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Projeto de Trabalho Técnico Social – PTS

Residencial Mitsuyoshi Kato I


Santa Isabel do Pará

ATENDENTE DE COMÉRCIO VAREJISTA

Instrutora: Ariadne Maciel


Técnica Social: Nazaré Alcântara
Agente Social: Leila Oliveira

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APRESENTAÇÃO

O presente Curso pertence a uma das etapas do Projeto de Trabalho Técnico


Social – PTS, Residencial Mitsuyoshi Kato I cujo objetivo é promover qualificação
das pessoas, em situação de vulnerabilidade, oportunizando, assim, sua inserção ou
reinserção, no mercado de trabalho.
O referido material didático foi construído e organizado para facilitar o
aprendizado de maneira rápida e eficiente.
Este Curso tem carga horária total de 20 (vinte) horas, e está dividido em dois
módulos de execução: Módulo I – Conhecimentos Gerais com carga horária igual a
20% da carga horária total do curso, no qual serão abordadas as seguintes temáticas:
a história do comércio, mercado de trabalho, a ocupação de vendedor de comércio
varejista e a segurança do trabalho; e Módulo II – Conhecimentos Específicos com
carga horária de 80% do total previsto para o Curso, cujos conteúdos apresentados
serão: técnica de vendas, conhecimentos indispensáveis de um vendedor, marketing
no varejo sendo desenvolvidos de forma teórica e prática.
Temos certeza de que vamos lhe proporcionar muito mais que uma formação
profissional de qualidade. O curso, sem dúvida, será o seu passaporte para a
realização de sonhos ainda maiores.

Bons Estudos

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SUMÁRIO

MÓDULO I – CONHECIMENTOS GERAIS ........................................................4

1. A HISTÓRIA DO COMÉRCIO ...................................................................4

2. MERCADO DE TRABALHO .....................................................................6

3. SEGURANÇA DO TRABALHO ..............................................................11

MÓDULO I – CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS .............................................4

4. TÉCNICAS DE VENDAS .........................................................................17

5. A OCUPAÇÃO DE VENDEDOR DE COMÉRCIO VAREJISTA ..............17

6. CONHECIMENTOS INDISPENSÁVEIS DE UM VENDEDOR .................19

7. MARKETING NO VAREJO .....................................................................17

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Módulo I – Conhecimentos Gerais _____________________

MÓDULO I: CONHECIMENTOS GERAIS

1. A HISTÓRIA DO COMÉRCIO

Para que sua formação no curso de vendedor de comércio varejista seja mais
completa, é importante que você conheça o que significa comércio, desde seu
surgimento. Traçar esse caminho na história é relevante porque podemos aprender
muito sobre a atualidade, se compreendermos o passado.
Vamos começar refletindo:
• O termo comércio é corriqueiro para você?
• Qual é a ideia que você tem sobre o que é comércio? Ele existe com
quais propósitos?
Atualmente, a palavra comércio é definida como uma “atividade de compra e
venda ou troca de mercadorias ou serviços num sistema de mercado, geralmente
visando ao lucro”.
O comércio tornou-se cada vez mais essencial e teve grande expansão durante
o Império Romano, com a abertura de estradas entre as cidades e o uso de rotas de
navegação, permitindo transações comerciais entre a Europa, a África e a Ásia.
Já na Idade Média, período compreendido entre o século V (5) e o XV (15),
com a queda do Império Romano e o início das grandes navegações, as cidades
começaram a apresentar construções apropriadas para a confecção e a oferta de
produtos.
A movimentação comercial se ampliou principalmente pela abertura de novas
es- tradas, o que propiciou a proliferação de mercadores que eram responsáveis pelo
trânsito dos produtos comercializados.
Os estabelecimentos comerciais, apesar de não mais se restringirem a locais
abertos, como feiras e mercados, não eram como as lojas de hoje.
Até o século XIX (19), costumavam ser pequenos e conter alguns tipos de
produtos dispostos em prateleiras, ou balcões, barris ou sacos, que eram vendidos a
granel, ou seja, os funcionários pesavam ou mediam a quantidade que o cliente
queria comprar de cada mercadoria.

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Módulo I – Conhecimentos Gerais _____________________

Estabelecimento comercial de vendas a granel, prática ainda presente nos dias atuais.

No início do século XX (20), o comércio ocupava papel de destaque na vida


econômica e social do Brasil. Em grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo,
os estabelecimentos comerciais já se equiparavam aos de países como Estados
Unidos da América (EUA) e França.

Casas comerciais da Rua 15 de Novembro, na cidade de São Paulo, em 1892.

2. MERCADO DE TRABALHO
O varejo é responsável pela venda de mercadorias diretamente ao público final.
Inclui estabelecimentos como supermercados, farmácias, postos de gasolina e lojas
de artigos diversos. A variedade de produtos é gigante e não faltam oportunidades de
emprego nesse nicho de mercado.
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Módulo I – Conhecimentos Gerais _____________________

Quem procura o comércio varejista, compra itens para consumo. Afinal, a


palavra varejo vem de tempos mais remotos, em que se começou a vender (trocar)
objetos, itens e mercadorias avulsas para pessoas e não comerciantes. A vara era
uma velha unidade de comprimento para medir algumas coisas.
Podem ser incluídas nessa modalidade de comércio, tanto as lojas físicas,
como o varejo por meio de catálogo, venda porta a porta, por televisão e também por
meio da internet, o e-commerce.
De modo geral, o setor de comércio é um dos que mais fomenta a economia e
teve um aquecimento exponencial no cenário pós-pandemia. Só no estado de São
Paulo, o faturamento de 2022 foi considerado o maior dos últimos 14 anos, segundo
dados da pesquisa conjuntural do comércio varejista feita pelo Fecomercio de São
Paulo. E as estimativas de crescimento de vendas continuam favoráveis para os
próximos anos, o que é um excelente indicativo de novas vagas de emprego no setor.
Trabalhar no comércio varejista está dentre as 15 profissões mais comuns no
Brasil, tamanho o mercado de trabalho na área. Se você está à procura de um novo
trabalho, um cargo no setor de vendas pode ser uma boa aposta.

Quais as funções de um vendedor no comércio varejista?

Quem trabalha vendendo no varejo é responsável por auxiliar clientes a


encontrar produtos adequados para suas necessidades. Por isso, se você quer
trabalhar nessa área, prepare-se para estar em contato direto com a clientela. Além
de assistir clientes, dentro das responsabilidades de vendedor é preciso cumprir com
outras etapas do processo comercial:
 organizar vitrines expositoras e espaços internos da loja
 auxiliar na precificação de itens
 promover produtos e marcas
 demonstrar as funcionalidades e benefícios dos produtos
 atender clientes e apresentar diferentes opções de escolha
 manter prateleiras, expositores e produtos organizados
 sugerir promoções e campanhas de marketing
 acompanhar o relacionamento pós-venda com clientes
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Módulo I – Conhecimentos Gerais _____________________

 monitorar vendas via redes sociais


 cumprir com plano de trabalho e projeto de metas da empresa
É comum associar o cargo de vendedor à pessoa que trabalha em lojas, e isso
é o que faz um vendedor interno. Mas também há a possibilidade de atuação em
vendas externas, ou seja, visitando clientes em seus estabelecimentos. Esse tipo de
profissional trabalha mais com negociação, com uma relação mais personalizada e
persuasiva.

Salário no comércio varejista

O portal Glassdoor apresenta uma média salarial mensal de aproximadamente


R$ 1.700 reais para o cargo de vendedor e R$ 1.900 reais para vendedor
comissionado.
Esses valores são calculados com base em informações fornecidas por
pessoas que exercem ou já exerceram essa profissão.
Remunerações extras como bônus, gorjetas, adicionais por metas alcançadas
e participação nos lucros da marca ou empresa são bastante comuns nessa função.
Segundo a mesma fonte, estes extras fazem parte da renda variável de vendedores e
poderiam chegar ao dobro ou triplo do valor do salário-base mensal, dependendo,
claro, do setor de varejo, época do ano (datas comemorativas vendem mais) e valores
pré-estabelecidos de comissões.

Diferenciais

Caso você tenha aptidão para trabalhar com vendas no comércio, é importante
entender como funciona o holerite dessa função e os diferenciais na remuneração,
como as comissões.
A lei nº 3207/1957, que regulamenta as atividades dos empregados
vendedores, viajantes ou pracistas, permite até mesmo que a modalidade de
pagamento possa ser exclusivamente por comissões.
Em outras palavras, você pode ter sua carteira de trabalho assinada sem uma
definição de salário, apenas com o indicativo da porcentagem de comissão que você
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Módulo I – Conhecimentos Gerais _____________________

receberá sobre cada venda. Isso é justamente a diferença entre salário e


remuneração. No caso de as vendas não alcançarem um valor satisfatório, a
instituição empregadora deve cumprir com o pagamento do salário mínimo fixado em
lei.

Tipos de comissionamento para o comércio varejista

Uma das vantagens de trabalhar no comércio é justamente o dinamismo das


compras e vendas e a possibilidade de aumento da renda pelos adicionais por venda.
Suas recompensas financeiras podem ser por:
 Lucro: o valor é estipulado a partir do que é gerado de lucro, que pode
ser por meta ou não.
 Meta coletiva: quando a equipe bate a meta estabelecida, todos são
comissionados de maneira igualitária.
 Escalonamento: o valor das comissões é estipulado por porcentagens.
Por exemplo, se 80% da meta for atingida, você receberá 2% de
comissão e se bater a meta você receberá 5%.
Importante também saber que a comissão reflete sobre as demais parcelas
trabalhistas, tais como o 13º salário, férias e FGTS. Isso significa que o valor usado
como base para o cálculo inclui as comissões ao longo do ano.

3. SEGURANÇA DO TRABALHO

Você já reparou que ao nosso redor existe uma variedade de símbolos e sinais
e que muitos deles estão relacionados à nossa saúde, à nossa segurança e também
a normas de convivência que se fundamentam em leis?

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Módulo I – Conhecimentos Gerais _____________________

Nas ruas, a todo o momento vemos placas e sinais orientando o trânsito,


avisando o que é permitido e o que é proibido, alertando para locais prioritários para
idosos, gestantes, pessoas portadoras de deficiência etc.
Nas escolas, hospitais, lojas, farmácias e prédios públicos, encontramos sinais
ou avisos como: “É proibido fumar”; “Cuidado com o piso molhado”; “Em caso de
incêndio, não use elevador, use escadas”; “Silêncio”; “Não buzine”; “Respeite a fila”;
“Respeite a faixa de segurança”.

Acidente de trabalho

É fato que em todos os lugares estamos sujeitos a sofrer acidentes. Você deve
conhecer pessoas que já se acidentaram em casa, na rua, no local de trabalho, na
estrada, não é mesmo?
Quando um acidente acontece, é muito comum atribuir sua causa ao descuido
da própria pessoa, ao mau estado do local ou a uma falha mecânica nos
equipamentos. Enfim, procura-se sempre o culpado do acidente, mas normalmente se
esquece de pensar em como ele poderia ser evitado, isto é, o que poderia ser feito
para tornar aquelas condições mais seguras.
Normalmente, a questão de segurança do local de trabalho é responsabilidade
do empregador. A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) também
cuida da segurança em cada empresa, até porque a legislação trabalhista assim o
determina.
Mas e o trabalhador?
Com certeza, precisa ser cuidadoso e observar todas as normas de segurança.
Tem de cuidar de si e dos outros.
É possível afirmar, então, que, para evitar acidentes, pelo menos três aspectos
precisam ser observados:
 o local de trabalho;
 os equipamentos;
 as pessoas.

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Módulo I – Conhecimentos Gerais _____________________

O local de trabalho
Se o empregado realiza seu trabalho em um local sem a necessária segurança
para os profissionais, isto é, sem equipamentos e instalações adequadas, pode-se
dizer que está em um ambiente de risco, em uma condição insegura de trabalho.
Algumas medidas podem tornar o local de trabalho mais seguro. Por exemplo:
 Sinalização de segurança – Existe uma norma que determina quais cores
devem ser usadas na segurança do trabalho, a NR 26 – Sinalização de
segurança. Dessa forma, o uso das cores é unificado em todos os
estabelecimentos. Conheça o que ela diz:
 Prevenção e combate a incêndios – O ideal é que nunca ocorra um
incêndio no ambiente de trabalho. No entanto, é preciso saber evitar que
o fogo se inicie e, caso isso não seja possível, é necessário saber
combatê-lo com rapidez e eficiência. Em geral, os incêndios começam em
pequenos focos, que, se forem controlados, podem evitar acidentes
Os equipamentos
Os equipamentos de proteção podem ser de uso coletivo ou individual.
 Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) – São aqueles instalados em
locais de trabalho para proteger todos os que ali realizam suas tarefas:
exaustores, ventiladores, barreira de proteção contra luminosidade e
radiação, extintores de incêndio, hidrantes e mangueiras, detectores de
fumaça, fusíveis e disjuntores, protetores de máquina etc.
 Equipamentos de Proteção Individual (EPI) – Segundo a NR 6, EPI é
“todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador,
destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a
saúde no trabalho”.
Em grande parte das empresas, o vendedor de comércio varejista não necessita
fazer uso desses equipamentos, porém sua atividade também merece cuidados,
principalmente no que se refere à ergonomia, conforme se verá adiante.
Pessoas que trabalham muito tempo em pé podem sofrer Lesão por Esforço
Repetitivo (LER) ou Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (Dort). Essas
doenças ocupacionais muitas vezes são causadas por postura inadequada durante

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Módulo I – Conhecimentos Gerais _____________________

muito tempo, pela repetição de um movimento por um grande período, pela realização
de tarefas em condições inadequadas, pelo uso de móveis inapropriados etc.
A NR 17 busca minimizar esses problemas, tratando especificamente de
ergonomia. Ela se destina a todo tipo de empresas e de trabalhadores e, portanto,
não é específica para vendedores, porém alguns de seus itens estabelecem regras
que favorecem a melhoria do posto de trabalho.

As pessoas

Não bastam um local seguro e equipamentos adequados para que os acidentes


não ocorram. É fundamental que os trabalhadores estejam capacitados, orientados e
aptos para o desenvolvimento das funções que lhes competem.
No caso de vendedores, que trabalham muito tempo em pé, é importante fazer
intervalos e, se possível, em certos momentos, realizar alguns exercícios de relaxa-
mento ou de alongamento dos músculos. Veja alguns exemplos.
 Inclinar a cabeça para um lado e para o outro puxando-a com uma das
mãos, com o outro braço estendido para baixo.

 Juntar as mãos abertas, dedo com dedo, e movimentá-las para baixo.

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Módulo I – Conhecimentos Gerais _____________________

 Em pé, realizar movimentos giratórios com os ombros para a frente e para


trás.

• Com uma das mãos, puxar o cotovelo para trás até sentir que a musculatura do
braço se alongou. Repetir o movimento com o outro braço.

No próximo módulo estudaremos:

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DO CURSO DE


ATENDENTE DE COMÉRCIO VAREJISTA

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

MÓDULO II: CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

4. TÉCNICAS DE VENDAS
Apesar de existirem vários tipos de vendas – por meio de visitas às empresas,
de casa em casa como representante de alguma marca, pela internet ou por telefone
–, nosso curso é dedicado à venda no varejo, que é a mais comum. Vale lembrar,
entre- tanto, que todas as técnicas e atitudes discutidas neste curso também podem
ser válidas para os outros tipos de vendas.
Para concretizar uma venda, é necessário que o vendedor seja produtivo, isto
é, saiba se organizar e consiga direcionar suas atitudes para atender às necessidades
do cliente.
Em grandes lojas, os produtos são divididos em departamentos e há
vendedores específicos para cada um deles. Obviamente, o vendedor domina melhor
as qualidades dos produtos do setor para o qual foi destinado; no entanto, isso não
impede que ele saiba dar alguma orientação sobre outros produtos ou setores, visto
que faz parte de uma equipe e trabalha para a empresa como um todo, e não só para
um departamento específico.
Dessa forma, seja em um setor específico de um grande estabelecimento, seja
em uma pequena loja de variedades, o vendedor, para ter sucesso, precisa se inteirar
dos produtos com os quais trabalhará e que, consequentemente, oferecerá aos
clientes.
Além disso, o vendedor tem de investir em seu próprio crescimento,
acompanhando o desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e cultural para
estar sempre atualizado e focado.

Fases da venda

O ato de vender acontece naturalmente, ou seja, de forma contínua, sem


intervalos ou etapas a serem concluídas uma a uma. Falar em fases de venda é
apenas um recurso didático para orientar o vendedor, mas, na prática a venda
ocorrerá de forma natural, sem a preocupação de seguir regras. Com experiência,
não será preciso seguir à risca cada uma das fases. O importante é sempre
considerar o consumidor, seus pontos de vista, suas dúvidas a respeito do produto.

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

A seguir, você verá as etapas consideradas principais, que poderão servir de


orientação para o seu trabalho:
• como se preparar para a venda;
• como receber o cliente;
• como e por que conhecer os interesses do cliente;
• como apresentar seu produto;
• como superar objeções;
• como concretizar a venda;
• como realizar venda adicional.
Como se preparar para a venda
Conheça em detalhes o produto ou serviço que vai oferecer. Saiba suas
características, suas qualidades e, principalmente, os benefícios que pode trazer ao
comprador.
É importante que o cliente o identifique como uma pessoa que conhece o
produto sabe ensinar seu uso e consegue esclarecer dúvidas. Para tanto, prepare-se
com afinco, estude o produto, domine seus pontos fortes e fracos.
Acredite na qualidade do que vende, pois não conseguirá convencer outra
pessoa se você não estiver convencido.
Preocupe-se também com a comunicação, pois ela é a responsável por todo o
relacionamento que terá com o cliente.
É necessário que o vendedor não falte com o respeito, não seja preconceituoso
nem dê demonstrações de falta de ética, pois, caso isso aconteça, certamente a
venda não ocorrerá – e, se ocorrer, provavelmente o cliente nunca mais voltará à loja.
Para uma perfeita comunicação, sua mensagem tem de ser apreendida pelo
cliente, daí a necessidade de encontrar o meio-termo entre a linguagem
extremamente complexa e rebuscada e a linguagem mais cotidiana, familiar.
Veja, a seguir, algumas dicas importantes que o ajudarão a encontrar esse
caminho.
• Ter um vocabulário rico auxilia a conversa e, principalmente, aumenta
seu poder de convencimento, na medida em que você consegue expor com clareza o
que está pensando naquele momento. Para melhorar o vocabulário, nada mais
importante do que a leitura constante. Você costuma fazer isso?
• Verbalizar o pensamento com rapidez e clareza ajuda na comunicação.
Você já deve ter percebido que o pensamento parece correr bem mais rápido do que

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

se consegue expressá-lo em fala, não é? Para ter sucesso, é importante tentar


estabelecer uma sequência lógica dos assuntos em seu pensamento; com isso, você
conseguirá verbalizá-lo com mais facilidade e rapidez.
• Não é possível conversar com todas as pessoas da mesma forma. Por
exemplo, quando conversamos com uma autoridade, usamos um tipo de fala que não
é o mesmo que usamos para conversar com alguém da família ou com um amigo.
Assim, é importante que você perceba quem é seu interlocutor para adequar sua
linguagem a ele.
Como receber o cliente
Todas as pessoas que entram em um estabelecimento merecem ser atendidas
com rapidez e educação. Por isso, sempre ofereça seus préstimos, sem julgamentos
antecipados.
Nem sempre a roupa define a pessoa: quem se veste de forma simples muitas
vezes pode ser um ótimo comprador, e quem se veste como se fosse a uma festa
pode não comprar nada. Assim, seja atencioso com todos, mesmo porque a primeira
impressão é muito importante e, se você demonstrar descaso, certamente o cliente
não comprará com você.
Lembre-se de que, para vender, alguém tem de comprar, isto é, se não existir o
cliente, o consumidor, não é necessário existir vendedor. Portanto, ele é a peça
primordial no processo de venda e, por esse motivo, deve ser considerado sempre. É
preciso perceber, em cada cliente, o que lhe desperta interesse, o que ele valoriza.
• Atenda sempre com rapidez, clareza e simpatia, procurando saber quem
é o cliente e identificando-se com ele. Faça perguntas objetivas para saber do que ele
precisa e gosta. Dessa forma, você poderá oferecer produtos que sejam de seu
interesse.
• Preste atenção ao que o cliente diz, sem interromper, pois não é
possível ouvir e falar ao mesmo tempo. Procure entender o ponto de vista do
comprador mesmo que não concorde com ele. Não deixe sua vida particular
influenciar sua venda.
• Não mantenha conversas paralelas. Seu atendimento precisa ser
personalizado, isto é, centrado no interesse do cliente. Seja sincero, educado,
simpático e sorridente.

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

• Pense como o cliente. Considere o problema dele como algo realmente


importante. Faça uma imagem do que está ouvindo e procure vivenciar o que ele está
querendo, para que possa identificar que tipo de produto deve lhe mostrar.
• Às vezes, alguns clientes são desagradáveis e até irritantes. Não
demonstre senti- mentos de antipatia. Procure compreender as dificuldades de
expressão do interlocutor. Seja paciente e o ajude a se expressar. Com isso, você vai
estabelecer um diálogo mais produtivo.
• Tenha respeito por opiniões alheias e espírito aberto a novas ideias,
fatos e impressões. Não responda de forma rotineira e repetitiva, esforce-se para não
ser indiferente e trate o cliente com respeito.
Outro assunto importante refere-se ao cancelamento de uma venda ou à
devolução de mercadorias com defeitos, o que muitas vezes nada tem a ver com a
capacidade do profissional de vendas em realizar bem seu trabalho. Em lojas
maiores, existe um setor de atendimento ao cliente que cuida desses assuntos;
porém, em pequenas lojas, o vendedor provavelmente terá de lidar com essa
situação. É importante conhecer os direitos do consumidor quanto à desistência da
compra, que pode ocorrer porque o produto comprado apresentou defeito ou por
insatisfação do cliente. Os artigos 18 e 49 do Código de Defesa do Consumidor
asseguram esse direito e estabelecem prazos para que isso ocorra.
Como e por que conhecer os interesses do cliente
Quando se diz “conhecer os interesses do cliente”, não se quer dizer conhecê-
lo de outros encontros, e sim perceber suas reações em relação aos produtos que
está observando.
Para ter sucesso na venda, o vendedor precisa identificar os “sinais” dados
pelo cliente, isto é, os olhares, o tempo maior gasto diante de um ou de outro produto,
o momento em que está preferindo apenas observar ou quando gostaria de ajuda do
profissional da loja.
Isso tudo não é fácil, principalmente com alguns clientes, e certamente você
terá dificuldade em perceber o comportamento de cada um no início de seu trabalho.
No entanto, com o tempo, se estiver atento aos pequenos sinais de satisfação ou
insatisfação demonstrados pelo cliente, você saberá o momento certo de abordá-lo.
A partir daí, é importante colocar em prática o que percebeu do comportamento
do cliente, mas, principalmente, é necessário saber perguntar, ouvir e entender o que
ele necessita. O diálogo é muito importante, porém procure falar sobre o produto, sem

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

parecer saber mais sobre ele do que o cliente e sem se mostrar superior; seja discreto
ao mostrar seus benefícios.
Os clientes não são todos iguais; portanto, não existe uma regra a ser seguida
para conquistá-los. O vendedor precisa ser perspicaz e criativo para perceber como é
a pessoa que ele está atendendo e, diante da situação, adaptar a venda.
Entender os desejos e as necessidades do cliente é o primeiro passo para o
sucesso da venda, pois, com isso, você poderá mostrar a ele os produtos que
resolverão seus problemas, que atenderão a suas exigências. Nesse ponto entrarão
também a técnica do vendedor e o conhecimento dos produtos.
Como apresentar seu produto
A apresentação do produto é muito importante. Por isso, use sempre:
• palavras dinâmicas (indicam movimento): “rápido”, “veloz”,
“imediatamente”, “sempre”;
• palavras fortes para garantir a confiança do cliente: “aprovado”, “bem-
sucedido”, “revolucionário”;
• palavras de impacto para persuadir o cliente: “investimento”,
“recomendado”, “econômico”, “fácil”, “lucrativo”, “garantido”, “personalizado”;
• pronomes para aproximar o cliente do produto: “conosco”, “nos”, “seu”,
“nosso”;
• verbos no presente: “quero”, “desejo”, “posso”, “tenho”;
• expressões que transmitem confiança: “Posso afirmar que...”, “Tenha
certeza de que...”;
• palavras positivas: “ajudar”, “solucionar”, “resolver”, “aumentar”;
• frases que despertam interesse: “Eu li uma matéria muito interessante
sobre...”, “Este é um método rápido de implantar...”;
• tratamento formal (independentemente da idade): “o senhor”, “a
senhora”;
• cortesia e delicadeza (mesmo que o interlocutor se exalte): “Perfeito,
senhor, entendo sua colocação”.
Procure chamar a atenção do cliente, mas nunca com- pare seu produto com o
de um concorrente. Enaltecer uma coisa depreciando outra normalmente é de mau
gosto e pode surtir o efeito inverso ao que se espera.
Ao conversar com o cliente:

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

• use um tom natural, dando ênfase às qualidades e aos benefícios do


produto que está apresentando;
• fale com entusiasmo, transmitindo confiança;
• dê uma pausa após cada frase, dando ao interlocutor a oportunidade de
se posicionar;
• se fizer alguma demonstração, varie o tom da voz, de modo natural,
evitando a monotonia;
• transmita a mensagem de maneira natural;
• sorria e pronuncie as palavras corretamente.
A forma como você se posiciona é muito importante. Dependendo de como se
expressa, é possível ter ou não sucesso na venda.
• Sua postura, ou seja, a forma como posiciona seu corpo, demonstra seu
interesse pelo interlocutor.
• Sua predisposição psicológica para alcançar um objetivo torna o
sucesso mais garantido, mas, para isso, é preciso estar disposto a se empenhar na
forma de agir.
• Sua técnica se aprimora à medida que você se prepara para suas ações.
Portanto, esteja em constante aprendizagem.
Para seu exercício diário como vendedor de comércio varejista, é importante
estudar diferentes formas de apresentar os produtos aos clientes, dependendo, é
claro, do tipo de interesse percebido em cada um deles.
O entusiasmo do vendedor transmite confiança ao ouvinte, que passa a
acreditar naquilo que ouve, o que facilita a negociação. Mesmo que não aceite
imediatamente sua proposta, o cliente pode voltar a pensar no assunto e no futuro
concretizar a compra.
Uma forma de se preparar para a venda é conhecendo seu cliente. Realize,
então, uma pesquisa de necessidades.
Necessidade é o desejo, vontade, impulso, conveniência de ter algum
problema resolvido.
Para descobrir as necessidades do cliente, formule perguntas que lhe permitam
descobrir o que ele deseja ou do que precisa, pois, com isso, você poderá fazer
recomendações bem fundamentadas.

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

É importante estar atento ao que está acontecendo no momento de iniciar a


conversação. Tudo afeta, positiva ou negativamente, o estado de espírito da pessoa
com quem você está falando.
O uso de perguntas permite que a conversa se transforme em diálogo e não
fique cansativa para nenhum dos lados. Existem alguns tipos de questões, mas, no
mo- mento, vamos nos ater às abertas e às fechadas. É interessante que, na
conversa com o cliente, você comece com as perguntas abertas e vá, gradualmente,
passando para as fechadas.
Perguntas abertas
São usadas para descobrir coisas, averiguar situações, identificar carências e
necessidades.
Elas servem para acumular informações que nos ajudarão a conduzir a
conversa posteriormente.
Exemplos:
• Qual sua experiência com...?
• O que pensa sobre...?
• Qual é sua principal preocupação?
• O que lhe parece...?
• Está satisfeito com...?
• Por favor, diga-me em termos gerais...?
• Qual sua opinião sobre...?
• De que forma consegue...?
• Como administra...?
• Que problemas teve com...?
• Por que...?
• Quão eficaz foi...?
Perguntas fechadas
São usadas no final da conversação, com vistas a obter uma solução, uma
definição.
Ao contrário das perguntas abertas, as fechadas têm o propósito de não dar
chance a explicações, só a decisões.
Exemplos:
• O senhor prefere o branco ou o preto?
• O senhor gosta mais do produto grande ou do menor?

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

O importante é perceber a formulação da pergunta. Veja que em momento


nenhum se indaga especifica- mente o que o interlocutor prefere ou gosta. Em vez
disso, são dadas a ele duas opções e, qualquer que seja sua decisão, a negociação
será feita.
Esse tipo de pergunta, portanto, é muito simples: dê ao cliente duas
alternativas, nem mais, nem menos. Se você der apenas uma opção, a resposta pode
ser negativa; se der três, o interlocutor pode ficar em dúvida na hora da decisão.
Como superar objeções
A objeção normalmente tem caráter negativo, isto é, representa a negação do
cliente a determinado produto ou compra, constituindo, assim, uma barreira à venda.
No entanto, ela é parte natural do processo de compra e pode acontecer em qualquer
etapa da venda. O importante é que ela seja resolvida no momento em que aparecer.
Uma objeção pode ocorrer por vários motivos, e, independentemente de qual
seja, é importante que você esteja sempre preparado para vencê-la. Não se sinta
ameaça- do por conta disso, mesmo porque ela só acontece quando o cliente está
interessado. Quem não se interessa não discute.
Veja a seguir os passos para superar as objeções.
Preparar-se
Todo produto ou serviço pode dar lugar a uma pergunta difícil de responder, e,
se isso acontecer e você não se sair bem, perderá a confiança do cliente.
Um modo eficaz de preparar-se para lidar com tais situações é conhecer as
características e os benefícios de cada produto/serviço que você oferece.
Para tanto, tenha sempre todas as informações possíveis sobre o
produto/serviço que está vendendo. Você pode até preparar uma lista com cada um
de seus produtos/ serviços, levantando suas características e benefícios, como no
exemplo a seguir.
Tente prever as reações do cliente e prepare uma resposta que as vença. Se
tiver oportunidade, elucide o assunto já em sua fala, evitando, assim, o surgimento
delas no momento da venda.
Procure perceber por qual motivo o cliente rejeita um produto. Às vezes o
cliente também não identifica o porquê de sua resistência, então ajude-o nisso com
cautela e compreensão. Somente conhecendo esse motivo você poderá enfrentar a
recusa.
Aceitar a objeção

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

Existem três formas de lidar com as objeções: responder, encorajar e superar.


Então, tenha calma e ouça atentamente os argumentos do cliente.
Procure entender seu interlocutor e perceber a variação no tom de sua voz ou
a ênfase dada a algum ponto específico. É aí que você vai atuar.
Uma técnica interessante nesse momento é utilizar a “pergunta eco”, que
consiste em repetir a objeção evidenciada na fala do cliente. Com ela, você mostrará
que se interessou pelo comentário feito por ele e assim o estimulará a falar um pouco
mais sobre o produto/serviço ou sobre o motivo que o levou a rejeitá-lo.
• Se o cliente diz: “Acho que essa cor é muito forte”, você repete: “Muito
forte?”.
• Se o cliente diz: “Esse sapato está caro”, você repete: “Caro?”.
A colocação de uma pergunta eco de forma apropriada faz com que o cliente
fale mais sobre o que está sentindo, dando, assim, pistas sobre o verdadeiro motivo
que o leva a não querer o produto ou as suas reais necessidades.
Nunca deixe de responder a uma objeção. Trate-a como uma pergunta que
merece e deve ser respondida sempre. Não tente “enrolar” o cliente; ele perceberá e,
certa- mente, não gostará nem um pouco disso. Você pode superar esse momento
valorizando os benefícios de seu produto/serviço.
Uma forma de se preparar é, depois de estudar o produto/serviço, montar um
quadro como o do exemplo a seguir. O objetivo é trabalhar as supostas objeções que
o cliente faria a um produto/serviço (nesse caso hipotético, um chuveiro elétrico) e as
maneiras de tratar ou solucionar os problemas.

Produto: chuveiro elétrico


Objeção Tratamento/solução

Claro, senhor(a). Esse chuveiro tem uma ótima resistência e, além do


Será que esse chuveiro é o mais, seu sistema de vazão de água faz com que se pareça com uma
melhor mesmo? ducha.
Será que aquece mais do Vamos analisar o produto novamente. Quais foram suas dúvidas?
que aquele outro?
Entre as qualidades, o que mais chamou sua atenção?

Só para eu esclarecer: Quais foram as dúvidas que o(a) senhor(a) teve


sobre o produto?
Vou pensar e depois volto. Gostaria de ver algum outro?
Porque, se o(a) senhor(a) decidir agora, logo, logo poderá tomar um
banho quentinho e revigorante.

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

Como concretizar a venda


Concretizar a venda significa obter a autorização do cliente. É por isso que
essa etapa requer toda a sua perspicácia.
Ela acontece, geralmente, após toda a apresentação do produto e no momento
em que o cliente demonstra interesse em comprar.
A conclusão de uma venda, em geral, começa com uma pergunta, que pode
ser aberta ou fechada, esta última também chamada de escolha dirigida. Esta última é
mais eficaz porque limita a escolha entre as alternativas apresentadas. Assim, em vez
de: “Então, o(a) senhor(a) vai comprar o produto?” (pergunta aberta), é mais
interessante: “O(A) senhor(a) pretende pagar com cartão ou dinheiro?” ou “Gostaria
de pagar à vista ou parcelar em duas vezes no cartão?” (perguntas de escolha
dirigida).
Ao se despedir do cliente, reforce sua escolha, agradeça a visita e incentive-o a
voltar mais vezes. Assim, você vai criar um laço com ele e, provavelmente, quando
ele precisar de outra coisa que seja vendida em sua loja, vai procurá-lo.
Outra atitude importante, para melhorar seu desempenho, é realizar uma
retrospectiva de todos os passos dados no atendimento a esse cliente. Com isso,
você poderá não só utilizar técnicas semelhantes em outros atendimentos, como
aperfeiçoá-las.
Não concretização da venda
É importante ter em mente que o processo de venda muitas vezes não resulta
em concretização. Isso não deve ser motivo para você se sentir desanimado, pois
pode ocorrer por motivos alheios à sua atuação.
No entanto, é bom realizar uma avaliação de seu desempenho para que, no
futuro, esteja mais preparado para enfrentar outros obstáculos com os quais você não
contava nesse momento.
Assim, lembre-se de alguns aspectos fundamentais no trato com as pessoas:
• nunca insista. Se o cliente não quer efetuar a compra, procure saber o
motivo disso e, se possível, resolva-o;
• deixe sempre o cliente falar mais do que você. Para tanto, faça
perguntas que o incentive a falar de si e do produto que procura. Isso vai ajudá-lo a
conhecer suas necessidades;
• não demonstre insegurança, seja apressando o cliente, seja
desmerecendo produtos similares;

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

• seja atento e cuidadoso. Se perguntou o nome do cliente, tente


memorizá-lo, pois perguntar novamente ou trocar o nome pode demonstrar falta de
interesse e menosprezo;
• respeite o tempo do cliente. Algumas pessoas decidem prontamente
uma compra, mas outras precisam analisar e pensar mais. Seja atencioso e procure
se adequar ao tempo de cada um;
• mesmo que a venda não se concretize, despeça-se do cliente com
educação e convide-o a voltar novamente. Assim, estará abrindo uma porta para
futuras vendas.

5. A OCUPAÇÃO DE VENDEDOR DE COMÉRCIO VAREJISTA


A partir de agora, este curso vai focar no comércio varejista, ou seja, aquele
que se dedica a vendas diretamente ao consumidor final e que apresenta, por suas
características, um mercado de trabalho bastante promissor.
Os principais setores varejistas no Brasil são as lojas especializadas em um
tipo específico de produto, como roupas, alimentos, materiais de construção,
remédios, livros, móveis, veículos etc.
Elas variam em tamanho, desde pequenos negócios de bairro até grandes
estabeleci- mentos, como concessionárias de automóveis ou hipermercados, e
também em sofisticação, podendo ser uma simples banca de frutas ou uma loja de
shopping center.
Entretanto, independentemente do tamanho ou da sofisticação, em todas as
lojas existe o vendedor, que, com sua técnica, vai apresentar e vender os produtos,
vencendo a concorrência. Para isso, ele precisa se especializar na arte de vender e
acre- ditar no que está dizendo.
A figura do vendedor que ia de porta em porta oferecendo seus produtos já não
é tão comum. Obviamente, ainda há pessoas que compram mercadorias nos grandes
centros comerciais e as revendem em seu bairro, além daquelas que vendem
produtos por meio de catálogos. No entanto, por causa do grande número de ofertas
e promoções de produtos semelhantes existentes nas lojas, esse tipo de vendedor
está em desvantagem. É o poder da concorrência.

Características da ocupação de vendedor de comércio varejista

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

A ocupação de vendedor de comércio varejista aparece na Classificação


Brasileira de Ocupações (CBO) com o código 5211-10, pertencente à família
“Operadores do comércio em lojas e mercados”.
Segundo a CBO, fazem parte dessa ocupação o consultor de vendas, o
operador de vendas (lojas), o vendedor no comércio de mercadorias (também
conhecido como balconista) e o vendedor interno.

Atribuições do vendedor de comércio varejista

De modo geral, o vendedor de comércio varejista exerce as funções descritas a


seguir:
1. Venda ou coordenação de vendas de mercadorias em estabelecimentos
do comércio varejista, auxiliando os clientes na escolha. Apesar de parecer simples,
essa atribuição não é fácil, pois, para realizar a venda, é preciso:
• identificar as necessidades do cliente, percebendo aquilo que ele está
observando, e tentando estabelecer um diálogo para se inteirar de suas preferências;
• conhecer bem os produtos com os quais trabalha: suas características e
benefícios, tipos de produtos semelhantes disponíveis na loja, respectivos preços e
formas de pagamento etc., para poder sugerir opções;
• oferecer a possibilidade de prova dos produtos (roupas, calçados,
maquiagem etc.) e auxiliar o cliente nesse momento;
• dependendo da mercadoria oferecida, procurar demonstrar seu
funcionamento, informando as qualidades e as vantagens que sua aquisição pode
propiciar ao cliente;
• no caso de produtos de alimentação, sempre que possível, oferecer
degustação ou distribuir uma amostra.

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

Vendedor apresenta à cliente as funções e qualidades do produto.

2. Registro ou controle do registro de entrada e saída de mercadorias.


Essa atribuição envolve as seguintes ações:
• conferir as mercadorias no momento em que chegam, mediante nota
fiscal e pedido;
• examinar as condições dos produtos para ver se estão de acordo com o
solicitado;
• preparar as mercadorias para venda, etiquetando-as com seu preço;
• organizá-las no espaço de exposição, mantendo sempre a ordem do
local após o atendimento ao cliente;
• listar a necessidade de mercadorias para reposição e encaminhar a lista
ao setor responsável.

Vendedor verifica a quantidade de produtos em estoque.

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

3. Prestação de serviços aos clientes, tais como: orientação e assistência


na troca de mercadorias, encaminhamento ao setor de atendimento ao cliente, ao de
crediário ou outros serviços correlatos.

Vendedor mostra-se solícito às dúvidas da cliente.

4. Elaboração de relatórios de vendas, de promoções, de demonstrações e


de pesquisa de preços. Para tanto, é necessário:
• evidenciar as mercadorias em promoção;
• organizar o local de exposição de forma atraente;
• abastecer os pontos de venda e as gôndolas;
• recolher mercadorias violadas.

Organização de mercadorias nos pontos de venda.

Ainda, segundo a CBO, a formação exigida para a ocupação de vendedor de


comércio varejista é o Ensino Fundamental completo; porém, dependendo do
estabelecimento, é solicitado o Ensino Médio. Em alguns lugares, como shopping

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

centers, e ainda há situações em que uma segunda língua é importante, como em


aeroportos e regiões de fronteira.
As condições gerais de exercício da ocupação de vendedor de comércio
varejista são:
• o trabalho é assalariado, com carteira assinada, no caso de empresas
comerciais ou autônomo;
• o ambiente de trabalho costuma ser fechado, em lojas;
• em geral, o trabalho é individual, com supervisão permanente ou
ocasional, de- pendendo da organização do estabelecimento;
• o horário de trabalho pode ser diurno, noturno ou mesmo em rodízio de
turnos;
• o vendedor costuma permanecer em pé por longos períodos e, por
vezes, ficar exposto a ruídos, temperaturas variadas e materiais tóxicos, casos em
que é necessário o uso de EPI.

6. CONHECIMENTOS INDISPENSÁVEIS DE UM VENDEDOR


Agora, vamos nos concentrar nos conhecimentos indispensáveis ao vendedor,
aqueles que precisam estar incorporados a sua prática a ponto de passarem
despercebidos dos clientes, mas que fazem toda a diferença em seu desempenho.
Para ser um bom vendedor, é necessário satisfazer não apenas o cliente, mas
também a empresa onde se trabalha. Evidentemente, o próprio vendedor também
precisa ficar satisfeito, porque só é possível se dedicar bem a algo em que se acre-
dita e de que se gosta.
De mais a mais, nem sempre é possível esconder nossos valores quando
estamos tratando com outras pessoas; então, se estamos fazendo algo de que não
gostamos ou em que não acreditamos, fatalmente nossas ações acabarão nos
traindo.
Para saber negociar, você precisa conhecer bem seus produtos, assim como
os da concorrência. Somente assim conseguirá destacar suas qualidades e seus
benefícios sem depreciar os dos concorrentes, o que poderia trair a confiança do
cliente.
Antes de apresentar e demonstrar os produtos, é importante conhecer as
necessidades e motivações do cliente. Isso evitará oferecer algo que não tem nada a
ver com ele e perder a venda.

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

Esteja preparado para enfrentar as objeções de seu cliente. Saiba usar


adequadamente as qualidades do produto para justificar seus benefícios e o preço
pedido por ele.

Qualidades de um bom vendedor

• Sentir prazer em vender. Quem encara essa ocupação como um “bico”


vai senti-la como um fardo, ficará infeliz e não conseguirá transmitir confiança ao
comprador.
• Gostar de ajudar o cliente, ser atencioso, mas sem exagero. O cliente
tem direito de pensar e pesquisar livremente, e a insistência do vendedor pode se
tornar inconveniente. Por outro lado, o vendedor que não dá atenção ao cliente ou fica
conversando com um colega, em paralelo, fatalmente perderá a venda.
• Ser otimista, enxergar o lado bom das coisas.
• Não se irritar com facilidade; saber se controlar é primordial.
• Ser criativo e saber inovar dependendo das necessidades e dos
interesses de seu cliente do momento.
• Estudar e se atualizar sempre. É importante também ler bastante e
participar de cursos e treinamentos de vendas, pois as mudanças atuais na economia
afetam diretamente a função do vendedor, ditando novas formas de atender e vender.
• Estar sempre a postos, prestando atenção a todos os clientes que
entram na loja, pois a maior parte deles gosta de observar as mercadorias antes de
se decidir. O momento em que o cliente demonstra estar procurando alguém para
auxiliá-lo é a deixa para se aproximar dele e, muito provavelmente, efetuar a venda.
Por outro lado, se o vendedor perceber que o cliente olhou tudo e vai sair sem se
deter em nada, deve se aproximar dele oferecendo ajuda ou itens semelhantes ao
que ele estava olhando, para tentar impedi-lo de ir embora.
• Ser curioso e procurar sempre novas formas de bem atender o cliente.
• Saber ouvir, que é mais importante do que falar. Em uma venda, quem
mais tem de falar é o cliente, pois somente assim o vendedor saberá o que ele de-
seja e espera. Nenhuma venda deve virar uma discussão, mesmo porque o vendedor
que ganha as discussões perde as vendas.

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

• Sempre ser sincero. No entanto, é importante que o vendedor saiba a


que limite pode chegar, tanto para não ofender o cliente como para não se prejudicar
diante da empresa.
• Ser hábil na conversa com o cliente, a ponto de fazê-lo sentir que
decidiu sozinho. Isso é possível com perguntas adequadas, como: “O que o(a)
senhor(a) achou melhor nesse produto que no outro?” ou “O fato de esse produto ser
impermeável é uma vantagem para o(a) senhor(a)?”.
• Ser “discreto”, isto é, não se sobressair na loja. O vendedor está ali para
auxiliar o cliente e não para chamar a atenção para si mesmo. Assim, na maior parte
das lojas, não é recomendado o uso de adereços e roupas extravagantes.
Para ser um bom vendedor é necessário perceber o que os clientes buscam,
levando em conta seu perfil. No mercado de informática, por exemplo, é preciso
considerar as particularidades de clientes mais jovens e dos que apenas
recentemente ingressaram no mundo das novas mídias.

7. MARKETING NO VAREJO

Para iniciar este assunto, é preciso antes saber o que é marketing e o que é
varejo.
No Dicionário Aulete, vamos encontrar as seguintes definições de marketing:
1. Conjunto de técnicas de comercialização de produtos ou serviços,
envolvendo pesquisas de mercado, adequação e promoção junto aos consumidores
etc.; MERCADOLOGIA.
2. Publicidade feita para favorecer a venda de um produto ou serviço, ou
para influenciar o público favoravelmente em relação a uma ideia, pessoa, empresa
etc.
Nesse mesmo dicionário, a definição de varejo que mais se aproxima de nosso
assunto é
Operação comercial que consiste em negociar
diversos tipos de mercadoria e em qualquer
quantidade, diretamente ao consumidor final,
sem intermediários.
O comércio varejista ocorre em vários tipos de ambiente, como lojas
especializadas em determinados produtos; lojas de departamento, que vendem

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

diversos tipos de mercadorias; supermercados e hipermercados, que, além de


alimentos, comercializam produtos variados; cadeias de lojas; cooperativas; lojas de
desconto; pontas de estoque; mercearias; padarias; farmácias; lojas de preço único;
enfim, uma enormidade de pontos de venda.
Há ainda o comércio varejista que não possui um ponto de venda físico, isto é,
uma loja. É aquele que acontece pela internet, por telemarketing, por mala direta, pela
visita do vendedor a um estabelecimento ou de porta em porta.
No entanto, independentemente do tipo de ponto de venda, o comércio
varejista só existe se houver um vendedor e um comprador. Dessa forma, o marketing
de varejo foca, primordialmente, o relacionamento a ser estabelecido com o
consumidor, procurando saber quais são seus desejos para ofertar algo de modo
diferenciado.
Esse tipo de marketing visa descrever para o consumidor determinado produto
e lhe mostrar como esse item atende às suas necessidades, e tudo isso a um preço
interessante, ou seja, considerando as ofertas e promoções existentes naquele
momento.
Existem três maneiras de apresentar um mesmo produto. Por exemplo, se o
que se quer apresentar é um sofá, podem-se destacar:
• O que é ou o que tem – substantivos
Exemplos: Este sofá tem assento, braços de apoio, encosto, almofadas,
parafusos, enchimento etc. (substantivos – “o que é”: sofá; e o que “tem”: assento
etc.).
• Suas características ou qualidades – adjetivos
Exemplos: Este sofá é bonito, impermeável, durável, confortável, decorativo
etc. (adjetivos: qualidades, características, tais como bonito, impermeável etc.).
• O que faz ou para que serve – verbos
Exemplos: Este sofá serve para descansar, assistir à tele- visão, decorar o
ambiente, dar de presente etc. (verbos: utilidade, serventia, tais como descansar,
assistir etc.).
Agora pense:
• Você acredita que alguém compre um sofá apenas pelas funções que
ele desempenha, ou seja, porque tem assento, por exemplo?
A resposta é: não

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

Ninguém compra um sofá apenas porque ele serve para se sentar, porque tem
as- sento, por exemplo, mas por seus atributos, ou seja, apenas o “tem” não vende.
O mesmo vale para o caso de ressaltar que os assentos são confortáveis ou
impermeáveis, os braços de apoio mais largos e o encosto reclinável. Todas as vezes
que se destaca o que o produto tem, abre-se a oportunidade para a outra parte
“encontrar desculpas” para não querer o produto.
Resultado: em vez de “vender”, descarta-se o produto.
• Você acredita que alguém compre um sofá só porque ele é
impermeável?
A resposta é: depende.
Alguns consumidores podem estar interessados em adquirir o produto por
determinada qualidade e, com isso, a venda é efetivada.
No entanto, quando se valoriza apenas uma ou outra qualificação do produto –
“o que ele é” –, também se abre espaço para que a outra parte encontre desculpas
para não comprar: “Será que é verdade? Afinal ele não falaria mal de seu produto...”.
Resultado: novamente, em vez de “vender”, o que se fará é descartar o
produto.
• Você acredita que alguém compre um produto ou serviço porque precisa
dele e porque ele resolverá seu problema?
A resposta é: sim.
Todas as vezes que se diz “Meu produto ou serviço serve para...”, a venda
acontece. No caso exemplificado, podemos dizer que a pessoa comprará o sofá se
ela for convencida de que será mais cômodo para ela assistir a seu programa favorito
com bastante conforto (encosto reclinável), apoiando sua bebida e comida no braço
de apoio (mais largo), e, no caso de derramar algum líquido, poder secar
(impermeável) o sofá sem problemas.
Os argumentos de venda precisam começar com verbo; do contrário, não
serão argumentos, e sim explicações. E explicação não vende, nunca vendeu, nem
vende- rá nada a ninguém.
Conclusão – Para vender é preciso destacar os benefícios: o “serve” (verbos).
O “tem” (substantivos) e o “é” (características) devem ser usados também, mas como
auxiliares e sempre seguidos de vantagens, benefícios e lucros obtidos com a
compra.

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

A concorrência no comércio varejista está cada vez mais acirrada. Então, não
basta diminuir os preços; é preciso fazer a diferença, perceber o que o cliente valoriza
e lhe oferecer isso, para que não seja apenas mais um cliente, e sim aquele que volta
sempre. Se ele se sente seguro, é atendido com rapidez e com delicadeza, então ele
fica satisfeito e torna-se um cliente fiel.
Existem várias ações de marketing, e todas elas visam não só à formação de
uma clientela fiel, mas também à obtenção de lucro, pois sem isso o comércio não
subsiste. É com essa finalidade que vários estudiosos realizam pesquisas e
experimentos e, dependendo de seus resultados, eles são publicados e seguidos.
O principal objetivo do marketing é criar um relacionamento com o cliente,
promover a venda e, com isso, gerar lucro para a empresa. Ora, é necessário,
portanto, seduzir o mercado-alvo, ou seja, aquele público específico para o qual o
produto é destinado, descobrindo e tentando satisfazer suas necessidades.

Estratégias de marketing

As estratégias de marketing dependem do tipo de produto, do porte do


estabelecimento e do interesse do empresário. Algumas delas são:
• A organização dos produtos nas lojas deve ser atrativa e funcional. Um
lugar no qual as mercadorias estão expostas de maneira confusa afasta o
consumidor. Já se elas estiverem dispostas de forma agradável e decorativa,
estimularão o desejo de compra. Para compor esse ambiente convidativo, costumam-
se levar em conta, além da posição dos produtos, a iluminação do ambiente, a
combinação de cores usadas e, em alguns lugares, até mesmo o volume e o tipo de
música ambiente.

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

• A utilização de cartazes, encartes em revistas ou jornais, outdoors,


propagandas em rádio e televisão etc. constituem outra forma de convencimento do
consumi- dor. Sua meta é apresentar ofertas financeiramente tentadoras ou
demonstrar resultados maravilhosos com o uso de determinado produto.

• Apesar de essa estratégia ser cada vez menos frequente, ainda é


comum o uso, por alguns estabelecimentos, de carnês ou cartões de loja, cujo
pagamento é efetuado apenas no próprio estabelecimento.
Essas lojas se valem dessa estratégia, que costuma dar bom resultado, visto
que o cliente retorna todo mês para fazer o pagamento. Nessa ocasião, ele dá uma
voltinha por lá e, quando encontra algo que o cativa, efetua uma nova compra. Assim,
ele se torna um cliente fiel.
No entanto, a prática de compras por meio de boletos bancários recebidos pelo
correio ou pagamentos pela internet e o pix é cada vez mais comum.

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________________Módulo II – Conhecimentos Específicos

• Outro recurso que tem dado bastante resultado são os cartões de


fidelidade, que não cobram mensalidade e ainda oferecem descontos em alguns
produtos. Isso torna o cliente fiel, porém passa a ser um fator secundário se o local de
venda não for organizado e o atendimento não se preocupar com a excelência.
• A postura profissional é uma das principais ações do marketing. O bom
atendimento, o interesse em conhecer e satisfazer o gosto do cliente tornam o
ambiente agradável, aumentando as chances de o consumidor voltar mais vezes. E
esse relacionamento com o cliente, garantindo seu retorno, é feito, quase sempre,
pelo vendedor.
• O volume de vendas costuma ser maior em datas e ocasiões sazonais,
aquelas que se repetem sempre no mesmo período do ano, como Natal, Ano-Novo,
Dia das Crianças, das Mães, dos Pais, dos Namorados etc. Os estabelecimentos,
portanto, além de organizarem a exposição dos produtos mais procurados por causa
da data em questão, costumam colocar gôndolas ou estandes com produtos a preços
promocionais.
• Atualmente, o marketing direto, realizado de forma digital ou por
telemarketing, também é uma estratégia bastante usada e tem alcançado bons
resultados, uma vez que o comércio virtual vem se consolidando em vários ramos da
economia.

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