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LAGOA DA CONCEIÇÃO:
DESASTRE URBANO E SOCIOAMBIENTAL ANUNCIADO
1 Arquiteto Urbanista formado em 1976 na FAU-USP. Mudou-se para Florianópolis, onde trabalhou na
ETUSC/ UFSC desde 1977 na área de projeto e planejamento do campus universitário. Ajudou a criar o
GEMURB/ARQ/UFSC (Grupo da Mobilidade Urbana Sustentável), do qual foi representante no Núcleo
Gestor do Plano Diretor Participativo de Florianópolis. Elaborou projetos e coordenou o Plano Diretor da
UFSC. Foi membro da coordenação do Fórum da Cidade. Membro do Instituto Cidade e Território
(ITCidades) no GT da Mobilidade |Urbana e Acessibilidade. Aposentado da UFSC desde 2012.
2 Arquiteto formado pela Faculdade de Arquitetura da UFRGS em 1977. Mestre em Arquitetura em 1986 e
Doutor em Urbanismo, em 1994, pela DEP/FA/UNAM, México. Professor aposentado pelo ARQ/UFSC
(1978-2015), vereador de Florianópolis (2013-2016/2017-2020), coordenador do GEMURB/ARQ/UFSC,
membro da Coordenação Colegiada do Fórum da Cidade de Florianópolis, do BR Cidades/SC e do IBDU.
Presidente do Instituto Cidade e Território (ITCidades).
Não há quem não veja a Lagoa da Conceição (LC) como uma das belas
obras da natureza. Ela tem uma idade geológica de mais de 180 milhões de anos
(SCHEIBE, 2021) em uma área aproximada de 20 Km2. Acolheu, inicialmente,
uma população nativa de indígenas Sambaquis, Itararés e Carijós. Após a
colonização, recebeu também moradores de origem açoriana na beira da laguna
em toda a sua extensão, pescadores artesanais e quilombolas. Mais tarde,
estabeleceram-se os comerciantes, os florianopolitanos construíram casas de
veraneio, vieram os turistas paulistanos, gaúchos e fluminenses, aposentados,
3
3A Lagoa tem sido tema de defesa de preservação ambiental há muitos anos e o mais recente foi o protesto
dos moradores contra o rompimento da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) em 25 de janeiro de 2021,
como se pode ver na reportagem com o titulo "Vídeo: Moradores da Lagoa da Conceição protestam contra degradação
ambiental”. Disponível em https://ndmais.com.br/cidadania/video-moradores-da-lagoa-da-conceicao-
protestam-contra-degradacao-ambiental/. Acesso em: 25 jun. 23.
4Podemos citar os mais recentes estudos sobre os impactos de obras na LC como os desenvolvidos pelo
biólogo, professor e pesquisador da UFSC Paulo Horta, do grupo de pesquisa Ecoando, do Departamento
de Biologia da UFSC, a respeito do desastre ambiental ocasionado pelo rompimento da Estação de
Tratamento de Esgoto (ETE) na LC em 25 de janeiro de 2021. Veja a reportagem sob o titulo “UFSC na
mídia: Lagoa da Conceição tem ´zona morta´ após desastre ambiental, diz pesquisador da UFSC”.
Disponível em https://ndmais.com.br/meio-ambiente/lagoa-zona-morta-desastre-
ambiental/?utm_source=whatsapp&utm_campaign=wp-florianopolis&utm_medium=wp-grupos. Acesso
em: 25 jun. 23. Citamos também os autores Luisa Botelho Matte, Marina Hinterholz Lauschner e Bruna
Luiza Gama Correia no artigo “Desastre na Lagoa da Conceição: o que podemos aprender sobre
governança e accountability?”, disponível em https://politeiacoproducao.com.br/desastre-na-lagoa-da-
conceicao-o-que-podemos-aprender-sobre-governanca-e-accountability/. Acesso em: 25 jun. 23. Um
estudo mais geral e de avaliação sobre a LC está em Jennyfer Silva Vieira e Jairo Afonso Henkes no artigo
4
“Uma análise nos impactos ambientais causados na Lagoa da Conceição pelo despejo de efluentes”,
disponível em
file:///C:/Users/2274/Downloads/admin,+UMA+ANALISE+NOS+IMPACTOS+AMBIENTAIS+CAUSADOS+
NA+LAGOA+DA+CONCEI%C3%87%C3%83O+PELO+DESPEJO+DE+EFLUENTES.pdf . Acesso em: 25
jun. 23.
5A revisão do plano diretor foi feita e aprovada em duas sessões na Câmara Municipal em abril e maio de
2023, com a sanção posterior na Lei 739/23. Apesar de toda a mobilização desde 2021 e da elaboração de
um substitutivo global ao então Projeto de Lei Complementar 1911/22, que tramitou na Câmara, o PLC foi
aprovado sem emendas, as quais foram derrubadas nas comissões de mérito e no plenário, tanto da
bancada de oposição, constituída pelos partidos PT e PSOL, como dos vereadores da situação, que
retiraram as emendas.
5
dos gestores públicos, vão “desafogar o trânsito”. A partir daí, acionam toda a
mídia tradicional para divulgar estes “projetos”.
O esperado “Plano Diretor de Mobilidade Urbana” está sendo
protelado pelo governo há mais de 10 anos, de forma totalmente ilegal,
desrespeitando toda a legislação federal pertinente, sujeito, inclusive, a
processos administrativos e judiciais6. Lembramos que este plano de
Florianópolis, dentro dos planos específicos da extinta Lei 482/14, não foi
desenvolvido e ultrapassou os prazos estipulados à época. Pois bem, a nosso
ver, um Plano de Mobilidade Urbana da Capital pode se apresentar hoje como
principal determinante de soluções sustentáveis e garantias de preservação,
e a falta dele, por outro lado, pode se apresentar como a principal responsável
pela rápida degradação de todo o ecossistema da LC.
Estamos diante de uma situação muito grave, a de permitir ou não o fim
do sistema socioambiental existente hoje na LC. Se permitirmos a implantação
dos “projetos de mobilidade” apresentados pela PMF sem um Plano maior,
teremos brevemente não um sistema socioambiental sustentável, e sim a
destruição do ecossistema existente, pelo crescimento das demandas e
necessidades da população, poluição e contaminação das águas, do ar e do
subsolo, tráfego de veículos terrestres e lacustres intensos, incremento da
impermeabilização do solo por pavimentação viária em todos os recantos da
Lagoa, abertura de grandes avenidas e, principalmente, a repetição da tragédia
da segregação e exclusão socioespacial que já acontece em todo território da
Grande Florianópolis com a elitização ou processo de gentrificação7 social e
espacial da LC.
pela chegada de pessoas com maior poder aquisitivo. A gentrificação tem como grande consequência o
crescimento da desigualdade socioespacial nas cidades. Assim, esse é um processo urbano bastante
criticado, especialmente em razão do seu caráter elitista”. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/gentrificacao.htm#:~:text=Gentrifica%C3%A7%C3%A3o%20%C3
%A9%20um%20processo%20de,a%20expuls%C3%A3o%20de%20antigos%20moradores. Acesso em:
26 jun. 23.
7
8O MPF foi vitorioso e barrou aquela Marina no canal da Barra da Lagoa, com Estudo de Impacto Ambiental
e de Vizinhança. Seria um impacto brutal de 300 barcos e iates e o tráfego de veículos correspondente ao
acréscimo de população. Abordaremos, mais adiante, este empreendimento.
8
12 Entendido como a capacidade do ambiente em dar conta do crescimento populacional que gera
necessidades de habitações, de sistema de esgoto, sistema de energia elétrica e comunicação,
atendimento à saúde, educação, transporte, coleta de resíduos, vias públicas, segurança pública etc. em
um determinado ecossistema.
11
13 Ver a nota 2.
14Ver a notícia intitulada “Justiça, por liminar, voltou a suspender novamente a obra da nova Ponte da
Lagoa”, disponível em https://www.guararemanews.com.br/justica-volta-a-suspender-obra-da-nova-ponte-
da-lagoa/. Acesso em: 25 jun. 2023. Esta obra iniciou em 10 de abril, tendo a primeira paralisação de 12 a
28 de abril, a segunda de 9 a 18 de maio e a terceira de 26 de julho até o momento.
15Disponível em: http://www.portaldailha.com.br/noticias/lernoticia.php?id=60323. Acesso em: 12 ago.
2023. Segundo o presidente do TRF-4: “o gargalo na confluência das ruas e avenidas próximas afeta não
apenas o deslocamento na região, mas restringe a própria mobilidade urbana da cidade, uma vez que se
12
encontra em um eixo, na passagem entre o sul da ilha e sua zona central”. Disponível em:
https://www.nsctotal.com.br/colunistas/anderson-silva/obra-da-ponte-da-lagoa-e-liberada-pelo-trf4. Acesso
em: 10 ago. 2023. O parecer do presidente do TRF-4 faz uma análise técnica na área do tráfego viário que
deveria ser fundamentada. Perguntamos: com base em quais critérios técnicos se sustenta a afirmação
exposta?
16 Disponível em: https://www.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=noticia_visualizar&id_noticia=27002.
Acesso em: Acesso em: 12 ago. 2023. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, editada pela
Organização das Nações Unidas em setembro de 2015, consolida o que há de mais avançado em
sustentabilidade, fixando 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a serem concretizados por
países desenvolvidos e em desenvolvimento. Como signatário da Agenda 2030, o Estado brasileiro assumiu
o compromisso de formular e efetivar políticas públicas que garantam o cumprimento dos 17 ODS em todos
os níveis apropriados. O Programa Cidades Globais do IEA/USP, assim como seu Ciclo de Seminários
UrbanSus, que propiciaram as reflexões que compõem este artigo, são bons exemplos do apoio que a
universidade pode dar aos estudos e discussões sobre a sustentabilidade.
17 Esta Marina era um conjunto residencial e comercial-turístico com atracadouros para barcos a motor e à
vela. Tratava-se de uma marina destinada ao incremento do turismo de um setor específico da população
turística, que poderia pagar por este tipo de serviço. O “eixo principal de acesso” ao conjunto era anunciado
por um pórtico, que buscava efetuar a transição/integração entre a comunidade da Barra da Lagoa e o
centro de animação principal do empreendimento, a praça do mercado (FERREIRA, F. A. C.; PERES, L. F.
B.; SILVEIRA, L. R.; SOUZA. J. C. 1996).
13
18Sobre o projeto Marina Porto da Barra, consultar FERREIRA, F. A.C.; PERES, L.F.B.; SILVEIRA,
L.R.M.da; SOUZA, J.C. de. Parecer sobre o EIA/RIMA do Projeto Porto da Barra. 1996. Disponível em:
http://www.arq.ufsc.br/viewArtigo.php?artigoID=27. Parecer encaminhado ao Ministério Público Federal
para integrar Ação Civil Pública (Processo nº 97.0000001-0). Acesso em: 5 jul. 2023. O Parecer destaca
alguns aspectos entre os quais: a Marina poderia gerar um polo gerador de impacto que exigiria estudos
mais amplos de impacto do sistema viário e que não foram feitos. Além disso, não se previam “condições
de moradia, transporte e trabalhistas para os 600 empregos de implantação da obra. O aumento de fluxo
de transporte diário de operários em caso de não residirem no local de trabalho, ou, ao contrário, construção
de galpões provisórios de moradia, são iniciativas que não estão devidamente previstas e pensadas. Por
se tratar de uma área localizada no interior da Ilha, com dificuldades de transporte, e considerando a
magnitude de mão-de-obra para este caso, exige a previsão em planta de uma infraestrutura mínima e em
condições humanas adequadas para o quadro de pessoal da obra”. Com esta análise de impacto viário,
assinalam-se os impactos imobiliários com aquela obra, que causaria aumento do preço dos terrenos e
imóveis, pela natureza elitista do empreendimento, tendendo a expulsar os moradores nativos de baixa
renda da região. Uma análise sobre esta Marina é feita por Lopes, Carioni e Vaz em “Legislação Ambiental
e Urbanística no Brasil: o caso Porto da Barra em Florianópolis”, Disponível em:
https://www.redalyc.org/pdf/3517/351732218006.pdf. Consultado em: 5 jul 23.
14
apresentam no trajeto até a Barra da Lagoa para conhecerem o frágil canal que,
até pouco tempo atrás, propiciava uma diversidade de vida à Lagoa da
Conceição.
Finalmente, vão descobrir o bairro do Rio Vermelho, que, “esquecido” até
pouco tempo atrás por causa das distâncias em relação ao Centro da cidade ou
mesmo ao Centrinho da Lagoa, guardou belos terrenos próximos à Praia de
Moçambique, prontos para receberem grandes empreendimentos imobiliários
como condomínios verticais ao modelo de Balneário Camboriú. Cabe aqui
destacar o processo de titulação do Quilombo Vidal Martins, que vem há anos
lutando pela certificação19, obtida recentemente via Incra, e titulação de suas
terras ancestrais, parte delas no Parque do Rio Vermelho. O processo final de
titulação se dá junto ao governo do estado de Santa Catarina com intermediação
do Ministério da Igualdade Racial e da Fundação Palmares. Esta comunidade
negra reivindica um plano de manejo, atualmente em elaboração, que parte,
além das premissas legais e constitucionais da Resolução 169, da OIT, de
pressupostos de preservação ambiental da região, cultivo agroflorestal e turismo
de base comunitária. O projeto certamente será impactado pela expansão
urbano-turística do fluxo veicular e imobiliário em direção à região.
A dominação de todos estes recantos que a natureza apresenta hoje será
proporcionada, assim, pela abertura de espaçosas avenidas, com acessos às
praias do Norte da Ilha, ao gosto dos “projetos” da PMF, as tais “duplicações”
que “irão desafogar o trânsito”, como dizem os “gestores” da cidade.
E assim, passo a passo, toda a Bacia Hidrográfica da Lagoa da Conceição
estará enquadrada nos planos de investimento do capital. Desta forma, os
gestores da PMF têm administrado a cidade, através de seus “projetos viários”
equivocados, sem qualquer consulta à sociedade.
Sim, a LC estará enquadrada, mas não será mais a mesma. Será a Lagoa
degradada, uma Lagoa já decadente em suas diversas características naturais,
sociais e culturais, como a conhecemos atualmente em 2023.
19 Trata-se de uma comunidade que demanda por uma área de 961 hectares localizada ao Leste da Ilha
de Santa Catarina, sendo reconhecida pelo Incra como terras da comunidade quilombola Vidal Martins,
através da Portaria nº 1.511, publicada no Diário Oficial da União de 25 de julho de 2022. Disponível em:
https://www.gov.br/incra/pt-br/assuntos/noticias/portaria-reconhece-territorio-quilombola-em-florianopolis-
sc, Acesso em: 23 ago 23. Para saber mais sobre essa comunidade, que é o único quilombo de Florianópolis
e um dos poucos quilombos urbanos do país, ver a reportagem do Portal Catarinas em
https://catarinas.info/quilombo-de-floripa-luta-por-titulacao-ha-1-decada/ . Acesso em: 23 ago 23.
16
20 Sobre um estudo mais detalhado do anteprojeto 1911/22 de Plano Diretor da Prefeitura, que passou a
ser a Lei 739/23, formou-se um grupo técnico constituído por acadêmicos e lideranças comunitárias, que
trabalharam mais de três meses em estudo comparado entre a Lei 482/14, o anteprojeto 1911/22 e uma
nova proposta de plano diretor a partir das demandas populares. O trabalho resultou em um Substitutivo
Global que foi entregue às vereadoras e vereadores da Câmara Municipal de Florianópolis e que,
infelizmente, não foi aprovado nas comissões de mérito. Os estudos identificaram 26 inconstitucionalidades,
entre outras infrações, em que o anteprojeto da Prefeitura incorria, transformado depois na Lei 739/23.
Estes estudos e propostas estão disponíveis em:
https://planodiretor.libertar.org/s/planodiretorpopular/page/apresentacao. Acesso em: 23 ago. 23.
17
21 Florianópolis já superou sua capacidade de suporte em sistema viário e volume de veículos. Notícia
mostra que, em média, foram 35 novos moradores por dia nos últimos 12 anos:
https://www.nsctotal.com.br/noticias/com-populacao-36-maior-mobilidade-e-desafio-para-
florianopolis#:~:text=Mudan%C3%A7a%20de%20cultura%20na%20mobilidade&text=Isso%20nos%20lev
a%20a%20uma,para%20cada%20carro%20em%20Florian%C3%B3polis . Acesso em: 23 ago. 23. A
capital catarinense foi a segunda capital do país que mais carros tinha na proporção carro/habitante e,
recentemente, em 2019, ainda ocupa o primeiro lugar. Ver em: https://ndmais.com.br/transito/florianopolis-
e-a-capital-que-mais-usa-veiculos-individuais-para-deslocamentos-diarios/ . Acesso em: 23 ago. 23.
Florianópolis tem a pior rodovia do Brasil e 70% das principais vias em más condições, apontou pesquisa,
conforme reportagem de 2022: https://www.nsctotal.com.br/noticias/sc-tem-a-pior-rodovia-do-brasil-e-70-
das-principais-vias-em-mas-condicoes-aponta-pesquisa Acesso em: 23 ago. 23. Segundo estudos do
pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) Valério Medeiros, Florianópolis tem o segundo pior índice
de mobilidade do mundo e o deslocamento mais complicado entre 21 das principais capitais brasileiras. A
conclusão está em https://urbanidades.arq.br/2009/09/08/florianopolis-com-a-pior-mobilidade-urbana/.
Consultado em: 23 ago. 23.
19
22 Sobre a cultura açoriana, há várias fontes e autores, como o historiador Joi Cletison, diretor do Núcleo de
Estudos Açorianos da Universidade Federal de Santa Catarina, em seu artigo sobre os 30 anos deste
Núcleo (1984-2014), disponível em https://nea.ufsc.br/artigos/artigos-joi-cletison-2/, e também o site
EducaSC, disponível em https://educasc.com.br/educacao/estudo-na-pratica-4-lugares-para-estudar-a-
cultura-acoriana-em-florianopolis. Acesso em: 25 jun. 23. Há também o livro “Sul do Sul: memória,
patrimônio e identidade”, que investiga a historiografia rio-grandense e luso-açoriana, observando-as
criticamente. Organizada por Carmem Schiavon, Adriana Senna e Rita de Cássia Portela. Disponível em:
https://www.resenhacritica.com.br/todas-as-categorias/sul-do-sul-memoria-patrimonio-e-identidade-
carmem-schiavon-adriana-k-senna-e-rita-de-cassia-p-silva/. Acesso em: 25 jun. 23. Há também debates
sobre o açorianismo que busca exclusividade desta cultura em detrimento de outras matrizes, como a
indígena e africana.
20
Respeito à legislação:
o Estatuto da Metrópole (Lei 13.089, de 12 de janeiro de 2015), que
seria a base para um Plano Metropolitano de Mobilidade
Urbana
o Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001)
o Política Nacional de Mobilidade Urbana (LEI nº 12.587 / 2012)
o Normas de Acessibilidade (NBR 9050 / 1994)
o Legislação Municipal, articulando um Plano Diretor Sustentável
com um Plano Municipal de Mobilidade Urbana
23 Estas diretrizes baseiam-se na análise de Peres e Andrade Jr. no artigo “Para além da retórica oficial, o
que realmente é formulado?” (2013, p. 203-238.) e em grande parte no que o GEMURB (Grupo de Estudos
da Mobilidade Urbana Sustentável), do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, realizou entre
os anos de 2013 e 2015, desenvolvendo estudo (diretrizes e desenho) de transporte público para a Região
Metropolitana, denominado SIMTP (Sistema Metropolitano de Transporte Público), fazendo uma proposta
metropolitana de mobilidade urbana para a região conurbada da Grande Florianópolis, que se pode
consultar na página do GEMURB: https://gemurb.wordpress.com/2014/11/05/projeto-simpt/ . Acesso em:
30 mai. 23. O GEMURB, de certa forma, se antecipou e foi inédito ao que o PLAMUS (Plano da Mobilidade
Urbana Sustentável para a Grande Florianópolis) divulgou em termos de resultados de estudos logo em
seguida, em dezembro de 2014, e que está disponível em
https://observatoriodamobilidadeurbana.ufsc.br/wp-content/uploads/2019/03/PLAMUS_Produto-12-
Diretrizes-e-Metas.pdf. Acesso em: 01 jun. 23. Os estudos do GEMURB já vinham sendo desenvolvidos
dois antes. Portanto, a presente proposta para a Lagoa da Conceição se insere na concepção que o
GEMURB já apontava, observando que compúnhamos, com Hélio de Carvalho Júnior e outros membros, a
equipe técnica daquele grupo de pesquisa e extensão.
21
À título de conclusão
Este artigo pretende apontar as possíveis ameaças trazidas pela via que
começa na Rodovia Admar Gonzaga, com seus impactos urbanísticos locais,
principalmente viários, passando pelo túnel de acesso à LC, e a segunda ponte
na região e todo um sistema viário decorrente que vai se estender pela Avenida
das Rendeiras. Mostra-se aqui que, por trás destas obras, há um projeto
imobiliário de acesso de um turismo seletivo e de alta renda que traz junto o
tráfego intenso de veículos particulares, cujo impacto viário ficará mais intenso
diante da ausência de um planejamento estruturante da mobilidade urbana para
a região. O artigo resulta de um esforço intelectual também baseado na atuação
e vivência com os problemas urbanos e sociais que se arrastam há décadas,
para alertar, de forma preventiva, e sob a égide do princípio da precaução, sobre
o projeto e as obras analisadas aqui que poderão ocasionar impactos
ambientais, urbanísticos e sociais irreversíveis a curto (impacto das obras da
nova ponte, se forem liberadas), a médio e a longo prazo.
Referências
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