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UNIVERSIDADE TIRADENTES

WILLIAM VANDERLEI DE OLIVEIRA

CENTRO CULTURAL SERIGY:


PROJETO ARQUITETÔNICO – UMA ESTRUTURA DE AÇO QUE NAVEGA EM
TERRAS SERGIPANAS

Aracaju – SE

2014.1
2

WILLIAM VANDERLEI DE OLIVEIRA

CENTRO CULTURAL SERIGY:


PROJETO ARQUITETÔNICO – UMA ESTRUTURA DE AÇO QUE NAVEGA EM
TERRAS SERGIPANAS

Trabalho final de graduação


apresentado a Universidade
Tiradentes como um dos pré-
requisitos para a obtenção do grau de
bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador:

Prof.º Dayse Araújo Lapa Guerra

Aracaju – SE

2014.1
3

WILLIAM VANDERLEI DE OLIVEIRA

CENTRO CULTURAL SERIGY:


PROJETO ARQUITETÔNICO – UMA ESTRUTURA DE AÇO QUE NAVEGA EM
TERRAS SERGIPANAS

Trabalho final de graduação


apresentado a Universidade
Tiradentes como um dos pré-
requisitos para a obtenção do grau de
bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Aprovado em _____/_____/______
Banca examinadora

Orientadora Prof.ª Esp. Dayse Araújo Lapa Guerra


Universidade Tiradentes

Prof. Esp. Ézio Christian Deda de Araújo


Universidade Tiradentes

Arquiteto
4

“A arquitetura é a arte que determina a


identidade do nosso tempo e melhora a vida
das pessoas.” (Santiago Calatrava)
5n

AGRADECIMENTOS

A DEUS Pai criador e poderoso, fonte de toda sabedoria e conhecimento. Sem Ele
nada poderia fazer.
Aos meus pais: Abrahão Oliveira e Nelly Oliveira, meu irmão Victor e minha
cunhada Aline, membros diretos de minha familia que tiveram toda paciencia e cuidado nos
momentos mais difíceis.
Aos professores do curso de arquitetura e urbanismo da UNIT, pela forma dedicada e
competente com que me transmitiram conhecimentos e me orientaram nos estudos e formação
acadêmica.
À minha querida orientadora, Professora Dayse Araújo Lapa Guerra, pelo cuidado,
paciencia e dedicação para caminhar comigo na elaboração deste trabalho;
Aos queridos mestres Ézio Christian Deda de Araújo e membros da banca
examinadora e tambem dedicados orientadores em todos os momentos que a eles recorri,
nesta jornada.
Ao Profesor Walter Chou, grande mestre e amigo, que nunca se furtou a me repassar
conhecimentos, orientações e disponibilização de sua vasta biblioteca técnica, que me serviu
de fonte preciosa de pesquisa.
Aos meus amigos e colegas de caminhada, aqui representados Marcos Nascimento,
pelo coleguismo, colaboração, amizade e paciencia em todos os momentos de convivência.
A todos aqueles que mesmo não estando aqui citados, fizeram ou fazem parte da
minha vida acadêmica e torcem ou contribuem para o meu progresso pessoal e profissional.
6

RESUMO

Este Trabalho Final de Graduação propõe o projeto Arquitetônico de um Centro de


Cultura e de formação cultural, a partir da perspectiva do projeto em estrutura metálica a ser
implanto no bairro Industrial em Aracaju-SE. Como referencial teórico principal para
concepção do partido arquitetônico utilizado neste edifício, adotou-se ideais da arquitetura
moderna e contemporânea, ao tratar de questões relacionadas à implantação, ao programa de
necessidades e às diferentes fases do projeto arquitetônico, buscou-se contemplar aspectos
essenciais para que o projeto final respondesse de forma eficiente as necessidades de um
Centro Cultural. Ao projetar um edifício com usos mistos que atende desde exposições de
teatro até concertos de orquestra sinfônica, não só contemplando a exposição cultural mas
dando a oportunidade de passar o conhecimento para o público através das escolas e oficinas,
um edifício que se tornasse um marco arquitetônico para a cidade.
Palavras-chaves: Cultura. Aço. Centro Cultural.
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RESUMO (INGLÊS)

This Final Graduation Work proposed an architectonic draft of a Cultural Centre and
cultural training from the project perspective metal structure to implant in the Industrial
district of Aracaju- SE. As the main theoretical framework to design the architectural party
used in this building, we adopted ideals of modern and contemporary architecture, to address
issues related to the implementation, the program needs and the different stages of
architectural design, we attempted to cover essential aspects for the final project respond
efficiently to the needs of a Cultural Centre. When designing a building with mixed uses that
meets from exhibitions to theater symphony orchestra concerts, not only contemplating the
cultural exposure while providing the opportunity to pass the knowledge to the public through
schools and workshops, a building that would become an architectural landmark to the city.
Keywords : Culture. Steel . Cultural Centre.
Al transit.
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LISTAS DE SIGLAS

American Society for Testing and Materials - ASTM


Fábrica de estruturas metálicas – FEM
Secretaria Municipal do Planejamento, Orçamento e Gestão – SEPLOG
Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação – IPTI
Centro Cultural São Paulo – CCSP
Empresa Municipal de Obras e Urbanização - EMURB
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LISTAS DE FIGURAS

Ilustração 1 – Processo Siderúrgico..........................................................................................18


Ilustração 2 - Tipos de Perfis Laminados.................................................................................24
Ilustração 3 - Tipos de composições com Perfis Laminados de Padrão Americano................24
Ilustração 4 - Perfis formados a frio (dobrados).......................................................................26
Ilustração 5 - Perfis Tubulares..................................................................................................26
Ilustração 6 - Composição de perfis conjugados com chapas e perfis tubulares......................27
Ilustração 7 - Detalhe de perfis mistos – aço e concreto...........................................................28
Ilustração 8 - Projeto da Iglesia de Sainte-Geneviéve, 1770....................................................29
Ilustração 9 - Ponte sobre o rio Severn em Coalbrookdale.......................................................29
Ilustração 10 - Palácio de Cristal (1851: Joseph Praxton)........................................................31
Ilustração 11 – Galerie de Machines, Paris, 1889.....................................................................32
Ilustração 12 – Detalhe Pilar – Galerie de Machines, Paris, 1889............................................32
Ilustração 13 - Home Insurance Building, Chicago, 1897........................................................33
Ilustração 14 – Centro George Pompidou, França, 1977, Autoria – Renzo piano e Richard
Rogers.......................................................................................................................................34
Ilustração 15 - City Hall, Londres, Reino Unido, 2002 – Autoria – Norman Foster................34
Ilustração 16 - Mercado Ver-o-peso – Belém...........................................................................36
Ilustração 17 - Teatro José de Alencar - Fortaleza...................................................................36
Ilustração 18 - Palácio de Cristal - Petrópolis...........................................................................37
Ilustração 19 - Mercado de Carne – Belém..............................................................................37
Ilustração 20 - Estação da Luz – São Paulo - Arquiteto Charles Henry Driver........................38
Ilustração 21 - Edifício Garagem América, 1957, Autoria - Rino Levi...................................39
Ilustração 22 - Edifício Casa do Comércio, Salvador, 1987 – Autoria - Jáder Tavares, Otto
Gomes e Fernando Frank..........................................................................................................40
Ilustração 23 - Sede Associação Brasileira de Metais, São Paulo, 1984..................................40
Ilustração 24 – Perfil Acalandrado...........................................................................................42
Ilustração 25 - Edifício 30St. Mary Axe, Londres, Autoria – Norman Foster.........................43
Ilustração 26 - Edifício 30St. Mary Axe, Londres, Autoria – Norman Foster.........................43
Ilustração 27 - Construção Edifício 30St. Mary Axe, Londres, Autoria – Norman Foster......43
Ilustração 28 – Construção Guggenheim Bilbao, Espanha, 1997 – Autoria – Frank Gehry....44
Ilustração 29 – Construção Guggenheim Bilbao, Espanha, 1997 – Autoria – Frank Gehry....44
Ilustração 30 - Guggenheim Bilbao, Espanha, 1997 – Autoria – Frank Gehry........................44
Ilustração 31 - Estação Oriente, Lisboa, 1998, Autoria - Santiago Calatrava..........................47
Ilustração 32 - Arena Amazônia, Manaus, 2014, Autoria - Ralf Amann.................................47
Ilustração 33 – Processo de corrosão........................................................................................50
Ilustração 34 – Corrosão Galvânica..........................................................................................51
Ilustração 35 - Detalhes da estrutura de aço para prevenção da corrosão................................53
Ilustração 36 - Detalhes da estrutura de aço para prevenção da corrosão................................53
Ilustração 37 – Vista Centro Cultural Nova Friburgo, Autoria – Estúdio 41...........................57
Ilustração 38 – Vista Centro Cultural Nova Friburgo – Autoria - Estúdio 41..........................58
Ilustração 39 – Vista aérea – Autoria - Estúdio 41...................................................................59
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Ilustração 40 – Vista interna - Autoria - Estúdio 41.................................................................59


Ilustração 41 – Esquema Estrutural – Autoria - Estúdio 41......................................................60
Ilustração 42 - Implantação – Autoria - Estúdio 41..................................................................61
Ilustração 43 – Fachada - Centro Cultural São Paulo – Autoria - Eurico Prado Lopes...........62
Ilustração 44 – Vista Interna - Centro Cultural São Paulo – Autoria - Eurico Prado Lopes....63
Ilustração 45 - Construção Centro Cultural São Paulo – Autoria - Eurico Prado Lopes..........64
Ilustração 46 - Museu da Gente Sergipana, Aracaju.................................................................67
Ilustração 47 – Palácio Olímpio Campos, Aracaju...................................................................67
Ilustração 48 - Mapa de bairros................................................................................................71
Ilustração 49 – Mapa de Uso e ocupação do solo.....................................................................73
Ilustração 50 – Imagem aérea da Orlinha do Bairro Industrial.................................................76
Ilustração 51 – Mapa Ilustrado.................................................................................................77
Ilustração 52 – Imagem aérea do Terreno.................................................................................78
Ilustração 53 – Vista do Terreno para o Rio Sergipe................................................................78
Ilustração 54 – Imagem do Terreno..........................................................................................78
Ilustração 55 – Sistema viário...................................................................................................79
Ilustração 56 – Terminal de Integração do Mercado................................................................80
Ilustração 57 – Vista do Terminal de Integração para o terreno proposto................................80
Ilustração 58 – Barco no atracadouro de Aracaju,....................................................................83
Ilustração 59 – Primeiro Croquis..............................................................................................84
Ilustração 60 – Croquis Planta baixa - Implantação.................................................................84
Ilustração 61 - Croquis Fachada...............................................................................................85
Ilustração 62 – Maquete de estudo volumétrico.......................................................................85
Ilustração 63 - Maquete de estudo volumétrico........................................................................86
Ilustração 64 – Tentativa de Desconstrução.............................................................................87
Ilustração 65 - Estudo de fachada.............................................................................................88
Ilustração 66 – Croquis Final....................................................................................................90
Ilustração 67 – Croquis Implantação........................................................................................92
Ilustração 68 - Luminárias do projeto Cultura em foco expostas Clerkenwell Design Week de
Londres...................................................................................................................................104
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LISTAS DE TABELAS

Tabela 1 - Diagrama Tensão – Deformação de peça estrutural de aço.....................................23


Tabela 2 – Benefícios do uso do aço na construção civil.........................................................46
Tabela 3 – Tabela de serie galvânica........................................................................................51
Tabela 4 – Oferta de escolas na rede Municipal.......................................................................74
Tabela 5 – Oferta de escolas na rede Municipal.......................................................................74
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LISTAS DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Gráfico de Visitação – Museu da Gente Sergipana...............................................67


Gráfico 2 – Gráfico de Agendamento – Museu da Gente Sergipana........................................68
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................15
2. O AÇO...............................................................................................................................17
2.1. O processo siderúrgico para produção do Aço..............................................................17
2.2. Os produtos siderúrgicos................................................................................................20
2.3. Os aços estruturais.........................................................................................................20
2.4. Propriedades dos aços estruturais..................................................................................22
2.5. Perfis estruturais de aço.................................................................................................23
2.6. Estruturas mistas............................................................................................................27
3. O USO DO AÇO NA ARQUITETURA E NA CONSTRUÇÃO CIVIL.........................28
3.1. Histórico mundial...........................................................................................................28
3.2. O Aço no Brasil.............................................................................................................35
3.3. As vantagens do aço na Arquitetura..............................................................................40
3.3.1. Prevenção de patologias da estrutura de aço no projeto arquitetônico......................48
3.3.2. A corrosão..................................................................................................................49
4. ESTUDO DE CASO.........................................................................................................56
4.1. Centro Cultural e de Exposições de Nova Friburgo......................................................56
4.2. Centro Cultural São Paulo.............................................................................................62
4.2.1. A construção...............................................................................................................65
5. ANTEPROJETO DE UM CENTRO CULTURAL EM AÇO PARA ARACAJU-SE
Erro! Indicador não definido.
5.1. Conceito e Partido Arquitetônico...................................................................................66
5.2. Eixos Temáticos do projeto...........................................................................................69
5.2.1. Escola de Música Erudita/Clássica............................................................................69
5.2.2. Biblioteca interativa...................................................................................................69
5.2.3. Teatro.........................................................................................................................69
5.2.4. Culinária.....................................................................................................................69
5.2.5. Exposição...................................................................................................................70
5.3. O Terreno.......................................................................................................................70
5.3.1. Histórico do Bairro Industrial....................................................................................70
5.3.2. O local........................................................................................................................76
5.3.3. Sistema Viário............................................................................................................79
5.4. Programa da Necessidades/Pré-Dimensionamento........................................................80
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5.5. Memorial Descritivo......................................................................................................83


5.6. Representação Gráfica...................................................................................................99
6. CONCLUSÃO.................................................................................................................100
REFERÊNCIAS......................................................................................................................102
ANEXO D – Estudo de massas..............................................................................................107
ANEXO D – Fluxograma.......................................................................................................108
15

1. INTRODUÇÃO

O uso da estrutura de aço como tecnologia construtiva surgiu em meados do século


XVIII e, a partir dessa época, transformou as criações arquitetônicas e as continua
influenciando até os dias atuais. No Brasil, a utilização de estruturas metálicas em edificações
iniciou-se na segunda metade do século XIX, com o uso do ferro fundido, e expandiu-se até
os dias de hoje, com o uso do aço, principalmente em edificações de usos comerciais e de
serviços.
Apesar disso, o aço não tem tido o devido espaço na construção e nos projetos
brasileiros. O país encontra-se em grande atraso tecnológico em termos de materiais e
técnicas construtivas. Mesmo com a constante evolução dos materiais pelo mundo, vemos que
há uma necessidade gritante de inserção de novas tecnologias no dia a dia do arquiteto
brasileiro, utilizar um sistema construtivo modular e eficaz que não tenha desperdícios é uma
necessidade latente em nosso meio. Com isso se faz necessária a elaboração deste TFG que
tem como objetivo, elaborar um anteprojeto arquitetônico de um edifício cuja concepção seja
pensada para execução em estrutura metálica, venha a ser implantado um centro cultural, que
não somente contribua cultural e esteticamente, mas também como um novo ícone de
referência arquitetônica, turística e cultural para a cidade. Deste modo foram traçados os
seguintes objetivos específicos, estudar um breve recorte da história cronológica da evolução
dos materiais (ferro e aço). Mapear o uso do aço na concepção de projetos de centros
culturais. Identificar atual estágio do uso da estrutura metálica nos edifícios em Aracaju,
identificação da necessidade de Centros de culturais para cidade de Aracaju.
Este TFG tem finalidade de solucionar a seguinte problemática: Durante a história da
evolução de materiais, as novas tecnologias sempre foram aplicadas nos países desenvolvidos,
mas o Brasil historicamente tem grandes atrasos na chegada dessas tecnologias, sejam em
técnicas construtivas, projetuais ou até mesmo nos materiais em si. Este estudo visa
demonstrar as vantagens da inserção de novas tecnologias na arquitetura, e como a estrutura
metálica pode auxiliar o projeto arquitetônico. Como o aço pode ser aplicado em um centro de
cultura, de forma que possibilite torná-lo um marco para arquitetura e cultura sergipanas.
Afim de solucionar tais problemas foi utilizada a seguinte metodologia: Foi realizada
uma pesquisa em livros, artigos, sites, entre outras obras, que elucidaram assuntos como a
cronologia dos materiais, demonstrando a evolução tecnológica e aplicação do aço no mundo,
o aço no Brasil, para que possa ser compreendido o significado de cada item, como funcionam
e qual a sua importância.
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Também foram levantados os principais edifícios que utilizaram o aço como forma
estrutural e estética no país, buscando apresentar suas vantagens e desvantagens no projeto
arquitetônico.
Foi realizada pesquisa bibliográfica enfocando o programa de necessidades de um
centro cultural, visando aproximar o anteprojeto arquitetônico a sua necessidade real. Para
isso foi visitado o Museu da Gente Sergipana além das demais casas de cultura identificadas
em Aracaju e proximidades.
Por fim foi elaborado o anteprojeto arquitetônico do Centro cultural, cuja arquitetura
contemporânea e flexível proporcionará as mais diversas atividades como cinema, teatro e
uma grande área para exposições temporárias e acervo permanente, onde o povo sergipano
terá a oportunidade difundir a sua cultura. A edificação que estará sobre pilotis, será integrada
a paisagem, causando uma perfeita união com o seu entorno, sem causar agressão ao meio em
que ela se encontra. Ideais da arquitetura moderna foram aplicados ao projeto, como como a
planta de estrutura livre e os pilotis anteriormente citados. Foram utilizados elementos da
cultura local para composição em estrutura metálica, referenciais como Santigo Calatrava que
traz da anatomia humana elementos a serem inseridos em seus projetos, o Frank Gehry que
com o projeto Museu Guggenheim, Bilbao, conseguiu transformar uma cidade pacata sem
grandes atrativos turísticos em um ponto turístico de referência para a Espanha e o mundo. O
projeto foi implantado em terreno na cidade de Aracaju, Sergipe, cumprindo todos os
parâmetros legais referentes a legislação local e NBR-9050 para acessibilidade
Esta Trabalho foi estruturado e dividido em 4 seções para melhor compreensão do
leitor. A primeira seção comtempla uma análise do aço como elemento estrutural, visando
demonstrar seu processo de fabricação, suas características, e os materiais disponíveis para o
mercado brasileiro e internacional visando o conhecimento do material para aplicação no
projeto arquitetônico.
Na segunda seção foi realizado um breve levantamento histórico sobre o uso do aço
na arquitetura. Fazendo um breve panorama sobre a evolução do mesmo dos primórdios até os
dias atuais, visando esclarecer o porquê do longo atraso na utilização destes materiais no pais.
Trazendo também esclarecimento sobre as vantagens e desvantagens do emprego deste
material desde o projeto até sua construção. Efetuou a análise das primeiras edificações
concebidas em aço no Brasil. Contando também com uma linha do tempo da evolução da
utilização do aço na arquitetura brasileira e internacional.
Na terceira seção foram elaborados os estudos de caso, afim de aprimorar o
conhecimento especifico referente a este equipamento. Mapeamento de dados referentes a
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visitação de centros de cultura na cidade através da análise de dados fornecidos pelo Instituto
Banese que administra o museu da gente sergipana.
A quarta seção é composta pela proposta do anteprojeto arquitetônico do Centro
Cultural. Diagnostico do terreno e seu entorno assim como o levantamento da legislação
vigente no local, para isso foram feitas visitas aos órgãos responsáveis como a Empresa
Municipal de Obras e Urbanização – EMURB e Secretaria Municipal do Planejamento,
Orçamento e Gestão – SEPLOG. Além de breve levantamento histórico do bairro, visando
captar peculiaridades de sua cultura a serem inseridos ao projeto. Esta seção contempla
também o pré-programa de necessidades do ante projeto e a representação e por fim a
Conclusão do Trabalho.

2. O AÇO

2.1. O processo siderúrgico para produção do Aço


A metalurgia é um conjunto de tratamentos físicos e químicos a que os minerais são
submetidos para a extração dos metais. A siderurgia é a denominação dada para a metalurgia
do ferro e do aço, que gera os elementos usados na fabricação das peças estruturais.

Ao utilizar o termo estrutura metálica, muitas vezes, o ferro e o aço são erroneamente
citados como sendo um mesmo material. É importante a distinção de ambos, pois possuem
características diferentes e são utilizados na produção de componentes estruturais com
propriedades distintas.
Atualmente, as peças estruturais mais usadas na construção civil são produzidas em
aço, com composições químicas variadas para cada especificação determinada.
Os metais ferro e aço possuem em comum duas matérias-primas básicas: o minério
de ferro e o carvão, que pode ser vegetal ou mineral. O minério de ferro é composto pelo
elemento químico ferro (Fe), que é encontrado na natureza basicamente sob a forma de óxidos
(Fe + O).
O principal objetivo na produção dos metais ferro e aço é remover o oxigênio da sua
composição. O elemento químico ferro (Fe) é extraído do minério por meio de elevadas
temperaturas, obtidas dentro de fornos especiais, que retiram o oxigênio na presença do
carvão vegetal ou mineral, este último conhecido como coque. O coque, um material rico em
carbono, é constituído pelo carvão mineral purificado através de altas temperaturas.
O carvão vegetal foi primeiramente utilizado no Brasil devido à vasta oferta da nossa
flora, mas, com o aumento da devastação e com a falta de uma política de reflorestamento,
seu uso foi limitado, acarretando o aumento do custo.
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Já o carvão mineral nacional é rico em enxofre, o que proporciona um material de má


qualidade, necessitando de processos para a sua retirada, que também elevam o custo.
(FERREIRA, 1998)
Segundo Castro, 2008 o processo siderúrgico para a fabricação do aço consiste no
aproveitamento do ferro contido no minério, através da eliminação progressiva das impurezas
deste último, e pode ser dividido em quatro etapas (Ilustração 1):

a) Preparo de matérias-primas (minério de ferro e carvão minera): na Sinterização, é


produzido o sínter, que é o minério de ferro aglutinado, pois seus finos são
indesejáveis para o processo de obtenção do ferro-gusa no alto-forno; na Coqueria, é
produzido o coque (carvão mineral sem impurezas);
b) Produção do ferro-gusa no alto forno: o princípio básico de operação de um alto-forno
é a retirada do oxigênio do minério, que assim é reduzido a ferro (ferro-gusa);
c) Produção do aço: na Aciaria, é feito o processo de refino do ferro-gusa,
transformando-o em aço, e o ajuste da sua composição final, de acordo com o tipo de
aço produzido;
d) Conformação mecânica (Lingotamento e Laminação): o aço em estado líquido é
moldado e, em seguida, laminado, sendo conformado nos produtos desejados (chapas
grossas, chapas finas, perfis, etc.).

Ilustração 1 – Processo Siderúrgico

Fonte: DIAS, 2002

Como bem sintetiza Dias, 2002 o ferro-gusa é o produto da primeira fusão do


minério de ferro com o carvão no alto-forno, sendo uma liga metálica com alto teor de
carbono, cerca de 3,5 a 4,0%.
O ferro fundido possui o ferro-gusa como matéria-prima, adicionado de alguns
elementos químicos para a obtenção de um teor de carbono na liga metálica da ordem de 2,5 a
3,0%, o que lhe confere propriedades diferentes da do aço.
O ferro fundido difere substancialmente do ferro forjado ou batido. Este último
consiste em uma forma razoavelmente pura do metal com granulação lenhosa, que pode ser
trabalhado de diversas maneiras: torcido, martelado, enrolado, cortado ou esticado, tanto a
19

quente, quanto a frio. O tratamento na forja aumenta a elasticidade do material, enquanto que
a fundição aumenta sua rigidez, diferenciando esses dois tipos de ferro.

Como é facilmente moldável, o ferro fundido foi utilizado durante muitos anos na
fabricação de elementos estruturais, principalmente colunas e arcos, e de decoração.
Apesar de possuir uma boa resistência à compressão, resiste somente a leves tensões
elásticas (tração), devido ao alto teor de carbono. (CASTRO, 2008, p. 7)

Já o aço, como apresentado, se origina da redução do ferro-gusa em conversores


específicos na Aciaria, com a diminuição de teores de alguns elementos químicos prejudiciais,
como o enxofre, fósforo e silício, e a adição de outros elementos.
O teor de carbono presente no aço é da ordem de 2%, sendo, na maioria dos casos,
menor que 1%. Os aços utilizados na construção civil possuem um teor de carbono na ordem
de 0,18 a 0,25%.
Através da mudança da composição química do aço, podem-se obter variações nas
características físicas dos produtos finais. A adição de elementos químicos é feita quando o
material já está isento das impurezas do minério e em sua forma líquida.
Com o desenvolvimento da construção civil e da arquitetura, criaram-se aços mais
resistentes e mais leves, específicos para fins estruturais, ou seja, com elevada resistência
mecânica e resistência à corrosão. Estes aços são obtidos pela adição controlada de
determinados elementos químicos que lhes conferem características específicas, ou mesmo
pela eliminação de produtos indesejáveis.
As propriedades do aço, no entanto, não dependem apenas da sua composição
química. Além dela, características ditas microestruturais, resultantes de tratamentos térmicos,
de deformação mecânica e da velocidade de solidificação, conferem propriedades físicas,
mecânicas e químicas adequadas às suas diversas aplicações. (DIAS, 2002)
As usinas siderúrgicas podem também utilizar a própria sucata do aço como matéria-
prima em substituição ao minério de ferro, o que também diminui os custos da produção,
sendo assim denominadas usinas siderúrgicas não-integradas.
O aço pode ser reciclado um número ilimitado de vezes sem a perda de sua qualidade
e de suas propriedades. Atualmente a reciclagem do aço é uma realidade e processos
produtivos que privilegiam essa fonte alternativa têm sido desenvolvidos e aperfeiçoados.
No Brasil, como a oferta de sucata de boa qualidade ainda é pequena, os processos de
seleção e coleta devem ser mais divulgados para a conscientização dos setores envolvidos, e
novas tecnologias devem ser desenvolvidas.
20

Com a ampliação do uso do aço, consequentemente, obtém-se a ampliação da oferta


de sucata, o que diminui o consumo de minério de ferro na linha de produção do aço,
reduzindo seu custo.
Outros resíduos, oriundos de outras etapas da linha de produção, também são
aproveitados pela indústria: a escória do alto forno compõe 70% da matéria-prima de alguns
tipos de cimento, e a escória da aciaria pode substituir a brita de pedra na construção civil.
(CASTRO apud PARREIRAS, 2001)

2.2. Os produtos siderúrgicos


É no processo de laminação que os produtos siderúrgicos passam a obter uma
conformação final. Podem ser obtidas chapas denominadas grossas, cuja espessura varia de
6,30mm a 75,00mm, e chapas finas, em forma de bobinas, com espessuras de 8 mm a
0,45mm, estas laminadas a frio ou a quente, dependendo da espessura.

O uso de chapas finas fornecidas em bobinas não é aconselhável para a produção de


perfis soldados, pois as chapas têm a tendência de retornar à sua posição deformada
na bobina por ocasião da soldagem dos perfis. (CASTRO, 2008, p 08)

Perfis acabados podem ser conformados, também, diretamente do processo de


laminação com dimensões e espessuras diversas.
É importante que o arquiteto conheça os produtos oferecidos no mercado e suas
dimensões, que podem possibilitar inúmeras alternativas para a execução da estrutura (as
tabelas com dimensões de chapas e perfis são fornecidas por cada fabricante), principalmente
no caso da aplicação em edificações onde a racionalização da construção se faz necessária.
Juntamente com o engenheiro especializado, podem ser determinados os formatos e as
dimensões dos perfis adequados à forma arquitetônica e à estabilidade da estrutura para cada
projeto.

2.3. Os aços estruturais


O termo “aços estruturais” designa todos os tipos de aço que, devido às suas
propriedades, são ideais para o uso em elementos estruturais de edificações. Esses podem ser
classificados de acordo com suas propriedades e possuem as seguintes características:

 Aços-Carbono
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De acordo com a NBR 6215 – Produtos Siderúrgicos, o aço-carbono é aquele que


contém elementos de liga em teores residuais máximos admissíveis. Esses elementos são:
Cromo, Níquel, Alumínio, Cobre, Silício e Manganês. São denominados aços de média
resistência mecânica. Em função do teor de carbono presente, os aços-carbono podem ser
divididos em três classes:

 Baixo-Carbono: C ≤ 0,30%
 Médio-Carbono: 0,30% < C < 0,50%
 Alto-Carbono: C ≥ 0,50%

Um alto teor de carbono prejudica a soldabilidade das peças. Portanto, os aços mais
adequados à construção civil são os Baixo-Carbono, que podem ser soldados sem precauções
especiais.
Os principais aços utilizados são os ASTM-A-36 e ASTM-A-570 (especificados pela
American Society for Testing and Materials); e os NBR 6648/CG-26, NBR 7007/MR-250 e
NBR 6650/CF-26 (especificados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT),
que são produzidos pela maioria das usinas siderúrgicas brasileiras.

 Aços de Baixa Liga / Aços Patináveis

São aços com média e alta resistência mecânica, resistência à corrosão atmosférica e
excelente soldabilidade. O uso de aços com alta resistência mecânica proporciona uma
redução de espessura das peças estruturais, se comparado aos aços-carbono, o que implica um
menor consumo de material, sendo recomendado para a construção civil. Porém, esse tipo de
aço possui uma maior complexidade na fabricação, ocasionando custos maiores, sendo
necessário um estudo da viabilidade econômica para sua utilização.
No aço patinável, é feita a adição de pequenas quantidades de certos elementos
químicos, em especial o cobre, que cria uma barreira à corrosão do aço.
Quando expostos ao clima, ele desenvolve uma camada de óxido compacta e
aderente na sua superfície, a qual funciona como uma barreira de proteção, podendo ser
utilizado sem qualquer tipo de revestimento. Essa camada, ou pátina, somente surge após
ciclos alternados de molhamento e secagem. O tempo para o surgimento da proteção varia de
acordo com o tipo de atmosfera em que o aço está exposto, em geral de 18 meses a 3 anos.
Entretanto, após um ano, o material já apresenta uma homogênea coloração marrom clara.
22

O aço patinável pode ser utilizado com ou sem revestimento de proteção. A escolha
do modo como deve ser usado é baseada no tipo de atmosfera onde será implantado, que é
classificada em urbana, industrial, rural e marinha. Aconselha-se o uso de revestimento
quando as condições climáticas ou de utilização da estrutura não permitirem a formação da
pátina. Em regiões submersas ou sujeitas a respingos, onde não ocorram os ciclos de
molhamento e secagem, em ambientes industriais agressivos e à distância de até 600m da orla
marítima, é ideal o uso do revestimento de proteção.

 Aços Resistentes ao Fogo

Uma das preocupações existentes em relação ao uso da estrutura em aço é a sua


resistência ao fogo, em caso de incêndio. Com o desenvolvimento da tecnologia, foram
criados aços mais resistentes e que possuem um tempo maior de início de deformação da
estrutura, conferindo segurança para a evacuação das construções pelos usuários.
Os aços resistentes ao fogo são basicamente resultantes da modificação de aços
resistentes à corrosão atmosférica. As adições são ajustadas sempre no limite mínimo
possível, para garantir um valor elevado de resistência mecânica à tração, sem prejudicar sua
soldabilidade e a resistência à corrosão atmosférica, intrínseco do aço de origem.

2.4. Propriedades dos aços estruturais


Por ser um material industrializado, obtido sob rígido controle de qualidade, as
características da liga metálica são certas e confiáveis. Com isso, os coeficientes de segurança
utilizados no cálculo estrutural podem ser mais baixos.
Do ponto de vista da aplicação em estruturas segundo Dias (2002), o aço apresenta a
interessante característica de ter, aproximadamente, a mesma resistência à tração e à
compressão, sendo a primeira mais adaptável ao tipo de material. Em relação aos esforços de
compressão, pode ocorrer o fenômeno da flambagem, o que necessita do aumento das seções
dos perfis e/ou a criação de travamentos, denominados de contraventamentos, diminuindo o
comprimento livre da peça.3

Outras propriedades do material aço:

 Elasticidade: é a capacidade de retornar à forma original após o efeito de


carregamento e descarregamento (tensões de tração ou compressão). O aço deve
sempre trabalhar em sua
23

 Plasticidade: é uma deformação definitiva provocada pelo efeito de tensões


iguais ou superiores ao limite de escoamento do aço. Deve-se impedir que a tensão
correspondente ao limite de escoamento seja atingida nas seções transversais das
barras, como forma de limitar a sua deformação;

Tabela 1 - Diagrama Tensão – Deformação de peça estrutural de aço

Fonte: DIAS, 2002

 Ductilidade: é a capacidade de se deformar plasticamente sem se romper. As


vigas de aço sofrem grandes deformações antes de se romperem, o que constitui um
aviso da presença de tensões elevadas, diferentemente do ferro fundido, que não se
deforma antes da ruptura. Quanto mais dúctil o aço maior é a redução de área ou o
alongamento antes da ruptura;
 Tenacidade: é a capacidade de absorver energia quando submetidos a um
impacto. Um material dúctil com a mesma resistência de um material não-dúctil vai
necessitar de uma maior quantidade de energia para ser rompido, sendo, portanto, um
material mais tenaz.

Além disso, a composição química da liga de aço pode determinar características


importantes para a sua aplicação estrutural. A indústria deve buscar a quantidade exata do
material a ser adicionado, pois geralmente os componentes acabam por melhorar certa
qualidade do aço, em prejuízo de outra.

2.5. Perfis estruturais de aço


Os perfis de aço produzidos para a construção civil possuem diversos tipos e
dimensões, além de possibilitar diversas conformações.
24

Os perfis laminados são fabricados diretamente da linha de produção através de


blocos e tarugos, que são trabalhados a quente até chegarem à forma “I”, “H” ou cantoneiras.
Esses perfis podem possuir abas paralelas ou ser de padrão americano com abas inclinadas
(Ilustração 2).
Segundo Dias (2002), a oferta de perfis laminados de padrão americano no país é
bastante restrita. Além disso, eles possuem uma limitação quanto à disponibilidade de tipos e
à variedade de tamanhos, e a sua aba inclinada dificulta a execução de ligações.
É possível obter várias conformações a partir do uso conjugado de perfis (Ilustração
3) e também é permitida a execução de curvas nos dois sentidos das peças. O ideal é que se
utilizem raios longos, pois, com raios pequenos, é necessário o aquecimento dos perfis.

Ilustração 2 - Tipos de Perfis Laminados

Fonte: (CASTRO, 2008)

Ilustração 3 - Tipos de composições com Perfis Laminados de Padrão Americano

Fonte: (CASTRO, 2008)

Já os perfis soldados são obtidos pelo corte, composição e soldagem das chapas
planas de aço, o que possibilita uma grande variedade de formas e dimensões. Como foi
exposto anteriormente, os perfis para uso estrutural não devem ser provenientes de chapas na
forma de bobina, pois pode haver deformação quando aquecidas pela solda. Dessa forma,
25

apenas chapas denominadas grossas devem ser utilizadas, gerando perfis mais pesados que os
perfis laminados.
Esse tipo de perfil possui uma vantagem sobre o perfil laminado, porque para ele não
há limites de altura, já que o segundo fica restrito à capacidade da linha de produção de cada
fabricante.
A fabricação dos perfis soldados pode ser “artesanal” ou completamente industrial.
Os fabricantes de estruturas possuem uma gama de perfis com dimensões padronizadas. No
entanto, perfis especiais com conformações diversas podem ser encomendados e produzidos
com facilidade.
Os perfis podem ser também eletrossoldados, o que consiste em um processo
industrial em que a soldagem é feita por resistência elétrica, conhecida como eletrofusão, na
qual não há a deposição de outros materiais, como na solda comum.
A produção de perfis pode ser feita, ainda, pelo dobramento a frio de chapas de aço.
Esse tipo de fabricação também possibilita a criação de formas e dimensões diferenciadas,
além das padronizadas, guardadas as limitações dimensionais de suas linhas de produção
(Ilustração 4 - Perfis formados a frio (dobrados)
Como são utilizadas chapas mais finas em sua produção, esses perfis são indicados
para construções mais leves, sendo usados, principalmente, como barras de treliças, terças,
etc.
Esses perfis formados a frio são também utilizados para a construção dos painéis
estruturais do sistema construtivo steel-frame. Os perfis, no caso galvanizados, compõem
guias e montantes de vedações, lajes e cobertura, e são projetados para a absorção de cargas.
Os fechamentos podem ser feitos com diversos materiais, como gesso acartonado, placa
cimentícia, painéis OSB (Placas de Partículas Orientadas), etc.
26

Ilustração 4 - Perfis formados a frio (dobrados)

Fonte: (CASTRO, 2008)

Os perfis também podem ser tubulares, e, a partir da secção circular prensada, pode-
se produzir formas quadradas e retangulares (Ilustração 5). Esse tipo de perfil pode possuir
costura, sendo produzido por soldagem, ou sem costura, fabricado diretamente da laminação a
quente de barras de aço maciças. O primeiro possui uma limitação quanto ao seu
comprimento, devido ao tamanho da chapa; o segundo pode ser laminado em qualquer
comprimento.
Os perfis tubulares de médio e grande porte são muito utilizados como pilares, pois,
devido a sua geometria, seja ela circular, quadrada ou retangular, apresentam alta resistência a
flambagem.
Já os perfis de menores diâmetros são usados na fabricação de treliças planas e
espaciais. Além disso, juntamente com o uso de chapas, é possível a composição de perfis,
sendo utilizados como vigas e pilares (Ilustração 6).
27

Ilustração 5 - Perfis Tubulares

Fonte: (CASTRO, 2008)

Ilustração 6 - Composição de perfis conjugados com chapas e perfis tubulares

Fonte: (CASTRO, 2008)

2.6. Estruturas mistas


A determinação de um material para a execução de uma estrutura não pode passar
pela comparação direta entre eles. Não existe um material melhor do que o outro. Cada
projeto possui particularidades que variam de acordo com o seu programa de necessidades,
com o local a ser implantado, e até mesmo com a conjuntura econômica do país.
É preciso investigar as propriedades de cada material que possa atender a esses
requisitos, e escolher a opção mais técnica e financeiramente viável.
Muitas vezes, a utilização de materiais diferentes em uma mesma estrutura pode ser a
melhor solução. A estrutura de aço não pode ser considerada uma solução única e ideal para
todos os casos, e sua utilização também pode ser combinada com outros materiais, como
madeira e concreto, a fim de se obter um melhor resultado.
28

A partir do estudo das características de cada material e dos requisitos projetuais, o


engenheiro estrutural e o arquiteto podem propor uma utilização conjunta, aproveitando o
melhor desempenho de cada elemento.
Como exemplo, podemos citar o uso de peças mistas em aço e concreto, que propicia
um aumento da resistência à compressão da peça metálica e o melhor desempenho à tração do
concreto. Dessa forma, é possível diminuir suas dimensões finais e o consumo dos dois
materiais. Além disso, o revestimento dos perfis de aço com concreto cria uma proteção
contra altas temperaturas (Ilustração 7).

Ilustração 7 - Detalhe de perfis mistos – aço e concreto

Fonte: (CASTRO, 2008)

A compreensão das características do aço proporciona o melhor entendimento do


comportamento estrutural de seus componentes. Além disso, o conhecimento da variedade de
peças existentes no mercado e das possibilidades de conjugações de perfis e de outros
materiais facilita a absorção dos conceitos necessários para a concepção e o desenvolvimento
do objeto arquitetônico de forma criativa e racional.

3. O USO DO AÇO NA ARQUITETURA E NA CONSTRUÇÃO CIVIL

3.1. Histórico mundial

Não há como precisar a origem do ferro, há quem diga que foi de forma ocasional,
um minério acidentalmente foi fundido em uma fogueira. O vestígio mais remoto deste metal
29

é um conjunto de quatro esferas de ferro, datadas de 4000 a.C., encontradas em El-Gezivat, no


Egito. (CASTRO, 2008 apud BRAGA, 1998). O aço foi descoberto muito tempo depois, com
a utilização de ferro maleável e carvão vegetal, porém, seu processo produtivo levava dias,
com isso o material não se tornou vantajoso e entrou em desuso.
Ainda no séc. XVII já foi possível perceber a utilização do ferro na arquitetura,
sendo apenas utilizado como elemento estrutural, um grande exemplo disso é a Iglesia de
Sainte-Geneviéve de J. G. Souft obra do ano de 1770 que em sua construção, o ferro foi
utilizado largamente com a finalidade de fortalecer a sua estrutura.

Ilustração 8 - Projeto da Iglesia de Sainte-Geneviéve, 1770

Fonte: BENÉVOLO, 1996

Em meados do século XVIII segundo diz Benévolo (1996) a ideia da primeira ponte
de ferro foi construída entre 1777 a 1779, sobre o rio Severn, próximo a cidade de
Coalbrookdale. Pensada pelo arquiteto T.F. Richard, de Shrewsbury, contava com um arco
pleno e um vão de 100 pés ou cerca de 31 metros, através de um sistema de dois semiarcos
fundidos. (Ilustração 9)
30

Ilustração 9 - Ponte sobre o rio Severn em Coalbrookdale

Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Bridge#mediaviewer/File:Ironbridge_6.jpg

A partir de então o ferro já começa a ser utilizado como material construtivo,


marcando assim uma história bastante densa de uso do ferro em construções diversas na
Europa e Estados Unidos. Elas eram compostas por um grande número de pedaços de gusa,
colocados uns ao lado do outro como os pedaços de pedra, garantindo assim uma maior
resistência que por sua vez permite que sejam alcançados vãos maiores e com peso bem
menor, fazendo com que o tempo para execução seja bem menor, pois as partes já chegavam
trabalhados das fundições. O uso do ferro como elemento estrutural permitiu uma maior
agilidade e a industrialização do processo construtivo.
No Século XVII a construção já começava a utilizar a gusa em seu processo
construtivo, sendo aplicada em vigas e colunas formando assim um esqueleto que era
utilizado em muitos edifícios industriais, pois permitiam cobrir grandes espaços por sua
leveza e por serem não inflamáveis. Os edifícios que não utilizavam a gusa tinham estrutura
muito pesada além de serem escuros e mal arejados.
O ferro já começa a mostrar sua utilidade como elemento essencial na evolução dos
materiais na arquitetura e engenharia, ele não só mostra sua versatilidade como elemento
estrutural evitando estruturas de escala monumental, mas como também elemento estético,
pois sua maleabilidade permitiria formas que jamais seriam possíveis com outros materiais
existentes naquele momento. Como expôs Benévolo (1996) “Todas essas aplicações são
possíveis pelo desenvolvimento extraordinário da indústria siderúrgica inglesa”.
A partir do século XIX a utilização do ferro que era feita em sua maioria por artistas,
cientistas e industriários, passou a ser feita pelos ferreiros mecânicos e forjadores que, com
31

suas habilidades e trabalho manual, puderam desenvolver as bases da produção do ferro e do


aço, que posteriormente viria a ser utilizado por arquitetos na construção de monumentos à
sociedade moderna. Com isso o ferro assim como o aço passam a ser produzidos em escala
industrial o que trouxe uma grande queda nos custos destes materiais.

Em 1856, a descoberta do inglês Hery Bessemer de que a injeção de um jato de ar


no ferro em fusão eliminaria quase todos o carbono do banho, convertendo desta
forma o ferro-gusa em aço, permitiu a produção do aço em escala realmente
industrial, baixando seu preço a um sétimo do valor que vigorava antes da
introdução do novo processo. (DIAS, 2001 p. 21)

Deste momento em diante a indústria siderúrgica é obrigada a se aprimorar para


atender à demanda de um mercado em ebulição na Europa e nos Estados Unidos. Essa grande
demanda é consequência do desenvolvimento dos transportes, principalmente da criação das
ferrovias.

O crescimento da indústria siderúrgica, certamente promovido pela implantação das


redes ferroviárias, não somente britânicas como também europeias, ensejou a
perspectiva de produção de ferro e aço em uma escala nunca vista anteriormente.
(SILVA, 1986)

A construção do Palácio de Cristal de Praxton, 1851, em Londres, foi um marco para


aquela época, nele foram reunidas as principais características da nova arquitetura, utilizando-
se do ferro, vidro e madeira. A edificação fez muito sucesso, pois reunia o que se tinha de
mais avançado em termos de tecnologias construtivas. (Ilustração 10)

Ilustração 10 - Palácio de Cristal (1851: Joseph Praxton)

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Crystal_Palace
32

Em 1885 ocorreu um grande avanço, as vigas de ferro forjado foram substituídas


pelas laminadas de aço doce. Pela primeira vez produzidas na américa do norte pela Carnegie
Steel Company, precursora da United States Steel. Após essa inovação, a coluna de ferro
fundido caiu rapidamente em desuso
Em 1889, aconteceu a Exposição Universal de Paris, em comemoração ao Primeiro
Centenário da Revolução Francesa, onde duas obras se destacaram. A primeira foi a Galerie
de Machines (Ilustração 11), projetada pelo arquiteto Ferdinand Dutert e pelo engenheiro
Vitor Contamim. O pavilhão de exposição, com um vão livre de 115m, que excedeu em
tamanho tudo que tinha sido construído anteriormente, representou a união dos
conhecimentos dos materiais e dos princípios estruturais.
A Galerie de Machines assim como os demais edifícios de exposições anteriores
demonstraram uma estreita ligação entre a forma arquitetônica e a solução estrutural. Giedion
(apud EGGEN; SANDAKER, 1995) comparou a junção de pilar com o solo, adotada na
galeria, como uma bailarina na ponta dos pés (Ilustração 12).

Ilustração 11 – Galerie de Machines, Paris, 1889 Ilustração 12 – Detalhe Pilar – Galerie de


Machines, Paris, 1889

Fonte:
http://coveredstreet.wordpress.com/2010/05/23/gal
erie-des-machines-paris/

Fonte:
http://coveredstreet.wordpress.com/2010/05/23/gal
erie-des-machines-paris/

Como bem sintetiza Castro (2008, p 24), A partir deste momento, todas as
exposições que viriam a seguir tornaram-se um importante evento para a apresentação do
potencial da industrialização da construção, tanto do ponto de vista da arquitetura, quanto dos
sistemas estruturais. Os edifícios construídos com a estrutura metálica representavam a lógica
industrial da época. Compostos com peças pré-fabricadas, eles eram montados nos canteiros
de obra como “jogos de armar”.
33

Os Estados Unidos da América foram os primeiros a ter a oportunidade de mostrar o


que realmente poderia ser feito, em 1897, após um incêndio que destruiu grande parte da
cidade de Chicago, os arquitetos utilizaram os mesmos princípios estruturais da estrutura
independente como base para construção; porem desta vez não mais utilizaram o ferro, mas
sim o aço, que se mostrou um material mais leve que o ferro, sendo utilizado para construção
de grandes edifícios.
O primeiro edifício de múltiplos andares totalmente concebido em aço que se tem
conhecimento foi o Home Insurance Building em Chicago, Illinois, Estados Unidos, o edifício
tinha 42 metros de gabarito de altura e contava com 10 andares, sendo considerado até aquele
momento o primeiro arranha-céu do mundo (Ilustração 13). O arquiteto foi William Le Baron
Jenney, a sua estrutura continha apenas um terço do peso que os outros edifícios de pedra
tinham. Sendo assim o precursor dos grandes arranha-céus.

Ilustração 13 - Home Insurance Building, Chicago, 1897

Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Home_Insurance_Building
34

O aço já não precisava provar sua eficiência, ele havia alcançado o seu lugar como o
material ideal para ser utilizado na construção civil, sua versatilidade e praticidade na
construção, o levaram ao mundo, e no final do século ele já dominava as construções dos
grandes edifícios de Nova York, que passou a ser a principal cidade na construção dos
edifícios Altos.
Um verdadeiro renascimento do uso de estruturas metálicas ocorreu no século XX,
em meados dos anos 70, com o Centro Pompidou, em Paris (Ilustração 14), de Renzo Piano e
Richard Rogers. Estes desenvolveram obras de alta precisão e tecnologia, tendo essa sua obra
como um manifesto que difundiu novamente o emprego do aço aparente na arquitetura.

Ilustração 14 – Centro George Pompidou, França, 1977, Autoria – Renzo piano e Richard Rogers

Fonte: www.laparola.com.br

Dessa forma, abriu-se caminho para novos usos e pesquisas formais na área,
atingindo-se a maturidade em várias obras, citando-se como exemplo o projeto do City Hall
de Londres, Reino Unido do arquiteto Norman Foster (Ilustração 15), que nos apresenta com
destreza um novo cenário de possibilidades na utilização do aço na arquitetura. Não só num
plano ortogonal, como também a arquitetura de linhas orgânicas, contemporânea.
35

Ilustração 15 - City Hall, Londres, Reino Unido, 2002 – Autoria – Norman Foster

Fonte: http://abduzeedo.com/node/19061

3.2. O Aço no Brasil

No Brasil por volta do século XVIII a Coroa portuguesa se ocupava apenas de


arrecadar impostos, não havia qualquer intensão de melhorar a infraestrutura, priorizando
apenas a exploração do ouro.
A Rainha D. Maria I, tornou ilegal a instalação de novas fábricas produtoras de ferro
na Colônia, esta medida visava impedir o crescimento da industrialização que estava
acontecendo em minas. Com isso a região ficaria responsável apenas pela exploração do
minério e de atividades elementares, fazendo com que o restante fosse importado, gerando um
comércio intenso e lucrativo para Portugal.
Com a Carta Regia de 1799, foram suspensas as proibições e começaram a serem
criadas pequenas fábricas em Minas, mas somente após a chegada da Família Real ao Rio de
janeiro, em 1808, foi tomada a primeira ação para incentivo a indústria siderúrgica, com a
isenção de impostos sobre as matérias primas destinadas a produção do ferro. Apesar do
impulso econômico nos séculos XVIII e XIX, a siderurgia pouco se desenvolveu durante a
monarquia. A mudança só veio a partir de 1844 com a criação do Ministério da Fazenda, que
aumentou a taxa de importação de 16% para até 60% fazendo com que a produção local fosse
mais viável economicamente que a europeia.
36

Devido a esses fatores, o ferro produzido no país não conseguiu competir com o
material que era importado da Inglaterra. A transferência da corte portuguesa para o Brasil
intensificou o comércio com a Inglaterra, através de diversos tratados assinados por Portugal.
Isso também contribuiu para que a concorrência com os produtos ingleses impedisse o
desenvolvimento da metalurgia no país. O Brasil passou, então, a receber objetos “modernos”,
fruto de uma tecnologia de ponta para a época, sem passar por um processo de
industrialização. A arquitetura de ferro existente no país evidencia essa incongruência.
O ferro importado pelo país vinha em forma de produtos acabados, como grades,
guarda-corpos, máquinas industriais e agrícolas. A importação contribuiu para o
desenvolvimento das ferrovias e, como na Europa, foram construídas várias estações e
edifícios de apoio com a estrutura em ferro fundido.
A partir da segunda metade do século XIX, a burguesia emergente, enriquecida pelo
cultivo do café (na região sudeste) e da borracha (na região norte) e pelo desenvolvimento do
comércio, voltava-se para o consumo dos produtos europeus. Edifícios inteiros são
comprados, desde teatros, mercados até estações ferroviárias.
Nesse período, a região amazônica era a única produtora de borracha do mundo, o
que promoveu um rápido enriquecimento de seus exploradores, fazendo com que Belém, a
maior cidade dessa área, fosse um dos centros urbanos brasileiros que mais importou edifícios
de ferro da Europa. Pode-se citar como exemplo dessa arquitetura, ainda presente na cidade, o
Mercado do Ver-o-peso (Ilustração 16) e o antigo Mercado Municipal, atualmente o Mercado
de Carne (Ilustração 19).
Desta forma, a arquitetura metálica no país se inicia através da importação de
estruturas, principalmente em ferro fundido, de países europeus. Essa arquitetura marcou uma
época e muitos exemplares ainda podem ser vistos em algumas cidades brasileiras: o Teatro
José de Alencar, em Fortaleza, (Ilustração 17), o Mercado Municipal de Manaus, o Palácio de
Cristal em Petrópolis (Ilustração 18), etc.
37

Ilustração 16 - Mercado Ver-o-peso – Belém

Fonte: (CASTRO, 2008)

Ilustração 17 - Teatro José de Alencar - Fortaleza

Fonte: (CASTRO, 2008)


38

Ilustração 18 - Palácio de Cristal - Petrópolis

Fonte: (CASTRO, 2008)

Ilustração 19 - Mercado de Carne – Belém

Fonte: (CASTRO, 2008)

São Paulo também foi uma das cidades que mais importou edifícios europeus. Um
exemplo ainda existente é a Estação da Luz (Ilustração 20), que adotou um partido semelhante
às estações londrinas. Sua construção é atribuída a várias empresas, e a estrutura de ferro não
dispensa acréscimos decorativos muito utilizados na época.

Seus edifícios [...] vinham completos e podiam ser montados facilmente. Os


componentes modulados, em ferro fundido, formavam a estrutura que era montada
39

com a ajuda de uns poucos parafusos. Frisos e acabamentos ornamentais eram


acrescentados ao gosto do usuário, para criar instantaneamente um estilo. (CASTRO
apud COSTA, 2001)

Ilustração 20 - Estação da Luz – São Paulo - Arquiteto Charles Henry Driver

Fonte: (CASTRO, 2008)

Durante a Primeira Guerra Mundial, a importação de ferro e de aço é dificultada e a


demanda por estes materiais aumenta. Com isso, o setor siderúrgico começa a se desenvolver
no Brasil.
Entre 1917 e 1930, com a criação, em Sabará/MG, da Companhia Siderúrgica
Brasileira, a siderurgia nacional deu um grande salto com a construção de um alto-forno mais
moderno. Em 1922 a empresa se transformou na Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, e em
1937, inaugurou uma fábrica em João Monlevade/MG, que passa a produzir pequenos
perfilados e arames.

Em 1930, a produção da Belgo-Mineira e de outras pequenas instalações somava 21


mil toneladas de aço e 36 mil toneladas de ferro-gusa, e as importações de artefatos
de ferro e aço ultrapassavam a cifra de 300 mil toneladas. (ZACCARELLI apud
DIAS, 2001).

Na década de 30, o então presidente Getúlio Vargas investe na industrialização do


país, e o setor siderúrgico se desenvolve para sustentar a construção de novas fábricas. A
indústria pesada acaba gerando altos lucros para as usinas siderúrgicas, que não investiram na
construção civil e cresceram voltadas para atender a outros setores industriais, principalmente
o automobilístico.
40

Não era fácil produzir o aço no Brasil, pois haviam muitas dificuldades tecnológicas
para colocar os produtos no mercado. Somente em julho de 1938, ocorreu a primeira corrida
do aço.
Em 1942, é criada a Usina da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), em Volta Redonda,
no Estado do Rio de Janeiro, e a Companhia Vale do Rio Doce, para exploração do minério de ferro.
Os primeiros edifícios projetados e construídos totalmente em aço, são datados de
1953 em diante, quando foi criada a Fábrica de estruturas metálicas – FEM, com isso foi
treinada mão de obra qualificada para tal, possibilitando o uso em grande escala do material
no pais. O primeiro edifício em estrutura de aço no Brasil foi o Edifício Garagem América –
São Paulo, de 16 andares, em 1957. (Ilustração 21) A partir de então, os projetistas brasileiros
passam a implementar em seus projetos o uso do aço, com um atraso cronológico de
aproximadamente 70 anos em relação a américa do norte e Europa.

Ilustração 21 - Edifício Garagem América, 1957, Autoria - Rino Levi

Fonte: Google Imagens

Sendo assim, somente no final da década de 50 e na década de 60, a estrutura de aço


começa a ser utilizada no país. Nesta época, a estrutura de aço era usada
basicamente como um esqueleto interno do edifício e sua forma e seu sistema
estrutural eram pouco trabalhados. (CASTRO, 2008)
41

Somente nos anos 80, a siderurgia do Brasil atinge um patamar de excelência, com
produtos que possuem certificados de qualidade exigidos mundialmente.
Nesse período também, o emprego do aço como expressão arquitetônica passa a ser
significativo, quando a estrutura começa a surgir nas fachadas das edificações e a fazer parte
da arquitetura. Aos poucos, os arquitetos passam a trabalhar essa estrutura como parte
integrante da composição e da concepção de seus projetos (Ilustração 22 e 23).

Ilustração 22 - Edifício Casa do Comércio, Ilustração 23 - Sede Associação Brasileira de Metais,


Salvador, 1987 – Autoria - Jáder Tavares, Otto São Paulo, 1984
Gomes e Fernando Frank

Fonte: (DIAS, 2002) Fonte: (DIAS, 2002)

3.3. As vantagens do aço na Arquitetura


No processo de criação do projeto arquitetônico, as ideias iniciais e os principais
balizadores das decisões tomadas surgem a partir dos anseios do cliente, do local (terreno /
lugar / entorno / cidade) onde a edificação será implantada, do programa de necessidades, da
legislação vigente, da disposição de investimentos, etc.
As soluções técnicas, principalmente a estrutura, devem surgir simultaneamente
nesse processo inicial como instrumento viabilizador da obra. A concepção formal e a
estrutural possuem uma relação intrínseca. O arquiteto, como definidor da forma e da
concepção estrutural, deve, ainda no processo de criação do projeto arquitetônico, determinar
o tipo de estrutura que será utilizada.
Não se pode afirmar que a estrutura de aço é “melhor” ou “pior”, “mais cara” ou
“mais barata” que a estrutura em concreto armado. Cada método construtivo tem suas
características e particularidades que são viáveis ou não, dependendo de cada caso particular.
Além disso, não pode ser feita uma comparação direta de custos apenas em relação às
42

estruturas; é preciso levar em consideração a influência que um tipo de estrutura terá sobre
todo o andamento do projeto e da obra.
Segundo bem esclarece Castro, a estrutura de aço possui particularidades que devem
ser conhecidas desde a concepção formal do projeto. Podem-se citar algumas características
que influenciam a escolha desse processo construtivo:

 Possibilidade de vencer grandes vãos, com peças mais leves, portanto, mais
esbeltas;
 Dimensões menores de vigas e pilares (a resistência é obtida através da
variação de espessura das chapas), acarretando um maior aproveitamento dos
espaços;
 Alívio das cargas nas fundações, ideais para determinados tipos de terrenos;
 Construção por montagem, industrializada, o que exige uma maior precisão no
projeto e maior rapidez e racionalização da execução.

Como seu processo executivo passa pela industrialização da construção, o projeto


deve ser pensado de uma forma diferente do processo “artesanal”.
A solução geométrica quadrada é a mais ligada à lógica da estrutura metálica, pois
possui uma melhor estabilização das cargas. No entanto, esta não pode ser considerada a
única possibilidade da arquitetura em aço.
Através do processo de calandragem, é possível obter formas curvas em todos os
sentidos do perfil, sendo aconselhável o uso de raios longos. Já os raios mais curtos são de
difícil execução, sendo feitos diretamente no corte das chapas (Ilustração 24).
43

Ilustração 24 – Perfil Acalandrado

Fonte: (CASTRO, 2008)

Exemplos das possibilidades formais, são os projetos do Edifício Comercial 30St.


Mary Axe, em Londres (Ilustração 25 a 26) e do Museu Guggenheim, em Bilbao, na Espanha
(Ilustração 28 a 25). Estes dois projetos utilizam uma padronização de peças metálicas
retilíneas para a composição de formas curvas.
44

Ilustração 25 - Edifício 30St. Mary Axe, Londres, Ilustração 26 - Edifício 30St. Mary Axe, Londres,
Autoria – Norman Foster Autoria – Norman Foster

Fonte: http://constructalia.arcelormittal.com/ Fonte: http://constructalia.arcelormittal.com/

Ilustração 27 - Construção Edifício 30St. Mary Axe, Londres, Autoria – Norman Foster

Fonte: http://www.viewpictures.co.uk
45

Ilustração 28 – Construção Guggenheim Bilbao, Ilustração 29 – Construção Guggenheim Bilbao,


Espanha, 1997 – Autoria – Frank Gehry Espanha, 1997 – Autoria – Frank Gehry

Fonte: http://www.arch.mcgill.ca/prof/sijpkes/abc-
structures-2005/Lectures-2005/lecture-9/bilbao-
constructionA.jpeg
Fonte:
http://eliinbar.files.wordpress.com/2011/12/scan_d
oc0026.jpg

Ilustração 30 - Guggenheim Bilbao, Espanha, 1997 – Autoria – Frank Gehry

Fonte: http://guggenheim-bilbao.es/

Outro requisito fundamental para o uso da estrutura de aço é o controle dimensional.


Como os componentes são fabricados fora da obra e o processo executivo é feito por
montagem, é necessário um rigoroso dimensionamento, baseado na teoria de ajustes que
inclui os conceitos de folga e tolerância. As peças estruturais devem-se encaixar, e esse
controle deve-se iniciar no projeto arquitetônico, englobando todos os componentes
construtivos utilizados na obra.
46

O controle dimensional remete à necessidade do detalhamento do projeto


arquitetônico com o uso da estrutura metálica. As tolerâncias de fabricação e montagem da
estrutura são da ordem de milímetros e é necessário que o projeto e a construção possuam
acoplamentos perfeitos entre os diversos elementos, mesmo os que possuam formas
geométricas complexas.
Outro fator importante é que os demais projetos (elétrico, hidráulico, etc.) sejam
feitos em conjunto com a definição arquitetônica e estrutural, levando-se em consideração os
condicionantes específicos da estrutura de aço.
A partir desses aspectos, o detalhamento passa a ser uma fase importante de projeto
para evitar erros de acoplamento que geram desperdício e retrabalho. É necessário que o
detalhe arquitetônico tenha uma precisão de milímetros e que seja desenvolvido a partir do
conceito dado pela engenharia simultânea para o projeto de produção.

A solução integrada (projeto arquitetônico, civil e complementares0), a visão do


todo arquitetônico e dos detalhes racionaliza o processo de projeto e construção,
simplifica os processos de fabricação – montagem e acabamentos, torna os custos
compatíveis com soluções propostas e contribui para atingir os objetivos propostos
para a utilização do aço na construção. (CASTRO, 2008 Apud SANTOS, 1984, p
54)

O projeto arquitetônico de edifícios em estrutura metálica permite com destreza o


emprego de outros materiais complementares industrializados e pré-moldados, possibilitando
uma construção mais econômica que garante ao projeto, grandes vãos livres e uma grande
liberdade de formas. Nem sempre o bom resultado da construção metálica estará em
economia de dinheiro, ou tempo de execução, no entanto o seu maior triunfo pode estar num
resultado de forma e plástica do edifício que vem a fazer valer a pena todos os demais
resultados negativos.

A arquitetura do aço, quando bem utilizada, produz em função das características do


aço construções leves, modernas e arrojadas, mas nem sempre com excelentes
resultados econômicos. (BELLEI; PINHO, F.; PINHO, M., 2008, p. 22).

A estrutura metálica pode ser utilizada em quase todos os tipos de construções civis
sendo aplicado a edifícios escritoriais, residenciais, mistos, comerciais, escolas dentre outros
47

mais. O projeto com estrutura em aço pode trazer muitas vantagens como a alta resistência do
aço em comparação com outros materiais, por ele ser um material homogêneo de produção
controlada, suas estruturas são produzidas em fabricas por processos industrializados seriados,
cujo efeito de escala favorece a menores prazos e menores custos, os elementos das estruturas
metálicas podem ser desmontadas e substituídos com facilidade e permitem também reforço
quando necessário, a possibilidade de reaproveitamento do material que não seja mais
necessário à construção além do menor prazo de execução se comparado com outros
materiais.
Com as vantagens acima descritas, se faz necessária a criação de um novo processo
construtivo que tem como principais vantagens:

Tabela 2 – Benefícios do uso do aço na construção civil


VANTAGEM PORQUE?
Devido ao menor custo de operários, menor prazo de uma
Menor custo de administração obra e uma redução substancial dos gastos com limpeza da
obra.
Devido ao menor peso do edifício em aço (O esqueleto
metálico pesa em média dez vezes menos que o de
Economia nas fundações concreto), possibilitando uma redução do número de estacas
por base e/ou número de bases com o emprego de vãos
maiores.
Devido à maior precisão de fabricação das estruturas
metálicas (Milímetros e não centímetros), haverá uma
Menor consumo de revestimento
redução significativa nas espessuras dos revestimentos
(Emboço e reboco).
Pela possibilidade de superposição de diversas atividades
Rapidez de execução na obra, bem como um número maior de frentes para a
mesma atividade.
Devido à maior velocidade de giro do capital investido e à
Maior lucratividade do
maior área útil com elementos estruturais de menores
investimento
dimensões.
Dados: (BELLEI; PINHO, F.; PINHO, M., 2008, p. 23,24)

Essas vantagens podem ser ampliadas se o projeto arquitetônico estiver direcionado


para o emprego da estrutura metálica e a utilização de outros componentes pré-fabricados. No
Mundo existem alguns exemplos marcantes da soma de bons projetos com o uso do aço.
48

Um dos grandes projetos de Santiago Calatrava demonstra o quanto é possível


agregar valor estético ao projeto com o uso do aço, na Estação Oriente, Lisboa, Portugal ele
criou toda concepção do projeto em um módulo de cobertura metálica, que se repete,
formando a cobertura do edifício, trazendo identidade ao projeto e saindo da monotonia das
treliças comuns que normalmente são utilizadas para grandes vãos. (Ilustração 31).

Ilustração 31 - Estação Oriente, Lisboa, 1998, Autoria - Santiago Calatrava

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/-Z8fNfUsAv8w/UGorDOBLFNI/AAAAAAAAAUI/2SZpfk4AtkE/s1600/
Gare_do_Oriente.jpg

É perceptível o quanto a estética da arquitetura ganhou ao longo dos anos com o


emprego do aço nos projetos. Hoje no mundo existem projetos incríveis que só foram
possíveis de executar graças a utilização do aço no projeto. Um exemplo disto no país é a
construção do estádio Vivaldo Lima também conhecido como a Arena Amazônia, em
Manaus. Na qual toda sua cobertura e fechamento foi feita em analogia ao formato de um
cesto de palha indígena, trazendo assim uma maior proximidade com a população local e
levando elementos da cultura daquele povo para uma arquitetura contemporânea em aço.
(Ilustração 32).
49

Ilustração 32 - Arena Amazônia, Manaus, 2014, Autoria - Ralf Amann

Fonte: http://arcoweb.com.br/finestra/tecnologia/gmp--grupo-stadia-arena-da-amazonia-manaus

Neste contexto, a proposta para este TFG é de implementar elementos da cultura


local no anteprojeto arquitetônico de um Centro Cultural, onde o aço não seja só um
coadjuvante, mas que de fato seja o elemento principal para o resultado final do projeto.
Permitindo aproximar esta tecnologia do dia-a-dia da cadeia produtiva da construção civil.

3.3.1. Prevenção de patologias da estrutura de aço no projeto arquitetônico

Assim como qualquer outro material o Aço tem a necessidade de cuidados para a
prevenção de possíveis patologias, para evitá-las se faz necessário conhecer um pouco mais
do que elas são e as principais maneiras de combatê-las. As patologias não surgem devido a
fatores isolados; elas têm origem a partir de um conjunto de variáveis que podem ser
classificadas de acordo com o processo patológico, com os sintomas, com o período do ciclo
de vida da edificação em que ocorreram, e com seus agentes causadores.
Com o desenvolvimento da tecnologia da construção em aço, surge a preocupação
com as patologias oriundas desse tipo de material e com as medidas de prevenção que devem
ser tomadas.
Segundo Pravia e Betinelli (2003), as patologias mais comuns em estruturas de aço
são:
 Corrosão;
 Deformações excessivas;
 Flambagem local ou global;
50

 Fraturas e propagação das mesmas.

Os profissionais responsáveis pela construção devem trabalhar a partir de uma visão


preventiva e não corretiva. Logo, a partir do conhecimento das patologias de ocorrências
prováveis, é necessário buscar soluções para a sua prevenção.
Podemos, também, inserir, junto às medidas tomadas para se evitar as patologias
citadas, a prevenção e a proteção da estrutura contra altas temperaturas, no caso de incêndio.
Como foi apresentado no início deste capítulo, é na fase de projeto que são tomadas
as decisões de maior repercussão nos custos, velocidade e qualidade do empreendimento.
Essa etapa também está ligada à determinação da durabilidade da construção, a partir da
especificação dos materiais e componentes e de seus detalhes executivos.
Além disso, o planejamento prévio, através do projeto, define as diretrizes de uma
manutenção estratégica, sendo importante considerar o seu custo no projeto e na vida útil da
edificação.
Dessa forma, entre as patologias citadas, consideraram-se, para este trabalho, as que
mais interferem na concepção e no projeto do arquiteto: a corrosão e a proteção contra
incêndio.
Como a estrutura de aço possui essas particularidades, é necessário que o arquiteto as
conheça e saiba como proceder, pois o projeto deve também prever a vida útil da construção.
Assim, na fase de definição do projeto, todos os detalhes e especificações devem ser
considerados para a prevenção das patologias.

3.3.2. A corrosão
O homem utiliza energia para transformar materiais presentes na natureza em
produtos industrializados. Já a natureza, através das ações do intemperismo, tem a tendência
de fazer com que eles retornem ao estado original.
No caso dos metais, que são encontrados na natureza na forma de minério (óxidos e
sais) e necessitam de grande quantidade de energia para sua obtenção, a corrosão é o processo
inverso, surgido a partir da ação de determinados agentes naturais.
A corrosão (oxidação) é um processo espontâneo e contínuo, podendo ser entendido
como inverso ao da metalurgia (redução). O oxigênio, retirado do minério de ferro durante o
processo de produção do ferro e do aço, tende a voltar a se combinar novamente com estes,
retornando à forma de óxido de ferro.
51

A corrosão atmosférica dos metais pode ser de origem química ou eletrolítica. A


primeira ocorre quando uma superfície metálica entra em contato com um tipo de gás
poluente, havendo uma reação entre os dois, com a formação de um sal ou de um óxido.
Esse óxido formará uma camada sobre a superfície do metal que pode ser permeável
à difusão de oxigênio. Nessa camada, ocorre, então, a difusão de íons do metal e do oxigênio,
e, mesmo se for removida por algum processo, como abrasão, por exemplo, a oxidação
permanecerá e a espessura do metal diminuirá progressivamente.
Já a corrosão eletrolítica, o tipo mais comum, envolve tanto reações químicas, quanto
fluxo de elétrons, incorporando três constituintes essenciais:

[...] o anodo, o catodo e uma solução eletricamente condutora. O anodo (-) é o local
onde o metal é corroído, a solução eletricamente condutora é o meio corrosivo, e o
catodo (+) é a parte da mesma superfície metálica (ou outro metal em contato com
ela) que constitui o outro eletrodo da cela, e não é consumido pela corrosão.
(CASTRO apud PANNONI,2002)

Portanto, o processo de corrosão eletrolítica consiste de elétrons fluindo dentro do


metal e íons fluindo dentro do eletrólito superficial. Este eletrólito superficial deve conter
simultaneamente água e oxigênio. Na ausência de um desses elementos, não haverá corrosão.
A velocidade do desenvolvimento do processo corrosivo depende da condutividade
do meio em que o metal se encontra. Esta será menor em meios pouco condutores, como a
água pura, ou será maior em meios condutores, como a água do mar e soluções ácidas.
É importante ressaltar que a corrosão acontece no anodo, sendo o catodo não
atingido pelo ataque. No entanto, com o tempo, as áreas catódicas se tornam anódicas, e toda
a superfície acaba-se corroendo de modo uniforme (Ilustração 33).

Ilustração 33 – Processo de corrosão

Fonte: CASTRO, 2008


52

A Corrosão Galvânica é uma forma bastante comum de corrosão eletrolítica. Essa


acontece quando dois metais diferentes entram em contato e estão em um mesmo meio
condutor, o que forma uma “pilha”. Um dos metais acaba por ceder elétrons ao outro, ou seja,
se corrói (anodo), enquanto o que recebe os elétrons vai se corroendo mais lentamente
(catodo). Dessa forma, considera-se que o metal que foi menos corroído foi “protegido” pelo
que se corroeu mais rapidamente.

Ilustração 34 – Corrosão Galvânica

Fonte: CASTRO, 2008

Assim, é importante conhecer o potencial de corrosão galvânica de cada metal para


especificações de projeto. Através de Tabela de Série Galvânica, pode-se analisar o comportamento de
um metal na presença de outro. Os metais situados no topo da tabela, quando utilizados em contato
com os metais situados na base da mesma, sofrerão uma corrosão mais acelerada. Já estes últimos
serão “protegidos”, ou seja, o processo de corrosão se iniciará mais lentamente (Tabela 3).
53

Tabela 3 – Tabela de serie galvânica

Fonte: CASTRO, 2008

A corrosão pode ser prevenida através de medidas a serem tomadas pelos


profissionais responsáveis pelo projeto e pela execução da obra. Existem várias formas de
prevenção, entre elas, o uso de aços especiais, pinturas e detalhamentos, que devem ser
avaliadas em relação ao custo e ao tipo de projeto.

O meio mais eficiente e barato de evitar a corrosão é projetar corretamente a obra,


não favorecendo o ataque corrosivo.[...] Simplifique as formas! Quanto mais simples
a forma dada à construção, maiores as chances de que uma boa proteção frente à
corrosão seja alcançada. (PANNONI, 2002)

Alguns detalhes de projetos devem ser cuidadosamente estudados para evitar


soluções inadequadas que propiciam a corrosão. Destacam-se, aqui, alguns detalhes que
podem ser considerados já no projeto arquitetônico:
 Prever a estrutura com furos de drenagem, em quantidades e tamanhos suficientes,
para assegurar o escoamento da água;
 Os perfis devem ser dispostos de modo que a umidade não fique retida e, se ocorrer,
deve-se criar condições que permitem o fluxo de ar, facilitando a secagem;
 Prever uma forma de escoamento da água, principalmente na junção com o piso;
54

Ilustração 35 - Detalhes da estrutura de aço para prevenção da corrosão

Fonte: (CASTRO, 2008)

Ilustração 36 - Detalhes da estrutura de aço para prevenção da corrosão

Fonte: CASTRO, 2008


55

Cuidar para que os acessos sejam facilitados e os espaços, os mais amplos possíveis,
para propiciar adequada manutenção;
Evitar juntas sobrepostas de metais diferentes, prevenindo contra a corrosão
galvânica. Pode-se evitá-la, também, com a colocação de um isolante elétrico, não poroso,
entre os dois metais;
 Evitar que peças fiquem semi-enterradas ou semi-submersas.
 Na utilização de aços com maior resistência à corrosão, no caso, os aços
Patináveis algumas precauções e limitações devem ser observadas:
 Evitar contato com superfícies que absorvam água;
 Evitar condições de umedecimento prolongadas. Sob condições de contínuo
molhamento, determinadas por secagens insatisfatórias, a formação da pátina fica
prejudicada;
 Evitar utilizar esse tipo de aço imerso na água, enterrados no solo e cobertos
por vegetação sem proteção;
 Evitar contato com metais diferentes, prevenindo contra corrosão galvânica,
assim como executar a solda com composição química compatível com o aço
patinável;
 Em ambientes agressivos, como industriais e marinhos, o aço patinável deve
receber uma proteção extra.

Outro método para a proteção contra corrosão é a pintura, que constitui o principal
meio de proteção das estruturas metálicas e um dos mais utilizados.
É sempre importante lembrar que, antes da aplicação dos diversos tipos de tintas
protetoras, a superfície da peça deve ser limpa e preparada.
Como diz Castro na fabricação do aço a elevadas temperaturas, é formada uma
camada de óxidos em sua superfície chamada carepa. Esta, diferentemente do que se imagina,
não protege o aço da corrosão, pois possui um coeficiente de dilatação diferente do aço,
podendo gerar fissuras que facilitam a entrada de eletrólitos. Portanto, ela precisa ser
removida antes da pintura, pois, uma vez fissurada, reterá os constituintes necessários ao
processo corrosivo.
A limpeza do aço pode ser manual ou mecânica. Esta última, além da limpeza,
confere rugosidade à superfície, facilitando a fixação do revestimento.
56

As tintas são suspensões homogêneas de partículas sólidas (pigmentos), dispersas em


um líquido (solvente e resina), em presença de componentes em menores proporções,
chamados de aditivos. Os pigmentos conferem cor, opacidade, coesão e inibição do processo
corrosivo, e também a consistência, a dureza e a resistência da película. Os solventes têm a
finalidade de dissolver a resina e facilitar a aplicação da tinta.
As tintas são divididas em tintas de fundo, intermediárias e de acabamento. As tintas
de fundo (primers) devem ser aplicadas sobre a superfície metálica limpa e possuem a
finalidade de promover a aderência do metal ao substrato. As tintas intermediárias auxiliam
na proteção, fornecendo espessura ao sistema de pintura empregado (proteção por barreira).
Quanto mais espessa a camada, maior a vida útil do revestimento. Já as tintas de acabamento
têm a função de proteger todo o sistema contra a ação do meio ambiente e de fornecer a cor e
o brilho requeridos.
Essas camadas de tintas devem ser compatíveis entre si. Sugere-se que sejam
preferencialmente de um mesmo fabricante, o que minimizará a ocorrência de defeitos, como
o descolamento.
Existem outras maneiras para prevenir a corrosão nas estruturas metálicas, entre elas,
a criação de uma barreira entre o metal e o meio corrosivo. Esta barreira pode ser feita com o
revestimento das peças estruturais com materiais não metálicos e não condutores, como
cerâmica, concreto e vidro, borracha, plásticos de PVC, betumes, asfalto, etc. Além desses,
pode-se revestir a peça com outro metal mais resistente à corrosão.
A galvanização ou zincagem também constitui um processo de proteção à corrosão
por recobrimento de uma camada de zinco metálico, que funciona como um revestimento de
grande resistência devido às propriedades de proteção catódica do zinco. A duração desta
proteção depende da espessura da camada de zinco depositada, que deve ser contínua e
uniforme, e da agressividade do ambiente onde for usado, que não deve estar sujeito a
substâncias ácidas.
Atualmente, a estrutura de aço galvanizado está sendo muito utilizada no sistema
steel-frame para a construção de unidades habitacionais.
Com todo conhecimento adquirido em relação ao aço suas vantagens e desvantagens,
assim como seus cuidados já é possível ter base, para elaboração do projeto, que demonstra
como o aço pode ser não somente uma solução estrutural, como também uma solução estética.
57

4. ESTUDO DE CASO

O Centro Cultural é um instrumento fundamental para o desenvolvimento cultural e


social da população. Através da arquitetura de um equipamento público como esse, torna-se
possível alcançar tais objetivos.
Neste espaço contemporâneo pode-se encontrar manifestações artísticas diversas,
possibilitando que a população local e os turistas tenham um contato mais próximo com sua
cultura ou até mesmo para passar para frente aquilo que é patrimônio imaterial

4.1. Centro Cultural e de Exposições de Nova Friburgo

Para o primeiro estudo de caso podemos citar o exemplo do projeto vencedor do


concurso de Centro Cultural de Eventos e Exposições para, Cabo Frio, Nova Fribugo e
Paraty este recebeu o prémio de primeiro Lugar o projeto denominado de Centro Cultural de
Eventos e Exposições em Nova Friburgo cujos autores foram o Estúdio 41, Dario Corrêa
Durce, Emerson Vidigal, Eron Costin, Fabio Henrique Faria, João Gabriel Moura Rosa
Cordeiro, Diogo Lacerda (RDLM ARQUITECTOS), Rui Lacerda (RDLM ARQUITECTOS),
Felipe Chimanski, Marcelo Miotto, Martin Goic e RDLM ARQUITECTOS, AFA Consult
(Portugal), o concurso ocorreu em 2014 e o projeto conta com uma área de 3.500 m².
O centro cultural Nova Friburgo tem como finalidade valorizar o turismo, o
comércio, a gastronomia e o patrimônio cultural da cidade de Nova Friburgo e do circuito
serrano do Rio de Janeiro, abrigando suas feiras, festivais e os demais eventos oriundos dos
negócios realizados na região. Além disso, deve oferecer à população local um lugar de
convívio ou até mesmo um ponto de parada e contemplação das belezas naturais e desta
intervenção antrópica aos viajantes.
A proposta é de um edifício que potencialize a flexibilidade de usos e aproveite o seu
sítio de implantação. Um espaço de encontro e promoção da cultura das cidades da região
serrana do Rio de Janeiro. Um objeto construído que promova a fruição e contemplação da
paisagem circundante.
58

Ilustração 37 – Vista Centro Cultural Nova Friburgo, Autoria – Estúdio 41

Fonte: www.archdaily.com.br

A concepção do projeto do Centro Cultural de Eventos e Exposições de Nova


Friburgo leva em consideração as seguintes premissas
 A qualificação da relação entre espaços interiores e exteriores, promovendo
flexibilidade dos tipos de usos.
 O aproveitamento da geometria do lote de modo a criar espaços livres,
setorizando os usos: eventos, serviços e estacionamento de modo a permitir o
máximo de flexibilidade.
 O entendimento do edifício como objeto referencial posicionado às margens de
uma rodovia, propondo uma volumetria de clara visualização e reconhecimento por
parte dos usuários em deslocamento
59

Ilustração 38 – Vista Centro Cultural Nova Friburgo – Autoria - Estúdio 41

Fonte: www.archdaily.com.br

Dessa forma, o programa foi organizado num volume único que abriga as principais
atividades culturais no nível do chão. Propõe-se a flexibilização dos ambientes internos do
pavilhão de forma que possa ter várias configurações. Para isso, foram desenhados auditório e
salas de reunião que permitem o recolhimento das paredes e, consequentemente, o aumento
significativo das áreas expositivas.
Além dessa maximização interna do nível térreo foram propostas, junto à fachada
norte, portas pivotantes, que permitem integrar espaços internos e externos, conectando a
praça de eventos externa aos ambientes cobertos do pavilhão cultural. O piso da praça é
composto de módulos pré-fabricados de material cimentício granulado e permeável à água.
60

Ilustração 39 – Vista aérea – Autoria - Estúdio 41

Fonte: www.archidaily.com

Como complemento ao programa, sugere-se a construção de um palco para


apresentações ao ar livre, permitindo a ampliação do alcance das atividades possíveis.
Calcula-se que esta área livre externa possa abrigar até 10.000 pessoas confortavelmente.
Aproveitando-se a declividade natural do lote para os fundos desenhou-se uma área
de serviços e carga e

Ilustração 40 – Vista interna - Autoria - Estúdio 41

Fonte: www.archidaily.com
61

Esse trecho do edifício constitui-se de três pavimentos, sendo que os dois superiores
abrigam a praça de alimentação e um restaurante, podendo assim atender também a eventos
no espaço expositivo principal. Dos pisos superiores é possível usufruir das visuais generosas
da região serrana em direção ao leste da gleba.

Ilustração 41 – Esquema Estrutural – Autoria - Estúdio 41

Fonte: www.archidaily.com
62

A construção foi pensada de modo a utilizar o máximo de pré-fabricação e


industrialização dos componentes, daí a escolha da estrutura metálica, por exemplo. Além de
garantir uma construção mais rápida, esse sistema garante a economia de materiais e a
racionalidade na construção.
Nas fachadas, utilizou-se um sistema de dupla envoltória, permitindo a filtragem da
luz natural e seu aproveitamento. A cobertura do espaço de exposições em sheds conta com
um sistema automatizado de medição e regulagem da iluminação solar, controlando assim as
necessidades de luz interior e equilibrando a demanda de energia elétrica consumida.

Ilustração 42 - Implantação – Autoria - Estúdio 41

Fonte: www.archidaily.com

Nas coberturas e abaixo do palco exterior encontram-se as áreas técnicas: subestação,


geradores, casas de bombas, reservatórios e equipamentos de climatização.
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Este projeto é um bom exemplo de arquitetura modular e flexível que dispõe de


espaço para as mais diversas manifestações. Um espaço contemporâneo onde cuja concepção
em estrutura metálica foi capaz de auxiliar a sua proposta de grandes vão livres, construção
rápida e eficaz.

4.2. Centro Cultural São Paulo

Como referência pode-se citar também o centro Cultural São Paulo que foi
concebido inicialmente para abrigar uma extensão da Biblioteca Mário de Andrade, o Centro
Cultural São Paulo acabou sofrendo, no decorrer de suas obras, uma série de adaptações para
se transformar em um dos primeiros espaços culturais multidisciplinares do país. Inaugurado
em 1982, oferece espetáculos de teatro, dança e música, mostras de artes visuais, projeções de
cinema e vídeo, oficinas, debates e cursos, além de manter sob sua guarda expressivos acervos
da cidade de São Paulo: a Pinacoteca Municipal, a Discoteca Oneyda Alvarenga, a coleção da
Missão de Pesquisas Folclóricas de Mário de Andrade, o Arquivo Multimeios e um conjunto
de bibliotecas.
A construção completa do edifício, conforme prevista em seu projeto original, nunca
chegou a ser concluída. A despeito disso, o CCSP firmou-se como um polo de apoio às
produções experimentais, um ponto de encontro de artistas, um lugar de convivência que
assumiu a feição de extensão da casa das pessoas.

Ilustração 43 – Fachada - Centro Cultural São Paulo – Autoria - Eurico Prado Lopes

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/56/CCSP_05.JPG
64

Sua programação diversificada, oferecida gratuitamente ou a preços populares, atrai


faixas distintas da população, fazendo do CCSP um dos espaços culturais mais democráticos
da cidade.

Ilustração 44 – Vista Interna - Centro Cultural São Paulo – Autoria - Eurico Prado Lopes

Fonte: www.centrocultural.sp.gov.br

A ideia do grupo era construir uma biblioteca moderna em que o leitor tivesse livre
acesso ao material, de forma que o objetivo não seria mais guardar a informação e sim
escancará-la para o público. O arquiteto Eurico Prado Lopes venceu a concorrência aberta em
1976, e as obras tiveram início em 1978. (Ilustração 45)
Espaço público de cultura e convívio, o Centro Cultural São Paulo (da Secretaria
Municipal de Cultura) recebe o público em quatro pavimentos de uma área de 46.500 m²
localizada entre as ruas Vergueiro e a 23 de maio, e entre as estações Vergueiro e Paraíso do
metrô.
65

Ilustração 45 - Construção Centro Cultural São Paulo – Autoria - Eurico Prado Lopes

Fonte: Centro Cultural São Paulo – CCSP

Inaugurado em 13 de maio de 1982, a partir da necessidade de uma extensão da


Biblioteca Mário de Andrade, transformou-se em um dos primeiros espaços culturais
multidisciplinares do país.
O prefeito Reynaldo de Barros, resolveu reformular o projeto da biblioteca e adaptá-
lo ao de um centro cultural multidisciplinar nos moldes dos que estavam surgindo no mundo
todo como o Georges Pompidou, fundado em 1977 na cidade de Paris, França. (Ilustração 14).
O então secretário municipal de cultura, Mário Chamie, alegava que a localização era ideal
para a instalação de uma instituição como essa. Além disso, argumentava-se que a obra era
grande demais para abrigar somente uma biblioteca. Ficou decidido, então, que o centro
cultural contaria com cinema, teatro, espaço para recitais e concertos, ateliês e áreas de
exposições. Os arquitetos Eurico Prado Lopes e Luiz Telles continuaram à frente do projeto.
A concepção do centro cultural foi baseada em extensa pesquisa para entender o que
significava o acesso à informação em um país como o Brasil. O edifício foi projetado com o
objetivo de facilitar ao máximo o encontro do usuário com aquilo que seria oferecido no
centro cultural. Dessa maneira, a arquitetura do prédio não obedeceu a padrões pré-
estabelecidos, privilegiando as dimensões amplas e as múltiplas entradas e caminhos.
66

4.2.1. A construção
O Centro Cultural São Paulo começou a ser construído nos últimos anos da ditadura
no Brasil. A proposta de valorizar o aspecto multidisciplinar dos espaços e evitar a
compartimentação foi alvo de muitas polêmicas. Nas palavras do arquiteto Luiz Telles:
"Ficávamos de prontidão, para ver com o que iam implicar. Não que fôssemos subversivos, os
outros é que eram retrógrados".
O projeto foi amplamente discutido na mídia, pois, além de apresentar conceitos
inéditos como integração e multidisciplinaridade, sua construção contou com alguns
problemas de ordem técnica, já que apresentava muitas inovações arquitetônicas. Pesquisas e
experimentações tiveram que ser realizadas antes que se pudesse chegar ao produto final. Para
viabilizar as formas arrojadas pretendidas pelos arquitetos, utilizou-se os mais variados
materiais, como vidro, aço, concreto, acrílico, tijolo e tecido.
As estruturas mistas previstas no projeto fizeram com que conceitos tradicionais de
execução tivessem que ser modificados, dando lugar a novas técnicas muito específicas, em
um processo que beirou o artesanal. Durante a construção do prédio, Emilie Chamie, esposa
do então secretário de cultura, Mário Chamie, criou o logotipo da instituição. O desenho é a
representação de uma junção de curvas e foi pensado, segundo sua criadora, a partir das
estruturas do prédio.
Os modelos acima mencionados tem grande importância cultural para as cidades nas
quais estão implantados. O primeiro trata-se de um centro de cultura atual adequado aos
moldes de uma sociedade contemporânea que almeja por mudanças, pelo conhecimento e pela
cultura, ele traz uma obra modular, com técnicas construtivas avançadas faz com que a
arquitetura ganhe em velocidade e praticidade, contendo um pavilhão para exposições
temporárias que incentivam artistas locais a que a partir de então, terão seu lugar reservado
para passar para frente aquilo que eles tem de melhor.
Encontramos neste projeto um equipamento que supre a demanda da população
local, no entanto por se tratar de um projeto atual, utilizando-se de novos matérias e técnicas,
deveriam trazido um pouco da identidade cultural daquela região para o projeto, criando uma
aproximação ainda maior com a população a quem se destina. Um centro cultural não deve
ser um simples equipamento público ou privado, deve ser um instrumento de incentivo e de
transformação cultural.
No segunda exemplo traz-se um dos marcos culturais para a cidade de São Paulo, um
equipamento que teve sua concepção aprimorada ao longo do tempo, foi pioneiro, pois num
momento em que existiam bibliotecas, museus, galerias de exposição como elementos
67

separados, ele se transformou numa proposta mista que une várias manifestações artísticas em
um só lugar. Um ponto de encontro para os seguidores da cultura, uma edificação de um
tempo onde o concreto armado do modernismo ainda era largamente utilizado, trouxe uma
proposta de edifico mista entre o concreto e o aço em parte de sua cobertura e estrutura,
trazendo inovação há um custo alto devido à falta de técnica disponível para tal momento.
Analisando-o percebe-se que este é um ótimo exemplo de sucesso. Pois o lucro cultural obtido
pela população não é material, não tem valor estimado, é algo que será levado e passado por
toda a vida e por várias gerações.

5. CENTRO CULTURAL SERIGY: PROJETO ARQUITETÔNICO – UMA


ESTRUTURA DE AÇO QUE NAVEGA EM TERRAS SERGIPANAS

5.1. Conceito e Partido Arquitetônico

A educação cultural de um povo depende de boas ideias que implementem um novo


estilo de vida, onde o novo e o velho se encontram para construir um futuro melhor.
Na sociedade sergipana ainda existe uma grande lacuna no tocante a sua própria
cultura. Nos últimos anos os governantes tomaram algumas iniciativas que presentearam a
população na área cultural, com a restauração do Palácio Olímpio Campos transformando-o
em Museu e a Restauração do antigo prédio do Colégio D. Pedro, mais conhecido como
Atheneuzinho, implantando o Museu da Gente Sergipana, que são verdadeiros exemplos de
como a cultura sergipana é rica e tem muito a nos ensinar, esses são dois instrumentos
excelentes para divulgação e educação. Entretanto isto foi apenas um pontapé inicial para uma
grande revolução na educação cultural do estado. (Ilustração 46, 47)
68

Ilustração 46 - Museu da Gente Sergipana, Ilustração 47 – Palácio Olímpio Campos,


Aracaju Aracaju

Fonte:
Fonte:
http://msalx.casa.abril.com.br/2012/03/02/1501/cc
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/common
605-secoes44-1-02.jpeg?1380562671
s/0/09/Palacio_Olimpio_Campos.JPG

É necessário que se dê continuidade a este trabalho já iniciado, no entanto se faz


necessária a implantação de novos equipamentos que venham a abranger outros elementos
culturais ainda não alcançados.
O museu da gente Sergipana já apresenta números expressivos no tocante à visitação
e ao reconhecimento, no ano de 2014 o museu ultrapassou a casa de 200 mil visitante desde
sua inauguração em 2011. Segundo dado do cedidos pelo Instituto Banese o local já recebeu
aproximadamente 296.148 visitantes desde a sua inauguração (Gráfico 1). Tendo maior fluxo
nos meses de janeiro e julho de cada ano, no período das férias escolares.

Gráfico 1 – Gráfico de Visitação – Museu da Gente Sergipana

NUMERO DE VISITANTES
100,000
90,000
80,000
70,000
60,000
50,000
40,000
30,000
20,000
10,000
0
2011-2012 2013 2014 (JAN-SET)

Número de visitantes Janeiro Julho


Fonte: Instituto Banese
69

Escolas públicas são responsáveis pelo maior número de agendamentos para


visitação no período de 2012 a 2014, contando com 62% dos agendamentos realizados, contra
38% escolas Privadas.

Gráfico 2 – Gráfico de Agendamento – Museu da Gente Sergipana

AGENDAMENTO
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
2012 2013 2014 (JAN-SET)

Escolas Públicas Escolas Privadas


Fonte: Instituto Banese

Estes dados apenas confirmam o sucesso dos centros culturais, a população tem dado
resposta a estes incentivos. Para isto foi criada a proposta de um novo centro cultural para
cidade cujo projeto visa criar um ambiente agradável para a população, com caráter cultural,
além de englobar atividades diversas, se utilizando de uma arquitetura contemporânea,
desenvolvida para ser construída em aço.
Este projeto tem como objetivo incentiva a aproximação do cidadão aracajuano a sua
cultura. O projeto contempla um centro de formação cultural, que conta com escola de
música, oficinas de teatro, dança e cinema. Divergindo da maioria dos centros culturais
existentes, este cederá espaço para os artistas de menor visibilidade, que não possuem um
espaço para expor seus trabalhos, sejam eles escultores, pintores ou até mesmo aspirantes a
cineastas.
Planejar, promover, incentivar e documentar as criações culturais e artísticas; reunir e
organizar uma infraestrutura de informações sobre o conhecimento humano; desenvolver
pesquisas sobre a cultura e a arte sergipanas, fornecendo subsídios para as suas atividades;
incentivar a participação da comunidade, com o objetivo de desenvolver a capacidade criativa
de seus membros, permitindo a estes o acesso simultâneo a diferentes formas de cultura; e
oferecer condições para estudo e pesquisa, nos campos do saber e da cultura, como apoio à
70

educação e ao desenvolvimento científico e tecnológico. Para o desenvolvimento deste


projeto foram traçados 05 eixos temáticos, são eles:

5.2. Eixos Temáticos do projeto

5.2.1. Escola de Música Erudita/Clássica

A Escola de música é o local que irá dar vida ao centro cultural, nela a população
terá a possibilidade de aprender musica gratuitamente, contando com salas acusticamente
preparadas para os instrumentos musicais está escola funcionará no horário noturno, dando
vida ao centro cultural neste turno. A escola de música contara também com o teatro para suas
apresentações, um espaço que possibilitará aos alunos a possibilidade de acontecerem
consertos, abrindo a possibilidade de receber eventos relacionados a música.

5.2.2. Biblioteca interativa

O Programa Biblioteca Interativa propõe em um espaço interativo de promoção


cultural com acesso à informação e à produção de conhecimento. Um local onde o
conhecimento não está armazenado em livros físicos, mas em meio virtual, através de multimídia,
visitante pode encontrar o conhecimento de forma interativa, digital.

5.2.3. Teatro

O teatro será um dos principais atrativos do projeto, nele acontecerão os principais


movimentos artísticos. Deste modo torna-se uma extensão da escolas de música, dança e
teatro. Local destinado para expor ao público o conhecimento anteriormente adquirido, um
ambiente adequado, acusticamente tratado e qualificado para receber 600 espectadores.

5.2.4. Culinária
71

Uma das peculiaridades da cultura sergipana é a sua culinária, rica e com uma gama
de sabores variada. Como não poderia ser diferente, a culinária terá seu espaço reservado,
neste projeto.

5.2.5. Exposição

O pavilhão de exposições estará responsável por dar espaço a exposição de objetos


contemporâneas do estado de Sergipe, aquelas que tem tido pouco ou nenhum espaço, mas
demonstram potencial e qualidade suficientes para serem apresentados para turistas ou até
para fora do estado. Como exemplo deste tipo de arte podemos citar o Trabalho feito pela
Felícia Design é uma extensão do Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação - IPTI,
uma instituição privada de ciência, tecnologia e inovação, sem fins econômicos, fundada em
outubro de 2003, em São Paulo (SP). – Ver Anexo A

5.3. O Terreno
5.3.1. Histórico do Bairro Industrial
O terreno proposto para o Centro cultural se encontra no bairro Industrial, o bairro
que fica localizado na zona norte da cidade e ocupa uma área de 159 ha, correspondente a
1,9% da área urbana de Aracaju. Limita-se ao norte com o Bairro Porto Dantas (Ruas “E” e
Fortaleza e Av. Euclides Figueiredo); ao sul com Centro (Av. Coelho e Campos); ao leste
com o Rio Sergipe e a oeste com o Santo Antônio (Av. João Ribeiro e Rua Ponto Novo,
Muribeca e São João). Ver (Ilustração 48)
72

Ilustração 48 - Mapa de bairros

Fonte: Secretaria Municipal do Planejamento, Orçamento e Gestão – SEPLOG

O Bairro Industrial está situado nos terrenos sedimentares do Quaternário. O solo do


tipo Podzol apresenta lençol freático alto, o que dificulta a drenagem.
O Industrial é o segundo mais antigo bairro de Aracaju. Inicialmente aquela área era
ocupada com sítios, onde se encontravam arvores frutíferas (Jamelão, manga, sapoti,
massaranduba e outras) destacando-se uma delas que deu a antiga denominação do Bairro,
Massaranduba. Posteriormente, passou a chamar-se “Chica Chaves” em homenagem a esposa
do proprietário de uma fábrica de tecidos (Ribeiro Chaves) implantada em 1904, atual fabrica
73

Confiança.Com a implantação de outras industrias, têxtil (Sergipe Industrial) o Bairro passa a


chamar-se Industrial. A localização das atividades industriais naquela área foi resultante da
proximidade do Porto, que tanto trazia matéria prima, como escoava a produção. Atualmente
o Bairro conta com 2 indústrias têxteis, 2 de beneficiamento de coco-da-baía, 1 moinho de
trigo e 1 de beneficiamento de fibra de coco, além de outros estabelecimentos.
Ainda no século XIX se iniciou o processo de ocupação urbana do Bairro que, por se
localizar próximo do Centro e à margem do Rio Sergipe, além de apresentar uma paisagem
notável, se transformou em área de lazer. Embora se constituísse uma área de colônia dos
pescadores, a elite sergipana escolheu a área para veranear e outros, mesmo, para fixar
residência. Assim é que pode se observar resquícios dessa fase áurea, através dos belos
casarões localizados na Av. General Calazans.
A implantação de indústrias têxteis trouxe para o Bairro as vilas operárias, destinadas
à residência dos que nelas trabalhavam. Na década de sessenta, toda a área localizada entre o
Bairro Santo Antônio e a atual Av. João Rodrigues, um “apicum”, onde existiam diversos
viveiros de peixe e aterrados com as cinzas e restos das fábricas, foram ocupadas por
invasões, passando a chamar-se “Brasília”, em homenagem a nova capital do Brasil. O Bairro
tomou impulso significativo e no entorno das vilas surgiram outras invasões, ocasionadas
pelos migrantes que vinham de outros municípios ou de outras partes de Aracaju, em busca de
emprego nas indústrias lá existentes. Posteriormente, com a proletarização do Bairro, a elite
migrou para outras áreas mais valorizadas da cidade. O enfraquecimento das atividades
portuárias e o fortalecimento dos transportes rodoviários, além das proximidades do Centro,
inviabilizaram a implantação de novas industrias no local.
74

Ilustração 49 – Mapa de Uso e ocupação do solo

Fonte: Secretaria Municipal do Planejamento, Orçamento e Gestão – SEPLOG

Atualmente, o bairro conta com 4.170 imóveis, sendo 3.615 residenciais, 233
comerciais,17 industriais, 17 de serviços públicos e 29 destinados a outros usos, além de 500
barracos da favela de São Sebastião. Os terrenos vazios, num total de 259 lotes, ocupam
199.637 metros quadrados estão localizados, principalmente, na parte norte do Bairro.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE no censo de
2010, o bairro conta com uma densidade domiciliar de 4 pessoas, o Bairro tem uma população
75

estimada em 16.460 habitantes na qual predomina a classe de renda baixa com rendimento
familiar de 1 a 4,9 salários mínimos com 1 a 3 pessoas contribuindo para a formação da renda.
Os Funcionários Públicos, comerciários e industriários são as classes profissionais
que apareceram com maior frequência.

Tabela 4 – Oferta de escolas na rede Municipal

Fonte: Secretaria Municipal do Planejamento, Orçamento e Gestão – SEPLOG

Tabela 5 – Oferta de escolas na rede Municipal

Fonte: Secretaria Municipal do Planejamento, Orçamento e Gestão – SEPLOG

As condições econômicas refletem nas condições culturais da população, assim é que


72,5% possuem apenas o ensino fundamental incompleto, enquanto somente 12,2% concluiu
o ensino médio
A atividades comerciais do Bairro atendem apenas as necessidades básicas da
população, ocorrendo forte dependência do centro da cidade para o abastecimento na feira e
outras compras e para a procura de serviços médico-odontológicos. Os serviços educacionais
são oferecidos no próprio bairro que dispõe de escola de ensino fundamental e médio. No que
76

diz respeito ao lazer, o Industrial é privilegiado pela proximidade do Parque Rollemberg Leite
(Parque da Cidade) que oferece várias opções de diversão, além de praças e do campo de
futebol da Associação Desportiva Confiança.
Os equipamentos de infraestrutura do bairro são precários. Ainda é grande o número
de ruas sem pavimentação, a drenagem é dificultada pelas condições naturais, a coleta de lixo
é bastante ineficiente e não existe o serviço varrição das ruas. No período das chuvas algumas
vias públicas ficam praticamente intransitáveis. O acumulo de lixo é grande nos terrenos
baldios e, mesmo nas ruas, vez que a coleta não é feita com regularidade.
Já se verifica no Bairro um processo de favelamento, embora tenha se tentado retirar
as populações carentes de algumas áreas como Prainha, Curitiba e Aracajuzinho, mas a
construção de casas e a remoção da população para outras áreas são insuficientes para
resolver o estado de miséria em que se encontra grande parte da população.
Após a implantação a ponte Construtor João Alves filho,2006, que liga o Município
de Aracaju a Barra dos Coqueiros, houveram algumas transformações na região,
principalmente no tocante a especulação imobiliária nas margens dos dois municípios. Não
existem grandes avanços estruturais, além do fato da ponte ligar municípios do norte do
estado a cidade de Aracaju. O maior beneficiário da implantação deste equipamento foi o
município da barra dos coqueiros, com a implantação de vários empreendimentos
imobiliários, que futuramente trarão ainda mais fluxo de visitantes ao centro cultural.
Outro acontecimento relevante foi a urbanização da Orlinha do Bairro industrial em
2003, quando a Empresa Municipal de Obras e Urbanização – EMURB decidiu efetuar uma
obra com intuito de transformar o local em mais um destino turístico da capital, com o
diferencial de estar localizada num bairro da zona norte da cidade. Para isso foi construída
uma ponte que ligou a avenida Otoniel Dória com a avenida General Calazans, onde foi
construída a orlinha do bairro Industrial. O que possibilita o acesso direto ao local de quem
trafega no sentido centro da cidade, bairro Industrial. (Ilustração 50)
77

Ilustração 50 – Imagem aérea da Orlinha do Bairro Industrial

Fonte: http://www.aracajuconvention.com.br/

No ano de 2014 foram aprovadas pelo governo Estadual as obras da segunda etapa
da Orlinha. Proporcionando mais um ponto de encontro para os turistas e os moradores da
cidade. Apesar dos avanços aqui apresentado, percebe-se a necessidade de infraestrutura,
equipamentos públicos, educação e principalmente de cultura.

5.3.2. O local

Próximo a área de maior concentração histórica/cultural da cidade de Aracaju/SE,


próximo ao seu centro histórico, aos mercados Thales Ferraz, Albano Franco e terminal de
integração que hoje são áreas de interesse turístico da cidade.
Foi eleito por ser de fácil acesso, pelas qualidades topográficas e de paisagem, pela
proximidade com o Rio Sergipe. (Ilustração 51)
78

Ilustração 51 – Mapa Ilustrado

Fonte: Google Earth

O terreno se localiza nas proximidades de pontos turísticos importantes para a cidade


de Aracaju, como o Parque da Cidade, Orlinha do Bairro Industrial, além de estar na
passagem para o acesso da ponte Aracaju/Barra, contando também com a construção de um
novo Shopping Center, denominado de Aracaju Parque Shopping. Esses Fatores
potencializam ainda mais a ocupação no local.
79

Ilustração 52 – Imagem aérea do Terreno

Fonte: Google Earth

O terreno conta com uma Área aproximada de 11113.57 m², contando com uma paisagem
notável de grande importância o Rio Sergipe, além da vista para a belíssima ponte e para a
ponte Construtor João Alves filho, atualmente o terreno tem sido subutilizado, muitas vezes servindo
de estacionamento para ônibus urbano e segundo relatos no local também servindo de campo de
futebol. Esta área se adequa perfeitamente ao programa proposto. Contribuindo para que o Centro
cultural se torne um marco para a cidade.

Ilustração 53 – Vista do Terreno para o Rio Sergipe Ilustração 54 – Imagem do Terreno

Fonte: Google Streetview Fonte: Google Streetview


80

5.3.3. Sistema Viário

Localizado entre as avenidas Ivo do Prado, General Calazans, Simeão sobral e Antônio Cabral
o terreno está bem atendido em termos de acesso, pois ainda conta com um terminal de
ônibus.

Ilustração 55 – Sistema viário

Fonte: Googlemaps

Os principais eixos de acesso ao terreno são:

 Verde – Eixo Aracaju-Barra – através da Av. Antônio Cabral no sentido do


acesso ao Mercado Municipal Albano Franco, este acesso tem grande importância
pois liga o Município de Aracaju ao Município da Barra dos coqueiros, através da
ponte Construtor João Alves Filho, sendo também um eixo importante de ligação
com os municípios vizinhos ao norte do estado de Sergipe.
 Vermelho – Eixo Sul-Norte – através da Av. Ivo do Prado, seguindo pela Av.
Otoniel Dorea, tendo acesso ao terreno pela Av. General Calazans, principal elo de
ligação entre a Zona Sul da cidade e o terreno, também o maior responsável pelo
acesso de turistas ao local, com a concentração do setor hoteleiro na Orla de atalaia
este eixo será o responsável por trazê-los.
 Azul – Eixo Norte-Sul – Através da Av. General Calazans, este eixo é o
responsável por ligar o bairro industrial ao centro cultural.
81

O local conta também com a presença de um terminal de integração de ônibus


urbano, principal responsável pela transporte de passageiros para a região dos mercados.
(Ilustração 56)

Ilustração 56 – Terminal de Integração do Ilustração 57 – Vista do Terminal de Integração


Mercado para o terreno proposto.

Fonte: Google Streetview


Fonte: Google Streetview

O terreno estará servido de uma infraestrutura urbana bem longe do ideal, mas já
contará com equipamentos urbanos essenciais para o funcionamento do centro cultural.

5.4. Programa da Necessidades/Pré-Dimensionamento


O programa de necessidades foi dividido em setores para um melhor aproveitamento e
organização dos mesmo. O pré-dimensionamento também foi estabelecido aqui para
compreensão das áreas necessárias para o estudo volumétrico deste projeto.

O programa de necessidades será composto de:

SETOR RECINTO ÁREA(m²)


Hall 200
Recepção/ Guarda-volumes 20
Acesso Bilheteria 30
W.C. (Masculino) 16
W.C. (Feminino) 16
Entretenimento Plateia (600 lugares) 700
Teatro Palco 300
Cinema Camarim Masculino 20
Camarim Feminino 20
Camarim Coletivo 50
Coxia 50
Depósito de Cenários 40
Sala de som/luz 20
Foyer 200
Sala de cinema (200 lugares) 250
W.C. (Masculino) 16
W.C. (Feminino) 16
82

Depósito 40
Pavilhão de exposições temporárias 700
Acervo permanente 350
Exposições Biblioteca interativa 60
W.C. (Masculino) 16
W.C. (Feminino) 16
Sala de piano 50
Sala de percussão 50
Sala de instrumentos de sopro 50
Sala de cordas 50
Sala de sopro 50
Sala de metais 50
Sala de madeiras 50
Escola de Música/ Dança,
Sala de canto 50
teatro e cinema
Sala para oficina de teatro 60
Sala para oficina de dança 120
Estúdio para oficina de audiovisual 60
Sala de informática/edição de vídeo 60
Depósito para instrumentos 60
W.C. (Masculino) 16
W.C. (Feminino) 16
Recepção 15
Sala dos professores 50
Secretaria escolar 15
Direção geral 50
Administrativa 100
Gerências
Pedagógica 100
Administrativo
Sala dos técnicos administrativos 20
Almoxarifado 12
Arquivo Geral 12
Sala de reuniões 20
W.C. (Masculino) 16
W.C. (Feminino) 16
Acesso Veículos 20
Guarita interna 12
Vestiário de funcionários (Masculino) 10
Vestiário de funcionários (Feminino) 10
Copa 10
Gerador 15
Área de manutenção 15
Serviço
Almoxarifado 15
Casa de Lixo 20
Cozinha 50
Refeitório 80
W.C. (Masculino) 16
W.C. (Feminino) 16
Reserva Técnica 25
Culinária Café típico Depósito 10
83

Cozinha 20
Área de Mesas 60
Área 4443
+ acréscimo de 30% (paredes e circulação) 5775,9

Todo o Centro irá obedecer a norma NBR 9050 que determina os parâmetros para
acessibilidade.
84

5.5. Memorial Descritivo

O formação histórica da cidade de Aracaju tem direta ligação com vilas de


pescadores que assim como em outros bairros, o hoje chamado de bairro industrial foi
inicialmente povoado pelos vilas de pescadores, as embarcações que atracavam no bairro
industrial são a grande inspiração para o projeto, sendo assim lembrado como símbolo de um
dos bairros mais importantes na história da capital.

Ilustração 58 – Barco no atracadouro de Aracaju,

Fonte: Acervo pessoal do Arquiteto Walter Chou

Durante o desenvolvimento da proposta, foram elaborados vários croquis para facilitar a


compreensão e chegar a um excelente resultado final, não só funcionalmente ao atender
normas técnicas e ao seu programa de necessidade, bem como a sua forma final. No primeiro
croquis já se pode perceber elementos da embarcação foram o ponto de partida para a
formado edifício. A ideia inicial foi de um barco atracado com sua proa suspensa sobe pilotis,
formando um grande vão livre com pé direito elevado. Um volume em estrutura metálica
aparente abrigaria o teatro, e o centro da edificação seria o espaço reservado para as
exposições temporárias. Foram propostos um espelhos d’água no entorno do edifício,
85

aproveitando a declividade natural do terreno, deste modo teria sua entrada elevada em
relação ao nível do passeio, facilitando o seu acesso. (Ilustração 59, 60 e 61)

Ilustração 59 – Primeiro Croquis

Fonte: Acervo Próprio

Ilustração 60 – Croquis Planta baixa - Implantação

Fonte: Acervo Próprio


86

Ilustração 61 - Croquis Fachada

Fonte: Acervo Próprio

Para uma melhor compreensão da forma, foi elaborado um estudo de volumetria, que
tive a finalidade de verificar se a proposta se encontrava sintonia entre seus elementos.
(Ilustração 62, 62)

Ilustração 62 – Maquete de estudo volumétrico

Fonte: Acervo Próprio


87

Ilustração 63 - Maquete de estudo volumétrico

Fonte: Acervo Próprio

Após a análise primeiro estudo, elementos como os pilotis e a forma de embarcação


foram mantidos, no entanto foram feitas tentativas de desconstrução da imagem direta da
embarcação. (Ilustração 64)
88

Ilustração 64 – Tentativa de Desconstrução

Fonte: Acervo Próprio

Nesta proposta a secção dos elementos e a consequente repetição dos mesmos foram
o ponto de partida, no entanto não pode atingir o resultado desejado, com isso novos estudos
foram feitos afim de encontrar a forma ideal para a edificação. (Ilustração 64)
89

Ilustração 65 - Estudo de fachada

Fonte: Acervo Próprio


90

Nesta tentativa foram mantidos elementos da embarcação de forma bastante sutil,


uma na primeira parte do edifício estaria implantadas as partes que compõem o programa tais
como, escola de música, exposição, e cinema, no volume central de vidro estaria a torre de
acesso aos demais andares. E ao final estaria disposto o teatro. No entanto este estudo se
mostrou muito distante da proposta inicial de homenagear a as embarcações. (Ilustração 65)
Deste modo após várias tentativas, a forma do edifício já estava ser delineada e as principais
diretrizes estavam traçadas, com isso neste último estudo foi encontrada a forma ideal para o
edifício. A desconstrução da imagem do navio foi o princípio utilizado nesta etapa. (Ilustração
66).
91

Ilustração 66 – Croquis Final

Fonte: Acervo Próprio


92

Com a imagem do navio impressa diretamente pode-se perceber as chaminés e a proa


atracada primeiro volume do edifício que abrigará grande parte das atividades propostas, está
elevado sobre pilotis, formando uma grande área coberta que funcionará como um ponto de
encontro para as mais diversas organizações, além de ser o principal acesso.
O setor de acesso está concentrado na primeira torre que lavará os usuários as suas
atividades contemplado pelos elevadores panorâmicos, escadas comuns e escadas rolante,
nele será controlado o acesso de todo o público. Ao entrar passar pelo acesso o usuário terá
acesso diretamente ao pavilhão de exposições temporárias, ao teatro e todas as demais
atividades. (Ilustração 67)
93

Ilustração 67 – Croquis Implantação

Fonte: Acervo Próprio


94

O projeto foi dividido em níveis e distribuídos da seguinte maneira:

Subsolo: Este nível conta com a sala de ensaios para o teatro, contando com área da
caixa do palco, contribuído para melhor qualidade técnica das apresentações, além de
contemplar o acesso ao fosso da orquestra, para o funcionamento dos mesmo foram
dispostos dois elevadores de serviço e escada corta fogo.
 Térreo: É o grande responsável pela acesso do público as atividades do centro
cultural, nele estão a torre de acesso, que conta com recepção, bilheteria, guarda
volumes, dois elevadores panorâmicos com capacidade para 10 pessoas cada, além
de duas escadas centrais que levarão até o próximo pavimento. Aqui estão
implantados equipamentos de grande relevância para o projeto, tais como o teatro
com capacidade para aproximadamente 600 espectadores, o palco foi projetado para
estar ao mesmo nível do acesso principal, fazendo com que o cadeirante tenha livre
acesso ao palco sem a necessidade de rampas.

Ilustração 68 – Croquis Teatro

Fonte: Autoria

Com camarins, coxia e acesso do público ao plateia e aos níveis da galeria e aos
camarotes que contam com escada e dois elevadores, o pavilhão de exposições
95

temporárias com área aproximada de 1000m², banheiros femininos e masculinos e


para portadores de necessidades especiais e o setor de carga e descarga contando com
elevadores de carga e escada corta fogo com acesso até ao nível L4. Neste local foi
projetado um recuo de aproximadamente 11 metros em relação as demais instalações
pois deste modo, cria-se uma proteção contra incidência solar na face oeste do
edifício, propiciando um melhor conforto térmico. (Ilustração 69 – Carga e descarga)

Ilustração 69 – Carga e descarga

Fonte: Autoria
96

 L1: Foram dispostas 03 lojas e um espaço para exposições menores com


aproximadamente 100m², além de um longe que tem visão completa da área de
exposições. Neste nível o usuário tem acesso as escadas rolantes que levam a partir
deste, até o L4.
 L2: A escola de música é o grande atração, contando com 07 salas
acusticamente adequadas para os instrumentos de sopro, piano, percussão, madeiras,
metais, cordas, sala de canto e depósito para instrumentos. Neste pavimento também
ficará o acervo permanente do centro cultural. Neste pavimento foi disposto um piso
de vidro que fara com que o usuário tenha uma experiência diferente tendo são direta
para área externa do edifício.
 L3: Nele se encontram as oficinas de dança, teatro e audiovisual, que conta
com estúdio de gravação de vídeo, estúdio de áudio e sala de edição de vídeo.
Contando também com a biblioteca, que conta com áreas de estudo individual e
coletivo além de espaço kids e biblioteca interativa. O setor administrativo também
tem seu reservado neste pavimento que ainda conta com restaurante para os
funcionários, vestiários e sala para professores com banheiros independentes.
 L4: Com duas salas de cinema com capacidade para aproximadamente 200
pessoas, e lounge com visão para o rio Sergipe. Além das diretorias administrativas,
pedagógicas. Além de ser o pavimento de acesso ao L5 pavimento que abriga o café
Ponto chique.
 L5: Abrigando o Café Ponto Chic “Uma homenagem ao Ponto Chic, bar que
era localizado na esquina da Rua João Pessoa com Rua Laranjeiras(Ilustração 70),
onde atualmente se encontra a Delegacia Estadual do Ministério do Trabalho(Error:
Reference source not found), segundo o pesquisador Luiz Antônio Barreto, era
também uma sorveteria, e um ponto de encontro de todas as classes, de políticos,
senhores de terra a estudantes, atendendo no balcão com drinques, refrescos e cafés,
e nas mesas, com o irresistível sorvete tricolor. Os intelectuais sergipanos, ali se
reuniam para um bom bate-papo e para beberem alguns drinques, antes de se
dirigirem à Livraria Regina, habitual reduto destas personalidades. Era também casa
de lanches. Fazia parte do circuito cultural das Ruas João Pessoa e Laranjeiras,
juntamente com o Café Ponto Central, o Cinema Rio Branco e a Livraria Regina.” O
café será uma grande atração para o centro cultural pois se localiza no ponto mais
alto e com vista de quase 360º e funcionará no período noturno revitalizando um
97

pouco da vida noturna que havia na região. Nele também estão alocadas a sala do
diretor geral e as salas de reunião.

Ilustração 70 – Ponto Chic

Fonte: Domínio Público - Acervo Lineu.

Ilustração 71 - Antigo Ponto Chic - Atual Delegacia Estadual do Ministério do Trabalho - Edifício Leal.

Fonte: José de Oliveira Brito Filho.

 Cobertura e fachada: Para cobertura serão aplicadas telhas especiais com


pintura branca, a cada 20 metros está disposta uma calha de 50cm para escoamento
da agua das chuvas. A cobertura das torres de vidro será de vidro Pilkington Solar-
E™, produzido pela Pilkington. Este produto de alta performance para aplicação de
proteção solar é ideal para obras especiais, que utilizam o vidro com valor agregado.
98

Isso permitirá que o edifício tenha uma fachada belíssima e uma iluminação natural
em toda sua extensão, graças à área envidraçada. “O Pilkington Solar-E™ é um vidro
pirolítico com camada metálica de baixa emissividade. Este processo de produção,
on –line, torna a camada metálica mais resistente, pois a mesma é depositada no
vidro ainda na linha de produção do float; e, em consequência da baixa emissividade
e da reduzida entrada de calor, o vidro apresenta boa performance térmica, o que
torna o ambiente muito agradável. Segundo o Gerente de Desenvolvimento de
Produto da Pilkington, as principais vantagens técnicas do Pilkington Solar-E™ são a
baixa refletividade, a alta transmissão luminosa e o baixo índice de fator solar. “Ou
seja, é um vidro de alta performance para controle térmico e de luminosidade, mais
transparente do que o usualmente utilizado e ideal para fachadas de edifícios”.

Ilustração 72 - Cobertura

Fonte: Autoria

A fachada será composta de placas de metal, com estampas de rendas irlandesas com
estrutura tubular metálica apoiando as mesmas assim como exemplo abaixo.
99

Ilustração 73 – Exemplo de revestimento

Fonte: transbaycenter.org

Ilustração 74 – Renda Irlandesa

Fonte: google imagens


100

5.6. Representação Gráfica


O anteprojeto está dividido da seguinte forma:
- Planta de localização;
- Planta de implantação;
- Planta baixa pavimento térreo;
- Planta baixa pavimento L1;
- Planta baixa pavimento L2;
- Planta baixa pavimento L3;
- Planta baixa pavimento L4;
- Planta baixa pavimento L5;
- Planta baixa coberta;
- Corte longitudinal;
- Fachada principal.
101

6. CONCLUSÃO

O uso da estrutura de aço na arquitetura brasileira se transformou nas últimas


décadas. Durante esses anos, surgiram vários estudos e pesquisas na área que procuraram
identificar as propriedades físicas e químicas desse material, determinando as situações ideais
para o seu consumo e ressaltando as características da construção em aço (agilidade da obra,
leveza da edificação, utilização de peças estruturais menores, gerando um alívio das
fundações e atingindo um ganho de espaço, etc.).
É fundamental que o profissional conheça as características e o comportamento físico
dos materiais para que faça a escolha da melhor alternativa em cada projeto. Através do
trabalho conjunto de arquitetos e engenheiros, amplia-se cada vez mais a utilização do aço,
gerando inúmeras possibilidades formais e construtivas.
Com isso, surgiram novas experiências com a utilização da estrutura metálica. Este
trabalho procurou fazer uma abordagem investigativa sobre a utilização desse tipo de
estrutura na área ao longo do tempo, com ênfase em projetos de cunho cultural. Foram
apresentados alguns estudos de casos ocorridos no país, buscando uma análise crítica dessa
utilização.
O primeiro aspecto levantado foi a pouca tradição do uso da estrutura metálica na
arquitetura brasileira. Com um atraso registrado pela história de aproximadamente 60 anos, o
aço no Brasil ainda engatinha em relação ao mundo, boa parte disso deve-se a falta de
incentivo e principalmente a falta de informação. A mão de obra especializada é precária.
Tornando o uso do aço bastante difícil no país.
É visível que hoje já existem avanços, em já existem em Aracaju, empresas
especializadas no uso do aço. No entanto sendo somente utilizado para projetos em plano
ortogonal, isto demonstra uma necessidade de mudança que é latente na construção e nos
projetos arquitetônicos.
Além disso, podem ser ressaltados aspectos positivos e negativos da estrutura de aço
para nesta aplicação. Como ponto positivo destaca-se a agilidade na construção e
principalmente a plasticidade que ao arquiteto uma gama maior de possibilidades.
Como ponto negativo o principal fator são as patologias (trincas e fissuras na
interface alvenaria estrutura) muito comuns a esse tipo de estrutura, infiltrações e até mesmo
movimentações das vedações. A qualidade técnico-construtiva do sistema estrutural em aço
necessita de manutenção constante e periódica.
102

O projeto arquitetônico em estrutura metálica só tem a ganhar com uso da estrutura


metálica, sair do projeto comum retangular e possibilitar as mais diversas formas.
O Centro Cultural Serigy vem como um novo marco para a cidade. Contribuindo não
só como um local de exposição cultura sergipana, mas também como instrumento de inclusão
e emancipação das mais variadas artes. Contando com um centro de formação cultural onde
jovens e adultos das várias classes sociais terão a oportunidade de aprender um pouco mais. O
bairro industrial com sua riqueza histórica ganhará mais um local de exaltação a cultura. Uma
população que não tem acesso à cultura de sua região, torna-se um povo sem identidade, neste
contexto o projeto tem a finalidade de não permitir que isso ocorra.
Através do conhecimento de todos os assuntos relevantes tratados neste TFG, foi
possível alcançar o objetivo final da proposta, que era fazer uma análise do panorama
histórico do aço na arquitetura com a finalidade de projetar um espaço de incentivo à cultura,
que utiliza aço como seu principal elemento de construção, onde o mesmo possibilitaria que a
forma tivesse uma direta ligação cultural com a região, contemplando biblioteca, escola de
música, dança, teatro e audiovisual. Possibilitando no dia-a-dia demonstrar a importância do
aprendizado histórico e cultural.
103

REFERÊNCIAS

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1996

BRUAND, Yves. Arquitetura Contemporânea no Brasil. São Paulo: Editora Perspectiva

S.A., 2012.

BELLEI, Ildony H. Edifícios de Múltiplos Andares em Aço. São Paulo: Editora: Pini, 2008.

(CASTRO, 2008). Analise do uso de estruturas de aço em edificações habitacionais de

interesse social, UFMG, 2008.

FARRELLY, Lorraine. Fundamentos da Arquitetura, Porto Alegre, Editora: Bookman,

2014.

NEVES, Osias Ribeiro; CAMISASCA, Marina Mesquita. Aço Brasil: Uma Viagem Pela

Indústria Do Aço, Belo Horizonte: Escritório de Histórias, 2013.

DIAS, Luís Andrade de Mattos. Aço e Arquitetura: Estudo de Edificações no Brasil. São
Paulo: Zigurate Editora, 2001.

______. Edificações de Aço no Brasil. São Paulo, Ed. Zigurate, 1999.


______. Estruturas de Aço. Conceito, Técnicas e Linguagem. São Paulo, Ed. Zigurate,

2002.

UFFELEN, Chris Van. Museus Arquitectura, Alemanha, H. F. Ullmann, 2010


MOLA, Francesc Zamora. The Sketchbook, Espanha, FKG, 2010

PRAIVA, Zacarias M. Chamberlain & BETINELLI, Evandro A. Conceitos e estudo de casos


de falhas em estruturas metálicas. São Paulo: Revista da Construção Metálica nº 35,
fevereiro de 2003.

PANNONI, Fábio Domingos. Princípios da Proteção de Estruturas Metálicas em situação


de corrosão e incêndio. Coletânea do Uso do Aço – Vol. 2. São Paulo: Açominas, 2002.
104

NEUFERT, Ernst. Arte de projetar em arquitetura - 18. Ed., São Paulo, 2013

Sites
“Falhas em estruturas metálicas, conceitos e estudo de casos“
http://www.metalica.com.br/anunciantes/falhas-em-estruturas-metalicas-conceitos-e-estudo-
de-casos/pagina-2

Romullo Baratto. "Proposta vencedora para o Centro Cultural de Eventos e Exposições


em Nova Friburgo / Estúdio 41" 03 Apr 2014. ArchDaily Brasil. Acessado 30 Set 2014.
http://www.archdaily.com.br/186828/proposta-vencedora-para-o-centro-cultural-de-eventos-
e-exposicoes-em-nova-friburgo-estudio-41

"Centro Cultural em Mulhouse / Paul Le Quernec" [Cultural Center in Mulhouse / Paul Le


Quernec] 10 Jan 2014. ArchDaily Brasil. Acessado 29 Set 2014.
http://www.archdaily.com.br/167495/centro-cultural-em-mulhouse-paul-le-quernec

"Centro Heydar Aliyev / Zaha Hadid Architects” [Heydar Aliyev Center / Zaha Hadid
Architects] 19 Nov 2013. ArchDaily Brasil. Acessado 29 Set 2014.
http://www.archdaily.com.br/154169/centro-heydar-aliyev-zaha-hadid-architects

Leonardo Márquez. "Conservatório Música Bilbao / Roberto Ercilla Arquitectura" 15


May 2013. ArchDaily Brasil. Acessado 1 Out 2014.
http://www.archdaily.com.br/74971/conservatorio-musica-bilbao-roberto-ercilla-arquitectura
105

ANEXO A

O Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação, IPTI, foi criado em outubro de


2003, com o propósito de aplicar métodos técnico-científicos na resolução de problemas
sociais, econômicos e tecnológicos, prioritariamente seguindo critérios de interação com as
comunidades beneficiárias, enaltecimento das dinâmicas locais e reaplicabilidade. É uma
instituição de ciência, tecnologia e inovação, privada, com fins não econômicos, fundada em
outubro de 2003, na cidade de São Paulo (SP), com o objetivo de desenvolver soluções
integradas entre tecnologia e processos humanos, tendo como áreas prioritárias a educação,
saúde pública e economia criativa.

Ilustração 75 - Luminárias do projeto Cultura em foco expostas Clerkenwell Design Week de Londres

Fonte: http://nadaseleva.com.br/blog/?cat=15

Em dezembro de 2006 o IPTI iniciou diálogos com o Governo de Sergipe, com o


intuito de instalar neste Estado um centro de Tecnologias Sociais, associado à uma
experiência de promoção de desenvolvimento social e econômico, com base num modelo
concebido por pesquisadores da instituição, integração entre arte, ciência e tecnologia (The
Human Project).
106

Em dezembro de 2009 o IPTI transferiu sua sede para Santa Luzia do Itanhy,
município sergipano selecionado para hospedar o The Human Project, e em 29 de abril de
2010 o Governo de Sergipe qualificou o IPTI como Organização Social (OS) estadual

Figura 1 – Fuxico produzido em Santa Luzia do Itanhy

Fonte: http://nadaseleva.com.br/blog/?cat=15

Com o objetivo de desenvolver soluções integradas entre tecnologia e processos


humanos, o projeto Cultura em Foco vem resgatando as tradições artesanais da comunidade
de Santa Luzia o Itanhy - Sergipe, inserindo novas tecnologias e promovendo o
desenvolvimento profissional e a inclusão social.
107

Figura 2 – Luminária Fellicia publicada no Journal du Design - França

Fonte: http://www.journal-du-design.fr/architecture/box-house-11-arquiteturadesign-35500/

A Fellicia (Cultura em Foco) apresentou sua coleção de estampas e cores para a linha
fuxicos na Clerkenwell Design Week 2013 em Londres e também já foi contemplada em
publicações na imprensa francesa especializada em arquitetura no Journal du Design (Figura
30). O trabalho feito em santa luzia do Itanhy e o tipo de arte que deve ter seu espaço
reservado no centro cultural, fomentar a arte sergipana, para que não passe a ser reconhecida
somente fora de seu estado ou país mais sim para o próprio povo sergipano.
108

ANEXO D – Estudo de massas


109

ANEXO D – Fluxograma

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