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SUMÁRIO
Segurança privada em shopping centers..................................04
1. A evolução dos centros comerciais...........................................05
2. Elementos comuns de um programa de segurança de
shopping center...............................................................................................11
3. Natureza dos esforços de segurança em shopping
centers....................................................................................................................18
4. Pós-pandemia, o novo normal?.....................................................23
5. A teoria das janelas quebradas e a tolerância zero.......29
6. O poder da prevenção e do controle na segurança.....45
7. Modelos de prevenção........................................................................53
8. Estratégia inteligente............................................................................60
9. O modus operandi do "novo cangaço", uma ameaça
real aos shopping centers......................................................................65
10. Conclusão...................................................................................................80
11. Referências bibliográficas................................................................84

O NOVO CANGAÇO EM SHOPPING CENTERS E-BOOK DIGITAL


04

SEGURANÇA PRIVADA
EM SHOPPING CENTERS
O crime está presente em nossa sociedade, isso,
infelizmente, é uma realidade. As empresas, sobretudo
os grandes centros comerciais de varejo como os
shopping centers, carecem de mão de obra
especializada para demonstrar que estão preparadas
para enfrentar qualquer tipo de ameaça.

As organizações de segurança privada


reagem a essa realidade, adotando
medidas de segurança exclusivas, a-
daptadas para proteger suas proprie-
dades contra essa invasão de malfeito-
res. As equipes de segurança repre-
sentam parte importante na
administração de qualquer
shopping que pretende
oferecer um ambiente
tranquilo e propício às
compras e ao lazer de
seus usuários

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1. A EVOLUÇÃO DOS
CENTROS COMERCIAIS

Nos Estados Unidos, a principal economia capitalista do


planeta, os principais pesquisadores afirmam que o
moderno shopping center, da forma como conhecemos
hoje em todo o mundo, surgiu em um bairro de
Baltimore, Maryland, em 1907, quando um grupo de lojas
construiu um estacionamento na rua para os veículos
motorizados – que começavam a surgir - e as
carruagens puxadas por cavalos.

No entanto, é na década de 1920, quando os


supermercados da Califórnia começaram a servir de
âncoras para um conjunto de pequenas lojas, que surgiu
o verdadeiro ponto de partida do shopping center
moderno. Esses centros cresceram a uma taxa tão alta
que, em 1960, havia 4.500 shoppings representando 14%
de todas as vendas no varejo naquele país.

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06

Em 1987, esse número aumentou para 16.400 shoppings


e mais de 50% de todas as vendas no varejo. Aquela
imagem da rua principal norte-americana que servia de
local onde as pessoas faziam compras foi dizimada
como resultado dessa proliferação de shopping centers.

Na Grã-Bretanha também o papel do centro da cidade


como uma importante fonte de compras e atividade
econômica diminuiu. Isso foi chamado de 'síndrome do
donut', onde o desenvolvimento de shopping centers
nos arredores da cidade deixou um vazio nas antigas
ruas de comércio.

Em 1984, a quantidade total de vendas no varejo


adquiridas em todas as “High Streets” britânicas foi de
59%, mas em 1994 essas vendas no varejo caíram para
48%. Um excelente exemplo desse declínio é a cidade
de Dudley. Com a abertura do Merry Hill Shopping
Center em 1985 na periferia, seguida de expansões e
atualizações, o centro da cidade experimentou um
declínio quando as lojas de grande porte saíram para o
shopping mais próspero e foram substituídas por lojas
de baixo custo.

Esse processo é chamado de 'consolidação do declínio'


em que lojas de marcas populares são substituídas por
negócios que podem ser considerados intrinsecamente
problemáticos e contribuem para o declínio do centro da
cidade.

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07

Como consequência, a percepção que alguns


compradores têm do centro da cidade pode se tornar
negativa.

Por exemplo, um estudo descobriu que


aproximadamente 28% dos compradores em um centro
de cidade estavam seriamente preocupados com crimes
violentos, enquanto aproximadamente 8% dos
compradores em um shopping center estavam
igualmente preocupados sobre o mesmo tema.

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08

Além disso, em comparação com apenas


aproximadamente 20% dos compradores de shopping
centers, 56% dos compradores de centros urbanos
acreditavam que problemas de qualidade de vida, como
lixo, eram um problema sério.

Como sugerido pela notória tese de policiamento de


janelas quebradas, da qual falaremos mais adiante, um
centro de cidade repleto de lixo e pichações pode
significar tanto para compradores quanto para
criminosos em potencial uma sensação de
desorganização social.

Já no Brasil, existem diversas linhas de pensamento


sobre a origem dos shopping centers. Alguns autores
consideram que a história começou no Recife, com a
inauguração do Mercado Modelo Coelho Cintra, ainda
em 1899.

Porém, trata-se realmente de um centro comercial, e


não de um shopping center no sentido mais comercial
da palavra. Levando isso em consideração, os primeiros
shopping centers do Brasil datam da década de 1960,
com a inauguração do Shopping do Méier no Rio de
Janeiro (1963) e o Shopping Iguatemi em São Paulo
(1966). Um centro comercial pode contribuir para a
qualidade de vida e bem-estar econômico de uma zona
com a consolidação de novos postos de trabalho.

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No entanto, pode haver um efeito negativo quando o


centro da cidade adjacente sofre um declínio acentuado
em sua qualidade de vida e atividade econômica.
Independentemente de qualquer debate de políticas
públicas sobre o impacto geral dos shopping centers,
eles continuam sendo um elemento importante da vida
social e econômica de uma comunidade.

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Com toda essa evolução no decorrer dos anos, as


estruturas administrativas dos shopping centers, sempre
focadas no aumento do número de vendas, têm se
adequado aos novos tempos de acordo com o perfil dos
consumidores de cada época.

Atualmente, a ênfase dos esforços de melhoria quanto à


atualização do modelo de trabalho tem decaído
diretamente sobre as equipes de segurança, que
passaram de meros coadjuvantes a figuras principais
desses mega ambientes empresariais.

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2. ELEMENTOS COMUNS DE UM
PROGRAMA DE SEGURANÇA DE
SHOPPING CENTER

Um pequeno shopping center pode oferecer pouco mais


do que um ambiente físico limpo e bem conservado para
demonstrar um forte interesse gerencial em operações
seguras e pacíficas.

Um grande shopping regional, no entanto, pode manter


uma equipe interna completa ou um contingente
contratado de pessoal de segurança apoiado por veículos
sinalizados, CCTV (Circuito Fechado de TV), sistemas
eletrônicos de gravação de rondas de guarda e muito mais.

O ponto principal aqui é que os programas de segurança


internos ou contratados devem ser adaptados para atender
aos requisitos exclusivos de cada propriedade, e atender o
disposto na Lei. Nº 7.102/1983¹, o qual traz o conceito de
segurança privada com finalidade de proteção comercial

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1 Art. 10. São considerados como segurança privada as atividades desenvolvidas


em prestação de serviços com a finalidade de:
I - proceder à vigilância patrimonial das instituições financeiras e de outros
estabelecimentos, públicos ou privados, bem como a segurança de pessoas físicas;
II - realizar o transporte de valores ou garantir o transporte de qualquer outro tipo
de carga.
§ 1º Os serviços de vigilância e de transporte de valores poderão ser executados
por uma mesma empresa.
§ 2º As empresas especializadas em prestação de serviços de segurança,
vigilância e transporte de valores, constituídas sob a forma de empresas
privadas, além das hipóteses previstas nos incisos do caput deste artigo,
poderão se prestar ao exercício das atividades de segurança privada a pessoas;
a estabelecimentos comerciais, industriais, de prestação de serviços e residências;
a entidades sem fins lucrativos; e órgãos e empresas públicas.

Os shopping centers podem atrair clientes de diferentes


populações socioeconômicas, estar localizados em
diversos bairros, ter um mix geral de lojistas diferente e ter
passado por vários incidentes de segurança e proteção.
Assim, as medidas potenciais usadas para proteger essas
propriedades irão variar.

No entanto, podemos oferecer algumas observações


gerais sobre elementos comumente encontrados em
shoppings regionais, que provavelmente constituem o tipo
de facilidade que a maioria dos compradores pensa ao
querer passar um dia com a família no shopping. Mais uma
vez, o programa de segurança de um determinado
shopping deve ser projetado para as necessidades
exclusivas de governança por meio da segurança
corporativa naquele shopping específico.

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A administração do shopping é responsável por todas as


áreas comuns, até a linha de locação do lojista. Os
varejistas individuais são responsáveis pela segurança
dentro de suas próprias paredes e deixam a segurança de
todos os corredores, áreas de serviço e áreas de
estacionamento² para o departamento de segurança do
shopping. Importante ressaltar, que a responsabilidade
supracitada deriva especificamente do Direito Civil, senão
vejamos:

“Código Civil - Art. 186 - Aquele que, por ação


ou omissão voluntária negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito.” Código

“Código Civil – Art. 187 - Também comete ato


ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes.

“Código Civil - Art. 927. Aquele que, por ato


ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.

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Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar


o dano, independentemente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco
para os direitos de outrem

Assim sendo, no caso concreto, havendo a comprovação do


dano, a responsabilidade do Shopping Center será apurada³, e
com esta, o dever de indenizar⁴. A segurança do shopping
pode ser de natureza proprietária (funcionários diretos do
próprio shopping) ou pode consistir principalmente de
seguranças particulares contratados.

A espinha dorsal de qualquer programa de segurança, no


entanto, é o segurança do shopping que patrulha os
corredores das áreas comuns e estacionamentos. Espera-se
que o oficial de segurança responda às perguntas e
necessidades dos compradores, responda a incidentes de
segurança e observe problemas de segurança, desde os mais
simples até os mais complexos.

A segurança do shopping também pode


responder a incidentes nas instalações
de um varejista, embora muitos grandes
varejistas ou lojas âncoras em shoppings
tenham seu próprio pessoal de segurança.

² “Súmula 130. A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou


furto de veículo ocorridos em seu estacionamento.” Superior Tribunal de Justiça.

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² “Súmula 130. A empre3 A título de exemplo, segue abaixo um caso real, onde foi
apurada a responsabilidade civil do shopping center (CONSORCIO
EMPREENDEDORES SHOPPING ESTACAO), em um sequestro relâmpago seguido
de roubo em estacionamento : “(STJ - AREsp: 1086400 PR 2017/0085359-3, Relator:
Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Data de Publicação: DJ 17/08/2017)” – “apelação
cível 1 e 2 - Ação de indenização por danos materiais e morais (…) dever de
indenizar corretamente reconhecido em primeiro grau - falha no dever de
guarda e vigilância - teoria do risco do negócio - excludentes de responsabilidade
do caso fortuito e culpa de terceiro não configuradas - estabelecimento comercial
que não se desincumbe de provar a inexistência de sua responsabilidade - dano
material corretamente fixado - presunção de veracidade do boletim de ocorrência -
valor das joias e relógio subtraídos devidamente comprovadas por notas fiscais -
quantum indenizatório da indenização por danos morais corretamente fixado, não
comportando majoração ou minoração recurso 1 desprovido recurso 2 desprovido”.

⁴ No presente caso, o Shopping foi responsável pela indenização, nos seguintes


termos: “Note-se que não comporta acolhimento a arguição de que o ilícito
decorreu de caso fortuito, pois o estacionamento agrega o negócio, sendo o
shopping responsável pela segurança, guarda e vigilância, não só em relação aos
veículos, mas também de seus clientes, máxime pelo tamanho do
empreendimento”

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A responsabilidade civil⁵ nos indecentes, conforme trazido


nos artigos do Código Civil, pode ter origem não só na
“ação”, mas também na “omissão” no dever de vigilância.

Embora nenhum padrão amplamente aplicável exija que


shoppings fechados implantem CFTV, mais e mais
propriedades usam câmeras para registrar incidentes,
monitorar áreas propensas a problemas e acidentes e
capturar situações de emergência assim que forem
conhecidas pelos operadores do centro de comando.

Práticas genéricas de segurança física também são


esperadas de operações de segurança de shopping bem
administradas. A preocupação com a qualidade e a
quantidade de iluminação também devem estar presentes
nos centros modernos.

A poda de árvores e plantas, a sinalização adequada ajuda


a encontrar caminhos em todas as garagens de
estacionamento e também aconselha os jovens sobre as
regras de conduta apropriadas. Programas de informação
ao comerciante e treinamento de conscientização de
segurança para todos os funcionários do shopping também
fazem parte da segurança moderna dos empreendimentos
que brigam pela preferência dos consumidores, que estão
cada vez mais exigentes. Portanto, espera-se que todos os
funcionários do shopping sirvam como 'olhos e ouvidos' do
departamento de segurança

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Esta proteção deve ser feita amplamente pelo fornecedor


dos serviços nesta relação com o consumidor final, posto
que com base no Código de Defesa do Consumidor, a
prestação de serviços não admite defeitos, sob pena de
indenização, conforme artigo abaixo.

Código de Defesa do Consumidor - Art. 14. O


fornecedor de serviços responde, independentemente
da existência de culpa, pela reparação dos danos
causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos.

Independentemente de suas escolhas finais no modelo de


segurança oferecida, as equipes de gerenciamento de
shoppings em todo o país geralmente se esforçam para
fornecer uma experiência de compra segura seguindo
muitas práticas discutidas acima.

⁵ Para que o dever de indenizar/reparar seja comprobado, deve-se ter a


ocorrência: conduta humana positiva ou negativa (ação/omissão), o dano ou
prejuízo ( roubo, furto, etc.), nexo de causalidade ( a relação do shopping com o
consumidor).

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3. NATUREZA DOS ESFORÇOS


DE SEGURANÇA EM SHOPPING
CENTERS

Os esforços para prevenir a criminalidade nos shopping


centers são importantes quando se considera que eles
recebem milhões de visitantes anualmente. Embora os
shopping centers possam ser considerados praticamente
como pequenas cidades devido ao seu tamanho, eles ainda
estão conectados ao maior 'sistema sociocirculatório', que
são as comunidades nas quais estão localizados.

A relação que os shopping centers têm com o ambiente


socioecológico é importante porque eles podem ser
projetados para permitir projetos arquitetônicos
esteticamente agradáveis, às vezes ignorando como tais
layouts se relacionam com a 'probabilidade' de crime,
'vulnerabilidade' do local e 'alvo' criticidade', como escreve
o americano DB Kennedy em seu livro Probabilidade,
Vulnerabilidade e Criticidade como Arquitetura,
considerações de segurança, de 1992.

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Falhas de projeto podem criar desafios para a provisão


efetiva de segurança em shopping centers, embora não
sejam inerentemente criminógenas. O projeto pode atrair e
gerar crimes apenas por causa dos milhões de pessoas que
visitam sua propriedade a cada ano.

Grandes shopping centers com maior volume de clientes


tendem a atrair mais crimes em comparação com shopping
centers menores porque há mais vítimas em potencial, mas
o risco de um indivíduo se tornar vítima de um crime não
aumenta necessariamente.

No entanto, shopping centers que vivenciam atividades


relacionadas às drogas podem gerar crimes por causa de
um nexo droga-crime no que se refere à violência
psicofarmacológica, econômica e sistêmica. É o que afirma
o autor J. Goldstein, na sua ótima publicação de 1985,
denominada 'The Drugs/Violence Nexus: A Tripartite
Conceptual Frame”.

Ele associa uma ideia de que alguns negócios legítimos em


um shopping center, como bares ou clubes que vendem
álcool barato ou atraem uma 'multidão grosseira', poluirão o
ambiente social e contribuirão para problemas de
criminalidade. Por mais verdadeiro que isso possa ser, outros
pesquisadores concluíram que o crime em shopping centers
parecia estar mais ligado a 'clientes problemáticos', como
jovens desocupados, gangues e pessoas esperando por
transporte público, do que a inquilinos problemáticos, como
bares, cinemas e lojas de jogos eletrônicos, aquelas
popularmente conhecidas como “fliperamas”.

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Os gerentes de segurança precisam reconhecer o problema


potencial do deslocamento do crime. Seria sensato que os
departamentos de segurança avaliassem ou estivessem
cientes de quais medidas de segurança estão sendo
implantadas nos estabelecimentos comerciais ao redor.

Tendo em mente que as necessidades de segurança de um


shopping center podem diferir daquelas das empresas
vizinhas, sua propriedade deve ter o mesmo grau de
proteção. O deslocamento ocorre quando o crime em uma
propriedade bem defendida não é prevenido, mas sim
empurrado para outro lugar. Não é inconcebível que o crime
possa ser deslocado para um shopping center de um
hospital ou complexo de apartamentos adjacente que
esteja bem defendido contra o comportamento criminoso.

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O deslocamento do crime se enquadra em uma das cinco


categorias: funcional, territorial, tático, temporal e alvo.
Deslocamento funcional pode se referir a um ladrão que
pode mudar seu crime para um assalto na rua. O
deslocamento territorial envolveria um indivíduo que
escolhe um bairro diferente para cometer seu crime.

O deslocamento temporal inclui um indivíduo que decide


cometer um crime em um horário diferente do dia ou da
noite. O deslocamento do alvo envolve criminosos que
escolhem uma propriedade diferente para atingir com base
na maior oportunidade que ela apresenta (Fonte: Reppetto,
1976). Embora todos os tipos de deslocamento sejam
importantes para um gerente de segurança, parece que
territorial, temporal e alvo seriam uma preocupação
imediata.

Por exemplo, um ladrão armado em potencial pode ser


deslocado de uma propriedade adjacente e procurar um
shopping center como alvo alternativo. Além disso, um
potencial infrator pode alterar suas atividades criminosas de
acordo com as medidas de segurança presentes em um
shopping center.

Finalmente, o deslocamento do alvo pode ser o mais


conseqüente, pois um infrator pode atacar um shopping
center porque o vê como o mais oportunista devido a
medidas de segurança frouxas.

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É importante ter em mente que as propriedades podem ser


únicas na antecipação do crime e nas medidas de
segurança implementadas para preveni-lo. Por exemplo,
para um indivíduo, as chances de se tornar uma vítima de
assalto em um grande shopping regional são pequenas
devido ao grande número de visitantes anuais.

Pode-se concluir que um ataque criminoso em um


shopping regional é previsível, mas isso se deve em grande
parte ao número de visitantes, e não reflete o risco
estatístico de vitimização de um determinado indivíduo. Isso
não pretende negar a ocorrência de crimes em shopping
centers; certamente, o crime pode ser um problema em
algumas propriedades.

O ponto é que o projeto arquitetônico de um shopping


center, o mix de locatários e a localização dentro de um
determinado bairro podem ser mais problemáticos em
comparação com um shopping center em um bairro nobre
com uma estrutura bem pensada, projeto arquitetônico com
consciência de segurança e mix de locatários mais
“tranquilos”.

Mas, em suma, o que isso significa? Que uma abordagem de


segurança utilizada em um empreendimento pode não ser a
ideal para outro. As individualidades devem ser respeitadas,
uma vez que existem contextos diferentes, há muitas
variáveis nessa fórmula.

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4. PÓS-PANDEMIA, O NOVO
NORMAL?

A pandemia do coronavírus, iniciada logo nos primeiros


meses de 2020, abalou toda a estrutura econômica de
nossa sociedade, por meio da necessidade do fechamento
temporário das empresas, em especial as do comércio
varejista.

Com o seu fim, as pessoas voltaram a ter uma grande


necessidade de retomada de rotina, não apenas sobre o
prisma da necessidade, mas também no aspecto que diz
respeito ao bem-estar emocional de todos, pois, como
sabemos, o ser humano é um ser sociável, e a sua
capacidade de se relacionar com as outras pessoas é parte
importante de sua vida, contribuindo para uma boa saúde
mental.

Nesse contexto, considerando que os shopping centers são,


além de locais de compras, verdadeiros pontos de encontro
e de convivência.

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Com todo esse contexto, é cada dia mais urgente que


façamos uma reflexão contínua sobre o papel do
profissional da segurança que atua nesse tipo de
empreendimento (shopping). Não apenas no que diz
respeito à conduta técnica durante a jornada de trabalho,
quando deve seguir os preceitos de tudo que aprendeu
sobre segurança, mas também em sua capacidade de
reconhecer a importância da função que ocupa.

O vigilante já não é mais “apenas” o segurança do ambiente,


ele precisa adotar uma postura proativa, baseada no
entendimento de que, nesses novos tempos, ele é uma
figura imprescindível para que os clientes e frequentadores
tenham uma sensação de bem-estar e acolhimento ao
visitar as instalações do shopping center.

Todos sabemos que a pandemia trouxe


consigo uma forte necessidade de
mudanças. Algumas coisas que
estavam engatinhando, que iriam
demorar mais uns 5 ou 10 anos
para realmente se tornarem par-
te comum das nossas realidades,
tiveram que ser colocadas em
prática. Como exemplo, pode-
mos citar o trabalho remoto e as
aulas a distância. Instituições
que nunca haviam optado por esse
modelo, se viram obrigadas a imple-
mentarem ações que envolvessem seus alunos e/ou
funcionários de forma não-presencial.

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6 Conceito trazido pela Lei Nº 7.102/83. (Art. 15 e 16) - Art. 15. Vigilante, para os
efeitos desta lei, é o empregado contratado para a execução das atividades
definidas nos incisos I e II do caput e §§ 2º, 3º e 4º do art. 10. “(O art. 10 pode ser
visto em tópico anterior)”.
Art. 16 - Para o exercício da profissão, o vigilante preencherá os seguintes
requisitos:
I - ser brasileiro;
II - ter idade mínima de 21 (vinte e um) anos;
III - ter instrução correspondente à quarta série do primeiro grau;
IV - ter sido aprovado em curso de formação de vigilante;
IV - ter sido aprovado, em curso de formação de vigilante, realizado em
estabelecimento com funcionamento autorizado nos termos desta lei. (Redação
dada pela Lei nº 8.863, de 1994)
V - ter sido aprovado em exame de saúde física, mental e psicotécnico;
VI - não ter antecedentes criminais registrados; e
VII - estar quite com as obrigações eleitorais e militares

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Grandes centros comerciais permaneceram fechados por


muitos meses, fechando muitos empreendimentos e
levando outros a funcionarem online, sem a necessidade de
uma equipe de segurança física e presencial. Entretanto,
com a volta da normalidade nos comércios – atacadistas e
varejistas – e a reabertura dos shopping centers, ficou claro
o fato de que, os clientes querem algo mais.

E a equipe de segurança é parte fundamental dessa nova


realidade, uma vez que é a linha de frente, aquela que está
cara a cara com os clientes, devendo trabalhar
proativamente para encanta-lo. Comprar online é muito
cômodo, os consumidores que passam por essa experiência
se tornam, quase que automaticamente, compradores
contumazes da modalidade digital.

Mas seus hábitos de consumo nas lojas físicas não são


simplesmente substituídos pelas compras online. Afinal,
conforme citado no início do texto, o ser humano depende
da sociabilidade para se sentir pleno, e fazer compras em
shopping center continua sendo uma ação que não está em
risco de ser extinta.

Pelo contrário, com tantas opções que um centro comercial


oferece, está cada dia mais claro a preferência de muitos
consumidores por frequentarem esses locais. A relação do
brasileiro com o shopping migrou ao longo dos anos de
destino de compras para opção de lazer.

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Cinemas, teatros, restaurantes, serviços diversos e a


segurança de ambiente controlado conquistaram o público
e ampliaram o mix ofertado, contribuindo para que o setor
continuasse em crescimento mesmo em períodos de crise
econômica, se levarmos em consideração os períodos pré-
pandemia. O setor sempre registrou boas taxas de
crescimento, ano a ano.

Um bom shopping center, com ambiente climatizado e uma


equipe de segurança apta a atender qualquer ocorrência,
que atende com cortesia e trabalha fortemente na
prevenção de crimes, é naturalmente um convite aos
visitantes.

Fazer os clientes se sentirem bem passa invariavelmente


pela sensação de segurança que lhe é proporcionada. E,
atualmente, não é mais “apenas” essa sensação de
segurança que é função da equipe de vigilância, mas
também o oferecimento de um atendimento que vai muito
além disso

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Um segurança que está em harmonia com os novos tempos


conhece a realidade que se impôs, especialmente depois
da pandemia, ele está ciente que a excelência no
atendimento faz parte de seu dia a dia, e que, para que ela
ocorra de forma plena e rotineira, cabe a ele se colocar à
disposição de quaisquer demandas que possam aparecer,
mesmo que elas extrapolem as funções primárias para as
quais ele foi treinado e preparado para executar.

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29

5. A TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS


E A TOLERÂNCIA ZERO (COMO APLICÁ-
LA NO SHOPPING CENTER)

Em resumo, a Teoria das Janelas Quebradas significa que se


uma vidraça se quebra em uma janela de um prédio e ninguém
a conserta, logo todas as outras serão quebradas. Se uma
comunidade exibe sinais de deterioração e ninguém parece se
importar, então o crime será gerado lá.

Se as infrações menores (estacionar em local proibido,


ultrapassar o limite de velocidade ou passar o sinal vermelho)
forem cometidas e não forem punidas, então começarão as
ofensas maiores e, em seguida, os crimes cada vez mais graves.

A teoria é clara em recomendar a supressão de qualquer


circunstância que estimule a criminalidade e a proteção
extrema: por exemplo, aumentar a segurança de casas,
apartamentos e urbanizações e, assim, evitar a "quebra de
janelas" e a penetração nas residências; alterar a arquitetura das
residências para dificultar o acesso às mesmas; instalação de
circuito fechado de televisão; fechamento de ruas; vigilância
dos moradores para prevenir crimes de oportunidade como
furtos.

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30

As medidas preventivas implementadas nos bairros cuja os


habitantes são vítimas do terror; em lugares onde proliferam
a prostituição, a venda de drogas, os assaltos nas ruas, os
assaltos à mão armada, etc; são necessárias e partem do
princípio de que alvos fáceis ou má vigilância incentivam os
criminosos.

O professor Felipe Zimpardo, da Universidade de Stanford


(EUA), realizou em 1969 o experimento de deixar dois carros
abandonados na rua, carros idênticos, da mesma marca e
modelo, inclusive de cor. A diferença foi que o primeiro
carro foi deixado no Bronx, que é conhecido por todos por
seu alto perigo, uma área pobre e conturbada de Nova York,
e o outro foi deixou abandonado em Palo Alto, uma área rica
e famosa na Califórnia.

Dois carros abandonados idênticos, dois bairros com


populações muito diferentes e uma equipe de especialistas
em psicologia social estudando o comportamento das
pessoas em cada lugar. Descobriu-se que o carro
abandonado no Bronx começou a ser vandalizado em
poucas horas. Pneus perdidos, motor, retrovisores, rádio,
etc. Tudo o que podia ser usado foi tirado, e o que não podia
foi destruído. Em vez disso, o carro abandonado em Palo
Alto permaneceu intacto.

Até então, os analistas concluíram que os altos índices de


criminalidade deveriam ser atribuídos à pobreza. Mas não foi
tão simples assim, e a história teria uma reviravolta.

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31

Quando o carro abandonado no Bronx já estava desfeito e o


de Palo Alto estava impecável há uma semana, os
investigadores quebraram um vidro do carro de Palo Alto. O
resultado foi que o mesmo processo foi desencadeado no
Bronx, e roubos, violência e vandalismo reduziram o veículo
ao mesmo status do outro que estava no bairro pobre.

Mas, afinal, por que o vidro quebrado no carro abandonado


em um bairro supostamente seguro é capaz de
desencadear todo um processo criminal? Porque não é
unicamente sobre pobreza. A necessidade por dinheiro não
é o motivo exclusivo que leva as pessoas a cometerem
crime. Obviamente é algo que tem a ver com a psicologia
humana e as relações sociais.

Um vidro quebrado em um carro abandonado transmite


uma ideia de deterioração, de desinteresse, de descuido
que quebra códigos de convivência, como de ausência de
lei, de normas, de regras, como se valesse tudo. Cada novo
ataque ao carro reafirma e multiplica essa ideia, até que a
escalada de atos cada vez piores se torna imparável,
levando à violência irracional.

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32

Aqueles que nomearam essa teoria foram: James Q. Wilson


e George Kelling, dando-lhe o nome de 'teoria das janelas
quebradas', em seu livro “Janelas quebradas. A polícia e a
segurança do bairro” que do ponto de vista criminológico
conclui que a criminalidade é maior em áreas onde o
descuido, sujeira, desordem e abuso são maiores.

Mas foi só na década de 1980 que essa teoria foi colocada


em prática no metrô de Nova York, que era então um lugar
muito perigoso. No início, começaram a combater pequenas
transgressões: pichações, estações sujas, embriaguez do
público, evasão de passagens, furtos e desordem. Os
resultados foram evidentes. Começando por combater os
pequenos delitos, foi possível fazer do metrô um lugar
muito mais seguro.

Mais tarde, em 1994, o então prefeito de Nova York Rudolph


Giuliani, baseado na teoria das janelas quebradas e na
experiência do metrô, promoveu uma política de "tolerância
zero". A estratégia consistia em criar comunidades limpas e
ordenadas, não permitindo a violação da lei e das normas
de convivência urbana. O resultado prático foi uma enorme
queda em todas as taxas de criminalidade da cidade de
Nova York.

A expressão 'tolerância zero' soa como uma espécie de


solução autoritária e repressiva, mas seu conceito principal
é antes a prevenção e promoção das condições
previdenciárias. Não se trata de linchar o criminoso, nem da
arrogância da polícia.

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33

Na verdade, a tolerância zero para abusos de autoridade


também deve ser aplicada. Não é tolerância zero com a
pessoa que comete o crime, mas tolerância zero com o
crime em si. Trata-se de criar comunidades limpas,
ordenadas, que respeitem a lei e os códigos básicos da
convivência social humana, como o que não temos agora.

A verdadeira questão é responder à questão se a


criminalidade diminuiu ou não quando essa teoria foi
colocada em prática, uma questão que tentaremos
responder mais adiante neste tutorial.

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34

- NO SHOPPING CENTER
Podemos citar várias situações que acontecem em nosso
dia a dia na segurança dos shopping centers que têm uma
semelhança com a teria das janelas quebradas e a política
de tolerância zero com o crime.

Pequenos furtos, desentendimentos entre clientes, veículos


irregulares no estacionamento, e atos de vandalismo devem
ser combatidos com a mesma veemência com que se
combate os crimes e delitos de maior dano e
periculosidade. Caso contrário, o que surgirá será o
chamado efeito “bola de neve”. Poe exemplo: um shopping
com os muros pichados, é um alvo muito mais fácil de ser
assaltado do que qualquer outro que apagaria as pichações
de seu muro no primeiro momento.

Ambientes sujos, uma equipe de segurança que não se


impõe, que não participa ativamente do atendimento, que
deixa acontecer pequenos desvios sem rechaçá-los
prontamente, está constantemente flertando com a
tolerância, dando espaço para que acontecimentos piores
possam ocorrer no recinto.

Por isso devemos sempre estar atentos. Ao menor sinal de


perigo, haja de acordo, pois o crime deve sempre ser
combatido, independentemente de seu tamanho. Conforme
a teoria das janelas quebradas, pequenos atos, se não forem
punidos, certamente aumentarão de proporção de forma
constante.

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35

Algumas lojas têm como política interna a denominação


“Cota de furto” e isso é justamente como uma janela
quebrada, se não for reparada com urgência, aparecerão
outras e outras.

Esse tipo de política interna vem dificultando o sincronismo


da equipe de segurança com o lojista, pois muitas das vezes
a segurança privada não é informada sobre as “pequenas”
ocorrências em curso no interior das lojas. Isso deixa claro
que só mudaremos o cenário existente, se mudarmos
nossas atitudes, passando a aplicar a “tolerância zero” em
todos os atos delituosos.

- INTERNAMENTE (INTRAMUROS):
A primeira medida é entender que atualmente a demanda
de investimento no setor de segurança privada é alta, mas o
que se destina é baixo, e isso certamente aumenta a chance
de ocorrer crimes em nosso shopping.

- EXTERNAMENTE (EXTRAMUROS):
Outa medida é nos aproximar das forças de segurança
pública, gerando uma maior integração e parceria entre as
instituições de segurança.

Abaixo, cito alguns pontos de suma importância:

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36

- LOJAS:
Comunicação assídua.
Toda e qualquer ocorrência no interior da loja deve ser
informada à Segurança de imediato, pois tal atitude diminui
as chances de reincidências desses atos.

Sinalização do ambiente.
Exemplo: Comunicação visual “Ambiente monitorado”. Além
de passar ao cliente maior sensação de segurança, é uma
forma de intimidar pessoas mal-intencionadas e força-las a
repensar seus atos na loja.

Apresentação de ocorrência.
Conscientizar às lojas de que elas precisam repensar sobre
as políticas internas e passar a agir de modo a punir os atos
simples e complexos (Tolerância zero).

Eliminar os pontos cegos.


Incluir espelhos em locais que estejam fora do campo de
visão da equipe e das câmeras. Contar com iluminação
adequada em todo o espaço é fundamental para colocar
isso em prática.

Treinamento.
Oriente a equipe sobre como detectar atitudes suspeitas,
diferenciandoas de atitudes de clientes normais da loja.

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37

Gerenciamento de horário.
É importante gerenciar bem o horário da equipe de um jeito
estratégico para que o local não fique desamparado. Além
disso, é importante verificar os dados de pico na loja e evitar
ter poucos funcionários nesses horários.

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38

- SHOPPING:
CFTV
Invista em câmeras atuais que ofereça o sistema de
reconhecimento facial.

Treinamento
Oriente toda a equipe sobre como detectar atitudes
suspeitas, diferenciando-as de atitudes de clientes normais.
Oriente-os sobre os planos de ação existentes, bem como
possíveis rotas de fugas.

Botão de pânico.
Possuí-lo com os colaboradores lhes ajudará e muito no
tocante à prevenção.

Conhecimento do local.
Todos têm a obrigação de conhecer todos os pontos do
shopping atuante. Atualmente estamos presenciando um
aumento considerável na pratica de atos delituosos em
shopping center, bem como a ousadia dos crimes
praticados.

Por sua vez, nós precisamos de forma ágil, aplicar a


tolerância zero em nossos centros comerciais, a fim de
dificultar e inibir cada vez mais as ações dessas pessoas
mal-intencionadas. Todas as ações que gerem prevenção é
válida e merece os investimentos necessários.

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39

AÇÕES PREVENTIVAS PARA


EVITAR PEQUENOS DE FURTOS EM
SHOPPING CENTER
Ter um ambiente de trabalho agradável, treinar a equipe de
modo que ela tenha um sentimento de dono é fundamental
para que tenhamos sucesso na operação, conscientizar os
lojistas no quanto é importante o encaminhamento de
suspeitos de furto a Delegacia de Polícia, já traz uma grande
tranquilidade a um ambiente de shopping.

É importante treinar não só a equipe, mas também ter um


bom relacionamento com os lojistas e orienta-lo com
relação ao perfil de pessoas malintencionadas, sempre que
alguma loja nova entrar é fundamental apresentar o plano
de segurança e as ferramentas que integra todo processo.

O treinamento adequado dos profissionais é de suma


importância, pois preservará o shopping de eventual
responsabilização na reparação de danos⁷ .

⁷ No exemplo abaixo, o juiz considerou que não houve nexo de causalidade e


portanto, o shopping não foi responsabilizado. Superior Tribunal de Justiça RECURSO
ESPECIAL Nº 772.818 - RS (2005/0132229-4) RELATOR: MINISTRO CASTRO FILHO
RECORRENTE: LUCIANA GHELLER LUQUE ENGEL ADVOGADO: PAULO RICARDO
DUARTE DE FARIAS E OUTRO RECORRIDO: BOURBON ADMINISTRAÇÃO COMÉRCIO
EEMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDAADVOGADO: VÍTOR HUGO PEREZ
MACHADO E OUTROSRELATÓRIOO EXMO. SR.

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40

Falando da estrutura do shopping, ter um bom sistema de


CFTV (circuito fechado de televisão), cobrindo todas as
áreas do estabelecimento já garante boa parte da
prevenção, colocar placas indicativas eu o ambiente está
sendo filmado.

Ter a equipe de segurança bem posicionada de modo de


quem entra no shopping veja o agente, ao identificar
suspeitos acompanhar discretamente até sua saída, ter um
relacionamento com órgão público, ajuda muito no caso de
se precisar fazer uma abordagem e reforçar a sensação de
segurança no ambiente. Fazer treinamentos mensais e
atualizar a equipe com relação as novas modalidades de
furto e roubo.

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41

COMO COMBATER OS PEQUENOS


FURTOS DE MERCADORIAS EM
LOJAS DE SHOPPINGS.
Primeiramente devemos orientar e trabalhar a nossa equipe
de segurança, fazer com que eles identifiquem os suspeitos
na hora que acessarem o shopping, assim informando a nossa
central de monitoramento e fazer o acompanhamento até sair
do empreendimento. Sabemos que a grande maioria quando
vem praticar esse tipo de furto de mercadorias, vem com
sacolas de grande porte e muitas das vezes de lojas que não
tem no nosso conjunto de mixer.

Se caso adentrar em alguma loja, tentar fazer o contato com


algum lojista responsável, informando as características das
pessoas suspeitas e pedir para acompanhar, se sair da loja
informar a segurança (trabalhar em conjunto com os lojistas).
Se por acaso acontecer algum descuido da equipe e perder
os mesmos, e consequentemente eles conseguir efetuar o
furto e depois ser pego pelo lojista ou segurança, o correto e
encaminhar para fazer um Boletim de Ocorrência.

Lembrando que nunca devemos cair na pilha do lojista, tem


alguns que pedem para você fazer a abordagem e quando vai
verificar, não encontra nenhuma mercadoria com a pessoa, ou
seja, isso pode gerar efeitos colaterais jurídicos como
processos para quem realizou uma abordagem indevida e
uma multa, como por exemplo danos morais, para a empresa
que você trabalha, correndo o risco de pessoas perderem o
emprego e afetar a imagem da loja ou Companhia.

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MINISTRO CASTRO FILHO (Relator): Cuidam os autos de ação de reparação por


danos morais e indenização por danos materiais proposta por LUCIANA GHELLER
LUQUE ENGEL em relação à BOURBON ADMINISTRAÇÃO COMÉRCIO E
EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA. Alegou a autora que, enquanto almoçava
na área de alimentação do Shopping Bourbon Ipiranga, em 29.06.01, teve sua bolsa
furtada. Afirmou, ainda, que, uma hora após o furto, foram efetuadas despesas em
seu cartão de crédito. Invocou a aplicação da legislação consumerista, imputando a
responsabilidade da empresa ré por falha na segurança. Citada, a ré contestou,
sustentando não ser responsável, já que não existe nexo de causalidade entre a
atividade por ela desenvolvida e ato de terceiro que perpetrou o furto. Observou,
por fim, que a bolsa não estava sob sua guarda, não podendo ser responsabilizada
pelo infortúnio. O pedido foi julgado parcialmente procedente em primeiro grau (fls.
114/117), concluindo o juízo primevo pela exclusão dos danos morais. As partes
apelaram e o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul proveu o recurso da
ré.

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43

AÇÕES PREVENTIVAS PARA


COMBATER OS PEQUENOS
FURTOS EM SHOPPING CENTER
Inicialmente se deve levantar as estatísticas oficiais do
shopping quanto a quantidade de ocorrências que envolvam
furtos, desta forma podemos utilizar ferramentas necessárias
para combater ou mitigar tais ocorrências, mas é comum
ouvir relatos de pessoas sobre furtos de objetos no interior de
shoppings, assim como abordagens de criminosos logo após
a saída desses estabelecimentos.

Dicas de prevenção e segurança no combate a crimes


inesperados em locais de grande movimentação é tema de
como os shoppings podem se proteger e aos seus clientes
contra os ataques da criminalidade. A distração das vítimas,
seja com o celular ou em conversas, é a principal
circunstância para a ocorrência de um crime em espaços
públicos fechados, monitorados por câmeras e com vigilância.

Isso se deve, ao fato das pessoas ten-


derem a ficar relaxadas, por se senti-
rem protegidas nesses ambi-
entes, concorrendo para
que a atenção recaia
sobre uma boa con-
versa, brincadeira
com filhos ou qualquer
outro fato, enquanto os
pertences acabam ficando em
segundo plano.

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44

Uma outra grande preocupação da polícia e da segurança


privada é nas praças de alimentação, por apresentar maior
vulnerabilidade. Por ser um espaço de lazer, as pessoas
negligenciam e reduzem a vigilância sobre os objetos. E é aí
que acontece as ações de pessoas mal-intencionadas”,

Celular no bolso traseiro da calça, ficando exposto a outras


pessoas, bolsa aberta ou em encosto de cadeira para guardar
lugar, são pequenos descuidos que acabam chamando a
atenção do ladrão oportunista, aquele que não levanta
qualquer suspeita e se aproveita das distrações. “Existe o
criminoso habitual e o ocasional. Via de regra, o habitual vira
ocasional quando há distração”,

Apesar de ser rara a incidência de crime violento em


shoppings, os furtos nestes locais costumam acontecer em
menor escala, “Além da praça de alimentação, também
acontece nas grandes lojas âncoras, ou lojas mais atrativas, ou
em períodos de liquidações quando há muita aglomeração.
Os bandidos oportunistas esperam a ocasião para furtar. Eles
ficam atentos e, quando veem uma pessoa distraída com
bolsa aberta, por exemplo, ou a carteira, celular, sobre o
balcão de caixas, eles furtam.

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45

6. O PODER DA PREVENÇÃO E DO
CONTROLE NA SEGURANÇA

Podemos definir o controle social formal como aquele exercido


pelo Estado, composto por instituições públicas e ações
especificamente organizadas para definir, individualizar,
detectar, gerir ou até mesmo suprimir os comportamentos dos
cidadãos.

Na visão do criminologista americano Travis Hirschi (1969), as


pessoas respeitam as leis porque se sentem identificadas com a
ordem social. A delinquência surge quando os vínculos e a
identificação que temos com a sociedade são enfraquecidos,
juntamente com a nossa aceitação da ordem normativa e social
que se torna rejeição.

A partir disso, a pessoa sente-se livre dos vínculos sociais,


derivando para possíveis comportamentos criminosos. Por isso
é importante que saibamos identificar quais são todos esses
vínculos que fazem essa união entre as pessoas com as
sociedades em que vivem, e assim evita-se a ocorrência de
comportamentos criminosos. São eles:

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- VÍNCULO ACESSÓRIO:
Significa ser sensível à opinião dos outros. As pessoas não
cometem crimes quando internalizam normas sociais e legais.

- VÍNCULO COMPROMISSO:
Baseia-se no fato de nos sentirmos unidos à sociedade, como
recompensa social obtida por nossa participação nela.

- VÍNCULO ESTACA:
Se o indivíduo se preocupa em participar de atividades
convencionais, menos tempo lhe resta para cometer um crime.
Quanto mais tempo dedicado ao trabalho e outras atividades
sociais, menos provável é que o sujeito cometa um crime.

- VÍNCULO CRENÇAS:
Ele se concentra em compartilhar valores sociais. Se refletirmos,
aceitarmos e compartilharmos os valores e princípios
fundamentais da sociedade, estes prevalecerão sobre aqueles
que foram criados pelos pequenos grupos ao nosso redor
(família, amigos, trabalho, etc.).

O trabalho das forças de segurança é controlar certos lugares e


espaços para evitar que crimes sejam cometidos. O controle
social formal é inevitável e depende da política e mais ainda das
políticas sociais, conceitos que não são equivalentes. Marx,
Weber, Durkheim e Parsons (os pais da sociologia moderna)
veem na ascensão do Estado e das leis a chave da sociedade e,
portanto, do controle social formal.

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Em regimes ditatoriais ou tirânicos, a coerção e a repressão são


os modelos de controle social que substituem os modelos de
vigilância de um estado democrático. Mas o patrulhamento é
indiscutivelmente a forma básica de organização do controle
formal sobre a população. No interior dos shopping centers, o
que existe é uma continuação desse patrulhamento, porém
feita pelo setor privado, uma vez que não existe policiamento
público dentro dos grandes centros comerciais.

Daí a importância de as equipes conhecerem a origem da


violência. A segurança privada atua como auxiliar das forças de
segurança do Estado, que cria uma série de leis penais contra
comportamentos sociais divergentes, para aplicar e executar
aquelas normas de controle social formal que o infrator rejeita.

Porém, o próprio Estado não consegue efetivamente prover a


segurança de todas as formas que ela se faz necessária. É
inclusive daí que surge, ainda na década de 1970, porém
regularizada por lei em 1983, a percepção da iniciativa privada
sobre a necessidade de providenciar sua própria segurança,
uma vez que notada a sua capacidade de pagar por ela.

Os bancos, primeiramente, começaram a implementar suas


redes de vigilâncias, sendo seguidos pelas empresas de
transportes, eventos e até mesmo pelas pessoas físicas.

O controle criminal é um subconjunto do controle social, do


qual se diferencia por seus objetivos (prevenção ou repressão
ao crime) e pelos meios que desenvolve (medidas de
segurança, penalidades, etc.).

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O Estado surge de uma necessidade avaliativa do


comportamento humano, em resposta à ineficiência e falha do
controle social informal, bem como da política social e
econômica (prevenção primária) que tem promovido a
existência de criminosos ocasionais (prevenção secundária face
ao desvio primário) e reincidentes (prevenção terciária versus
desvio secundário).

Ou seja, a prevenção secundária existe para combater tudo que


passou pelo filtro da prevenção primária, e a prevenção
terciária, por sua vez, existe para sanar os problemas não
impedidos pela prevenção secundária.

O controle criminal é indiretamente responsável por esses três


tipos de prevenção, por meio de sua responsabilidade com a
política social e econômica (primária), bem como com as
políticas secundárias e terciárias, para potenciais criminosos e
reincidentes.

Aqui entram em jogo tanto o Direito Penal como sistema


normativo que estabelece as regras quanto a punição penal
(pena) que executa as sanções disponíveis previstas pelo
agente anterior.

Os principais responsáveis pelo controle social criminal são as


instituições de Estado, como as polícias e todo o sistema de
justiça. Mas esse controle é eficiente? É um questionamento de
difícil resposta. Se analisarmos as estatísticas dos países de
primeiro mundo, aqueles que possuem sociedades bem
pacíficas, como a Islândia, Nova Zelândia e Dinamarca, a
resposta certamente será “sim”.

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49

Porém, qualquer rápida consulta às notícias policiais do dia


ocorridas no Brasil, a resposta certamente será negativa. Que o
controle do Estado é insuficiente para, por si só, para impedir a
criminalidade. Mas a tarefa de verificar a eficácia das normas
penais de um determinado sistema de controle não se baseia
exclusivamente em estudos estatísticos que reflitam a
diminuição dos crimes após a aplicação de leis penais ou
regulamentos policiais.

As estatísticas facilitam a análise, obviamente, mas não


fornecem dados totalmente confiáveis com graves lacunas na
verificação da criminalidade real.

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50

Isso ocorre porque esses dados podem vir de diferentes


instâncias. Sendo elas:

- A INSTÂNCIA POLICIAL
A polícia é um órgão formal de controle social cuja finalidade é
a proteção da sociedade e de seus cidadãos. Se nas ditaduras
autoritárias e tirânicas as forças e órgãos de segurança do
Estado atuam como braço repressivo e sigiloso do poder
soberano, com o Estado de Direito a polícia adquire um caráter
mais transparente e aberto, podendo ser controlada pelo
Tribunais de Justiça.

Assim como as Forças Armadas têm o dever de salvaguardar a


ordem externa do Estado, a tarefa da polícia no Estado
moderno é comprometer-se com a ordem interna e a
manutenção da ordem.

- A INSTÂNCIA JUDICIAL
Estão envolvidos neste item os advogados, juízes e os tribunais,
assim como os demais funcionários dos diversos órgãos
judiciais (procuradores, peritos, oficiais de justiça, etc.).

- A PRISÃO⁸
A prisão, como instituição destinada à execução de penas
privativas de liberdade como medida de reintegração, é a
última instância dos órgãos de controle da Administração da
Justiça nas seções do Estado. É a instância de controle que se
mostra com maior autoridade sobre o infrator.

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51

A eficácia de um determinado sistema de controle social é uma


questão problemática. O aumento dos índices de criminalidade,
por exemplo, não é responsabilidade exclusiva da falha do
controle social penal.

As maiores garantias de sucesso para prevenir o crime residem


facilmente não na eficácia ou desempenho superior do controle
social formal (melhor funcionamento do sistema jurídico), mas
na integração harmoniosa do controle social formal e do
controle social informal, uma vez que o aumento da o crime
geralmente é impulsionado por causas indiretas de controle
criminal.

Portanto, o controle social refere-se a determinados processos


sociais que buscam a conformidade do indivíduo com as
normas legais e os princípios sociais, mediante sua submissão
às diretrizes, modelos e exigências impostas pelo Estado.

⁸ Abaixo segue o art. 283 do Código Penal, o qual qualifica os critérios para a
efetivação da prisão. "Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito
ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em
decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da
investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.

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- MODELOS DE CONCEITO E PREVENÇÃO


A melhor forma de definir “prevenção ao crime” como conceito
seria adotar a proposta da ONU em sua resolução 2002/13 (24
de julho de 2002), onde afirma que “A prevenção do crime
engloba as estratégias e medidas que buscam reduzir os riscos
do delito e os efeitos nocivos que este pode causar nas pessoas
e na sociedade, incluindo o medo do crime, combatendo suas
múltiplas causas”.

Apesar do claro foco multicausal do termo, as Nações Unidas


facilitam a possibilidade de dar um foco global e comum em
medidas preventivas. A ONU também tem uma instituição não
ligada diretamente ao crime, mas que lida com questões de
crime de interesse geral junto com outras questões: o ECOSOC.

O Conselho Económico e Social trata de questões comuns de


natureza comercial e de problemas sociais, o que inclui
problemas criminais comuns de natureza global. Tem uma
comissão funcional para o crime e outra separada para as
drogas.

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53

7. MODELOS DE PREVENÇÃO

O crescimento da mais ampla variedade de crimes passou a


ameaçar o desenvolvimento econômico e social das grandes
cidades. Por isso, tanto a ONU, quanto a Comissão Europeia, a
Conferência de Prefeitos da Europa e da América do Norte e a
Declaração de Córdoba fizeram um apelo unânime para uma
prevenção eficaz contra o crime. Cinco modelos de ação preventiva
são considerados aqui: punitivo, social, comunitário, mecânico e
situacional.

O MODELO PUNITIVO
Aplicam-se medidas preventivas de natureza punitiva
tipificando o fato de ter havido um crime de um criminoso sobre
uma vítima. O objetivo fundamental é submeter o acusado a
uma punição criminal com o objetivo de que sua conduta não
se repita⁹ .

Desta forma, os cidadãos abandonarão os comportamentos


antissociais, desenvolverão uma nova atitude pró-social que
respeite as leis e a sociedade devido à suspeita geral de que a
ameaça de possíveis punições criminais multidisciplinares surge
numa perspectiva de prevenção abrangente e generalizada.

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O modelo de controle punitivo do Estado se desenvolve por


meio de regulamentações vinculantes que funcionam como
um contrato social que garanta o respeito aos direitos e
liberdades de cada cidadão por meio do cumprimento das
normas e leis que medem o compromisso de cada indivíduo
com a sociedade e seu respeito a ela.

Os defensores deste modelo consideram que a melhor


forma de combater a criminalidade é aumentar a gravidade
das penas, obrigando a polícia a aplicar a lei de forma
rigorosa, e sanções mais severas por parte dos juízes.

⁹ Abaixo seguem dois exemplos de como as condutas de baixo potencial ofensivo


são recepcionadas pelo judiciário brasileiro, através de medidas
punitivo/pedagógica. LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995. Art. 76. Havendo
representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não
sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação
imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano,
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá
propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os
demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena

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55

Trazendo o conceito para a segurança privada, seria como


se a punição aos pequenos delitos flagrados dentro do
shopping fossem exemplares, chegando ao ponto de
desencorajar aqueles que pretendem cometer algum ilícito
no ambiente. Alguns autores também defendem que é uma
boa ferramenta para prevenir a reincidência de ex-
presidiários.

Abordagens recentes a esse modelo o defendem como


ferramenta de prevenção preventiva ao crime por meio da
vigilância contínua por patrulhas policiais e de equipes de
segurança privada nos lugares em que ela atua e existe. A
observação contínua de pessoas e coisas, bem como a sua
intervenção em qualquer incidente. Também é
frequentemente afirmado que a repressão é outra forma de
prevenir o crime.

O MODELO SOCIAL
Este modelo afirma que são os defeitos do modelo punitivo
que promovem a delinquência. Para corrigir ou reduzir a
criminalidade, é necessário remediar as deficiências dos
modelos sociais como influência benéfica sobre os atos
individuais ou coletivos.

Um dos principais defeitos desse modelo é seu alto custo


econômico, primeiro pelo dinheiro a ser investido nessas
medidas e segundo porque para atender a essas
necessidades é necessário cortar gastos com outras
políticas sociais.

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Entre as estratégias propostas para alcançar este tipo de


prevenção, destacam-se campanhas publicitárias televisivas
e digitais, outdoors e manifestações sociais para informar os
cidadãos sobre a melhor forma de se protegerem contra a
criminalidade e cooperarem para a sua prevenção.

- O MODELO DE COMUNIDADE
É a colaboração plena entre comunidade e policiamento.
Desta forma, inúmeros crimes poderiam ser evitados se os
cidadãos estivessem cientes do número e das
consequências das atividades criminosas que ocorrem em
seu ambiente físico. O modelo de comunidade originou-se
na década de 1980 na GrãBretanha,

Estados Unidos e Canadá. Seu primeiro modelo foram os


programas de Vigilância de Bairro. É uma estratégia que
inclui inspeções de segurança domiciliar, identificação de
propriedades, observação detalhada, etc.

Baseia-se no fato de que o crime pode ser reduzido se os


riscos potenciais de que o criminoso possa ser descoberto
forem aumentados por meio de mais infraestrutura e
vigilância do que as fornecidas pelas forças de segurança
do Estado. Isso pode ser alcançado através da cooperação
cidadã desenvolvida por uma melhor organização
comunitária, através da introdução de patrulhas cidadãs no
bairro.

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- O MODELO MECÂNICO
Baseia seus esforços no projeto de novas estruturas de
proteção física em novas cidades, bairros, áreas ou edifícios
para dificultar ou impossibilitar o crime na área. Aqui pode
ser destacado para melhorar a iluminação de zonas de
conflito e instalação de câmeras públicas.

Este é um dos modelos que mais se relacionam com a


segurança provada dos shopping centers, uma vez que a
disposição física de equipamentos como mobiliários e
maquinários é extremamente importante para a prevenção
de crimes no interior das lojas e nas áreas comuns dos
shopping centers.

- O MODELO SITUACIONAL
A prevenção situacional é uma abordagem cuja principal
orientação é reduzir a oportunidade de cometer crimes em
determinados espaços ou lugares.

A percepção de insegurança da população também é


reduzida graças a estratégias que visam esclarecer uma
série de condições de risco físico e espacial para a
população, por meio de políticas ou ações voltadas à
proteção da área e ao desenho do ambiente urbano. Desta
forma, regeneram-se espaços públicos de qualidade,
seguros e inclusivos que acolhem a diversidade de funções
e a segurança dos seus utilizadores.

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58

O modelo de prevenção situacional foca na situação em


que o infrator pode se encontrar no momento em que
infringir as leis em determinado espaço público. O objetivo é
restringir as oportunidades de cometer infrações, pela
dificuldade de desenvolver comportamentos criminosos em
determinadas áreas, o que exigirá que o infrator aumente
seus esforços no caso de cometer crimes.

- PROGRAMAS DE PREVENÇÃO
A prevenção situacional consiste em influenciar as decisões
tomadas pelos criminosos antes de agir. O criminoso que
pretende infringir a lei conclui que é muito difícil, arriscado
e/ou pouco lucrativo, em situações nas quais as equipes
trabalham de forma efetiva na prevenção.

É necessário identificar a oportunidade criminosa que pode


levar a cometer o crime. Para isso, é necessário identificar e
analisar, com prévia aplicação, uma série de crimes que
tenham sido cometidos com o mesmo fim, para analisar por
quais meios eles foram cometidos. O que transforma um
crime em algo lucrativo também é identificado.

Outro foco essencial na prevenção concentra-se no fato de


que a punição punível ou repressão do criminoso sempre
chega tarde demais para o crime. A prevenção trata-se de
uma intervenção eficaz dos criminologistas que dê uma
resposta eficaz ao problema humano e social do crime
contra a racionalidade e eficácia da prevenção primária, a
prevenção secundária e a prevenção terciária.

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Existem três programas de prevenção com diferentes


abordagens criminológicas preventivas. A Prevenção
primária centra-se naquilo que é exercido pela comunidade
(controle social), enquanto a secundária refere-se a pessoas
propensas a cometer um crime e a terciária emprega seus
esforços na re-personalização jurídico-penal do infrator,
com sua posterior socialização e reinserção.

Portanto, é essencial que os seus conhecimentos sobre


segurança extrapolem os muros do shopping center ou do
centro comercial que você atua. Uma visão ampla de
sociedade e uma mínima compreensão sobre os temas que
permeiam a violência urbana, dá ao profissional do Século
XXI uma vantagem competitiva de mercado em relação
àqueles que não têm o interesse em atingir um grau de
excelência em seu trabalho.

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8. ESTRATÉGIA INTELIGENTE

Por muito anos, desde o tempo medieval, a segurança é


apresentada como um fator primordial para se manter o equilíbrio e
a ordem em determinada região, local ou estabelecimento. A prática
de se ter guardas, cavaleiros, soldados, ou seja, capital humano
disposto a proteger e cuidar do patrimônio, seja ele privado ou
público, é um recurso vindo de séculos atrás.

Trazendo essa prática para os dias de hoje, vemos a força Policial


como um capital humano no setor da segurança responsável por
proteger e cuidar do patrimônio público e dos que o compõem, ao
mesmo tempo que o vigilante é o responsável por proteger e cuidar
do patrimônio privado. Sabendo disso, iniciamos uma reflexão de
como utilizarmos melhor esses nossos "guardas, cavaleiros e
soldados" da atualidade, visando sempre a inibição de qualquer
modalidade de ato criminoso, que venham causar danos materiais
ou físicos a toda nossa sociedade.

Considerando o universo dos shopping centers, notamos que a


criminalidade envolvida nesse ramo está cada vez mais sofisticada.

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61

A segurança propriamente nos shoppings, mesmo com auxílio da


tecnologia e os novos recursos, ainda sofre com muitas
vulnerabilidades. Numa tentativa de fortalecer esse setor tão
importante, entenderemos melhor a composição do "Novo
Cangaço", nome dado esse aos membros da organização criminosa
que se assemelham nas atitudes do Cangaço brasileiro que atuou
nas últimas décadas do século XIX e perdurou até a metade do
século XX no sertão nordestino, as questões que envolviam o
cangaço eram associadas a situação econômica e social que
assolaram o nordeste do brasil, semelhante as situações que
vivemos hoje.

Vamos entender também um pouco mais a respeito das


prevenções que devemos tomar aplicando em nosso setor de
segurança as teorias da Economia do Crime escrita por Gary Stanley
Becker e a teoria das Janelas Quebradas criada por James Q. Wilson
e George L. Kelling na escola de Chicago, com esse embasamento,
teremos informações fundamentadas na forma de como o indivíduo
criminoso pensa e atua nos Shoppings Centers, e ao prever a sua
possível movimentação, criaremos métodos eficazes na inibição do
grande ao pequeno crime antes mesmo que a ocorrência aconteça,
pois a prevenção é a melhor das estratégias.

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Existem duas principais demandas para a segurança de


shopping, e para entender melhor é necessário compreender a
causa e analisar os efeitos. Seguindo o modelo norte americano
de política de segurança pública de combate ao crime,
conhecido como: “A teoria das janelas quebradas”, já citado
anteriormente, onde a atenção e dedicação para buscar a
solução de pequenos delitos visa evitar que seja criada a
cultura criminosa, toda equipe de segurança, bem como os
lojistas, devem ser parte envolvida nos processos que
permeiam o assunto.

Portanto, o procedimento deve ser criteriosamente


apresentado e seguido pelos envolvidos, não deixando
pontos de fragilidades. Já a segunda demanda é diferente,
nos últimos tempos foi notado o aumento de ocorrências
envolvendo assalto de joalherias e agências bancárias, lojas
que os especialistas de shopping se referem como:
“Operações de riscos”.

Nessas ocorrências são feitos investimentos e é oferecida


uma dedicação maior por parte dos criminosos, ao ponto de
ser praticamente impossível ao shopping, apenas com sua
segurança, com várias vulnerabilidades e com despreparo
por parte dos agentes, combater tal ação.

Sendo assim, o treinamento e capacitação da equipe é para


aumentar a sensação de segurança, e diminuir ao máximo
os impactos. Estreitar a relação com os órgãos de
segurança pública que têm os recursos necessários para
responder é a melhor ação a ser tomada pensando na
prevenção do shopping.

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63

Estudando os riscos pode-se imaginar os impactos. Ao


aprofundarmos na Teoria Econômica do crime é perceptivo
que os criminosos direcionaram toda sua atenção ao ramo
de shopping centers, onde identificaram uma imensa
vulnerabilidade no setor.

Identificando esses ocorridos em empreendimentos do


ramo, temos que reforçar constantemente com todo o time
sobre nos precaver, montarmos planejamentos de
segurança, identificar nossas vulnerabilidades e atuar
incessantemente para que esses pequenos furos não sejam
cruciais na nossa operação.

Incluir treinamentos práticos com o efetivo sobre como agir


em uma situação de roubo/ crise, será primordial; pois faz
com que todos se habituem com situações de extremo
risco, trazendo uma enorme exatidão caso ocorra.

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64

Em harmonia com a Teoria Econômica do Crime, seguimos


com a Teoria das Janelas Quebradas, que voltada para o
nosso segmento nada mais é que a aparência “visual” que
entregamos do nosso shopping, onde caso seja negativa,
passaremos a impressão de ambiente abandonado, local
escasso, atraindo cada vez mais a visita de meliantes.

Por isso devemos sempre fazer com que as normas e


procedimentos do condomínio sejam exercidas por todos os
departamentos, dando atenção dos maiores aos mínimos
detalhes. Com base no levantamento de todas informações,
chegamos à conclusão que a palavra chave para
entregarmos um shopping seguro aos nossos clientes e
lojistas é a Prevenção.

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65

9. O MODUS OPERANDI DO “NOVO


CANGAÇO”, UMA AMEAÇA REAL AOS
SHOPPING CENTERS

Ainda na década de 1990, pequenas e médias cidades


localizadas no interior de estados das regiões brasileiras do
Norte e do Nordeste começaram a sofrer ataques que se
enquadram nas táticas que ficaram conhecidas como o
novo cangaço. No Sudeste, ações semelhantes surgiram há
alguns anos.

Nos anos de 2020 e 2021, quatro cidades paulistas foram


atacadas de modo semelhante: Botucatu, Araraquara,
Mococa, e Araçatuba. São cidades de porte médio, com
estrutura de segurança pública preparada para enfrentar o
crime organizado. Porém, os criminosos estudam
minunciosamente todas as rotas e conhecem todo o
aparato de segurança desses municípios. Desse modo,
chegam para cometer os crimes levando um clima de
pânico, com força bastante superior no número de homens
e tipos de armamento.

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66

Os assaltos são sempre muito bem planejados, além de contar


com armas potentes e, muitas vezes, superiores às utilizadas
pelas forças policiais das cidades. Os bandos geralmente
utilizam metralhadoras, fuzis, explosivos e veículos blindados.
Munidos desses armamentos, impedem uma reação da polícia
e se concentram, principalmente, em roubar agências bancárias
ou transportadoras de valores que movimentam grandes
quantidades de valores em espécie.

O movimento dos cangaceiros surgiu no sertão nordestino no


final do século 19 e início do século 20. Entre as décadas de
1920 e 1930, atuou o líder do bando de cangaço mais famoso no
imaginário popular: Virgulino Ferreira da Silva, o “Lampião”.

Os cangaceiros, conhecidos pelas roupas de couro e armas


presas junto ao corpo, saqueavam cidades e desafiavam
autoridades, utilizando de extrema violência, inclusive
sequestro e estupro. O movimento está relacionado ao contexto
social, de extrema pobreza, e à estrutura agrária daquela época.

Essa é uma das razões pelas quais, muitas vezes, os


cangaceiros são descritos como “bandidos sociais”, embora
atualmente essa descrição seja questionada. Nas práticas
atuais, o que tem de características similares aos cangaceiros é
a estratégia de atacar cidades pequenas e atacar a polícia para
cometer os roubos. Por outro lado, as ações recentes não
carregam objetivos de cunho social, que foram atribuídos aos
atos do cangaço anteriormente.

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- AÇÕES PREVENTIVAS QUE


PODERIAM SER REALIZADAS PARA
COMBATER O NOVO CANGAÇO
Uma boa estratégia para combater o crime e mitigar riscos
de roubos estruturados (crime organizado) inclui vários
fatores, listarei alguns que vêm dando resultados nos
últimos anos para a segurança de Shopping Centers.

Inicialmente, podemos levantar a identificação de possíveis


vulnerabilidades (gaps) entre o nível de segurança existente
(cobertura atual) e os riscos potenciais, considerando os
aspectos de processos, pessoas, infraestrutura e tecnologia.
A metodologia para análise que vou indicar é o modelo de
círculos de análise de risco em segurança que subdividem a
no empreendimento, conforme abaixo:

1° CÍRCULO
- Loja
- Operações Sensíveis e Operações de Risco;
Objetivo: Classificar as lojas como

Operações de Risco – lojas que possuem produtos de valor


agregado elevado e já possuem histórico de crimes

Operações Reincidentes – lojas de departamento e lojas


que possuem reincidências de crimes menores, como por
exemplo furto.

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Operações Gerais – outras lojas que não estão


enquadradas nas Operações de Risco nem nas Operações
Reincidentes.

Realizar um levantamento minucioso nas Operações de


Risco e um levantamento geral das Operações
Reincidentes. Analisar as ferramentas preventivas existentes
nas lojas como: câmeras, sistema de segurança remoto,
sistema de abertura e fechamento, protocolos de
segurança, etc...

2º CÍRCULO
- Sistema de Segurança existente no Shopping
- Central de Segurança;
- Equipe de Segurança;
- Procedimentos de Segurança;
- Controle de acesso ao empreendimento;
- Monitoramento pelo sistema de segurança;

Analisar os pontos vulneráveis do Empreendimento


pontuando as possibilidades de sinistro do local. Importante
incluir nessa análise Docas, estacionamento, corredores
técnicos, administração, acessos.

Analisar com uma visão sobre possíveis atos de vandalismo,


sabotagem, atos terroristas, roubos, furtos e outras
situações que possam gerar uma crise no Shopping Center.

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3º CÍRCULO
- Barreiras de segurança - externas;
- Região no entorno ao empreendimento;
- Raio de 500m no entorno do Shopping,

Importante analisar as ruas nas imediações com um olhar


voltado para os possíveis crimes em cruzamentos de
trânsito, trânsito na saída de estacionamentos, etc.

4º CÍRCULO
- Vizinhança em um raio de 1km a 2km, 5 km e até 10km do
Shopping;
- bairros que são AISP;
- Segurança Pública nas imediações;

Bairros com risco elevado de criminalidade na região do


shopping que podem impactar no deslocamento dos
clientes até o Shopping, vizinhança do empreendimento na
região

5° CÍRCULO
- crimes no setor de Shopping Centers;
- criminalidade que pratica a modalidade criminosa em
Shopping Centers;

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70

Hoje a criminalidade que atua nos Shopping Centers realiza


seus crimes se especializando em atuar nesses centros
comerciais, gerando uma modalidade criminosa.
Atualmente há criminosos especializados em praticar furtos
e roubos, em Shopping Centers.

Dessa forma, é de suma importância, possuir informações


sobre ações criminosas em outros Shopping Centers, para
entender o modus operandi criminoso, ou seja, como é
praticado os crimes, e compartilhar informações para se
prevenir ou se antecipar aos criminosos.

Listar as áreas críticas e selecioná-las de acordo com a


atratividade que seus bens de consumo podem oferecer
aos criminosos, o montante em espécie que podem
movimentar e a fácil comercialização de seus produtos.
Avaliar o ambiente interno e externo com intuito de
identificar as áreas que estão mais expostas, gerando ações
mitigadoras do risco raiz, e após diagnosticar as áreas mais
expostas, identificar o risco que pode acometer cada um
dos setores e mapear as formas de controle.

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71

IMPLANTAR AÇÕES MITIGADORAS,


QUE PODEM SER:
Verificar se existe apoio de força de segurança pública
na região do empreendimento, que possa atender uma
ocorrência emergencial e estreitar relacionamento com
estes;

Implantar barreira perimetral que atenda ao risco do


empreendimento, tais como: Sistema de monitoramento,
alarmes, rondas ostensivas, vigilância no perímetro, etc;

Verificar se as portas principais do empreendimento são


frágeis ou vulneráveis, como exemplo: Portas
automáticas de vidro;

Contratação de assessoria com mão de obra


especializada;

Segurança dedicado para operações de riscos, sendo


Joalherias; Bancos; Lotéricas; Casa de Câmbio; Caixas
Eletrônicos; Lojas de Telefonia e operações que tenham
atratividades para o crime organizado;

Realizar treinamentos de toda a equipe voltado para


esses crimes;

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Receber informações privilegiadas por meio de grupos


de WhatsApp de shoppings que contribuem na
antecipação de ações e medidas preventivas;

Participar de reuniões de ações comunitárias do


entorno, para estar sempre atualizado dos riscos e
benfeitorias que vem sendo realizadas pelos órgãos
públicos ou particulares;

Treinar os lojistas das operações sensíveis e, se possível,


de todas as operações do empreendimento;

Instalação de alarmes de pânico nas operações


integrados a central de operações;

Implantação de dupla custódia (abertura e fechamento


em conjunto com a segurança);

Orientação aos lojistas para controle de estoque de


mercadorias, manter o mínimo possível de mercadorias
para atendimento ao cliente;

Restringir as informações quanto a entrega de produtos


como dia e horário;

Promover a entrega de circulares com recomendações


de segurança; Recolhimento de valores feito por carro
forte;

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Cobertura e monitoramento de sistema de CFTV interno


e externo;

Posicionamento estratégico da equipe de segurança


para identificar veículos e motocicletas parados de
forma suspeita;

Identificação e acompanhamento da movimentação


suspeita nos ambientes internos do empreendimento.

Devido ao aumento da nova tendência de assaltos em


shopping centers com a modalidade do Novo Cangaço, no
qual os criminosos atacam principalmente lojas de
aparelhos eletrônicos e joalherias, com armas de grosso
calibre, o melhor a fazer é se prevenir. Devemos ter um
efetivo e pessoas bem treinadas, conscientes que a postura
de alerta é essencial ao bom trabalho dos seguranças.

A primeira parte do crime é justamente o estudo que esses


bandidos efetuam sobre o empreendimento, e entender
esse funcionamento é muito importante. Pessoas que são
acima de qualquer suspeita são as responsáveis por esse
mapeamento.

Ao notar uma equipe astuta e alerta, certamente é um


aspecto que pesará na decisão de atacar ou não o
empreendimento. É essencial que haja vigilância efetiva nas
portarias e acessos principais, não necessariamente
vigilantes, podendo ser atendentes ou controladores de
acesso bem treinados.

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74

Os vigilantes uniformizados podem ser colocados em ronda


no estacionamento com motos, e de preferência
desarmados para não haver o risco de trocas de tiros na
área em caso de ataque. Em shopping que possui
funcionários próprios ou terceirizados cuidando do
estacionamento, é crucial que esse pessoal tenha acesso a
treinamentos de segurança.

Assim eles conseguirão auxiliar na identificação de pessoas


e veículos suspeitos, que estejam, de alguma forma,
demonstrando um comportamento que foge do padrão. A
equipe de segurança deve ser avisada de imediato nessas
situações.

Está certo que a segurança física bem posicionada, inibe


muita coisa, mas não podemos nunca deixar de lado o
circuito de monitoramento interno. Equipamentos de
qualidade e operadores treinados e exclusivos para
executarem apenas essa função é outro aspecto
importante.

Ter uma boa comunicação com o batalhão da Polícia Militar


da região, um bom relacionamento com os comandantes do
policiamento e, se possível, trazêlos para o shopping em
seus momentos de lazer, para que eles se familiarizem com
o recinto, também é uma estratégia que pode ser relevante.
Dessa forma, certamente essas rotinas implicarão
dificuldades aos criminosos.

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Se formos investigar e analisar a fundo o modus operandi


dos criminosos nunca mudam, isso por que, infelizmente, há
muita brecha dentro das legislações vigentes. Desde o
surgimento do primeiro cangaço, antes mesmo de uma
invasão a um vilarejo, o bando encaminhava um forasteiro
para levantar informações e com toda estratégia em mãos
fazia saques e tomava aquele lugar.

Hoje em dia, pouca coisa mudou, a não ser o advento da


tecnologia, que auxilia bastante para que o criminoso avalie
se compensa ou não aquele assalto. Um deles (ou mais) vai
até o local para fazer as primeiras avaliações. Esse local
pode ser tanto uma cidade inteira, no caso de um assalto a
banco, ou um shopping, geralmente com intuito de assaltar
alguma joalheria ou loja de eletrônicos e outros objetos de
valor.

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76

Toda operação gira em torno, obviamente da relação entre


risco e retorno financeiro. O investimento feito não é
pequeno, pois trata-se de profissionais do crime, que
sempre separam uma fatia relevante do último roubo para a
próxima empreitada ilegal e criminosa.

Infelizmente, estamos falando de uma luta que está longe


de acabar, pois nossas leis são muito frágeis de forma
facilitar o pensamento criminoso e sua ação. Parceiras das
forças de segurança pública, polícia federal, polícia
rodoviária federal, polícia civil, polícia militar e também
bombeiros militares são essenciais para fazer frente a essa
ameaça, pois quando uma ação delituosa é cometida, gera
pânico em todas áreas e instituições públicas, levando caos
e, não raro, causando mortes de profissionais em serviço.

Hoje em dia, a polícia militar já tem procurado shopping


centers para montar parceria e treinar as equipes de
segurança para um eventual assalto, isso já é um meio de
prevenção e uma forma de mandar recado aos criminosos,
mostrando que a polícia está preparada caso eles tentem
algo.

Assim como está sendo feito pela polícia militar em


shopping centers, as polícias em geral deveriam treinar em
conjunto em grandes e pequenas cidades e criar gestões de
crises para dar apoio em caso de sinistros em grande
escala, tendo em vista que quando os bandidos agem visam
principalmente no quantitativo de policiais em serviço no
local.

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77

Portanto, se não houver uma junção de forças no intuito de


promover ações de prevenção, o atual cenário não será algo
fácil de se administrar.

Existem algumas opções ainda mais, ao meu ver, difíceis de


acontecer, como por exemplo, a mudança na legislação
para que esse crime seja tipificado como terrorismo devido
à forma como acontece. Afinal, não se trata de um furto ou
roubo “tradicional”. Dessa forma, as penas seriam mais
severas, motivo pelo qual certamente desencorajaria alguns
marginais.

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78

- AINDA SOBRE PREVENÇÃO


Esses bandidos cometem crimes completamente fora dos
padrões, com alta agressividade e violência, trazendo
situação de terror e medo para as vítimas e a população.

No entanto, essa modalidade de crime que até pouco


tempo atrás tinha como alvo apenas agências bancárias,
agora está se estendendo para shopping centers, o que
coloca em risco ainda mais pessoas.

Os criminosos tentam tirar proveito do alto número de


frequentadores destes estabelecimentos, e assim, através
do pânico gerado por eles, a ação se torna um pouco mais
“fácil”. Mediante a essa tendência de criminalidade, os
agentes de segurança privada têm se perguntado
rotineiramente o que podem fazer para prevenir a ação
desses criminosos.

Combater a criminalidade em shoppings centers não é fácil,


pois normalmente as empresas ou alguns gestores ainda
veem o departamento de segurança como uma “despesa”,
como um departamento que não traz lucratividade para a
organização, e do outro lado, mesmo com os indicadores e
apontamentos do departamento de segurança, fica
impossível para os gestores de segurança evidenciar os
ganhos financeiros gerados por meio das ações da
segurança com prevenção e procedimentos específicos.

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79

Entretanto, cabe a nós, os profissionais da área através de


dados, análises e estudos direcionar ou, ao menos discutir
com os nossos pares e gestores os investimentos,
procedimentos e riscos que podem impactar de forma
negativa os negócios ou a imagem da organização,
portanto, algumas ações para prevenir essa modalidade de
crime em shoppings são:

I. Investir em mão de obra especializada em segurança, pois


normalmente os shoppings centers contratam empresas de
prestação de serviços com mão de obra de controladores
de acesso, o que acaba acarretando alguns problemas, ou
seja, profissionais e função não capacitada para combater a
criminalidade, piso abaixo da categoria, alta rotatividade de
funcionários e absenteísmo;

II. Manter cronograma de treinamentos e capacitação dos


colaboradores;

III. Adquirir câmeras e software de segurança de alta


performance que possam auxiliar os operadores da central
de segurança na identificação de elementos suspeitos e
prevenção das ações de crime;

IV. Fazer reunião e treinamentos para os lojistas das lojas de


riscos;

V. Manter análise de riscos atualizadas;

VI. Definir, criar e atualizar procedimentos de segurança.

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10. CONCLUSÃO
Os bandidos usam o raciocínio econômico para previamente
tomar à decisão de praticar os atos ilícitos, ou seja, levantam
todas informações possíveis e os benefícios para ver se os
lucros compensam o risco.

Tendo como base a teoria das janelas quebradas, a


estratégia para mitigar os riscos de furtos e roubos a
principal arma da segurança é a “prevenção”, onde
devemos atacar os atos logo em seu início, para que o
problema não se multiplique e se torne incontrolável, desta
forma devemos tomar certas ações para que tudo ocorra da
forma correta e preventiva.

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Para que tenhamos sucesso nas operações diárias de um


shopping se faz necessário seguir alguns critérios; ter uma
equipe treinada para a identificações de suspeitos logo em
sua chegada no shopping, sendo este um dos mais
importantes detalhes da operação, posicionamento dos
agentes nas portarias; e também respeitar alguns ciclos,
sendo eles: conhecer bem a região no entorno ao
empreendimento, ter bom relacionamento com a segurança
pública, controle de acesso ao empreendimento,
monitoramento pelo sistema de segurança, procedimentos
de segurança, ter foco nas operações sensíveis e operações
de risco.

A central de segurança deve estar com todos seus


equipamentos em pleno funcionamento e estar integrada
de acordo com o time de campo. Vale conscientizar os
lojistas a terem tolerância zero em casos de furtos, ou seja,
conduzir todas ocorrências a delegacia.

Se faz necessário também integrar todas equipes de um


shopping (limpeza, estacionamento, brigada de incêndio,
manutenção e lojistas) em prol da segurança, assim
conseguimos cobrir e ter olhos em todas as partes com um
só objetivo que é a “prevenção”.

“Examina cuidadosamente o bem-estar de teus homens e


não os sobrecarregues no trabalho. Concentra tua energia e
acumula o máximo de tua força” Sun Tzu.

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82

Refletindo sobre a citação do mestre Sun Tzu, nenhuma


operação dará certo se não cuidarmos de nossos
colaboradores, ter objetivos claros, procedimentos,
proporcionar um ambiente seguro, dar atenção diferenciada
a eles fara toda diferença em um momento de crise, sempre
buscando desenvolver a Inteligência Emocional nos
colaboradores.

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AUTOR: Roberto Emílio Farina Filho

CO-AUTORES:
Sidney Douglas de Lunas
Eduardo Silva Lazarin
Victor Hugo Martins Guedes de Araújo
Zenildo Ferreira da Silva
Uillian dos Santos Oliveira
Clovis Eduardo Franco Bueno
Marcos Roberto Costa Possani
Alberto Alves de Oliveira Neto
Cristiano Lima de Jesus
Romário Lima
Andre Rossi da Silva
Edimar Antônio Caragé da Silva
Cleriston da Silva
Cledinilson Mendes de Freitas
Caio Gonçalves Dutra
Fabio Roberto de Assis
Luiz Felipe Ribeiro da Silva
Rafael Pinheiro dos Santos
Luciano dos Santos Camargo

Artigo elaborado na 1ª Edição Mentoria NEOeX

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11. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Eskibel, D. (2011). A teoria das janelas quebradas, o crime é
maior em áreas negligenciadas, sujas e maltratadas.Fórum
de segurança,50-54.

Goldstein, J. (1985) 'The Drugs/Violence Nexus: A Tripartite


Conceptual FrameKennedy, DB (1992) 'Probabilidade,
Vulnerabilidade e Criticidade como Arquitetura.

Reppetto, TA (1976) 'Prevenção do Crime e o Fenômeno de


Deslocamento'. Crime e Delinquência22/2: 166-177.

SUN TZU. A arte da guerra: uma interpretação em 52 ideias


brilhantes / Karen McCreadic; tradução de Renato Marques
de Oliveira – São Paulo: Globo, 2008.

Torrent, D. (1997).a sociedade policial. Madri, Espanha: CEI.


Vázquez, C. (2003).Delinquência juvenil. Madri, Espanha:
Colex.

Torrent, D. (2001). Desvio e crime. Madri, Espanha: Aliança.

Wilson, J., & Kelling, G. (1982). Janelas quebradas. A polícia e


a segurança do bairro.O Atlântico Montly,29-38.

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