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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE PATOS

UNIFIP CENTRO UNIVERSITÁRIO


CURSO DE BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

ANTONIO SEVERINO DO NASCIMENTO NETO

Arquitetura cenográfica: proposta de um cenário para um


videoclipe explorando a linguagem visual e a comunicação
de significados

PATOS – PB
2023
ANTONIO SEVERINO DO NASCIMENTO NETO

Arquitetura cenográfica: proposta de um cenário para um


videoclipe explorando a linguagem visual e a comunicação
de significados

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de graduação do
Centro Universitário de Patos – UNIFIP,
como requisito para obtenção do título de
bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob
orientação da Prof.ª Ms. Luana Stephanie
de Medeiros.

PATOS – PB
2023
ANTONIO SEVERINO DO NASCIMENTO NETO

Arquitetura cenográfica: proposta de um cenário para um


videoclipe explorando a linguagem visual e a comunicação
de significados

APRESENTADO EM ____ DE ______________________DE 2023.

_____________________________________________
ORIENTADOR - MEMBRO DA BANCA

_____________________________________________

PROFESSOR - MEMBRO DA BANCA

_____________________________________________

PROFESSOR - MEMBRO DA BANCA

PATOS - PB
2023
Arquitetura cenográfica: proposta de um cenário para um
videoclipe explorando a linguagem visual e a comunicação
de significados

RESUMO

Palavras-Chaves:

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................4
1 METODOLOGIA............................................................................................7
1.1 Tipo de Pesquisa..........................................................................................7
1.2 Procedimentos metodológicos...................................................................7
1.2.1 Etapa 1 – Revisão Bibliográfica.....................................................................7
1.2.2 Etapa 2 – Análise de Projetos Correlatos......................................................8
1.2.3 Etapa 3 – Desenvolvimento do Anteprojeto Arquitetônico.............................9
1.3 Diagrama Metodológico............................................................................10
2 REFERENCIAL TEÓRICO..........................................................................11
2.1 Os Mercados Públicos e sua importância Econômica, Cultural e de
projeção para as cidades........................................................................................11
2.2 Os Mercados Públicos no contexto Brasileiro........................................19
2.3 A importância dos Mercados Públicos e sua requalificação.................23
2.4 Normativas para construção de Mercados Públicos..............................28
2.4.1 ANVISA 216 (2004)......................................................................................28
2.4.2 RDC ANVISA 2018 (2005)...........................................................................29
2.4.3 ABNT NBR 9050 (2020)...............................................................................29
1.1.1.1 Parâmetros antropométricos........................................................................29
1.1.1.2 Informação e sinalização.............................................................................35
1.1.1.3 Rotas acessíveis..........................................................................................37
1.1.1.4 Rampas........................................................................................................38
1.1.1.5 Escadas, guarda-corpos e corrimãos..........................................................39
1.1.1.6 Circulação interna: corredores e portas.......................................................41
1.1.1.7 Circulação externa e estacionamento..........................................................42
1.1.1.8 Banheiros.....................................................................................................45
2.4.4 ABNT NBR 9077 (2001)...............................................................................47
2.4.5 ABNT NBR 15220 (2003).............................................................................47
3 REFERENCIAL PROJETUAL.....................................................................54
3.1 Mercado municipal de Braga...................................................................54
3.1.1 Genius Loci.................................................................................................55
3.1.2 Iconologia...................................................................................................56
3.1.3 Identidade.................................................................................................. 57
3.1.4 Significado de Uso.....................................................................................57
3.1.5 Geometria.................................................................................................. 62
3.1.6 Estrutura.................................................................................................... 64
3.2 Mercado da boca......................................................................................66
3.2.1 Genius Loci................................................................................................67
3.2.2 Iconologia...................................................................................................68
3.2.3 Identidade.................................................................................................. 69
3.2.4 Significado de Uso.....................................................................................70
3.2.5 Geometria.................................................................................................. 72
3.2.6 Estrutura.................................................................................................... 73
3.3 Mercado público de Lages......................................................................74
3.3.1 Genius Loci................................................................................................75
3.3.2 Iconologia...................................................................................................75
3.3.3 Identidade.................................................................................................. 76
3.3.4 Significado de Uso.....................................................................................77
3.3.5 Geometria.................................................................................................. 81
3.3.6 Estrutura.................................................................................................... 82
3.4 Síntese dos correlatos.............................................................................84
4 ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO.........................................................86
4.1 Contexto histórico do sítio e objeto de estudo.....................................86
4.2 Pré-dimensionamento, programa de necessidades e relações do
programa.................................................................................................................. 89
4.3 Aspectos físicos do terreno.....................................................................92
4.3.1 Uso e ocupação do solo..............................................................................93
4.3.2 Cheios e vazios...........................................................................................95
4.3.3 Gabarito das edificações.............................................................................96
4.3.4 Infraestrutura viária e hierarquia.................................................................97
4.3.5 Condicionantes bioclimáticos e de topografia.............................................98
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................105
REFERÊNCIAS........................................................................................106
4

1 INTRODUÇÃO

Os vídeos musicais (MV’s) são um fenômeno mundial e tem impacto


significativo na cultura pop e na indústria da música e do entretenimento. Eles
explodiram graças ao avanço das mídias digitais, desempenhando um importante
papel na maneira como a música é consumida, interpretada e compartilhada.
As produções audiovisuais apresentam artistas e/ou bandas, criando uma
experiência que compreende letra, melodia e cenário, o que termina por repercutir
no engajamento dos fãs e na adesão de milhares de jovens e adultos, em todo o
mundo, transformando, não somente a música, mas a indústria musical e
audiovisual do planeta.
Por causa da grande repercussão, muitas mídias têm sido produzidas para
plataformas de streaming1, como o YouTube, por exemplo, impulsionando a
divulgação de artistas e suas músicas (Abreu, 2019). Entre os principais nomes em
ascensão, como Justin Bieber, Katy Perry, Psy, etc. (Geyser, 2022), destaca-se a
produção musical da cantora e compositora Dua Lipa, que ganhou notoriedade ao
lançar o álbum autointitulado Dua Lipa.
Em seus clipes, a artista utiliza-se de elementos retrô e cenários
contemporâneos que incluem elementos de dança, cores, luzes e um visual
inspirado nos anos 1980 e 1990 (Holden, 2020). A cantora se solidificou no mercado
fonográfico, consolidando-se como uma das artistas mais influentes da música pop
contemporânea (Vanderhoof, 2021).
Obviamente, isso impacta também a Arquitetura, com produções regadas a
grandes investimentos, a cenografia assume um papel crucial na produção musical
da artista, adotando referências que vão desde a concepção conceitual do cenário
até a direção de arte, passando por linguagens do design, da fotografia, das artes
plásticas.
Nesse contexto, a produção cenográfica entra como um elemento chave na
produção e expressão conceitual da música, e na figuração do videoclipe,
despertando emoções e interpretações múltiplas. Cabe também referenciar que,
dentro dessa abordagem, a produção de sentido entra em cena. Imageticamente, se

1
A palavra streaming se refere à transmissão contínua de dados de áudio e/ou vídeo, permitindo que
os usuários consumam conteúdo digital em tempo real, sem a necessidade de baixar o arquivo
completo antes de reproduzi-lo (Haas, 2023).
5

constrói uma realidade “criada”, segundo padrões de significante e significado que


impactam o público – a conhecida semiótica (Israel, 2020).
Com o propósito de definir as sensações adquiridas a partir dos
estímulos/espetáculos, esta pesquisa trabalha com a hipótese de que a Arquitetura
Cenográfica tem importância e influência na divulgação da mensagem artística dos
grupos musicais, enquanto ferramenta de comunicação, por isso, se
manifesta/materializa também a partir da criação de cenários.
Utilizando a arquitetura cenográfica como pano de fundo, e a forma como ela
pode impactar a comunicação dos artistas, entende-se que as sensações de
imersão e potência emocional se intensificam na produção audiovisual, enquanto
forma de expressão/representação. Partindo dessa premissa, a cenografia atua
como mola mestra de impacto, contribuindo para a própria significação da cantora,
enquanto potência artística, e demostrando a importância da comunicação
audiovisual como ferramenta de linguagem universal.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Sabendo que o contexto da criação de vídeos não é unidirecional, sendo


transpassado pela interpretação de múltiplos significados, este trabalho tem como
objetivo geral propor um estudo cenográfico para uma composição da artista Dua
Lipa, utilizando os conceitos da semiótica.

1.1.2 Objetivos Específicos

 Compreender a linguagem representativa da Arquitetura Cenográfica;


 Entender as relações entre referente, interpretante e signo;
 Interpretar o interesse dos MV´s como forma de entretenimento para o
público.
6

1.2 Objeto de Estudo

Como este trabalho trata da produção musical da artista Dua Lipa, abre-se um
parêntese para discorrer sobre sua trajetória artística, apresentando,
pormenorizadamente, a composição da música Future Nostalgia.
A artista nasceu em Londres, na Inglaterra, em 1995, mas teve sua carreira
lançada apenas em 2015, alcançando o topo das paradas musicais na Europa com
o lançamento do single Be The One; por causa da boa repercussão, lançou outras
músicas e parcerias com grandes nomes da música mundial como: Sean Paul, DJ
Martin Garrix, Diplo, demostrando versatilidade no estilo musical (Dezeer, 2022).
Em 2019, Dua Lipa ganhou seus dois primeiros Grammys, nas categorias
Artista Revelação e Melhor Gravação Dance, com o hit “Electricity”, apresentando
uma sonoridade que se destacou no cenário musical e solidificou ainda mais a
carreira da artista, como uma das cantoras pop mais importantes de sua geração
(Travessoni, 2022).
Lançado em março de 2020, o álbum Future Nostalgia apresenta um som que
remete ao passado, mas com tendências modernas e vanguardistas. O álbum é uma
fusão entre influências pop, disco e dance, proporcionando uma experiência sonora
que mescla sensações "futuristas" e "nostálgicas", ao buscar inspiração nos estilos
musicais das décadas de 1970, 1980 e 1990, e com elementos contemporâneos que
resultam em um som enérgico e emocionante (Graca, 2020).

Figura 1: Capa do álbum “Future Nostalgia”, de Dua Lipa.

Fonte: Fandom (2019)


7

O álbum rememora uma experiência que celebra o passado, enquanto olha


para o futuro, de acordo com a opinião da própria cantora, sendo influenciado por
vários artistas como: Gwen Stefani, Blondie, Madonna, Prince e Outkast (Aranha,
2023). As faixas musicais combinam elementos da era disco com a estética moderna
do pop, recebendo aclamação da crítica por sua coesão, sonoridade e a capacidade
em abraçar influências do passado, sem perder a identidade contemporânea.
Além disso, o álbum ganhou alguns prêmios importantes, como o Álbum
Britânico do Ano, no Brit Awards, e o Grammy de Melhor Álbum Vocal de Pop
( Aranha, 2023). Nos primeiros versos da faixa-título, intitulada "Future Nostalgia",
Dua Lipa faz menção a John Lautner, renomado arquiteto norte-americano
conhecido pela criação de um estilo arquitetônico atemporal e futurístico (Figura 2).

Figura 2: Imagem ilustrativa sobre o estilo arquitetônico (chemosphere house)

Fonte: Joshua White, disponível em MCM DAILY (2015).

De maneira semelhante, a artista formulou um conceito que entrelaçou


elementos clássicos e modernos da música, com um pop sofisticado e repleto de
batidas pulsantes e cativantes, criando uma atmosfera que remete tanto à nostalgia
de décadas passadas, quanto a um futuro imersivo.
8

1.3 Estrutura do Trabalho

Este trabalho está estruturado em duas partes distintas, sendo organizado em


quatro capítulos. A primeira parte corresponde à introdução, cuja finalidade é
abordar a temática, a problemática e a justificativa deste trabalho, além de
estabelecer os objetivos geral e específicos do estudo. O primeiro capítulo
concentra-se na metodologia, onde serão descritos os métodos e procedimentos
utilizados na pesquisa. O segundo capítulo é o referencial teórico, onde os principais
conceitos relacionados ao estudo são definidos, foi discutido o papel da arquitetura
cenográfica e sua relação com a semiótica e os vídeos musicais. O terceiro capítulo
aborda a análise de projetos correlatos. O quarto capítulo apresenta um estudo
cenográfico em maquete física para uma música da artista Dua Lipa. Por fim, a
segunda parte corresponde à conclusão, na qual se apresentam os resultados
alcançados na pesquisa do tema, juntamente com as considerações finais
relacionadas ao estudo.
9

2 METODOLOGIA

Neste capítulo, são expostos os recursos metodológicos utilizados no


decorrer da pesquisa, juntamente com os métodos empregados para a contribuição
e análise dos dados científicos relacionados ao tema.

2.1 Tipo de pesquisa

Segundo Gerhardt e Silveira (2009), o presente trabalho utiliza, quanto à sua


abordagem, o método qualitativo, que abrange dimensões não passíveis de
quantificação, com o enfoque em descrever, compreensão e explicação das relações
entre o âmbito global e o local, no contexto de determinados fenômenos sociais.
Sua natureza é de pesquisa aplicada, visto que objetiva gerar conhecimentos
para aplicação prática, bem como solucionar problemas específicos. A pesquisa
aplicada é impulsionada por considerações de natureza prática, visando atender às
demandas da sociedade moderna, seu principal objetivo é contribuir para a
resolução de problemas concretos, com foco na aplicação direta e na busca de
soluções práticas (Andrade, 2017).
Quantos os objetivos da pesquisa, é classificado como pesquisa exploratória,
que tem como propósito promover uma compreensão maior do problema com o
propósito de formular hipóteses.

2.2 Procedimentos metodológicos

Os procedimentos da pesquisa classificam-se um estudo de caso. Segundo


Frossard (2021), é um método ou técnica de pesquisa, habitualmente utilizado nas
ciências da saúde e sociais, o qual se caracteriza por desenvolver um processo de
busca e indagação, assim como a análise sistemática de um ou vários casos. Com
isso, será proposto uma elaboração de uma maquete cenográfica, com interpretação
semiótica, para o videoclipe da música Future Nostalgia, da cantora Dua Lipa.
Durante este estudo, analisa-se as etapas do processo criativo, desde a pesquisa
inicial ao desenvolvimento conceitual, até a execução prática da maquete,
considerando a narrativa da música.
10

O estudo está estruturado em cinco etapas, especificadas a seguir:

2.2.1 Revisão Bibliográfica

Para a estruturação teórica da pesquisa, o trabalho vai se basear em livros,


artigos, dissertações, teses, etc., que tenham relevância com a temática e a
discussão dos achados de caso. Para tal, o trabalho se utilizou a plataforma Google
Acadêmico, contando com a busca direcionada pelas palavras: “semiótica”,
“cenografia”, “vídeos musicais”, “arquitetura cenográfica”, visando aprofundar o
conhecimento do tema. Com os eixos da pesquisa: Dinâmica dos vídeos musicais e
o entretenimento do público, Arquitetura cenográfica e Semiótica – significante e
significado.

2.2.2 Definição do objeto empírico

Esta etapa se destinou a avaliar a produção musical da artista Dua Lipa e


definição do objeto empírico deste trabalho, a composição Future Nostalgia. A
canção é faixa-título do segundo álbum de estúdio de Dua Lipa, lançado em 2020. O
título "Future Nostalgia" sugere a fusão de elementos do passado e do futuro na
música, o que é uma característica chave do álbum.

2.2.3 Análise de projetos correlatos

Esta etapa destinou-se a uma seleção de três produções cenográficas de


videoclipes relevantes para a pesquisa. A escolha dos videoclipes baseou-se em
critérios que consideraram a pertinência ao tema da pesquisa, bem como a
disponibilidade de materiais relacionados, como making of e informações detalhadas
desde a concepção até a execução das produções cenográficas dos videoclipes em
questão.
Os critérios de análise cenográfica foram extraídos dos fundamentos do
design e da arquitetura, segundo a percepção de Dondis (2007); Lupton e Cole
(2008); Nogueira (2005); e Barbosa (2007). Para os autores, a abordagem de
11

análise avalia os seguintes critérios de composição: cor, forma, textura, escala,


movimento, equilíbrio, figura/fundo, hierarquia, volumetria e luz.
De acordo com os autores, estes critérios se caracterizam em:

 Cor: o elemento gráfico do dinamismo é um atrativo poderoso que aguça a


curiosidade do espectador, incitando suas emoções. Sua função principal é
facilitar a organização dos elementos em uma página, seja dividindo-os em
zonas distintas ou agrupando aqueles que são semelhantes, servindo como
guia para que o receptor encontre as informações que ele deseja (Ambrose;
Gavin, 2009). A cor é uma ferramenta utilizada para realçar ou ocultar
elementos, diferenciá-los, destacá-los ou até mesmo excluí-los. Entre todos
os elementos, a cor é provavelmente a que mais apela para o lado emocional
do espectador.
 Forma: uma linha se une para formar uma figura, um plano com limites– as
formas são planos com limites. Segundo Dondis (2007, p.57) “existem três
formas básicas: o quadrado, o círculo e o triângulo equilátero”. O autor ainda
define que as formas básicas são figuras planas e simples. Cada uma delas
pode ser facilmente descrita e construída, embora tenham características e
significados únicos. A partir de suas variações, é possível criar uma infinidade
de outras formas.
 Textura: “é o elemento visual que frequentemente substitui as qualidades de
outro sentido, o tato” (Dondis, 2008, p. 70). Contudo, a textura pode ser
apreciada e explorada tanto pelo tato quanto pela visão, ou até mesmo por
uma combinação dos dois. Uma textura pode não ter propriedades táteis,
sendo apenas óptica, mas onde existe a textura tátil, a textura visual
inevitavelmente estará presente. A textura adiciona detalhes preciosos à
imagem, enriquecendo a superfície e capturando o olhar do espectador.
 Escala: de maneira direta, a escala diz respeito às dimensões, sejam elas as
dimensões precisas de um objeto físico ou a relação entre uma representação
e o objeto que ela representa (Lupton; Phillips, 2008). A escala também está
ligada à percepção do tamanho de um objeto. Em outras palavras, a escala é
altamente relativa, já que o tamanho de um objeto pode variar dependendo de
sua localização e da presença de outros objetos nas proximidades. E, só será
12

percebida se houver a justaposição entre dois objetos, o grande não pode


existir sem o pequeno.
 Movimento: frequentemente, a percepção do movimento já se encontra
implícito no modo que as pessoas veem. Anteriormente, o movimento era
exclusivo do cinema e da televisão. No entanto, com uma rica exibição de
detalhes e o uso de perspectiva, luz e sombra intensificadas, é possível iludir
o olho e sugerir movimento em representações visuais estáticas, embora seja
um desafio maior evitar distorções (Dondis, 2008).
 Equilíbrio: o equilíbrio é o componente que proporciona uma sensação de
conforto visual. Isto acontece quando o peso de uma ou mais coisas está
distribuído igualmente ou proporcionalmente no espaço. Para tornar o
equilíbrio mais dinâmico, pode-se utilizar tamanho, textura, cor, valor e formas
contrastantes para contrabalançar ou realçar o peso de um objeto (Lupton;
Phillips, 2008).
 Figura/Fundo: a percepção visual é estabelecida com base nessa relação.
“Uma figura (forma) é sempre vista em relação ao que a rodeia (fundo)”
(Lupton; Phillips, 2008, p.85). Esses elementos também são conhecidos como
espaço negativo e positivo, e estão presentes em todos os aspectos do
design. A utilização da relação figura/fundo em um projeto, embora conceda o
poder de criação, também pode eliminar formas. Em geral, as pessoas
tendem a não dar a devida importância ao fundo. No entanto, os designers
veem os espaços que separam e circundam os elementos como novas
oportunidades, explorando essa relação entre forma (figura) e contraforma
(fundo) para criar contrastes e moldar formas que atraem o olhar.
 Hierarquia: a hierarquia é a sequência de prioridade dos elementos que
devem ser levados em conta no projeto. Ela se expressa por meio de
variações em escala, tonalidade, cor, peso, posicionamento e outras formas.
No aspecto visual, a hierarquia direciona a entrega e o impacto da
mensagem. Sem ela, a comunicação gráfica se torna um obstáculo à
comunicação, tornando-a confusa e ineficaz. A hierarquia indica a transição
de um nível para outro (Lupton; Phillips, 2008).
 Volumetria: é a manifestação da arquitetura que surge da combinação
harmoniosa de seus elementos plásticos e construtivos (Nogueira, 2005). Ela
13

envolve a articulação das formas, volumes e espaços em um edifício, dando-


lhe a sua identidade e presença no ambiente
 Luz: a iluminação tem um impacto significativo nas respostas humanas ao
ambiente. Essas respostas podem variar desde a percepção do óbvio, como a
beleza dramática de uma paisagem iluminada, até a resposta emocional
evocada por um candelabro com velas em uma mesa de jantar. (Barbosa,
2007). Portanto, desempenha um papel multifacetado, não apenas em termos
de visibilidade e estética, mas também na criação de atmosferas, na
promoção do bem-estar e na eficiência dos espaços, tornando-a um elemento
vital da arquitetura.

2.2.4 Proposição cenográfica para a composição

Nesta etapa será proposto um estudo cenográfico (em maquete) para a


música objeto de estudo deste trabalho, considerando as relações de significante e
significado, já presentes na cenografia, e suas mediações com o signo, o objeto e o
interpretante, determinados pela semiótica.

2.2.5 Interpretação da linguagem de sentido

Nesta etapa, discorre-se sobre a análise cenográfica da proposição, levando


em consideração a teoria da semiótica de Peirce. Esta teoria examina a potência
significativa dos signos e sua capacidade de gerar significado na mente de quem os
assiste, permitindo uma compreensão mais profunda das interações entre
significante e significado no contexto cênico, classificando os signos em primeiridade
(sensações imediatas), secundidade (relações causais e dinâmicas) e terceiridade
(significados simbólicos). Isso aprofunda a compreensão das interações entre o que
é visto no ambiente cênico e o que é interpretado, enriquecendo a linguagem visual.
14

2.3 Diagrama metodológico

Em síntese, tem-se a Figura 3 para melhor percepção da metodologia,


exemplificando os métodos seguidos, bem como os autores utilizados para chegar aos
procedimentos concepção do trabalho.

Figura 3: Diagrama Metodológico

Fonte: Elaboração própria (2023).

Figura 4: Procedimentos e Ferramentas

Fonte: Elaboração própria (2023).


15

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Dinâmica dos vídeos musicais e o entretenimento do público

De acordo com Moller (2011), o videoclipe, também conhecido como vídeo


musical ou Music Vídeo (MV), é uma forma de curta-metragem audiovisual que
combina música e imagens, produzido com propósitos promocionais ou artísticos. A
dinâmica dos videoclipes (MV – Music Vídeos) é um aspecto importante no
entretenimento do público, em diferentes contextos, incluindo a música, a dança e
outras formas de apresentação artística.
Os videoclipes são uma forma de arte que tem a capacidade de unir música,
dança e performance em um único formato. Uma dinâmica cuidadosamente
planejada pode levar o público em uma jornada emocional através da música,
fazendo com que eles se sintam envolvidos e conectados com o artista e sua
mensagem.
Segundo Chion (1994), a música pode ser considerada como um elemento
que agrega valor à imagem em um videoclipe, mas é importante destacar que,
dependendo do caso, tanto a imagem quanto a canção podem ter igual importância
na composição do produto final. A hierarquia entre esses elementos irá variar de
acordo com as especificidades de cada videoclipe. Por exemplo, algumas canções
podem apresentar uma sonoridade que se conecta com determinados traços
imagéticos, como a articulação vocal do intérprete, por exemplo, criando uma
associação poderosa entre música e imagem. É importante salientar que a escolha e
a combinação adequadas de som e imagem podem gerar um impacto emocional
significativo no público, tornando-se um dos principais fatores para o sucesso de um
videoclipe.
Os videoclipes, são uma forma de produção audiovisual que sofre influências
do cinema, da televisão, da publicidade e das tecnologias modernas, muitas vezes
sendo explorado comercialmente para fins de promoção. Sua ascensão teve início
nos anos 1980, impulsionada pelo surgimento do canal Music Television (MTV).
16

Com o advento da cibercultura2 e de várias plataformas de mídia, o videoclipe


reformulou seu espaço original na televisão e passou por uma transformação
significativa graças às novas possibilidades oferecidas pela produção na internet,
utilizando as mídias digitais. Hoje em dia, os videoclipes são disseminados na rede
através dos sites dos próprios artistas, plataformas de compartilhamento de vídeos,
como o YouTube, por exemplo, além das redes sociais e outros meios disponíveis
(Guedes; Nicolau, 2015).
No final das décadas de 1970 e início dos anos 1980, a música pop se
disseminou tanto no cinema norte-americano quanto no Brasil. No Brasil, o
programa Fantástico da Rede Globo produzia e exibia videoclipes como parte de
sua programação, mesmo que não fossem o seu foco principal, tornando o país
pioneiro na transmissão desse gênero (Holzbach, 2012).
Em 1º de agosto de 1981, a MTV foi inaugurada nos Estados Unidos,
marcando a exibição de "Video Killed the Radio Star", da banda britânica The
Buggles. Esse videoclipe foi escolhido como o primeiro a ser transmitido pela MTV e
desempenhou um papel significativo no tocante à popularização do formato desse
tipo de mídia. Desde então, os videoclipes tornaram-se uma parte integral da
indústria da música e da cultura popular em todo o mundo (Rocha, 2020).

Figura 4: Video Killed the Radio Star

Fonte: YouTube (2010).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=W8r-tXRLazs&ab_channel=TheBugglesVEVO
Acesso em: 16 de setembro, 2023.

2
A palavra cibercultura se refere-se o enriquecimento da diversidade cultural em todo o
mundo e tem possibilitado o surgimento de culturas locais em meio a uma cultura global. Uma das
características mais marcantes da cibercultura é a prática de compartilhar arquivos, música, fotos,
filmes, entre outros, o que promove a formação de processos coletivos (Lemos, 2015).
17

A partir das décadas de 1980 e 1990, tanto Madonna quanto Michael Jackson
já estavam envolvidos na criação de videoclipes de maior escala como exemplo:
“thriller” e “like a prayer”. De fato, ambos os artistas têm obras que figuram na lista
dos videoclipes mais dispendiosos já produzidos. Como uma forma de arte e
entretenimento, suas produções inovadoras atraíram a atenção do público e
estimularam o interesse em videoclipes como um meio de expressão artística. Com
o crescimento da internet, a valorização de produções cinematográficas desse porte
tornou-se ainda mais evidente.

Figura 5: Cena do clipe de Thriller, do cantor Michael Jackson

Fonte: O Globo (2022)


Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/musica/noticia/2022/11/michael-jackson-album-
thriller-chega-aos-40-anos-com-jeito-de-imortal.ghtml
Acesso em: 16 de setembro, 2023.
18

Figura 6: Cena do clipe like a prayer, da cantora Madonna

Fonte: O Globo (2019)


Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/musica/like-prayer-de-madonna-chega-aos-30-
anos-ainda-tao-popular-quanto-provocador-23492538
Acesso em: 16 de setembro, 2023.

Os dois artistas foram pioneiros em muitos aspectos, desde a estética visual


até a narrativa e a produção, e tiveram um impacto duradouro nas mídias e na
cultura popular, ajudando a definir uma era na história dos videoclipes, os quais
continuam a ser referência para artistas e diretores de vídeo até hoje.
De acordo com Jenkins, Forde e Green (2014), o YouTube oferece uma
variedade de usos que permitem que os vídeos circulem tanto em nichos estritos
quanto em grupos de interesse mais amplos, refletindo assim interesses culturais
diversos. Portanto, pode-se dizer que a plataforma se tornou um canal importante
para a disseminação e promoção da música pop em geral. Com isso, os
19

espectadores podem desfrutar de uma variedade de videoclipes, nacionais e


internacionais, e a qualquer momento, em qualquer lugar, através de seus
dispositivos móveis ou computadores.
As canções com seus respectivos videoclipes têm conquistado uma alta e
rápida popularidade, já que a maneira como as pessoas consomem música passou
por uma transformação radical na era digital – estamos na era da transmissão
contínua, onde os novos serviços digitais de distribuição de música resultam em um
grande consumo de serviços de mídia digital.
Essa tendência tem reconfigurado o cenário da indústria musical e introduzido
a música pop em um novo modelo de disseminação simbólica, destacando-se as
paradas musicais. Essa evolução, como gênero audiovisual, teve um impacto
significativo na indústria fonográfica como um todo, virando uma ferramenta
essencial para a promoção dos artistas, o que terminou por impulsionar as vendas
de álbuns e estabelecer um vínculo mais profundo com os fãs (Rodrigues, 2019).
Com isso, os artistas com seus videoclipes, encontraram nas plataformas de
streaming uma maneira eficaz de alcançar fãs em todo o mundo. Os vídeos podem
ser compartilhados facilmente, alcançando o público dentro dos nichos e, ao mesmo
tempo, se propagando por meio de grupos de interesse mais amplos. Essa dinâmica
permitiu que os gêneros musicais conquistassem uma base de fãs global,
ultrapassando as fronteiras físicas e culturais dos países.
Além disso, proporcionou aos usuários da internet a oportunidade de explorar
a cultura de vários lugares, e de forma mais acessível, contribuindo para a
disseminação do interesse pela cultura – a conhecida “viralização”, vídeos
compartilhados em massa nas redes sociais, alcançando um público ainda maior e
gerando buzz3 significativo em torno dos artistas e da música.

3.2 Semiótica – significante e significado

A semiótica é um campo de estudo que se dedica à análise dos sistemas de


signos e símbolos utilizados na comunicação humana (Melo, 2015). Seu propósito
fundamental é analisar os processos de formação de qualquer sinal como um
3
Buzz é um termo usado na música para descrever a excitação e a antecipação em torno de um
artista ou uma música antes do lançamento da mesma ou sua apresentação. É uma forma de criar
entusiasmo e expectativa para o público, o que pode levar a um aumento de vendas, streamings e
visualizações.
20

fenômeno que gera significado e sentido. Ela busca entender como esses signos e
símbolos são usados para representar e transmitir significados em diferentes
contextos, desde a linguagem verbal até as formas de comunicação não verbais,
como a própria arte. Um dos conceitos fundamentais da semiótica é a distinção
entre significante e significado. O significado se refere ao conceito ou ideia que um
signo representa, enquanto o significante é a forma física ou perceptível deste signo.
De acordo com Nöth (2003), a Semiótica, que é o estudo dos signos e da
semiose, ou seja, dos processos de significação, abrange fenômenos tanto na
natureza quanto na cultura. A origem do termo “semiótica” remonta à palavra grega
“semeion”, que significa “signo”. Além disso, “sêma” é outra expressão grega que
também pode ser traduzida como “sinal” ou “signo”. Ela tem por tarefa estudar todos
os tipos possíveis de ações sígnicas, quer apresentem referências humanas,
animais ou artificiais.
Segundo as explicações de Walther-Bense (2000) e Sanataella (2000), para
que algo seja considerado um signo, é necessário que possua a capacidade de
representar ou substituir algo diferente dele próprio. O signo não é o objeto em si,
mas sim a sua representação na mente do interpretante, caracterizando-se como um
processo mental e relacional que, não necessariamente, possui uma relação direta
com o objeto que o representa.
A teoria semiótica de Charles Sanders Peirce é fundamentada na ideia de que
nunca teremos acesso à realidade em sua forma pura, uma vez que tudo o que
existe não se apresenta diretamente, mas se representa através de sinais
perceptíveis ao observador. Segundo Peirce, tudo o que existe é uma entidade
semiótica. Essa concepção se estende até mesmo a uma ideia, considerando a
capacidade inerente de qualquer ideia de se referir a outras (Iasbeck, 2010).
Para a Santaella (2015), a Semiótica é parte da estrutura filosófica ampla de
Peirce4 e tem como base a Fenomenologia, uma investigação dos processos
mentais envolvidos na percepção das coisas, como cheiros, sons, formações
volumétricas, lembranças, abstrações, etc. – quando um fenômeno é percebido, ele

4
A teoria dos signos de Charles Peirce é uma das principais correntes da semiótica. Peirce (2003)
acreditava que os signos eram compostos por três elementos principais: o signo em si, o objeto a que
se refere o significante e o interpretante, que é a pessoa ou a coisa que interpreta o signo. Peirce
chegou à conclusão de que existem três elementos universais e formais presentes em todos os
fenômenos que são percebidos e processados pela mente: esses elementos são chamados de
primeiridade, secundidade e terceiridade (SANTAELLA, 2008).
21

se transforma em um emaranhado de ideias de fundo psicológico, carregando


características simbólicas distintas.
Ao se estudar os processos de significação, a semiótica é capaz de revelar a
potência significativa dos signos e sua capacidade de gerar efeitos na mente. Isso
significa que, por meio dos signos, é possível transmitir ideias e emoções de forma
eficaz e influenciar o pensamento e o comportamento das pessoas. Para melhor
esclarecer essa questão, Peirce (2003) elenca três categorias para a percepção da
consciência, que são: a primeiridade, que se trata de um sentimento instantâneo e
passivo da qualidade; a secundidade, que é a consciência de uma interpretação
múltipla da percepção; e a terceiridade, que é a consciência sintética que combina o
tempo, o aprendizado e o pensamento. O signo é capaz de despertar as três
categorias na consciência, começando pela primeiridade, com a percepção de sua
qualidade mais imediata ou sentimento evocado; logo a seguir com a secundidade,
que verifica a possibilidade da existência de algo, e terceiridade, que finaliza a
cadeia de pensamento com um julgamento sintético.
Santaella (2007) ainda afirma que essas categorias são onipresentes em
qualquer fenômeno, ou seja, ocorrem simultaneamente em todas as situações.
Porém, é importante perceber as suas especificidades. Na primeira categoria, a
primeiridade, a ênfase é dada à qualidade pura e imediata das coisas, sem
considerar qualquer relação com as outras; nela se percebe a consciência tal como
ela é, considerando um evento ou momento específico, que corresponde ao acaso e
à variação espontânea.
Na secundidade, as coisas já são percebidas em um campo de
possibilidades, isto é, num contexto de abertura à sugestão – é a categoria que
envolve a ação, reação e relações de causa e efeito – nesta categoria, a percepção
reage tanto aos fatos, quanto às possibilidades por trás dos fatos, sugerindo
conflitos, surpresas ou até as dúvidas (Santaella, 2007).
Na última categoria, a Terceridade, entende-se os fenômenos tais como eles
são, em suas relações e conexões com as outras coisas/demandas de significado –
é a categoria que envolve a representação – nela, ocorre a síntese intelectual do
que foi apreendido e parte-se para inteligibilidade do fenômeno, ou seja, a forma
como ele é interpretada pela consciência (Santaella, 2007).
Em suma, a Primeiridade é a apresentação do signo, a Secundidade é a
representação do signo no campo das possibilidades e a Terceridade é o poder
22

interpretativo do signo (Queiroz, 2007). Em suas teorias, Peirce (2003) cria um


modelo abrangente de correlação entre os signos e a comunicação – a tabela abaixo
ilustra essas relações e aborda a forma como elas aparecem em diferentes
contextos.

Quadro 01: Categorias de Pierce: Interdependências, interações e inter-relações.


Relação do signo
Categorias Relação do signo Relação do signo
com seu
com ele mesmo com seu objeto
interpretante
Representado pelo
Quali-signo (qualidade),
é uma experiência pré- Representado pelo
Representado pelo
consciente da Rema-signo, é a
Ícone-tipo do signo,
interpretação, uma primeira interpretação
Primeiridade qualifica o objeto por
impressão ou sensação do signo, a interface
meio de sua
que ocorre mais qualitativa da
semelhança com ele
independentemente de percepção
qualquer referência
externa
Representado pelo
Representado pelo Sin-
Dicente, é utilizado
signo (existente), que é Representado pelo
para descrever um
a percepção inicial da Índice, representa um
tipo de signo que diz,
consciência e suas tipo de signo que se
afirma ou representa
inter-relações. São refere ao seu objeto
Secundidade algo sobre uma
frequentemente primeiro, por meio de
situação ou evento
associados a alguma conexão
particular, é uma
fenômenos perceptíveis natural e existencial
abordagem de signo
e observáveis no mundo entre eles.
que se refere a uma
físico
existência real.
Representado pelo
Legi-signo (uma lei), é
Representado pelo
um signo que
Argumento, é um tipo
comumente segue um
de signo que segue
padrão pré-
uma regra ou lei pré-
estabelecido. Ele
estabelecida. Os
representa um sentido
argumentos são vistos
atribuído às regras ou Representado pelo
como mediadores
padrões pré- Símbolo, é um tipo de
entre os objetos
estabelecidos, a partir signo cuja relação se
Terceiridade (premissas) e os
de um sistema de estabelece segundo
intérpretes
significados uma convenção, uma
(conclusão), e
compartilhado, como a regra ou lei
desempenham um
linguagem verbal, por
papel fundamental na
exemplo, em que
construção do
palavras têm
conhecimento e na
significados definidos
busca por inferências
por convenções
válidas e racionais
linguísticas

Fonte: Elaborado a partir Santaella (2002), Queiroz (2007) e Merrell (2012).

De acordo com Iasbeck (2010), os três níveis presentes em cada signo, em


proporções variadas, formam um pressuposto fundamental que embasa a teoria de
23

Peirce. Dependendo da predominância de interpretantes associados a cada nível, o


signo pode ser classificado como quali-signo, sin-signo ou legi-signo. Em outras
palavras, se um signo tiver uma quantidade maior de interpretantes arbitrários ou
legais, ele será inevitavelmente um símbolo (legi-signo). Se os interpretantes
estiverem mais relacionados às sensações, o signo será um ícone (quali-signo). E
se os interpretantes estiverem ligados à existência física que pode ser verificada
pelos sentidos e inferida logicamente, o signo será um índice (sin-signo).
Pelo exposto, deixa-se claro que a base dos conceitos Peirceanos está
enraizada na semiótica e em outras áreas do conhecimento, fundamentada em
categorias universais de experiência, em suas tricotomias e classes de signos. Esta
abordagem é fundamental para compreender a relação entre o signo, o objeto e o
interpretante, além compreender os processos de significação e comunicação já
presentes na vida cotidiana. Embora a obra de Peirce seja complexa e apresente
diversas nuances, sua contribuição é valiosa para entender a complexidade do
mundo.

3.3 Arquitetura cenográfica – Semiótica e Cenografia

A cenografia representa uma síntese histórica e tecnológica do ato criativo em


cena, abrange atualmente todo o processo de concepção e construção do
espetáculo estético-espacial e da sua representação visual. O cenógrafo recorre a
elementos como cores, iluminação, formas, linhas e volumes para resolver as
demandas apresentadas pela produção artística, incorporando suas nuances
poéticas em uma variedade de mídias e contextos (Urssi, 2006).
A cenografia, muitas vezes, é efêmera, o que resulta em um processo de
planejamento, execução e montagem mais ágil do que o encontrado na arquitetura,
proporcionando espaço para experimentar com diversos materiais, mão de obra,
iluminação e outras possibilidades criativas. Esse procedimento assegura que o
criador esteja ativamente envolvido e consciente de todas as etapas, desde o
planejamento até a implementação e utilização da obra (Silva, 2021).
De acordo com Cohen (2007), a cenografia é a representação visual de tudo
que é apresentado em uma cena, seja em música, teatro ou publicidade. Ela é uma
combinação harmoniosa de cenário, figurino, adereços, iluminação e até mesmo a
movimentação dos atores ou personagens, pois eles também criam fluxos, massas e
24

volumes em um espaço específico. A cenografia envolve a composição em um


espaço tridimensional, o “lugar teatral”, onde são estabelecidas tensões, equilíbrio e
desequilíbrio, movimento e contrastes, por meio de elementos básicos como luz, cor,
formas, volumes e linhas.
Esses elementos delimitam o ambiente e, em muitas ocasiões, o período em
que se desenrola a narrativa, seja de maneira realista ou simbólica. De maneira
análoga a uma obra de arte, como uma pintura, uma tela ou uma fotografia, a
cenografia desempenha um papel fundamental ao facilitar a identificação, a
interação e a partilha de experiências e emoções entre o palco e o público. A
principal missão dessa configuração cênica é concretizar um cenário temporal e
espacial, e comunicar visualmente a ação, atribuindo significado às escolhas dos
elementos dramáticos que destacam o tema, o enredo e o contexto emocional
(Silva, 2007).
Como o componente primordial da representação teatral, o espaço é moldado
pelo ser humano e se enriquece por meio de signos verbais, sonoros, táteis e
visuais. No contexto da mimese, o corpo, como elemento inaugural, não se
desvincula da ação e sua imagem e presença assumem um papel ativo e carregado
de significado no intérprete. A cenografia não pode ser considerada como uma arte
independente; permanecerá incompleta até que um corpo ocupe esse espaço e
possa estabelecer um diálogo e conexão com o público (Urssi, 2006)

Figura 7: São Paulo Companhia de Dança


25

Fonte: Agenda de Dança (2018)

Figura 8: Espetáculo 'Tatyana', da Cia de Dança Deborah Colker

Fonte: ResearchGate (2021)


26

De acordo com Maia e Muniz (2018), a interação entre o ator e o cenário


passa por uma transformação significativa. Os cenários não se limitam mais apenas
a representar um espaço, eles desempenham um papel mais amplo, influenciando
não apenas a ambientação, mas também a vida dos personagens e,
consequentemente, afetando suas características e hábitos.
Nesse contexto, a cenografia não é mais apenas um pano de fundo estático,
mas torna-se uma força ativa na construção da narrativa e na caracterização dos
personagens. Os cenários têm o poder de moldar o comportamento, as interações e
até mesmo a psicologia dos personagens, criando uma ligação única entre os
elementos cênicos e a atuação dos intérpretes. Essa evolução na relação entre ator
e cenário revela a capacidade da cenografia de transcender seu papel tradicional e
se tornar uma parte essencial da experiência teatral.
Um cenário deve ser estruturado visualmente, assim como por uma
linguagem (convencional e significativa). O estudo da cenografia, centrado na
significação, indica que a interpretação específica varia de um tempo e espaço para
outro, influenciando ou distorcendo convenções como formato, estilo e significado,
assim como sua interconexão com outras áreas do conhecimento humano criando
uma conexão com o ator, tempo e espaço, permitindo uma compreensão completa
do ambiente cênico (Urssi, 2006).
A relação entre semiótica e cenografia é estreita, uma vez que a cenografia é
uma linguagem que utiliza signos para comunicar ideias. Através do uso de objetos,
cores, luzes, sombras e outros elementos, o cenógrafo cria um ambiente que sugere
um determinado significado para o espectador. Santaella (2002) propõe um método
analítico que permite lidar com as diferentes naturezas de mensagens, incluindo-se
componentes verbais, imagéticos, sonoros, etc. (e suas combinações), para mapear
processos de significado, como a união de um perfil de imagem com outro de som,
ou de palavras e imagens, por exemplo.
A função da semiótica é estudar os signos, que vão além das formas verbais
de linguagem e se estendem a diversas maneiras de comunicação. Isso inclui áreas
como arquitetura, música e artes plásticas, em que os signos são utilizados para
transmitir alguns significados. Pessoas que trabalham com arquitetura, por exemplo,
buscam transmitir uma mensagem ou intenção inicial através dos signos utilizados
em seus projetos, utilizando-se de signos e símbolos na criação e concepção do
espaço cênico. A cenografia, portanto, utiliza-se desses símbolos (elementos
27

visuais, sonoros, espaciais, etc.) para transmitir significados e sensações ao


espectador, amparando-se na semiótica para compreender como esses elementos
são percebidos e interpretados pelo público.
Na perspectiva da autora, a abordagem considera os processos de referência
e aplicabilidade da mensagem, bem como a forma como a percebemos, sentimos e
compreendemos o conteúdo enquanto interpretantes. Com base nessa teoria, é
possível extrair estratégias metodológicas para a análise de diversos processos
empíricos de signos, como a música, as imagens, a arquitetura, a publicidade, os
filmes, os vídeos e até a própria cenografia.
Embora o termo cenografia seja visto como um processo de criar ou produzir
um cenário para uma produção cênica, ela engloba tudo que é registrado
visualmente no palco, como o cenário, o figurino, a iluminação, o som, etc., pois tem
como meta criar impressões no público, marcada pelo jogo de fluxos, massas,
volumes, cores, etc. (Dias, 1995).
A arquitetura cenográfica, portanto, tem a capacidade de apresentar uma
multiplicidade de interpretações, em diferentes momentos. Isso ocorre porque a
disposição dos espaços, o design e a iluminação, por exemplo, afetam as pessoas
de maneira diversa, sendo assim, pode-se esperar que a arquitetura, como
linguagem não verbal, é capaz de transmitir não apenas um conceito, mas diferentes
entendimentos e percepções a partir de uma construção/conceitualização.
Nesse sentido, a semiótica também pode ser usada para entender como o
espectador interpreta a cenografia. É a partir da análise dos signos que se pode
compreender como o espectador recebe e interpreta a mensagem comunicada pelo
cenário. Por exemplo, o uso de uma determinada cor pode evocar diferentes
emoções em diferentes indivíduos, e a escolha de uma cor específica pode
influenciar a forma como o espectador recebe/interpreta uma mensagem. Neste
sentido, entende-se que a cor, a textura e a disposição dos objetos podem sugerir,
por exemplo, significações diversas, passeando por uma época histórica, uma região
geográfica, atmosferas de tensão ou medo, ou ainda, percepções de descontração,
a depender dos elementos utilizados e como eles se configuram para causar
determinadas impressões.
De acordo com Rizza (2013), a semiótica trata dos conceitos e das ideias de
como esses mecanismos de significação se desenvolvem natural e culturalmente. A
arquitetura, por sua vez, é reflexo das significações culturais e das compreensões da
28

natureza de uma determinada sociedade. Desse modo, ela é capaz de expressar


ideias e conceitos através de uma linguagem não somente estética, mas também
espacial e temporal. A arquitetura representa sinais entre o ser humano e os
diferentes espaços em que ele habita, dentro de um contexto histórico, cultural,
político e social específico. Como tal, ela é uma forma de comunicação especial
capaz de estabelecer relações tanto entre pessoas quanto entre espaços.
Em síntese, a semiótica é uma ferramenta útil na cenografia porque ajuda os
cenógrafos a criar um ambiente visual coeso e que transmite uma mensagem
própria – ela é uma ferramenta útil tanto na cenografia quanto na arquitetura,
ajudando os profissionais a escolher elementos visuais que transmitam a mensagem
diretiva de seus projetos, ou seja, criar espaços visualmente atraentes que
transmitam uma mensagem específica sobre a qual se deseja intencionar.
29

4 ANÁLISE DE CORRELATOS

Para a elaboração da proposta cenográfica, foram realizados estudos de


referência cenográficas em videoclipes. Aplica-se os princípios da semiótica e do
design como forma de análise, buscando compreender os elementos cenográficos
utilizados e os significados simbólicos subjacentes a essas escolhas. Ao se
aprofundar na análise, será capaz de desvendar os mecanismos pelos quais os mv’s
transmitem as mensagens intencionais por trás de cada videoclipe e criam uma
experiência visual envolvente para seus fãs.
Nesse contexto, os videoclipes selecionados incorporam um apelo visual com
mensagens subjetivas, adicionando significado à narrativa da letra. A análise da
cenografia dos videoclipes será apresentada a seguir, detalhando alguns quadros,
mostrando os visuais e estéticas incorporados pelos artistas.

4.1 BLACKPINK – Kill This Love

Ficha técnica
Direção: Seo Hyun-seung
Direção de arte: JinSil Park
Figurino: Edward Park
Composição da música: Teddy Park e Bekuh BOOM
Link para acesso: https://www.youtube.com/watch?v=2S24-y0Ij3Y
Ano do lançamento: 2019

Figura 10: Imagem ilustrativa da capa da música.

Fonte: Last.fm (2023).


30

O videoclipe Kill This Love, lançado em 2019 e dirigido por Seo Hyun-seung,
que já havia trabalhado com o grupo em outros vídeoclipes, como "Boombayah" e
"Playing With Fire", é um dos videoclipes mais icônicos do grupo BlackPink. Com
sua estética e mensagem, o videoclipe obteve enorme popularidade desde o seu
lançamento.
O vídeo se desenrola em várias cenas, com as quatro integrantes do grupo
apresentando coreografias marcantes. Com uma letra que fala sobre como superar
um amor que não está mais funcionando, o clipe é conhecido por sua estética
exuberante e visualmente impactante, com cores vibrantes e figurinos elegantes.
Na primeira cena, alinhada à ideia de Primeiridade, a personagem é
representada como uma entidade divina, evidenciada pela cantora vestida de
branco. Apesar do clichê romântico dos cisnes em forma de coração, a cor branca
na personagem simboliza um amor puro e idealizado, marcando o início da relação
(Figura 11).

Figura 11: Imagem ilustrativa de análise (0:15 minutos)

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2S24-y0Ij3Y&ab_channel=BLACKPINK.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.

Quando se observa a cena em uma proposição de possibilidades, como


elenca a Secundidade, pode-se verificar uma alusão cênica de contraste (cisne preto
31

x cisne branco), como na peça de William Shakespeare, "O Lago dos Cisnes", por
exemplo, em que o cisne branco representa a pureza e a inocência, enquanto o
negro simboliza a maldade e a malícia. Essas interpretações podem variar conforme
o contexto cultural, artístico ou literário do expectador, como uma percepção de
dualidade no sentimento, que ora converge à pureza, ora converge à astúcia, ou
uma dualidade entre o bem e o mal, luz e escuridão, em transcendência com a
percepção de infinito que se ancora no plano de fundo (céu aberto entre nuvens).
Em continuidade à mesma cena, conforme a Figura 12, em questão, é
retratado um coração lapidado com joias, simbolizando um amor precioso, valioso e
desejável. Essa representação sugere a possibilidade de idealização, destacando a
ideia de que o amor é precioso. Observa-se o cuidado dado ao coração, como se
fosse um tesouro valioso.

Figura 12: Imagem ilustrativa de análise (0:29 minutos)

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2S24-y0Ij3Y&ab_channel=BLACKPINK.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.

No entanto, não demora muito para o coração se partir e se transformar em


uma representação de dor, tristeza e sentimentos que um dia foram positivos, mas
que agora são apenas memórias fragmentadas, fragilizadas e vazias de significado.
O amor foi quebrado, assim como o encanto de uma suposta felicidade.
Para uma percepção final da cena, o significado de Terceiridade entoa um
sentimento de falta de plenitude, como resposta a uma emoção dúbia, como foi
apresentado por alguns símbolos como os cisnes e o coração coroado de joias.
32

 Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:


Cor: a imagem tem uma paleta com predominância do branco e preto e tons quentes
de laranja e amarelo, que adicionam um elemento de dramaticidade e contrate ao
cenário.
Forma: A imagem tem uma plástica que apela à ideia de infinito (plano de
fundo), onde subjazem a dualidade de dois grandes cisnes em contraste às facetas
do amor Shakespeariano: ora puro, ora destrutivo.
Textura: o plano de fundo apresenta contrastes de imagem com o plano de
frente (primeiro plano), no tocante à textura. Enquanto o primeiro plano é em
rugosidades, tanto dos cisnes quanto do figurino, criando um jogo de luz e sombras,
o plano de fundo apresenta uma textura suave, apesar de, imageticamente, compor
um nascer ou pôr do sol em meio a nuvens, gerando um ponto de contraste
interessante entre figura-fundo.
Escala: a cena tem duas escalas, uma em primeiro plano (evidenciando
elementos maiores que a figura humana – a artista ocupa a maior parte do quadro) e
outra em segundo plano, onde se tem a representação real do nascer ou pôr do sol
em plano de fundo.
Movimento: a cena tem uma sensação de movimento a partir da visualização
dos braços da artista estendidos e os pescoços dos cisnes curvados, formando um
coração, uma mensagem pragmática que leva à percepção de afetividade,
sentimentos.
Equilíbrio: a imagem tem uma simetria equilibrada, com a artista e os cisnes
no eixo de simetria, no centro do quadro.
Figura/fundo: a artista e os cisnes são a figura, enquanto o céu, com o sol,
forma o fundo, criando um contraste claro na imagem.
Hierarquia: na cena, o ponto hierárquico se estabelece na artista, que é o
elemento mais proeminente na imagem, os cisnes aparecem em segundo plano e o
céu e sol, em terceiro.
Volumetria: dadas as proporções do quadro, a análise da volumetria se
equivale à análise do item forma.
Luz: a luz na cena foi feita através de iluminação artificial, criando uma
iluminação suave, semelhante à luz do sol ao nascer ou se por.
33

Logo em seguida, abre-se um novo cenário. Outra integrante do grupo faz


uma entrada impactante na cena, chutando as portas do suposto “Paraíso” que, no
MV, se configura como um lugar mercadológico, com prateleiras de supermercado,
onde se poder comprar e escolher à vontade.

Figura 13: Imagem ilustrativa de análise (0:30 minutos)

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2S24-y0Ij3Y&ab_channel=BLACKPINK.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.

Em conformação com a ideia de Primeiridade, o ambiente mostra-se


carregado de informações, mas, quando se observa a cena em uma proposição de
possibilidades, como elenca a Secundidade, percebe-se que algumas caixas de
cereais, presentes na cena, trazem referência de um amor mercadológico, que se
pode encontrar facilmente e é carregando de sensações dúbias entre doce e
devastador, que pode faz alusão aos relacionamentos tóxicos e abusivos – conceito
maior da música e do vídeo clipe.
Para uma percepção final da cena, o significado, que está representado na
Terceiridade, chama a atenção para uma linguagem visual poluída de informações,
representada pelas inúmeras caixas de cereais empilhadas, que fazem alusão a um
amor perigoso, não saudável e destrutivo. Sob a perspectiva dos signos e da
linguagem visual, presentes na tipografia e elementos gráficos, o cenário transmite
uma mensagem de “armadilha”, reforçada pela ambiência de falso paraíso que, em
34

vez de azul (cor da calma e da tranquilidade), aparece em vermelho (cor das


paixões desenfreadas e das emoções turbulentas), evocando uma emoção mais
explosiva e visceral.

 Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:

Cor: o cenário é visualmente impactante, com a predominância de vermelho


nas paredes e prateleiras, e caixas multicoloridas no suposto Paraíso, que mais
parece uma loja de supermercado. A artista, no centro, com um figurino que remete
à imagem de garotas de programa, isto é, como uma metáfora à ideia de mulher
“comprável”, dá ainda mais contraste à cena.
Forma: a imagem apresenta um contexto de formas ora lineares, ora
quadradas e prismáticas, com predominância na percepção retangular das caixas de
cereal e dos pontos de visualização em quina (porta de acesso ao suposto paraíso)
e da diagramação de piso também com matriz quadrada. Do ponto de vista
cenográfico, a exacerbação da forma quadrática tem relação com o contexto de
agressividade da cena, já que o diálogo oposto (com uso da forma orgânica), traria a
sensação de harmonia e não de caos.
Textura: a textura das caixas de cereais é extravagante, com muita
informação e tipografia agressiva e colorida, trazendo informações de um amor sem
ponderação, beirando a acessos de violência e loucura.
Escala: a cena envolve a artista em um grande “tumulto” de informações, que
não dão margem a um pensamento racional, é um contexto de dramaticidade e
caos, embora em aparente ordem. A escala do ambiente é compatível a de um
quarto fechado cheio de informação, onde não se pode “respirar”.
Movimento: a composição arquitetônica, em si, não apresenta muito
movimento, já que a repetição da linearidade e da forma prismática cristalizam a
ideia de um caos organizado, sem movimento.
Equilíbrio: a imagem é equilibrada, com um eixo de simetria claro no centro
do quadro, rebatendo a mesma composição projetual à direita e à esquerda, com a
artista no centro e os doces de cada lado.
Figura/fundo: a artista no centro da imagem serve como a figura principal,
com os doces e a loja vermelha servindo como o fundo.
35

Hierarquia: a cena tem uma forte sensação de hierarquia, com a artista em


primeiro plano, no centro, e os doces margeando-a até o fundo.
Volumetria: a imagem apresenta uma sensação de espaço cercado, através
da disposição tridimensional das caixas de doces nas prateleiras e do volume
levemente curvado ao fundo. O arremate se dá pela porta do suposto “céu”, que
lembra a quina de uma parede, uma ponta, sugerindo a ideia de agressividade
também pela forma.
Luz: a loja apresenta uma iluminação de contraste (cênica), em um jogo de
luz que põe em foco certos planos de visualização, destacando as cores vibrantes
das caixas de cereal para criar um ambiente caótico e expressivo.

Com o desenrolar do enredo, e se chegando na primeira parte do refrão,


apresenta-se uma cena com elementos cenográficos marcantes, como que um
cenário de guerra e em ruínas – conforme figura 14.

Figura 14: Imagens ilustrativa de análise (1:30 minutos)

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2S24-y0Ij3Y&ab_channel=BLACKPINK.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.

Em relação à Primeiridade, a imagem demonstra uma clássica referência ao


personagem de Lara Croft, dos filmes/jogos do Tomb Raider; a referência à
personagem se dá em função do estereótipo das artistas, que também transmite a
percepção de mulher livre, independente e cheia de recursos, que tenta lutar contra
o aprisionamento em que está inserida.
Em relação à Secundidade, a cena demonstra um ambiente com algumas
características romanas, e com uma pegada de luta e ação, como forma de
36

manifestar a complexidade e as diferentes facetas das relações abusivas, retratando


tanto momentos de força e determinação, quanto momentos de conflito e destruição.
Por fim, na Terceiridade, o cenário constrói a imagem simbólica de
decadência e desintegração, manifestada pela queda o mito (estátua em plano de
fundo) – ela parece evocar uma metáfora para o tema da música, que fala sobre
romper com relacionamentos tóxicos e abusivos – reforçando a dualidade entre o
amor e a dor presente no conceito do vídeo.

 Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:

Cor: a imagem é predominantemente cinza, com tons amarronzados, como que em


um cenário de guerra. A estátua, ao fundo, na cor branca, remete à memória de uma suposta
incorruptibilidade do mito, em um primeiro aspecto de análise; porém, pelo posicionamento
ao chão e a dedução de um estado de destruição, sugere que este mito não é tão incorruptível
assim, como demonstrado em outras cenas do clipe onde se faz alusão à posição masculina na
análise.
Forma: o cenário apresenta formas geométricas que lembram um casarão
antigo, com pilares aparentes e robustos e um arco pleno como pano de fundo;
sugere um ambiente irregulares pós-desastre, composto por sujeira e escombros.
Textura: a textura áspera e irregular do cenário sugere um ambiente sujo,
descuidado, abalado, em ruínas, com o uso de materiais sem um acabamento fino
ou danificados.
Escala: a escala lembra a de um ambiente com pé-direito alongado ou duplo,
supostamente com coberta danificada, de onde se é possível começar a ver a luz
natural. Embora o ambiente apareça em suposta destruição, há aqui um aspecto de
contraste interessante com a cena anterior, onde há maior cuidado nas superfícies,
mas o pé-direito é baixo (achatado) e luz é artificial. Nesta cena, em particular, tem-
se a percepção de que se começa a ver a luz no fim do túnel.
Movimento: a cena sugere um movimento em ruína, como se tudo estivesse
desmoronando ou para desmoronar; a presença da estátua ao chão, já quebrada, e
as paredes em grande dano, denotam que edifício (outro nome para o amor
vivenciado), está prestes a cair.
Equilíbrio: do ponto de vista projetual, o ambiente foi construído de forma
simétrica e equilibrada, mesmo em estado de ruína. Os parâmetros de focalização
37

visual estão bem distribuídos, inclinando-se levemente à esquerda pela presença de


peso do busto da estátua.
Figura/fundo: a figura neste caso está representada pelas artistas, enquanto
o cenário se apresenta em fundo; como há um contraste visual importante denotado
pela cor do figurino utilizado, esta característica se encontra bem marcada no
espaço.
Hierarquia: na cena, o ponto hierárquico se estabelece nas artistas que são o
elemento mais proeminente na imagem, ao fundo, amarrando a cena, a composição
cenográfica não gera contraste com o plano de frente.
Volumetria: equivalente à análise feita na categoria escala.
Luz: a iluminação suave e difusa cria sombras suaves, o que contribui para a
sensação de profundidade e volume, porém há dois pontos focais de importantes –
que o contexto leva a crer ser a representação da luz natural, a partir do zênite – que
evocam a ideia já descrita de luz no fim do túnel.

Na mudança de cena, as integrantes dançam dentro de uma armadilha,


similar àquelas usadas para capturar animais selvagens, em outra ambientação de
cenário em ruínas. Como se isso não fosse suficiente para ilustrar a ideia de que o
amor é uma armadilha que atrai, engana e machuca, em conformação a ideia de
Primeiridade, o ângulo da filmagem faz com que a armadilha pareça um coração
“afiado”.
Figura 15: Imagem ilustrativa de análise (2:15 minutos)

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2S24-y0Ij3Y&ab_channel=BLACKPINK.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.

Figura 16: Imagem ilustrativa do making of


38

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=X-aaDs5heQ4.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.

Em seguida, o ambiente em ruínas dá lugar a um cenário de vermelho


intenso, com uma iluminação proposital e sombras marcantes, para marcar o conflito
e as dores da desilusão humana. De acordo com a teoria das cores, o vermelho
pode simbolizar tanto amor como o perigo, alerta ou algum tipo de violência e
agressão – retratando o contexto de perturbação evocado no MV.
Dentro da perspectiva de Secudindade, há uma clara manifestação da paixão
como uma armadilha, onde os riscos estão sempre presentes. Para aprofundar a
análise, observa-se que o risco é iminente, já que o contexto cenográfico ao redor
representa uma imagem de destruição em grandes proporções. Por fim, na
Terceiridade, percebe-se que a grande armadilha do amor pode sugerir perigo ou
desafio, já que as artistas brincam sobre ela, podendo ser interpretada como um
símbolo de falsidade, astúcia e traição que estava lá o tempo todo, já que a cena
anterior mostra o edifício ainda construído.

 Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:


39

Cor: a cena apresenta dois momentos, o primeiro de fundo branco e um segundo de


fundo vermelho. O fundo branco faz a memória do encontro com a luz, já que na cena anterior
ela era barrada pelo edifício já em ruínas; com a queda do edifício e a verificação de que ele é
a simbologia do amor como armadilha, a cena transfere a luz de pacificação, tom branco, para
a desilusão amorosa que agora é clara e visível em tom de vermelho.
Forma: a cena é composta por uma grande armadilha de caça em formato de
coração, cheia de espinhos, pronta para disparar e pegar a sua presa. Ao centro, vê-
se uma plataforma dourada, onde as artistas performatizam; no entendimento
semiótico, a cor dourada é a representação da dignidade das artistas que inocentes
caíram em uma cilada.
Textura: existe um contraste claro entre a figura da armadilha, cheia de
espinhos, a plataforma metálica lisa e indefectível e as ruínas ao chão. A placa
metálica dourada e sem imperfeições representa a inocência de que teve o coração
iludido por um amor armadilha. Ao observar em relação a cena anterior, vê-se que
as ruínas agora ao chão representam o edifício que antes estava por cair, revelando
uma estrutura (a armadilha – um outro nome para um amor corrompido) que estava
lá o tempo todo.
Escala: objeto cênico da armadilha faz referência a escala cênica, com
grande proporção. O fato deste artefato ser tão grande tem relação com o contexto
do outro e não das artistas principal é grande, com a forma circular ocupando a
maior parte do quadro.
Movimento: o movimento é um aspecto chave desta cena, tanto no design da
armadilha quanto na ação das asrtistas sobre ela. Isso cria uma sensação de
dinamismo e energia na composição geral.
Equilíbrio: A imagem é equilibrada, com a forma circular e as artistas no
centro criando uma sensação de simetria.
Figura/fundo: as artistas no centro da imagem são o ponto focal, com a
forma circular da armadilha agindo como o fundo.
Hierarquia: a hierarquia na imagem é claramente definida, com as cantoras
no centro atraindo a maior parte da atenção.
Volumetria: a imagem tem uma forte sensação de volume, especialmente na
forma circular com espinhos.
40

Luz: a luz na imagem parece vir de várias direções, predominantemente de


luz branca e, em seguida, de vermelha, criando uma dramaticidade para a cena e
gerando sombras e destaques interessantes.

No desfecho do videoclipe, pela primeira vez, surgem dançarinas de apoio,


todas mulheres, seguindo a liderança do BlackPink, que se encontram no centro da
cena.
Figura 17: Imagem ilustrativa de análise (2:50 minutos)

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2S24-y0Ij3Y&ab_channel=BLACKPINK.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.

Em conformação com a ideia de Primeiridade, vê-se a impressão de poder e


autoridade, auditada num cenário suntuoso e opulento, que remete a um palácio;
esta imagem transmite uma mensagem de dominação, controle, mas, sobretudo, de
renascimento. Em uma hipótese de possibilidades, como elenca a Secundidade, a
imagem sugere que o grupo “deu a volta por cima”, agora que, plenas, assumiram o
controle de suas vidas e de suas relações, e se apresentam como donas do palácio
reconstruído que parece ser o seu santuário, o seu coração; uma outra perspectiva é
vista na formação militar de infantaria, como contexto de reflexão para o
aprendizado futuro, como quem se arma e se militariza para estar pronto a enfrentar
qualquer ameaça; neste sentido, a cena evoca a percepção de que o que precisa
41

ser defendido é precioso e, portanto, há uma formação de “exército” que está pronto
para guardar este lugar que, neste caso, representa o coração.
Como afirmativa de Terceiridade, esse componente de ambiência tanto
suntuoso, quanto "militar", adorna poder e respeito assumido pela reconstrução do
ser, já que o percurso do videoclipe se finda a glorificação das artistas como marco
de plenitude, força e autoridade – as mulheres encontram sua própria revolução.

Figura 18: Imagem ilustrativa do making of

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=X-aaDs5heQ4.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.

 Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:

Cor: a imagem é dominada por cores contrastantes. Os dançarinos estão vestidos de


preto e branco, que se destacam contra as paredes do palácio em cores claras e suaves.
Forma: o cenário é dominado por arcos. Essas formas arredondadas são
contrastadas pelas linhas retas da escada onde os músicos estão posicionados.
Textura: a imagem apresenta uma textura suave de mármore nas paredes de
todo o cenário, transmitindo a ideia de um palácio luxuoso e imponente.
42

Escala: a escala é evidente na comparação entre os dançarinos e o grande


salão. O salão parece imenso em comparação com os dançarinos, o que aumenta a
sensação de grandiosidade.
Movimento: o movimento é dado a partir da complexidade de arcos e formas
orgânicas que se dispõe na cena. A diferença de patamares também gera
movimentação do olhar em diversos planos de visualização, culminando com o
arremate com um órgão de tubo ao fundo, que aparece com disposição linear em
ritmo piramidal.
Equilíbrio: o cenário é simétrico, com os arcos e patamares proporcionando
um equilíbrio visual.
Figura/fundo: as dançarinas, em suas roupas coloridas, são a figura principal
contra o fundo do cenário e dos músicos.
Hierarquia: a hierarquia é estabelecida pela posição dos dançarinos na frente
do cenário e dos músicos nos patamares ao fundo.
Volumetria: o volume é criado pelos arcos e pela escada, que dão uma
sensação de tridimensionalidade ao cenário.
Luz: a iluminação é suave, com tons de vermelho, e provém de várias
direções, criando sombras e destacando os dançarinos e músicos.

4.2 Taylor Swift - Look What You Made Me Do

Ficha técnica
43

Direção: Joseph Kahn


Direção de arte: Brett Hess
Cenógrafa: Brett Hess
Figurino: Joseph Cassell, Ashlyn Dixon, Andrew Hunt, e Shannon Stokes
Composição da música: Fred Fairbrass, Jack Antonoff, Richard Fairbrass, Rob Manzoli e Taylor
Swift
Link para acesso: https://www.youtube.com/watch?v=3tmd-ClpJxA
Ano do lançamento: 2017

Figura 19: Imagem ilustrativa da capa do álbum reputation no qual a música está inserida.

Fonte: Glamour (2017).

"Look What You Made Me Do" é um videoclipe icônico da cantora Taylor


Swift, lançado em 2017 como parte da promoção de seu sexto álbum de estúdio,
"Reputation". O videoclipe foi dirigido por Joseph Kahn e gerou impacto devido à sua
abordagem visual e às mensagens simbólicas incorporadas.
A música destaca-se pela atmosfera vingativa, na qual Taylor Swift expressa
sua resposta a críticas e situações adversas que enfrentou ao longo de sua carreira.
Com letras assertivas e confrontadoras, ela faz referências a conflitos e rivalidades
passadas, transmitindo uma mensagem de empoderamento e autodeterminação
(Englishcentral, 2023).
44

Na cena inicial, o videoclipe começa com Taylor Swift emergindo de um


túmulo, simbolizando o renascimento de sua imagem pública. No cemitério, há
lápides com referências a diferentes fases de sua carreira e conflitos passados.

Figura 20: Imagem ilustrativa de análise (0:20 minutos)

Fonte: Youtube (2017).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3tmd-ClpJxA
Acesso em: 23 de novembro, 2023.

A cena em questão, com a ideia de Primeiridade, pode ser vista na atmosfera


sombria e misteriosa do cemitério, na cor azulada que dá um tom frio e triste à cena. Com
Taylor emergindo de um túmulo, evoca uma sensação de renascimento,
transformação e vingança contra aqueles que a “mataram” publicamente. A
atmosfera do cemitério, os tons sombrios e a imagem de Swift saindo do túmulo são
elementos que criam uma impressão imediata de mudança.
Com a ideia de Secundidade, é acentuada pela presença de lápides com
referências a situações passadas de sua carreira, sugerindo uma conexão direta
entre a artista e sua própria história. A escolha do cemitério como cenário também
pode ser interpretada como uma resposta visual a críticas e controvérsias anteriores.
Para uma percepção final da cena, o significado de Terceiridade, essa cena
estabelece uma relação simbólica mais ampla. O cemitério e a imagem de emergir de um
túmulo podem ser interpretados como símbolos de reviravolta. Na terceiridade, a cena pode
45

ser vista como uma representação simbólica do ciclo de vida e morte, sugerindo que a "velha
Taylor" está morta, dando lugar a uma nova fase ou persona.

 Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:


Cor: a imagem apresenta uma paleta de cores predominantemente azul e preta, com
alguns detalhes brancos no vestido da artista e iluminações em laranja. Essa combinação cria
um ambiente com uma atmosfera macabra.
Forma: a cena possui uma composição que evoca a ideia de um cemitério, as
lápides se destacam como elementos principais, exibindo formas de cruz que
acentuam a temática, apresentando cruzes e algumas esculturas. A escolha desses
elementos sugere uma estética, reforçando a atmosfera que remete a um ambiente
fúnebre.
Textura: a imagem tem uma textura de concreto em suas lapides, como
também textura de solo com folhas caídas, criando uma atmosfera de sujeira. Essa
atenção aos detalhes texturais não só enriquece visualmente a imagem, mas
também intensifica a experiência do espectador, criando uma conexão mais imersiva
e realista com a temática do videoclipe.
Escala: a escala faz memória ao jogo do Infinito. Embora haja uma
delimitação clara ao fundo, a composição cenográfica traz a sensação de infinito,
sem delimitação de céu ou de planos além túmulos e/ou paredes do cemitério.
Movimento: o momento capturado é estático, mas a já que se a
representação de objetos cristalizados no tempo, como lápides de cemitério. É
importante notar que boa parte das lápides estão tombando, ao passo que, no
momento seguinte há um reajuste destas estruturas, como um prelúdio para o seu
ressurgimento, o acerto de contas.
Equilíbrio: a imagem é equilibrada, com a figura central que é a artista
ancorando a composição.
Figura/fundo: o mesmo que equilíbrio.
Hierarquia: a figura central (artista), é o elemento mais importante na
imagem, com os elementos de fundo a apoiando.
Volumetria: a volumetria da imagem se dá pela presença de inúmeras
lápides no cemitério, delimitadas por o que sugerem ser paredes ao fundo.
46

Luz: a escolha da iluminação em tons frios e sombrios, como o azul, contribui


para a atmosfera macabra, conferindo uma sensação de mistério e dramaticidade à
cena. As sombras criadas por essa iluminação reforçam os contornos das lápides,
esculturas e outros elementos, acentuando a estética geral do cemitério.
Em seguida, surge um cenário imponente, assumindo uma postura de poder
enquanto está sentada em um trono elaborado. A atmosfera é intensificada pela
presença de várias cobras ao seu redor, evocando um ar de intriga e mistério. A
cena, tem uma estética ousada e vingativa no videoclipe, captura a essência de
transformação e empoderamento.

Figura 21: Imagem ilustrativa de análise (0:50 minutos)

Fonte: Youtube (2017).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3tmd-ClpJxA
Acesso em: 23 de novembro, 2023.

Figura 21: Imagem ilustrativa de análise (0:50 minutos)


47

Fonte: Youtube (2017).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3tmd-ClpJxA
Acesso em: 23 de novembro, 2023.
A cena em questão, com a ideia de Primeiridade, a imagem pode ser vista na
atmosfera sombria e misteriosa do cenário. O ambiente tem características gótica
como as janelas de vitrais e as velas no altar, e a artista vestido de vermelho
evocam sentimentos de reverência, mistério.
Com a ideia de Secundidade, percebe-se a resistência e o contraste na
imagem. A artista, sentada em seu trono, parece desafiar o ambiente, enquanto
seus súditos lhe servem chá, representados, neste caso, pelas cobras.
O significado de terceiridade dessa cena finalmente, a interpretação da
imagem leva a entender a relação entre a artista e o ambiente. A figura representa a
cantora desafiando as normas e tradições representadas pela catedral. As velas
brancas podem indicar algum tipo de ritual ou cerimônia, adicionando outra camada
de significado à cena.

 Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:


Cor: a imagem é predominantemente em preto e dourado, criando um ambiente gótico
e suntuoso, acrescentando mais dramaticidade à cena. Destaca-se o vestido vermelho da
artista no centro, intensificando ainda mais a composição visual pela ideia de
realeza/divindade.
48

Forma: a cena apresenta uma visão abrangente de uma catedral gótica,


destacando as formas distintivas desse estilo arquitetônico, como arcos apontados e
abóbadas de cruzaria.
Textura: marcada tipografia dourada em relevo, impressa nos artefatos de
paredes e arcos.
Escala: a imagem é de grande escala, com a artista no centro figurando
como autoridade.
Movimento: a cena é estática, o movimento advindo dessa concepção se dá
pelo deslocamento das cobras.
Equilíbrio: a imagem é equilibrada com a cantora com um vestido vermelho
no centro atuando como ponto focal. Também se verifica uma simetria balanceada,
evidenciando a artista no centro da imagem.
Figura/fundo: o mesmo que equilíbrio.
Hierarquia: a artista com vestido vermelho no centro, sentada em um trono é
o elemento mais importante na imagem, com a catedral gótica atuando como um
elemento de fundo.
Volumetria: é notável que o cenário apresenta uma verticalidade e
grandiosidade. Algumas características principais contribuem para a volumetria
desse cenário como: a escada ao centro, arcos ogivais, abóbodas de cruzaria.
Luz: a iluminação na imagem reforça a figura-fundo, onde parece vir de uma
fonte não vista, com um ponto focal na artista, criando sombras dramáticas.
Em outra cena, a artista surge dentro de uma gaiola, cercada por paparazzi,
vestindo um traje laranja semelhante aos utilizados por detentos nos Estados
Unidos. No entanto, ela brinca, realiza um banquete e, aparentemente, diverte-se.
Durante essa refeição, mesmo estando enclausurada, ela desfruta de uma lagosta
acompanhada por um rato, simbolizando traição e dedo-duro.
49

Figura 22: Imagem ilustrativa de análise (1:21 minutos)

Fonte: Youtube (2017).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3tmd-ClpJxA
Acesso em: 23 de novembro, 2023.

Com a ideia de Primeiridade, a primeira impressão pode ser observada pela


forma na qual a cantora está inserida, assemelhando-se a uma gaiola de pássaros
dourada, evocando uma sensação de confinamento. Além disso, destaca-se a
combinação de cores, que inclui o laranja do seu figurino e o vermelho do balanço.
Com a ideia de Secundidade, observa-se a artista presa na gaiola, sugerindo
uma luta ou confronto. A presença de pessoas fora da gaiola pode indicar a
vigilância da artista e a falta de relação com o mundo exterior.
Para uma compreensão final da cena, sob a Terceiridade, seu significado
pode conduzir a diversas interpretações. A presença da artista na gaiola pode
simbolizar restrições ou limitações impostas pela sociedade ou autoimpostas. As
pessoas ao seu redor podem representar a vigilância imposta a ela como uma
pressão externa a sua realidade.
50

 Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:


Cor: a imagem tem um esquema de cores predominantemente dourada na estrutura da
gaiola e laranja no figurino da artista, criando um contraste forte e atraente com o fundo
escuro, enegrecido.
Forma: o objeto cênico principal é a gaiola, que apresenta uma imponente
estrutura, com a artista em seu interior. A gaiola possui um formato circular e faz
memória à prisão vivenciada pela artista.
Textura: a gaiola tem uma textura metálica na cor dourada, fazendo memória
a um passarinho valioso que voar, mas não pode.
Escala: a gaiola é grande e ocupa a maior parte da imagem, enquanto a
figura (a artista) no centro é menor em escala, o que aumenta a sensação de
confinamento.
Movimento: a criação de cena, em si, é estática. O movimento advém do
balanço presente na concepção cênica.
Equilíbrio: o equilíbrio cênico se dá pela conformação radial do cenário. A
gaiola, objeto central tem formato circular, margeada por vigilantes posicionados
radialmente em relação à presença da cantora.
Figura/fundo: a gaiola, junto com a cantora, é a figura cênica principal da
composição; aparece suntuosamente dourada, com a cantora ao centro. O fundo é
cuidadosamente enegrecido para dar destaque a esse elemento central da cena.
Hierarquia: a gaiola apresenta-se como ponto hierárquico dominante, com a
artista ao centro. Ela representa o ponto focal de destaque cênico.
Volumetria: o mesmo que figura/fundo e hierarquia.
Luz: a iluminação é dramática feita com canhões de iluminação, com luzes
brilhantes destacando a figura no centro e criando sombras fortes.

No decorrer do videoclipe, a cantora assume a postura de uma dominatrix,


liderando um esquadrão alinhado mulheres que parecem perfeitamente alinhadas ao
seu comando de dominadora. Essa representação pode sugerir uma resposta às
críticas sobre a autenticidade de seu grupo de amigas, insinuando que talvez tenha
sido percebido como algo montado e superficial, ou até mesmo uma crítica reflexiva
ao próprio conceito de "squad"5
5

"Squad" é uma expressão em inglês que se traduz para "pelotão" ou "tropa". No contexto
organizacional, os Squads referem-se a equipes multidisciplinares, ou seja, colaboradores de
51

Figura 23: Imagem ilustrativa de análise (1:50 minutos)

Fonte: Youtube (2017).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3tmd-ClpJxA
Acesso em: 23 de novembro, 2023.

No contexto da imagem, a ideia de primeiridade pode ser vista na atmosfera


geral criada pela cena - a cantora no palco, o esquadrão alinhado, a iluminação
vermelha. Esses elementos criam uma sensação imediata de poder, controle e
uniformidade.
Com a ideia de Secundidade, pode ser percebida na relação entre a cantora e
seu esquadrão. Há uma clara distinção entre a líder (a cantora) e os seguidores (o
esquadrão). A postura da cantora, a posição do esquadrão e a uniformidade das
roupas reforçam essa relação de poder
Por fim a Terceiridade, pode ser interpretada como a mensagem crítica que a
cena está tentando transmitir. A representação pode ser uma resposta às críticas
sobre a autenticidade do grupo de amigas da cantora, sugerindo uma percepção de
superficialidade ou artificialidade.

 Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:

diversas áreas que colaboram de maneira conjunta em prol de um objetivo comum.


52

Cor: a imagem é dominada por uma tonalidade vermelha, que pode evocar
sentimentos de paixão, poder e até mesmo perigo. Isso reforça a ideia de que a cantora está no
controle e tem uma presença poderosa.
Forma: as formas na imagem são principalmente retangulares (o palco, as
telas, a formação do esquadrão), o que sugere estabilidade e ordem. É importante
observar que não há nivelamento das relações. A cantora que aparece sobre uma
plataforma, em nível mais alto que as demais personagens, exerce uma função de
soberania e poder.
Textura: é evocada pela relação visual da luz com o contexto da cena. O
cenário em si traz uma percepção de textura visual com um banho de luz sob corpos
desnudos, marcando a presença de elementos humanos na cena.
Escala: a escala traz a composição do olhar para a artista, encabeçando o
pelotão. A ideia de soberania é bem representada nesta cena.
Movimento: a cena é sumariamente estática, com movimento apenas da
cantora como líder do pelotão. Todos parecem paralisar diante da suas
ordens/comando.
Equilíbrio: a imagem é equilibrada/simétrica, com a cantora no centro e o
esquadrão uniformemente distribuído em ambos os lados.
Figura/fundo: a cantora serve como a figura principal, com o esquadrão e o
palco agindo como o fundo. Isso ajuda a destacar a cantora e acentuar seu papel de
liderança.
Hierarquia: a hierarquia é claramente estabelecida, com a cantora no topo e
o esquadrão abaixo dela.
Volumetria: o mesmo que forma.
Luz: a iluminação vem principalmente do fundo, criando um efeito dramático e
destacando a cantora e o esquadrão.

Em uma das últimas cena do videoclipe, a artista aparece ao lado de oito


bailarinos com um cropped escrito “I Love T.S.” (Eu Amo T.S.) representando os
oitos relacionamentos vazados da artista.
A mesma frase foi utilizada por um dos namorados dela, Tom Hiddleston, em
2016. Dizem que a cantora persuadiu o ator a vestir essa blusa; talvez por isso, os
dançarinos pareçam tão desconfortáveis ao lado dela no clipe.
53

Figura 24: Imagem ilustrativa de análise (2:06 minutos)

Fonte: Youtube (2017).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3tmd-ClpJxA
Acesso em: 23 de novembro, 2023.
Com a ideia de primeiridade, somos imediatamente atingidos pela sensação
de elegância e sofisticação. A grandiosidade do salão de baile, a riqueza dos lustres,
a beleza da artista no centro - tudo isso contribui para uma sensação geral de luxo e
glamour.
Já na secundidade, pode ser vista na interação entre os dançarinos e a artista
e o espaço ao seu redor. A maneira como eles estão posicionados no salão de baile,
a forma como suas poses se relacionam com o ambiente.
Por fim na terceiridade,

 Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:


Cor: a imagem é predominantemente em tons claros com detalhes em dourado
contrastando com os figurinos preto.
54

Forma: a cena é composta por formas geométricas, como as janelas com formas
arredondadas, os lustres circulares e alguns boiserie retangulares sobre todo o cenário.
Textura: a textura do cenário é composta por mármore branco nas paredes,
madeira por todo o piso e alguns detalhes dourados simbolizando algo luxuoso.
Escala: a imagem é grande em escala, com os lustres e o fundo ocupando
uma quantidade significativa de espaço.
Movimento: a cena é estática. O movimento é dado pelos bailarinos.
Equilíbrio: a imagem é equilibrada, com os dançarinos em primeiro plano e
os lustres e paredes adornadas ao fundo.
Figura/fundo: a artista e os dançarinos em primeiro plano são a figura,
enquanto o resto do cenário como fundo.
Hierarquia: a hierarquia na imagem é estabelecida pela posição da artista e
os dançarinos.
Volumetria: o mesmo que forma.
Luz: é marcada pela presença dos lustres. Indiretamente a cena sugere
iluminação cênica difusa.

4.3 IZA – Brisa

Ficha técnica
Direção: Felipe Sassi
Direção de arte: Felipe Sassi, IZA e Bianca Jahara
Cenógrafa: Erica Betbeder
Figurino: Camila Viana
55

Composição da música: Pablo Bispo, IZA, Ruxell e Sergio Santos


Link para acesso: https://www.youtube.com/watch?v=0J8nAzl2bv4
Ano do lançamento: 2019

Figura 25: Imagem ilustrativa da capa da música

Fonte: POPline (2019).

Lançado em 2019, o vídeo musical "Brisa" destaca elementos de reggae e


pop, revelando a diversidade sonora da artista. Com uma atmosfera de verão, IZA
demonstra seu talento em cenários que incluem um navio e uma praia. A direção
ficou a cargo de Felipe Sassi, que também colaborou com a cantora na autoria do
roteiro. De forma geral, a música fala sobre estar na “brisa”, desfrutando da vida e
da natureza.
Logo na primeira cena, encontra-se a artista junto com seu grupo feminino em
uma cena cheia de cor, coreografia e um cenário de uma caravela onde foi projetada
e executada.

Figura 26: Imagem ilustrativa de análise (0:07 minutos)


56

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0J8nAzl2bv4.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.

A cena em questão, com a ideia de Primeiridade, traz a sensação de alegria e


diversão. As cores vibrantes, a disposição dos dançarinos e o cenário do navio criam
uma sensação de aventura e fantasia, simulando a ideia de viagem ou aventura.
Com a ideia de Secundidade, a presença do navio indica um ambiente
marítimo, onde transmite a ideia de trabalho em equipe e precisão, à procura de um
lugar onde possam curtir a brisa e desfrutar da natureza.
Para uma percepção final da cena, o significado de Terceiridade entoa um
sentimento de buscar por novas experiências e aventuras, como foi representado
por o símbolo principal da cena que é o navio.

 Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:


Cor: as cores vibrantes usadas no navio e nas roupas dos dançarinos
adicionam um elemento de alegria e energia ao cenário. Elas contrastam com o azul
calmo do céu, criando um equilíbrio visual.
57

Forma: o navio é um elemento arquitetônico importante na cena. Com formas


predominantemente curvadas e geométricas tem uma estrutura robusta e compacta,
com um casco largo e uma superestrutura que se estende ao longo do convés.
Textura: a textura do navio parece ser limpa, com apelo visual à artista e
suas dançarinas e na maior parte construído em madeira.
Escala: a escala do cenário é compatível com a de um navio histórico/antigo,
com os dançarinos ocupando a maior parte do espaço. O céu azul e as nuvens
brancas fornecem um fundo expansivo e um ar de infinito.
Movimento: o movimento é dado a partir das formas orgânicas e curvadas do
navio que se dispõe na cena. As linhas suaves e sinuosas da embarcação conferem
uma dinâmica única à composição, sugerindo uma harmonia essencial com as
ondas do oceano
Equilíbrio: a imagem é simétrica, com as dançarinas em primeiro plano e o
navio em segundo plano.
Figura/fundo: o navio e os dançarinos formam a figura, enquanto o céu azul
e as nuvens brancas formam o fundo. Há um contraste claro entre a figura e o fundo.
Hierarquia: na cena, o ponto hierárquico se estabelece na artista principal,
observando-se, a partir dela uma sucessão de planos visuais de dançarinos até o
limite do barco.
Volumetria: está bem representada na figuração concreta de um barco, com
elementos característicos que compõem o cenário neste ponto da música. além de
ser um elemento chave para a cena, traz um contexto de imersão e
tridimensionalidade, o que adiciona profundidade à imagem.
Luz: a luz na cena foi feita através de iluminação artificial para trazer a
sensação de dia ensolarado com foco vindo de cima, criando sombras e destacando
os personagens no navio.

Figura 27: Imagem ilustrativa do making of


58

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=U9_QLQkbJr4.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.

Logo em seguida, entra a cena do nado sincronizado, na qual a artista e suas


dançarinas se movem em perfeita sincronia, realizando uma coreografia em torno de
um objeto em camadas. Isso proporciona uma estética de leveza à apresentação.

Figura 29: Imagem ilustrativa de análise (0:10 minutos)

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0J8nAzl2bv4.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.
59

Em conformação à ideia de Primeiridade, o ângulo da filmagem faz com que


a o objeto pareça um bolo em camadas. A primeira sensação que temos ao olhar
para a imagem é a de harmonia e sincronia. As cores vibrantes, a disposição das
nadadoras e a água azul brilhante criam uma sensação de beleza e equilíbrio.
Dentro da perspectiva de Secudindade, neste caso, podemos inferir o esforço
e a dedicação necessários para realizar tal performance. A cena transmite a ideia de
trabalho em equipe, precisão e leveza, elementos essenciais na natação
sincronizada.
Por fim, na Terceiridade, interpretada como uma representação da beleza e
da harmonia por contraste (azul x rosa) que podem ser alcançadas através do
trabalho em equipe e da dedicação. Além disso, a natação sincronizada é um
esporte que combina força, graça e precisão, e essa imagem captura esses
elementos de maneira eficaz.

Figura 30: Imagem ilustrativa do making of

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=U9_QLQkbJr4. Acesso em: 16 de novembro,
2023.
60

 Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:

Cor: a cor dominante nesta imagem é azul e rosa, com destaques em branco na
logomarca do patrocinador (amaciante Downy)
O Amaciante Downy Concentrado Brisa de Verão, de tonalidade azul, apresenta
uma embalagem que sugere flores rosas, proporcionando suavidade e uma
experiência sensorial singular.
Figura 31: Imagem ilustrativa do amaciante Downy

Fonte: Downy (2021).


Disponível em: https://www.downy.com.br/pt-br/comprar-produtos/essenciais-do-dia-a-dia/
amaciante-downy-brisa-verao/.
Acesso em: 19 de novembro, 2023.

Forma: a cena é composta por um grupo de pessoas em uma formação


circular em camadas, com uma pessoa no centro em primeiro plano. A forma circular
da volumetria lembra a tampa do amaciante visto de cima, imerso num mar azul
temático tanto da música quanto do patrocinador.
Textura: a textura da água/mar; azul x amaciante; rosa x flores da embalagem e das
roupas das pessoas.
Escala: a escala sugere uma visualização top-down radial, onde o primeiro
plano de visualização foca na artista, em sucessivas camadas até se perder no
mar/amaciante.
Movimento: é dado pelas ondas do espelho d’água e movimento das
dançarinas.
Equilíbrio: a imagem é perfeitamente equilibrada, em formato radial, que
denota a ausência de início e fim, focando no pivô central que é a artista.
Figura/fundo: as pessoas na imagem são a figura, com a água servindo
como fundo (contraste azul x rosa – figura rosa fundo azul).
61

Hierarquia: a artista no centro da imagem é o ponto focal, com as outras


servindo como elementos de apoio.
Volumetria: tampa do amaciante
Luz: cênica focal

Em continuidade ao videoclipe, conforme a Figura 32, em questão, é retratado


um cenário praiano, dominado por uma barraca de coco com um telhado de palha,
decorado com flores e plantas coloridas.
Na cena há a artista está em pé dançando, isso sugere que elas estão aproveitando
o clima quente e ensolarado.

Figura 32: Imagem ilustrativa de análise (1:00 minutos)

Fonte: Youtube (2019).


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0J8nAzl2bv4.
Acesso em: 16 de novembro, 2023.

Em relação à Primeiridade, pode ser vista na barraca de coco, no meio da


areia, em um clima praiano, descontraído, relaxante e tropical que a imagem
transmite. A cena demonstra em primeiro plano a venda de coco e a artista
aproveitando o que leva a crer seja a estação do verão, férias, praia e tranquilidade.
Em relação à Secundidade, a cena retrata um ambiente praiano,
evidenciando algumas características. A presença das duas mulheres de biquíni
pode ser considerada um indicativo típico de um cenário de praia, já que é comum
62

observar pessoas vestindo biquínis nesse contexto. (plantas, paisagem paradisíaca,


dreads na cabeça e acessórios africanos, reagge que lembram a cultura da
maconha).
Por fim, o cenário constrói a imagem simbólica da a Terceiridade que se
revela como estar na brisa, ou seja, uma alusão clara à sensação proporcionada aos
usuários da droga.

 Sobre a composição cenográfica da cena pode-se destacar:

Cor: a imagem possui uma paleta de cores associadas ao reggae e a cultura da


maconha com verdes, vermelhos e amerelos, sob um fundo azul de praia/céu que. Isso
contribui para a atmosfera tropical e relaxante do cenário.
Forma: a cabana tem uma forma simples e funcional, típica das construções
de praia. As palmeiras e toda vegetação adicionam uma variedade de formas
orgânicas ao cenário e uma memória à canabis, pelo formato das folhas
(pontiagudas).
Textura: a textura do telhado de palha da cabana, a textura de madeira em
toda construção, das folhas das plantas e a areia da praia adicionam um elemento
tátil à imagem. Isso contribui para a sensação de estar em um ambiente paradisíaco
praiano.
Escala: condizente com dois planos de visualização: o primeiro, compacto e
pequeno, formado pelo cenário propriamente dito; o segundo, amplo e infinito,
formado pela paisagem de fundo
Movimento: do ponto de vista cênico, a imagem sugere uma visualização
plástica estática; o movimento aparente é dado pela coreografia da artista.
Equilíbrio: a imagem também simétrica e equilibrada, com a cabana ao
centro e a vegetação emoldurando ambos os lados. Isso cria uma sensação de
harmonia e estabilidade.
Figura/fundo: a cabana e as pessoas são as figuras principais na imagem,
com a praia e o oceano servindo como pano de fundo. Isso ajuda a destacar a
arquitetura da cabana.
Hierarquia: a cabana é o elemento mais proeminente na imagem, indicando
sua importância no cenário.
63

Volumetria: o cenário tem um volume simples e compacto, típico das


construções de praia. Isso contrasta com o volume mais complexo e orgânico da
paisagem em plano de fundo.
Luz: a luz do sol cria sombras fortes e contrastantes com o jogo de luz e
sombra do fim da tarde. A manifestação de sombras em formação direita-esquerda
sugere que o sol está a poente, já que no Brasil, ele só está a leste pela manhã. Isso
contribui com uma atmosfera de preparação para a noite que está por vir.

5 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ – DIMENSIONAMENTO

O programa de necessidades deste trabalho tem como objetivo principal a


definição dos blocos cênicos essenciais para a proposição/concepção dos cenários
arquitetônicos para o videoclipe. Busca-se, assim, estabelecer diretrizes claras e
criteriosas que orientarão a criação de espaços visuais dinâmicos e impactantes,
alinhados à linguagem narrativa e estética proposta para a produção audiovisual.
A escala escolhida para a confecção das maquetes é 1:25, proporcionando
uma representação detalhada e proporcional do bloco cênico. A utilização dessa
escala específica não apenas realça a precisão na reprodução das proporções do
bloco cênico, mas também facilita a visualização de cada elemento.
Para tal, definiu-se cortes cênicos representativos de cada programação
conceptiva, de forma que se apresentam o recorte linguístico da música equivalente
à cada produção cênica deste trabalho. Note-se, para tanto, que o bloco cênico 2 e 4
correspondem ao refrão da música e, portanto, serão concebidos por uma única
unidade plástica conceitual.
64

5.1 Definição dos blocos cênicos:

 Bloco cênico 1 – Sala de TV (período do tempo 0:10 minutos)

Future / (Futuro)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)6
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)

You want a timeless song, I wanna change the game / (Você quer uma música atemporal, eu quero
mudar o jogo)
Like modern architecture, John Lautner coming your way / (Como a arquitetura moderna, John
Lautner vindo em sua direção)
I know you like this beat 'cause Jeff been doing the damn Thing / (Eu sei que você gosta dessa
batida porque foi o Jeff que produziu)
You wanna turn it up loud, future nostalgia is the name (future nostalgia) / (Você quer isso no
máximo, nostalgia do futuro é o nome (nostalgia do futuro)

I know you're dying trying to figure me out / (Eu sei que você está morrendo de vontade de me
entender)
My name's on the tip of your tongue, keep running your mouth / (Meu nome está na ponta da sua
língua, continue com o falatório)
You want the recipe, but can't handle my sound / (Você quer a receita, mas não aguenta meu som)
My sound, my sound (future, future nostalgia) / (Meu som, meu som (futuro, nostalgia do futuro)

Neste bloco, a cenografia tem como objetivo criar a representação visual de


uma sala de TV com um toque retrô, incorporando todas as referências necessárias
para os próximos cenários que serão apresentados. A ambientação inclui elementos
que remetem a épocas passadas, como mobiliário vintage, cores nostálgicas 7 e uma
seleção de objetos decorativos que antecipam e contextualizam as temáticas a
serem exploradas nas próximas cenas. Essa cuidadosa construção visual
estabelece uma conexão coesa entre os diferentes ambientes, proporcionando uma
experiência imersiva.
Matriz propositiva: a fim de desenvolver a concepção estética deste cenário,
será adotada a representação visual de elementos como sofá, mobiliário de apoio
para a televisão, tapete, luminária e uma variedade de outros objetos selecionados
para enriquecer o contexto cênico. Além disso, a inclusão de adereços, quadros,
6
No texto apresentado, existe a representação de duas linguagens musicais: a interpretada
pela artista Dua Lipa e o contexto de back vocal da música. Tudo que estiver relacionado a este
contexto, especificamente, aparecerá em sublinhado.
7
Entende-se por cores nostálgicas, a paleta de cores utilizada pelo design para representar e
valorar elementos gráficos, cênicos ou tridimensionais de estilo vintage.
65

cortinas e elementos decorativos específicos de uma estética retro fortalecerá a


narrativa visual.
Pré-dimensionamento: o dimensionamento deste bloco é de 6 metros por 5
metros.
Materiais utilizados: isopor, cola instantânea, tintas, acetato, papel Paraná,
iluminação e uma variedade de materiais adicionais como pequenos objetos
decorativos, miniaturas de mobiliário, tecidos para representar cortinas ou tapetes, e
outros detalhes que contribuirão para uma representação mais rica e fiel do cenário
em questão.
 Bloco cênico 2 – Mulher Alfa (período do tempo 0:45 minutos)
No matter what you do, I'm gonna get it without ya (hey, hey) / (Não importa o que você faça, eu
vou conseguir sem você (ei, ei)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
I know you ain't used to a female alpha (no way, no way) / (Eu sei que você não está acostumado
com uma mulher alfa (sem chance, sem chance)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
No matter what you do, I'm gonna get it without ya (hey, hey) / (Não importa o que você faça, eu
vou conseguir sem você (ei, ei)

(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)

I know you ain't used to a female alpha (no way, no way) / (Eu sei que você não está acostumado
com uma mulher alfa (sem chance, sem chance)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)

Neste bloco, a cenografia tem o objetivo de evocar sensações de


feminilidade e poder associadas a uma mulher alfa. A ambientação é elaborada,
incorporando elementos que simbolizam a autonomia, confiança e liderança
associadas a essa representação feminina de empoderamento.
Matriz propositiva: a fim de desenvolver a concepção estética deste cenário,
será adotada a representação visual de elementos que evoque sensações de
feminilidade e poder associadas a uma mulher alfa, pode integrar elementos
simbólicos que representam a independência e liderança. A cenografia presente
neste bloco pode incorporar estruturas arquitetônicas inovadoras e futurísticas. Além
disso, o uso de espelhos ou superfícies reflexivas pode simbolizar autoconhecimento
e autoconfiança.
Pré-dimensionamento: o dimensionamento deste bloco é de 10 metros por 7
metros.
66

Materiais utilizados: isopor, cola instantânea, tintas, acetato, papel Paraná,


iluminação e vidro, dessa maneira, a utilização cuidadosa desses materiais e
técnicas não apenas visa criar uma experiência visual cativante, mas também
procura transmitir a mensagem de feminilidade e poder associados à figura da
mulher alfa.

 Bloco cênico 3 – Proteção frágil (período do tempo 1:00 minutos)

Can't be a rolling stone if you live in a glass house (future nostalgia) / (Não dá pra ser uma pedra
rolando se você tem teto de vidro (nostalgia do futuro)
You keep on talking that talk, one day you're gonna blast out / (Você continua com esse papo, um
dia você vai explodir)
You can't be bitter if I'm out here showing my face (future nostalgia) / (Você não pode ser amargo se
estou aqui mostrando meu rosto (nostalgia do futuro)
You want what now looks like, let me give you a taste / (Você quer saber como é o agora, deixa eu
te dar uma amostra)

Neste bloco, a cenografia busca intencionalmente transmitir não apenas as


sensações de fragilidade e transparência, mas também explorar a complexidade
desses elementos. O cenário meticulosamente elaborado, utilizando cores suaves,
texturas e materiais delicados e elementos visuais devem sugerir vulnerabilidade. Ao
mesmo tempo, a transparência representada não apenas como fragilidade, mas
como uma expressão de autenticidade e coragem.
Matriz propositiva: a fim de desenvolver a concepção estética deste cenário,
a escolha de utilizar um "teto de vidro" como metáfora visual é simbólica,
representando a transparência e a exposição. As cores suaves e a iluminação
contribuem para criar uma atmosfera fluida, onde a fragilidade e a autenticidade
coexistem. Texturas delicadas, como tecidos suaves e materiais translúcidos,
enfatizam a sensação de vulnerabilidade e expõem a verdade subjacente.
Pré-dimensionamento: o dimensionamento deste bloco é de 10 metros por 7
metros.
Materiais utilizados: isopor, cola instantânea, tintas, acetato, papel Paraná,
tecido, iluminação e vidro, a variedade de materiais propostos enriquecerá a
narrativa visual do cenário, transmitindo a mensagem objetiva da cena.

 Bloco cênico 4 – Mulher Alfa (período do tempo 1:18 minutos)


67

I know you're dying trying to figure me out / (Eu sei que você está morrendo de vontade de me
entender)
My name's on the tip of your tongue, keep running your mouth / (Meu nome está na ponta da sua
língua, continue com o falatório)
You want the recipe, but can't handle my sound / (Você quer a receita, mas não aguenta meu som)
My sound, my sound (future, future nostalgia) / (Meu som, meu som (futuro, nostalgia do futuro)

No matter what you do, I'm gonna get it without ya (hey, hey) / (Não importa o que você faça, eu
vou conseguir sem você (ei, ei)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
I know you ain't used to a female alpha (no way, no way) / (Eu sei que você não está acostumado
com uma mulher alfa (sem chance, sem chance)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
No matter what you do, I'm gonna get it without ya (hey, hey) ) / (Não importa o que você faça, eu
vou conseguir sem você (ei, ei)
(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
I know you ain't used to a female alpha (no way, no way) / (Eu sei que você não está acostumado
com uma mulher alfa (sem chance, sem chance)

(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)

Neste bloco, se repete o mesmo cenário do bloco 2.

 Bloco cênico 5 - Enfrentamento (período do tempo 1:52 minutos)


You can't get with this if you ain't built for this / (Você não pode com isso se não nasceu pra isso)
You can't get with this if you ain't built for this / (Você não pode com isso se não nasceu pra isso)
I can't build you up if you ain't tough enough / (Eu não posso te moldar se você não for forte o
suficiente)
I can't teach a man how to wear his pants (haha) / (Eu não posso ensinar um homem a usar calças
(haha)

Neste contexto, o bloco cênico busca transmitir a ideia de revelação e


exposição da força interior. O nome foi escolhido com o propósito de destacar que a
verdadeira força interior se revela durante a performance, enfatizando a importância
da autenticidade e resiliência.
Matriz propositiva: a fim de desenvolver a concepção estética deste cenário,
a ambientação incorpora elementos que simbolizam robustez, como estruturas
sólidas e elementos arquitetônicos imponentes. A paleta de cores pode incluir tons
fortes e marcantes, transmitindo uma sensação de poder e determinação.
68

Pré-dimensionamento: o dimensionamento deste bloco é de 10 metros por 7


metros.
Materiais utilizados: isopor, cola instantânea, tintas, acetato, papel Paraná e
iluminação, a variedade de materiais propostos enriquecerá a narrativa visual do
cenário, transmitindo a mensagem objetiva da cena.

 Bloco cênico 6 – Pista de Dança (período do tempo 2:10 minutos)

I know you're dying trying to figure me out / (Eu sei que você está morrendo de vontade de me
entender)
My name's on the tip of your tongue, keep running your mouth / (Meu nome está na ponta da sua
língua, continue com o falatório)
You want the recipe, but can't handle my sound / (Você quer a receita, mas não aguenta meu som)
My sound, my sound (future) / (Meu som, meu som (futuro)

I know you're dying trying to figure me out / (Eu sei que você está morrendo de vontade de me
entender)
My name's on the tip of your tongue, keep running your mouth / (Meu nome está na ponta da sua
língua, continue com o falatório)
You want the recipe, but can't handle my sound / (Você quer a receita, mas não aguenta meu som)
My sound, my sound (future, future nostalgia) / (Meu som, meu som (futuro, nostalgia do futuro)

(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)


(Future nostalgia) / (Nostalgia do futuro)
My sound, my sound, my sound / (Meu som, meu som, meu som)
(Future, future nostalgia) / (Futuro, nostalgia do futuro)

Neste cenário, a intenção é criar uma atmosfera retrô-futurista, mesclando


elementos dos anos 1980 com uma perspectiva futura. Este ambiente representa um
clube noturno, incorporando uma estética moderna e futurista, caracterizada por
luzes neon, cores vibrantes e decorações futurísticas. Essa fusão de estilos
proporciona uma sensação de nostalgia em relação ao futuro, resultando em uma
estética contemporânea e futurista.
Matriz propositiva: com o intuito de desenvolver a concepção estética deste
cenário, a ambientação integra elementos arquitetônicos que adotam linhas limpas e
geométricas, inspiradas no estilo futurista. Paralelamente, são inseridas referências
sutis a elementos retrô, como padrões característicos dos anos 1980. A fusão
desses estilos visa criar uma atmosfera singular, convidando o espectador a imergir
em uma experiência estética única, uma síntese entre o familiar e o desconhecido.
Pré-dimensionamento: o dimensionamento deste bloco é de 10 metros por 7
metros.
69

Materiais utilizados: isopor, cola instantânea, tintas, acetato, papel Paraná,


acrílico e iluminação, a diversidade de materiais sugeridos contribuirá para a riqueza
visual do cenário, comunicando claramente a mensagem desejada na cena.

6 CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO

O conceito do estudo é "nostalgia futura" refere-se à sensação de nostalgia


em relação a elementos do presente que, no futuro, podem evocar sentimentos de
saudade ou apreciação. No contexto arquitetônico, isso poderia se manifestar em
um estilo que incorpora elementos contemporâneos, mas com referências ou
influências de estilos do passado, de uma forma que seja percebida como nostálgica
no futuro
Nesse sentido, o partido arquitetônico adota o retrofuturismo, combinando
características do passado com uma visão do futuro, criando uma estética que
parece pertencer tanto a eras anteriores quanto a um futuro imaginado. Pode
envolver elementos arquitetônicos inovadores, como formas geométricas ousadas,
valorização a estética vintage, mas incorporando tecnologias e materiais
contemporâneos com um design que provoca uma sensação de familiaridade e
nostalgia, ao mesmo tempo em que incorpora uma visão futurista.

7 DESENVOLVIMENTO DOS CENÁRIOS ATRAVÉS DAS MAQUETES

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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RODRIGUES, R. G. Videoclipes marcaram a história da música e continuam a


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ROLLING STONE EUA. Taylor Swift retorna com a vingativa “Look What You
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URSSI, Nelson José. A linguagem cenográfica. São Paulo, 2006.

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<https://www.vanityfair.com/style/2021/06/cover-story-how-dua-lipa-conquered-
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