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CARTOGRAFIA SOCIAL: MAPEAMENTO DOS DANOS AO PATRIMÔNIO

CULTURAL DOS RIBEIRINHOS DA CIDADE DE COLATINA/ES APÓS


ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE REJEITOS NO RIO DOCE
SOCIAL CARTOGRAPHY: DAMAGE MAPPING TO CULTURAL HERITAGE OF COLATINA/ES CITY AFTER
DISRUPTION WASTE DAM ON THE RIVER DOCE

EIXO TEMÁTICO 1 - "PATRIMÔNIO & DESENVOLVIMENTO: DESDOBRAMENTOS NO TERRITÓRIO"

OLIVEIRA, Tawana Maria


Graduanda em Arquitetura e Urbanismo; Estudante do Centro Universitário do Espírito Santo (UNESC).
tawana.maria@yahoo.com.br
COSTA, Caroline Vallandro
Mestre em Arquitetura e Urbanismo; Professora do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário do
Espírito Santo (UNESC).
vc.caroline@gmail.com
IGLESIAS, Rubiene Callegario
Arquiteta e Urbanista; Professora dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil do Centro Universitário do
Espírito Santo (UNESC).
rubiene.arq@gmail.com

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CARTOGRAFIA SOCIAL: MAPEAMENTO DOS DANOS AO PATRIMÔNIO
CULTURAL DOS RIBEIRINHOS DA CIDADE DE COLATINA/ES APÓS
ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE REJEITOS NO RIO DOCE
SOCIAL CARTOGRAPHY: DAMAGE MAPPING TO CULTURAL HERITAGE OF COLATINA/ES CITY AFTER
DISRUPTION WASTE DAM ON THE RIVER DOCE

EIXO TEMÁTICO 1 - "PATRIMÔNIO & DESENVOLVIMENTO: DESDOBRAMENTOS NO TERRITÓRIO"

RESUMO:
As cidades brasileiras têm sido diretamente afetadas por processos de apropriação de mercados industriais globais, que
exploram suas bases ambientais, fazendo perdurar as relações de colonialidade. As compensações de danos ao
patrimônio socioambiental, na maioria dos casos, não consideram os modos de vida: cultura, fazer, saber, crenças, que
constroem a identidade cultural, levando assim, a uma série de dúvidas acerca do processo de mapeamento de danos,
que produz invisibilidades. Dessa forma, considerando o desastre ambiental que atingiu o Rio Doce, ocorrido em função
do rompimento da barragem de Mariana/MG em 2015, este trabalho discute temas relacionados à Ecologia Política e
Patrimônio Cultural, detidamente sobre o perímetro urbano da cidade de Colatina, no norte do estado do Espírito Santo,
atingida pelo desastre. A metodologia escolhida é a cartografia social - desenhos/mapas, feito pela população no seu
território. Busca-se fazer uma reflexão crítica sobre desafios reais vivenciados pelos ribeirinhos da região a partir da
tragédia de Mariana, que além de sofrerem o dano físico, possuem inúmeras inferências quando analisadas sob a ótica
subjetiva de seu patrimônio material e imaterial. Para tanto, a metodologia proposta utiliza-se da memória oral e
desenhos dos sujeitos em campo. Os sujeitos entrevistados relatam em desenhos a realidade em que viviam antes da
tragédia de Mariana, que comprometeu a permanência e a utilização do local para moradia - características identitárias,
como também suas práticas econômicas tradicionais, produção de hortaliças, pesca e lazer. Neste contexto, conclui-se
que os desastres socioambientais colocam em risco o território ribeirinho, e produzem consequências para além das
evidenciadas pelas instituições vigentes, uma vez que comprometem memórias, heranças, tradições, costumes, modos
de vida, importantes na construção da cultura e relações de pertencimento do local, e suas identidades.
PALAVRAS-CHAVE: patrimônio cultural; ribeirinhos; Rio Doce; meio ambiente; cartografia social.

ABSTRACT:
Brazilian cities have been directly affected by processes of appropriation of global industrial markets, which exploit their
environmental bases, making coloniality relations endure. Compensation for damage to socio-environmental heritage,
in most cases, does not consider the ways of life: culture, doing, knowing, beliefs, which build cultural identity, thus
leading to a series of doubts about the process of damage mapping, which produces invisibilities. Thus, considering the
environmental disaster that reached the Rio Doce, occurred due to the collapse of the Mariana/MG dam in 2015, this
work discusses issues related to Political Ecology and Cultural Heritage, at length on the urban perimeter of the city of
Colatina, in the north of the state of Espírito Santo, affected by the disaster. The methodology chosen is social
cartography - drawings/maps, made by the population in its territory. It seeks to make a critical reflection on real
challenges experienced by the riverside dwellers of the region from the tragedy of Mariana, who in addition to suffering
physical damage, have numerous inferences when analyzed from the subjective perspective of their material and
immaterial heritage. Therefore, the proposed methodology uses oral memory and drawings of the subjects in the field.
The interviewed subjects report in drawings the reality in which they lived before the tragedy of Mariana, which
compromised the permanence and use of the place for housing - identity characteristics, as well as their traditional
economic practices, production of vegetables, fishing and leisure. In this context, it is concluded that socio-environmental
disasters put the riverine territory at risk, and produce consequences beyond those evidenced by the current institutions,

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since they compromise memories, heritage, traditions, customs, ways of life, important in the construction of the culture
and relationships of belonging to the place, and their identities.

KEYWORDS: cultural heritage; riverside dwellers; Rio Doce; environment; social cartography.

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INTRODUÇÃO

Narrar é uma ação que está diretamente imbricada com um percurso, em diferentes instancias, mas não
necessariamente lineares. A narrativa tem como prerrogativa um contexto vivenciado pelo narrador ou por
alguém, e outro percurso que remete às escolhas do narrador para contar determinada história. Em
nenhuma dessas instancias haverá imparcialidade, seja na forma de olhar, seja na forma de narrar. Nas
sociedades urbanas que sobrepõem diversidades sociais e fluxos informacionais, em diferentes velocidades,
problematizar a posição e a duração dos olhares torna-se imprescindível. Ao permitir os reposicionamentos
do olhar, e admitir as complexidades das relações espaço-temporais, as cartografias sociais são importantes
subsídios epistêmico-metodológicos para experimentação, dissolução e ressignificação de fronteiras.
Algumas delas podem ainda existir junto às instituições da modernidade que modelaram o conhecimento
científico para afirmação de suas forças cognitivas, em linguagens específicas (SANTOS, 2003). É sobre estas
relações de dominância entre territórios e seus agentes que a pesquisa se debruça para as esclarecer.

Nos estudos sobre a produção de conhecimento espacial se faz cada vez mais necessário identificar de
maneira cautelosa e dedicada, o modo como os discursos deterministas podem influenciar as práticas
urbanas, como interferem nas relações de reciprocidade, de alteridade e de comunicação, onde tempo e
espaço não estão apartados (SANTOS, 2002). Quando a pesquisa versa sobre a cidade em que se mora,
oportunidades de “estranhamento” do olhar (VELHO, 1978) são buscadas com afinco, e quando ao longo do
processo cartográfico isso acontece, o desafio de “desenraizamento” é lançado. A busca incessante por
outras formas de olhar, pelo horizonte do outro, reside no interesse em conhecer seus diferentes arranjos,
peculiaridades das relações de produção do espaço (LEFEBVRE, 2006).

O artigo que segue faz parte do processo de pesquisa e iniciação científica desenvolvido desde o primeiro
semestre de 2018. Seu interesse primordial se debruça sobre o estudo dos impactos socioambientais do
desastre de Mariana (2015), detidamente sobre um grupo de ribeirinhos habitantes da porção centro-urbana
da cidade de Colatina, região noroeste do estado do Espírito Santo. A diversidade de pontos de vista sobre o
meio ambiente urbano induziu a pesquisa em contato com os movimentos itinerantes da cidade
contemporânea, aqueles produzidos nos deslocamentos cotidianos mais lentos das populações ribeirinhas.
Serão aqui abordadas as maneiras pelas quais os pescadores e demais habitantes das margens do rio têm
viabilizado a produção do seu território a despeito das dificuldades socioambientais impostas pelo desastre
à sua sobrevivência.

Entende-se aqui por território ribeirinho o patrimônio cultural que envolve as suas atividades ancestrais em
contato com o rio Doce, suas práticas tradicionais em contato com o meio ambiente, e os seus modos de
vida, subsistência, moradia e relacionamento. Devido à abrangência dos danos que impactaram diferentes
instâncias da vida ao longo do Rio Doce, e que se configurou como o maior desastre ambiental do Brasil até
a presente data, o recorte metodológico precisou se debruçar sobre uma porção espaço geográfica
específica, mas sem deixar de compreender os movimentos locais como imbricados por influências de
mercados nacionais globais. Acreditamos assim como Rosa Alice Branco, que:

“...faz sentido um questionamento sobre como pensar o território e as questões que o têm
vindo a degradar, como o desprezo pela dimensão antropológica dos lugares e a progressiva
desproporção entre poderes globais e as decisões locais. É a partir do local que é possível
introduzir uma economia sustentável preocupada, entre outros factores, com o território
patrimonial e a produção social; que é possível a adopção de políticas participativas
propulsoras de acção, a dinamização de equilíbrios de ordem energética e ecológica, a
criação de espaços agro-florestais enquanto promotores de reciprocidade entre o urbano e
o rural, a implementação do policentrismo nas cidades.” (MAGNAGHI, 2017. p.9)

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As muitas dificuldades para alavancar oportunidades de diagnóstico das realidades ribeirinhas partiram da
constatação de que o território é predominantemente rico em linguagens e significados próprios. Situações
com as quais os pesquisadores, que detém conhecimentos técnicos, muitas vezes encontram dificuldades de
interação. Não há como fazer parte do universo específico de um território sem mudança de paradigma
metodológico. Neste campo de pesquisas socio territoriais se deslocar por diferentes ângulos de pontos de
vista é imprescindível. Os ribeirinhos nunca param, e seu espaço é definido por mobilidades e não por limites
geográficos precisos. As fronteiras que delimitam a sua atuação são como franjas (DAS; POOLE, 2008) em um
tecido que tende a expandir sua malha. Eles não estão nem em Colatina apenas, assim como o Rio Doce –
seu espaço são os itinerários recriados a cada mudança de marés, e dissolvidos conforme as intempéries.
Seus espaços de relação pressupõem reposicionamentos de olhares, a ambulância dos navegantes tornou-
se um espaço profícuo, portanto, para o estranhamento e o desenraizamento necessários ao entendimento
de suas dinâmicas territoriais por parte dos técnicos pesquisadores envolvidos.

A frequentação do território em travessias cotidianas, a partir dos diálogos com os ribeirinhos, acabou por
gerar um vai e vem de teorias interpretativas que são a todo momento reformuladas. E por falar em
reformulações, as peculiaridades desse grupo de navegantes perpassam formas de atuação na cidade que
têm ressignificado símbolos históricos de dominação do espaço. Sua relação com a cidade acaba por
hibridizar os imaginários sobre o meio urbano que tende à padronização global. Estas formas “táticas”
(CERTEAU, 1994) de lidarem com as limitações da escala do corpo nos seus deslocamentos cotidianos
revelaram também as suas potências de resistência.

A proximidade dialética com sujeitos tão peculiares tem promovido um re-desenho do papel da pesquisa
científica (URIARTE, 2012), e desmitificado territórios de certezas disciplinares e metodológicas, mas sem
pretensões inovadoras. Este artigo aborda, portanto, um processo de pesquisa e seus desafios, e busca
interpretações em diálogo com teorias existentes, mas não encerra debates almejando o alcance de
respostas estáticas. As experiências de campo que seguem estão narradas pelos sujeitos cotidianos, pelos
diários de campo e há também algumas experimentações interpretativas das cartografias sociais desenhadas
pelos entrevistados. Essas escolhas são possíveis apenas enquanto um recorte dos estudos em processo, e
que muito provavelmente não alcançarão seu fim após o final da pesquisa.

Tem-se percebido ao longo das incursões a campo que o patrimônio ribeirinho está em risco, mas que eles
não são problematizados ou registrados nos mapas de danos convencionais. A correta compreensão das suas
ancestralidades ou do patrimônio cultural intangível, que abrange as suas expressões culturais e as tradições
que este grupo de indivíduos preserva, tem sido pouco relevante para atingir a sua compensação ou
preservação para as gerações futuras. O de indenizações e auxílios financeiros, ao longo de toda a bacia chega
próximo dos R$ 2 bilhões. “As ações de reparação e compensação executadas pela Fundação Renova
movimentaram, até agora, cerca de R$ 6,7 bilhões” segundo informado pelos próprios relatórios da
fundação1. Mas o mapa das necessidades ribeirinhas é complexo, e deve ultrapassar a indenização salarial
monetária por perda de capacidade de usufruto do rio.

A Fundação Renova tem realizado entrevistas às populações impactadas diretamente, que culminam em uma
avaliação para recebimento de salário mensal, ou indenização monetária em única parcela aos colatinenses
que foram afetados indiretamente pela perda de capacidade de consumo da água do Rio Doce. Essa
metodologia vai de encontro a esta pesquisa, que busca uma perspectiva de valorização histórica, ética e
política ao se posicionar em proximidade com o grupo de ribeirinhos para que o registro da sua memória e

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<https://www.fundacaorenova.org/> Acesso em 05 de novembro de 2019.
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valores aconteça a partir deles próprios, de dentro do seu território. Nesse sentido, a busca pela valorização
de uma educação patrimonial também está entre os desdobramentos aqui propostos, pois “O patrimônio é
um grande acervo, é o registro dos acontecimentos da história de um lugar, de uma sociedade, e muitas
vezes se perde por falta de incentivo ou pela perda da identidade da comunidade, que sofra as mudanças e
interferências do mundo globalizado” (MEDEIROS; SURYA, 2012. p. 293).

O MAIOR DESASTRE SOCIOAMBIENTAL DO BRASIL

A ruptura da barragem de rejeitos do Fundão no município de Mariana-MG em 2015 culminou na maior


tragédia ambiental do Brasil até a presente data. Relatório preliminar do IBAMA – Instituto Brasileiro (2015)
registrou como impactos imediatos: mortos, desabrigados, 663 quilômetros de água contaminada na bacia
do Rio Doce, ao menos 1.469 hectares de terras destruídas, invasão do mar pela “lama” de rejeitos na costa
do Espírito Santo, 4 municípios atingidos, entre eles algumas áreas de preservação permanente (APPs).

As cidades brasileiras, assim como grande parte da América Latina, têm sido diretamente afetadas por
processos de apropriação de mercados industriais globais, que exploram suas bases ambientais materiais e
imateriais, com a promessa não cumprida de um ‘desenvolvimento sustentável’. Às promessas somam-se
uma série de efeitos danosos ao meio ambiente urbano, que é aqui entendido na relação entre sociedade e
natureza, referente às práticas tradicionais dos seres humanos para manutenção da vida nas cidades, seus
deslocamentos cotidianos e suas necessidades de subsistência. As dinâmicas econômicas mineradoras estão
nesta pesquisa sendo abordadas como atividades impactantes que, além de fragilizarem o meio ambiente
que exploram, não conseguem compensar os efeitos das suas dinâmicas de apropriação. A atividade
extrativista mineradora tem especialmente contribuído para a extinção de práticas culturais históricas
exercidas por populações ribeirinhas.

Segundo Henri Acselrad “as tramas urbanas têm se mostrado, no Brasil, atravessadas por dinâmicas de
despolitização e construção de consensos destinadas a ativar a competição interurbana por investimentos
internacionais (...)” (2012:10). A citação do livro “Cartografia social e dinâmicas territoriais: marcos para o
debate” relata em poucas linhas alguns dos paradigmas enfrentados sobre a produção dos espaços urbanos:
“consensos, despolitização, competição”. Estas três características, colocadas por Acselrad como inerentes à
“trama” das relações sociais no meio urbano guiarão o eixo temático das reflexões aqui propostas. O trabalho
se dedica, portanto, à visibilização das realidades ribeirinhas impactadas, e à politização do debate acerca
das possibilidades de compensação dos danos socioambientais e das suas permanências em seus territórios
identitários.

Como mapear danos que estão pré-identificados pelos agentes promotores ou não impactados pelo
desastre? Diversos relatos de moradores ribeirinhos de Colatina revelam a falta de cuidado por parte dos
órgãos responsáveis pela compensação no ato da abordagem e entrevista, que por vezes não traduz em uma
comunicação efetiva, capaz de atribuir valor às perdas que são relevantes para os sujeitos impactados. Esse
panorama de dissensos sugere que a patrimonialização da cultura ribeirinha seja uma importante via de
debates para pensar as possibilidades de compensação de danos em conjunto com a comunidade local.
Entende-se aqui como patrimonializar o ato de atribuir dignidade de pesquisa a temas que por inúmeras
vezes não o são, é também:

“... selecionar um bem cultural (objetos e práticas) por meio da atribuição de valor de
referência cultural para um grupo de identidade. O bem patrimonializado tem como

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atributo a capacidade de amalgamar grupos de identidade. Uma nova trajetória se impõe
aos bens instituídos como patrimônio, que, a partir desse momento, estão submetidos a
uma nova ordem jurídico-legal, bem como a condições de existência diferenciadas,
marcadas por essa singularidade (...). Sob essa perspectiva, a patrimonialização de práticas
culturais (ou de bens culturais de natureza imaterial) promove a concorrência e, por vezes,
a dissensão entre grupos, vivenciada através de tensões e disputas, num contexto de lutas
de representação, lutas por legitimidade e lutas políticas, que redundam em disputa por
recursos direta ou indiretamente.” (CHUVA; NOGUEIRA, 2012, p.74)

O levantamento e a visibilização de dados acerca dos impactos socioambientais decorrentes do rompimento


da barragem de rejeitos em Minas Gerais (2015) são aqui entendidos como os meios politizadores deste
debate. Como vias à uma educação patrimonial que envolva a comunidade nos processos que a constroem.
Além disso, analisar o panorama da produção de conflitos socioambientais pelo viés da Ecologia Política
levando em consideração os modos de vida: cultura, fazer, saber, crenças, ou seja, elementos que constroem
a identidade cultural dos ribeirinhos visibilizando os resultados do levantamento de danos por meio de
cartografias sociais, segundo o método já aplicado e publicado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento
Urbano e Regional- IPPUR/UFRJ, no Rio de Janeiro (ACSELRAD, 2012).

CARTOGRAFIA SOCIAL COMO MÉTODO E NECESSIDADE

As incursões para levantamento dos dados foram realizadas por meio de pesquisa qualitativa, com
observação de fatos e fenômenos exatamente como ocorrem na realidade das comunidades ribeirinhas. O
registro dos dados foi feito através da cartografia social, segundo o método já aplicado e publicado pelo
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional- IPPUR/UFRJ, no Rio de Janeiro (ACSELRAD, 2012).
A cartografia social é um método de registro de dinâmicas espaciais pelos próprios agentes relacionados com
o espaço em questão. Um desenho elaborado pelo próprio agente impactado faz o registro das situações que
devem ser visibilizadas, revelando sob sua perspectiva o que é de fato relevante, indicando seu patrimônio,
seja este material ou imaterial. Não são utilizados dados de entrevistas ou questionários para registro de
situações narradas pela comunidade, e nenhuma fotografia identificará os sujeitos da pesquisa.

Este método de pesquisa viabilizou a experiência de “estranhamento do familiar” (VELHO, 1978) que é
desafiadora, pois a cidade dos ribeirinhos não pode ser observada apenas do ponto de vista da terra firme.
Muitas travessias foram necessárias para que breves palavras se manifestassem em uma relação “dialógica”
(LATOUR, 1994; URIARTE, 2012). Como interagir com um grupo tão diversificado e já impactado por retóricas
de compensação não cumpridas? Como fazer parte do cotidiano de territórios tão subjetivos?

O processo de pesquisa inicial e silencioso, por outro lado, foi importante para a transformação dos modos
de olhar sobre o desastre ambiental. Percebeu-se que falar sobre uma memória tão dolorida era para alguns
deles algo ofensivo. As cartografias sociais se tornaram neste contexto uma necessidade, pois viabilizaram a
interação lúdica, mas necessária à abertura das relações entre entrevistadores e entrevistados. A partir da
escolha deste método, novos momentos de interação aconteceram, pois os sujeitos da pesquisa se sentiram
à vontade.

Depois que os relatos se tornaram mais frequentes, os ribeirinhos revelaram a diversidade de opiniões e
visões de mundo que compõem o grupo e seus territórios identitários. Isso dificulta as tentativas de
interpretação do grupo de impactados enquanto um conjunto coeso, e se evitam os enquadramentos que
reproduzem discursos hegemônicos “essencializados” (SPIVAK, 2010:43) e que visam o estabelecer de

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consensos sobre sua abordagem. A cidade é lugar de “dissensos” potenciais que revelam movimentos
contrários às tentativas de padronização global. É preciso, porém, politizar também o campo de pesquisa,
com métodos que tentam evitar uma “visão conciliadora” (CANCLINI 2012:135).

Neste contexto, buscamos durante a aplicação do método entender a produção do espaço como uma
complexidade relacional, não facilmente decifrável, muito menos por mecanismos fixos de regulação
territorial, e mais como uma desconstrução das fronteiras (DAS & POOLE 2008:10), que recriam espaços de
negociação e “ampliam o presente” em detrimento de “uma valorização do futuro” (SANTOS, 2003. p.10).

As reflexões que seguem evidenciam acontecimentos que os ribeirinhos mesmo destacaram como
importantes, e o seu posicionamento diante dos conflitos internos e externos que envolvem o mapeamento
de danos instituído e a sua realidade atual. Eles indicam a construção identitária dessa população, e
consequentemente o seu patrimônio material e imaterial. Os próprios agentes do território são os que
levantam as suas principais relações postas em risco pelo desastre ambiental. Entre outros fatores levantados
estão: a impossibilidade da permanência da atividade pesqueira seja para consumo próprio, lazer ou
comercialização de pescado; a destruição do meio ambiente às margens do rio, o que inviabiliza a plantação
de hortaliças e criação de pequenos animais; a desconstrução da paisagem pelas ondas de lama, que
destruíram casas, pequenas ilhas e vegetação nativa; a impossibilidade de reconstrução das suas relações
sociais pelas doenças que atingiram os grupos afetados, principalmente a depressão.

TERRITÓRIOS RIBEIRINHOS CARTOGRAFADOS

À medida que as tradições e culturas humanas são viabilizadas às margens do Rio Doce, novas fronteiras da
cidade são produzidas e os diversos itinerários que compõem a cidade se encontram num espaço coletivo
que é a todo o momento recriado. Estas novas margens da cidade são aqui interpretadas não como barreiras,
mas como espaço repleto de multiplicidades; não como as linhas de fronteiras lisas e estáticas produzidas
nos mapas geográficos convencionais, mas como “franjas” que se deslocam, assim como proposto por Veena
Das e Poole, são “lugares de práticas onde o novo pode acontecer” (DAS; POOLE 2008. P.10).

O contato com o território ribeirinho aqui visibilizado promove o encontro das diferentes visões de mundo
expressas nos relatos dos remadores, pescadores ou produtores de hortifrutigranjeiros. Espaços de relações
que são reinventadas como alternativas à cidade hegemônica, aquela “determinada pelos interesses
estratégicos do mercado e legitimados pelos Estado” (ABRAMO, 2009). Podem essas dominações (como no
caso da dominação Industrial via desastre ambiental) frearem completamente a reprodução dos territórios
ribeirinhos e suas formas de superação? Que tipos de conhecimentos estão atrelados às suas experiências
de coexistência?

Diante das tentativas de compensação, dos conflitos internos ao território e outros desafios, os ribeirinhos
têm desenvolvido “táticas criativas” (CERTEAU, 2011) para lidar com as imposições a que estão sujeitos. As
rápidas transformações impostas ao meio ambiente são também motivo para reinvenção dos seus ofícios e
dos seus modos de vida. Ao praticarem seus “desvios” (2011), eles participam das relações de forças que
produzem a cidade e “desenham astúcias” (2011) que contagiam imaginários de outras cidades possíveis.
Mas será que esta adaptação imposta é compensar danos?

Diante de um sistema de imposições que gera constantemente outras necessidades de adaptação, e que
refletem a supremacia da velocidade e da fluidez frente às permanências e lentidões, as relações de produção
do espaço exemplificadas aqui pelos modos de vida ribeirinhos estão atreladas à cidade e seus sistemas, mas

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se observadas de perto “se aproveitam das falhas que as conjunturas particulares vão abrindo na vigilância
do poder proprietário. Aí vai caçar. Cria ali surpresas. Consegue estar onde ninguém espera. É astúcia”
(CERTEAU, 2011. p.95).

Conforme a concepção de Pelbart (2003) essas alternativas são potentes porque a visibilidade dada pela
repetição de um gesto pode gerar outras repetições, ou reações que politizam a vida na cidade (PELBART,
2003. p.112). O ato de atravessar o problema ambiental pode ser reconhecido enquanto uma decisão capaz
de contagiar os imaginários dos que atravessam, e motivar os que ainda estão nas margens estáticas a
também adentrar esse percurso, e observar mais de perto, de forma experimental, as possibilidades de vida
urbana antes não alçadas, ou invisibilizadas.

As travessias mais lentas vividas a pé ou de barco são alternativas às velocidades rápidas da paisagem urbana
colatinense, primordialmente industriais, métricas e econômicas. No espaço de iteração viabilizado pelos
ribeirinhos os discursos de poder são desconstruídos, e os deslocamentos urbanos politizados. Diante das
falsas promessas de crescimento com desenvolvimento, planejamento com sustentabilidade, e da falsa
simbiose entre desenvolvimento ambiental e desenvolvimento da cidade, a vida dos ribeirinhos torna-se
literalmente outra via possível. Seguem alguns exemplos dessas astúcias, não necessariamente almejadas.

A cartografia de Edicléia

Edicléia e seu esposo são os pescadores mais antigos da comunidade de Maria Ortiz, criaram seus filhos
somente com a pesca e conhecem o rio como a palma da mão. Hoje não pescam mais por conta da tragédia,
pois segunda ela o rio acabou, não se pode mais ter trabalho e nem lazer, pois não tem mais peixes e com a
contaminação da água não se pode entrar mais no Rio Doce e os poucos peixes que restam, tem a aparência
anormal, a barriga inchada e a carne mole e clara. Edicléia diz que há uma camada espessa de lama no fundo
do rio, desta forma não tem mais lagostas e camarões. O Rio Doce era tão farto de peixes como mostra a
figura 1, que o casal possuía duas caixas d’água de 1000 litros cada para pôr a manjuba, que era o peixe mais
procurado pelos clientes, e hoje não se encontra mais. Segundo ela, o rio ficou pobre de peixes e as pessoas
não querem mais comprar.

Os moradores da comunidade viviam alegres e unidos, quem não podia ir para praia, tinha o Rio Doce como
forma de lazer. Se reuniam para fazer churrasco e se divertir no rio, e hoje não podem mais nem entrar nele,
ficam sofrendo no “quenturão”, segundo suas palavras. Como não podem mais pescar, seu marido fica
andando no barco para matar um pouco da saudade. Edicléia teve uma forte depressão e hoje toma muitos
remédios, e um dos seus filhos se tornou dependente químico. Hoje os moradores de Maria Ortiz não têm
mais o que fazer, “não temos mais trabalho” diz Edicléia.

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Figura 1: Cartografia Social aponta grande quantidade de crustáceos e peixes que existiam no fundo do Rio Doce e
hoje estão enterrados na lama incapazes de sobreviver.
Fonte: Edicléia ex pescadora, 2018.

A cartografia de Mayke

Mayke é um jovem que gostava de pescar com sua família quando criança, e cresceu com esse amor pela
pesca. Sempre teve emprego e tinha o Rio Doce como lazer, onde praticava a pesca por hobby e por reviver
os momentos de criança que pescava em família. Tinham um grupo de amigos que saiam de madrugada para
pescar no Rio Doce, como mostra a figura 2. Organizavam tudo durante a semana, pediam as mães e esposas
para preparar os lanches, e saiam na madrugada de sábado para domingo para pescar, passavam horas no
rio e no final da pesca se reuniam para fazer moquecas e comer do que pescara com seus amigos e familiares,
era uma festa (Mayke conta com muita alegria).

Depois do rompimento da barragem o grupo parou de pescar, pois segundo ele a qualidade e a quantidade
dos peixes não existem mais. Ele não tem mais coragem de comer os peixes do rio Doce, assim o grupo de
amigos não pesca mais. Após o rompimento, não podendo mais pescar, vendeu seu barco pois estava a muito
tempo ocioso em sua casa.

Figura 2: Cartografia Social aponta para pesca como lazer que já não existe mais.
Fonte: Autor Mayke Ex Pescador Esportivo.

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A cartografia de Andressa

A presidente dos pescadores de Maria Ortiz, comunidade que vivia em favor da pesca no Rio Doce, relatou
que a vida na comunidade era muito boa e prazerosa, e tinham o Rio Doce como fonte de renda, era de onde
tiravam seu alimento e seu trabalho, a pesca. Como a comunidade era formada somente de pescadores, cada
família possuía seu porto e seu barquinho a motor. Saiam para pescar sem ter hora para voltar, pois no rio
havia fartura de peixes, camarões, lagostas... O que pescavam era vendido ali mesmo na comunidade, os
clientes iam até eles comprar os produtos frescos, e alguns pescadores já tinham seus clientes e faziam as
entregas (restaurantes e pontos específicos) no centro da cidade de Colatina.

Andressa tinha plantação de algumas hortaliças às margens do rio (horta), criava galinhas e possuía animais
de estimação (gato), como relata a figura 3. “Depois do “crime” as pessoas não entram mais no rio para tomar
banho, não chegam mais nem perto de suas margens, pois tem medo da contaminação da água. Não pescam
mais, primeiro porque não tem mais peixe no rio, e segundo porque as pessoas não querem comprar, se
falamos que é do Rio Doce, não querem comprar de jeito nenhum”. A pequena plantação de Andressa às
margens do rio hoje não se desenvolve mais, não devido a lama que passou mas pela água que permeia na
terra e não deixa que as plantas se desenvolvam. O que ainda resiste nasce com dificuldade e com uma
aparência feia. Para ela, o sentimento que ficou é de tristeza e angústia, de lembrar como eram felizes com
o contato direto com o Rio Doce, e hoje fica apenas na lembrança de cada um dos moradores.

Figura 3: Cartografia Social aponta para animais e culturas vegetais que já não existem mais.
Fonte: Andressa Ex Pescadora, 2018.

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A cartografia de Diego

Os pais e irmãos de Diego moravam em um terreno nas proximidades do Rio Doce. Hoje a casa se encontra
em uma região mais alta, porém uma parte do terreno fica localizado em uma área mais baixa e às margens
do rio. Diego não morava com os pais, sua casa ficava 10 metros acima. Sua família tinha a pesca como um
dos meios de renda. No ano de 2015, propriamente no período do rompimento da barragem, Diego se
encontrava desempregado e ajudava sua família na pesca. Com a chegada da lama se agravou tudo, não se
podia mais pescar, não podia ter contato com a água e a região da margem do rio onde se encontrava a horta
e outras plantações utilizada para consumo próprio foi invadida pela lama. Depois de mais ou menos 10 dias
que a lama havia passado, a horta e as demais plantações que ali se encontravam começaram a morrer.

Após 6 meses do desastre, a família decidiu ir ao local atingido para ver como a região se encontrava, e
queimar o que havia morrido. O contato com local não foi realizado antes pois os moradores tinham medo
de fazer contato com os rejeitos de lama. Após o trágico acontecimento a família nunca mais plantou onde
a lama passou e apenas o pai do Diego continuou na pesca, porém com um volume de peixes muito reduzido
e a venda precária, pois as pessoas passaram a ter medo de consumir os peixes do rio Doce.

Devido as consequências da tragédia e por estar desempregado, Diego não tinha mais como pescar e ajudar
na renda da família, se mudou da casa em que morava para a o centro da cidade de Colatina em busca de
trabalho. Devido sua saída, o dono do terreno demoliu a casa em que Diego morava, pois se encontrava em
uma situação precária, como pode ser observado na figura 4. Diego relata que guarda muitas lembranças na
memória da casa em que morava e que hoje não existe mais.

Figura 4: Cartografia Social aponta para uma paisagem que só existe na memória do autor.
Fonte: Diego, 2018.

A cartografia de Tiago

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Thiago herdou de seu pai o cultivo das hortaliças, que sempre produziu e vendeu nas feiras, supermercados
e também no próprio local em que cultivam. O terreno do cultivo se localiza as margens do Rio Doce, que
com o rompimento da barragem, foi invadido pela a lama, perdendo cerca de 40% de sua plantação.

A parte do terreno que passou a lama ficou bom tempo sem ser utilizada, pois “não nascia nada”. A poucos
meses o cultivo no local foi retomado a fim de avaliar como seria o desenvolvimento das hortaliças, porem
não obtiveram sucesso. As cebolinhas plantadas nasceram com as pontas amareladas e “sapecadas”, e
demoram muito além do tempo previsto para se desenvolver. Outra hortaliça plantada foi a couve, e assim
como as cebolinhas, tiveram seu desenvolvimento prejudicado, nascendo com a aparência retorcida e com
a coloração roxeada.

Além da falta de sucesso com as plantações descritas acima, outro ponto prejudicado foi a irrigação, pois a
tubulação enferrujou rapidamente após a passagem da lama. Hoje a irrigação não é mais feita pela água do
rio Doce, e sim por poços que foram feitos somente para irrigar as plantações.

Logo após a passagem da lama no município, pai e filho continuaram fazendo feira e entregas nos
supermercados, porém sem sucesso, pois não vendiam mais como antes, as pessoas tem rejeição pelas
hortaliças produzidas no município, e na hora de comprar logo perguntam se era produzida em Maria das
Graças, bairro atingido. Devido a essa fama não compravam, queriam hortaliças que eram plantadas em
Santa Maria de Jetibá, outro município que não fora atingido pela lama.

Após esse incidente e a resistência das pessoas em comprar os produtos produzidos no local atingido, tiveram
que descartar totalmente a horta, pois não conseguiam vender absolutamente nada, assim passaram por
grandes dificuldades financeiras que se refletem até hoje. Segundo Thiago “a mancha que ficou na sociedade
não se apaga” pois mesmo com o passar dos anos os moradores que utilizavam do rio e das margens para
tirar dali seu sustento não conseguirão voltar à normalidade em que viviam antes do rompimento da
barragem, conforme mostra a figura 5.

Em hortas vizinhas, os produtores que tinham seus terrenos localizados em partes mais baixas, a lama invadiu
quase 90% do terreno, obrigando-os a fazer a reposição de todo solo para continuar plantando e colhendo
sem danos.

Figura 5: Cartografia Social aponta pelo próprio autor que “a mancha que ficou na sociedade não se apaga”.
Fonte: Tiago, proprietário de horta, 2018.

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RESULTADOS EM PROCESSO – DANOS NÃO COMPENSADOS

As cartografias nesta pesquisa revelam a perda da capacidade de usufruto do rio Doce para consumo próprio
ou manutenção das atividades de subsistência, a alteração da configuração da paisagem com destruição de
hortas e plantações, doenças psicológicas e riscos de outras deficiências, a mudança dos hábitos diários, ou
seja, a alteração da relação do homem com seu território, inviabilizando em algumas situações a
permanência dos moradores no seu local de origem, interferindo assim na construção da identidade do lugar
e do indivíduo . A reconfiguração espacial da cidade de Colatina também acontece em um ritmo acelerado e
preocupante. O crescimento não acompanhado de planejamento urbano agrava o quadro de degradação
socioambiental. Diante da busca por crescimento incessante, a urbanização se torna motor de desastres
planetários, que encaminham cidades em crescimento, como Colatina, ao fracasso econômico e
socioambiental pela produção de incoerências espaciais. Essa pesquisa tem se debruçado sobre o estudo e
visibilização desse processo, que têm sido pouco debatidos nas plataformas científicas e corre o risco de
torna-se refém das abordagens consensuais e reducionistas. Pode-se concluir até então com os resultados
adquiridos nos últimos 20 meses de pesquisa que o meio ambiente às margens do rio Doce em Colatina
tornou-se degradado a tal ponto que dificilmente poderá se reconstituir sem a intervenção de projetos de
recuperação ambiental e patrimonialização da cultura ribeirinha, responsável pela construção do seu
território, e das suas relações com a cidade ao longo do tempo.

A ameaça da perda do patrimônio material e imaterial desse território, seus lugares e de seus habitantes é
eminente, o que influencia a desconstrução identitária da região, ou melhor, ameaça a perpetuação dessa
identidade ao longo das futuras gerações, uma vez que os danos causados pelo desastre socioambiental os
impedem de usar o território das suas formas tradicionais, e as compensações de danos atualmente aplicadas
não são efetivas.

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