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UNIVERSIDADE FEDRAL DE ALAGOAS - UFAL

CAMPUS ARAPIRACA
ARQUITETURA E URBANISMO - BACHARELADO

RUBYAN MATOS DOS SANTOS MELO

PROJETANDO NO ESCURO: PROPOSTA DE UM EXPOSITOR DE ARTE


ITINERANTE COM FOCO PARA CEGOS

ARAPIRACA
2022
Rubyan Matos dos Santos Melo

Projetando no escuro: proposta de um expositor de arte itinerante com foco para


cegos

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Universidade Federal de Alagoas/Campus
Arapiraca, como pré-requisito para obtenção
de grau de Bacharel em Arquitetura e
Urbanismo.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Elisabeth de
Albuquerque Cavalcanti D. Gonçalves

Arapiraca
2022
Rubyan Matos dos Santos Melo

Projetando no escuro: proposta de um expositor de arte itinerante com foco para


cegos

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Universidade Federal de Alagoas/Campus
Arapiraca, como pré-requisito para obtenção
de grau de Bacharel em Arquitetura e
Urbanismo.

Data da aprovação: 10/02/2022.

Banca Examinadora

_________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Elisabeth de Albuquerque Cavalcanti Duarte Gonçalves
Universidade Federal de Alagoas - UFAL
Campus Arapiraca
(Orientadora)

_________________________________________________
Prof. Me. Edler Oliveira Santos
Universidade Federal de Alagoas - UFAL
Campus Arapiraca
(Examinador)

_________________________________________________
Prof.ª Ma. Anny Jessyca Garcia Silva
Universidade Federal de Alagoas - UFAL
Campus Arapiraca
(Examinadora)

_________________________________________________
Ingrid Mayara R. Barbosa
Arquiteta e Urbanista
(Examinadora)
“O essencial é invisível aos olhos”.

Antoine de Saint-Exupéry
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me guiar, me dar forças e perseverança para que eu


jamais desistisse do meu sonho de me tornar um Arquiteto e Urbanista. Sou grato
também por toda a trajetória e desafios que vivi, sem eles eu não seria quem sou hoje.
Aos meus pais, Eva Matos e José Renato, pela educação e valores que
passaram a mim, por me apoiarem e vibrarem com cada conquista.
Ao Marllon Nascimento, meu companheiro de vida, por estar sempre ao meu
lado, me apoiar e compreender os momentos em que estive ausente.
Às minhas irmãs, Amanda Lys e Evilly Melo, por serem pra mim espelho de
dedicação e comprometimento, por acreditarem no meu potencial e torcer pelas
minhas vitórias.
Aos meus amigos: David, Fábio, Lucas e Warlley, por estarem sempre ao meu
lado, comemorarem comigo todas as conquistas e me apoiarem nos momentos
adversos.
Às minhas companheiras de equipe, Maria Vitória e Sabrina Lucia, por trilharem
comigo esse caminho, me acolherem e me compreenderem sempre. Compartilhamos
desejos, sonhos, anseios e preocupações, mas sem dúvida vocês tornaram os
obstáculos ao longo do caminho mais fáceis. À Larícia Barbosa e o Alanderson
Santos, pela parceria nos trabalhos em grupo.
Aos meus colegas de turma, pela vivência, trocas de experiência e
conhecimento.
Aos mestres, pelos ensinamentos e desafios traçados. Em especial ao
Professor Edler Oliveira, por toda a sua contribuição na minha formação profissional.
À minha orientadora Professora Elisabeth Duarte, obrigado por ter exercido seu
compromisso de forma tão leve e inspiradora, sou grato por toda a sua contribuição.
Por fim, a todos que estiveram comigo e torceram pelo meu sucesso, meu muito
obrigado.
RESUMO

A arte e a cultura são direitos assegurados na Constituição Federal e previstos no


Plano Nacional da Cultura, mas se sabe que na prática ainda existe uma lacuna muito
grande entre os indivíduos com deficiência visual e o seu pleno exercício como
cidadão no usufruto desse direito. Em espaços de exposições de arte essa realidade
não é diferente, as exposições e obras, em quase sua totalidade, são pensadas
unicamente para estimularem somente o sentido da visão, deixando evidente a falta
de iniciativas que promovam ferramentas de acessibilidade a esse público. Posto isso,
o objetivo geral dessa monografia consiste em propor o projeto de um expositor de
arte itinerante para cegos. A fundamentação desse projeto, assim como o referencial
tipológico, ocorre através de uma revisão bibliográfica de temas que norteiam e dão
embasamento, como: Conceito e direito à arte e a cultura; Definição de deficiência
visual; Arquitetura Sensorial e as Diretrizes e Normativas das NBR’s vigentes e
relacionadas ao tema. Como resultado foi obtido a proposta projetual de um Expositor
de Arte acessível, fazendo uso da Coordenação modular através de container e
seguidos alguns princípios considerados primordiais, como: acessibilidade,
flexibilidade, conforto, sustentabilidade e tecnologia construtiva que permita a fácil
montagem, desmontagem e transporte. Com este trabalho, se pretende ampliar a
discussão sobre o uso da Arquitetura sensorial como ferramenta de acessibilidade
para pessoas com deficiência visual.

Palavras-chave: arte; arquitetura sensorial; construção modular; deficiência visual;


inclusão social; sustentabilidade.
ABSTRACT

Art and culture are rights guaranteed in the Federal Constitution and provided for in
the National Culture Plan but it is known that in practice there is still a very large gap
between individuals with visual impairments and their full exercise as citizens in the
enjoyment of this right. In art exhibition spaces this reality is no different the exhibitions
and works in almost their entirety are designed solely to stimulate only the sense of
vision making evident the lack of initiatives that promote accessibility tools for this
audience. That said the general objective of this monograph is to propose the project
of an itinerant art exhibitor for the blind. The foundation of this project as well as the
typological referential occurs through a bibliographic review of themes that guide and
support such as: Concept and right to art and culture; Definition of visual impairment;
Sensory Architecture and the Guidelines and Regulations of the current NBR's and
related to the theme. As a result the project proposal of an accessible Art Exhibitor was
obtained making use of the modular coordination through container and following some
principles considered primordial such as: accessibility, flexibility, comfort, sustainability
and constructive technology that allows easy assembly, disassembly and transport.
With this work we intend to broaden the discussion on the use of Sensory Architecture
as an accessibility tool for people with visual impairments.

Keywords: art; sensory architecture; modular construction; visual impairment; social


inclusion; sustainability.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Arte rupestre retratava a vida cotidiana do homem das cavernas. .......... 17
Figura 2 - Porcentagem da população, por tipo e grau de dificuldade e deficiência. 23
Figura 3 - Centro cultural House, Dinamarca. ........................................................... 26
Figura 4 - Sonic Pavilion, Inhotim. ............................................................................. 27
Figura 5 - Rainforest Coff, Orlando. .......................................................................... 29
Figura 6 - Exemplo de jardim sensorial. .................................................................... 31
Figura 7 - Centro de Arte Contemporânea Inhotim. .................................................. 31
Figura 8 - Sala de exposição CC4 Nocagion............................................................. 32
Figura 9 - Sala de exposição CC5 Hendrix-War........................................................ 33
Figura 10 - Museu Sensorial do Lajeado. .................................................................. 34
Figura 11 - Museu Sensorial do Lajeado: acesso. .................................................... 34
Figura 12 - Aplicação dos sentidos por ambiente de exposição................................ 35
Figura 13 - Módulo expositivo: exposição "Sentir pra ver". ....................................... 40
Figura 14 - Obra reproduzida em relevo de resina: exposição "Sentir pra ver". ........ 41
Figura 15 - Obra reproduzida em alto contraste: exposição "Sentir pra ver". ............ 41
Figura 16 - Reprodução de uma obra em argila. ....................................................... 42
Figura 17 - Obra reproduzida em argila. ................................................................... 42
Figura 18 - Dimensionamento dos relevos do piso tátil de alerta. ............................. 45
Figura 19 - Detalhe do piso tátil integrado ao piso. ................................................... 45
Figura 20 - Dimensionamento dos relevos do piso tátil de alerta. ............................. 46
Figura 21 - Dimensionamento dos relevos do piso tátil direcional............................. 46
Figura 22 - Contrastas recomendados para piso táteis. ............................................ 47
Figura 23 - Encontro de duas faixas direcionais........................................................ 47
Figura 24 - Encontro de três faixas direcionais. ........................................................ 48
Figura 25 - Encontro de quatro faixas direcionais. .................................................... 49
Figura 26 - Máquinas de autoatendimento: direcionamento para seu eixo. .............. 50
Figura 27 - Máquinas de autoatendimento: distâncias mínimas e máximas. ............ 50
Figura 28 – Arranjo geométrico dos pontos em Braille. ............................................. 53
Figura 29 - Sinalização portas de correr envidraçadas. ............................................ 54
Figura 30 - Obra residencial executada em container. .............................................. 57
Figura 31 - Restaurante Giraffas executado em container. ....................................... 57
Figura 32 - “Container Art”: exposição de arte urbana. ............................................. 59
Figura 33 - Projeto “Contém Cultura”. ....................................................................... 59
Figura 34 - Construção modular de container. .......................................................... 61
Figura 35 - Logo Contato. ......................................................................................... 63
Figura 36 - Container 20 pés: retiradas dos fechamentos. ........................................ 65
Figura 37 - Vista superior: Composição da forma. .................................................... 66
Figura 38 - Vista superior: Volume final. ................................................................... 66
Figura 39 - Perspectiva isométrica: composição volumétrica com 4 módulos........... 67
Figura 40 - Perspectiva isométrica: composição volumétrica com 4 módulos e
plataforma. ................................................................................................................ 67
Figura 41 - Perspectiva isométrica: disposição dos ambientes e fluxos.................... 68
Figura 42 - Proposta 01: Planta baixa com layout. .................................................... 70
Figura 43 - Proposta 02: Planta baixa com layout. .................................................... 72
Figura 44 - Volumetria final CONTATO. .................................................................... 73
Figura 45 - Perspectiva explodida CONTATO........................................................... 74
Figura 46 - Placa térmica 3TC................................................................................... 75
Figura 47 - Composição estrutura da placa térmica 3TC. ......................................... 76
Figura 48 - Composição estrutura da placa térmica 3TC. ......................................... 78
Figura 49 - Camadas de isolamento térmico, acústico e acabamento das paredes
internas separadas. ................................................................................................... 79
Figura 50 - Camadas de isolamento térmico, acústico e acabamento das paredes
internas. .................................................................................................................... 79
Figura 51 - Dimensão final da parede. ...................................................................... 80
Figura 52 - Módulo brise horizontal em madeira. ...................................................... 81
Figura 53 - Planta baixa humanizada: brises móveis. ............................................... 82
Figura 54 - Corte esquemático: entrada da luz solar na edificação........................... 83
Figura 55 - Esquema da entrada e saída dos ventos na edificação. ......................... 84
Figura 56 - Exemplo de iluminação e temperatura em uma exposição de arte. ........ 85
Figura 57 - Trilho de metal com spots. ...................................................................... 87
Figura 58 - Planta baixa humanizada: disposição dos trilhos/pontos de iluminação. 88
Figura 59 - Coberta em estrutura metálica de metalon galvanizado. ................ 89
Figura 60 - Telha fotovoltaica. ................................................................................... 90
Figura 61 - Estrutura interna da telha fotovoltaica. .................................................... 91
Figura 62 - Telha translúcida de policarbonato. ........................................................ 92
Figura 63 - Estrutura beiral/pergolado – vista superior.............................................. 92
Figura 64 - Jardineiras: vista isométrica. ................................................................... 93
Figura 65 - Vista superior da coberta. ....................................................................... 93
Figura 66 - Rampa de acesso e corrimão. ................................................................ 94
Figura 67 - Porta de entrada com quatro folhas – fechadas. .................................... 95
Figura 68 - Porta de entrada com quatro folhas – aberta. ......................................... 95
Figura 69 - Tipos de pisos internos. .......................................................................... 96
Figura 70 - Contrastas recomendados para piso táteis e adjacentes – interno. ........ 97
Figura 71 - Piso vinílico amadeirado. ........................................................................ 97
Figura 72 - Contrastas recomendados para piso táteis e adjacentes - externo......... 98
Figura 73 - Planta baixa layout com piso tátil. ........................................................... 99
Figura 74 - Malha modular do piso. ......................................................................... 100
Figura 75 - Detalhe 01: Malha modular do piso....................................................... 100
Figura 76 - Estrutura dos pisos. .............................................................................. 101
Figura 77 - Encaixe dos pisos na malha. ................................................................ 102
Figura 78 - Pisos encaixados na malha. ................................................................. 102
Figura 79 - Distribuição das malhas de piso............................................................ 103
Figura 80 - Projeto de sinalização proposto. ........................................................... 105
Figura 81 - Posicionamento do mapa tátil. .............................................................. 106
Figura 82 - Aplicação da sinalização nas portas. .................................................... 106
Figura 83 - Planta sensorial..................................................................................... 108
Figura 84 - Fachada Frontal. ................................................................................... 110
Figura 85 - Fachada lateral direita........................................................................... 110
Figura 86 - Fachada lateral esquerda. .................................................................... 111
Figura 87 – Fachada posterior. ............................................................................... 111
Figura 88 - Lounge. ................................................................................................. 112
Figura 89 - Recepção/Administração. ..................................................................... 113
Figura 90 - Vista geral interna. ................................................................................ 114
Figura 91 - Área de exposição 01. .......................................................................... 114
Figura 92 - Área de exposição 02. .......................................................................... 115
Figura 93 - Área de exposição 03. .......................................................................... 115
Figura 94 - Jardim sensorial proposto– vista frontal. ............................................... 116
Figura 95 - Jardim sensorial proposto – vista lateral direita. ................................... 116
Figura 96 - Estrutura Jardim sensorial. ................................................................... 117
Figura 97 - Processo de vedação do container. ...................................................... 119
Figura 98 - Quatro módulos vedados e prontos para o transporte. ......................... 120
Figura 99 - Transporte dos módulos. ...................................................................... 121
Figura 100 - Implantação em praça pública: fachada frontal. .................................. 122
Figura 101 - Implantação em praça pública: volumetria linear direita. .................... 123
Figura 102 - Implantação em praça pública: volumetria linear esquerda. ............... 123
Figura 103 - Implantação em praça pública: fachada frontal noturna. ..................... 124
Figura 104 - Implantação em um shopping: fachada frontal. .................................. 124
Figura 105 - Vista aérea: Implantação do Expositor de arte CONTATO na Praça Luiz
Pereira Lima, Arapiraca-AL. .................................................................................... 125
Figura 106 - Vista térrea: Implantação do expositor de arte CONTATO na Praça Luiz
Pereira Lima, Arapiraca-AL. .................................................................................... 126
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resumo dos sentidos humanos: audição, olfato, paladar e tato. ............. 38
Tabela 2 - Tipos de sinalização obrigatória por categoria. ........................................ 51
Tabela 3 - Tipos de containers e suas medidas. ....................................................... 56
Tabela 4 - Arranjos de composição volumétrica........................................................ 64
Tabela 5 - Ambientes, equipamentos, usuários e área. ............................................ 71
Tabela 6 - Espessuras de placas recomendadas...................................................... 77
Tabela 7 - Valores de iluminância para museus........................................................ 86
Tabela 8 - Iluminação geral: valores de lumens x whats para cada ambiente. ......... 86
Tabela 9 - Iluminação de destaque: valores de lumens x whats para cada ambiente.
.................................................................................................................................. 86
Tabela 10 - Tipos de sinalizações obrigatórias. ...................................................... 104
Tabela 11 - Especificação de vegetação e estímulos. ............................................ 118
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 14
2 AS DEFINIÇÕES E FUNÇÕES DA ARTE ................................................... 17
2.1 DIREITO À ARTE E À CULTURA................................................................. 20
2.2 CONCEITO DE DEFICIÊNCIA ..................................................................... 22
2.3 DEFICIENTE VISUAL E A PROBLEMÁTICA DA NÃO-INCLUSÃO ............. 22
3 ARQUITETURA SENSORIAL ...................................................................... 25
3.1 VISÃO........................................................................................................... 25
3.2 AUDIÇÃO ..................................................................................................... 26
3.3 TATO ............................................................................................................ 28
3.4 OLFATO ....................................................................................................... 29
3.5 PALADAR ..................................................................................................... 30
3.6 GALERIA COSMOCOCA ............................................................................. 31
3.7 MUSEU SENSORIAL DO LAJEADO ........................................................... 33
4 DIRETRIZES E NORMATIVAS .................................................................... 36
4.1 DIRETRIZES DE EXPOSITORES E ARTE PARA DEFICIENTES VISUAIS36
4.2 NORMATIVAS DE ACESSIBILIDADE.......................................................... 43
4.3 NORMATIVAS PARA PISO TÁTIL ............................................................... 44
4.3.1 Piso tátil de alerta ......................................................................................... 45
4.3.2 Piso tátil direcional ........................................................................................ 46
4.3.3 Contraste de Luminância .............................................................................. 46
4.3.4 Regras para mudança de direção................................................................. 47
4.3.4.1 Encontro de duas faixas direcionais ........................................................ 47
4.3.4.2 Encontro de três faixas direcionais .......................................................... 48
4.3.4.3 Encontro de quatro faixas direcionais ...................................................... 48
4.3.5 Padrões para equipamentos ......................................................................... 49
4.4 NORMATIVAS PARA PLACAS E SINALIZAÇÃO ........................................ 50
5 CONDICIONANTES E SOLUÇÕES PROJETUAIS ..................................... 55
5.1 USO DO CONTAINER NA ARQUITETURA ................................................. 55
5.2 COORDENAÇÃO MODULAR ...................................................................... 60
5.3 PROJETO EXPOSITOR DE ARTES ITINERANTE ...................................... 62
5.3.1 Público alvo .................................................................................................. 62
5.3.2 Conceito e partido arquitetônico ................................................................... 63
5.3.3 Programa de necessidades e fluxograma .................................................... 68
5.3.4 Planta baixa .................................................................................................. 69
5.3.5 Volumetria e soluções projetuais .................................................................. 73
5.3.6 Vedações...................................................................................................... 75
5.3.6.1 Isolamento térmico e acústico .................................................................. 75
5.3.6.2 Iluminação natural ...................................................................................... 80
5.3.6.3 Ventilação natural ....................................................................................... 83
5.3.6.4 Iluminação artificial .................................................................................... 85
5.4 COBERTA .................................................................................................... 89
5.4.1 Telha Fotovoltaica ........................................................................................ 89
5.4.2 Telha Translúcida ......................................................................................... 91
5.4.3 Beiral / Pergolado ......................................................................................... 92
5.5 ACESSIBILIDADE APLICADA AO PROJETO ............................................. 94
5.5.1 Rampas e acessos ....................................................................................... 94
5.5.2 Padrões de pisos utilizados .......................................................................... 96
5.5.2.1 Projeto de piso tátil proposto ..................................................................... 98
5.5.2.2 Malha modular .......................................................................................... 100
5.5.3 Projeto de placas e sinalizações ................................................................ 104
5.6 APLICAÇÃO DA ARQUITETURA SENSORIAL ......................................... 107
5.8 AMBIENTES ............................................................................................... 112
5.8.1 Lounge........................................................................................................ 112
5.8.2 Recepção/Administração ............................................................................ 112
5.8.3 Espaços de exposição ................................................................................ 114
5.8.4 Jardim sensorial.......................................................................................... 115
5.9 MONTAGEM, DESMONTAGEM E TRANSPORTE ................................... 119
5.7 PROPOSTAS DE IMPLANTAÇÕES .......................................................... 121
6 CONCLUSÃO............................................................................................. 127
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 129
14

1 INTRODUÇÃO

A escolha desse tema surgiu para o autor desta monografia de forma bastante
natural. Envolvido com artes, desenhos e pinturas desde os 7 anos de idade, sua
paixão por desenhar sempre foi eminente e ao longo dos anos, através da prática, foi
adquirindo habilidades, se especializando em desenhos realistas em grafite. No ano
de 2017 surgiu o convite e a oportunidade de expor os seus trabalhos no Arapiraca
Garden Shopping, período este que coincidiu com seu ingresso no curso de
Arquitetura e Urbanismo, o que o tornou mais crítico diante do seu papel perante a
sociedade. E em determinado dia, vendo seus quadros na parede expostos, se
questionou quanto artista e ser humano e percebeu o quanto que àquelas artes
expostas eram restritas a pessoas que têm o sentido da visão em perfeito estado.
Portanto, surge o seguinte questionamento: é possível tornar um espaço de artes
acessível, a fim de proporcionar que pessoas com deficiência visual vivenciem
experiências de engajamento, interação e pertencimento ao grupo?
Em outubro de 2019 a OMS relatou que cerca de 2,2 bilhões de pessoas no
mundo sofrem com algum tipo de deficiência visual ou cegueira (OMS, 2019). No
Brasil faltam dados atualizados do número de pessoas com deficiências visuais, os
últimos dados são do censo de 2010 destaca que 3,4% da população brasileira tem
grande dificuldade de enxergar ou algum tipo de cegueira, isso equivale a 6,5 milhões
de pessoas que têm a visão limitada, enquanto mais de 528 mil têm cegueira total e a
perspectiva seria que em 2020 esse número chegasse a 1,1 milhão.
Atualmente, a compreensão popular acerca das capacidades e do valor social
dos deficientes visuais vem melhorando, já é possível se ver diversas adaptações para
esse determinado grupo e a aplicação das diretrizes da NBR9050 (2020), no entanto
essas adaptações deveriam ser muito além de um piso tátil, rampas ou o braile.
Espaços de apreciação de artes são drasticamente limitados à visão, independo e
usurpando o direito desses indivíduos se sentirem inseridos nesse meio.
O direito à cultura e à arte passou a ter destaque jurídico e social a partir da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948 pela Assembleia
Geral da ONU, que trouxe em seu artigo 27, que “todo ser humano tem direito de
participar da vida cultural da comunidade, de fruir as artes [...]”, assim, houve o
reconhecimento e a consolidação deste direito como fundamental para a sociedade.
Além dessa, também é estabelecido esse direito na Constituição Federal Brasileira de
15

1988, que estabelece em seu artigo 215: “O Estado garantirá a todos o pleno exercício
dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, apoiará e incentivará a
valorização e a difusão das manifestações culturais”.
Sendo assim, espaços de exposições artísticas deveriam proporcionar também
aos deficientes visuais a leitura, entendimento, pertencimento e reconhecimento da
arte ali exposta e da sua edificação como um todo.
Nessa perspectiva, mesmo diante do que está assegurado em leis, é notória a
falta de iniciativas tanto públicas, quanto privadas com o intuito de inserirem as
pessoas com deficiência visual em manifestações e apreciações de arte.
Assim, o objetivo geral desse trabalho consiste em propor o projeto de um
expositor de artes itinerante, para cegos, seguindo os preceitos da percepção do
espaço através da manifestação sensorial na arquitetura. Para tanto, foram
delineados os seguintes objetivos específicos:

• Analisar as normas e legislação que assegurem a acessibilidade à


pessoa cega ou com baixa visão;
• Compreender como um espaço de exposições pode interagir e aguçar
os cinco sentidos humanos;
• Investigar sistemas e tecnologias construtivas que viabilizem o uso do
container e coordenação modular.

Quanto à metodologia, inicialmente foi realizada uma revisão bibliográfica sobre


os direitos e leis que asseguram o acesso à arte e à cultura ao deficiente visual, assim
como as diretrizes e normativas projetuais. Em seguida, foi feita a descrição e análise
de referências de museus/galerias e de ferramentas já empregadas para artes
acessíveis.
O presente trabalho está estruturado em seis capítulos. Este primeiro introduz
ao tema abordado. No segundo capítulo buscou-se definir o conceito de Arte,
mostrando sua importância na sociedade, bem como as leis que regem o seu direito,
assim como à cultura, também é abordado o conceito de deficiência e deficiente visual,
alguns desafios e exclusões sofridas por esses indivíduos; Logo após é definida a
Arquitetura sensorial, com a caracterização da manifestação dos cinco sentidos; Em
seguida são apresentadas algumas diretrizes, normas pertinentes como os padrões
de acessibilidade exigidos pelas NBR 9050, 2020 (Acessibilidade e edificações,
16

mobiliário, espaços e equipamentos urbanos), NBR 16537, 2016 (Sinalização tátil do


piso) e NBR 15873, 2010 (Coordenação Modular) e exemplos da sua aplicação em
expositores e artes acessíveis;
Como resultado, foi obtido o projeto de um Expositor de Arte itinerante para
cegos onde são apresentados: conceito, partido arquitetônico, programa de
necessidades, pré-dimensionamento dos ambientes, análise e escolha de materiais,
análise dos condicionantes de conforto climático e acessibilidade. Além disso, dois
pontos bastante pertinentes e que nortearam todo o projeto foram: a busca pela
sustentabilidade do projeto, tanto no âmbito de gerar menos resíduos na sua
construção, quanto da busca da autossuficiência e geração de energia, permitindo
assim, que seja instalado em localidades que não tenham energia elétrica; quanto o
caráter flexível, que através da modulação arquitetônica buscou-se ferramentas que
permitam que o expositor de arte possa ser expandido ou ter sua planta modificada,
a depender da exposição que esteja instalada. Após, é apresentada a composição
volumétrica que segue os parâmetros já mencionados, com perspectivas em 3D,
fachadas e ilustrações de cada ambiente. Por fim, são caracterizados os processos
de montagem, desmontagem e transporte da edificação, além de propostas de
implantação.
Por fim, são apresentadas as considerações finais apresentando as principais
contribuições do referido projeto e algumas sugestões para direcionamentos futuros.
17

2 AS DEFINIÇÕES E FUNÇÕES DA ARTE

Muito se discute sobre como a arte pode ser conceituada, mas não há como
fazer isso de maneira singular, pois ela é a junção de princípios, idealizações,
reprodução e preservação da existência da natureza humana (COLI, 2017). A arte é
tão antiga quanto o homem e não existe uma definição simples para determinar o que
é a arte em si. Cabe aos seus admiradores apenas apreciá-las sem tentar explicá-las
ou compreendê-las (CUNHA FILHO e ALMEIDA, 2012). Para Coli (2017) a arte pode
ser entendida como uma expressão da ação do homem, onde existe um sentimento
admirativo.
A arte faz parte da expressão da vida cotidiana, os primeiros relatos de arte já
registrados são as imagens gravadas pelos homens das cavernas, a chamada arte
rupestre (Figura 1), onde o homem tentava retratar sua vida cotidiana, principalmente
as atividades que envolviam caça (JUSTAMAND et al., 2017).

Figura 1 – Arte rupestre retratava a vida cotidiana do homem das cavernas.

Fonte: Justamand et al. (2017).

O homem e a arte evoluíram juntos, pois a arte é o retrato daquilo que ele vive.
Hegel (2008) afirma que a arte é a reprodução de um pensamento do homem, sendo
uma forma de representar sua linguagem e seus sentimentos através da sua obra de
arte, assim, toda a forma de representação artística acontece em um ambiente em
que o homem pode expressar-se por meio de suas produções.
18

A arte tem como uma de suas funções a de proporcionar recordações e fazer


efabular, mesmo diante das adversidades existentes na vida contemporânea, ou seja,
ela auxilia o indivíduo a utilizar a imaginação e criar situações em sua mente, que
podem gerar novos desejos de mudança diante da sua realidade e na construção de
uma nova vida (BIELA e IAVELBERG, 2020).
A história da arte descreve a grande variedade de obras plásticas criadas no
decorrer dos séculos, que ficam expostas em museus e abrangem desde os quadros
famosos e milionários como a obra Mona Lisa de Da Vinci (1503-1506), a esculturas
urbanas. As obras de arte não têm um valor em si, elas são relevantes pelo seu
sentido artístico e não pela experiencia, ou seja, é a partir dessa sensação e
percepção artística da obra que ela passa a ter importância (ÁVILA, 2003).
A arte é a transmissão de ideias, pensamentos e emoções, através de um
objeto artístico, adquirida da experiência humana e deve ser acessível para todos.
Assim como afirma Fischer (1983):

A arte é concebida como ideia de colocar o homem em equilíbrio com seu


meio, se caracteriza como um reconhecimento parcial da sua natureza e da
sua necessidade, tendo em vista que não é possível um permanente
equilíbrio entre o homem e o mundo que o circunda, sugerindo que a arte é
e sempre será necessária (FISCHER, 1983 apud FERREIRA e OLIVEIRA,
2009, p.3, grifo nosso).

A sociedade e a arte têm uma forte conexão, podendo se traduzir de diversas


formas por meio de fotografia, pintura, música, dança, cinema, arquitetura, entre
outros e em muitos casos, essa ligação ocorre de maneira inconsciente. É através
dessa ligação que se pode observar um diálogo entre aquele que produz a arte e
aquele que a aprecia (NILO, 2016).
De acordo com Fischer (1987, p.51), “[...] o artista continua sendo o porta voz
da sociedade”. O artista e a obra por ele executada têm uma função social indiscutível.
Fischer (1987, p.51-52) ainda salienta “a tarefa do artista é expor ao seu público a
significação profunda dos acontecimentos, fazendo-o compreender claramente a
necessidade e as relações essenciais entre o homem e a natureza e entre o homem
e a sociedade”.
Para Marx (1979), a arte é uma representação das relações sociais e da vida
dos indivíduos, sendo capaz de interagir com a sociedade e lhe causar modificações,
assim, ele atribui a esta uma natureza libertadora, fazendo as pessoas repensarem a
respeito de suas vidas.
19

Todo material artístico é um fragmento da realidade de determinada cultura ou


época, sendo assim a arte é a construção do indivíduo, pois através dela as pessoas
podem mudar o humor ou outros sentimentos (BARROCO e SUPERTI, 2014).
A sociedade e a arte são intimamente ligadas uma à outra, ou seja, não há arte
sem a sociedade do mesmo modo que não há sociedade sem arte. Haja visto que a
arte é uma forma de como o homem tenta entender e modificar o mundo a sua volta
(BAY, 2006).
A relevância da arte para a humanidade vem no auxílio de expressar ideias,
vivências, culturas e aprendizados (GOLDSTEIN, 2013). Quando a mensagem da arte
é passada, ela atrai emoções e pensamentos do espectador. Logo, a arte consegue
não se delimitar a fronteiras, propiciando o compartilhamento entre pessoas que
vivenciam contextos diferentes de vida. (AN e CERASI, 2017).
Segundo o Plano Curricular Nacional [PNC] (BRASIL, 2001, p.28) “Em 1971,
pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a arte é incluída no
currículo escolar como o título de Educação Artística, mas é considerada ‘atividade
educativa’ e não disciplina”, sendo considerada como disciplina apenas anos mais
tarde, conforme dispõe o parágrafo 2º do artigo 26: “O ensino da arte constituirá como
componente curricular obrigatório, nos diversos níveos da educação básica, de forma
a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. De acordo com Ferreira (2001,
p.12), “[...] as artes devem estar presentes no currículo escolar não por suas
contribuições nesses campos de desenvolvimento, mas pelos benefícios que apenas
as artes, e nenhuma outra área de estudo, podem oferecer à educação”.
Para Porcher (1982), a prática das atividades artísticas corresponde a um fator
altamente benigno para o desenvolvimento de toda a personalidade e, principalmente,
das suas particularidades intelectuais. Como destaca Bouro (2000):

O objetivo geral dessa proposta de ensino de artes plásticas na escola, é


desenvolver no aluno a percepção visual do mundo e da obra de arte,
ampliando seu repertório visual e gráfico, contribuindo para a construção de
um olhar crítico no exercício de sua cidadania. (BUORO, 2000, p.16).

É importante destacar que a arte deve ser acessível a todos os públicos, idades
e classe social. Pois, a arte é uma das formas de humanização e, por esse motivo, ela
é de suma importância dentro da sociedade como um todo. Humanizar é dar a
oportunidade de as pessoas terem muito mais que condições de sobrevivência, é lhes
proporcionar ser quem são, em todas as suas peculiaridades (SOARES, 2007).
20

2.1 DIREITO À ARTE E À CULTURA

O direito à cultura e à arte passou a ter destaque jurídico e social a partir da


Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948 pela Assembleia
Geral da ONU, que trouxe em seu artigo 27, que “todo ser humano tem direito de
participar da vida cultural da comunidade, de fruir as artes [...]”, assim, houve o
reconhecimento e a consolidação deste direito como fundamental para a sociedade.
No âmbito nacional, o direito à cultura se tornou obrigatório a partir da
promulgação da Constituição Federal de 1988, onde em seu artigo 215 determina que
“O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes
da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das
manifestações culturais”. Dessa maneira, cabe ao estado garantir que as pessoas
possam exercer e ter acesso à cultura e à arte.
Cunha Filho (2018) define os direitos culturais como aqueles que estão ligados
à memória coletiva, às artes e ao conhecimento sobre fatos do passado, que podem
interferir de maneira direta no presente, uma vez que propicia aos indivíduos a
possibilidade de prever e decidir o futuro com base informações passadas, buscando
sempre à implementação da dignidade humana.
Em 2010, entrou em vigor a Lei nº 12.343/2010, que instituiu o Plano Nacional
da Cultura e criou o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais. Já em
seu Capítulo III, o Plano Nacional da Cultura - PNC, determinou que:

O acesso à arte e à cultura, à memória e ao conhecimento é um direito


constitucional e condição fundamental para o exercício pleno da cidadania e
para a formação da subjetividade e dos valores sociais. É necessário, para
tanto, ultrapassar o estado de carência e falta de contato com os bens
simbólicos e conteúdos culturais que as acentuadas desigualdades
socioeconômicas produziram nas cidades brasileiras, nos meios rurais e nos
demais territórios em que vivem as populações. (BRASIL, 2010, não
paginado).

É direito de todos ter acesso à cultura e à arte, como requisito essencial para
que haja o pleno exercício da cidadania, bem como para o fortalecimento dos valores
sociais e da formação da subjetividade dos brasileiros.
O PNC também determina que é preciso aumentar o contato da população
brasileira com os princípios culturais do passado e do presente, por meio de várias
fontes de informações. Para tanto, é necessário que haja uma maior qualificação dos
21

espaços culturais, diversificando e aumentando a oferta de exposições e conexões


com produtos artísticos.
Para Varella (2014), é importante destacar que quando a Constituição Federal
determina que é garantido a todos o acesso às fontes de cultura nacional, abrange o
acesso ao conhecimento, às linguagens artísticas, à memória, ao patrimônio material
e imaterial, aos instrumentos de produção cultural, ao acesso a inovação da cultura,
entre outras.
A arte deveria ser apreciada por qualquer pessoa, em qualquer momento
histórico, entretanto, mesmo que haja um maior interesse da sociedade por esta, ela
acaba não estando ao alcance de toda a população, seja pela falta de condições
financeiras mínimas, por carência de políticas públicas voltadas a inclusão cultural e
artística (LOBO, 2013) ou até mesmo pela falta de acessibilidade para todos os
públicos.
Apesar das garantias Constitucionais, este direito não é tão efetivo quanto
deveria, uma vez que assegurar que comunidades carentes tenham acesso à cultura
não é algo simples. Nesse sentido, boa parte dos municípios brasileiros não apresenta
nenhum tipo de exibição artística, ficando mais restrito às grandes regiões
metropolitanas (CARDOSO e MESQUITA, 2021).
Igualmente, argumenta Tarragô e Habowski (2017) que a realidade brasileira,
onde parte da população não tem o mínimo para sobreviver, faz com que o acesso à
arte e à cultura seja algo inalcançável. Assim, pessoas negras, pardas e de baixa
renda que vivem nas periferias continuam sem acesso à cultura artística, com base
em dados fornecidos pelo Sistema de Informações e Indicadores Culturais, essa
inacessibilidade a arte e cultura está diretamente relacionada às diferenças reginais,
sociais e raciais (FERNANDES, 2021).
Então apesar de todos os direitos previstos em leis, até onde esse direito à arte
e à cultura são assegurados? Além das desigualdades já mencionadas, existe uma
outra bastante eminente e, às vezes, pouco explorada que é a acessibilidade. Para
ratificar o que já foi exposto, cabe mais um questionamento: essa arte e cultura são
disponibilizadas e estão ao alcance de pessoas com deficiência visual?
22

2.2 CONCEITO DE DEFICIÊNCIA

A deficiência pode ser conceituada como a anormalidade ou perda de alguma


função ou estrutura anatômica, psicológica ou fisiológica do indivíduo, podendo ser
permanente ou temporária. Também é considerado deficiente aquele que apresente
a perda ou defeito de um órgão, membro, tecido de qualquer parte estrutural do copo
e das funções mentais (AMIRALIAN, 2000).
De acordo com o Estatuto da Pessoa com Deficiência (2015), em seu artigo 2º,
se conceitua pessoa com deficiência aquele que tem restrição de origem mental,
física, sensorial ou intelectual, condição esta que pode gerar tratamentos desiguais e,
consequentemente, bloquear sua plena participação social. Ainda segundo o Estatuto
(2015):
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em
interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e
efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
(BRASIL, 2015, não paginado).

Dessa maneira, a pessoa com deficiência é aquela que tem alguma restrição
ou a ausência de alguma estrutura física ou psicológica, seja ela de ordem física,
sensorial, mental ou intelectual, que possa ocasionar desigualdades.

2.3 DEFICIENTE VISUAL E A PROBLEMÁTICA DA NÃO-INCLUSÃO

O deficiente visual é aquele que possui a perda integral ou um severo prejuízo


na visão, onde nesta conserva resíduos mínimos visuais, conseguindo ter um pouco
de percepção luminosa e de vultos. Para avaliar e conseguir identificar se o indivíduo
tem deficiência visual, são analisados o seu campo visual e sua capacidade de
reconhecer objetos a longas distâncias (OTTAIANO, 2019).
Maior (2015) afirma que os indivíduos com deficiência se dividem entre aqueles
que manifesta baixa visão e aqueles totalmente cegos, no primeiro caso, eles
conseguem enxergar letras e imagens ampliadas e próximas ao olho, já no segundo
caso, existe a perda total da visão ou não percepção da luz.
A pessoa pode ser considerada cega quando houve a perda total da visão,
sendo necessário a utilização de métodos como Braille para que esta possa ler e
escrever, entre outras ferramentas especiais e didáticas que possa auxiliar durante o
processo de aprendizagem (BRASIL, 1993).
23

Em outubro de 2019 a OMS relatou que cerca de 2,2 bilhões de pessoas no


mundo sofrem com algum tipo de deficiência visual ou cegueira (OMS, 2019). No
Brasil faltam dados atualizados do número de pessoas com deficiências visuais, os
últimos dados são do censo de 2010 destaca que 3,4% (Figura 2) da população
brasileira tem grande dificuldade de enxergar ou algum tipo de cegueira, isso equivale
a 6,5 milhões de pessoas que têm a visão limitada, enquanto mais de 528 mil têm
cegueira total e a perspectiva seria que em 2020 esse número chegasse a 1,1 milhão.

Figura 2 - Porcentagem da população, por tipo e grau de dificuldade e deficiência.

Disponível em: https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/20551-pessoas-com-


deficiencia.html. Acesso em: 08 set. 2021.

Atualmente, a compreensão popular acerca das capacidades e do valor social


dos deficientes visuais vem melhorando, já é possível se ver diversas adaptações para
esse determinado grupo e a aplicação das diretrizes da NBR9050 (2020), no entanto
essas adaptações deveriam ser muito além de um piso tátil, rampas ou o braile.
Espaços de apreciação de artes são drasticamente limitados à visão, logo, a esse
determinado grupo não é dada a oportunidade de se inserirem nesse meio.
Há muitas pessoas que apresentam dificuldade visual em todo mundo e
integrar essas pessoas no conceito de arte é um desafio que precisa ser concluído. A
distribuição da população com deficiência visual está concentrada, principalmente,
nos países com baixos índices renda (OMS, 2019).
É importante mencionar que, boa parte das obras de arte, estejam elas dentro
de museus ou expostas no meio urbano, são exclusivamente visuais, impedindo que
24

os deficientes visuais possam contemplá-la, já que não conseguem enxergar o que


está sendo exibido (ALMEIDA; CARIJO; KASTRUP, 2010).
Segundo Sassaki (1997, apud TAVARES, 2013, p.37), “para a inclusão de
todas as pessoas é preciso que essa sociedade seja modificada, tornando-se capaz
de atender às necessidades de todos os membros [...]” É necessário que a sociedade
se transforme, alterando o ambiente físico e o pensamento de todos.
A educação e apreciação artística são extremamente importantes para o
desenvolvimento global do ser humano, devendo ser trabalhada desde a infância,
independente das limitações físicas, com diversos benefícios cognitivos e criativos.
Logo, espaços de exposições artísticas devem proporcionar também aos
deficientes visuais a leitura, entendimento, pertencimento e reconhecimento da arte
ali exposta e da sua edificação como um todo, e uma alternativa para isso seria o
estímulo dos sentidos sensoriais, através da Arquitetura Sensorial.
25

3 ARQUITETURA SENSORIAL

A arquitetura sensorial é aquela onde existem estímulos do espaço construído


com os sentidos das pessoas, ou seja, o ambiente aguça o olfato, a visão, o tato,
paladar e audição. A partir daí, há uma influência deste espaço sobre o
comportamento dos usuários (PEREIRA, 2019). Nesse mesmo sentido, argumenta
Coelho (2019), que se reconhece a arquitetura sensorial, quando esta estimula os
sentimentos e sentidos dos indivíduos presentes no local modificado.
Através da arquitetura o indivíduo pode ter uma experiência sensorial, que
abarca todos os sentidos. Segundo Corbusier (2000), a arquitetura foi criada para
gerar sensações e estas são a maneira pela qual as pessoas se relacionam com o
próprio organismo e com o mundo.
Cada espaço arquitetônico é multifatorial e tem seu significado medido pelos
olhos, ouvidos, nariz, boca e pele, à medida que esses são os sentidos que permitem
o indivíduo captar as informações sensoriais existentes no local, portanto, sem a
existência da arquitetura o espaço é sem vida. A arquitetura redireciona a consciência
pessoal, individual e visão de mundo, com a própria sensação de se ter uma
identidade e estar vivo (PALLASMAA, 2012).
O corpo é capaz de perceber e interpretar os estímulos no espaço. A luz, o
cheiro, o toque, e o som são elementos cruciais num projeto, pois isso pode
proporcionar ao usuário sensações que o levam a um bem-estar e leveza que a
arquitetura pode proporcionar (DIAS e ANJOS, 2017).
A seguir serão discutidos como a arquitetura pode estar relacionada aos 5
sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar.

3.1 VISÃO

A visão é considerada um dos sentidos mais aguçados dos seres humanos e


um dos mais privilegiados dentro da arquitetura, pois é através dele que se pode
observar as cores, os elementos e a luz dos ambientes (DIAS e ANJOS, 2017). A
iluminação, por sua vez, é uma das características mais importante para esse sentido,
que pode ser evidenciado por grandes aberturas, incluindo às zenitais, como no
exemplo da Figura 04.
26

Apesar de sua evidente importância, não se pode menosprezar os demais


sentidos ao se realizar um projeto arquitetônico, à proporção que as experiências e
sensações vividas pelos indivíduos são resultados dos inúmeros elementos sentidos
(COELHO, 2019).
Um exemplo de aplicação sensorial visual é a Biblioteca e Centro cultural
House (Figura 3) localizada na Dinamarca. Sua fachada é composta de revestimentos
em madeira na cor preta, com aberturas de diferentes tamanhos, formando um jogo
de cheios e vazios que evidenciam a iluminação natural durante o dia, através de uma
abertura zenial, e durante a noite gera uma fachada dinâmica e iluminada.

Figura 3 - Centro cultural House, Dinamarca.

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/780284/biblioteca-e-centro-cultural-primus-architects.


Acesso em: 10 out. 2021.

3.2 AUDIÇÃO

A audição é omnidirecional, diferentemente da visão que é considerada


bidirecional, ela é um sentido muito importante para a arquitetura, uma vez que
sempre existem sons nos ambientes e é necessário identificá-los e senti-los.
Dependendo do ruído produzido no espaço, o arquiteto deve conciliar sua arte a fim
de proporcionar um conforto acústico no espaço proposto (COELHO, 2019).
27

Pallasmaa (2012) diz que é através da audição que os espaços são


estruturados e tornam-se articulados. Já para Abbus (2006), tudo é som nos jardins,
a audição proporciona conhecer o som das águas, o sussurrar das folhas, o sacudir
dos ramos ao vento, o ruído do caminhar sobre pedriscos e o canto dos pássaros.
Isso pode ser proposto através de jardins internos integrados à edificação.
O som tem grande influência na experiência espacial, um exemplo claro é a
remoção da trilha sonora de um filme, os espaços vivenciados perdem sua
plasticidade e o senso de continuidade.
A Sonic Pavilion (Figura 4) é um exemplo sensorial que explora a audição.
Inaugurada em 2009, no complexo de Inhotim, proporciona aos seus visitantes
ouvirem o som da terra em tempo real, para isso, a edificação possui um formato
circular, envidraçado e no seu interior encontra-se um buraco de aproximadamente
200m de profundidade e microfones sensíveis ao seu redor, que captam frequências
diferentes de sons/ruídos, que são propagados no interior da galeria (WIERMANN,
2009).

Figura 4 - Sonic Pavilion, Inhotim.

Disponível em: http://ilumineoprojeto.com/museu-inhotim-parte-ii-a-formacao-do-acervo-de-arte-


contemporanea/. Acesso em: 10 out. 2021.
28

3.3 TATO

O tato é o sentido sensorial que integra o ser humano ao mundo, é o sentido


que permite o acesso à informação de corpos materiais e revelando informações
sobre a textura, o peso, a densidade e a temperatura (PALLASMAA, 2012).
O tato permite ao indivíduo entender o meio e as pessoas através das
impressões de toque, é através dele que o indivíduo entra em contato direto com os
elementos para conseguir perceber sua textura, isso pode guiar pessoas com
deficiência visual fazendo com que a arquitetura deixe de ser algo mais visual para
uma arte mais palpável (ABBUD, 2006).
É através do tato que as pessoas se sentem vivas, pois o toque nas superfícies
faz com que elas se comuniquem com o objetivo e possam sentir se ele é rugoso, liso,
áspero (OKAMOTO, 2014). Segundo Hall, 2005, apud TAVARES, 2013:

[...] de todas as sensações, o tato é a experiência mais pessoal. Para muita


gente, os momentos mais íntimos da vida estão associados às texturas
cambiantes da pele [...] O relacionamento do ser humano com o ambiente é
uma função do seu sistema sensorial e de como esse sistema está
condicionado a reagir. Atualmente, a imagem inconsciente que temos de nós
mesmos, a vida que levamos, o processo de existir minuto após o outro é
composta dos fragmentos de feedback sensorial (HALL, 2005, apud
TAVARES, 2013, p.71).

De acordo com Pallasmaa (2012) todos os sentidos, até mesmo a visão, são
extensões do tato. Os sentidos são particularizações da pele, e todas as experiências
sensoriais são decorrentes e variantes do tato, estando diretamente relacionadas à
tatilidade. Sendo considerado o maior órgão do corpo humano, a pele em todos os
seus pontos tem a capacidade de sentir.
As texturas dos materiais de um edifício podem guiar pessoas portadoras de
necessidades especiais, podem instigar ao toque, podem guiar um caminho cheio de
surpresas, assim como podem mostrar diferentes possibilidades e texturas. O tato é
contato direto do edifício com a pele do usuário, é a forma com que a arquitetura se
torna palpável (PALLASMAA, 2012).
Um exemplo de aplicação sensorial tátil é o Rainforest Coff (Figura 5),
localizado na Disney Wold em Orlando, Flórida. Em sua concepção foi atribuída a
alteração da unidade do ar como artifício de apoio para demonstrar aos visitantes a
mudança de um ambiente para o outro, trazendo a sensação de se estar adentrando
em uma floresta, através de uma cascata localizada logo na entrada que propaga
29

gotículas de água no ar, com isso a umidade interna do restaurante se torna muito
maior do que a da rua e a noção de exterior e interior é bem demarcada (NEVES,
2017).

Figura 5 - Rainforest Coff, Orlando.

Disponível em: https://turistaholic.com.br/blog/alimenta%C3%A7%C3%A3o/rainforest-cafe-


%E2%80%93-uma-refei%C3%A7%C3%A3o-entre-animais-em-uma-floresta-tropical-sqn.
Acesso em: 13 out. 2021.

3.4 OLFATO

O olfato capta os diferentes aromas do ambiente, ele é capaz de elevar as


memórias remotas trazendo lembranças já esquecidas no tempo (PALLASMAA,
2012). Ele pode ser considerado também um dos mais importantes sentidos, uma vez
que não existe a possibilidade de bloqueá-lo, pois ele está ligado à respiração
(COELHO, 2019).
O sistema olfativo consegue distinguir inúmeros cheiros que estão presentes
no dia-a-dia, o cheiro de uma rosa, de grama recém cortada, naftalina, vinagre,
hortelã, serragem, argila, biscoitos recém assados, são alguns exemplos. Os cheiros
evocam imagens, sensações, memórias e associações. A importância desse sentido
às vezes é subestimada (LINDSTROM, 2007).
Pallasmaa (2012) discorre que um cheiro específico é capaz de levar ao modo
inconsciente num espaço totalmente esquecido pela memória da retina. O olfato
desperta uma imagem esquecida. Segundo ABBUD, 2006:
30

O cheiro faz os olhos lembrarem-se de experiências passadas ou afloram


algo totalmente novo. Em áreas ajardinadas, tudo atrai o olfato, seja pelo
cheiro das plantas no frescor da manhã, no cair da tarde ou um dia de chuva,
seja pelo odor da grama, pelo perfume das flores, cascas e madeiras podem
exalar em vários momentos no dia e da noite (ABBUD, 2006, p.17).

Os aromas presentes em um ambiente, são um dos principais atributos que as


pessoas sentem ao entrar em um lugar e para cada tipo de cheiro ou fragrância há
uma resposta automática do nosso sistema olfativo e nosso subconsciente (NEVES,
2017).

3.5 PALADAR

O paladar e o olfato caminham juntos, uma vez que, as partículas inaladas


entram pelo nariz e passam pela boca, estimulando o paladar. Portanto, essa relação
pode-se aplicar na arquitetura, por exemplo, ao cheirar a madeira usada numa obra
arquitetônica, é quase como se fosse sentido o seu sabor, permitindo assim criar uma
ligação sensorial mais rica com a edificação (GAMBOIAS, 2013). Ele é um dos
primeiros sentidos desenvolvidos pelos bebês e um dos últimos a perder eficácia em
idosos (COELHO, 2019).
Alguns meios naturais de incorporar elementos que agucem o sentido do
paladar dentro de uma edificação é através de plantas comestíveis, hortaliças, flores
e frutíferas, que podem ser inseridas através de um jardim sensorial1 (Figura 6), que
podem estimular além do paladar, o olfato, a audição, a visão e também o tato.

1
Jardim Sensorial, é um ambiente composto por boa variedade de plantas e estruturado com o
propósito de oferecer, aos visitantes, estímulo aos cinco sentidos (tato, visão, olfato, paladar e
audição), uma vez que permite às pessoas tocarem nas plantas para sentir suas texturas, formas,
aromas e sabores, oferecendo sobretudo, bem-estar e lazer (XAVIER, 2021).
31

Figura 6 - Exemplo de jardim sensorial.

Disponível em: https://territoriosecreto.com.br/dicas-para-montar-um-jardim-sensorial-em-


casa/. Acesso em: 12 out. 2021.

3.6 GALERIA COSMOCOCA

Localizado no Centro de Arte Contemporânea Inhotim, na cidade de


Brumadinho – MG, a Galeria Cosmococa (Figura 7), inaugurada no ano de 2010, foi
projetada pelo escritório Arquitetos Associados e possui uma área construída de 35m².
Essa edificação traz a aplicação da Arquitetura Sensorial em todo o seu interior,
idealizado para que os 5 sentidos humanos aflorem de forma espontânea através de
espaços multissensoriais que reúnem música, fotos e vários outros elementos.

Figura 7 - Centro de Arte Contemporânea Inhotim.

Disponível em: https://www.inhotim.org.br/item-do-acervo/galeria-cosmococa/.


Acesso em: 12 out. 2021.
32

Seu exterior é marcado por blocos de concreto e um terraço jardim conectado


à natureza do local, tornando a edificação quase que imperceptível vista de cima.
Dividida em cinco salas de exposição, desenvolvidas por Hélio Oiticica e
Neville D’Almeida, essa galeria conta com diversos equipamentos que proporcionam
aos seus visitantes uma experiência sensorial, através de redes, piscina, colchões,
balões, sólidos geométricos de espuma, além de sons e imagens. Em uma de suas
salas, denominada de “CC4 Nocagion” (Figura 8) o público é convidado a entrar em
uma piscina de água fria, instalada em meio à interferência de luzes verdes e azuis,
paralelo a isso, projeções de manuscritos musicais e de seu livro “Notations” escritos
pelo músico John Cage (1912-1992) são aplicadas em suas paredes brancas
enquanto é tocada a trilha sonora que oscila de intensidade e volume.

Figura 8 - Sala de exposição CC4 Nocagion.

Disponível em: https://www.inhotim.org.br/item-do-acervo/cosmococa-cc4-nocagions/.


Acesso em: 12 out. 2021.

Outro ambiente que também pode-se destacar é o “CC5 Hendrix-War”, seu


título é em homenagem aos músicos Jimmy Hendrix (1942-1970) e a War Heroes
(1972). A sala reúne um conjunto de redes, que convidam os visitantes a deitarem
sobre elas como se fossem casulos e relaxarem, ao mesmo tempo em que imagens
são projetadas nas paredes e no teto da sala enquanto a trilha sonora reproduz as
músicas que compõem o ambiente (Figura 9).
33

Figura 9 - Sala de exposição CC5 Hendrix-War.

Disponível em: https://www.inhotim.org.br/item-do-acervo/cosmococa-cc5-hendrix-war/.


Acesso em: 12 out. 2021.

3.7 MUSEU SENSORIAL DO LAJEADO

O Museu Sensorial do Lajeado (Figuras 10 e 11) é uma proposta de projeto de


conclusão de curso do então Arquiteto Renato Lopes, premiado pelo site Archdaily
Brasil (2016), reconhecido pelo seu caráter inovador. Localizado no Parque Estadual
do Lajado, em Palmas/TO, essa proposta tem como princípio estimular visitas públicas
e, por meio disso, tornar esse público um dos principais gestores de defesa da reserva,
para isso, a proposta consiste em o visitante sentir, através dos cinco sentidos
humanos, tudo o que a reserva é capaz de lhe oferecer, causando sensações,
resgatando memórias e ideias particulares.
34

Figura 10 - Museu Sensorial do Lajeado.

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/801579/os-melhores-trabalhos-de-conclusao-de-


curso-do-brasil-e-portugal. Acesso em: 20 dez. 2021.

Figura 11 - Museu Sensorial do Lajeado: acesso.

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/801579/os-melhores-trabalhos-de-conclusao-de-


curso-do-brasil-e-portugal. Acesso em: 20 dez. 2021.

Mantendo contato direto com as plantas e animais, o visitante tem a


oportunidade de se conectar à natureza, sentir a consistência da terra, a textura das
folhas, o cheiro de terra molhada em dias de chuva, os sons emitidos pelos animais,
a umidade do ar, a temperatura, entre outros.
35

Para o baixo impacto ambiental, a proposta da edificação conta com materiais


ecológicos, painéis fotovoltaicos, telhas sanduiches e telhado verde, além de
claraboias e estrutura em aço cortem parafusado (LOPES, 2016).
As áreas de exposição do museu são destinadas a exibições dedicadas em
aguçar os cinco sentidos: tato, olfato, audição, paladar e visão (Figura 12); com
diferentes níveis de estímulos para cada um deles, garantindo assim, variados tipos
de sensações aos seus visitantes (LOPES, 2016).

Figura 12 - Aplicação dos sentidos por ambiente de exposição.

Disponível em: https://www.perelopesarquitetura.com/museusensorialserradolajeado.


Acesso em: 28 dez. 2021.
36

4 DIRETRIZES E NORMATIVAS

Neste capítulo serão apresentadas as diretrizes e normativas que serão


seguidas em todas as etapas de concepção projetual.

4.1 DIRETRIZES DE EXPOSITORES E ARTE PARA DEFICIENTES VISUAIS

A contemplação de espaços expográficos e museográficos, em quase sua


totalidade, vem regada à inúmeras regras e normas, isso porquê a concepção desses
já está atrelada como algo “intocável” na mente das pessoas. No final de 1970, aqui
no Brasil, intervenções urbanas surgiram como forma de oposição às artes limitadas
às paredes de museus e galerias, pois muitos artistas acreditavam que essas
instituições restringiam o acesso à arte somente àqueles que estavam diretamente
ligadas a ela (MARQUEZ, 2000 apud BARBOSA, 2018). Todavia, segundo Mac Leod
(2005), os museus estão gradativamente deixando de ser considerados ícones e
marcos culturais, e se tornando elementos do ambiente construído que propiciam
“usabilidade” e significado aos seus usuários, movimento denominado de “Nova
Museologia2”.
Para Merkel (2002) os museus e seus espaços também estão assumindo um
novo papel:

[...] essas instituições e seus acervos não são mais “repositório de tesouros”
ou “depósitos de curiosidades”, mas adquirem novos significados, numa
crescente interação entre o acervo, o público e o espaço construído. Nos
tempos hodiernos, os museus enumeram uma variedade de funções não
imaginadas em décadas anteriores. Os acervos passam, cada vez mais, a
interagir com o ambiente construído, configurando uma narrativa que desafia
os códigos convencionais de percepção (MERKEL 2002, apud VEIGA 2014,
p.02).

A desconstrução dessa ideia que se tem sobre espaços de exposições é algo


gradativo e que requer, obviamente, uma série de adaptações e cuidados, mas é algo
possível, é possível que a arte deixe de ser algo “intocável” e que possa ser apreciada
através de todos os sentidos humanos e não somente através da visão.
Outro aspecto de complexidade que faz com que o processo de projeto de
espaços museográficos adquira características distintas do processo de projeto

2
Movimento de larga abrangência teórica e metodológica, que surgiu em 1968, em Paris, por um
grupo de profissionais que consideravam essas instituições como burguesas (DUARTE, 2013).
37

tradicional é a efemeridade das exposições e dos espaços para acolhê-las, a qual


exige adaptações aos procedimentos usuais na projetação do espaço construído
transitório (PAZ, 1997).
As adaptações em um projeto, quase sempre são apenas para pessoas que
fazem uso de cadeira de rodas, mas os deficientes visuais também necessitam de
condições favoráveis para locomoção e orientação, por isso é importante, numa obra
de arquitetura criar ambientes com textura, cor, som e jogos de luz, para garantir-lhe
o mínimo diante de suas necessidades básicas (ALMEIDA e GOMES, 2013)
Diferente do restante da população, as pessoas com deficiência visual utilizam
a percepção para definir o espaço através dos sentidos remanescentes. A análise de
projeto de arquitetura é feita principalmente através de desenhos visuais, ocorre que,
quando este for feito para atender às pessoas que não enxergam, é necessário que o
arquiteto explore todos os demais sentidos como o olfato, audição, paladar e
principalmente o tato (MUSSI et al, 2016).
Guimarães (2009) apresenta algumas diretrizes dos quatro sentidos
remanescentes para as pessoas com deficiência visual e suas aplicações passíveis a
serem utilizados em um espaço de exposição através da Tabela 1:
38

Tabela 1 - Resumo dos sentidos humanos: audição, olfato, paladar e tato.

Fonte: Guimarães (2009).

Pallasmaa (2012) descreve que a arquitetura como agente ativador deve


provocar simultaneamente nos seres humanos todos os sentidos, para que os
indivíduos tenham conhecimento e experiência no mundo. Corroborando tal assertiva,
Lima (2010) afirma que é através das sensações que o indivíduo se relaciona com o
próprio organismo, com o mundo e tudo que está à sua volta. Quanto mais os sentidos
de uma pessoa estiverem desenvolvidos, mais variadas e delicadas serão suas
sensações.
39

As percepções do espaço não consistem apenas no que podemos ver, mas


também no que ouvimos, sentimos e até mesmo no que cheiramos. Dessa
maneira a arquitetura é capaz de mostrar o invisível, aquilo que não podemos
ver, mas podemos sentir, despertando associações de que não tínhamos
consciência antes (HERTZBERGER, 1999, p.230).

A importância da Arquitetura sensorial atrelada a espaços de exposição e à


própria arte, é nítida e extremamente necessária para a inclusão de pessoas com
deficiência visual, como instrumento de emoção, sensação e surpresas; provocando
um sentimento de identificação e apropriação dos espaços até então pouco
acessíveis.
Quanto à arte propriamente dita, dentre as adaptações necessárias em uma
exposição de arte, a realização ou reprodução de obras de artes com alto-relevo,
busca proporcionar inclusões artísticas para os deficientes visuais, tornando-as
perceptíveis nas pontas dos dedos, assim, a arte contemporânea tem buscado
explorar a arte tátil, a fim de oferecer ao artista inúmeras possibilidades de direções e
criações (ALMEIDA; CARIJO e KASTRUP, 2010).
Uma obra de arte pode estimular sensações, as sombras profundas e a
escuridão reduzem a precisão da visão, tornando as profundidades e as distâncias
verdadeiros enigmas, inconsciente e imaginativa. No entanto, na escuridão o sentido
do tato que é o guia (PALLASMAA, 2012).
Algumas iniciativas de arte inclusivas já são realidade, como a exposição
“Sentir pra Ver” realizada pela Arte Inclusão na Pinacoteca de São Paulo em 2012,
onde contava com uma seleção de 14 reproduções fotográficas de obras do próprio
acerto da Pinacoteca, respeitando padrões de acessibilidade, dirigida principalmente
a pessoas que utilizam cadeira de rodas, com mobilidade reduzida e perda parcial e
total de visão. Para isso, foram desenvolvidos módulos expositivos que trazem
reproduções da arte tridimensional, em relevo, textos de mediação em dupla leitura:
letras ampliadas e braile, além de audiodescrição mediadora, conforme mostra a
Figura 13.
40

Figura 13 - Módulo expositivo: exposição "Sentir pra ver".

Fonte: Arte Inclusão (2012).

No módulo expográfico apresentado acima a obra de arte em pintura a óleo é


reproduzida de forma tridimensional com as mesmas cores da original, permitindo
uma leitura tátil, além disso são disponibilizadas duas variações, uma em relevo de
resina (Figura 14) e em alto contraste (Figura 15), para assim, atender as pessoas
com deficiência visual em diferentes níveis. Também são inseridas uma placa
descritiva da obra com o texto em Braille sobreposto no original e um fone de ouvido
para o audiodescrição da obra.
41

Figura 14 - Obra reproduzida em relevo de resina: exposição "Sentir pra ver".

Fonte: Arte Inclusão (2012).

Figura 15 - Obra reproduzida em alto contraste: exposição "Sentir pra


ver".

Fonte: Arte Inclusão (2012).

Além do exemplo citado, uma outra iniciativa voltada a esse público é o projeto
“Arte pra cego ver”, do curso de Artes visuais do Instituto Federal de Pernambuco, no
qual tem como objetivo a reprodução de obras modeladas e traduzidas em relevos
bidimensionais com o uso de argila, que podem ser sentidas pelos deficientes visuais.
“Queremos que o deficiente visual, auxiliado pela audiodescrição da peça, tateie o
objeto para poder sentir a imagem. Queremos ajudar a ver a imagem que está num
quadro ou numa gravura”, explica a professora Luciene Pontes, idealizadora do
projeto.
42

A Figura 16 mostra o processo de reprodução da obra, executada por uma das


estudantes do curso.

Figura 16 - Reprodução de uma obra em argila.

Fonte: IFPE (2018).

A Figura 17 apresenta a obra original e sua reprodução em argila, com


profundidade e relevo.

Figura 17 - Obra reproduzida em argila.

Fonte: IFPE (2018).


43

Ações como essas, que ampliam o entendimento de acessibilidade para além


das adaptações na estrutura física, infelizmente ainda são escassas, mediante a
quantidade de indivíduos que são privados do direito à arte e cultura. Sem dúvida, um
dos principais fatores que dificultam a propagação de projetos como esses é a falta
de iniciativa pública por meio do Ministério da Cultura, uma vez que projetos culturais
dificilmente têm orçamentos que viabilizem adaptações desse tipo. A Lei Rouanet
(1991), lei de incentivo à cultura, prevê que haja em qualquer projeto mecanismos de
acessibilidade, porém em quase sua totalidade esses são restritos a somente rampas
e acessos. Isso precisa ser discutido do ponto de vista de política pública COUTOF
(2015).

4.2 NORMATIVAS DE ACESSIBILIDADE

A acessibilidade é um direito Constitucional, assegurado pela Lei 10.098, de


dezembro de 2000, além dessa, uma das leis mais completas sobre esse tema, que
está em vigor no Brasil, é o Estatuto da pessoa com deficiência, também conhecido
como LBI (Lei Brasileira da inclusão), que foi aprovado em 2015, contudo só entrou
em vigor em 2016, na qual foi inspirada na Convenção da ONU sobre os Direitos das
pessoas com deficiência que aconteceu em 2006, em Nova Iorque.
Essas leis estabelecem os preceitos básicos para a inserção das pessoas com
alguma deficiência ou mobilidade reduzida no meio social, permitindo a condição de
alcance para a utilização justa, igualitária e autônoma, de espaços, edificações,
transportes, informação, comunicação e cultura. Para Prado (2003) apud Bezerra
(2007):

[...] o objetivo da acessibilidade é proporcionar a todos um ganho de


autonomia e mobilidade, principalmente àquelas pessoas que tem sua
mobilidade reduzida ou dificuldade de comunicação, para que possam
usufruir dos espaços e das relações com mais segurança, confiança e
comodidade (PRADO, 2003 apud BEZERRA, 2007, p.278).

A acessibilidade também é um mecanismo de suma importância para a


supressão das barreiras sociais, as quais barram o pleno exercício de direitos por
parte das pessoas com deficiência.
44

4.3 NORMATIVAS PARA PISO TÁTIL

Segundo informações da NBR 16537 (2016), que determina os padrões de


acessibilidade de piso tátil, este deve obrigatoriamente, ser inserido em áreas de
circulação onde seja necessária a orientação do deslocamento da pessoa com
deficiência visual ou com baixa visão, desde a origem até o destino, passando pelas
áreas de interesse, de uso ou de serviços, e deve ser caracterizado por textura e cor
contrastante em relação ao piso adjacente, podendo ser de dois tipos: direcional ou
de alerta. Além disso, a norma estabelece esse tipo de piso deve:

a) ser antiderrapante, em qualquer condição, devendo ser garantida a


condição antiderrapante durante todo o ciclo de vida da edificação/ambiente,
tanto em áreas internas como externas; b) ter relevo contrastante em relação
ao piso adjacente, para ser claramente percebida por pessoas com
deficiência visual que utilizam a técnica de bengala longa; c) ter contraste de
luminância em relação ao piso adjacente, para ser percebida por pessoas
com baixa visão, devendo ser garantida a cor do relevo durante todo o ciclo
de vida da edificação/ambiente, tanto em áreas internas como externas
(ABNT, 2016, p.10).

Ainda segundo a NBR 16537 (2016), a sinalização tátil deve considerar todos
os aspectos do projeto que envolvam o deslocamento de pessoas com algum grau de
deficiência visual, bem como os fluxos de circulação e os pontos de interesse, que
devem ser claros, fluidos e sem barreiras.
Outros pontos exigidos em norma estabelecem que:

• A largura e a cor das faixas que compõem uma sinalização tátil direcional
devem ser constantes;
• A sinalização tátil de alerta utilizada nas mudanças de direção deve possuir
a mesma cor da sinalização tátil direcional;
• Se houver variação de cor do piso adjacente nos diferentes ambientes pelos
quais passa a sinalização tátil direcional, deve ser utilizada uma única cor
que contraste com todas elas ao mesmo tempo;
• Em degraus, escadas e rampas a sinalização tátil de alerta deve ser
instalada no início e no término de cada elemento de circulação;
• Orientar o posicionamento adequado da pessoa com deficiência visual para
o uso de equipamentos como elevadores, equipamentos de
autoatendimento ou serviços;
45

• Quando o piso do entorno for liso, é recomendada a largura L entre 0,25 m


e 0,40 m, conforme a Figura 18;
• É recomendado que os pisos táteis sejam assentados de forma integrada
ao piso do ambiente, destacando-se apenas os relevos, conforme a Figura
19.

Figura 18 - Dimensionamento dos relevos do piso tátil de alerta.

Fonte: ABNT (2016).

Figura 19 - Detalhe do piso tátil integrado ao piso.

Fonte: ABNT (2016).

4.3.1 Piso tátil de alerta

O piso tátil de alerta corresponde a um conjunto de relevos de seção


troncocônica sobre a placa, de forma integrada ou sobreposta ao piso adjacente. Sua
função, como o próprio nome diz, é alertar, seja sobre uma possível mudança de
direção ou algum obstáculo adiante, por exemplo. Os parâmetros para o
dimensionamento dos relevos táteis de alerta, de forma integrada ao piso,
normatizados pela NBR 16537 (2016) são apresentados na Figura 20.
46

Figura 20 - Dimensionamento dos relevos do piso tátil de alerta.

Fonte: ABNT (2016).

4.3.2 Piso tátil direcional

Já o piso tátil direcional é formado por um agrupamento de relevos lineares de


seção também troncocônica, sua função é direcionar e orientar o trajeto. Os
parâmetros para o dimensionamento dos relevos táteis direcional, de forma integrada
ao piso, normatizados pela NBR 16537 (2016) são apresentados na Figura 21.

Figura 21 - Dimensionamento dos relevos do piso tátil direcional.

Fonte: ABNT (2016).

4.3.3 Contraste de Luminância

A escolha da cor do piso tátil não se dá de forma aleatória, pois a sinalização


tátil direcional ou de alerta no piso deve ser detectável pelo contraste de luminância
(LRV) entre a sinalização tátil e a superfície do piso adjacente, devendo ser evitado a
aplicação simultânea das cores verde e vermelha, segundo a NBR 16537 (2016).
A Figura 22 indica os contrastes apropriados entre as cores da sinalização tátil
e do piso adjacente, devendo sobressair o contraste claro-escuro percebido pela
maioria da população, seja quais foram as cores escolhidas.
47

Figura 22 - Contrastas recomendados para piso táteis.

Fonte: ABNT (2016).

4.3.4 Regras para mudança de direção

Para cada encontro de duas ou mais faixas direcionais a NBR 16537 (2016)
estabelece parâmetros de angulações e dimensões da sinalização tátil de alerta
correspondente.

4.3.4.1 Encontro de duas faixas direcionais

Quando houver mudança de direção com duas faixas direcionais formando um


ângulo entre 90° e 150°, deve existir sinalização tátil de alerta, formando áreas de
alerta com dimensão correspondente ao dobro da largura da sinalização tátil
direcional, conforme a Figura 23, segundo a NBR 16537 (2016).

Figura 23 - Encontro de duas faixas direcionais.

Fonte: ABNT (2016).


48

4.3.4.2 Encontro de três faixas direcionais

Quando houver o encontro de três faixas direcionais, deve existir sinalização


tátil formando áreas de alerta com dimensão correspondente ao triplo da largura da
sinalização tátil. A área de alerta precisa ser posicionada mantendo-se ao menos um
dos lados em posição ortogonal a uma das faixas direcionais, conforme Figuras 24.

Figura 24 - Encontro de três faixas direcionais.

Fonte: ABNT (2016).

4.3.4.3 Encontro de quatro faixas direcionais

E ainda segundo a NBR 16537 (2016), quando existir o encontro de quatro


faixas direcionais, deve existir sinalização tátil de alerta com o triplo da largura da
sinalização tátil direcional, devendo ser instalada nos dois lados da sinalização tátil
direcional indicativa dos fluxos presentes, conforme a Figura 25.
49

Figura 25 - Encontro de quatro faixas direcionais.

Fonte: ABNT (2016).

4.3.5 Padrões para equipamentos

Não há parâmetros específicos para o uso do piso tátil em locais de exposição


de arte, para o deslocamento e sinalização até às obras, devido a isso, foram seguidos
os padrões definidos aos equipamentos de autoatendimento, estabelecidos pela NBR
16537 (2016), uma vez que para esses equipamentos as características de forma,
altura e manuseio se assemelham com às características de expositores que se
pretende propor.
Para os equipamentos de autoatendimento a sinalização tátil direcional deve
ser acessível às pessoas com deficiência visual, orientando quanto à localização de
cada um dos equipamentos separadamente, através do seu eixo, conforme mostra a
Figura 26 e devendo atender às distâncias mínimas e máximas apresentadas na
Figura 27.
50

Figura 26 - Máquinas de autoatendimento: direcionamento para seu eixo.

Fonte: ABNT (2016).

Figura 27 - Máquinas de autoatendimento: distâncias mínimas e máximas.

Fonte: ABNT (2016).

Dessa forma, esse padrão se assemelha com obras alocadas nas paredes,
podendo ser aplicadas as mesmas dimensões, uma vez que não existe na norma
nada específico para quadros e exposições.

4.4 NORMATIVAS PARA PLACAS E SINALIZAÇÃO

A da NBR 9050 (2020), que define os padrões de acessibilidade a edificações,


mobiliário, espaço e equipamentos urbanos, determina que a sinalização deve ser
51

disposta de forma a caracterizar os ambientes bem como os elementos que o compõe,


de um ponto de partida a um ponto de chegada, essas informações podem ser
transmitidas por meios visuais, através de mensagens de texto, contrastes, símbolos
e figuras; táteis, através de informações em relevo, símbolos e Braille; e sonoros,
através de sons que permitem a compreensão pela audição, devendo ocorrer por meio
do uso de no mínimo dois dos sentidos.
A sinalização pode ser permanente, quando sua função já é definitiva dentro
do espaço ou temporária, quando utilizada em informações provisórias ou que podem
ser alteradas periodicamente, ambas podem ser divididas em três categorias:

• Informativa: aplicada para identificar os diferentes ambientes ou


elementos de um espaço ou edificação;
• Direcional: aplicada para indicar direção de um percurso ou a posição
de elementos de um espaço ou edificação;
• Emergência: aplicada para indicar as rotas de fuga e saídas de
emergência dos espaços ou edificações.

A tabela 2, disponibilizada ainda na NBR 9050 (2020), determina os tipos de


sinalizações que devem ser utilizadas em cada classe de instalação e categoria:

Tabela 2 - Tipos de sinalização obrigatória por categoria.

Fonte: ABNT (2020).

A norma também determina parâmetros para localização, altura e diagramação.


No que diz respeito à localização das sinalizações dentro do espaço elas devem ser
dispostas em locais acessíveis a todas as pessoas e suas necessidades, sejam elas
52

deficientes visuais, usuárias de cadeira de rodas ou qualquer outra. Já para a altura,


a sinalização deve ser instalada de forma que favoreça a legibilidade e clareza,
atendendo às pessoas com deficiência sentadas, em pé ou caminhando. Quanto à
diagramação, a redação de textos contendo às orientações ou instruções devem:

a) ser objetiva; b) quando tátil, conter informações essenciais em alto relevo


e em Braille; c) conter sentença completa, na ordem: sujeito, verbo e
predicado; d) estar na forma ativa e não passiva; e) estar na forma afirmativa
e não negativa; f) enfatizar a sequência das ações (ABNT, 2020, p.35).

A Norma 9050 (2020) ainda recomenda evitar letras com serifa, fontes itálicas,
decoradas, manuscritas, com sombra, com aparência tridimensional ou distorcidas.
Deve ser evitado também peças de sinalização de materiais brilhantes e de alta
reflexão, e ter contraste de luminância. Para letras e números táteis, os caracteres em
relevo devem atender as seguintes condições:

• Altura do relevo: 0,8mm a 1,2mm;


• Altura dos caracteres: 15mm a 50mm;
• Distância mínima entre caracteres: 1/5 da altura da letra;
• Distância entre linhas: 8mm.

Já no que diz respeito a símbolos táteis, a Norma 9050 (2020) determina seja
utilizado o padrão internacional e que devem ter:

• Contornos fortes e bem definidos;


• Formas simples e de poucos detalhes;
• Altura mínima: 80mm;
• Altura do relevo: 0,6mm a 1,20mm;
• Distância entre o símbolo e o texto: 8mm.

Para a utilização do Braille3 algumas diretrizes também são impostas pela NBR
9050 (2020), como:

• A tipologia em Braille não necessita de contraste visual;

3
Sistema de escrita em alto relevo, desenvolvida por Louis Braille no século XIX, foi desenvolvido para
que pessoas com deficiência visual consigam ler utilizando a sensibilidade da ponta de seus dedos
(FRANCO, 2020).
53

• Para sentenças longas, deve-se utilizar o texto em Braille alinhado à


esquerda com o texto em relevo;
• O ponto em Braille deve ter aresta arredondada na forma esférica com
altura entre 0,6 e 0,8mm, sua base com diâmetro entre 1,2mm e 2mm e
seu arranjo deve ser conforme a Figuras 28.

Figura 28 – Arranjo geométrico dos pontos em Braille.

Fonte: ABNT (2020).

As portas e passagens também devem ser sinalizadas a fim de proporcionar à


pessoa com deficiência visual, autonomia, segurança e a fácil identificação desses
elementos em sua locomoção. E essa sinalização deve estar em acordo com a NBR
9050 (2020), que determina:

• A sinalização deve estar localizada na faixa de alcance entre 1,20m e


1,60m em plano vertical;
• Para completar informação instalada na porta, deve existir informação
tátil ou sonora na parede adjacente a ela ou no batente. Em portas
duplas, com maçaneta central, instalar ao lado da porta direita;
• Os elementos de sinalização devem ter formas que não agridam os
usuários, evitando arestas cortantes;
• Para portas de correr envidraçadas localizadas nas áreas de circulação,
a sinalização deve ser contínua, composta por uma faixa com no mínimo
50mm de espessura, instalada a uma altura entre 0,10m e 0,30m (em
relação ao piso acabado), outra entre 0,90m e 1,00m e outra entre 1,30m
e 1,40m, além de haver uma faixa de sinalização visual emoldurando-
as, com dimensão mínima de 50mm, conforme a Figura 29.
54

Figura 29 - Sinalização portas de correr envidraçadas.

Fonte: ABNT (2020).


55

5 CONDICIONANTES E SOLUÇÕES PROJETUAIS

Neste capítulo serão apresentados os condicionantes e soluções para o projeto


em conformidade com as normas já discutidas.

5.1 USO DO CONTAINER NA ARQUITETURA

Originalmente, o container4 tem o formato de caixa de aço, composto por


paredes e tetos ondulados, rígido e muito forte, sendo extremamente resistente às
variações climáticas e tendo uma vida útil de aproximadamente 10 anos, podendo ser
transportado, além do meio marítimo, por caminhões, trens e guindastes, após isso,
na maioria das vezes ele é descartado (PRONER et al, 2015). Confirmando tal
assertiva, Milaneze (2012) afirma que apesar dos containers serem utilizados no setor
de transporte por apenas 10 anos, eles têm durabilidade de noventa anos, e quando
não reutilizados, gera um descarte no meio ambiente, por essa razão, eles podem ser
reutilizados em diversos meios, de forma econômica e de grande rendimento
construtivo.
Existem diversos tipos de containers na indústria, que variam em relação às
dimensões e à resistência, os mais utilizados na Arquitetura são do tipo Dry Standard
de 20 e 40 pés. A Tabela 2 apresenta as dimensões padrões e a capacidade cúbica
de cada um deles.

4
A palavra container deriva do inglês e pode ser conceituado como “aquilo que contém”, contentor, ou
seja, serve como um recipiente que tem a função de embalar o produto que será transportado
(ALMEIDA, 2010). Malcolm Purcell McLean foi o criador do container, na década de 30, nos Estados
Unidos da América, ele queria melhorar a eficiência no transporte de cargas de algodão, por essa
razão criou caixas metálicas para facilitar esse processo (MENDES, 2007).
56

Tabela 3 - Tipos de containers e suas medidas.

Fonte: O autor (2021).

Segundo Mesquita (2012), a Construção civil é uma vilã quando o quesito é o


consumo de matérias primas naturais, chegando entre 20% a 50% da totalidade de
recursos naturais consumidos pela sociedade. Além desse fator, é responsável por
gerar grandes resíduos como entulho, representando um total de 60% dos resíduos
sólidos urbanos produzidos.
Inicialmente os containers eram vistos apenas como alternativas temporárias,
porém nos últimos anos houve um grande crescimento do uso de containers como
item principal e definitivo de uma construção, devido às suas vastas vantagens. Nunes
e Júnior (2018) afirmam que apesar da função primordial do container ser o transporte
de cargas, ele também vem ganhando destaque dentro da Construção civil e
Arquitetura, visando trazer projetos mais sustentáveis, de execução otimizada com
esquadrias, acabamentos e divisórias internas facilitadas, tanto no meio residencial
(Figura 30), quanto no comercial (31).
57

Figura 30 - Obra residencial executada em container.

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/800283/casa-container-granja-viana-container-box.


Acesso em: 14 nov. 2021.

Figura 31 - Restaurante Giraffas executado em container.

Disponível em: https://www.tripadvisor.com.br/Restaurant_Review-g303582-d19828679-


Reviews-Giraffas_Container-Jaragua_Do_Sul_State_of_Santa_Catarina.html.
Acesso em: 14 nov. 2021

Assim, novas técnicas de construção e reutilização, acabam diminuindo os


impactos ambientais trazidos pelas construções (ZANATELI, 2013). Essa arquitetura
sustentável busca trazer conforto tanto para a pessoa que irá utilizar aquela
edificação, como também diminui os impactos causados ao meio ambiente. Por essa
58

razão, a utilização de containers visa também a solução de problemas ambientais


(IDHEA, 2006). Para Proner (2015), a arquitetura sustentável busca se desenvolver
utilizando o mínimo de recursos possíveis dentro da construção, visando diminuir os
prováveis impactos causados à saúde humana e meio ambiente.
Além do seu uso em edificações residenciais e comerciais, os containers
também já são utilizados como ferramenta para disseminar a arte e a cultura por meio
da Arquitetura Efêmera5, esse estilo é bastante incorporado como uma tendência por
representar valores e anseios da sociedade contemporânea. Para Kronenburg (2002)
apud Lacerda (2019) este tipo de construção pode ser caracterizado em três formas
diferentes:

a) Edifícios transportáveis, que têm inseridos na própria estrutura meios de


movimentação (como por exemplo os comboios, as autocaravanas, os
barcos, etc). b) Edifícios relocalizáveis, que são em parte desmontados para
transporte, mas são instantaneamente montáveis e podem conter métodos
de movimentação neles inseridos; e por último, c) edifícios desmontáveis, que
para o seu transporte se desmonta para inúmeras partes. Ambas estas duas
últimas categorias utilizam pré-fabricação e os sistemas modulares na sua
construção (KRONENBURG 2002, apud LACERDA 2019, p. 23).

A modularidade do container permite uma padronização do espaço para o


artista ou instituição e podem adquirir as mais diversas configurações devido ao seu
caráter multifacetado.
Como exemplo da incorporação de container de maneira efêmera, pode-se
destacar o “Container Art” (Figura 32): exposição de arte urbana, itinerante e
adaptável, no Canadá, onde esculturas, pinturas e fotografias de artistas
contemporâneos locais e de diversas partes do mundo são expostas em containers
espalhados pela cidade de Toronto.

5
A Arquitetura Efêmera surgiu no período do Barroco e seus primeiros exemplares datam do século
XVI, ela se baseia na temporalidade, ou seja, trata-se de um estilo que tem como base construções
passageiras e transitórias que duram pouco tempo. Todavia esse termo não se restringe somente
a edificações, ele também pode ser empregado em exposições, vitrines, desfiles, dentre outros
(LAART, 2020).
59

Figura 32 - “Container Art”: exposição de arte urbana.

Disponível em: https://br1containers.com.br/7-usos-do-container-na-cultura-e-na-arte/.


Acesso em: 08 jan. 2022.

Em âmbito nacional um exemplo é o projeto “Contém Cultura” (Figura 33), do


Instituto CENIBRA, também denominado de “biblioteca volante” inserido em espaço
público e que percorre cidades do interior de MG; esse espaço cultural abriga cerca
de 300 obras de literatura, exibição de curta-metragem, palestras, audiovisual, dentre
outros atrativos.
Figura 33 - Projeto “Contém Cultura”.

Disponível em: http://www.institutocenibra.org.br/br/p/290/contem-cultura.aspx.


Acesso em: 08 jan. 2022.
60

Quanto às normativas que regem a construção em container, elas são idênticas


a qualquer outro modo de construção, onde são obrigatórios os mesmos processos
legais de construções convencionais. No entanto, existe a NR-18 (Norma
Regulamentadora) de 2020, que estabelece alguns critérios mínimos de segurança e
conforto no uso de containers dentro da Construção civil, que destaca: o container
deve receber ventilação natural de no mínimo 15% da área do piso; sua estrutura deve
ser aterrada eletricamente, a fim de prevenção de choques elétricos; os containers
provenientes de transporte e/ou acondicionamento de cargas devem apresentar
atestado de salubridade; e possua pé direito mínimo de 2,40m.
Sendo assim, os containers são considerados como um produto ideal para
construção, pois são projetados para suportar cargas pesadas e resistir a ambientes
com alta umidade e maresia, e seu uso vem para ampliar a visão da construção
modular.

5.2 COORDENAÇÃO MODULAR

Segundo Ferreira (2008), a Coordenação modular pode ser definida como uma
técnica de racionalização de projeto industrializado (ou não-industrializado), a partir
da pré-fabricação dos componentes construtivos, nos quais são dimensionados
seguindo uma unidade de medida proporcional, essa unidade é denominada de
módulo e ele é responsável por determinar os fatores de dimensões dos elementos.
Regida pela NBR 15873 (2010), esta norma estabelece como padrão a medida
mínima de 100mm para módulos básicos, além de definir os termos e os princípios do
seu uso para as edificações, podendo ser empregada em todos os tipos de materiais
construtivos, tornando a construção mais racionalizada e com alto índice de
produtividade. Além disso, diminui problemas de interface entre os componentes,
elementos e subsistemas, reduzindo desperdícios e erros de mão de obra.
Complementando tal assertiva, Castelo (2008) afirma que a Coordenação
modular pode ser conceituada como a criação de uma padronização dimensional, que
vise racionalizar a construção e concepção dos edifícios, permitindo com isso um certo
nível de industrialização dentro da construção civil, conservando ainda a liberdade
arquitetônica existente. Logo, as construções executadas a partir de containers são
classificadas como modulares, pois cada container é classificado como um módulo,
61

no qual pode ser empilhado, encaixado ou interseccionado, conforme a necessidade


da edificação, facilitando a compatibilização de medidas.
Esse tipo de sistema construtivo exige dos materiais e dos demais itens
envolvidos na construção graus de medidas confiáveis e padronizadas. Essa premissa
está diretamente relacionada com a racionalização, que desde o princípio da fase
projetual minimiza desperdícios (FERREIRA et al, 2008).
A construção em módulos é uma técnica utilizada desde os primórdios da
humanidade, entretanto, a extensão desse tipo de construção é muito maior,
ganhando destaque após a década de 50, onde foram aplicados diversos modelos
padronizados que revolucionaram a construção e arquitetura (PATINHA, 2011).
Segundo Gomes (2010), a Construção modular vem ganhando mais atenção nas
últimas décadas, aliada ao avanço da arquitetura e construção civil, tendo resultados
favoráveis com relação aos custos; tempo de obra, que quando comparado a uma
construção convencional sofre uma redução de até 40%; e baixo impacto ambiental.
Devido a sua flexibilidade em se adequar à situação, espaço, localização e clima.
Abaixo segue um exemplo de construção de moradias modulares feitas de
container (Figura 34), esse tipo de construção com módulos de container pode ser até
6 vezes mais rápido do que por meio de formas convencionais, além da economia
com fundação, consumo de água e energia, mão de obra e logística.

Figura 34 - Construção modular de container.

Disponível em: https://www.sienge.com.br/blog/construcao-modular-2/.


Acesso em: 28 nov. 2021.
62

Nesse mesmo sentido, Fernandes (2009) defende a construção modular como


a produção de regras dimensionais, através de repetição e estandardização de
matérias e processos, buscando descomplicar a construção tradicional e trazer mais
eficiência durante sua execução, podendo ser aplicado na construção industrial e
tradicional.

5.3 PROJETO EXPOSITOR DE ARTES ITINERANTE

5.3.1 Público alvo

O Expositor de arte itinerante é idealizado para pessoas com algum tipo de


deficiência visual ou cegueira, mas é importante salientar que, apesar dele ser
projetado pensando na acessibilidade do local e das obras de arte para esse nicho, o
público alvo não se limita a eles, pelo contrário, não reduz ou despreza a importância
de pessoas sem deficiência visual (videntes) visitarem e vivenciarem o local, e essa
experiência se torna ainda mais interessante com os seus olhos vendados, a fim de
exercer a empatia social, elevar as sensações, emoções e aguçarem os seus
sentidos.
É relevante afirmar que o fato de as pessoas vendarem seus olhos ao
adentrarem na exposição, esse ato não tenta minimiza ou traduzir em sua totalidade
o estado físico da cegueira, pois para isso, diversos outros fatores como a
complexidade social e psicológica deveriam ser analisados, essa ação tenta
unicamente exaltar o respeito e a empatia.
A experiência de pessoas videntes visa, sobretudo, sensibilizar o público para
a necessidade de não esquecer que há pessoas diferentes que, sistematicamente,
necessitam que seus direitos sejam respeitados, sendo o acesso à arte garantido na
Declaração Universal dos Direitos do Homem. “Empatia não é apenas enxergar a dor
do outro. É sobre se colocar no lugar do outro [...]” (FERREIRA, 2021).
Existe também uma diferença de percepção entre os dois grupos de pessoas
cegas: aqueles com cegueira congênita, quando ocorre antes dos cinco anos de
idade; e aqueles com cegueira adquirida/tardia, quando ocorre a partir dos cinco anos
de idade (DARDES, 2010). Ou seja, os indivíduos com cegueira adquirida possuem
uma memória visual e para estes a percepção dos espaços e objetos se tornam mais
facilitados.
63

5.3.2 Conceito e partido arquitetônico

Há poucos recursos de acessibilidade em produtos culturais diversos, mas sem


dúvida, uma das áreas que menos desenvolvem ações neste sentido são as artes
visuais. Mas como uma pessoa com algum grau de deficiência visual ou cegueira
poderá apreciar uma exposição de arte?
Pensando nisso, surgiu a necessidade de propor um expositor de artes
acessível a esse público e mostrar que é possível apreciar uma obra de arte através
dos demais sentidos, com diretriz determinante para o seu conceito na Arquitetura
Sensorial, onde através dela busca-se a inclusão dessas pessoas, tanto no local de
exposição, quanto na arte propriamente dita.
Assim, surge o CONTATO (Figura 35), um expositor de arte itinerante, flexível
e sustentável, utilizando o container e a coordenação modular como soluções, e tendo
como princípio a acessibilidade a todos os públicos e suas particularidades. A fim de
atender o maior número de pessoas possível, ele poderá facilmente ser instalado em
qualquer lugar do Brasil, seja em lugares abertos, como praças públicas ou lugares
fechados, como shopping, uma vez que, por ser de container, de fácil montagem e
desmontagem, poderá ser transportado facilmente.

Figura 35 - Logo Contato.

Fonte: O autor (2021).

O nome “CONTATO” refere-se ao termo no seu sentido real da palavra, no que


se refere ao próprio contato que se pretende oferecer entre a pessoa com deficiência
64

visual e a arte; e também faz analogia ao “com o tato” que é um dos sentidos que será
explorado para a percepção da edificação e da própria arte no referido projeto.
Para a concepção volumétrica do CONTATO a escolha foi a utilização de
containers de 20 pés como unidade de forma, utilizando-os como módulos, com
medidas já apresentadas na Tabela 03 do tópico 5.1 – Uso de container na
Arquitetura, pois além de todos os benefícios já mencionados, o uso dos módulos
permite a flexibilidade da forma, se adaptando ao tipo e tamanho das exposições
implantadas. A tabela 4 apresenta alguns arranjos que o volume pode assumir a
depender da demanda da exposição e definição da quantidade de módulos, todos
mantendo a forma quadrada/retangular e com vazios/núcleos centrais que são
importantes para as estratégias de iluminação e ventilação naturais.

Tabela 4 - Arranjos de composição volumétrica.

Fonte: O autor (2022).


65

A Coordenação Modular neste projeto é incorporada com a finalidade de


contribuir para o avanço dos espaços efêmeros no meio urbano, possibilitando a
geração de formas variadas a partir de um único módulo. E além dos arranjos
apresentados, caso necessário, os containers também podem ser empilhados, pois
sua própria estrutura permite essa possibilidade.
Para continuidade deste projeto a escolha para referência foi a forma composta
por 4 módulos de containers, como já apresentado na tabela anterior. Para o processo
de concepção da forma foram retiradas de cada um dos containers as placas de
fechamentos/vedações de duas extremidades, uma no sentido longitudinal e outra na
transversal, conforme a Figura 36.

Figura 36 - Container 20 pés: retiradas dos fechamentos.

Fonte: O autor (2021).

Após a retirada das placas, os containers são interligados e encaixados (Figura


37 e Figura 38).
66

Figura 37 - Vista superior: Composição da forma.

Fonte: O autor (2021).

Figura 38 - Vista superior: Volume final.

Fonte: O autor (2021).

O volume final se assemelha a um cubo e possui dimensões de 8,46mx8,46m


e um vazio central de 3,56mx3,56m que forma um núcleo central, como está
representado no esquema da Figura 39.
67

Figura 39 - Perspectiva isométrica: composição volumétrica com 4 módulos.

Fonte: O autor (2021).

Para complemento da forma e suporte à entrada da edificação, foi acoplado


uma plataforma de 20 pés, que segue as mesmas dimensões de piso de um container,
conforme mostra a Figura 40, onde será posicionada a porta de entrada.

Figura 40 - Perspectiva isométrica: composição volumétrica com 4 módulos e plataforma.

Fonte: O autor (2021).


68

5.3.3 Programa de necessidades e fluxograma

Com a delimitação do volume, o programa de necessidades foi resultante dos


espaços predefinidos. Na configuração adotada neste projeto, os ambientes foram
divididos entre espaço de uso público/comum e espaço destinado à logística de
administração; no uso público estão situados os ambientes destinados à convivência
e exposição de artes, já no uso administrativo está situada a recepção/administração,
podendo variar de acordo com o tipo de exposição instalada.
Assim, o projeto foi dividido em:

• Lounge;
• Recepção/Administração;
• Área de exposição 01;
• Área de exposição 02;
• Área de exposição 03; e
• Jardim sensorial.

A Figura 41 representa a disposição dos ambientes dentro do volume, assim


como os fluxos que os interligam (através das setas em azul), baseados no
deslocamento e facilidade na circulação da pessoa com deficiência visual.

Figura 41 - Perspectiva isométrica: disposição dos ambientes e fluxos.

Fonte: O autor (2021).


69

É evidente nesse projeto a relevância da circulação e como ela pode ser uma
articuladora da edificação como um todo e um dos principais pontos para isso foi o de
inserir o Jardim sensorial, de modo que este fique em contato e integrado às áreas de
exposição.

5.3.4 Planta baixa

Com dimensões externas de 8,46mx8,46m (exceto a plataforma externa), a


planta baixa segue a aplicação do fluxograma proposto, na qual dispõe os ambientes
e o posicionamento das obras, conforme representado na Figura 42.
70

Figura 42 - Proposta 01: Planta baixa com layout.

Fonte: O autor (2021).

Para o layout adotado, foram dispostas nas Áreas de exposição 01, 02 e 03


onze obras de arte, entre quadros e esculturas, apenas de cunho demonstrativo, sem
71

limitar ou restringir o caráter dinâmico que a planta pode exercer, a depender do tipo
de obra exposta.
A seguir a Tabela 5 sintetiza os ambientes, equipamentos dispostos, tipos de
usuário e área de cada espaço.

Tabela 5 - Ambientes, equipamentos, usuários e área.

AMBIENTES EQUIPAMENTOS USUÁRIOS ÁREA


LOUNGE Bancos, balanço e jardineiras Todos 14,76m²
RECEPÇÃO/ ADM Bancada, cadeira e computador Colaboradores 8,27m²
ÁREA DE EXPOSIÇÃO 01 Obras de arte Todos 13,84m²
ÁREA DE EXPOSIÇÃO 02 Obras de arte Todos 17,04m²
ÁREA DE EXPOSIÇÃO 03 Obras de arte Todos 13,84m²
JARDIM SENSORIAL Jardineiras, cascata e banco Todos 13,10m²
Fonte: O autor (2021).

Além da proposta de planta baixa apresentada outrora, há possibilidade de


outras configurações de layout, que se adaptem ao tamanho e tipo da exposição que
receberá, dessa forma, uma das alternativas pode ser a substituição do jardim
sensorial por uma área para instalações artísticas maiores e também o aumento da
área de exposição com o deslocamento da recepção/administração para a área
externa, junto ao lounge, assim a planta teria a seguinte disposição apresentada na
Figura 43.
72

Figura 43 - Proposta 02: Planta baixa com layout.

Fonte: O autor (2022).

Para continuidade deste projeto a escolha da planta baixa para referência foi a
proposta de planta 01, como já apresentado na Figura 42.
73

5.3.5 Volumetria e soluções projetuais

O volume externo será caracterizado por linhas retas, mantendo a forma e


preservando a identidade dos containers através da sua estrutura convencional e
vedações originais em aço, características do estilo industrial intrínseco, aliados a
acabamentos em tons de cinza, preto e concreto aparente, com a inserção de
elementos naturais para reafirmar o conceito sustentável do projeto, como o uso de
madeira de reflorestamento e vegetações diversas.
Como resultado, tem-se uma volumetria (Figura 44) que promove experiências
diversas ao público, unindo forma e função, ratificando a preocupação com a
viabilidade da sua montagem, desmontagem e locomoção.

Figura 44 - Volumetria final CONTATO.

Fonte: O autor (2021).

Com a finalidade de apresentar a volumetria mediante às soluções projetuais


escolhidas, foi executada sua perspectiva explodida (Figura 45) onde são identificados
e nomeados cada um dos elementos que a compõe, subdivididos em quatro grupos:
vedações; coberta; esquadrias, instalações e elementos; e piso.
Figura 45 - Perspectiva explodida CONTATO.

74

Fonte: O autor (2021).


75

Nos próximos tópicos serão descritos os elementos que compõem a volumetria


explodida, bem como a justificativa da escolha de cada elemento.

5.3.6 Vedações

5.3.6.1 Isolamento térmico e acústico

Quando se fala em construção executadas de container, uma das grandes


problemáticas é a adaptação para o conforto eficiente tanto térmico quanto acústico
da edificação. Por se tratar de uma caixa de metal, com vedação em chapa de apenas
2,6mm de espessura, o container tende a ser um exímio condutor de calor e acústica,
com partições extremamente permeáveis ao ruído, em níveis inferiores ao adequado.
Todavia, hoje o mercado oferece excelentes produtos e soluções para garantir a
eficiência e conforto nesse tipo de construção.
Conforme afirmado por Almeida e Occhi (2016), o isolamento térmico e acústico
do container pode ser realizado externamente ou internamente. Para o caso proposto
a escolha foi de o isolamento ser interno, pois tem um custo menor e mantém a
estrutura do container aparente. Com isso, para o isolamento térmico do Expositor de
arte, a escolha foi o uso da placa térmica 3TC (Figura 46), que é uma tecnologia nova
no Brasil, mas que apresenta eficiência e durabilidade superiores aos isolamentos
térmicos tradicionais, comprovados por testes de eficiência, uma vez que o 3TC é
capaz de inibir as 3 formas de transferência de calor: condução, convecção e radiação.
Já os isolantes convencionais, como a lã de vidro e espuma de poliuretano (PU), são
eficazes somente à condução, que corresponde apenas a 10% da transferência de
calor.
Figura 46 - Placa térmica 3TC.

Fonte: 3TC Isolamentos (2021).


76

A placa de 3TC (Figura 47) é composta por um núcleo de EPS (isopor), capaz
de reduzir a condução de calor de forma mais eficiente em comparação a outros tipos
de materiais, segundo estudos do Protolab (Laboratório de Propriedades Termofísicas
e Prototipação), esse material tem o coeficiente de condutibilidade em 0,033, o mais
baixo em comparação a outros tipos de isolantes, como concreto, lã de rocha e
espuma sintética; esse núcleo de EPS é envolto por duas películas altamente
reflexivas, compostas de mylar: uma espécie de filme de poliéster, na qual suas fibras
de alta tecnologia formam um polímero estirado, capaz de refletir cerca de 97% da
radiação, inspirada no funcionamento das garrafas térmicas e também nos trajes de
astronautas, pois consegue controlar a temperatura de forma eficiente quando
exposta a altas temperaturas. Segundo o Conselho Brasileiro de Construção
Sustentável (2014), o uso de materiais refletivos, como o 3TC, são apontados como
soluções mais eficazes para o conforto térmico e eficiência energética (3TC
ISOLAMENTOS, 2021).

Figura 47 - Composição estrutura da placa térmica 3TC.

Fonte: O autor (2021).

No mercado as placas de 3TC são ofertadas em diversas espessuras, mas


seguindo as orientações do fabricante, conforme a Tabela 6, a placa com 25mm é
suficiente para atender às necessidades do projeto proposto em container.
77

Tabela 6 - Espessuras de placas recomendadas.

Fonte: 3TC Isolamentos (2021). Adaptado pelo autor (2021).

É importante salientar que esse material também é antichama, atendendo às


normas nacionais, internacionais e técnica do Corpo de Bombeiros IT 10/2011, sendo
atestado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT, 2018) da Universidade de São
Paulo, sendo classificado como II-A0, como material que não propaga fogo.
Para maior eficiência do isolamento, é importante a eficiência térmica da
estrutura do teto do container também, para isso foram utilizadas telhas fotovoltaicas
que serão explanadas no Tópico 5.4.1 – Telha fotovoltaica, desta monografia.
Além do isolamento térmico, o 3TC também é um isolante acústico devido ao
seu núcleo constituído por EPS, que forma um sistema massa-mola-massa, que
segundo Sikora e Turkiewicz (2010), pode chegar a um isolamento máximo de 92
decibéis para sons agudos e de 11 decibéis para sons graves; então para suprir a
necessidade do isolamento para sons graves e torná-lo mais eficiente acusticamente,
a solução foi incorporar o painel de Lã de rocha (Figura 48), constituído de fibras
minerais de diversas rochas vulcânicas, como o basalto e calcário, fundida a 1500°C
e posteriormente transformadas em filamentos, se transformando em uma massa
semelhante a uma lã, podendo ser rígida ou maleável (ISAR ISOLAMENTO
ACÚSTICO, 2019), tornando-se ideal para isolamento nas paredes de container, além
78

de ser um composto que não acumula água, não alterando sua estrutura física caso
seja exposto à água.

Figura 48 - Composição estrutura da placa térmica 3TC.

Fonte: Amplitude Soluções Acústicas LDTA (2021).

Como isolante acústico, sua organização fibrosa tem uma taxa elevada de
absorção acústica, o que possibilita a redução da passagem de sons entre ambientes,
atendendo de maneira eficaz como alternativa de tratamento acústico superpotente,
com excelentes atributos de performance, leveza, e custo-benefício, garantindo
variável entre 42 e 60 decibéis (AMPLITUDE SOLUCÕES ACÚSTICAS LTDA, 2018).
O isolamento acústico para o Expositor de artes é de suma importância, pois
devido ao ambiente ser sensorial, ele também possuirá alguns equipamentos de
audiodescrição nas obras, então qualquer barulho externo pode atrapalhar e não
permitir que a experiência seja completa. Para isso, a escolha foi de placas de Lã de
rocha de 50mm, onde são instaladas entre os montantes do drywall, seguido por
gesso acartonado e o acabamento, conforme a Figura 49 e Figura 50.
79

Figura 49 - Camadas de isolamento térmico, acústico e acabamento das paredes internas separadas.

Fonte: O autor (2021).

Figura 50 - Camadas de isolamento térmico, acústico e acabamento das paredes internas.

Fonte: O autor (2021).


80

Com isso, as camadas de isolamento e drywall formam uma parede com


espessura de 13cm, conforme mostra a Figura 51.

Figura 51 - Dimensão final da parede.

Fonte: O autor (2021).

5.3.6.2 Iluminação natural

Quando se refere à iluminação natural em ambientes de exposição, uma série


de fatores devem ser analisados para proporcionar conforto e, em paralelo, a
integridade física do acervo. A iluminação natural sempre será a solução ideal para
deixar qualquer ambiente bem iluminado, para a exibição de arte isso não é diferente,
todavia, ela deve ser utilizada com um certo cuidado, de forma que as obras de arte
não recebem radiação direta do sol, pois isso poderia descaracterizá-las ou danificá-
las. Talvez por este motivo a iluminação natural não seja tão explorada na maioria
desses espaços existentes, que quase sempre optam - mesmo durante o dia - pela
iluminação artificial.
Segundo Hakimi (2019), a temperatura da luz solar varia entre 5.200K e 6.400k
e possui o IRC (Índice de reprodução de cor) mais elevado que a iluminação artificial,
essa taxa indica a capacidade de uma fonte de luz revelar com exatidão as cores dos
objetos, ou seja, reproduz verdadeiramente as cores reais na obra de arte.
81

Diante do que foi exposto, atrelado à economia de energia e sustentabilidade,


o principal meio de iluminação do CONTATO se dará de forma natural, aproveitando
ao máximo a incidência da luz solar durante todo o período diurno. Para isso, a
principal fonte/abertura será o próprio vazio central, onde está inserido o Jardim
sensorial, essa abertura zenital será coberta com telha translúcida de policarbonato
(como será exposto no item 5.4.2 Telha translúcida desta monografia).
Além dessa fonte, outra estratégia adotada foi o uso de brises móveis
horizontais, que barram a incidência da radiação solar antes que ela atinja o ambiente
interno, onde foram dispostos módulos com 0,50m de altura x 1,16m de cumprimento,
feitos de madeira (Figura 52).

Figura 52 - Módulo brise horizontal em madeira.

Fonte: O autor (2021).

Os brises foram instalados a 0,30m de altura do nível interno, inseridos de


forma linear em todo o perímetro das fachadas laterais esquerda e direita, além da
fachada posterior, conforme mostra a Figura 53.
82

Figura 53 - Planta baixa humanizada: brises móveis.

Fonte: O autor (2021).

A seguir é apresentado um corte esquemático onde representa a entrada da


luz solar na edificação através da abertura zenital e dos brises já mencionados (Figura
83

54), atendendo ao critério de as obras de arte não receberem a radiação direta sobre
elas.

Figura 54 - Corte esquemático: entrada da luz solar na edificação.

Fonte: O autor (2021).

5.3.6.3 Ventilação natural

A ventilação natural é outro fator extremamente importante para qualquer


edificação, o uso apropriado dessa fonte traz inúmeros benefícios, conservando a
qualidade interna do ar através da sua troca regular, tornando os ambientes salubres
e confortáveis.
Devido ao fato de o CONTATO ser de cunho itinerante, não há como se fazer
um estudo das coordenadas de ventos predominantes, uma vez que isso vai mudar
de região para região, por isso optou-se para que as aberturas sejam voltadas para
todas as fachadas, captando os ventos de todas as direções.
Seguindo a mesma linha sustentável, outro desafio é permitir que a entrada de
ventilação seja suficiente para manter todo os ambientes ventilados, sem a
necessidade de ventilação mecânica, adotou-se os componentes já mencionados no
tópico anterior, que agora serão explanados para fins de ventilação natural.
84

Será adotado o parâmetro estabelecido da NR-18 (já apresentado no Capítulo


5) que determina que a área de aberturas deve ser no mínimo 15% da área do piso,
que neste caso seria: área total de piso 52,99m² - 15% = 7,94m² de abertura.
Os brises móveis horizontais, aliados à ventilação natural, segundo Grace
(2019) oferecem melhor controle dos ganhos térmicos e ventilação, quando
comparados a outros dispositivos de proteção solar. Além disso, pode ser classificado
como um componente sustentável, tendo impacto significativo no aumento do
desempenho da edificação e, portanto, nas condições de conforto ambiental. Assim
como já dito no tópico anterior (5.3.6.2 Iluminação natural), eles foram inseridos ao
longo de todo perímetro das fachadas lateral esquerda, direita e posterior, sendo
obtido o total de 12,69m² de abertura, correspondendo a 23,94% e atendendo ao
critério da NR-18. Esses brises formam os pontos de alta pressão, ou seja, são os
responsáveis pela entrada dos ventos na edificação. Além deles, a porta da fachada
frontal exerce o mesmo papel.
Já a coberta do Jardim sensorial se sobressai em relação à altura do telhado
geral, dessa forma, entre essas cobertas há, contornando em todo o perímetro, uma
abertura com altura de 0,65m, que permite a saída do ar, funcionando assim como um
ponto de baixa pressão. Ocorrendo, portanto, a ventilação cruzada, conforme mostra
a Figura 55.
Figura 55 - Esquema da entrada e saída dos ventos na edificação.

Fonte: O autor (2021).


85

5.3.6.4 Iluminação artificial

Apesar da visão não ser o sentido mais importante dessa proposta de Expositor
de Arte, a iluminação artificial também exerce um papel fundamental em uma
exposição de arte, seja ela para iluminação geral ou de destaque. Porém, o maior
cuidado que deve ser tomado é quanto ao tipo e temperatura da iluminação incidente
sobre as obras de arte, a fim de não distorcer as tonalidades naturais e deixá-las as
mais fieis possíveis.
Como já dito anteriormente, a temperatura de cor da luz do sol varia entre
5.200K e 6.400K e é importante que a temperatura da iluminação artificial fique entre
esses valores, como no exemplo da Figura 56, onde é perceptível a iluminação
predominantemente branca e neutra, semelhante a luz solar; isso é tão importante,
que muitos artistas produzem suas obras utilizando lâmpadas com essas
temperaturas, pois quanto mais próximo da realidade da luz solar, mais fieis as cores
da obra serão. Sendo essas as temperaturas mais adequadas para a iluminação de
espaços de exposição.

Figura 56 - Exemplo de iluminação e temperatura em uma exposição de arte.

Fonte: Hakimi (2019).

Segundo a NBR 5413 (Níveis de iluminância para Objetos de Museus), os


valores de iluminância para espaços de exposição devem ser conforme a Tabela 7.
86

Tabela 7 - Valores de iluminância para museus.

TIPO MÍNIMA MÉDIA MÁXIMA


ILUMINAÇÃO GERAL 75 LUX 100 LUX 150 LUX
ILUMINAÇÃO DE QUADROS 150 LUX 200 LUX 300 LUX
ESCULTURAS E OUTROS OBJETOS 300 LUX 500 LUX 750 LUX

Fonte: ABNT (1992).

Tanto para a iluminação geral quanto para as de destaque, foram considerados


os valores médios de iluminância e calculados, através do método dos Lúmens, pela
área de cada ambiente, a seguir são apresentados os valores obtidos para a
iluminação geral na Tabela 8:

Tabela 8 - Iluminação geral: valores de lumens x whats para cada ambiente.

AMBIENTE ILUMINÂNCIA ÁREA LUMENS WHATS


LOUNGE 100 LUX 14.51m² 1451 15W
RECEPÇÃO/ADM 100 LUX 8.27m² 827 9W
ÁREA DE EXPOSIÇÃO 01 100 LUX 13.84m² 1384 15W
ÁREA DE EXPOSIÇÃO 02 100 LUX 17.04m² 1704 18W
ÁREA DE EXPOSIÇÃO 03 100 LUX 13.84m² 1384 15W
JARDIM SENSORIAL 100 LUX 13.10m² 1310 15W
Fonte: O autor (2021).

Seguindo os parâmetros da Tabela 7, para a iluminação de destaque,


considerando que no layout adotado nas Áreas de exposição 01 e 03 estão alocados
os quadros e na Área de exposição 02 estão alocadas as esculturas, desta forma
foram obtidos os seguintes valores apresentados na Tabela 9.

Tabela 9 - Iluminação de destaque: valores de lumens x whats para cada ambiente.

AMBIENTE ILUMINÂNCIA ÁREA LUMENS WHATS


ÁREA DE EXPOSIÇÃO 01 200 LUX 13.84m² 2768 35W
ÁREA DE EXPOSIÇÃO 02 500 LUX 17.04m² 8520 100W
ÁREA DE EXPOSIÇÃO 03 200 LUX 13.84m² 2768 35W
Fonte: O autor (2021).

Caso o layout fosse readequado, um novo cálculo deveria ser refeito, levando
em consideração a quantidade de obras e disposição das mesmas.
87

Já no que diz respeito aos tipos de lâmpadas, para ambas, foram escolhidas
as de lâmpadas de LED, pois elas se assemelham às propriedades da luz solar,
especificamente o IRC e a temperatura da cor da luz, além de outros benefícios como:
menor consumo de energia e redução de 80% do calor em relação às lâmpadas
halógenas (COPEL, 2021).
Um outro fator importante e também levado em consideração nesse item é o
caráter dinâmico do layout do projeto, logo, para permitir que a iluminação se adeque
junto ao tipo e quantidade de obras expostas, são propostos trilhos de metal fixos ao
teto dos containers (Figura 57), onde os spots de iluminação geral e de destaque
podem ser deslocados e reajustados conforme a necessidade.

Figura 57 - Trilho de metal com spots.

Disponível em: https://www.arevoiluminacao.com.br/spots. Acesso em: 26 nov. 2021.

A disposição dos trilhos e spots, bem como o seu sentido de deslocamento,


estão inseridos conforme representados na planta baixa a seguir (Figura 58).
88

Figura 58 - Planta baixa humanizada: disposição dos trilhos/pontos de iluminação.

Fonte: O autor (2021).


89

A planta de iluminação reforça o caráter dinâmico e flexível da iluminação a


partir da disposição das obras que o expositor possa receber.

5.4 COBERTA

Para a coberta buscou-se uma solução funcional e que atenda o caráter


dinâmico, de fácil montagem e desmontagem para facilitar o transporte dos
containers, então atrelado a esses fatores a escolha foi o telhado em estrutura
metálica de metalon galvanizado (Figura 59), na qual pode ser sobreposta/apoiada à
vedação já existente do próprio container. Esse material é bastante versátil e por ser
feito de aço carbono, é inoxidável, leve, resistente a incêndios e sua montagem é
limpa e rápida (CASA SERRALHEIRO, 2021).

Figura 59 - Coberta em estrutura metálica de metalon galvanizado.

Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/576742296025449348/. Acesso em: 10 out. 2021.

Cabe acrescentar que além dos benefícios já mencionados, o metalon é


sustentável, pois o aço é um material 100% reciclável. Diferentemente da madeira,
material mais utilizado nas estruturas para cobertas, o metalon não está sujeito à
deterioração por cupins e outras pragas, nem pela umidade.

5.4.1 Telha Fotovoltaica

Uma das principais preocupações, pelo fato de o Expositor de arte Contato ser
itinerante, foi idealizar de que forma se daria o seu consumo de energia, e atrelado a
90

isso, manter o perfil sustentável dos materiais, logo optou-se pela escolha da Telha
Fotovoltaica (Figura 60) para cobertura de toda a parte que corresponde à
recepção/administração e às três áreas de exposições, na qual seu principal
diferencial é ter acoplada à sua própria estrutura painéis fotovoltaicos que produzem
energia limpa e sustentável, através da luz solar.

Figura 60 - Telha fotovoltaica.

Fonte: Ecotelha solar (2021).

A telha fotovoltaica tem fabricação na China e no Brasil através da empresa


Eco Telhas Solar, possui dimensões de 2,30mx1,00m, pesa apenas 4,6kg, tem vida
útil estimada entre 30 a 40 anos, é de fácil instalação e sua estrutura é composta por
fibra de vidro, onde, além das funcionalidades já mencionadas, também é térmica,
sendo ideal para as necessidades do referido projeto.
O seu funcionamento se dá através da captação da luz solar pelos painéis,
onde abaixo de cada telha estão fixados os fios (Figura 61) que a conduzirão para o
inversor que transformará em energia elétrica.
91

Figura 61 - Estrutura interna da telha fotovoltaica.

Fonte: Ecotelha solar (2021).

Existem duas possibilidades de sistema de instalação desse tipo de telha: o


sistema on-grid, onde ele está conectado à rede elétrica de distribuição; e o sistema
off-grid, que é geralmente utilizado em regiões sem acesso à rede elétrica
(ECOTELHA SOLAR, 2021), portanto, pensando em abranger o maior número de
locais possíveis, este seria a escolha, pois neste caso a energia solar após
direcionada ao inversor, é armazenada em baterias, podendo ser consumida sempre
que necessário.
A demanda de energia elétrica do CONTATO será relativamente pequena e
direcionado em maior parte ao uso noturno, já que a ventilação e iluminação dos
ambientes serão naturais durante todo o dia.
O princípio desse tipo de telha é o mesmo dos painéis solares convencionais,
porém o diferencial está na quantidade de luz solar captada, uma vez de os painéis
da telha fotovoltaica estão em toda à sua estrutura; na economia da mão de obra e na
leveza.

5.4.2 Telha Translúcida

Já para a cobertura do pátio central que fica no núcleo da edificação, onde está
situado o Jardim sensorial, utilizou-se a telha translúcida de policarbonato (Figura 62),
a fim de permitir a entrada de iluminação natural direta ao jardim sensorial e
iluminação natural indireta à toda área de exposição. Além disso essa coberta fica
92

mais elevada em relação à altura da coberta em telha fotovoltaica, para permitir a


captação de ventilação natural, com acabamento em metalon.

Figura 62 - Telha translúcida de policarbonato.

Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/162622236536732284/ Acesso em: 06 out. 2021.

5.4.3 Beiral / Pergolado

Os beirais são formados a partir de uma estrutura metálica também de metalon


galvanizado, com 0,60m de largura, formando um pergolado (Figura 63), que neste
caso serve também para sustentação das jardineiras posicionadas sobre eles.

Figura 63 - Estrutura beiral/pergolado – vista superior.

Fonte: O autor (2021).

O beiral da fachada frontal se estende em 1,80m, para proporcionar sombra à


área do lounge aberto.
Já as jardineiras são compostas de polietileno e revestidas em ACM, mantendo
a mesma largura de 0,60m dos beirais (Figura 64).
93

Figura 64 - Jardineiras: vista isométrica.

Fonte: O autor (2021).

A seguir são apresentadas a vista superior da coberta, onde estão dispostos os


elementos e materiais já apresentados (Figura 52, Figura 53 e Figura 54).

Figura 65 - Vista superior da coberta.

Inc=10%

Inc=5%

Inc=10%

Fonte: O autor (2021).


94

5.5 ACESSIBILIDADE APLICADA AO PROJETO

Para o CONTATO ser inclusivo e atender o maior número de pessoas, foram


pensadas em estratégias que tornem todos os espaços acessíveis à locomoção de
pessoas com cadeira de rodas, mobilidade reduzida e, principalmente aos deficientes
visuais, que é o objetivo principal deste projeto.
Para atender as diretrizes projetuais de acordo com as exigências legais de
acessibilidade, foram seguidas as NBR’s: 9050 (2020) - Acessibilidade a edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos - e 16537 (2016) - Sinalização tátil no
piso - já explanadas no Capítulo 4 – Diretrizes e Normativas, deste trabalho.

5.5.1 Rampas e acessos

A estrutura de piso dos containers, é feita de aço e coberta por uma camada
de compensado naval, com espessura total de 0,10m, onde após a aplicação dos
revestimentos propostos essa espessura aumentará para 0,13m, ou seja, todos os
ambientes estarão a essa altura em relação ao nível do solo. Como no projeto os
containers serão encaixados um ao outro, todos os níveis se manterão iguais,
facilitando o deslocamento dos seus visitantes e o tornando fluido, sem desníveis
internos. Assim, o único desnível se concentrará na própria entrada para o Longe,
onde será inserida uma rampa de acesso, com inclinação de 8,33%, com corrimão em
suas laterais com 0,70m e 0,92m de altura, devendo ser prolongados por, no mínimo,
0,30m nas suas extremidades, conforme exigido na NBR 9050 (2020) e apresentado
na Figura 66.
Figura 66 - Rampa de acesso e corrimão.

Fonte: O autor (2021).


95

Ainda segundo a NBR 9050 (2020), no que diz respeito a acessos, ela
determina que as portas, quando abertas, devem permitir um vão livre maior ou igual
a 0,80m de largura e 2,10m de altura. O acesso à área interna do Expositor de arte se
dará por meio de uma única porta central, de abertura automática, com quatro folhas,
de dimensões e materiais apresentados conforme a Figura 67.

Figura 67 - Porta de entrada com quatro folhas – fechadas.

Fonte: O autor (2021).

Sendo duas folhas fixas e duas folhas centrais móveis que, quando abertas,
permite um vão de passagem com 1,70m, conforme mostra a Figura 68.

Figura 68 - Porta de entrada com quatro folhas – aberta.

Fonte: O autor (2021).


96

Além do acesso principal, todos os demais acessos e passagem, como ao


Jardim sensorial, atendem às dimensões exigidas na NBR 9050 (2020).

5.5.2 Padrões de pisos utilizados

Para o projeto de sinalização tátil do Expositor de Arte Contato, todos os pisos


utilizados internamente, sejam eles táteis ou adjacente, foram padronizados nos
tamanhos de 0,25x0,25m, em material emborrachado, conforme a Figura 69.

Figura 69 - Tipos de pisos internos.

Fonte: O autor (2021).

A escolha das cores não foi aleatória, elas seguem o contraste de luminância
exigida na NBR 16537 (2016), que no caso proposto, os pisos táteis de alerta e
direcional foram definidos na cor amarela e o piso adjacente na cor cinza escuro, em
concordância com a Figura 70, demarcado na cor vermelha.
97

Figura 70 - Contrastas recomendados para piso táteis e adjacentes – interno.

Fonte: ABNT (2016). Adaptado pelo autor (2021).

Quanto à estrutura física das placas de piso, o material escolhido para ambos,
foi a borracha. Seguindo o caráter sustentável, os pisos emborrachados são
compostos por placas de borracha de alta durabilidade e resistência, dentre as formas
mais comuns de fabricação está a reciclável, através das raspas ou grânulos de
pneus. A principal vantagem dos pisos emborrachados, determinante para sua
escolha ao referido projeto, é a resistência uniforme de absorção de impactos, ideal
para o fluxo do público alvo que se pretende atender, permitindo ao usuário o uso de
cadeira de rodas, muletas, ou bengalas de forma segura. Além disso esse material é
antiderrapante, absorve ruídos, não promove a proliferação de mofos e bolor
(MABART, 2021).
Já para o piso externo, a escolha foi do piso vinílico com textura amadeirada e
dimensões de 1,35mx0,20m (Figura 71), uma vez que a cor marrom do piso adjacente
segue o contraste de luminância exigida pela NBR 16537 em concordância com a cor
amarela dos pisos táteis, como mostra a Figura 72, demarcada na cor azul.

Figura 71 - Piso vinílico amadeirado.

Fonte: O autor (2021).


98

Figura 72 - Contrastas recomendados para piso táteis e adjacentes - externo.

Fonte: ABNT (2016). Adaptado pelo autor (2021).

5.5.2.1 Projeto de piso tátil proposto

Os pisos táteis são de suma importância na solução da acessibilidade para os


indivíduos com algum tipo de deficiência visual conseguirem se locomover sozinhos e
de forma autônoma, a fim de usufruírem de seus direitos fundamentais, nos quais,
nesta monografia são defendidos, que são: o direito à Arte e à Cultura.
Para o desenho da sinalização tátil no projeto do CONTATO, foram seguidos
os parâmetros estabelecidos na NBR 16537 (2016) e já descritos no tópico 4.3
Normativas para piso tátil. A inserção do piso tátil foi aplicada seguindo o layout de
disposição das obras apresentado na Figura 42 do tópico 5.3.4 Planta baixa. Como
resultado tem-se uma aplicação fluida, sem barreiras e que direciona o visitante desde
a entrada, passando todos os ambientes, equipamentos e obras expostas, como
apresentado na Figura 73.
99

Figura 73 - Planta baixa layout com piso tátil.

Fonte: O autor (2021).


100

5.5.2.2 Malha modular

Devido ao caráter dinâmico de transformação do layout das áreas de exposição


no projeto proposto, surge a necessidade de adequação também do piso tátil, para
atender às possíveis configurações de exibição das mostras que possam surgir,
diferentes do layout apresentado como modelo.
Para permitir que o piso tátil se adeque ao layout dos mais variados tipos de
exposições é proposta uma malha modular, com dimensões de 2,00mx2,00m,
executada de metalon galvanizado, na qual as placas de piso de 0,25mx0,25m se
encaixam, conforme as Figuras 74 e 75.

Figura 74 - Malha modular do piso.

DET. 01

Fonte: O autor (2021).

Figura 75 - Detalhe 01: Malha modular do piso.

Fonte: O autor (2021).


101

Dessa maneira, para tornar viável essa fixação dos pisos à malha, são
acoplados aos pisos táteis e adjacente da área interna uma base de estrutura em
metal, na qual têm quatro pinos de encaixa nos seus vértices, permitindo o encaixe
na malha de metalon, além disso, são colocadas entre o piso e a estrutura de metal
uma manta natura de cortiça (Figura 76), que oferece uma alta capacidade de
isolamento acústico, pois cria o abafamento dos ruídos (DOMINGOS, 2014 apud
RODRIGUES, 2015).
Figura 76 - Estrutura dos pisos.

Fonte: O autor (2021).

Após a definição de layout pela equipe curadora da exposição e definição do


posicionamento das obras, os pisos são engastados à malha um a um formando o
desenho desejado, conforme exemplo da Figura 77 e 78.
102

Figura 77 - Encaixe dos pisos na malha.

Fonte: O autor (2021).

Figura 78 - Pisos encaixados na malha.

Fonte: O autor (2021).

No total 12 unidades de malhas/módulos em metalon são distribuídas sob a


Recepção/Administração e nas três áreas de exposição (Figura 79), cada uma acopla
103

64 unidades de pisos independentes e no total são 768 placas de pisos que podem
ser realocadas conforme a necessidade da mostra.

Figura 79 - Distribuição das malhas de piso.

Fonte: O autor (2021).


104

5.5.3 Projeto de placas e sinalizações

A inserção de placas e sinalização em uma edificação como o CONTATO é


uma importante ferramenta para a comunicação e disseminação de informações para
garantir a autonomia e segurança de seus usuários, tanto na edificação propriamente
dita, quanto nas artes expostas. Segundo a Lei brasileira n°7.853/89 e Decreto
n°3.298/99, essa sinalização é obrigatória para promover a integração das pessoas
com deficiência por meio de normas de acessibilidade, com a finalidade de garantir o
direito de ir e vir nos locais para qualquer cidadão.

A tabela 10, disponibilizada ainda na NBR 9050 (2020), determina os tipos de


sinalizações que devem ser utilizadas em cada classe de instalação e categoria.

Tabela 10 - Tipos de sinalizações obrigatórias.

Fonte: ABNT (2020). Adaptado pelo autor (2022).

Logo, para o referido projeto, de instalação temporária, os tipos de sinalizações


obrigatórias são a visual e tátil, como mostra a tabela acima.
A Figura 80 apresenta o projeto de sinalização proposto para o expositor de
arte, composto por placas, mapa tátil e adesivos, seguindo as diretrizes e padrões
determinados pela NBR 9050 (2020) já descritos no tópico 4.4 Normativas para
Placas e Sinalizações. As placas têm tamanhos diversos e são de material acrílico
fosco.
105

Figura 80 - Projeto de sinalização proposto.

Fonte: O autor (2022).

Vale destacar que as placas informativas das obras de arte e também das
espécies de plantas do jardim sensorial são posicionadas de forma individual e
sempre com as transcrições em Braille (executadas através do site: atractor.com)
posicionadas ao lado esquerdo do texto base, conforme exigência da NBR 9050
(2020). Além disso, para as obras de arte também ficarão posicionados fones de
ouvido para a transcrição através de audiodescrição, ferramenta não-obrigatória, mas
que com certeza auxilia de forma significativa a pessoa com deficiência visual.
Para garantir mais autonomia e reconhecimento do posicionamento dos
ambientes no CONTATO, foi posicionado na recepção um mapa tátil (Figura 81), que
segundo definição da NBR 9050 (2020), são representações visuais, táteis e/ou
sonoras que servem para orientação e localização de lugares e rotas, permitindo o
acesso, alcance visual e manual à pessoa com deficiência visual.
106

Figura 81 - Posicionamento do mapa tátil.

Fonte: O autor (2022).

As portas e passagens também devem ser sinalizadas a fim de proporcionar à


pessoa com deficiência visual, autonomia, segurança e a fácil identificação desses
elementos em sua locomoção. A Figura 82 representa a aplicação da sinalização nas
portas, seguindo os parâmetros exigidos na NBR 9050 (2020).

Figura 82 - Aplicação da sinalização nas portas.

Fonte: O autor (2022).


107

5.6 APLICAÇÃO DA ARQUITETURA SENSORIAL

A exploração e a inserção de elementos, estratégias e, principalmente, obras


de arte que estimulem os sentidos no Expositor de arte CONTATO, além de
proporcionar uma experiência única e completa às pessoas videntes, se tornam
componentes de acessibilidade para as pessoas com deficiência visual. Onde cada
um dos sentidos foi estimulado da seguinte forma:

• Tato: texturas, densidade, temperatura;


• Olfato: cheiro das plantas e ventilação cruzada;
• Visão: Iluminação zenital, cores e formas;
• Paladar: Plantas, frutas e flores comestíveis;
• Audição: Conforto acústico, cascata, ruído do caminhar nas texturas do
jardim sensorial e canto dos pássaros (atraídos pela vegetação e água
do jardim).

A Figura 83 sintetiza como os elementos que compõem a edificação estão


relacionados a cada um dos cinco sentidos.
108

Figura 83 - Planta sensorial.

Fonte: O autor (2022).

A parte externa da edificação também foi projetada para estimular os sentidos,


as fachadas também possuem elementos que aguçam e despertam o caráter
sensorial da obra.
109

O uso das cores tem um papel fundamental na promoção de emoções e


sensações aos observadores. E, essencialmente quando a Arquitetura sensorial é
uma das diretrizes do projeto, se faz necessário o estudo de cores atreladas às
emoções que se deseja propor. Segundo Birolini (2017), a cor é um elemento de
estímulo imediato, que após transferido ao cérebro, provoca diversas reações nos
usuários videntes.
Com a finalidade de promover experiências diversas ao público, mantendo o
traço industrial, o tom predominante é o cinza escuro, trazendo um caráter de
elegância, mistério e fazendo analogia à falta de visão, contudo é importante que a
edificação não se torne unidimensional, por isso, foram utilizadas algumas cores para
torná-la mais atraente e convidativa. As cores utilizadas, bem como as sensações
subjetivas que provocam, ainda segundo Birolini (2017), são apresentadas a seguir:

• Amarelo: é uma cor quente, que transmite acolhimento ao expectador,


estimula o otimismo, ajuda na concentração, atenção e criatividade,
além de ser uma cor energizante;
• Azul: é uma cor fria, que induz à contemplação, transmite confiança,
segurança e tranquilidade.

A partir das Figuras 84, 85, 86 e 87, serão apresentadas as fachadas frontal,
lateral direita, lateral esquerda e posterior, bem como as especificações de materiais,
equipamentos e cores.
110

Figura 84 - Fachada Frontal.

Fonte: O autor (2021).

Figura 85 - Fachada lateral direita.

Fonte: O autor (2021).


111

Figura 86 - Fachada lateral esquerda.

Fonte: O autor (2021).

Figura 87 – Fachada posterior.

Fonte: O autor (2021).


112

5.8 AMBIENTES

5.8.1 Lounge

Esse espaço foi idealizado para propor a convivência dos visitantes, nele é
possível sentar-se, apreciar a vista externa e interagir com outras pessoas (Figura 88).
Ele também pode ser usado como ambiente de espera, caso seja delimitado
quantidade máxima de visitantes dentro do Expositor de arte.

Figura 88 - Lounge.

Fonte: O autor (2021).

5.8.2 Recepção/Administração

A Recepção/Administração é fundamental tanto para o acolhimento dos


visitantes, quanto para a administração do controle e catalogação das obras e dos
artistas que estão em exposição, para assim, manter um ambiente seguro e apto a
acondicionar e preservar o acervo ali disposto.
Esse ambiente é o primeiro contato interno do usuário com o projeto, então
para esse espaço buscou-se manter uma linha industrial e de poucos detalhes, com
textura em concreto e o destaque fica por conta da bancada escultural e que faz
analogia a um olho (Figura 89).
113

Figura 89 - Recepção/Administração.

Fonte: O autor (2022).

Além disso, é neste espaço onde ocorrerá a preparação das pessoas antes de
adentrarem nas exposições. Como as pessoas terão contato direto com as obras de
arte, uma série de cuidados deverão ser tomados como: instruções, entrega de
materiais, a retirada de qualquer adorno que possa danificar ou fazer barulho no
interior da edificação e a indicação de um guia (se necessário). Caso o visitante opte,
pode apreciar a exposição com os olhos vendados, tendo também à sua disposição
um guarda-volumes alocado na bancada da recepção, onde poderá acomodar os seus
sapatos e adentrar com os pés descalços, para a experiência ser ainda mais completa
e empática.
Será também permitida a entrada na edificação de cães guias, assim como
determina a lei 11.1266, de junho de 2005.

6
“É assegurado à pessoa com deficiência visual acompanhada de cão-guia o direito de ingressar e de
permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em estabelecimentos abertos ao público,
de uso público e privados” (BRASIL, 2005, Art. 1°).
114

5.8.3 Espaços de exposição

Nesse espaço os materiais presentes são neutros, tal como as paredes com
acabamento em pintura branca, e teto na própria estrutura do container também na
mesma cor, formando uma grande “tela em branco”, para toda a evidência ser o
destaque para as obras expostas. Para o layout adotado, o Contato dispõe de três
espaços de exposições, que no total somam 44,72m² e integrados e dispostos de
forma fluida, sem barreiras. O piso e a iluminação possibilitam um layout flexível e
alternativo, que pode alterar o posicionamento das obras a depender do seu tipo e
tamanho. No layout adotado foram dispostas 11 obras nas três áreas de exposição,
com o distanciamento médio entre elas de 1,10m (Figuras 90, 91, 92 e 93).

Figura 90 - Vista geral interna.

Fonte: O autor (2022).

Figura 91 - Área de exposição 01.

Fonte: O autor (2022).


115

Figura 92 - Área de exposição 02.

Fonte: O autor (2022).

Figura 93 - Área de exposição 03.

Fonte: O autor (2022).

5.8.4 Jardim sensorial

Abaixo seguem as perspectivas do jardim sensorial proposto, alocado no centro


da edificação e integrado à todas as áreas de exposição (Figuras 94 e 95).
116

Figura 94 - Jardim sensorial proposto– vista frontal.

Fonte: O autor (2022).

Figura 95 - Jardim sensorial proposto – vista lateral direita.

Fonte: O autor (2022).

A Figura 96 apresenta a estrutura do Jardim sensorial proposto, com todos os


seus elementos.
117

Figura 96 - Estrutura Jardim sensorial.

Fonte: O autor (2021).

Foram definidas 15 espécies de plantas que irão compor o Jardim sensorial,


sendo classificadas por: hortaliças, condimentares, medicinais, aromáticas,
texturizadas e frutíferas, escolhidas perante um ou mais dos sentidos que se pretende
estimular. Abaixo segue a Tabela 11 com a definição das espécies, dispostas em
ordem alfabética pelo seu nome popular, e os estímulos que cada uma irá exercer.
118

Tabela 11 - Especificação de vegetação e estímulos.


ESPÉCIE ESTÍMULO
IMAGEM NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO TATO OLFATO PALADAR

Alecrim Rosmarinus officinalis L. SIM SIM SIM

Arruda Ruta graveolens L. SIM SIM -

Bertalha Basella alba L. SIM - SIM

Boldo Plectranthus neochilus Schltr. SIM SIM -

Capim-limão Cymbopogon citratus (DC.) Stapf. SIM SIM -

Capuchinha Tropaeolum majus L. SIM - SIM

Craveiro Dianthus caryophyllus L SIM SIM -

Erva-baleeira Cordia verbenácea A. DC. SIM SIM SIM

Erva cidreira Lippia alba (Mill.) N.E.Br. SIM SIM -

Hibisco Hibiscus rosa-sinensis L. SIM - SIM

Hotelã Mentha x piperita L. SIM SIM SIM

Manjerição Ocimum basilicum L. SIM SIM SIM

Maria-sem-vergonha Impatiens balsamina L. SIM - SIM

Menta Mentha sp. SIM SIM SIM

Pitangueira Eugenia uniflora SIM SIM SIM

Fonte: O autor (2021).


119

5.9 MONTAGEM, DESMONTAGEM E TRANSPORTE

Por ser itinerante, uma das principais preocupações na idealização do


CONTATO foi a de proporcionar sua fácil montagem e desmontagem, a fim de
viabilizar o processo de transporte, permitindo que isso seja feito de forma limpa,
rápida e prática. O fato de ser concebida/caracterizada como arquitetura efêmera,
exige que sua estrutura seja resistente aos processos de montagem e desmontagem
(BARBOSA, 2018). Para tanto, todas as peças e elementos no expositor são fixadas
através de parafusos, pinos e encaixe, logo, após o fim do período de exposição em
determinada cidade/local, ele poderá facilmente ser desmontado e transportado até o
próximo destino.
Para o transporte, após a retirada das obras e da desmontagem de todos os
elementos, as placas de vedação que foram retiradas no processo de montagem
voltam a ser fixadas, deixando os containers totalmente vedados, como mostra a
Figura 97.
Figura 97 - Processo de vedação do container.

Fonte: O autor (2022).


120

Além disso, os elementos e componentes externos podem ser armazenados


dentro do próprio container, antes de sua vedação. Por fim, tem-se quatro módulos de
containers prontos para o transporte (Figura 98).

Figura 98 - Quatro módulos vedados e prontos para o transporte.

Fonte: O autor (2022).

Para o transporte de container no Brasil o Conselho Nacional de Trânsito


(CONTRAN) estabelece algumas diretrizes dispostas na Resolução n° 564 de 2015 e
na lei 9.611/98, nas quais pode-se destacar:

• O transporte do container deverá ser feito através de veículos


específicos fabricados ou adaptados para tal finalidade;
• É obrigatório o uso do Dispositivo de Fixação de Container (DIF) e
Dispositivo de Canto, responsáveis por fixarem o container no quaro do
chassi do veículo;
• Containers com até 4,40m de altura não necessitam de Autorização
Especial de Trânsito (AET);

Dentre os veículos mais utilizados para o transporte de container estão os


caminhões bug, as carretas, as muncks, os bitrens e os rodotrens, além do veículo
específico para transporte são necessários equipamentos auxiliares como
121

empilhadeiras ou guindastes responsáveis pelo posicionamento correto do container


no veículo.
Por ser considerado pela legislação como “equipamento do veículo
transportador”, o container recebe algumas vantagens fiscais que reduzem o custo do
transporte e existem diversas empresas de logística em território nacional
especializadas nesse tipo de transporte que garantem que as necessidades logísticas
sejam atendidas com precisão e segurança.
O exemplo abaixo (Figura 99) representa a etapa de posicionamento dos
containers no veículo do tipo caminhão bug com capacidade para até dois containers,
auxiliado por uma empilhadeira.

Figura 99 - Transporte dos módulos.

Fonte: O autor (2021).

5.7 PROPOSTAS DE IMPLANTAÇÕES

O fator social de inclusão e a inserção de pessoas com deficiência visual e/ou


cegueira no expositor de arte CONTATO, não seria totalmente completo caso
atendesse somente uma cidade ou região específica, e o “ser itinerante” se torna uma
necessidade para atingir a maior quantidade de pessoas desse público específico e
também de pessoas videntes, principalmente quando se é considerado o pouco
investimento, seja ele público ou privado, de equipamentos como esse. “Quando a
arquitetura é temporária permite-se um novo experimento urbano, não somente da
122

forma em si dessa arquitetura, mas um experimento de todo o espaço no qual ela está
inserida” (BARBOSA, 2018 p.55).
Os processos facilitados de montagem, desmontagem e transporte, atrelados
à produção de sua própria energia, são condicionantes atenuantes que permitem
viabilizar sua implantação nas mais diversas localidades.
Abaixo segue a implantação do expositor de arte CONTATO em uma praça
pública (Figuras 100, 101, 102 e 103).

Figura 100 - Implantação em praça pública: fachada frontal.

Fonte: O autor (2022).


123

Figura 101 - Implantação em praça pública: volumetria linear direita.

Fonte: O autor (2022).

Figura 102 - Implantação em praça pública: volumetria linear esquerda.

Fonte: O autor (2022).


124

Figura 103 - Implantação em praça pública: fachada frontal noturna.

Fonte: O autor (2022).

A Figura 104 apresenta a implantação do expositor de arte CONTATO em um


shopping.
Figura 104 - Implantação em um shopping: fachada frontal.

Fonte: O autor (2022).


125

Para caracterizar como seria a inserção do CONTATO na cidade de Arapiraca-


AL (local de nascimento, crescimento e graduação em Arquitetura e Urbanismo do
autor desta monografia), foi escolhida como proposta de implantação a Praça Luiz
Pereira Lima, também conhecida como praça da Prefeitura, local onde ocorre a
realização de diversos eventos culturais e que abriga o Museu Zezito Guedes, a Casa
da Cultura e a Tenda acústica; a escolha também se deu pelo fato dessa praça já
dispor de piso tátil, o que facilitaria a locomoção até o equipamento.
A seguir são apresentadas duas imagens reais da Praça Luiz Pereira Lima
(Figura 105 e 106), onde através da técnica de foto-inserção é possível se ter uma
noção da implantação do CONTATO no local referido. É importante salientar que,
neste caso, não foi realizado um diagnóstico de intervenção, sendo somente de cunho
demonstrativo.

Figura 105 - Vista aérea: Implantação do Expositor de arte CONTATO na Praça Luiz Pereira Lima, Arapiraca-AL.

Disponível em: https://web.arapiraca.al.gov.br/2017/10/queda-de-aviao-memoria-e-aventura-marcam-


a-historia-da-eterna-praca-da-prefeitura/. Acesso em: 12 jan. 2022.
Adaptado pelo autor (2022).
126

Figura 106 - Vista térrea: Implantação do expositor de arte CONTATO na Praça Luiz Pereira Lima, Arapiraca-AL.

Disponível em: https://web.arapiraca.al.gov.br/2017/10/queda-de-aviao-memoria-e-aventura-


marcam-a-historia-da-eterna-praca-da-prefeitura/. Acesso em: 12 jan. 2022.
Adaptado pelo autor (2022).

Essa versatilidade de locais onde o CONTATO pode ser inserido promove a


disseminação não somente da arte, mas de conscientização e empatia, levanto arte e
cultura acessíveis a todos os públicos.
127

6 CONCLUSÃO

Diante do que foi exposto, a condução deste trabalho consistiu em fundamentar


como a arte e a cultura são agentes transformadores e fortalecedores da sociedade,
dos seus valores e da formação da subjetividade dos cidadãos e mostrar que mesmo
diante de todas as leis e normas vigentes, os indivíduos que detêm algum tipo de
deficiência visual são drasticamente excluídos do seu pleno direito. Logo, retomando
ao questionamento feito no Capítulo 2 desta monografia: “essa arte e cultura são
disponibilizadas e estão ao alcance de pessoas com deficiência visual?”, a resposta
clara e evidente, infelizmente é: “não”.
Com isso, compreender como um espaço de exposições e a arte nele exposta
podem ser adaptados e inseridos no meio urbano foi o que norteou esta pesquisa, na
qual trouxe como solução a Arquitetura Sensorial, como ferramenta para a percepção
através dos 5 sentidos humanos, atrelados aos sistemas e tecnologias construtivas
que unissem forma e função. E assim surgiu o CONTATO, um expositor de arte
itinerante, flexível e sustentável, utilizando o container e a coordenação modular como
soluções, permitindo sua fácil montagem, desmontagem e locomoção e tendo como
princípio a acessibilidade a todos os públicos e suas particularidades, atendendo
assim ao objetivo principal proposto.
Quanto aos objetivos específicos, eles também foram atendidos e pode-se
destacar que a análise das normas e legislações vigentes que asseguram o direito à
acessibilidade de pessoas cegas e com baixa visão foi de fundamental importância
para ratificar a base e o conceito do referido projeto; Paralelo a isso, a escolha de
sistemas e tecnologias construtivas que fundamentaram a fácil execução do projeto,
de forma rápida, limpa, de baixo impacto ambiental e autossustentável foram um viés
para a viabilidade da forma e função do CONTATO; Por fim, a compreensão de como
esse espaço pode interagir e aguçar os cinco sentidos humanos, nos seus mais
variados elementos, comprovam que a Arquitetura Sensorial é uma importante aliada
e fundamental para a promoção de equipamentos e ambientes acessíveis às pessoas
cegas.
Em um país onde 6,5 milhões de indivíduos detêm algum tipo de deficiência
visual, o dever de entender os problemas enfrentados diariamente por essas pessoas
e quais aspectos limitam o seu amplo direito, são fatores primordiais para a
128

viabilização de ferramentas de inclusão justas, acessíveis e igualitária, esse é o


primeiro passo para a promoção de acesso amplo e universal a todos.
Com esse trabalho busca-se ampliar a discursão sobre Arquitetura Sensorial
como ferramenta de acessibilidade para pessoas com deficiência visual e sugere
novos estudos acerca desta temática, assim como propostas de exposições de artes
ou implantação artística acessíveis e testes de layout para diferentes configurações
do CONTATO. Também seria pertinente um diagnóstico com sua implantação na
cidade de Arapiraca-AL, buscando entender sua efetividade, tanto para as questões
de conforto térmico e acústico, quanto para a acessibilidade propriamente dita, com
uma análise pós-ocupação com a participação do público vidente, e essencialmente,
do público com deficiência visual.
129

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