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a Linguística.
1) A. Schleicher
sua forma mais radical. Influenciado pela filosofia de George Wilhelm Friedrich
de sua época e sua atitude influenciou tanto quanto suas ideias. Outro importante
representante dos estudos histórico-comparativos foi o alemão August Schleicher
(1821-1868), linguista e estudioso das ciências naturais que, já no século XIX, com
foco nas línguas medievais da Europa, passou a aplicar o método dessa abordagem
no estudo das línguas europeias derivadas do latim, prática que ficou conhecida
como Filologia ou Linguística Românica. Schleicher foi o primeiro estudioso a tentar
sistematizar as ideias de Bopp (SAUSSURE, 2006), usando, para isso, diagramas
em forma de árvores, que representavam as relações históricas das línguas, sem
levar em conta, contudo, a variação dialetal. Essa representação ficou conhecida
como modelo genealógico da linguagem. Schleicher, em consonância com as ideias
de Darwin e orientando-se pelo rigor das ciências naturais – a ponto de localizar a
Linguística nesse âmbito4 (CÂMARA JR., 2011, p. 64) –, concebia a língua tal como
um organismo vivo, de natureza física e que independia da vontade dos falantes; por
isso, trabalhava com a hipótese de que ela passaria por períodos de crescimento,
maturidade e decadência. No âmbito dessas crenças, a mudança linguística foi
explicada, consequentemente, em termos de degeneração, motivada por questões
de ordem física, tais como, conforto anatômico ou fisiológico, ou de economia de
esforço muscular (FARACO, 2005).
2) William Jones
Um dos principais marcos da constituição da lingüística como uma ciência moderna é o
trabalho do filólogo inglês Sir William Jones, que viveu entre 1746 e 1794. Jones pode ser
considerado um precursor da lingüística histórico-comparativa surgida no século XIX. Jones
foi, desde a juventude, um especialista em línguas clássicas e orientais. Formou-se,
posteriormente, em direito e se tornou juiz. Foi designado para a Suprema Corte de Justiça de
Bengali, Índia, em 1783. No ano seguinte, ele fundou a Sociedade Asiática de Bengali,
reunindo estudiosos interessados nas artes, cultura e ciências dos povos indianos e orientais
em geral. Em 1786, ele pronuncia, perante a Sociedade, o famoso discurso “On hindus” sobre
a história dos povos indianos e sua relação com outros povos asiáticos, africanos e europeu.
Nesse discurso, ele declara firmemente a existência de um parentesco lingüístico inegável
entre a língua clássica hindu, o sânscrito, e diversas outras línguas clássicas, como o grego, o
latim, o persa, o gótico e o celta. Jones não pode, entretanto, ser considerado o fundador do
método histórico-comparativo, mas sim um precursor de tais estudos. Sua importância para a
história da ciência da linguagem não decorre apenas desse discurso, mas de todo o trabalho
promovido por ele à frente da Sociedade Asiática (e mesmo antes disso) na promoção da
descrição e acesso a elementos das línguas, cultura, artes e ciências indianas e orientais, que
foi necessário para estudiosos posteriores desenvolverem seus trabalhos histórico-
comparativos.
3) Franz Bopp
"Filólogo alemão nascido em Mainz, que demonstrou a importância do
sânscrito para as línguas indo-européias e é considerado o fundador da lingüística
comparativa. Seu talento apareceu inicialmente em Über das Conjugationssystem
der Sanskritsprache (1816), quando estava em Paris (1812-1816) dedicando-se ao
estudo das línguas orientais, onde pioneiramente procurou traçar a origem comum
do sânscrito, persa, grego, latim e alemão. Professor de literatura oriental e de
filologia geral na Universidade de Berlim (1821-1867), publicou uma gramática do
sânscrito (1827). Esse livro sobre o sistema de conjugação do sânscrito abriu novas
perspectivas lingüísticas. Logo concentrou sua atenção no sânscrito e publicou um
glossário de sânscrito e latim (1830) tornando-se, assim, um filólogo do Sânscrito.
Esse pequeno livro continha um estudo comparado dos verbos e uma série de
traduções do Sânscrito. Morreu em Berlim, então na Prússia, e sua grande obra foi
Vergleichende Grammatik des Sanskrit, Zend, Griechischen, Lateinischen,
Litthauischen, Altslawischen, Gotischen und Deutschen (1833-1852), onde, após
investigar a origem das formas gramaticais dessas línguas, descreveu a estrutura
gramatical original e definiu suas leis fonéticas. Também produziu estudos de vários
grupos de línguas européias e ensaios sobre a relação entre as línguas malaio-
polinésias e as indo-européias (1840) e sobre o sistema de acentuação em sânscrito
e grego (1854).
4) Jacob Grimm
Jacob Grimm é considerado um dos fundadores da linguística histórica-
comparativa por seu estudo das mutações fonéticas no ramo germânico das línguas indo-
europeias, conhecido como "Lei de Grimm". Ele valorizava a língua e literatura alemãs
antigas como espontâneas e naturais, em contraste com a língua artificial de seu tempo.
Suas obras influenciaram a formação das normas gramaticais modernas. Mais conhecido
por coletar histórias populares junto de seu irmão caçula Wilhelm, Jacob Grimm também foi
importante na história da linguística. Mais do que isso: segundo Heinrich Heine, “Jacob Grimm
sozinho contribuiu mais para a ciência da linguagem do que a Academia Francesa desde Richelieu”.
traduziu uma gramática do sérvio escrevendo uma longa introdução sobre a importância das
gramáticas comparativas eslavas e postulou que a origem da língua era uma questão empírica e
histórica (para ele, as duas coisas andavam juntas). O resultado dessa última contribuição é a sua
famosa Gramática Alemã, onde fica claro que, para Grimm, entender as formas modernas do
alemão é entender também a história da língua, ou seja, as formas mais antigas. Baseado no
trabalho de Rask, formulou a chamada lei de Grimm, uma análise das mudanças fonéticas
5) William D. Whitney
William Dwight Whitney (1827-1894) concebia a língua como um produto da
vontade dos indivíduos, os quais, de acordo com suas necessidades, adaptariam
esse elemento às circunstâncias de uso. Desse modo, todos os itens lexicais que
compõem uma língua seriam resultantes de uma série de mudanças promovidas,
sob condições históricas, pela vontade e consentimento dos indivíduos (agentes
sociais). As considerações de Whitney sobre a natureza da língua valorizam o
falante, pondo em destaque sua atuação sobre os processos linguísticos. É preciso,
no entanto, observar que essa valorização do falante não significa que o autor
concebesse o indivíduo como o portador da língua ou que este fosse capaz de
consciente e intencionalmente criar novas formas linguísticas e de mudar as já
existentes. A língua, para o autor, não constituía uma posse individual, mas social.
Dessa forma, Whitney postulava que qualquer mudança que ocorresse numa língua
seria resultante de uma ação conjunta dos indivíduos. Nenhum item lexical entraria
numa língua sem que houvesse a adesão da maioria de seus usuários; de modo
semelhante, nenhum indivíduo teria o poder de mudar uma língua, pois a mudança
resultaria de um trabalho coletivo. No entanto, Whitney compreendia que a
comunidade não tem o poder de agir senão por intermédio de seus membros
individuais, que são agentes/atores no processo de transmissão, propagação e
conservação de uma língua. Whitney considerava a língua uma instituição social
semelhante a todas as outras, ou seja, como a política, o direito e a religião. Desse
modo, o autor já imprimia na língua as características próprias das instituições
sociais ou dos fatos sociais como viriam a ser definidos por Émile Durkheim (1895).3
Argumenta-se, a seguir, que, embora o pensamento de Whitney sobre a língua se
encaixe na noção de fato social, sua definição permite a emergência do ator social
que é o responsável por sua conservação, inovação e propagação. Discute-se, além
disso, a dualidade indivíduo versus membro da sociedade presente nas teorizações
do autor; realça-se o fato de a língua como elemento de natureza social ter como
possuidor o membro da sociedade; e levanta-se a hipótese da natureza indistinta
dos elementos língua e fala nas teorizações do autor. Evidencia-se, finalmente, que,
na concepção de Whitney, os indivíduos podem criar novas formas linguísticas e
modificar as já existentes. Porém, é no seio da comunidade que essas formas serão
moldadas e receberão os contornos característicos de seus falantes. Mas o fato a
ser observado é que, para Whitney, são os indivíduos que mudam a língua e as
ações que a forçam à mudança obedecem a um único princípio: o de estar
constantemente se adaptando às circunstâncias e às necessidades de seus
usuários.
6) Wilhelm von Humboldt
Wilhelm foi um dos primeiros a propor novas formas de se pensar sobre línguas,
rompendo uma tradição que remetia até os gregos. Ele acreditava que o método da
histórico dos povos que usassem as línguas analisadas, bem como a relação
espiritual e intelectual desses povos com suas línguas. Contribuiu também para a
etnolinguística, trabalhando com a língua basca e com o kawi (javanês antigo). Sua