2003)
fazem referência aos riscos de doenças ocupacionais relacionadas às condições
inadequadas de trabalho do enfermeiro.
Doenças físicas e psicológicas, as mais variadas, inclusive com manifestações
psicossomáticas e reflexos negativos no meio familiar podem levar a acidentes de
trabalho, afastamentos por doenças e licenças para tratamento de saúde, culminando em
insatisfação e sofrimento. O profissional de enfermagem frequentemente é submetido a
diversas situações negativas proporcionadas pelo ambiente caracterizado pela
enfermidade-sofrimento e que afetam sua QV. Martinez (2002) conclui que as doenças
ocupacionais do enfermeiro, principalmente as psicológicas, são advindas da
insatisfação no trabalho, com falta de motivação e atitude ou estado emocional
negativos. É importante que os profissionais de enfermagem tenham consciência e
atentem para seu estado emocional, sua satisfação e motivação para o trabalho.
Para Martins (2002) a saúde e QV dos profissionais de enfermagem dependem
da valorização de suas capacidades e boas condições de trabalho, levando ao bem-estar
psicológico. Entende-se assim, que a motivação e satisfação são fundamentais no
trabalho de enfermagem, e contribuem consequentemente, para uma melhora na
produtividade e aumento na qualidade dos serviços prestados. Infere-se que para o
trabalho ser eficaz há de se ter vocação pelo que se faz.
Assim, o profissional percebe que seu trabalho é valoroso, sente-se útil
revigorando sua autoestima e levando a satisfação e bem estar psicológico.

RISCOS DE CONTAMINAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE


ENFERMAGEM
A saúde do trabalhador no contexto da pandemia de COVID-19 tem se tornado
um fator de saúde pública tendo em vista que os profissionais da área da saúde são os
grupos de maior risco de contaminação. O tema sobre a saúde dos trabalhadores em
saúde tem trazido grandes desafios para os pesquisadores e também para os
profissionais que estão diretamente envolvidos nesse contexto (ALMEIDA, 2020). De
acordo com o que a pandemia vai se alastrando, aumenta também a preocupação com a
saúde pública na caracterização do ambiente e do processo do trabalho na transmissão
da doença, e os riscos que os profissionais têm enfrentado durante esse período (SILVA
et al., 2020).
Com a chegada do virus que se alastrou em vários países e no mundo, chegando
assim a pandemia de COVID-19, como é chamada a patologia pelo SARS-CoV-2, que
atinge os serviços de saúde impondo uma demanda extra de estruturas, insumos e
recursos humanos, como também mão de obra especializada, o que tem desafiado os
sistemas nacionais de saúde dos diversos países (RIBEIRO et al., 2020).
A exposição ocupacional foi relacionada com um alto percentual dos primeiros
casos de COVID-19 na china na cidade de Wuhan, tendo como foco de contaminação
um mercado de frutos do mar (SILVA et al., 2020). Em dezembro de 2019 a
organização mundial de saúde (OMS) foi informada na china sobre casos de
pneumonia de origem até então desconhecida, posteriormente denominada de SARS-
CoV-2 (ALMEIDA, 2020). No final de janeiro de 2020 já eram mais de 7.000 mil
pessoas infectadas na china e 90 registros em outros países e a taxa de mortalidade era
de 2,2%. Foi então declarada emergência de saúde pública de interesse
internacional (ALMEIDA, 2020).
Com o número de casos aumentando e a necessidade de cuidados específicos de
profissionais da saúde para cuidar dos casos mais graves, os trabalhadores da saúde tem
se tornado cada dia mais suscetíveis a adquirir a infecção por COVID-19, e assim
enfrentam diversas dificuldades relacionadas a sua própria saúde (SILVA et al., 2020).
Mesmo para os profissionais de saúde diretamente envolvidos com os cuidados aos
pacientes, pouco se discute sobre as condições e organização de trabalho, prevalecendo,
até o momento, protocolos com recomendação de medidas individuais (higiene e uso de
EPIs), fundamentais, mas insuficientes para o controle geral da disseminação e da
exposição ao vírus (FILHO et al., 2020).
Mesmo com todas as medidas de proteção aderidas aos protocolos de
biossegurança aqui no Brasil, há relatos de profissionais e sindicados que
denunciaram as condições de trabalhos impostas, sendo elas higiene inadequada,
equipamentos de proteção individuais (EPI) inadequados ou insuficientes, até mesmo
nos serviços de terapia intensiva, jornadas de trabalhos exaustivas, falta de
treinamento etc (FILHO et al. 2020). O uso de equipamentos é assegurado como
medida de proteção da saúde e segurança do trabalhador. Para reger essas medidas
existem, por exemplo, a (PNSTT) Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora (Portaria 1823/12), a (PNSST) Política Nacional de Segurança e Saúde no
Trabalho (Decreto n°7.602/11) e as normas regulamentadoras como a NR32 que é
específica para os trabalhadores da área da saúde (TAVARES, 2020).
A segurança dos trabalhadores da saúde é essencial para que eles ofereçam os
melhores serviços profissionais possíveis para as pessoas infectadas. (HUH, 2020). E,
sem dúvida garantir a proteção e a segurança efetiva desses trabalhadores, é um desafio
nessa pandemia, considerando o insuficiente conhecimento sobre as formas de tratar e
controlar a doença, e principalmente a sua alta transmissibilidade e velocidade de
disseminação (RIBEIRO, et al., 2020).
A saúde ocupacional do trabalhador vai além de doenças relacionadas ao
trabalho e a realização de exames para detectar e tratar as mesmas, ela atua no processo
de prevenção de doenças e problemas laborais, relacionados ao ambiente de trabalho e
seu cotidiano. Sendo assim a saúde do trabalhador também possui sua relação com a
saúde mental e psíquica do profissional, sendo esse um dos motivos que possui um
grande índice de abandono no trabalho (SANTOS; GALLEGUILLOS; TRAJANO,
2019).
A lei n° 8.080 de 19 de setembro de 1990 também conhecidas como LEI
ORGÂNICA DA SAÚDE (BRASIL, 1990), afirma que a saúde é um direito de todos e
dever do estado, como também possui definições em relação à promoção, proteção e
recuperação da saúde.

Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado


prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e
execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de
doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que
assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua
promoção, proteção e recuperação.
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e
da sociedade (BRASIL, 1990, documento on-line).

Portanto, de modo geral deve-se trabalhar em busca de promoção, prevenção,


recuperação e reabilitação da saúde coletiva e individual, tendo em vista que a saúde do
trabalhador tem tudo a ver com sua atividade profissional, ou seja, o adoecimento do
mesmo reflete em sua produtividade no seu local de trabalho. Dessa forma, desenvolve-
se a relação existente entre trabalho, saúde e ambiente (SANTOS;
GALLEGUILLOS; TRAJANO, 2019).
Rapidamente a rotina nos serviços de saúde tem se tornado em locais de
tratamento intensivo superlotados, pacientes graves, equipamentos de utilização
pessoais inadequados ou insuficientes e vidas perdidas, os profissionais de saúde por
sua vez são obrigados a enfrentar jornadas de trabalhos exaustivas, muitas vezes além
do devido, ultrapassando assim os limites humano, como o cansaço físico, psicológico,
emocional e até mesmo as necessidades fisiológicas, e, sobretudo da sua segurança
ocupacional (OLIVEIRA, 2020). Nesse cenário, é necessária uma reflexão sobre a
Enfermagem, sua atuação, contribuição e reconhecimento, especialmente no ano a ela
dedicado, pela celebração do bicentenário do aniversário de Florence Nightingale,
fundadora da Enfermagem Moderna (OLIVEIRA, 2020).

O PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA SAÚDE MENTAL

Desde os primórdios da sua existência, a prática da enfermagem psiquiátrica


esteve marcada pelo modelo controlador e repressor, tendo suas atividades realizadas
pelos indivíduos leigos, ex-pacientes, serventes dos hospitais e posteriormente,
desenvolvidas pelas irmãs de caridade (Kirschbaum DJR, 2013).
A capacitação da mão de obra para atuação no serviço de enfermagem em
hospícios, hospitais civis e militares, passou a ser difundido, inicialmente, como um
curso de dois anos, em cuja admissão o candidato deveria contar com idade mínima de
14 anos, leitura, escrita, e conhecimento elementar de aritmética, alem de atestado de
bons costumes. As aulas eram ministradas três vezes por semana e lecionadas pelos
‘‘internos e inspetoras, sob a fiscalização do médico e da superintendência do diretor-
geral’’. Consistia na aquisição de noções práticas de propedêutica clínica, anatomia,
fisiologia, higiene hospitalar, curativos, pequenas cirurgias, cuidados especiais para
certas categorias de enfermos, aplicações balneoterápicas, noções gerais de
administração interna e escrituração do serviço sanitário e econômico das enfermarias
(Melo, 1986; Menezes da Silva e da Silva Jr, 2006; Carvalho, 1972).
A motivação do pessoal da enfermagem para o trabalho nos estabelecimento
psiquiátricos do Rio de Janeiro e a rigidez para o ingresso na Escola Profissional de
Enfermeiros e Enfermeiras transformaram a enfermagem em profissão, que passou a
adquirir valorização social, tornando-se uma alternativa de profissionalização,
principalmente para as mulheres carentes. Para estas, o trabalho de enfermagem, embora
manual, significou uma possibilidade de ascensão social, cuja realização exigia uma
formação especifica. Para as alunas da Escola Alfredo Pinto (denominação posterior da
Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras), a profissão de enfermeira foi uma
oportunidade de galgar degraus na escada da hierarquia das ocupações femininas
(Oliveira e Alessi, 2003).
A enfermagem é uma profissão que mantém uma estreita relação com o paciente
e seus familiares, possuindo um papel primordial na promoção da busca no bem estar do
ser humano, atuando na ascensão da saúde, precaução de enfermidades, no transcurso
de doenças, nas incapacidades e no processo da perda.
O profissional enfermeiro abrange o ser humano em suas dimensões,
como potencialidades, restrições, alegrias e frustrações, envolvendo-se no
compromisso assumido com a saúde, auxiliando os pacientes e familiares na superação
da doença com habilidade científica, mas também com conforto, cuidado e atenção.
Trata-se de uma exigência humana contínua dedicada ao ser humano com o objetivo de
reabilitação do doente e acalento aos envolvidos.
Essa arte reveste-se de um caráter com a função de prestar cuidados de saúde a
pessoas que estão sofrendo física e psicologicamente. É uma ciência que presta
cuidados ao indivíduo doente e as pessoas próximas deste.
A partir da década de 1990, no século XX, a atenção do profissional de
enfermagem direcionou-se as novas formas de cuidar na saúde mental, buscando
serviços extra-hospitalares. Nesses serviços, a enfermagem direciona suas atividades de
forma diferenciada no tratamento dos doentes mentais, aplicando atitudes de respeito e
dignidade junto ao enfermo, ações voltadas às individualidades do sujeito e a
participação desde em o seu processo de tratamento, valorizando e estimulando o auto
cuidado, bem como a sua reinserção em grupos sociais e comunitários (Kirschbaum
DJR, Fraga NNO, Souza AMAI, Santos MSO, Costa D, 2013).
Segundo SMELTZER e BARE (2006) toda enfermeira deve ficar vigilante em
relação ao paciente que se preocupa excessivamente demonstra deterioração no
desempenho emocional, social ou ocupacional. As estratégias de cuidado enfatizam as
maneiras do paciente para verbalizar os sentimentos e medos, e para identificar as fontes
de ansiedade. A necessidade de ensinar e promover as capacidades de adaptação efetiva
é o uso das técnicas de relaxamento que constitui as prioridades do cuidado.
De acordo com Rodrigues (1996) na relação de ajuda, o enfermeiro utiliza os
conhecimentos gerais da enfermagem e os específicos da situação com a qual se
confronta, alem dos procedimentos técnicos. Utiliza ainda sua própria pessoa como
instrumento terapêutico, nesse contato pessoa-a-pessoa, agindo de maneira
sistematizada e empática diante de cada pessoa em crise. Todo esse conhecimento é
obtido através da comunicação que ocorre entre o que pede e o que ajuda que se da de
forma dinâmica, tendo como unidade básica a palavra, embora nem sempre seja
possível exprimir por esse meio, sentimento, pensamento e ações, por conta de seus
vínculos emocionais. Portanto, espera-se que o enfermeiro estimule o paciente a se
expressar verbalmente, e que o ajude a esclarecer o sentido e a natureza de suas
mensagens, observando sua participação na experiência que está vivendo.
Este mesmo autor afirma ainda que a enfermagem é portanto, pratica
historicamente estruturada, ou seja, existe ao longo da história da humanidade, porem
constituída por diferentes maneiras de cuidar que, por sua vez, são determinados pelas
relações sociais de cada momento histórico. Atualmente, o trabalho de enfermagem é
integralmente do trabalho coletivo em saúde, e especializado, dividido e hierarquizado
entre auxiliares, técnicos e enfermeiros, embora detenha autonomia relativa em relação
aos demais profissionais, subordina-se ao gerenciamento do ato assistencial em saúde
executado pelos médicos.
O processo de trabalho dos profissionais de saúde tem como finalidade á ação
terapêutica de saúde, como objeto o indivíduo e grupos doentes, sadios ou expostos a
risco, necessitando de medidas curativas, de preservação da saúde, prevenção da
doença, tendo como ferramentas de trabalho e condutas que representam o nível técnico
do conhecimento que só o saber de saúde e o produto final e a própria prestação de
assistência de saúde, que é produzida no mesmo momento em que é consumida (Pires
D; Annablume, 1998).
Na Atenção Básica, por meio da Estratégia de Saúde da Família (ESF) que é a
principal porta de acesso das pessoas que requer atendimento para suas necessidades de
saúde, a enfermagem deve prestar assistência sistematizada em saúde mental, através de
trabalhos integrados visando promover a recuperação e reabilitação do paciente, bem
como, coordenar a equipe de saúde, oferecendo treinamento e reciclagem para estes
profissionais. Orientar, supervisionar e fazer planejamento dos serviços e prescrever as
assistências prestadas, orientar e avaliar, ou seja, sempre em prontidão e preparado junto
a sua equipe se caso houver uma urgência e emergência psiquiátrica (Silveira, 1986).
(...) olhar enxergando o outro, é ouvir escutando o outro, observar, percebendo o
outro, sentir, empatizando o outro, estando disponível para fazer com ou para o outro
aqueles procedimentos técnicos que ele não aprendeu a executar ou não consegue
executar, procurando compartilhar o saber com o cliente e/ou familiar (RANDÜZ,
1999).
A prática da enfermagem, não é só medicamentosa, é necessário tratar o paciente
com carinho, respeito e humildade, sendo que em muitas vezes, um pequeno gesto de
carinho e uma palavra de conforto, cura qualquer dor e sofrimento; assim percebe-se
que atualmente a enfermagem participa de todo processo terapêutico, oferecendo
suporte não só ao paciente mas também a família, explicando as maneiras de agir com o
paciente trazendo ele para o convívio social, são maneiras de amenizar o sofrimento do
paciente.
IDENTIFICAÇÃO DO MUNICÍPIO

Os dados que se seguem a respeito do município de São Simão foram copilados


do Plano Municipal de Saúde 2019.
Ocupando uma área de 414, 011 Km², São Simão está localizado no extremo
Sudoeste do Estado de Goiás, Centro Oeste brasileiro, na bacia do Rio Paraná pertence à
microrregião de Quirinópolis e a mesorregião do sul goiano. Limita-se ao sul e leste
com o município de Santa Vitória-MG, a oeste com o município de Caçu e a Norte com
o município de Paranaiguara. A cidade fica á 362 km de Goiânia, capital do Estado, e a
560 km de Brasília, capital do Brasil, sendo suas vias de acesso as BRs 364 e 365.
Figura 1: Mapa do município de São Simão

Fonte: Prefeitura Municipal de São Simão

Cidade planejada e avenidas largas e arborizadas, repartições, logradouros públicos


e estabelecimentos comerciais, estrategicamente localizados, proporcionando segurança
e viabilidade para comunidade geral.
O município ainda não tem no turismo, a sua principal fonte geradora de emprego e
renda, sendo o ICMS da UHE de São Simão, sua principal fonte arrecadadora.
O município de São Simão encontra-se no modelo de Gestão de Atenção Básica
Ampliada – PABA atende a sua população nos procedimentos de média e alta
complexidade sendo responsável integralmente pela atenção básica e aos diversos
programas e ações, atividades implantadas em prol da saúde da população.
O serviço de saúde está estruturado em: 05 (cinco) unidades básicas de saúde que
atende especificadamente os Programas Estratégicos de Saúde da Família e o Programa
de Saúde bucal, 01 (uma) Unidade Hospitalar Pública Municipal, 03 (três) unidades de
Saúde de Laboratório de Análises Clínica, de gestão Privada, sendo uma credenciada
pelo SUS, e uma pela Prefeitura Municipal de São Simão, 01 (um) Centro de Saúde que
atende a Atenção Básica e ambulatorial, 01 (um) Centro de Atendimento Psicossocial
(CAPS), 01 (um) Centro Odontológico (Saúde Bucal) e 01 (um) SAMU – Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência.
O ambulatório está localizado na Secretaria Municipal de Saúde de São Simão-
Go, funciona das 7:00hs as 17:00 hs de segunda-feira a sexta-feira.

CONCLUSÃO

Atualmente a QV está sendo amplamente discutida, tendo importante significado


a nível individual e em determinados segmentos da sociedade, abrangendo vários
aspectos específicos e ao mesmo tempo imbricado em diversas áreas do conhecimento.
Para desenvolver uma pesquisa sobre QV com profissionais de enfermagem pressupõe
encontrar resultados alterados quanto à qualidade de vida geral (QVG) desses
trabalhadores, continuadamente expostos a exigências físicas, emocionais e mentais.
Os objetivos (geral e específicos) desta pesquisa relacionados à caracterização
do perfil sociodemográfico e avaliação da QV dos profissionais de enfermagem lotados
no Hospital Municipal de São Simão, por meio dos domínios do questionário SF-36,
foram atingidos. Portanto não foi dado um determinado fator que influência de forma
direta na qualidade de vida dos mesmos, pois houve alterações. Assim como em outros
estudos já existentes sobre qualidade de vida.
Qualidade de vida para os profissionais de enfermagem corresponde à percepção
que cada um tem de si num dado momento, estando quase sempre correlacionado à
saúde, ou seja, estar saudável, sem levar em consideração a influência da relação
dinâmica existente entre as condições de trabalho e qualidade de vida, uma vez que os
domínios mais afetados foram da dor, vitalidade, aspectos sociais, aspecto físico e saúde
mental, sugerindo uma correlação com o trabalho.
Considerando que, ser ou estar saudável, está associado à satisfação das
necessidades humanas básicas, sendo o trabalho elemento fundamental para a saúde das
pessoas e desde que seja realizado em condições saudáveis promove sensação de bem-
estar, refletindo na melhoria das condições de trabalho e na assistência de enfermagem
prestada e, consequentemente, na qualidade de vida de seus trabalhadores.
A relevância social, econômica e científica deste estudo pode ser atribuída à
divulgação dos resultados para a instituição de saúde cedente da pesquisa a fim de que
haja a implantação de um programa de saúde ocupacional, assim como para os
profissionais envolvidos, por meio de métodos expositivos, bem como para a
comunidade científica, mediante de exposição dos dados em congressos, palestras e
eventos levando a uma projeção dos conhecimentos obtidos e ao incentivo de pesquisas
futuras acerca das questões relacionadas à qualidade de vida e ao trabalho da população
de enfermagem sob um novo prisma.

Novos estudos relacionados à qualidade de vida devem ser realizados para


aprimorar os instrumentos já existentes de sua avaliação. Também recomenda-se a
implementação de programas institucionais de prevenção e promoção à saúde para o
trabalhador de enfermagem com enfoque no estilo de vida saudável. Programas de
educação continuada para a enfermagem, maior organização e participação da classe na
parte administrativa e operacional, maior investimento e implementação de novas
tecnologias no ambiente de trabalho são muito importantes e podem resultar em maior
reconhecimento profissional, aumento da autoestima, reafirmando seu papel de
promotor da saúde com reflexos positivos nas suas relações familiares, afetivas e
sociais.

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