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UNIVERSIDADE DE SOROCABA

PRÓ- REITORIA ACADÊMICA

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Andressa dos Santos Ferreira

ARQUITETURA COMO ELEMENTO ESTRATÉGICO PARA A


REESTRUTURAÇÃO DE VAZIOS URBANOS - SÃO MIGUEL ARCANJO/SP

Sorocaba/SP

2016
Andressa dos Santos Ferreira

ARQUITETURA COMO ELEMENTO ESTRATÉGICO PARA A


REESTRUTURAÇÃO DE VAZIOS URBANOS - SÃO MIGUEL ARCANJO/SP

Trabalho de graduação interdisciplinar


apresentado como exigência parcial para
obtenção do Diploma de Graduação em
Arquitetura e Urbanismo, da Universidade de
Sorocaba.

Orientador: Dr. Luiz Antonio de Paula Nunes

Sorocaba/SP

2016
RESUMO

Numa sociedade calcada em mudanças, o meio em que esta vive sujeita-se


às mesmas mudanças, porém as consequências sofridas por esse meio sem um
planejamento urbano prévio e ordenado, traduz-se em vazios urbanos, áreas
subutilizadas e degradadas. Buscando-se uma maior compreensão sobre o
surgimento dessas áreas, serão analisados os vazios urbanos e como estes podem
afetar o tecido urbano e consequentemente o desenvolvimento da vida coletiva junto
aos espaços públicos, gerando por fim uma base, onde serão avaliadas e estudadas
possibilidades de recuperação dessas áreas degradadas por intermédio de uma
intervenção urbana, reintegrando novamente o espaço na malha, resultando no
projeto de um parque urbano.

PALAVRAS- CHAVE: vazios urbanos, intervenção urbana, parque urbano.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1-Terreno escolhido ....................................................................................... 29


Figura 2- Topografia do terreno................................................................................. 30
Figura 3- Criação dos Patamares.............................................................................. 31
Figura 4- Setorização dos programa ......................................................................... 31
Figura 5- Organograma ............................................................................................. 32
Figura 6- Equipamentos demolidos e realocados ..................................................... 33
Figura 7- Equipamento Preservado ........................................................................... 33
Figura 8- Equipamentos Implantados e Realocados ................................................. 34
Figura 9- Conexões ................................................................................................... 35
Figura 10- Trajetos e paradas ................................................................................... 36
Figura 11- Mudança no viário .................................................................................... 37
Figura 12- Linguagem Arquitetônica ......................................................................... 39
Figura 13- A biblioteca Profª Diva Galvão Nogueira França...................................... 41
Figura 14- Percentual em relação livro X habitante ................................................... 42
Figura 15- Organograma biblioteca ........................................................................... 45
Figura 16- Estudo da Forma...................................................................................... 46
Figura 17- Setorização da Biblioteca ......................................................................... 47
Figura 18- Acessos ................................................................................................... 48
Figura 19- Esquema Guardian Sun ........................................................................... 49
Figura 20- Esquema do teto verde ............................................................................ 49
Figura 21- muxarabi desenvolvido ............................................................................ 50
Figura 22- Modelo de Encaixe................................................................................... 51
Figura 23- Isolamento Acústico ................................... Error! Bookmark not defined.
LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Áreas Culturais/educacionais ................................................................... 27


Tabela 2- Áreas de recreação ................................................................................... 28
Tabela 3- Áreas de lazer ........................................................................................... 28
Tabela 4- Áreas esportivas........................................................................................ 28
Tabela 5- Espécies utilizadas .................................................................................... 39
Tabela 6- Programa de necessidades ....................................................................... 44
SUMÁRIO

1 Introdução ............................................................................................................ 6

2 ESTRUTURA URBANA ........................................................................................ 8

3 Dinâmica dos vazios urbanos .......................................................................... 10

3.1 Conceituação de vazio urbano ........................................................................ 12

3.2 Relação do vazio com o tecido urbano ........................................................... 13

4 Espaço público X Vazios urbanos .................................................................... 16

4.1 Deterioração das relações sociais .................................................................. 17

4.2 Deterioração ambiental .................................................................................... 18

4.3 Intervenção urbana para requalificação dessas áreas degradadas ............. 19

5 Análises urbanas ............................................................................................... 21

5.1 Considerações sobre o município de São Miguel Arcanjo ........................... 21

5.2 Considerações do terreno escolhido para a intervenção urbana ................ 22

5.3 Área envoltória do Terreno: Lagoa do Guapé ................................................ 22

5.4 Consideração sobre as análises urbanas....................................................... 22

6 Análises projetuais ............................................................................................ 24

6.1 Considerações sobre as análises projetuais ................................................. 25

7 Parque do guapé................................................................................................ 26

7.1 Pontos negativos e positivos da área ............................................................. 26

7.2 Diretrizes Projetuais ......................................................................................... 27

7.3 Programa de Necessidades ............................................................................. 27

7.4 Implantação de Equipamentos ........................................................................ 29

7.5 Acessos e trajetos ........................................................................................... 34

7.6 Partido do projeto ............................................................................................. 38

7.7 Paisagismo ........................................................................................................ 39

7.8 A biblioteca........................................................................................................ 40
7.8.1 Espaço físico ................................................................................ 41

7.8.2 Ventilação, umidade e temperatura .............................................. 43

7.8.3 Iluminação .................................................................................... 43

7.8.4 Pisos e paredes ............................................................................ 44

7.8.5 Ruídos .......................................................................................... 44

7.9 Programa de Necessidades ............................................................................ 44

7.10 Partido Arquitetônico ..................................................................................... 46

7.11 Acessos .......................................................................................................... 47

7.12 Elementos do edifício ................................................................................... 48

7.13 Sistema Estrutural ......................................................................................... 52

7.14 Sistema Construtivo...................................................................................... 52

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 53

LISTA DE FIGURAS DAS PRANCHAS: ANÁLISES PROJETUAIS ....................... 56


6

1 INTRODUÇÃO

O escopo deste trabalho aborda como tema a intervenção urbana, tratando de


espaços obsoletos na cidade e quais seriam as melhores estratégias para elaborar tal
intervenção, baseada no entendimento do local e suas necessidades. O local
designado para tal intervenção, trata-se do município de São Miguel Arcanjo, uma
cidade do interior de São Paulo, que apesar de ser considerada de pequeno porte,
também apresenta problemáticas de cidades de grande porte.

O foco de discussão disposto, aborda a questão dos vazios urbanos desde sua
origem, desenvolvimento e suas relações com a malha urbana. Conduzindo a
discussão para o seguinte problema de pesquisa: como reestruturar um vazio urbano?

Para a elaboração de uma base projetual, primeiramente foi realizada uma


coletânea de estudos e teorias, buscando avaliar as problemáticas dos vazios urbanos
e suas potencialidades. Para tanto, foram também desenvolvidas análises urbanas,
para reconhecimento da área e seus pontos carentes de mudança, bem como as
análises projetuais, que serviram como base para entendimento das estratégias,
equipamentos e atividades propostas para reestruturação em locais com a mesma
condição de vazio.

Atualmente os vazios urbanos são tratados como grande foco em discussões,


devido aos problemas sociais, econômicos e espaciais que estes agregam no meio
urbano. E para um conhecimento mais amplo sobre o assunto, serão dispostos neste
trabalho a estruturação urbana, bem como as ações e falhas reponsáveis pelo
surgimento desses vazios, e como estes espaços sem uso são analisados na malha,
apenas existindo com a finalidade de degradação da paisagem e como barreira
urbana.

Porém, o que aponta-se é a conotação de mudança que tais espaços podem


proporcionar na cidade, desde que bem direcionados e com apoio de uma arquitetura
e urbanismo bem planejado, esses locais podem representar espaços de grande
qualidade, podendo então serem reconectados na malha urbana e reestruturados
para atender a cidade e a população.
7

Para a proposta de intervenção, chegou-se ao objeto de parque urbano,


reestruturando assim uma área de grande concentração de espaços vazios e
subutilizados, buscando tirar partido da natureza existente no local, proporcionando
espaços de lazer, cultura e recreação para a população são-miguelense, retomando
a vitalide de espaço outrora abandonado, tornando-o um disseminador de vida
pública, sendo estes os objetivos alcançados com o desenvolvimento do trabalho.
8

2 ESTRUTURA URBANA

O município de São Miguel Arcanjo foi indicado para a proposta de intervenção


urbana devido as suas problemáticas de vazios urbanos, que são decorrentes na
maioria dos municípios, inclusive nos municípios de pequeno porte. Para um maior
entendimento sobre essa problemática, primeiramente deve ser entendido o processo
de estruturação da cidade, para fins de análise sobre como são geradas essas
problemáticas urbanas, sendo isso apresentado neste capítulo.

A complexidade e formação estrutural da cidade é resultante de seu


entendimento como organismo vivo, que atende mudanças às quais a sociedade está
sujeita. Tal mutação origina-se do processo de modernização e evolução da
sociedade, que é refletida em manifestações espaciais, aplicando-se diretamente no
desenho da cidade (KRAFTA et al, 2010).

Segundo Krafta et al (2010), a estrutura urbana apresenta uma hierarquia de


espaços ditada pelas atividades da sociedade. Como resultado, têm-se a criação de
centralidades que são responsáveis pelas demais distribuições dos espaços. Estes
por sua vez, seriam então, classificados pelo seu grau de atração de atividades e
assim estaria sendo identificada uma dinâmica espacial.

Outro fator indispensável para a percepção dessa dinâmica, seria o


entendimento do conjunto de condicionantes políticas, sociais e econômicas, aliadas
ao que Krafta et al (2010) define como forças atuantes, que são ditadas pelos
seguintes agentes:

Quadro 1-Definição dos Agentes

São os encarregados de construção e venda do


AGENTES CRIADORES espaço, famosos pelo termo especuladores
imobiliários
AGENTES CONSUMIDORES DE ESPAÇO Sempre preocupados com a melhor localização de
RESIDENCIAL seu imóvel, de acordo com seus interesses
De acordo com a dimensão do trabalho oferecido,
AGENTES CONSUMIDORES DE ESPAÇO estudam a localização que mais trará público ao
DE SERVIÇO seu negócio

Fonte: Elaboração própria. Adaptado de KRAFTA et al (2010, p.13-14).


9

Essa disputa de agentes representa uma delimitação de rumo estratégico da


cidade segundo suas necessidades, o que resulta na chamada “produção e consumo
do espaço urbano” (KRAFTA et al, 2010, p.4).

Nesse processo, cada agente busca sua forma própria de planejamento,


tentando se sobrepor aos demais agentes para seus fins próprios. Tal disputa de
produção e consumo ininterrupta leva, por fim, ao desaparecimento e surgimento de
terrenos vazios, gerando desequilíbrios e deformidades na malha urbana, causando
uma “descontinuidade territorial” (BAZOLLI, 2007).

Assim, surge a percepção que o espaço não é independente, pois possui uma
relação direta com a sociedade e sua forma de organização e produção. E quando
esse processo não é homogêneo, ocorrem “[...] distúrbios ou más formações na
produção espacial da cidade” (BAZOLLI, 2007 p.25), bem como é apontado pelo
mesmo autor:

O espaço não é autônomo, está inter-relacionado à sociedade, portanto é


concebido como materialidade social, tem no homem o sujeito da sua
produção, razão pela qual a discussão deve ser procedida se levando em
consideração a sociedade. O espaço não é simplesmente organizado pela
sociedade, mas sim produzido por ela, por meio do trabalho. (BAZOLLI, 2007
p.34)

Ao se abordar os problemas espaciais contemporâneos, é de fundamental


importância a compreensão do processo de estruturação do território da cidade para
estabelecer a análise sobre o planejamento urbano. Tais problemas são apontados
pelos desequilíbrios entre sociedade e espaço, e a relação de seus usos com o
território, que por fim, resultam em um conjunto de questões condizentes ao desenho
urbano e a qualidade do espaço produzido.

Enfim, este processo de estruturação das cidades e seus agentes é


indispensável para compreender as razões das problemáticas urbanas, como a má
distribuição espacial, o espraiamento urbano e os espaços de segregação e exclusão,
circunstâncias das quais emergem o vazio urbano. Apontado esse contexto geral
urbano que é fonte dessa problemática do vazio, a seguir será apresentado como este
se desenvolve e se relaciona com a malha urbana.
10

3 DINÂMICA DOS VAZIOS URBANOS

Neste capítulo será apresentada a significação inicial do vazio urbano e o


princípio de entendimento desse vazio como uma problemática urbana, conduzindo
o assunto até a exploração da conceituação do vazio. A análise realizada baseia-se
no desenvolvimento desse vazio, e sua relação estabelecida com o entorno onde está
inserido, e como afeta o espaço urbano. Estas informações serão dispostas em
sequência em dois subcapítulos.

Como visto no capítulo anterior, com os processos de mudança e crescimento


da sociedade, os espaços urbanos são diretamente atingidos, e estes sofrem com a
perda ou ganho de importância momentânea, sucedendo uma transição entre
desterritorialização e reterritorialização dos espaços, resultado da produção e
consumo do território (ROCHA E COSTA, 2010).

Entende-se os termos “desterritorilização” e “reterritorialização”,


respectivamente como, no caso do primeiro, a ação de desertar de um espaço e
estabelecer-se em outro, sem apresentar qualquer plano estratégico, e no caso do
segundo, a volta adensada da população a um ponto, abandonando outro ponto
estabelecido, criando um crescimento desordenado (ROCHA E COSTA, 2010).

Tal sequência de fatores ocasiona a fragmentação do tecido urbano originando


espaços subutilizados, ociosos e obsoletos, interferindo diretamente no
desenvolvimento da malha urbana. Por conseguinte, o vazio urbano é destacado
como um resultado desse processo.

Nos primeiros estudos sobre esse tema, o vazio urbano não era tido como um
problema em potencial, antes era relacionado apenas a um dos fenômenos urbanos,
representando um equilíbrio em relação ao construído, como aponta Borde:

O vazio urbano é um fenômeno urbano só recentemente problematizado. Até


poucas décadas, o vazio existia para o desenho urbano como um par
analítico do cheio. Vazias eram as áreas para onde a cidade ainda poderia
se expandir, em oposição às áreas cheias, densas, consolidadas. Vazios
eram também os espaços abertos, os espaços verdes, em oposição aos
cheios espaços edificados. Vazios e cheios davam ritmo à cidade: sem os
vazios como respirariam os cheios? Sem os cheios como se conformariam
os vazios? (BORDE, 2013, p.4)
11

Portanto, a princípio, o vazio urbano obtinha uma significação funcional na


malha, apresentando um contexto da cidade, gerando certo ritmo no tecido urbano,
ou seja, era tido basicamente como um contraponto às áreas construídas. Porém, com
a evolução e modernização das cidades, passaram a ser observados minuciosamente
o resultado desses vazios na malha urbana, como um fenômeno relacionado com a
expressão das relações sociais representadas espacialmente.

Tais vazios influenciam e moldam o desenho da cidade, e passam a não ser


mais entendidos apenas como uma configuração de espaço obsoleto na malha,
ganhando reconhecimento quanto à condição de que o ordenamento da malha urbana
estaria apresentando falhas.

Recentemente esse termo “vazio urbano”, recebeu abordagens e análises de


estudo, sendo considerado “[...] um fenômeno urbano que pode gerar benefícios e
malefícios para a sociedade” (CONTI, FARIA E TIMÓTEO, 2014 p.152). O benefício
encontra-se vinculado às possibilidades que aquele espaço ocioso poderá
proporcionar à população, como ganhos de equipamentos e áreas de lazer. Já
tratando dos malefícios, tais espaços poderão ficar à mercê da especulação
imobiliária, existindo por anos como barreira e vazio na malha, em função do interesse
capitalista depredatório.

Entretanto com a expansão capitalista, os vazios receberam uma nova


configuração, pois, começaram a ser entendidos como falhas no ordenamento urbano,
e desde então, deu-se início as regras urbanísticas, valorizando uma cidade mais
funcional que não apresentassem tais falhas (CONTI, FARIA E TIMÓTEO, 2014).

O capitalismo configurou um desenvolvimento desigual da sociedade que


refletia diretamente nos espaços produzidos, pois, devido as condicionantes políticas,
sociais e econômicas, o vazio urbano poderia ser considerado maléfico ou benéfico,
como dito anteriormente.

Devido a esse fator, os vazios urbanos passaram a ser foco de estudos,


exigindo uma maior atenção dos planejadores urbanos, para que haja entendimento
das origens e identificação desses espaços. E para que seja realizada uma iniciativa
e estratégia urbanística para resolução dessa problemática, primeiramente devem ser
explorados seus conceitos.
12

3.1 Conceituação de vazio urbano

Há vazios urbanos que não são efetivamente “vazios”. Tal ambiguidade do


conceito nos leva a exploração do que de fato é o vazio urbano, e a seguir serão
apresentadas definições e evoluções desse conceito.

Primeiramente, o vazio urbano era conceituado como áreas sem função,


decorrentes da desindustrialização que estabeleceu zonas e edifícios abandonados
nas cidades, consideradas não como áreas vazias, mas sim vazias em relação ao seu
uso (SOUSA, 2010). Com o decorrer do tempo, esse conceito foi se alterando, e vários
pesquisadores do assunto elaboraram suas próprias definições, Sousa (2010), aponta
Solà-Morales, e seu termo francês criado terrain vague: terrain, que significa um
espaço físico, uma extensão de solo, e vague, vago, indefinido. Assim, tal termo
propõe:

[...] que a relação entre o indivíduo e a cidade resulte num factor de


estranheza. O homem contemporâneo desconhece o outro, desconhece-se
assim mesmo, desconhece a sua própria cidade. Da mesma maneira que a
cidade desconhece estes espaços. (SOUSA, 2010, p. 64)

Fica exposto o pensamento que os lugares vazios, são frutos do esquecimento


e descaso, não há qualquer relação de uso ou conexão com a cidade. O conceito dos
“não-lugares”, de Marc Augé, também citado por Sousa (2010), designa os vazios
como espaços sem coexistência, sem relação alguma produzida entre pessoas ou
com os demais espaços em seu entorno “[...] apelam à individualização social [...]”
(SOUSA 2010, p.69). Quando um espaço individualizado é criado, ele é segregado e
interfere diretamente na paisagem urbana, causando uma circulação quase que
mecânica dos pedestres que, ao passarem, não notam ou sequer param para apreciar
o que está à volta.

Os conceitos citados definem o vazio urbano enquanto lugar, os efeitos


sensitivos e como estes afetam socialmente os locais onde ficam inseridos,
caracterizados pela ausência de qualquer identidade ou memória, além da falta de
contribuição deste para com o espaço urbano.

Tratadas as causas sensitivas, serão apresentadas as consequências físicas


dessa problemática, e para uma compreensão mais efetiva, Sousa (2010) propõe a
13

divisão desse fenômeno em três concepções: o vazio construído, o vazio econômico


e o vazio social.

A primeira concepção trata do vazio como a inexistência de construções,


lugares ociosos, tratados como “brechas” no tecido urbano, já a segunda aborda os
vazios econômicos decorrentes da revolução industrial, como áreas degradadas,
abandonadas e há muito esquecidas. E por fim temos o vazio social, considerado
“vazio demográfico” que são áreas com grande adensamento construído, mas que
devido o processo de evolução urbana, há grande desocupação do espaço, restando
apenas construções degradadas (SOUSA, 2010).

Portanto, a problemática dos espaços vazios pode ser adicionada como


“espaços de transição”, espaços esses que estão à mercê do desenvolvimento e
necessidade da sociedade, podendo ora apresentar um grande potencial construtivo,
ora ser substituído por outro espaço, rentável. Dessa maneira, ficam evidentes os
indícios dos efeitos que o vazio pode ocasionar na cidade, e antes de propor uma
mudança, é necessário entender como estes espaços se dão em totalidade com o
tecido urbano, sendo isto discutido a seguir.

3.2 Relação do vazio com o tecido urbano

Como visto anteriormente, o vazio urbano em sua essência não apresenta


qualquer relação com o entorno, tornando-se desligado quanto ao seu caráter social
na cidade. Resultante disso, são verificadas algumas disfunções no espaço urbano,
como explana Jacobs (2011), os vazios urbanos são encarados como barreiras
invisíveis no tecido urbano, pois os pedestres passam pelo local ignorando sua
existência e contornando-o. Dessa maneira o local deixa de dar contribuição aos
usuários do espaço público, tornando-se um “ponto morto” da cidade.

A autora trata das áreas de fronteira, mesmo não sendo uma fronteira física, há
características que levam tal espaço a não ter nenhuma forma de conexão com a
malha ao redor, e se não há atratividade ao uso, tais lugares passam a ser evitados
e, indo mais além, ignorados. Ou seja, “temos nesse espaço consequentemente uma
interferência de contribuição para o espaço público, tornando-se apenas uma brecha
sem utilidade na malha urbana” (JACOBS, 2011, p. 291).
14

Outros fatores prejudiciais ao espaço urbano, é apontado por Rogers e


Gumuchdjian (2001), pois quando deixamos de usufruir de um determinado espaço,
estamos suspendendo a segurança natural realizada pela circulação de pessoas,
forçando um policiamento no local que tenderá a ficar abandonado e perigoso. Ou
seja, a falta de uso, e também de equipamentos, afeta a segurança agravando ainda
mais os problemas relativos a violência.

E a relação mais direta no tecido urbano, é agravada através da conotação de


oportunidade quanto ao lugar disponível. O espaço fica à espera de uma valorização
econômica e isso gera um espaço segregado inacessível para pessoas com menos
aquisição financeira, provocando um espraiamento urbano, pois estes vazios urbanos
encontram-se geralmente em áreas consolidadas das cidades, com infraestrutura
necessária disponível.

Os problemas acarretados nessas áreas consolidadas, estão relacionadas aos


donos desses terrenos vazios, que ao praticarem a especulação imobiliária estão
impossibilitando que pessoas com baixa renda possam comprar e usufruir desses
terrenos. O que consequentemente faz com que tais pessoas busquem locais
condizentes a sua renda, que, na maioria dos casos, acabam sendo nas periferias
sem infraestrutura básica necessária. Isso por fim, gera o espraiamento das cidades,
crescimento desordenado e um gasto maior para levar infraestrutura a essas periferias
(VILLAÇA, 2001).

Sem esquecer de mencionar os problemas ambientais agravados devido ao


longo percurso dessas pessoas das periferias até o centro, aumentando assim o fluxo
de veículos e prejudicando o meio ambiente através da poluição, além de
congestionar as vias. Consequentemente há uma maior preocupação em projetar os
espaços para o bom fluxo desses veículos e a cidade passa a ser desenvolvida em
função do transporte, especialmente o privado (FRANCO, 2001).

Portanto, ficam evidentes os efeitos colaterais do vazio urbano e as relações


estabelecidas destes com o tecido urbano, efeitos estes maléficos. Porém, existe o
lado benéfico, pois ao classificar um espaço como vazio urbano, é ligado a ele uma
conotação de transformação, visto que estes espaços estão indefinidos esperando
pela mudança oportuna e planejada para serem reintegrados na malha urbana de um
modo eficiente e positivo. Esse vazio urbano incita a realização de uma intervenção
15

urbana, reabilitando-o de forma a conceder uma nova vitalidade, uma melhoria no


espaço, reconectando-o à cidade.

Sobre os potencias dessas áreas, destaca Borde (2003, p.10) que, “a opção
pela atuação por projetos considera os vazios urbanos não apenas como áreas de
deterioração urbana, mas como áreas com potencial de transformação”. E esse
potencial interessa como forma de reversão de um problema em uma solução
urbanistíca.

Em suma, são inúmeras as consequências negativas espaciais e sociais que o


vazio urbano abrange, não há qualquer ligação desse vazio com o malha, são espaços
ignorados no cotidiano, que não apresentam nenhuma contribuição para a cidade e a
sociedade. Tais espaços, entretanto, denotam uma expectativa em relação a
mudança, pois são vazios que podem ser preenchidos por intermédio de uma
intervenção urbana estratégica, que vise a recuperação do espaço com a implantação
de um novo uso, que resgate a vitalidade deste espaço, revalorizando-o e
reintegrando-a ao tecido urbano.
16

4 ESPAÇO PÚBLICO X VAZIOS URBANOS

Neste capítulo serão abordadas as potencialidades de mudanças para a


requalificação de um vazio urbano. Não basta apenas preencher o vazio, trata-se de
um estudo sobre as necessidades sociais e espaciais da cidade que encontram-se
degradadas, como é o caso das áreas verdes e dos espaços públicos, locais que
auxiliam na vivência e na troca de experiências sociais, quando se perde tais espaços
perde-se também a convivência junto à cidade, e uma maneira de requalificar o vazio
seria propondo a implantação destas tipologias de uso. Dando sequência a
estruturação deste capítulo, serão discorridos três subcapítulos que examinam cada
tipologia de degração desde espaciais à relações sociais, finalizando com a
formulação do problema mediante à solução encontrada por intemédio de uma
intervenção urbana.

Apresentadas as adversidades causadas pela atual estrutura urbana e os


desafios dos vazios urbanos, o que se nota é que o espaço que mais sofre com essas
questões é o espaço público, pois está conectado diretamente à qualidade da cidade,
se a cidade sofre com os rompimentos na malha, os espaços públicos
consequentemente também sofrem:

É impossível dissociar o conceito de espaço público do de cidade. O espaço


público da cidade é o espaço quotidiano, dos jogos, das relações casuais ou
habituais com os outros, do decorrer diário entre as diversas actividades e do
encontro. (BORJA, 2003 apud SOUSA 2011)

A essência perdida é o valor social do espaço, a falta de convívio das pessoas,


os pontos de encontro quase inexistentes, resultando na problemática enfrentada
atualmente, que é encarada da seguinte maneira, como expõe Muller (2002, p. 2)
“Hoje as famílias não dispõem mais das ruas como espaço de lazer, devido à violência
e o perigo presente. Esse fator por consequência acabou valorizando o lazer
individual, limitado e restrito dentro de quatro paredes”. É muito importante que haja
uma troca de vivência entre as pessoas, e é no espaço público que é estimulada essa
troca, e atuando neste espaço de forma planejada e estratégica que estará sendo
estruturada essa base social indispensável à uma boa qualidade de vida urbana
(MULLER, 2002).
17

Dentre os fatores que apontam a degradação do espaço público, destaca-se a


atuação dos vazios urbanos, que poderiam abrigar usos e espaços para a difusão do
lazer e cultura, e propiciar o convívio e interação das pessoas, ao invés disso, apenas
permanecerem ociosos na malha urbana. Porém, existem mais fatores prejudiciais ao
espaço público como a falta de segurança nos espaços atuais, e também a carência
de equipamentos adequados e atrativos à população (ROGERS, GUMUCHDJIAN
2001).

Santini (1993) explora a relação entre solo urbano e construção, pois o homem
constrói apenas para habitar, e embora já existam tecnologias para a verticalização
dos edifícios, os espaços restantes acabam sendo convertidos em vias ou em mais
lotes residências ou comerciais. Além disso, a especulação imobiliária se torna
responsável pela compactação dos edifícios que, devido ao alto custo da terra,
passam a ter o máximo de aproveitamento para acomodar mais pessoas e mais
edificações dentro de um mesmo espaço visando o máximo lucro, ou seja, o
adensamento pode prejudicar a qualidade espacial.

Dessa maneira, o ser humano vem contribuindo para a perda de um espaço


que lhe é vital para uma boa qualidade de vida “[...] tendo como resultado final a
deterioração das relações sociais, ecológicas e ambientais” (SANTINI, 1993, p.40).

4.1 Deterioração das relações sociais

Como é no espaço público que ocorre a troca de experiências humanas, ao


relatar o processo de deterioração do espaço público, percebe-se que se trata
diretamente da deterioração das relações sociais, pois “se há vida e atividade no
espaço urbano, então também existem muitas trocas sociais. Se o espaço da cidade
for desolado e vazio, nada acontece” (GEHL, 2013, p. 22).

É evidente a conexão entre o planejamento das cidades e o comportamento


humano, pois este é claramente influenciado pela maneira como funciona a cidade
(GEHL, 2013). Por exemplo, se houver espaços abertos atrativos, com abundância de
equipamentos e áreas verdes, espera-se que as pessoas utilizem o espaço, pois
estariam sendo condicionados a usufruir uma opção agradável e atrativa para a
convivência e lazer.
18

Se tal convite não é feito, ou seja, se essas áreas forem inexistentes, ou


carentes de manutenção, as pessoas optam em buscar recreação e lazer em campos
ou em praias, longe da cidade (SANTINI 1993), ou ainda podem recorrer a tecnologia,
uma das responsáveis pela falta de interesse nos espaços abertos, pois as pessoas
se acostumam com a comodidade do lazer entre quatro paredes. E isso interfere
diretamente nas relações sociais desenvolvidas, prejudicando a vitalidade e qualidade
de vida nas cidades.

4.2 Deterioração ambiental

De acordo com Santini (1993), as áreas verdes da cidade, geralmente


encontram-se em espaços estagnados e reduzidos, sem apresentar nenhuma
manutenção. Em alguns casos podem até apresentar potencial para um parque
urbano, porém sem nenhum atrativo ao uso.

A tendência de deterioração desses espaços parte do seguinte princípio


exposto por Sanches:

A diminuição gradativa dos espaços vegetados urbanos está fortemente


associada ao aumento da impermeabilização e da densidade construída,
principalmente das áreas centrais, e ao crescimento horizontal desordenado
das zonas periféricas, que provoca desmatamentos em áreas que antes eram
rurais. (SANCHES, 2014 p.19)

A falta de planejamento dessas áreas verdes é evidente, como, por exemplo,


nos casos em que o poder público implanta algumas espécies de árvores e, por falta
da devida manutenção, logo em seguida, essas espécies adoecem e morrem. Cria-se
assim apenas uma área verde artificial, que segue rumo à degradação.

Esse tipo de área merece uma maior atenção e cuidado, pois são capazes de
proporcionar inúmeros benefícios para a cidade e para a população como: melhoria
da qualidade do ar, redução do efeito de “ilhas de calor”, auxílio na drenagem das
águas pluviais, além de ser uma ótima opção de lazer e recreação para os munícipes.

Essa ideia de “ilhas de calor” vem sendo trabalhada por vários autores. Com a
expansão das cidades e grande adensamento urbano, a cidade torna-se uma malha
construída contínua, e caso não existam áreas verdes, de respiro, a tendência é que
os raios solares incidam no solo e reflitam nas edificações, aumentando assim, o calor
19

naquelas áreas. Se as áreas verdes estivessem implantadas, as árvores auxiliariam


na umidificação e na filtragem do ar, bloqueando e absorvendo também uma parte da
incidência direta de calor, gerando um conforto maior para o local onde estivesse
inserida (FRANCO, 2001).

Em se tratando da drenagem, temos na vegetação dos parques uma camada


que facilita a filtração da água no solo, contribuindo para que o ciclo hidrológico natural
ocorra sem qualquer obstrução ou alteração.

Analisadas essas problemáticas de deterioração social, espacial e ambiental,


são desenvolvidas estratégias urbanísticas e arquitetônicas para a reversão desse
processo de deterioração, reintegrando os vazios urbanos e as áreas degradadas
novamente à malha urbana. Nesse sentido, é importante destacar o que apresenta
Santini:

Para ‘construir’ o ambiente urbano, devemos organizar cuidadosamente


quatro variáveis: espaço, tempo, significados e comunicação. Destes, espaço
e tempo são igualmente importantes porque as pessoas vivem neles; os
significados, quando bem manipulados ajudam as pessoas saber o que fazer
no ambiente, e a comunicação é aquela que se estabelece no ambiente - seja
diretamente entre as pessoas ou entre pessoas e objetos. (SANTINI, 1993,
p. 46)

Trabalhando, de forma harmônica, essas quatro variáveis citadas por Santini


(1993), estará sendo elaborada uma intervenção de qualidade, capaz de proporcionar
identidade a um local considerado anteriormente como obsoleto e sem nenhuma
significação na malha urbana.

4.3 Intervenção urbana para requalificação dessas áreas degradadas

Diante da formulação do problema é detectada em seguida uma necessidade


tanto social como urbana. E essa necessidade se manifesta nas áreas de espaço
público, voltadas ao lazer e à convivência das pessoas, o que evidencia a falta de
políticas e projetos atuantes nesses espaços, que estão à espera de uma intervenção
que na maioria dos casos não acontece, ou pior, não atinge os efeitos positivos
desejados. Para que ocorra essa intervenção que atenda as expectativas e
necessidades, deve ser dada atenção aos equipamentos e à tipologia do ambiente
que se pretende criar, para que o espaço em que será realizada essa intervenção não
volte a se tornar uma área degradada e ociosa novamente, como salienta Nunes:
20

[...]tornar cada espaço urbano, construído ou não um receptáculo de uma


nova função, que sirva para suprir uma necessidade social, ou qualquer outra
necessidade intrínseca ao local. Assim como, propiciar possibilidade aos
lugares, é promover o espaço de uso público de forma que este esteja
adequado ao uso das pessoas, sendo espaços próprios para o uso por
necessidade, por opção ou para socialização. (NUNES, 2014, p.9)

Deve-se, portanto, “traduzir as necessidades e aspirações formuladas pela vida


individual e social dos homens” (SANTINI, 1993, p.46), determinando assim a tipologia
do espaço a ser criado, estabelecendo relações com os equipamentos e as atividades
propostas. Pois o ponto de encontro na cidade é muito importante, como encara Gehl
(2013, p.25) “Estudos de cidades do mundo todo elucidam a importância da vida e da
atividade como uma atração urbana. As pessoas reúnem-se onde as coisas
acontecem e espontaneamente buscam outras pessoas”. Esse ambiente é essencial,
pois é nele onde ocorrem trocas de experiências e sensações que são indispensáveis
à vitalidade da cidade.

Com base no aporte teórico desenvolvido, considerando as problemáticas


expostas e o raciocínio apresentado, o objetivo passa a ser a indicação de qualidade
do espaço urbano de modo a atender as demandas funcionais da cidade. Nesse
sentido, a arquitetura pode motivar esse convívio, a vida coletiva e sobretudo, a
humanização da cidade, gerando a quebra da individualização dos espaços unida à
proposta de resgate das áreas degradas urbanas, produzindo uma maior interação
entre cidadão/cidadão e cidadão/cidade.

Para tanto, o trabalho passará a tratar de uma proposta que vise a regeneração
urbana espacial e também social, trabalhando a escala e a qualidade dos espaços,
fornecendo um espaço público com estruturas dinâmicas, que possibilite atividades
educacionais e recreativas, resgatando a vitalidade da cidade.
21

5 ANÁLISES URBANAS

Dando seguimento ao trabalho serão apresentadas a seguir análises


correspondentes ao município de São Miguel Arcanjo, com base numa exploração e
interpretação relativa a sua estruturação e expansão até chegar à qualidade de seus
espaços sociais e equipamentos disponíveis para a população, levantamento este
realizado através de mapas, visitas e fotos produzidas in loco.

A análise segue um contexto de apresentação que primeiramente abrange o


município em geral, destacando sua estruturação e como o desenho urbano foi
constituído, possibilitando a compreensão das conformações espaciais e também sua
distribuição na malha, tornando assim possível a verificação da qualidade dos
espaços produzidos com enfoque nos espaços públicos destinados ao lazer, cultura
e troca de experiências sociais. Na sequência será apresentada a área escolhida
destinada à intervenção urbana, revelando atráves de mapas e figuras as
potencialidades e problemáticas encontradas no local, gerando um estudo detalhado
do terreno e suas características, assim como a análise de suas áreas envoltórias.

5.1 Considerações sobre o município de São Miguel Arcanjo

O município recebeu este nome, devido a construção de uma capela para


homenagear São Miguel Arcanjo, ao redor desta capela que o município se
desenvolveu, localizado na região sudoeste do estado, a 180 quilômetros da capital
paulista. Possui origem no tropeirismo, além de forte presença da cultura japonesa,
pois os imigrantes japoneses foram responsáveis por introduzir a cultura da uva,
principal fonte agrícola do município, que é considerado a Capital da Uva Itália.

O potencial econômico agrícola influenciou diretamente no crescimento da


cidade e na sua distribuição espacial, repercutindo na paisagem, pois ao percorrer o
centro adensado da cidade, logo após é possível deparar-se com espaços sem
ocupação ou uso, revelando a problemática do ordenamento territorial e a presença
de vazios urbanos. Esta problemática é decorrente de um fator importantíssimo, pois
o município apresenta uma população de cerca de 35 mil habitantes, e faz parte da
região metropolitana de Sorocaba, razões suficientes e obrigatórias para que o
município dispusesse de um plano diretor, porém a realidade é outra, a Lei nº 2.749
elaborada em setembro de 2006, ainda passa por sistema de avaliação.
22

5.2 Considerações do terreno escolhido para a intervenção urbana

A área escolhida trata-se do Recinto de Exposições Massuto Fujihara, nome


dado em homenagem à um japonês pioneiro e disseminador do cultivo da uva no
município. O recinto sediava todos os anos a tradicional festa da uva, como também
a festa do vinho e do rodeio, porém devido ao grande aumento da população flutuante
durante essas festas, ultrapassando mais de 100 mil visitantes, o recinto não
acomodava mais tal número, sendo então considerado impróprio para tais eventos,
em quesitos de segurança, como afirmou o Corpo de Bombeiros.

A partir deste fato, a área tornou-se obsoleta na malha, uma grande extensão
de vazio urbano com suas antigas estruturas. Porém com o passar do tempo, a área
ganhou um uso subutilizado, pois trata-se da utilização do local para realização de
aulas práticas dos novos condutores, que utilizam apenas a parte central do terreno,
ainda assim sem aproveitar todo o potencial que este apresenta, podendo ser um
espaço convertido em algum equipamento que o município realmente necessita.

5.3 Área envoltória do Terreno: Lagoa do Guapé

Ao lado direito do Recinto de Exposições, situa-se a Lagoa do Guapé, um


parque urbano de 43416.2340 m². O local possui uma concentração de árvores
nativas, além de um lago com diversas espécies de peixes, local de campeonatos de
pesca.

Antigamente a Lagoa do Guapé era bastante frequentada, seu lago contava


com pedalinhos, e o local tinha implantado diversos equipamentos para as crianças,
sendo ponto de encontro e diversão durante os fins de semana. Entretanto o cenário
hoje é outro, o playground de brinquedos de madeira, devido a falta de manutenção,
foi retirado para não causar riscos as crianças; os quiosques e espaços de
brincadeiras e piqueniques deram guarida aos dependentes químicos, que inibem o
uso do local. Atualmente a área tenta recuperar seu público, para resgatar a vitalidade
de outrora, mas os espaços degradados e vazios ao seu redor não são grandes
atrativos para a população.

5.4 Consideração sobre as análises urbanas


23

As análises realizadas tornaram perceptíveis a expansão espraiada do


município, deixando como consequência algumas áreas obsoletas na malha, áreas
essas, que apresentam uma grande potencialidade de mudança, pois tais espaços
podem ser convertidos em equipamentos que a população necessita.

Conforme o levantamento aponta, são vísiveis os desequilíbrios encontrados


entre as áreas construídas, áreas vazias e áreas verdes no município, a falta de
efetividade do Plano Diretor em vigência implica diretamente nesses fatores,
principalmente na qualidade dos espaços produzidos, ou na falta de produção dos
mesmos, que corrobora, com os vazios urbanos, com a expansão espraiada e
especulação imobiliária que ocasionam a degradação da paisagem urbana, e a perda
de espaços que poderiam ser benéficos e proveitosos.

Em relação a qualidade dos espaços, foram destacados os locais de


entrenimento, lazer e cultura, ou seja, locais responsáveis pela convivência urbana,
ponto que precisa ser trabalhado no município, principalmente no que diz respeito ao
terreno avaliado para o projeto de intervenção, pois o local está degradado,
funcionando como barreira física, localizado próximo ao centro e ao lado de um parque
em declínio usual devido à falta de manutenção.

Sendo assim, foram detectados problemas capazes de afetar a questão social


na cidade e o passeio público. E a escolha do local a se intervir, decorre da falta destes
requisitos gerando um questionamento sobre a melhor maneira de preencher o vazio
urbano, proporcionando às pessoas um ambiente aprazível, convidativo, para que
esse espaço fosse reinserido na malha, restaurando a convivência urbana.

A proposta projetual para atender à problemática destacada se concentra em


um parque urbano, uma área verde que seja ponto de encontro, lazer, cultura, enfim
que seja capaz de articular a vida social no município, de forma a criar um caráter
simbólico, enriquecendo a paisagem urbana e as trocas sociais.
24

6 ANÁLISES PROJETUAIS

Com a proposta de intervenção já definida como parque urbano, a seguir serão


apresentados os projetos selecionados para composição de um repertório projetual.
Os projetos apresentam as mesmas intenções de utilizar áreas ociosas, reestabelecer
o convivío e as trocas sociais, de maneira a tirar proveito da paisagem existente,
valorizando-a e promovendo a reestruturação dos espaços degradados, voltados para
a composição do espaço público.

Foram analisados três projetos: Parque da Juventude, Complexo Cantinho do


céu e DakPark. Cada projeto apresenta uma forma diferente de responder as mesmas
questões, em diferentes contextos e locais, utilizando ferramentas distintas com o
mesmo propósito, sendo referenciais de produção de espaço, programa e intervenção
urbana. Dessa maneira, será construída uma base projetual que será agregada na
elaboração e conceituação da proposta de intevenção urbana a ser implantada: o
parque urbano.
25

6.1 Considerações sobre as análises projetuais

Os projetos destacados como referências apresentam, cada um a seu modo,


uma tipologia de integração entre o ambiente construído e o ambiente natural,
exemplificando formas de requalificação urbana e reestruturação dos espaços.

No caso do Cantinho do Céu, buscou-se a requalificação de um espaço


desordenado e em áreas de risco, utilizando equipamentos públicos e trajetos como
o grande intermediador entre comunidade e paisagem, auxiliando na reestruturação
dos espaços degradados. No que diz respeito ao DakPark o que é explorado é a
criatividade da solução projetual que respondeu a duas atividades distintas de maneira
efetiva, trabalhando os níveis do parque e os equipamentos para diversas faixas
etárias, gerando uso a um espaço antes degradado e abandonado, que insere-se de
forma agradável no entorno, preocupando-se com as vistas e perspectivas criadas,
sem causar impacto no local implantado. Por fim o Parque da Juventude, considerado
um dos melhores parques de São Paulo, apresenta uma integração entre áreas
verdes e áreas culturais, promovendo o passeio e o desfrute da paisagem, sendo um
grande exemplo de convivência e lazer, pois é utilizado tanto para esporte, como para
cultura e educação, além de ser um referencial em questões de simbologia, pois o
local era cenário de cárcere e terror, e no projeto preservou-se a imaterialidade do
espaço e a memória, reconvertendo-o em um espaço público bem sucedido
promovendo vida urbana no local.

Os pontos aproveitados de cada projeto dizem respeito as soluções projetuais


adotadas para desenvolver a reconversão, a requalificação e a reestruturação dos
espaços por intermédio da arquitetura. Elaborando e restaurando espaços públicos,
no qual a manutenção dos projetos, dos programas e dos usos dos espaços é feita
pelos próprios usuários, sempre presentes usufruindo do espaço, numa resposta
direta de um projeto corretamente implantado.
26

7 PARQUE DO GUAPÉ

Este capítulo refere-se aos processos de desenvolvimento do projeto,


descrevendo as etapas de raciocínio e estratégias que encaminharam as tomadas de
decisões referentes ao projeto, bem como os equipamentos, atividades e suas
disposições, resultando na implantação geral.

Partindo para o desenvolvimento da proposta, os locais antes degradados


designados vazios urbanos e áreas subutilizadas abrigarão agora um parque urbano,
projeto capaz de devolver vitalidade ao local, prezando pela integração da cidade,
natureza e sociedade, gerando convivência urbana. O projeto de parque urbano,
consagra-se com o nome de Parque do Guapé, nomeação feita em função do córrego
do Guapé e da lagoa existente no terreno, mantendo-o como uma identidade e um
símbolo do local.

7.1 Pontos negativos e positivos da área

A área escolhida para a intervenção possui cerca de 131,112 m², e tanto a área
como o contexto em que está inserida, acarretam em pontos positivos e negativos.

Tratando-se dos pontos negativos foram verificadas as seguintes


problemáticas: área degradada de grande extensão; desvalorização da mata existente
e da lagoa; atuação da área como barreira física; edificações presentes no local em
mal estado de conservação; grande concentração de vazios urbanos e áreas
subutilizadas;

Tais problemáticas partem do vazio urbano consolidado há muito naquele local,


que ao invés de abrigar um equipamento ou uma função em prol da população e da
cidade, apenas existe na condição de ignorado.

Em contrapartida, são muitas as potencialidades apresentadas pelo terreno,


como: existência de grande extensão de mata nativa; existência da lagoa do Guapé,
que já foi símbolo de lazer no município; localidade próxima ao centro; topografia no
desnível de 12 metros, que podem gerar diversos pontos visuais do parque;
oportunidade de revitalização e reestruturação do espaço;

Esse conjunto de potencialidades denotam a valorização que o local pode


agregar em relação ao município, tornando-o um parque com foco em pontos de
27

encontro, em diversidade de usos, retomando a sua vitalidade e proporcionando uma


área verde de lazer de qualidade.

7.2 Diretrizes Projetuais

Das informações essenciais, aqui discutidas e pesquisadas sobre o munícipio


e a área de intervenção, consideram-se como diretrizes projetuais:

• requalificação deste espaço na malha urbana;

• retomada da vitalidade no local;

• promoção de espaços de encontro, de imprevisibilidade e de diversidade


de usos;

• incorporaração da topografia;

• Consideração de insolação, ventilação e visuais do terreno;

• valorização da natureza nos centros urbanos;

7.3 Programa de Necessidades


Tratando-se de uma das diretrizes de promoção de espaços de encontro, de
imprevisibilidade e de diversidade de usos, o programa de necessidades foi então
elaborado com as seguintes atividades mostradas nas tabelas abaixo:

Tabela 1– Áreas Culturais/educacionais

QUANT. ÁREAS CULTURAIS/EDUCACIONAIS M²


1 Oficina Cultural/Educacional 579.00
1 Biblioteca 2864.40

Fonte: Elaboração própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.

As áreas culturais/educacionais foram implantadas de modo a suprir as


necessidades da população, pois, conforme visto nas análises urbanas, este tipo de
programa encontra-se sem estrutura ou suporte para atender um número satisfatório
da população. Sendo assim, serão então dispostas em um patamar do terreno, todas
as oficinas, contando com o suporte de coordenação e o depósito de materiais, este
programa será tido como um corredor educacional ao centro do parque, tendo a
28

biblioteca disposta num primeiro patamar ao nível da rua, para que seja de fácil acesso
a todos, sem a necessidade de adentrar o parque.

Tabela 2- Áreas de recreação

QUANT. ÁREAS DE RECREAÇÃO M²


2 Anfiteatro 1254.03
1 Área de exposição e show 2912.01
1 Praça de Alimentação 2851.48

Fonte: Elaboração própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.

Foram dispostas no parque, áreas de recreação, com a finalidade de


proporcionar entretenimento, através de espaços atrativos a população. Sendo então
implantadas: anfiteatro, área de exposição/show, praça de alimentação. Esses
equipamentos serão instalados no patamar ao nível da rua, funcionando como
espaços atrativos, que convidem as pessoas a um passeio no parque, proporcionando
vitalidade e convivência urbana.

Tabela 3- Áreas de lazer

QUANT. ÁREAS DE LAZER M²


5 Quiosques 36.54
1 Playground 728.35
1 Horta Comunitária 678.91

Fonte: Elaboração própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.

As áreas de lazer implantadas, seriam junto a mata existente, às margens da


lagoa do Guapé, com a finalidade de promover a integração entre visitante e natureza,
onde estariam dispostas áreas para piqueniques, quiosques, playground e a horta
comunitária. Estes seriam alguns dos espaços onde as crianças poderiam correr e
brincar por entre as árvores, a família poderia realizar piqueniques, passeios, gerando
assim uma apropriação do espaço que seja capaz de atrair diversas faixas etárias.

Tabela 4- Áreas esportivas


29

QUANT. ÁREAS ESPORTIVAS M²


1 Quadra poliesportiva 615.19
1 Pista de Skate 697.22
1 Academia ao ar livre 716.10
1 Bloco de apoio 164.63

Fonte: Elaboração própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.

Com a finalidade de gerar diversidade de usos, entre cultura, lazer e recreação,


serão implantadas também as áreas esportivas, que terão: quadra poliesportiva, pista
de skate e academia ao ar livre, proporcionando espaços em que os usuários
pratiquem suas atividades em meio a vegetação, e que possam dispor de uma
maratona de atividades no parque. E como suporte para os esportistas, será
implantado também um bloco de apoio, que contará com banheiros, vestiários,
depósito de materiais e uma sala de emergência, para que o usuário do parque,
receba primeiros socorros em caso de acidentes.

7.4 Implantação de Equipamentos

Para auxiliar na decisão de implantação dos equipamentos, foi gerada


primeiramente a Figura 1, que aponta a área em um esquema de divisão do terreno,
como este encontra-se:

Figura 1-Terreno escolhido

Fonte: Elaboração própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.


30

Diante do entendimento dessas áreas que compõem o terreno escolhido para


a intervenção, foram observados os desníveis existentes, e para o projeto do parque,
essa topografia seria responsável pela distinção das áreas em patamares, fator
evidenciado na Figura 2.

Figura 2- Topografia do terreno

Fonte: Elaboração própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.


31

Deste modo, um dos grandes norteadores do projeto deu-se de modo a tirar


proveito da topografia do local, criando áreas e equipamentos que se adaptem a
topografia criando um diferencial no projeto, pois os trajetos iriam proprocionar
diferentes visuais para os usuários, e explorando mais a fundo a questão de recortes
no terreno, criando níveis distintos e ainda assim conectados. Os níveis podem ser
melhor visualizados na Figura 3.

Figura 3- Criação dos Patamares

Fonte: Elaboração própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.

Portanto, o terreno foi dividido em quatro patamares com desnível de três


metros cada patamar, e a partir desta divisão de níveis a setorização segue essa
topografia, conforme apresenta a Figura 4.

Figura 4- Setorização dos programa

Fonte: Elaboração própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.


32

Dessa maneira, foram então dispostos os programas, pensando em seus


acessos e trajetos a serem percorridos, onde as áreas de recreação de grandes
dimensões podem ser acessadas ao nível da rua, aproveitando os patamares planos
decorrentes do antigo recinto e as oficinas serão dispostas ao centro do terreno, e a
área de lazer e integração com a natureza existente também se darão ao nível da rua.
Para uma entendimento das ligações das atividades foi construído o organograma,
que pode ser visualizado na Figura 5.

Figura 5- Organograma

Fonte: Elaboração própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.

As disposições das atividades são conectadas tanto por caminhos diretos,


como também secundários, promovendo o passeio e a integração dos visitantes com
a natureza, buscando sempre locar uma atividade por entre os trajetos, criando assim
diferentes usos e visuais do parque, ocasionando o convite as diferentes faixas
etárias, gerando diversidade e convivência no local.

Para a implantação dos novos equipamentos, os antigos barracões e alguns


outros equipamentos existentes passaram por uma análise arquitetônica e estrutural,
logo, foram retirados os barracões que não apresentam nenhuma característica
arquitetônica que tenha conexão histórica com a cidade, e, os que apresentam
grandes sinais de depredação e risco de desmoronamento. A Figura 6 apresenta a
relação dos edifícios demolidos e os que serão realocados.
33

Figura 6- Equipamentos demolidos e realocados

Fonte: Elaboração própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.

O único equipamento preservado do recinto foi o palco, que apresenta bom


posicionamento, e encontra-se intacto perante à ação do tempo, sofrendo apenas com
as pixações, como evidencia a Figura 7.

Figura 7- Equipamento Preservado

Fonte: Elaboração própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.

Os demais equipamentos como a delegacia de polícia, e a pista de skate


existente no terreno foram realocados, sendo a polícia realocada no terreno ao lado,
que é também um vazio urbano, e a pista de skate movida para uma área que abrigará
34

somente atividades esportivas, essas realocações podem ser verificadas atráves da


Figura 8.

Figura 8- Equipamentos Implantados e Realocados

Fonte: Elaboração própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.

7.5 Acessos e trajetos

O traçado do projeto teve como diretriz os acessos, pois o grande problema


apontado no terreno, é que este funciona como uma barreira física entre os bairros
adjacentes e o centro, onde os pedestres necessitam ladear o terreno sem poder
atravessá-lo. Este fator foi o principal para motivar o traçado da implantação,
facilitando a circulação e propiciando um passeio agradável pelo parque, promovendo
mobilidade a partir de conexões por entre os diversos pontos do terreno, conforme
disposto na Figura 9.
35

Figura 9- Conexões

Fonte: Elaboração própria.. São Miguel Arcanjo, São Paulo.

Desta maneira estão sendo pontuadas as conexões diretas por todo o terreno,
e inclusive será projetada uma ponte sob a Lagoa do Guapé, que além de gerar
conexão direta de um ponto a outro, também servirá de equipamento de contemplação
do parque.

Dando seguimento, o conceito dos trajetos teve como inspiração a Lagoa, pois
os caminhos fazem homenagem aos caminhos do rio, que discorrem em curvas e de
forma livre por entre a natureza, dessa maneira o usuário seria conduzido por esse
trajeto e poderia parar em suas curvas para admirar a paisagem, e nessas áreas de
parada e de convivência foram utilizados os formatos de folhas, que conterão em seu
interior equipamentos de descanso, conforme ilustra a Figura 10.
36

Figura 10- Trajetos e paradas

Fonte: Elaboração própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.

Os trajetos além de contar com a forma orgânica, ainda seguem o sistema de


conexões proposto, interligando todas as partes do entorno do parque, gerando um
agradável passeio em meio a natureza.

Outro fator importante de acesso, trata-se da rua lateral do parque que continha
um canteiro de longa extensão, que além de não abrigar nenhuma vegetação além de
mato, servia apenas como uma divisão viária, este canteiro foi então agregado ao
37

projeto, onde eliminou-se a rua entre o canteiro e o parque, gerando assim, mais área
para o parque, dando um maior aproveitamento daquele viário mal planejado. Dessa
forma, com a retirada da rua, foram também reformuladas as quadras e o viário ao
lado, de modo a estruturar a malha, lembrando que as quadras reestruturadas
apresentavam somente áreas vazias, e nenhuma construção ou família teve que ser
realocada. Tal mudança também auxiliou na implantação do estacionamento, que
localiza-se em um espaço antes mal aproveitado e vazio, sendo que este
estacionamento agora fica próximo aos equipamentos de acesso imediato. A situação
descrita pode ser melhor visualizada e entendida a partir da Figura 11.

Figura 11- Mudança no viário


38

Fonte: Elaboração própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.

7.6 Partido do projeto

O partido do projeto se destaca principalmente pela topografia existente, e os


visuais disponíveis, tendo como formas preferenciais dos edifícios as formas
orgânicas, correspondente ao diálogo entre ambiente e edifício, decorrentes das
formas, dos elementos e das diferenças de alturas no parque.
39

A linguagem arquitetônica partiu de formas livres para os edifícios de maior


destaque, que seriam a praça de alimentação e a biblioteca, e os demais blocos de
apoio manteriam uma linguagem de ângulos retos, porém portando entre si uma
linguagem orgânica de elementos de composição, baseados em pilares e brises que
compõem a linguagem de todo parque, conforme apresenta o croqui de estudo na
Figura 12.

Figura 12- Linguagem Arquitetônica

Fonte: Elaboração própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.

7.7 Paisagismo
O local já apresenta uma grande concentração de árvores nativas, então foram
adicionadas ao parque algumas espécies árboreas com carácter ornamental, de modo
a embelezar ainda mais o local. As espécies agregadas ao projeto foram:

Tabela 5- Espécies utilizadas

QUANT. IMAGEM CARACTERÍSTICAS


20
Nome científico- Bauhinia
variegate.
Nomes Populares: Pata-de-vaca,
Árvore-de-orquídeas.
40

Altura: 6.0 a 9.0 metros, 9.0 a 12


m.
Diâmetro da copa- 4 m, 8 a 10 m.

15
Nome científico: Filicium
decipiens.
Nome popular: Árvore-
samambaia, Felíci.
Altura: 4.7 a 6.0 metros.
Diâmetro da copa: 8 metros.
12
Nome científico: Lagerstroemia
indica
Nomes Populares: Resedá,
Árvore-de-júpiter, Extremosa
Altura: 3.6 a 4.7 metros, 4.7 a 6.0
metros, 6.0 a 9.0 metros
Diâmetro da copa: 4 metros

9
Nome científico: Tabebuia
chrysotricha
Nomes populares: ipê-amarelo,
ipê-tabaco
Altura: 8 metros de altura
Diâmetro de copa: 4 metros

10
Nome científico: Syagrus
romanzoffiana
Nomes populares: Jerivá, Baba-
de-boi, Coco-de-babão
Altura: 6.0 a 9.0 metros
Diâmetro da copa: 3 metros

Fonte: Elaboração Própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.

7.8 A biblioteca
Conforme exposto, durante este trabalho, o município é carente de
equipamentos de lazer e também culturais, porém o fator mais notório relacionado à
cultura é o caso da biblioteca existente de São Miguel Arcanjo, que possui uma área
41

e um suporte que não comporta muitas pessoas em seu interior, sendo ainda
inexistente espaços de leitura e computadores para pesquisas. A Figura 13, mostra a
fachada da biblioteca, que era antigamente a primeira cadeia existente no município.

Figura 13- A biblioteca Profª Diva Galvão Nogueira França

Fonte: A biblioteca Profª Diva Galvão Nogueira França. Elaborado por: Paulo Manoel Silva

Filho. Disponível em: <http://blogdaluizavalio-segundotempo.blogspot.com.br/2012/08/passado-

remoto.html>. Acesso em: 21 mai. 2016.

Por tal motivo, o Parque do Guapé, abrigará também este equipamento de


cultura, proporcionando ao moradores o acesso ao conhecimento e a leitura, atráves
de um espaço planejado que abrigue a necessidade de usuários do município.

Assim surgiu a intenção projetual da Biblioteca Municipal de São Miguel


Arcanjo, com a premissa de um espaço amplo, totalmente apto a receber os leitores,
tendo um lugar planejado e bastante iluminado, propiciando assim um espaço
agrádavel e atrativo à população.

Antes de iniciar o projeto, primeiramente buscou-se o entendimento das


necessidades e implicações do projeto de uma biblioteca desde cálculos de usuários
e livros, até as recomendações específicas deste espaço.

7.8.1 Espaço físico


Antes de projetar a biblioteca, segundo explica Dias da Costa (2015) deve ser
feito um cálculo de dimensionamento, prevendo assim o espaço necessário para
42

abrigar todo o programa, este cálculo é realizado a partir da quantidade de usuários e


funcionários, levando também em consideração os serviços que serão ali realizados,
planejando sua área de armazenamento, área de atividade, área de administração e
circulação.

Os cálculos iniciam-se pela demanda de usuários previstos para o equipamento


e considerando que o munícipio de São Miguel Arcanjo possui cerca de 35.000
habitantes, obteve-se o número total de 13.000 livros para o acervo, conforme
apresenta a Figura 14.

Figura 14- Percentual em relação livro X habitante

Fonte: Percentual em relação livro X habitante. Elaborado por: COORDENADORIA DO

SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS. Disponível em:

<http://amormino.com.br/livros/20140815-biblioteca-publica-diretrizes.p >. Acesso em: 10 mai. 2016.

Esse valor de 13.000 mil livros no acervo, foi ajustado à relação realizada por
Dias da Costa (2015) que define o número de 1 pessoa a cada 10 livros, assim a
biblioteca deverá aguardar cerca de 1.300 usuários. Com o horário de funcionamento
da biblioteca definido de segunda à sabádo das 08:00 horas às 20:00 horas,
juntamente com a informação de que “cada pessoa permanece no máximo cerca de
duas horas na biblioteca” (Vanz, 2015, p.13) o fluxo de usuários será de 108.33 a cada
duas horas de funcionamento da biblioteca.

Com o valor de usuários estipulados, começa-se a outra etapa, calcular a área


de acervo que receberá esses usuários e os espaços que os livros ocuparão.
Conforme apresenta Dias da Costa (2015) pode ser estabelecida a relação de 10 m²
para cada 1.000 volumes, chegou-se a resolução de 150 m² para abrigar o acervo. E
43

“Com relação ao espaço para leitura calcula-se 1,5 lugares para cada 1.000 hab.”
(DIAS DA COSTA, 2015, p.2), e isso resulta em 52,5 lugares.

Para abrigar a circulação de usuários e funcionários, acomodando os espaços


de leitura e acervo, utilizando o cálculo de dimensionamento exposto chegou-se então
à 600 m² .

7.8.2 Ventilação, umidade e temperatura


Para uma ótima estadia na biblioteca, são levadas em consideração a
ventilação, pois “Para ser confortável, um ambiente precisa de renovação de ar
constante, tanto para a higiene, quanto para a dissipação de calor e a
desconcentração de vapores, fumaça e poeiras” (MAMBRINI, 1997 APUD VANZ,
2015). No que diz respeito as aberturas, estas deverão localizar-se em pontos
estratégicos fornecendo a ventilação cruzada e facilitando a renovação do ar, decisão
tomada após a informação dada por Dias da Costa (2015):

As variações constantes de temperatura podem levar à perda de flexibilidade


da fibra do papel causando um grande dano ao documento (isto no caso
específico da publicação em papel).Sugerimos que a temperatura da
biblioteca seja mantida entre 19º e 23ºC. Temperaturas altas e umidade do
ar superior a 55% são condições que favorecem o desenvolvimento do mofo.
Além dessas condições, má ventilação, iluminação inadequada e acúmulo de
pó também auxiliam no desenvolvimento de mofo.”(DIAS DA COSTA, 2015,
p. 2).

Conforme pesquisa, o município de São Miguel Arcanjo apresenta uma


temperatura variante de no mínimo 19 ºC e máxima de 25 ºC, o que torna o edifício
da biblioteca não dependente de ar condicionado, porém, é preciso que haja
renovação de ar.

7.8.3 Iluminação
A iluminação é um fator imprescindível para a qualidade do ambiente da
biblioteca, porém a incidência direta da luz natural sobre o acervo pode ocasionar
danos devido a radiação ultravioleta e por esse motivo os vidros utilizados nas
aberturas devem conter propriedades de bloqueio dessa radiação. Para a realização
desse bloqueio, existem muitas variedades de vidros inteligentes, capazes de
transpassar somente a claridade e barrar todas essa radiação. E para otimizar a
iluminação também existem técnicas de pintura inteligente, pois as cores mais claras,
favorecem a difusão da luz pelo ambiente com mais facilidade, sem absorvê-la muito.
44

7.8.4 Pisos e paredes


Em relação aos pisos e paredes, devem ser tomados como princípios pisos e
revestimentos com facilidade de limpeza, impermeáveis, e que possuam longa
duração, além de possuírem o aspecto de isolante acústico. Para seguir esses
requisitos, o piso ideal seriam o concreto tratado, mármore ou cerâmica.

7.8.5 Ruídos
Para se ter um ambiente agradável para estudo e leitura o valor indicado é de
30/35 decibéis, conforme aponta Dias e Costa (2015), e para preservar esse valor é
necessário utilizar revestimentos de piso, parede e forro que propiciem a absorção do
som. No espaço do acervo podem ser utilizadas as estantes como barreiras de som,
além de delimitar as atividades por áreas de interesse.

7.9 Programa de Necessidades


Entendidas as recomendações de espaço e elementos materiais, será
desenvolvido agora, o programa de necessidades, pensando no bem-estar do usuário
de modo a fornecer um programa cultural completo, composto conforme ilustra a
Tabela 6:

Tabela 6- Programa de necessidades

QUANT. Setor Controlado M²


1 Acervo 662.64
1 Informática 250.21
1 Espaços de leitura individual/coletivo 76.71
1 Terminais de consulta 30.00
1 Sala de estudo coletivo 43.85

QUANT. Administrativo M²
QUANT. Setor Público M²
1 Foyer 32.00
1 Auditório 189.28
45
1 Área de exposição 102.11
1 Lanchonete 187.62
1 Mirante/Terraço 662.64
3 Salas de Reunião 103.88
1 Almoxarife 31.35
1 Admistração 57.71
1 Diretoria 43.97
1 Armazenamento 31.35
1 Processo técnico 43.97
1 Catalogação de Livros 57.71

QUANT. Serviços M²
2 Depósito de Materiais 36.17
1 Copa/sala de descanso 46.39
1 Vestiário 66.36
1 Suporte de Informática 9.00

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA. Programa de necessidades. São Miguel Arcanjo, São Paulo.

Os programas foram dispostos de modo a gerar um fluxo e separar o privativo,


do serviço e da administração, ficando a setorização da seguinte forma como aborda
a Figura 16:

Figura 15- Organograma biblioteca


46

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA. Organograma biblioteca. São Miguel Arcanjo, São Paulo.

7.10 Partido Arquitetônico


A partir da setorização geral do parque, a biblioteca ficaria situada no patamar
do antigo Recinto da Festa da uva, e sua locação foi a responsável pelo partido
arquitetônico que tiraria proveito da topografia (edifício escalonado), buscando
adequar o projeto ao desnível de três metros existente, a partir disso, a linguagem
arquitetônica foi planejada de modo a dialogar com o restante do parque, tendo em
vista formas curvas, sem ângulos rígidos, remetendo a uma linguagem mais orgânica.

O estudo de formas a seguir na Figura 16 mostra o desenvolvimento do formato


obtido e sua composição.

Figura 16- Estudo da Forma

Fonte: Elaboração própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.


47

A iluminação e a ventilação naturais foram primordiais também no


desenvolvimento da forma, pois esta foi moldada de acordo com essas características,
de modo a não formar um “paredão” que fosse contra essas forças naturais, barrando
o vento e a luz. Dessa maneira, o formato resultou em uma “folha” e a composição
final foi a replicação e alterações de tamanho dessa folha, de um modo proporcional
gerando um equilíbrio da forma, favorecendo um escalonamento do edifício, gerando
vários ângulos de visão, tanto internamente para os usuários, quanto externamente
para os visitantes do parque, dando um destaque à construção, pois o edifício da
biblioteca poderá ser visto no mais alto patamar, convidando o usuário a conhecer e
adentrar o mais novo espaço adquirido pelo munícipio. Já o conceito formal, fica por
conta do broto de conhecimento, implantado no parque, de modo que este possa
florescer e ser disseminado por entre os usuários.

A partir da elaboração da composição formal, foi inserida a setorização na


forma já definida, assim como apresenta a Figura 17.

Figura 17- Setorização da Biblioteca

Fonte: Elaboração própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.

7.11 Acessos
Como dito anteriormente, o edifício será implantado no patamar do antigo
recinto da festa da uva, permitindo um acesso imediato ao equipamento, e o acesso
secundário para quem vem das imediações dos patamares abaixo, será feita através
48

de uma rampa, permitindo assim o acesso universal para todos. Na Figura 18, podem
ser observados os acessos.

Figura 18- Acessos

Fonte: Elaboração própria. São Miguel Arcanjo, São Paulo.

7.12 Elementos do edifício


Designada a abrigar o acervo, a maior “folha” está voltada para o norte,
recebendo todo o sol da tarde, dessa maneira deverá receber alguns cuidados como:

A iluminação natural no equipamento é fundamental, porém para não prejudicar


o acervo e nem ofuscar a visão dos leitores, algumas medidas foram tomadas para
que não houvesse insolação no projeto, tais como:

 Vidro Guardian Sun: este tipo de vidro consiste em camadas que são
capazes de bloquear a radiação e o calor da incidência solar, permitindo
que somente a luz adentre o espaço, e também funcionam como um
isolante acústico. A Figura 19 apresenta as características das camadas
desse vidro e suas funções;
49

Figura 19- Esquema Guardian Sun

Fonte: Esquema Guardian Glass. Disponível em:


<http://www.parededememorias.com/1/tipos_de_vidro_855887.html>. Acesso em: 21 mai. 2016.

 Teto verde: auxiliará no controle da temperatura do acervo, pois


funciona como isolante térmico, tornando o ambiente mais agradável
para a permanência dos usuários, e ainda reduz o ruído
consideravelmente, conforme apresenta a Figura 20.

Figura 20- Esquema do teto verde

Fonte: Esquema do teto verde. Disponível em: < http://rs.olx.com.br/regioes-de-porto-alegre-


torres-e-santa-cruz-do-sul/servicos/telhado-verde-eco-telhado-eco-parede-impermeabilizacao-
157987356>. Acesso em: 21 mai. 2016.

 Muxarabi: para auxiliar no controle da incidência solar, e dando uma


estética para o edifício, serão instalados painéis de muxarabi em frente
50

as fachadas de vidro. Como conceito, os painéis envolvem os projeto


como uma casca, como se fossem raízes saindo do solo, remetendo ao
conhecimento que é a base e a sustentação da biblioteca. O formato
deste deu-se seguindo as linguagens orgânicas do parque, como se
fossem galhos e raízes desconstruídas, formando a “casca” da fachada
norte. Na Figura 21, será apontado as dimensões e formatos do
muxarabi.

Figura 21- muxarabi desenvolvido

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA. Muxarabi desenvolvido. São Miguel Arcanjo, São Paulo.
51

Figura 22- Modelo de Encaixe

Fonte: Modelo de encaixe. Disponível em:


<http://estruturasdemadeira.blogspot.com.br/2013/02/ligacoes-em-estruturas-de-madeira.html>.
Acesso em: 26 mai. 2016.

 Isolamento acústico: será utilizado tanto nos forros como nas paredes,
de modo a amenizar a poluição sonora, e tornar o ambiente um local
agradável para permanência e uso.

Figura 23- Isolamento Acústico

Fonte: Isolamento acústico. Disponível em: < http://www.isoline.com.br/isolamento-acustico-


que-material-usar/>. Acesso em: 26 mai. 2016.
52

7.13 Sistema Estrutural


Para suportar os pavimentos e o teto verde, será utilizado o concreto armado
na estrutura do edifício, distribuindo em pontos estratégicos os pilares e vigas para a
sustentação.
7.14 Sistema Construtivo
Para sua vedação do edifício será utilizada um sistema de alvenaria estrutural,
tal sistema foi escolhido devido à otimização do tempo e diminuição de custos, uma
vez que algumas etapas necessárias na alvenaria convencional são suprimidas ou
executadas de modo diferente, como ocorre na execução de formas para pilares e
instalação de tubulações elétricas e hidráulicas, que, no método construtivo
convencional, são realizadas somente após a alvenaria executada, sendo necessário
realizar cortes nas paredes para inserir a tubulação, o que na alvenaria estrutural é
realizado simultaneamente ao levantamento das paredes economizando tempo e
material, a economia ocorre também na execução do acabamento onde devido à
regularidade das paredes em alvenaria estrutural a utilização de materiais para
regularizar e revestir as paredes terá espessura mínima (ROMAN, 1999).
53

REFERÊNCIAS

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Urbanização da Cidade de Palmas – TO. 27 mar. 2007. 154 p. Ciências do Ambiente
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LISTA DE FIGURAS DAS PRANCHAS: ANÁLISES PROJETUAIS

Figura 1- Localização. Fonte: Google Earth com adaptações da autora.

Figura 2- Antes e depois da intervenção. Fonte: Elaborado pelo site ArqPB. Disponível
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Figura 3- Esquema de organização do projeto. Fonte: Elaborado pela própria autora.

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<http://www.gutsandgore.co.uk/notorious-prisons/carandiru-prison/>. Acesso em: 23
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Disponível em: <https://teoriacritica13ufu.wordpress.com/2010/12/17/parque-da-
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Figura 9- Usos. Fonte: Elaborado por Alex Calliari. Disponível em:


<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/14.162/5213>. Acesso em: 23 out.
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Figura 10- Implantação. Fonte: Elaborado por Aflalo & Gasperini Arquitetos com
adaptações da autora. Disponível em:
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Figura 11- Corte Esquemático. Fonte: Elaborado por Rosa Grena Kliass. Disponível
em:<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/14.162/5213?page=3>.
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Figura 12- Localização. Fonte: Google Earth com adaptações da autora.

Figura 13- Esquema do partido arquitetônico do projeto. Fonte: Elaborado pela própria
autora.

Figura 14- Croqui. Fonte: Elaborado pela própria autora.

Figura 15- Campos de Futebol. Fonte: Elaborado por Daniel Ducci. Disponível em:
<http://www.landezine.com/index.php/2013/11/cantinho-do-ceu-complex-
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Figura 16- Decks e Mirantes. Fonte: Elaborado por Daniel Ducci. Disponível em:
<http://www.landezine.com/index.php/2013/11/cantinho-do-ceu-complex-
urbanization-by-boldarini-arquitetura-e-urbanismo/>. Acesso em: 22 out. 2015.

Figura 17- Cinema ao ar livre. Fonte: Elaborado por Daniel Ducci. Disponível em:
<http://www.landezine.com/index.php/2013/11/cantinho-do-ceu-complex-
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Figura 18- Perspectiva do Projeto. Fonte: Elaborado por Fabio Knoll. Disponível em:
<http://www.landezine.com/index.php/2013/11/cantinho-do-ceu-complex-
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em: <http://www.landezine.com/index.php/2013/11/cantinho-do-ceu-complex-
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Figura 20- Implantação. Fonte: Elaborado por Boldarini Arquitetura e Urbanismo


com adapatações da autora. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/01-
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58

Figura 21- Corte Esquemático. Fonte: Elaborado por Boldarini Arquitetura e


Urbanismo com adaptações da autora. Disponível em:
<http://www.archdaily.com.br/br/01-157760/urbanizacao-do-complexo-cantinho-do-
ceu-slash-boldarini-arquitetura-e-urbanismo>. Acesso em: 22 out. 2015.

Figura 22- Localização. Fonte: Google Earth com adaptações da autora.

Figura 23- Esquema do Partido Arquitetônico do Projeto. Fonte: Elaborado pela


própria autora.

Figura 24- Fase de Construção BigShops. Fonte: Elaborado pelo site The Architect.
Disponível em: <http://www.dearchitect.nl/nieuws/2011/08/15/omgekeerd-dakpark-
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Figura 25- Locação e construção do parque em três níveis, no telhado da BigShops.


Fonte: Elaborado por Bure Sant en Co. Disponível em:
<http://english.santenco.nl/index.php?page=dakpark-vierhavenstrip2&foto=Foto_11>.
Acesso em: 20 out. 2015.

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Disponível em: <https://www.flickr.com/photos/jaccodotorg/14997267166>. Acesso
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Figura 28- Jardim. Fonte:Elaborado pelo site DakPark Rotterdan. Disponível em:
<http://vriendenvanhetdakpark.blogspot.nl/p/dakpark-buurttuin.html>. Acesso em: 20
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Figura 29- Esquemas de níveis e trajetos. Fonte: Elaborado pela própria autora.

Figura 30- Implantação. Fonte: Elaborado por Vitibuck Architects com adaptações da
autora. Disponível em: <http://vitibuck.com/speeltuinloge-dakpark/>. Acesso em: 20
out. 2015.

Figura 31- Perspectiva do projeto. Fonte: Elaborado por Disponível em:


<http://rotterdamarchitectuurprijs.nl/dakpark-1.html>. Acesso em: 20 out. 2015.
59

Figura 32- Área de piquenique. Fonte: Elaborado por Aad vanderStruijs. Disponível
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Figura 33- Escada com água. Fonte: Elaborado por Buro Sant en Co. Disponível em:
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Figura 36- Corte esquemático. Fonte: Elaborado pelo site Rotterdam Architectures
com adaptações da autora. Disponível em:
<http://rotterdamarchitectuurprijs.nl/dakpark-1.html>. Acesso em: 20 out. 2015.
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