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Racismo Ambiental e a Pesca Artesanal: o caso da Ilha de Deus, Pernambuco

Environmental Racism and Artisanal Fishing: the case of ‘Ilha de Deus’, Pernambuco, Brazil

Ivo Raposo Gonçalves Cidreira-Neto1


Gilberto Gonçalves Rodrigues2
Resumo
O processo de urbanização no Brasil possibilitou o surgimento de locais que não receberam a atenção
pública necessária, sendo conhecidas como “cidades informais”, caracterizadas também pelo descaso
ambiental. Com base nesta problemática, o objetivo desse trabalho é compreender como o racismo
ambiental surge e se instala nos grupos pesqueiros, trazendo como estudo de caso a comunidade da
Ilha de Deus, situada na Cidade do Recife, Estado de Pernambuco. Contextualiza-se neste estudo que
devido a relação Homem & Natureza ter base utilitarista, voltada para o acúmulo de capital, teve-se
a criação de políticas ambientais como instrumento legal de defesa do meio ambiente, assegurando a
continuidade dos recursos naturais. Esse cenário fundamentado no modelo hegemônico do
desenvolvimento resultou na segregação do direito ao território ecologicamente saudável, no qual as
populações ricas ficam alocadas nas cidades, com direitos básicos garantidos, enquanto os pobres são
alocados às margens da sociedade, em locais com elevado grau de poluição e descaso ambiental. As
comunidades artesanais pesqueiras frequentemente são exemplos de exclusão, devido a diversos
fatores como o trabalho na lama dos manguezais. A Ilha de Deus, como estudo de caso típico das
inúmeras comunidades pesqueiras do Recife, é um território de pesca, onde os comunitários passam
diariamente por casos de racismo ambiental, tornando-se um exemplo de resistência, onde a
comunidade não se deixa levar pelos padrões capitalistas, lutando pelo direito à pesca.
Palavras-chave: Injustiça ambiental. Direito Ambiental. Comunidade pesqueira.

Abstract
The Brazilian urbanization process led the emergence of places that did not receive decent public
attention, being known as "informal cities", also characterized by the environmental neglect. Based
on these problems, the objective of this study is to understand how environmental racism arises and
installs in fishing groups, bringing as a case study the community of ‘Ilha de Deus’, located in the
City of Recife, Pernambuco State, Brazil. We argue that the relation between man and nature has a
utilitarian base, focused on the accumulation of capital. Environmental policies have been created as
a legal instrument to defend the environment, ensuring the continuity of natural resources. This
scenario, based on the hegemonic model of development, has resulted in the segregation of the right
to get an ecologically healthy territory, where rich populations live in the cities with basic rights
guaranteed, while the poor are forced to the outskirts, in places with high levels of pollution and
environmental neglect. Artisanal fishing communities are often examples of exclusion due to various
factors such as working in the mangrove mud. Ilha de Deus is a case study typical of the many fishing
communities in Recife. It is a fishing territory, where community members face daily environmental
cases of racism, becoming example of resistance. The community is not subjugated by capitalist
standards and struggles for the right to fishing.
Keywords: Environmental injustice. Environmental Law. Fishing Community.

1
Mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente na Universidade Federal de Pernambuco (PRODEMA/UFPE). E-
mail: ivo.raposo@hotmail.com
2
Professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente Federal (PRODEMA/UFPE). E-mail:
gilbertorodrigues.ufpe@gmail.com

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Introdução

A relação ser humano e natureza é algo complexo, construída a partir de fatores sociais como
crenças, política e economia, acompanhando o próprio desenvolvimento da sociedade, passando por
construções místicas até utilitaristas (DUARTE, 1986). Nos tempos atuais têm-se um aumento no
processo de urbanização, ampliando as cidades com suas regiões metropolitanas, vendendo uma ideia
de padrão de vida pouco alcançado pela sociedade em geral, sendo restrita apenas a uma pequena
parcela da população. Como resultado do crescimento das cidades, tem o surgimento das favelas e
bairros periféricos, configurados por serem locais de baixas condições de moradia, que influencia
diretamente na qualidade de vida das populações ali presentes (JACOBI, 2006).
O processo de urbanização resultou em uma dualidade, sendo de um lado a cidade formal,
concentrando maior parte dos investimentos públicos e do outro lado a cidade informal, caracterizada
pela quantidade de problemas ambientais e pelo não investimento, o que resulta na marginalização
das populações residentes nessa área (GROSTEIN, 2001). A autora comenta, ainda, que as áreas
informais são embebidas na precariedade e ilegalidade, resultando em locais sem a atenção
urbanística necessária. Os locais sem essa devida atenção urbanística sofrem com o descaso
ambiental, agravando o sentimento de exclusão.
Dessa forma, o presente artigo surge da necessidade de compreender como o racismo
ambiental chega e se instala nos grupos pesqueiros, trazendo como estudo de caso a comunidade da
Ilha de Deus, território pesqueiro estabelecido desde o surgimento da Cidade do Recife, Pernambuco,
caracterizado por pescadoras e pescadores, com a principal atividade socioeconômica o
processamento do sururu e a criação de camarões.

Meio ambiente a partir de esferas sociais

A política ambiental no Brasil começou a ser implementada a partir do desenvolvimento


industrial, iniciado na década de 1930, assim como do surgimento do movimento internacional
ambientalista (PECCATIELLO, 2011). Porém, ainda no período colonial, já se tem registros de meios
legais para a proteção de bens naturais para a Coroa, como foi instituída na regulamentação da
extração do Pau Brasil em 1605, devido a sua imensa exploração (WAINER, 1993). Nos dias atuais,
a legislação ambiental nacional é robusta, contando com leis que servem de exemplo internacional,
mas que devido a uma carência de uma gestão pública comprometida, acabam não assegurando a sua

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execução. Contudo, o olhar para o meio ambiente, a partir dessas esferas construídas socialmente,
demonstra a preocupação com a proteção ambiental, mas que na prática acaba falhando e/ou
exaurindo uma discussão mais pertinente.
O meio ambiente, o ser humano, a natureza, o natural e as relações que existem na Terra não
são de fácil explicação, visto que os elementos são baseados na sua própria complexidade, sendo
analisados a partir de entendimentos sociais construídos com a práxis individual. Como forma de
entender o que vem a ser meio ambiente, usamos como base o que é instituído pela Constituição
Federal (CF) de 1988, mais precisamente no Capítulo VI, Artigo 225 “Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações”.
Além do exposto pela CF, outras diretrizes foram instituídas, como a Política Nacional do
Meio Ambiente (PNMA), Lei No 6.938 de agosto de 1981, trazendo como elemento principal a
estabilidade e preservação ambiental, com o objetivo de promover o desenvolvimento
socioeconômico. Já no seu 3º artigo vem a definição do conceito de meio ambiente, sendo “o conjunto
de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga
e rege a vida em todas as suas formas”, assim como a definição da degradação da qualidade ambiental
“alteração adversa das características do meio ambiente”.
Como forma de mitigar os impactos gerados pelo uso e ocupação desorganizada do meio
ambiente, existe uma vasta legislação que, diretamente ou indiretamente, apresentam como finalidade
a proteção ambiental, como a Lei No 9.433/1997 (que estabelece a Política Nacional de Recursos
Hídricos), a Lei No 9.605/1998 (que estabelece a Lei de Crimes Ambientais), a Lei No 9.795/999 (que
estabelece a Política Nacional de Educação Ambiental), e a Lei N o 9.985/2000 e o Decreto No 4.340
de 2002 e 5.746 de 2006 (que estabelecem o Sistema Nacional de Unidades de Conservação), dentre
outros. Como forma de avaliar a potencialidade de obras e empreendimentos com relação aos
impactos ambientais, é instituído pelo PNMA, através da Resolução do Conselho Nacional do Meio
Ambiente Nº 01/1986, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que utiliza diversas técnicas e áreas do
conhecimento para realizar um estudo detalhado sobre as possíveis implicações do empreendimento
e seus danos ambientais. Como resultado, tem-se o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), que traz
as conclusões do EIA, servindo como base para a aprovação do projeto e/ou cancelamento de projetos
já iniciados. Esses estudos são realizados por diversas instituições e avaliados pelos órgãos ambientais
competentes como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA), ou por órgãos estaduais, como a Agência Estadual do Meio Ambiente do Estado de

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Pernambuco (CPRH), Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (INEA), Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e a Fundação Estadual de Proteção Ambiental
Henrique Luiz Roessler do Rio Grande do Sul (FEPAM).
Além das legislações citadas, existem as que podem ser utilizadas como subsídio para a
própria degradação ambiental, quando utilizadas de forma contrária ao seu princípio, como pode
ocorrer com o Decreto nº 6.848/2009 (que trata da compensação ambiental), que utiliza o EIA/RIMA,
analisando os impactos ambientais para que os mesmos possam ser compensados em outras áreas.
No conceito legal, lê-se dentro das normativas da política brasileira, que o meio ambiente é
trabalhado a partir de esferas que não incluem o social como elemento natural, no qual a natureza
serve como bens passíveis a utilização – recursos naturais. A CF traz que todos têm direito a um
ambiente ecologicamente equilibrado, mas essa passagem não remete as condições sociais, mesmo
que o equilíbrio da natureza seja nutrido a partir de um equilíbrio social.
Partindo para reflexões, de como o ser humano percebe e interage com a natureza, Branco
(1995) traz alguns questionamentos acerca das relações filosófico-sociais existentes em condições de
equilíbrio social:

A questão essencial gira em torno do homem/natureza como relação de integração,


de simples complementaridade, de estreita dependência ou de domínio absoluto. O
homem pertence à natureza? Pertenceu algum dia? Pertencerá no futuro? Em cada
caso, quais as condições básicas para que isso se realize? Qual o modelo que mais se
coaduna com a relação real homem/natureza: o homem como seu participante; o
homem como simples beneficiário natural; o homem como seu dependente? Poder-
se-ia propor um modelo ideal e futuro de um entrosamento de feição tecnológica (e
não como fruto de seleção natural) entre o homem e a natureza? (BRANCO, 1995,
p.217).

A forma como o ser humano trata o meio ambiente resulta em largas escalas de degradação
ambiental, e nesse caso, pode-se atribuir inclusive a degradação social, que são impulsionados pelas
relações desenvolvidas ao longo dos anos entre o ser humano e a natureza (CIDREIRA-NETO;
RODRIGUES, 2017). Dessa forma, a degradação ambiental pode ser analisada a partir de marcadores
históricos, como por exemplo, o período colonial (supressão de matéria prima) e a inserção do
capitalismo (supressão para a venda e acumulação de capital). A própria conservação da
biodiversidade deve ser analisada de forma integrada entre os aspectos sociais, ecológicos, biológicos
e econômicos, visto que estes estão em constante interação, assim como entender as necessidades
humanas, conciliando o uso dos bens comuns com estratégias de manejo e conservação (SILVA;
ALBUQUERQUE; AMARAL, 2017).

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A formação e consolidação do uso da natureza no Brasil foi e é nutrida de forma exploratória,
onde se predomina o poder monetário de grandes instituições do ramo empresarial/industrial, que
promovem destruição, escravidão e exclusão como forma de promover o acúmulo de capital. A partir
dessa visão, as injustiças ambientais tornaram-se evidentes, assim como o próprio racismo ambiental.

(In) justiça ambiental e o Racismo Ambiental

Justiça ambiental é um termo simples, utilizado para prevenir um problema complexo.


Inicialmente a palavra justiça, segundo o dicionário Aurélio, é a prática e exercício do que é de direito,
dessa forma justiça ambiental é o poder de garantir um ambiente ecologicamente saudável, conforme
o explicitado na CF. Herculano (2008) também define justiça ambiental como:

(...) conjunto de princípios que asseguram que nenhum grupo de pessoas, sejam
grupos étnicos, raciais ou de classe, suporte uma parcela desproporcional das
consequências ambientais negativas de operações econômicas, de políticas e
programas federais, estaduais e locais, bem como resultantes da ausência ou omissão
de tais políticas (HERCULANO, 2008, p. 2).

Partindo dessas definições, entende-se por injustiça ambiental a negligência desses direitos,
locando os grupos marginalizados socialmente em locais desfavorecidos de estrutura, como neste
caso – as palafitas, localizadas nos estuários, margens de rios e manguezais, estando expostas a
diversos níveis de riscos. Em 1991, nos Estados Unidos da América (EUA), foi realizado a I Cúpula
Nacional de Lideranças Ambientais de Povos de Cor, um grande evento realizado em uma das
maiores potências nacionais, agregando o movimento ambientalista ao movimento negro,
fortalecendo a luta contra a desigualdade ambiental nos EUA (ACSELRAD, 2004). O autor aponta
ainda que a importância da unificação das pautas resultou em movimentos com lemas que
promoveram a luta contra injustiças ambientais, como “poluição tóxica pra ninguém”, ressaltando o
compromisso em não realocar as populações menos favorecidas para os locais de poluição.
Já no Brasil, como forma de promover o debate, foi realizado na Universidade Federal
Fluminense, o Colóquio Internacional sobre Justiça Ambiental, Trabalho e Cidadania, em setembro
de 2001, sendo um marco, devido a sua importância e urgência presente nessa temática
(HERCULANO, 2002). Como produto desse colóquio foi criada a Rede Brasileira de Justiça
Ambiental (RBJA), ressaltando a necessidade de promover debates, ultrapassando as questões apenas
de gênero, que comumente são tomadas como exclusivas na problemática (CARTIER et al., 2009).

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O racismo surge a partir da exclusão de pessoas pela tonalidade da pele, vestígio do período
da escravatura, onde os negros eram apenas objetos passíveis de trocas e vendas. Dessa forma, as
diversas esferas do racismo contribuem para o racismo ambiental, sendo a prevalência do homem
branco, conseguindo ambientes mais limpos e fora dos subúrbios das cidades (PULIDO, 2000). A cor
da pele influência na discriminação e exposição a riscos ambientais, como contato direto com
ambientes poluídos e degradados. Herculano (2008) comenta que o racismo ambiental não pode ser
ligado apenas a questão de raça, mas todas as ações que apresentem uma intenção racista. A autora
aponta ainda que o racismo ambiental:

Diz respeito a um tipo de desigualdade e de injustiça ambiental muito específico: o


que recai sobre suas etnias, bem como sobre todo grupo de populações ditas
tradicionais – ribeirinhos, extrativistas, geraizeiros, pescadores, pantaneiros,
caiçaras, vazanteiros, ciganos, pomeranos, comunidades de terreiro, faxinais,
quilombolas etc. – que têm se defrontado com a ‘chegada do estranho’, isto é, de
grandes empreendimentos desenvolvimentistas – barragens, projetos de
monocultura, carcinicultura, maricultura, hidrovias e rodovias – que os expelem de
seus territórios e desorganizam suas culturas, seja empurrando-os para as favelas das
periferias urbanas, seja forçando-os a conviver com um cotidiano de envenenamento
e degradação de seus ambientes de vida (HERCULANO, 2008, p. 16).

A supressão do território a partir da especulação imobiliária, que já no seu fundamento vai


beneficiar apenas uma pequena parcela da sociedade que detém o capital, refugia as populações
desfavorecidas economicamente e socialmente em locais insalubres. O não reconhecimento como
semelhante, impulsiona o desmembramento das sociedades, categorizando principalmente em
detentores do capital e não-detentores, assim como por questões raciais, marginalizando e excluindo
pessoas que na base são semelhantes. Terras baratas, com alto índice de degradação ambiental, são
ocupadas por populações carentes de apoio político e/ou ações governamentais, sendo discriminadas
pela sociedade (ACSELRAD, 2002).
O modelo econômico do Brasil, assim como seus planos de desenvolvimento, são a base para
o surgimento de conflitos, devido ao seu caráter socialmente injusto e ambientalmente insustentável
(PORTO; MILANEZ, 2009). Mesmo trazendo o discurso de que o desenvolvimento nacional
apresenta uma base sustentável, ele é caracterizado como economicista, mas que vende o produto
como “verde” e ecologicamente correto. A forma como o crescimento econômico vem sendo injetado
traz a natureza como instrumento para saciar o ego capitalista (ESPÍNDOLA; ARRUDA, 2008).
Herculano (2013) comenta que o desenvolvimento produz desigualdades, como o crescimento do
Produto Interno Bruto (PIB) menor do que as dívidas do governo, aumento no número de crianças
vivendo em situação de calamidade, onde 77% das famílias brasileiras vivem com no máximo um

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salário mínimo mensal, o aumento no número de favelas a partir do processo de urbanização e por
fim, a elevada taxa de degradação ambiental.
O racismo ambiental cresce a partir dessa base capitalista agregada, que prega a mensuração
de valor a natureza somada a base racista intrinsicamente contida na história humana, exaltado o
processo de domínio do poder. Nos processos de ocupação dos grandes centros urbanos, as regiões
centrais das cidades eram ocupadas por pessoas que apresentavam algum tipo de posse, e era lá onde
ficavam as igrejas, bancos e prefeituras, sem a presença da natureza nos projetos urbanísticos. Os
pobres ficam às margens da população rica, bem como os elementos da natureza, retratando a
segregação do desenvolvimento (HERCULANO, 2000). As áreas ocupadas foram principalmente os
locais de morros, manguezais e beira de rios, ditos sem importância cênica, visto que eram
considerados locais sem beleza, e com baixo valor econômico.
Esses espaços passam na atualidade por uma requalificação no valor agregado, tornando-se
um bem elitista em grandes empreendimentos, a partir de uma valoração financeira da natureza,
configurando como apenas um artifício da sociedade capitalista (HENRIQUE, 2006). Essa
reaproximação surge como marketing verde, agregando valor aos bens natural com
megaempreendimentos, negando o acesso da população que vive nas periferias, ressaltando apenas
como de qualidade o verde encontrado nesses espaços.
A exclusão e marginalização das áreas negligenciadas pelos empreendimentos/sociedade
agrava os casos de racismo ambiental, causando mais desinteresse. Pacheco (2008) comenta sobre
esse cenário de desenvolvimento:

O modelo de desenvolvimento hegemônico no mundo atual cada vez mais trata a maioria da
humanidade como objetos: uns, a serem usados a serviço do lucro; outros, considerados
supérfluos, a serem sumariamente descartados. Ou somem das estatísticas a partir de causas
“naturais” decorrentes da desnutrição ou de doenças causadas pela miséria absoluta, ou são
expulsos de seus lares para que megaprojetos se estabeleçam, ocupando e arrasando o
território para “implantar empregos, progresso, desenvolvimento sustentável e cidadania”.
Como apregoam, aliás, os belos sites dos conglomerados – nacionais e internacionais –
responsáveis por essa situação (PACHECO, 2008, p.1).

O modelo hegemônico do desenvolvimento aumenta os casos de racismo ambiental,


excluindo os menos favorecidos a partir de esferas construídas pela sociedade, embebidos nos
diálogos preconceituosos da grande mídia, assim como a exclusão gerada pelo capital (PACHECO,
2008). Exemplos dessas ameaças estão a supressão da terra nas comunidades tradicionais do Cerrado
a partir da expansão da monocultura (MELO, 2017), e a carência na disponibilidade de água e
saneamento básico em comunidades artesanais situada no alto trecho do rio Pajeú, no semiárido do
Estado de Pernambuco (MENDONÇA et al., 2012).
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Os casos de racismo ambiental são divulgados através de denúncias em esfera legal e através
de mídias sociais e de comunicação, quando são divulgadas através de reportagens investigativas.
Seguindo o mapa proposto por Pacheco (2010), os casos de denúncia estão concentrados na zona
costeira, ligados às questões de posse da terra, envolvendo locais de pertencimento e origens, como
no caso dos povos indígenas, agricultores familiares, quilombolas, pescadores artesanais e
ribeirinhos. O autor ainda aponta que os casos de conflitos estão ligados a negação dos direitos de
terra, sendo pressionados principalmente pela monocultura, mineração, garimpo, siderurgia,
madeireiras, barragens hidrelétricas, indústrias químicas e de petróleo de gás, pesca industrial e
carcinicultura intensiva, pecuária, hidrovias, rodovias, gasodutos e os agrotóxicos. A negação do
direito à terra (territórios) está interligada a falta de políticas públicas que atendam essas populações,
assim como a negligência dos órgãos municipais, estaduais e federais para/com os problemas locais.

A exclusão: caso das comunidades artesanais pesqueiras

A pesca artesanal é uma atividade realizada inicialmente por comunidades indígenas, seguidas
por quilombolas, jangadeiros, entre outras comunidades que retiram total/parte do seu sustendo dos
rios e mares (DIEGUES, 2000), além dos manguezais e gamboas. A prática pesqueira começou a ser
introduzida como classe de trabalho, em conjunto com a agricultura, como as caiçaras (SILVA, 1993).
No entanto, atualmente, pode ser classificada como uma forma não assalariada e não capitalista de
realizar uma atividade, onde seus costumes e práticas são passados através da oralidade, dessa forma,
os filhos adquirem o legado da pesca pelos pais, adaptando-os quando necessário.
A práxis da pesca constrói os sítios simbólicos de pertencimento, que corresponde aos valores
passados de geração para geração, experiências e contextos simbólicos espirituais que constroem o
ser (HASSAN, 2006). Dessa forma, o envolvimento do pescador para/com o meio ambiente não
constrói toda a sua relação, sendo expandido para as inter-relações que existem, como a venda do
pescado, o contato social e seu próprio entendimento de espaço (RODRIGUES et al., 2017). A
urbanização das cidades, assim como o próprio crescimento das cidades satélites e regiões
metropolitanas, acarreta no pressionamento dos territórios pesqueiros, ameaçando seus costumes,
ridicularizando suas tradições e marginalizando seus povos. Pacheco (2008, n.p.) traz uma reflexão
importante para contextualizar quais ameaças estão presentes contra essas comunidades:

Para seus ocupantes originais – povos indígenas, remanescentes de quilombos,


agricultores familiares, ribeirinhos, pescadores artesanais, caiçaras, marisqueiras e
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outros representantes de populações tradicionais – resta alguma forma de exílio. Do
confinamento em assentamentos ou em reservas cada vez menores, sem condições
para garantir suas tradições culturais e sequer a subsistência, ao desterro e à migração
para os centros urbanos, onde dificilmente conseguirão conquistar algum espaço
para viver com dignidade. Na maioria dos casos, acabarão nas zonas de risco das
favelas, dos subúrbios ou do entorno de fábricas, poluídos pelos lixões e pelos
resíduos tóxicos.

A exclusão e repressão das comunidades pesqueiras em pequenos núcleos as margens das


cidades facilita o seu isolamento, ocupando locais com péssimas condições de moradia,
desmembrando da própria dinâmica da cidade. Ora, inicialmente era comum viver às margens dos
rios, apresentando uma inter-relação orgânica e holística com a natureza, mas o que difere para as
condições atuais é que devido a marginalização e exclusão dessas áreas, suas condições naturais estão
totalmente modificadas, apresentando elevado índice de poluição. Partindo dessa reflexão,
atualmente as encostas de rios e manguezais não provêm condições mínimas necessárias para
moradia, devido, principalmente, à falta de saneamento básico (MADRUGA, 2002).
Como exemplo de estudo de caso do racismo ambiental, tem-se a comunidade da Ilha de Deus
na cidade do Recife, Pernambuco. O local é um exemplo de resistência em área urbana, lutando
diariamente contra o racismo ambiental afetando famílias de pescadores. Além do reconhecimento
da área e coletas de dados in loco, teve-se participação ativa na Audiência Pública do Parque dos
Manguezais, local onde está situada a comunidade da Ilha de Deus, ocorrida no dia 26 de outubro de
2017 no Plenário da Câmara Municipal dos Vereadores de Recife e seus desdobramentos com a
Participação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), abordando o tema no MPPE Dialoga,
em 8 de novembro de 2017.
Para o desenvolvimento e vivência da pesquisa, foram realizadas seis visitas a Ilha de Deus,
entre 2016 e 2017, com o objetivo de realizar observação direta (STEBINS, 1987) e observação
participante (GIL, 2008) com os pescadores, possibilitando uma maior integração entre o pesquisador
e a comunidade estudada. Conhecer a dinâmica de vida, da pesca, das interações e inter-relações
possibilita que a própria comunidade receba e aceite a pesquisa, construindo uma relação de
confiabilidade.

Ilha de Deus, Recife, Pernambuco


A comunidade da Ilha de Deus (Figura 1) está localizada na cidade do Recife, banhada por
três importantes rios, sendo o Beberibe, Tejipió e Jordão, na qual os moradores vivem basicamente
da pesca de diferentes recursos faunísticos, como peixes diversos (e.g., carapeba, tainha, saúna,
curimã, pescada, xareu, mororó, camurim e boca mole), camarão, sururu e marisco. Segundo dados
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da Secretaria de Planejamento e Gestão de Pernambuco (SEPLAG, 2007), a Ilha de Deus consta com
334 famílias e aproximadamente 1.150 habitantes, assim como 317 residências. O nome da
comunidade se deu devido à dificuldade que os primeiros moradores tinham para chegar na ilha,
sendo chamada de “Ilha sem Deus”, mas que com o decorrer do processo de urbanização e com a
grande distribuição dos produtos pescados, os próprios moradores trocaram o nome para Ilha de Deus
(RABELO, 2010).

FIGURA 1: CARACTERIZAÇÃO VISUAL DA ILHA DE DEUS. A: ENTRADA DA ILHA DE DEUS. B: VISTA


SOBRE A PONTE VITÓRIA DAS MULHERES. C: UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA. D: ESCOLA ESTADUAL.
E. SEDE DA AÇÃO COMUNITÁRIA CARANGUEJO UÇÁ. F: VISTA PARA O SHOPPING RIO MAR.
FONTE: Rubens Trajano, 2018.

A Ilha está situada em uma ZEIS (Zona Especial de Interesse Social), que configuram áreas
com problemas relacionados ao uso e ocupação do solo, servindo como base para a construção de
planos urbanísticos que possam intermediar os conflitos, sendo instituída a partir da Lei 9.785/99 que
regulamenta a Lei de Parcelamento do Solo (6.766/79). O local também faz parte do Parque Natural
Municipal Josué de Castro, conhecido como Parque dos Manguezais, sendo uma Área Protegida de
domínio da Marinha do Brasil, sendo a fonte de diversos conflitos com a comunidade pesqueira.

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A Bacia do Pina tem relevante importância histórica e social, no qual esse foi o estuário
utilizado pelos holandeses para adentrar na Cidade do Recife, no início do século XVII. A ocupação
da Ilha de Deus foi inicialmente configurada pela utilização das áreas de mangue para a construção
de viveiros de peixes, que posteriormente foi utilizada para o cultivo de camarão, aplicando técnicas
artesanais no seu manejo a quase 50 anos. Além dos viveiros, uma característica marcante eram as
palafitas, comum em comunidades pesqueiras, mas que a partir do Plano de Ação Integrada da Cidade
do Recife, passou por uma requalificação urbanística, com a construção de moradias, saneamento e
áreas de lazer no próprio local. A origem do pescador, assim como seus costumes e práxis foi
respeitada, visto que foi garantida uma melhoria na sua qualidade de vida sem desqualificar da sua
identidade com uma mudança brusca no local de moradia.
A cidade enxerga a ilha como uma “comunidade única periférica e carente”, segundo o relato
de um pescador, não contemplando toda a sua importância quanto resistência e quanto a distribuição
dos recursos pesqueiros. O sentimento é de indignação quanto a exclusão da comunidade, visto que
Recife é uma cidade tradicional pesqueira (parafraseando um pescador), mas que sofre com a
verticalização das moradias e da pressão ao acúmulo de capital “quem tem poder vai pra
verticalização, quem não tem fica nas casinhas pintadinhas, isso é demarcação de poder”.
Vasconcelos (2005) traz que a exclusão de comunidades (principalmente as tradicionais pesqueiras)
é um resultado do sistema capitalista, onde são desqualificados para dar vez as construções de luxo,
tratando apenas como periféricos. A falta de saneamento, coleta do lixo, segurança pública,
invisibilidade das atividades de pesca por pescadoras atribuem o retrato falado de locais perigosos ou
de tráfico de drogas.
O racismo ambiental insurge com a negligência não apenas do pescador, mas de toda a arte
da pesca artesanal, excluindo e não reconhecendo quem trabalha na maré e supervalorizando apenas
o seu produto (pescado), amplamente vendido como uma iguaria nos mercados, bares e restaurantes
da cidade do Recife. Segundo um pescador da Ilha de Deus “As pessoas comem os nossos produtos,
mas não sabem nem de onde veio”, ressaltando o desmembramento entre o produto que é
comercializado com a comunidade pesqueira. Seguindo esse pensamento, a própria poluição gerada
nos grandes centros urbanos, que é canalizada para os estuários, acaba servindo de alimento para os
recursos pesqueiros que são coletados e vendidos na Cidade do Recife. A sensação de exclusão não
afeta diretamente as atividades da comunidade, ao contrário, os pescadores e pescadoras se sentem
felizes com o seu trabalho na maré, trazendo uma relação de respeito e harmonia com a natureza,
segundo moradores.

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A falta de condições de trabalho para quem vive da pesca artesanal é algo ainda marcante,
onde o processo de beneficiamento do pescado, principalmente o sururu (Mytella charruana,
D’ORBIGNY, 1842), é realizado a céu aberto, nas ruas da comunidade, descartando os resíduos no
próprio manguezal. Dados fornecidos pelos pescadores é que são beneficiados 1 tonelada/dia de
sururu em alta temporada na Ilha de Deus. Os pescadores e pescadoras são diariamente
marginalizados, sendo privados de políticas públicas assistencialistas destinada a esse público,
principalmente voltadas para a saúde, visto elevado esforço físico e repetitivo que a atividade
pesqueira induz, necessitam de tratamento ergométricos. As Lesões por Esforço Repetitivo (LER) é
comum principalmente para quem realiza a pesca de bivalves, necessitando ações que visem a
redução dos danos devido ao LER (PENA, FREITAS e CARDIM, 2011). Como a atividade artesanal
pesqueira não segue os padrões do mercado formal, o Sistema único de Saúde (SUS) não garante
inclusão desses grupos (PENA, MARTINS e REGO, 2013).
A especulação imobiliária é um dos principais fatores que afetam diretamente os moradores
da ilha, devido a supressão de áreas de mangue por grandes empreendimentos como no caso do
Shopping Rio Mar, o projeto urbanístico Via Mangue e o condomínio de luxo Le Parc, situados entre
os bairros do Pina e Boa Viagem. O cais José Estelita, situado na bacia do Pina, vestígio histórico da
arquitetura holandesa no Recife, por pouco não foi derrubado para a execução do projeto intitulado
“Novo Recife” que visava a construção de torres de apartamentos de luxo, mas que a partir de ações
populares demonstraram que o local poderia ser ocupado por todo o Recife (NETO, 2015). O
movimento conhecido como Ocupe Estelita, inspirado no movimento Occupy Wall Street, com
representante de diversas esferas conseguiu barrar a construção das torres, sendo um dos argumentos
a questão dos elevados impactos ambientais que seriam resultantes desse empreendimento (LYRA,
2015; NETO, 2015; TAVOLARI, 2016).
A pressão exercida pela urbanização das áreas naturais pode influenciar na condição
ambiental, como no estudo realizado por Cavalcanti-Silva et al. (2017) na Região Metropolitana do
Recife, no qual observou-se uma drástica redução na vegetação local. Dessa forma, a própria
permanência da comunidade da Ilha de Deus agrega a proteção de manguezal local, que corresponde
a grande parcela de manguezal presente ainda em bom estado de conservação na Cidade do Recife.
Nos momentos de luta contra a retirada das áreas de manguezal pelos empreendimentos, os
moradores se juntam, trazendo seus conhecimentos práticos, obtido através da oralidade de
antepassados e da práxis da comunidade, demonstrando como essa retirada pode influenciar nos
recursos pesqueiros e/ou na qualidade de vida dos recifenses, visto que essa é uma das poucas áreas
de mangue da cidade. Um exemplo de luta em conjunto foi para a criação da Reserva Extrativista

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Acaú-Goiana, situada entre o litoral Sul da Paraíba e litoral Norte de Pernambuco, onde as
mobilizações foram organizadas pelas mulheres marisqueiras, tomando frente dos espaços de decisão
(FADIGAS; GARCIA, 2010; LIMA; SELVA; RODRIGUES, 2016).
A resistência de uma comunidade pesqueira, com costumes e práticas artesanais, em meio de
um grande centro urbano é mais do que uma conquista, sendo um símbolo de identidade e persistência
dos pescadores e pescadoras. A beleza cênica proveniente da ilha está na vegetação de mangue, nas
interações sociais, na pesca, no estuário e no sorriso dos moradores, contribuindo e ressaltando a
importância da preservação dessa comunidade “quem trabalha sujo, trabalha com grandes riquezas”.
Não é geograficamente distante que se encontram exemplos de comunidades pesqueiras que
vivem diariamente lutando pelo direito de realizar a pesca artesanal, assim como, pela visibilidade
dos pescadores. Na praia de Suape, localizada na Cidade do Cabo de Santo Agostinho na Região
Metropolitana do Recife, existem comunidades pesqueiras de vivem em complexos embates com o
complexo industrial instalado no local. Ramalho (2010) traz Suape como exemplo de resistência em
comunidade pesqueira, onde as tradições tentam ser mantidas mesmo com elevada pressão econômica
capitalista proveniente do complexo industrial. O autor traz ainda que os pescadores apresentam um
sentimento de prazer com a atividade pesqueira, ressaltando a relação humanizada e comunitária.

Considerações Finais

O racismo ambiental surge da negligência dos direitos básicos e da exclusão dos pescadores
artesanais, onde sua resistência em centros urbanos representa um desafio, sendo necessário a quebra
do paradigma que exclui as populações ribeirinhas, trazendo a concepção de igualdade e respeito. O
reconhecimento tem início com o repasse do valor obtido na venda final do produto para o pescador,
agregando valor ao produtor de base e não aos atravessadores e/ou grandes empreendimentos.
A comunidade da Ilha de Deus é conhecida por estar situada em um dos poucos fragmentos
de manguezal urbano, contém uma beleza cênica única e responsável pela distribuição dos principais
recursos pesqueiros da Cidade do Recife. Os pescadores são exemplos de resistência, construindo
uma relação de trabalho que foge dos padrões capitalistas, apresentando uma relação harmônica com
a natureza.

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Artigo recebido em 15/03/2018. Aceito para publicação em 15/09/2018.

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