Você está na página 1de 88

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS ESUDA

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

ILLANA CECÍLIA ORRICO AGUIAR VALENTIM

ANTEPROJETO PAISAGÍSTICO DE REQUALIFICAÇÃO DA


PRAÇA MARCANTÔNIO VILAÇA, PINA, RECIFE, PE

RECIFE

JUNHO/2018

1
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS ESUDA

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

ILLANA CECÍLIA ORRICO AGUIAR VALENTIM

ANTEPROJETO PAISAGÍSTICO DE REQUALIFICAÇÃO DA


PRAÇA MARCANTÔNIO VILAÇA, PINA, RECIFE, PE

Trabalho de Curso desenvolvido pela aluna Illana Cecília


Orrico Aguiar Valentim, orientado pela Prof.ª Danyelle de
Holanda Beltrão, apresentado ao curso de Arquitetura e
Urbanismo da Faculdade de Ciências Humanas Esuda
como requisito final para obtenção do grau de Arquiteta e
Urbanista.

RECIFE

JUNHO/2018

2
Dedico este trabalho a Deus, aos meus
amados pais, amigos e familiares.

3
AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.

A esta universidade, seu corpo docente que oportunizaram a janela que hoje
vislumbro um horizonte superior, pela confiança no mérito e ética aqui presentes.

A minha orientadora Danyelle de Holanda Beltrão, pelo suporte no pouco tempo que
lhe coube, pelas suas correções e incentivos.

Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.

E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito
obrigada.

4
RESUMO

O objetivo deste trabalho de graduação tem como foco o estudo da Praça Marcantônio
Vilaça, que se encontra localizada no bairro do Pina, Recife, PE. A Praça Marcantônio
Vilaça, está situada em um local do bairro que possui um tráfego médio de automóveis
e de fluxo de pessoas, mas devido à situação a qual a praça encontra-se atualmente,
o seu principal uso no momento vem servido de estacionamento público, e o seu
interior visitado pouquíssimas vezes pelos moradores da região, uma vez que se
encontra em estado de má conservação. Com o objetivo de propor uma requalificação
de uso paisagístico e urbanístico na praça, a proposta inicial é oferecer um espaço
público de qualidade e conforto, atendendo as reais necessidades da população do
local e entorno. A metodologia de pesquisa para a criação deste trabalho deu-se por
meio de projetos, livros, teses, artigos, dissertações e em sites. Para uma proposta
paisagística, é fundamental a criação de um espaço público bem cuidado, arborizado,
onde as pessoas possam ter contato direto com a natureza e ao ar livre, palco de
eventos culturais que incentivam cada vez mais a qualidade de vida, espaços de
convivência que ofereça aos moradores e visitantes da região, recreação,
contemplação e incentive a socialização desde as primeiras horas do dia até a noite
e que se sintam atraídos a saírem das suas casas para fazerem pequenas
caminhadas e interagir com os moradores da vizinhança.

Palavras Chave: Requalificação. Praça. Paisagismo. Espaço.

5
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01: Marco Zero, Recife, PE.

Figura 02: Orla da Avenida Boa Viagem, Recife, PE.

Figura 03: Orla da Avenida Boa Viagem, RecifePE.

Figura 04: BR 101, Recife, PE.

Figura 05: Dimensões referenciais para deslocamento a pé.

Figura 06: Largura para deslocamento em linha reta.

Figura 07: Piso tátil direcional.

Figura 08: Piso tátil de alerta.

Figura 09: Exemplo de rebaixamento de calçada.

Figura 10: Espaçamento necessário para mesas acessíveis.

Figura 11: Praça Prof. Barreto Campelo.

Figura 12: Mapa do Recife.

Figura 13: Matriz da Torre.

Figura 14: Foto da Academia da Cidade e a chaminé da antiga olaria.

Figura 15: Playground e área de convivência.

Figura 16: Área de convivência com palco.

Figura 17: Gradil da quadra poliesportiva e área de jardim.

Figura 18: Piso da área de convivência e playground.

Figura 19: Banco em madeira na área de convivência e banco em cimento no playground.

Figura 20: Monumento em acrílico e lixeira nas áreas de permanência.

Figura 21: Postes em ferro e calçada da praça.

Figura 22: Posto policial e piso com grama esmeralda.

Figura 23: Rampa de acesso á praça e estacionamento.

Figura 24: Praça Doutor Fernandes Figueira, Ilha Do Leite, Recife, PE.

Figura 25: Mapa do Recife e mapa da Ilha do Leite.

Figura 26: Residências e escola no entorno.

Figura 27: Vista ampla da praça.

Figura 28: Capela.

Figura 29: Fonte e playground.

Figura 30: Piso da circulação intertravado e piso da área de convivência de terra batida.

6
Figura 31: Banco em concreto e banco em madeira.

Figura 32: Lixeira seletiva e lixeira unitária vermelha.

Figura 33: Poste de iluminação e telefone público.

Figura34: Parada de ônibus e bicicletário público.

Figura 35: Posto policial e piso tátil.

Figura 36: Rampa de acesso para cadeirante e ponto de táxi.

Figura 37: Sinalização e banco em concreto e jardineira.

Figura 38: Vegetação arbustiva.

Figura 39: Praça do Entroncamento, Graças, Recife, PE.

Figura 40: Mapa do Recife e Mapa do bairro das Graças.

Figura 41: Comércio e escola no seu entorno.

Figura 42: Residencial no seu entorno.

Figura 43: Área de permanência, contemplação e descanso.

Figura 44: Área de lazer.

Figura 45: Gradil da área de lazer e piso em pedra grama.

Figura 46: Piso em pedra portuguesa e piso em pedra grama.

Figura 47: Poste de iluminação.

Figura 48: Mesas e bancos em concreto.

Figura 49: Playground e lixeira.

Figura 50: Monumento e poste

Figura 51: Parada de ônibus e ponto de táxi.

Figura 52: Bicicletário e telefone público.

Figura 53: Vegetação de grande porte e vegetação arbustiva.

Figura 54: Rampa de acesso e piso tátil.

Figura55: Bairro do Pina, Recife, PE.

Figura 56: Mapa do bairro do Pina e Praça Marcantônio Vilaça Pina, Recife, PE.

Figura 57: Zoneamento atual da Praça Marcantônio Vilaça.

Figura 58: Diferenças de piso.

Figura 59: Playground e poste de iluminação existente.

Figura 60: Piso alerta na rampa e entulhos nas calçadas.

Figura 61: Calçada e desnível de piso.

Figura 62: Posto policial existente e acessos à rede hidráulica da praça.

7
Figura 63: Piso em areia batida.

Figura 64: Estudo de ventilação.

Figura 65: Mapa de gabarito.

Figura 66: Residência e escola no entorno.

Figura 67: Comércio.

Figura 68: Mapa do zoneamento proposto

Figura 69: Funcionograma proposto..

Figura 70: Fluxograma proposto.

Figura 71: Vitória régia.

LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Quadro comparativo.

Quadro 02: Dimensionamento.

Quadro 03: Equipamentos.

Quadro 04: Espécie de vegetais.

8
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANTP - Associação Nacional de Transportes Públicos

NBR - Norma Brasileira

RPA - Região Político Administrativa

SIA - Símbolo Internacional de Acesso

9
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................13

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.....................................................................17

1.1 Espaço Livres e Público...........................................................................17

1.2 Praças: Conceitos e Funções..................................................................18

1.3 Praças no Brasil........................................................................................21

1.3.1 Praças no Recife......................................................................................22

1.4 O Paisagista Roberto Burle Marx.............................................................25

1.5 Paisagem e Paisagismo............................................................................27

1.5.1 O projeto paisagístico...............................................................................28

1.6 Infraestrutura da Paisagem......................................................................30

1.7 Acessibilidade............................................................................................32

2 ESTUDOS DE CASO.....................................................................................38

2.1 Praça Professor Barreto Campelo, Torre, Recife, PE.................................38

2.1.1 Localização...............................................................................................38

2.1.2 Breve histórico .........................................................................................40

2.1.3 Situação atual e funções da praça...........................................................41

2.1.4 Infraestrutura............................................................................................42

2.2 Praça Doutor Fernandes Figueira, Ilha do Leite, Recife, PE.................46

2.2.1 Localização...............................................................................................46

2.2.2 Breve histórico..........................................................................................48

2.2.3 Situação atual e funções da praça...........................................................48

10
2.2.4 Infraestrutura............................................................................................50

2.3 Praça Do Entroncamento, Graças, Recife, PE........................................53

2.3.1 Localização..............................................................................................55

2.3.2 Breve histórico..........................................................................................55

2.3.3 Situação atual e funções da praça...........................................................55

2.3.4 Infraestrutura............................................................................................56

2.4 Quadro Comparativo dos Estudos de Caso...........................................61

3. CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.........................................63

3.1 O Bairro do Pina........................................................................................63

3.2 Análise da Praça Marcantônio Vilaça......................................................64

3.2.1 Zoneamento e infraestrutura atual da praça.............................................64

3.2.2 Estudos de ventilação e insolação...........................................................67

3.2.3 Estudo do entorno....................................................................................68

3.2.4 Normas e legislações...............................................................................69

4. ANTEPROJETO PAISAGÍSTICO DE REQUALIFICAÇÃO DA PRAÇA


MARCANTÔNIO VILAÇA, PINA, RECIFE, PE.................................................71

4.1 Programa e Pré-Dimensionamento Propostos.......................................72

4.2 Zoneamento Proposto..............................................................................73

4.3 Funcionograma E Fluxograma Proposto................................................74

4.4 O Anteprojeto Paisagístico.......................................................................75

4.4.1 Memorial descritivo..................................................................................76

4.4.2 Memorial botânico....................................................................................78

11
4.4.3 Memorial Justificativo...............................................................................82

4.4.4 Plantas gerais...........................................................................................83

CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................84

REFERÊNCIAS.................................................................................................85

12
INTRODUÇÃO

Com o passar dos anos, o crescimento acelerado e desordenado das cidades tem
gerado cada vez mais mudanças na vida cotidiana, e com o avanço das tecnologias,
tem tornado cada vez menores o uso dos espaços livres públicos, como as praças, ou
esquecidas por um certo número de populações. A maioria dos parques e espaços
públicos estão negligenciados pelos gestores, suas condições atuais não são as mais
adequadas, o seu uso e a maneira de como são ocupados vem chamando atenção e
acarretando diversas consequências ambientais.

Atualmente aumenta cada vez mais o número de construções no mundo inteiro, e


poucos espaços públicos acabam surgindo ou permanecendo devido às novas
configurações de usos de áreas destinadas a lazer e contemplação para pessoas. O
verdadeiro e real espaço público nomeado como praças públicas tem sido ignorado
pela própria administração pública ambiental e os setores econômicos do país que
não apresentam eficiência com relação à implantação de seus projetos.

No Brasil os espaços públicos destinados a população vem sido substituídos por


espaços públicos privados, como por exemplo, os shoppings centers, grandes
espaços de compras e lazer cujo objetivo é atingir apenas um grande número de
populações e não a todos, e com isso acabam deixando de lado os reais e verdadeiros
espaços livres, lugares abertos ao público, seja ele de descanso, esporte ou lazer,
esses espaços são primordiais na qualidade de vida das pessoas.

Um exemplo próximo disso está na cidade do Recife, a grande parte da ocupação da


cidade, se dá por construções privadas, e como o foco principal está nesses
empreendimentos, as áreas públicas caem em esquecimento, isso faz com que os
moradores acabem não utilizando desse espaço como opção de lazer ou local onde
possam descansar e realizarem seus exercícios físicos. Sem este espaço dedicado
para essas atividades, a população em si acaba perdendo cada vez mais o contato
com as áreas verdes, e até mesmo a vivência em comunidade.

Como o assunto principal deste trabalho são as praças, comparando ao número de


praças existentes na cidade, Recife demonstra um resultado insatisfatório de locais
destinados a elas, quando comparado ao tamanho que é a cidade e as construções

13
particulares. É possível perceber que as condições atuais não são as mais adequadas,
os mobiliários estão quebrados, enferrujados; a iluminação muitas vezes éprecária, as
condições de acessibilidade são falhas e a falta de segurança para o usuário é
subliminar como por exemplo a Praça Marcantônio Vilaça, localizada no bairro do
Pina, que será trabalhada nesta pesquisa.

A Praça Marcantônio Vilaça está localizada entre as ruas: Rua Alexandrino Martins
Rodrigues, Via Mangue, Rua Joaquim Carneiro da Silva e Rua Antônio Pedro de
Figueiredo. A praça encontra-se num local onde o número de residências é maior que
o comercial. Mesmo possuindo uma área de residência maior, o uso da praça pelos
moradores é pouco. O estado de abandono da praça, a falta de manutenção, ou
atrativo gerou insegurança pelos moradores da região e visitantes da área.

Por conter espaços para estacionamento de veículos nas suas laterais, a utilização
maior da praça é para estacionamento de veículos. A praça é bastante arborizada e
de dia apresenta um bom resultado de sombreamento, mas devido a uma falta de
iluminação adequada à noite, e equipamentos que possam criar algum programa de
uso noturno, a praça costuma ser um local perigoso suscetível a assaltos.

Com a falta de vegetação gramínea, é visto claramente apenas a existência da terra


batida como superfície principal da praça, alguns dos mobiliários principais, são
inexistentes e a manutenção dos que ainda existem não é realizada, o estado atual é
precário, a praça também não é completamente acessível, e a falta de atrativos no
seu uso é um dos fatores que mais contribui para o seu abandono.

Como justificativa para este trabalho, a proposta é oferecer um espaço que seja ideal
para descanso e lazer, esportes e recreação, compreendendo o uso de todos os
moradores e trabalhadores próximo a região, tornando um ambiente que seja
agradável, confortável e seguro, não somente durante o dia, mas principalmente nos
turnos onde a falta de iluminação natural, não venha a ser motivo de causar
insegurança a população moradora da área, ou visitantes.

Um novo anteprojeto paisagístico seria de grande relevância para a comunidade e


para o bairro, pois resgataria a convivência saudável entre moradores e visitantes do
bairro do Pina.

14
Os conceitos de paisagismo e acessibilidade que serão abordados neste trabalho
visam melhorar a paisagem existente, fazendo com que a praça novamente se integre
ao entorno implantando áreas que favoreçam o convívio social, através de mudanças
no mobiliário, melhorias na acessibilidade e no zoneamento da citada praça.

A praça por ser um bem público não visa apenas contemplar a população que reside
naquela região, mas de forma que também possa ser convidativa aos visitantes, e
outros moradores da região do Recife que estão passando por ali. Como uma praça
requalificada, novos usos se farão do seu espaço, as pessoas irão poder desfrutar de
novos equipamentos, mobiliários, das áreas criadas para convivência e descanso e
estético que é um dos que mais atraem a população, a praça passa então a oferecer
novas atividades e uso durante o seu dia a dia.

É importante lembrar que é de fundamental importância a preservação desses


espaços, uma vez que isso também impacta muito em relação aos patrimônios
públicos histórico e privado, tendo em vista que cada um desses possui valores que
fazem parte do histórico e desenvolvimento da própria cidade.

O objetivo geral deste trabalho é desenvolver um anteprojeto paisagístico de


requalificação para a Praça Marcantônio Vilaça, no bairro do Pina, Recife, PE. E tem
como objetivos específicos: proporcionar aos moradores e visitantes da região uma
nova forma de visão local; adequar uma melhoria no convívio social, elevando a
qualidade de vida dos usuários da praça, através da acessibilidade, na implantação
de equipamentos urbanos e no uso de uma nova infraestrutura urbana que seja
adaptada a todos.

A metodologia desta pesquisa, deu início com um levantamento bibliográfico por meio
de livros, artigos, teses, normas, sites e projetos de espaços livres e desenvolvimento
de projetos para espaços livres públicos servindo de embasamento teórico para a
proposta, além disso, foram examinados três estudos de caso, in loco, com funções
semelhantes a da praça que está sendo estudada, observando também sua
distribuição e integração dos ambientes, fazendo uma análise comparativa entre seus
aspectos.

Será apresentada também uma pesquisa que foi realizada in loco onde está situada
a Praça Marcantônio Vilaça em busca de uma melhor compreensão da morfologia
15
local, entendendo as reais necessidades paisagísticas que o espaço da praça busca
oferecer para os seus frequentadores. Foram realizadas análises em todo o entorno
da praça para entender e se preparar para as futuras possibilidades dos equipamentos
de acessibilidade, através de registros topográficos e fotográficos.

O trabalho possui quatro capítulos, abordando a proposta de um anteprojeto


paisagístico de requalificação da Praça Marcantônio Vilaça, onde no primeiro capítulo
pode-se ter uma noção da importância histórica e cultural dos espaços livres públicos
mais especificamente das praças no Brasil e particularmente em Recife, outros pontos
abordados são a definição conceitual de paisagem e paisagismo, bem como a
importância da infraestrutura e da acessibilidade, com suas legislações, que nestes
espaços onde todos necessitam ir e vir sem restrições, é fundamental.

Três estudos de caso são abordados no segundo capítulo com as suas propostas e
uma análise dos mesmos, onde o objetivo é analisar e comparar a semelhança e
funcionalidade. O terceiro capítulo apresentará a caracterização da área contemplada
neste trabalho assim como a análise do seu entorno e os estudos dos condicionantes
térmicos e naturais na área como insolação e ventilação. O quarto capítulo mostrará
o programa e dimensionamento como também o zoneamento proposto, organograma
e o fluxograma, bem como o anteprojeto paisagístico de requalificação da Praça
Marcantônio Vilaça, composto de seus memoriais descritivo e botânico. Portanto, a
proposta desta pesquisa é criar um espaço de integração entre todos, onde a
convivência seja o foco principal, e as pessoas possam interagir mais umas com as
outras. A ideia é atrair a população para fora de suas casas, oferecendo uma melhoria
na condição social de vida.

Após essas etapas citadas acima, serão desenvolvidas algumas etapas pré-projetuais
como também será apresentado posteriormente o anteprojeto paisagístico de
requalificação da Praça Marcantônio Vilaça.

16
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo tem o objetivo de apresentar os conceitos de espaços livres e públicos,


praças e suas funções, paisagem, paisagismo, infraestrutura da paisagem e
acessibilidade necessárias para o correto entendimento de um projeto paisagístico,
além de apresentar um pouco da influência e conceitos que perpetuaram o modo Burle
Marx de projetar paisagismo, destacando as principais características de fatores
existentes, visando uma melhoria na sua estrutura.

1.1 Espaço Livres e Público

Os espaços livres públicos são áreas abertas, onde não possuem um tamanho ou
uma forma padrão, são delimitados por elementos estruturadores da paisagem e
podem ser desde uma calçada até um parque, desde que não haja impedimentos de
acesso e participação a qualquer tipo de pessoa.

Com origem nas primeiras cidades, o espaço público livre, se deu através de locais
onde a principal finalidade era de encontros de pessoas, reunião da vizinhança, em
volta de motivos religiosos ou de função própria de comércio, onde servia de um lugar
de encontro. Eram locais onde as pessoas trocavam informações em torno do lugar e
em geral da sociedade (MEDEIROS, 2007).

Matos (2010), trata do espaço público criando duas tipologias espaciais genéricas:
espaço público como locais de permanência e locais de circuito.

Segundo Sá Carneiro (2000) os espaços livres públicos são áreas com a mínima
proporção de elementos construídos e ou vegetação que influenciam diretamente na
qualidade de vida das pessoas. Podem ser ruas, avenidas, praças, jardins, etc., são
abertos à população em geral, são regidos por condições pré-estabelecidas pelo
poder público, e essenciais para a harmonia ambiental.

Os espaços livres públicos (Figuras 01 e 02), correspondem como cenário de


realização de atividades e comportamentos de passeio e lazer, uma área voltada para
estímulos de ações e comportamentos espontâneos, onde sejam acessíveis, cujo o
principal objetivo é voltado para o simples passeio ou de ligação com a natureza, um

17
local onde as pessoas possam descansar, se encontrar com amigos, interagir com
outras pessoas e com a própria natureza.

Figura 01: Marco Zero, Recife, PE. Figura 02: Orla da Avenida Boa
Viagem, Recife, PE.

Fonte: A autora, 2018. Fonte: A autora, 2018.


.

1.2 Praças: Conceitos e Funções

A definição de espaços urbanos criados com as funções que a praça exerce nos dias
de hoje originou-se na Grécia e eram denominados de Ágora. Se inseriam no contexto
das cidades e eram destinados à manifestações públicas. A Ágora era um local aberto
onde os povos tomavam conhecimentos das decisões dos reis, onde deliberava-se a
favor de uma ou outra resolução, com plena legitimidade normalmente delimitado por
um mercado.

No século XVIII o projeto de praças delimitava-se apenas ao entorno dos palácios


europeus, nem sempre inseridos no contexto urbano. Foi somente no século XIX, que
o desenho de praças entrou em cena (VITRUVIUS,2011).

Para Lynch (2007), a praça é um modelo retirado das cidades europeias que pretende
ser um centro de atividades, normalmente é pavimentada, rodeada de ruas e contém
elementos para atrair as pessoas e facilitar encontros. Este conceito condiz com a
conFiguração da cidade no Brasil colônia que determina praça como local seco e, às
vezes, com equipamentos urbanos.

De maneira geral, pode-se dizer que a praça é local primordial do convívio social, é o
local do encontro das diferenças, o expoente dos espaços públicos. As praças
18
agregam grande parte da vida da cidade e tem suas funções ligadas a sociedade que
as utiliza, pois, a comunidade com seus hábitos de uso e sua linguagem influenciam
diretamente em seus eventos. Sendo assim, as funções das praças variam conforme
o comportamento das pessoas em seu território, as mudanças sociais e históricas ao
longo do tempo, a evolução histórica leva a novas necessidades e modifica o
comportamento da sociedade.

O clima é outro fator que determina a função de uma praça, normalmente, por causa
do calor as praças estão sempre cheias se consolidando como um centro de reunião,
de contemplação, descanso e lazer. Já, em climas frios, desempenham o papel de
jardim público servindo apenas para contemplação.

Com o crescente aumento da densidade populacional nas cidades, e


consequentemente das edificações, as praças são espaços públicos com papel de
áreas verdes que ajudam a amenizar a poluição do ar, como obras históricas se
destinam a incentivar a cultura, o lazer e, ainda hoje, são locais de desenvolvimento
do comércio informal.

É importante para se definir a função de uma praça a análise das características do


entorno, quando a área apresenta vegetação contrastante da sua vizinhança
influencia o clima local e quebra o ritmo da volumetria das edificações e da trama das
ruas ou apresenta elementos que agregam valores estéticos destacando-se do todo
ou ainda quando oferece encantos paisagísticos artificiais ou naturais.

Compreender a função da praça implica considerar fundamentalmente o uso


efetivo que a população lhe dá uma vez que é pelo uso que a apropriação
acontece. Isto é, é pelo o uso que as pessoas fazem de uma praça qualquer
um espaço importante para o seu cotidiano e consequentemente para o
convívio social, função maior de uma praça enquanto espaço público
(LEITÃO, 2002 p. 25).

Outro fator necessário para caracterizar a função da praça é o nível socioeconômico


da população que utiliza o espaço, as ocupações de baixa renda ocorrem de modo
espontâneo sem observar parâmetros urbanísticos de parcelamento do solo e a alta
densidade demográfica dificulta a reserva de espaços livres públicos com
equipamentos de lazer.

Em bairros de classes média e alta, porém, concentram-se os investimentos em


equipamentos de lazer e bens culturais, sendo assim a criação de praças deve

19
considerar o perfil da população podendo articular estas áreas com escolas, indústria,
comércio, entre outras.

Além disso, deve-se olhar a importância simbólica que é quando o espaço tem um
significado especial para os habitantes da cidade, isto é, tem algum sentido histórico
importante ou uma característica que se fosse extinta descaracterizaria o ambiente,
por exemplo, feiras e festas populares.

Leitão (2002) também aborda o conceito de praça, mostrando que estas são
“unidades urbanísticas fundamentais para a vida urbana, tendo sua função
diferenciada por sua especificidade, variando de acordo com mudanças sociais
importantes e nas novas formas de comportamento e necessidade da comunidade”
(LEITÃO, 2002, p.21).

Isto significa que cada espaço tem a utilidade urbanística definida e usos específicos
que indicam como as pessoas se apropriam desses lugares. Assim, as funções das
praças devem ser entendidas através de suas características morfológicas internas e
atreladas a morfologia urbana externa para oferecer um retorno à população.

Para determinar as funções das praças, a autora recorre a três indicadores de


especialidade:

As características do entorno: O lugar onde a praça está inserida, além de definir a


paisagem, expressa características que a tornam única. Neste caso, praças com
finalidade de encontro estão inseridas num contexto de maior fluxo de pessoas.

O nível socioeconômico da população: Os aspectos econômicos e sociais interferem


na maneira como as praças são apropriadas. Nesse sentido, uma praça em uma
comunidade de menor poder monetário, geralmente, supre a necessidade de lazer e
traz a possibilidade de tirar os jovens da marginalidade pela oferta de esportes. Em
contraponto, uma praça inserida em um bairro mais abastado, geralmente, é usada
como local de caminhada e não tanto para prática de esportes gerais.

A importância simbólica: Nesses espaços o mais importante é o caráter emocional da


relação pessoa/espaço. São praças com apelo à memória coletiva da população.

20
1.3 Praças no Brasil

Ao longo do tempo as praças no Brasil, destacavam-se nas cidades pelas funções


que exerciam: cívica ou militar, e davam significado a esses espaços públicos. As
praças cívicas eram mais raras e representam símbolos da história política do país.

No Brasil colônia, quando a praça surgiu, as cidades, então sesmarias, tinham sempre
um santo ao qual se fazia referência e para ele se construíam uma capela. O
sacerdote, responsável pela igreja, recebia uma quantidade de terra e podia reparti-la
para quem assim solicitasse, os usuários destes terrenos deveriam pagar a mesma o
foro.

Nestas comunidades a igreja, geralmente ficava no centro e em seu adro ficava ou


uma cruz, ou a imagem de um santo. E, em seu redor, eram construídas as casas
mais ricas, os prédios públicos e o melhor comércio, transformando o adro no mais
importante polo da vila.

As praças da época possuíam como elemento marcante uma igreja e eram para onde
as ruas da vila, normalmente, tortuosas convergiam. Tais praças diferenciavam das
praças medievais europeias, pois nas primeiras se realizavam todo tipo de atividade
sacra, mundana, civil e militar e as últimas tinham funções mais específicas. Por outro
lado, tinham como ponto em comum se desenvolver a partir de estruturas religiosas
ou entrepostos comerciais.

No final do século XIX, a urbanização colonial passa a ser substituída por um modelo
de cidade mais belo, moderno e salubre, como as reformas realizadas na Europa.
Assim, surgem as praças ajardinadas que comunga as tradições de praças e jardins
urbanos. Estas perdem algumas de suas funções como a comercial e militar e
agregam as funções contemplação à natureza e de descanso, que anteriormente
eram exclusivas dos jardins. Passando, as mais importantes, a serem objetos de
projetos paisagísticos.

Durante o final do século XIX e ao longo do século XX, com o aumento da


industrialização e consequente urbanização e ampliação das cidades, a vegetação foi
uma forma de amenizar os efeitos prejudiciais deste crescimento, além de valorizar o
desenvolvimento do lazer nos espaços públicos e o aumento das práticas esportivas,

21
tornando as praças ajardinadas um marco nos espaços públicos livres. Entre as
décadas de 1930 e 1940, os playgrounds, com área de convívio familiar, piqueniques
e quadras poliesportivas, são criados (VITRUVIUS,2011).

A praça moderna diferencia-se da eclética por ampliar o número de atividades


desenvolvidas organizadas por setores. São incluídas as atividades esportivas e a
recreação infantil, dando ênfase ao lazer ativo. Burle Marx tirou partido destas
mudanças e utilizou formas geométricas sem, no entanto privilegiar um ponto de vista
pré-determinado e deixava evidente que se tinha um jardim planejado.

Nos anos de 1970, as praças se espalham por toda a cidade sendo objeto de interesse
político e começam a adquirir funções distintas. Além disso, a população começa a
valorizar os espaços livres públicos em oposição à verticalização necessária devido
ao crescimento demográfico.

Continua sendo o lazer a função principal da praça, porém este se subdivide em lazer
contemplativo, o lazer esportivo e a recreação infantil que se tornaram áreas
definitivas nos projetos e começa a ser projetado o lazer cultural como bibliotecas
atraindo mais usuários. A estruturação do espaço era feita de forma tridimensional
utilizando para isto a vegetação substituindo os eixos tradicionais.

Com o passar dos anos, em 1980, houve o nascimento de uma preocupação ecológica
o que fez surgir muitas praças e órgãos públicos responsáveis pelas mesmas. Nos
anos 1990, o espaço livre público volta a atender as atividades comerciais e de
serviços como forma de atrair mais usuários além de absorver o fluxo de pedestres
tendo a preocupação de minimizar sua obstrução. A reunião destes conceitos e a
liberdade de criação caracterizam a corrente projetual contemporânea.

1.3.1 Praças no Recife

No século XIX, Recife vive uma crescente em obras governamentais entre elas
construções de ruas e edifícios públicos, além de algumas áreas ribeirinhas e alguns
cais que foram tratados com vegetação. A paisagem ia se transformando com
calçamentos, lampiões e moradores plantando aroeiras, gameleiras brancas e
vermelhas, caneleiras e mangueiras (VITRUVIUS,2011).

22
Houve o ajardinamento dos antigos pátios remanescentes do período colonial ligados
às práticas religiosas e sua desvinculação da denominação religiosa, ganhando
designações ligadas ao Império. A expressão jardim que era usada se deve a um
caráter privado desses espaços devido aos gradis, e as características dos projetos
paisagísticos são os passeios delimitados pelos canteiros que formavam os recantos
de estar, uma estrutura em ferro, geralmente coretos; o uso do elemento água com
lagos ou fonte-chafariz; esculturas, árvores e palmeiras valorizando os edifícios do
entorno.

O Campo das Princesas, antigo Parque Friburgo, foi contemplado com seu
ajardinamento e serviu de modelo para a Praça Conde d’Eu, conhecida anteriormente
como Largo do Aterro da Boa Vista. A diferença entre estes projetos é que no primeiro
havia dois eixos perpendiculares fazendo a ligação dos edifícios do entorno e na praça
foi colocada uma fonte esculpida em Lisboa substituindo o chafariz existente.

Seguiram o mesmo padrão: a Praça Pedro II, que teve seu jardim construído num
largo fronteiriço a atual Igreja do Espírito Santo, onde existia um chafariz vindo
provavelmente da Praça da Boa Vista; e a Praça Visconde de Mauá em frente ao
Terminal Ferroviário do Recife que passou a ser chamada de Praça da Estação
Central e foi novamente reformado no início do século XX com remoção de canteiros
e mobiliário.

Na segunda década do século XX, os projetos de ajardinamento de antigos largos e


campinas originaram seis novos parques que teve como elemento marcante o traçado
axial retratando jardins franceses como, por exemplo, na Campina do Derby onde com
o pretexto de construir um quartel para a Força Pública Estadual, o governo deu início
a um projeto de melhoramento que incluía entre outras obras a construção do Parque
do Derby, que se tornou o maior da cidade. Similar a este foram a Praça do
Entroncamento no antigo largo de mesmo nome; o Parque Amorim na campina dos
Manguinhos e a reforma da Praça Maciel Pinheiro. Os três últimos com terreno
triangular e com a presença de um elemento aquático.

Também desta época foram a Praça Sérgio Loreto construída na Campina do Bode e
a Praça Oswaldo Cruz, na Lagoa Fernandes Vieira, ambos referências do paisagismo

23
inglês com caminhos curvos, lagos, arranjos vegetais, pontes, pérgula e coreto. E
fazendo uma mescla entre os jardins ingleses e franceses a Praça da República.

Para atender a função higiênica os parques começam a ter áreas com maciços
vegetais relembrando a ideia dos bosques na cidade, um exemplo disto a Praça
Paissandu foi construída na área conhecida como Chora Menino, onde se instalaram
religiosos salesianos fundando um colégio. O mobiliário era em cimento um
contraponto com o do século anterior em ferro e madeira e não se utilizavam mais
gradil. O projeto paisagístico dessa fase atendia as funções artística, recreativa, além
da higiênica

Burle Marx valoriza a flora local respeitando o meio ambiente e a cultura regional. O
elemento água está presente na maior parte dos seus projetos proporcionando uma
continuidade na paisagem urbana recifense. Cada jardim é único, mas faz parte de
um conjunto introduzindo a ideia dos jardins serem tratados no centro da cidade e nos
bairros residenciais. Entre os projetos de Burle Marx está a Praça de Casa Forte, um
jardim com vegetação e água.

Na Praça Euclides da Cunha, foram utilizados espécies da vegetação da caatinga e


do clima semiárido nordestino. Seguiram, a estes jardins: Praça Arthur Oscar, Praça
Dezessete, Praça do Derby, Praça do Entroncamento, Praça Coração de Jesus (hoje
Chora Menino), Praça Pinto Damaso, Praça da República e os jardins do Campo das
Princesas, entre projetos completos e pequenas alterações.

De volta ao Recife, em 1951, faz os projetos do entorno da Capela dentro do parque


da Jaqueira, da Praça Faria Neves, no Largo do Jardim Zoobotânico; da Praça
Salgado Filho, em frente ao Aeroporto Internacional dos Guararapes. Veem-se em
todos eles princípios como harmonia, contraste, relação de cheios e vazios em que a
vegetação definia piso, parede e teto.

Algumas praças da cidade estão com aspecto de abandono por não serem prioridade
política e o poder público esperar que a sociedade se manifeste, porém relacionar os
espaços livres com os edificados se faz necessário para o equilíbrio ambiental e para
diminuir a poluição atmosférica. A melhoria da qualidade de vida é uma preocupação
mundial, no Recife estão sendo implantadas academias da cidade em diversas praças
como forma de incrementar as funções recreativa e educativa.
24
1.4 O Paisagista Roberto Burle Marx

Nascido em São Paulo, Burle Marx desde pequeno foi incentivado por sua mãe a
conhecer as plantas do jardim de sua casa. Aos oito anos, começou seu próprio cultivo
e a criação de mudas e, em 1928, segundo Dourado (2009), foi morar na Alemanha
onde frequentou o Jardim Botânico de Dahlem que possuía uma parte dedicada a
flora brasileira com grande variedade de espécimes até então desconhecidos pelo
jovem Burle Marx.

Para Tabacow (2004), mesmo estudando Artes Plásticas, não se distanciou dos
jardins que é sinônimo de adequação ao meio ecológico levando em conta uma razão
histórica e considerando o meio natural. Pensava no local como arte que se modifica
a cada hora do dia, dependendo exclusivamente da iluminação e usava os elementos
minerais e vegetais como materiais de organização plástica.

Na entrevista feita por Oliveira (1992), vê-se que para a produção de um jardim, Burle
Marx realizava experiências plásticas com pavimentos e vegetações, porém sempre
subordinado às necessidades da cidade e às funções das áreas verdes. Quando
principiou os projetos de jardins, parques e praças, em Recife, foram como
descobertas de coisas novas, estudos da vegetação brasileira e sua inclusão foram
gradativos e até 1940 não se via grandes variações na construção formal de seu
jardim, a partir desta época agrupa a presença de pedras e rochas associadas à
vegetação autóctones o que se consolida na década de 1950 quando o volume de
trabalho levou-o a aproximar o urbano do regional.

Segundo Dourado (2009), Burle Marx foi a consolidação e a ampliação do


pensamento modernista no paisagismo, pois embora Tarsila do Amaral já houvesse
elegido o cacto como a vegetação que representaria o Brasil em diversas pinturas e
Manuel Bandeira compusesse um poema sobre tal vegetação, os paisagistas das
décadas de 20 e 30, como Mina Warchavchik, só usavam tal planta em jardins
privados, não tendo aceitação em praças, parques e jardins.

Burle Marx assumindo a direção do Departamento de Parques e Jardins do Recife,


em 1935, teria oportunidade do emprego deste tipo de vegetação na esfera pública e
foi o que fez quando especificou esses vegetais para o Cactário da Madalena, atual
Praça Euclides da Cunha.
25
Embora tivesse o sentido de brasilidade, os objetivos de Burle Marx neste projeto,
incluíam a construção de um jardim que proporcionasse novas percepções sobre a
flora do nordeste brasileiro. Após esta experiência, Burle Marx sentiu necessidade de
prosseguir as investigações sobre o uso da flora brasileira e tropical em projetos
paisagísticos, porém, seus usos não frequentes devido à dificuldade na obtenção dos
espécimes. Para não desistir de seu intuito, o paisagista coletava as plantas em sítios
naturais, ou adquiria mudas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, ou ainda, importava
exemplares tropicais cultivados na Alemanha.

Enquanto na Europa o paisagismo de jardins buscava um traço característico, uma


vez que parte dos trabalhadores nesta arte preferia grandes áreas monocromáticas e
a outra parte preferia locais policromáticos, no Brasil, conforme Dourado (2009), Burle
Marx projetava dando ênfase a policromia tornando-a um dado estrutural e
protagonista em seus jardins, dispondo herbáceas, arbustos ou árvores em grupos
homogêneos levava em conta as mudanças cromáticas ao longo do ano. Esta
atenção, também era dada aos materiais minerais que eram empregados em tais
projetos. O resultado era um conjunto de elementos vivos e inertes, como folhas,
frutos, sementes, galhos, troncos, pedras e água distribuídos em massas cujos
tamanhos dependiam da área total do projeto.

Quanto à forma, os jardins de Burle Marx recebem várias classificações, alguns dizem
que derivam do paisagismo inglês do século XVIII, com formas curvas conFigurando
uma imagem romântica, porém com espécimes brasileiros; exemplo desta vertente
seria a Praça de Casa Forte, em Recife, onde no lago foram colocadas vitórias régias
exemplo da flora amazônica. Outros contestam, afirmando que os jardins ingleses
imitavam o ambiente natural o que não acontecia com o paisagista brasileiro cujos
traçados curvos usados em seus projetos originavam-se de uma forma plástica
abstrata que se ajustava às características naturais dos locais onde ocorria a
intervenção e que conversava com outra característica plástica muito usada que era
a assimetria. Exemplo disso é o terraço-jardim do Instituto de Resseguros do Brasil,
no Rio de Janeiro.

Conforme Medeiros (2007), em relação aos espaços públicos, Burle Marx começa a
planejar quais áreas seriam inseridas nestes jardins modernos e ressaltou quatro
funções principais: a recreativa, a artística, a educativa e a ambiental. Já previa a
26
importância que estes locais teriam com o aumento da verticalização das construções
e o aumento populacional das cidades devido a diminuição de espaços de recreação
privados. Para Burle Marx o jardim moderno é o pulmão das cidades além de ser o
local onde as crianças têm uma área ampla e um ar desprovido de poluição,
agregando a isso inseria mostras da vegetação nacional. Para a composição de tais
praças tinha como estratégias definir uma hierarquia de elementos de interesse,
levando o observador da periferia ao centro do ambiente, trabalhando contrastes de
luz e sombra e escalas de massas vegetais.

1.5 Paisagem e Paisagismo

Define-se paisagem como o conjunto resultante de todos os elementos presentes em


um espaço territorial abrangido pelo olhar do observador. É caracterizada como uma
realidade ecológica sendo transmitida para o observador diversas sensações a partir
de suas cores, movimentos, odores, sons, formas e texturas. Ou seja, a paisagem não
é algo fixo, imóvel, podendo ser alterada por fatores naturais, como as estações do
ano, ou pela ação do homem, dependendo então dos fatores culturais, emotivo-
sensoriais e socioeconômicos dentro daquele determinado espaço (Figuras 03 e 04).

Figura 03: Orla da Avenida Boa Viagem. Figura 04: BR 101, Recife, PE.

Fonte: À autora, 2018. Fonte: À autora, 2018.

Segundo Malamut (2011), o paisagismo é toda intervenção planejada na paisagem, é


dar caráter aos espaços. Uma forma de estudo da paisagem é o que se denomina
paisagismo o qual requer conhecimentos de botânica, ecologia, clima regional,
geologia, hidrologia e estilos arquitetônicos, além do estudo plástico do equilíbrio das
formas e cores para ordenar o espaço em relação aos seres vivos, principalmente o
homem. Esta integração entre o homem e a natureza melhora sua condição de vida
27
devido ao equilíbrio do meio ambiente, resultando na melhoria da qualidade do ar e
dos índices pluviométricos, controle da temperatura ambiental e diminuição do nível
de ruído urbano.

1.5.1 O projeto paisagístico

O projeto paisagístico é a ferramenta utilizada para modificar ou recuperar paisagens,


por isso é necessário levar em consideração alguns elementos como o espaço que
deve ser trabalhado em seus três planos e possuir formas livres e instáveis. Outros
pontos importantes são a escala e a proporção, a primeira fazendo referência ao
tamanho de algo comparado a um padrão e a segunda, à relação de uma parte com
a outra e com o todo (ABBUD, 2006).

Devem-se levar em conta três possibilidades de projeto paisagístico, a primeira para


áreas totalmente degradadas ou áreas novas onde não existe nenhuma vegetação,
em segundo lugar estão às áreas recuperáveis onde existe alguma vegetação e por
último as áreas densamente ocupadas pela vegetação que devem ser preservadas
com a menor interferência possível, principalmente se for área de mata nativa.

A criação de projetos paisagísticos podem empregar princípios de composição que os


tornem locais mais aprazíveis e convidem a sua visitação como o contraste ou ponto
focal que é um elemento que se destaca diferenciando-se dos demais e pode ser
colocado nos espaços ou no final do caminho, uma escultura ou uma espécie vegetal
diferente. Ou ainda o movimento, explorar o passar, ditar caminhos que explorem os
sentidos, criar barreiras que demarquem onde se está e criem expectativas do que
estar por vir sem escondê-lo dando um efeito progressivo.

A vegetação define os volumes, a iluminação e os espaços do projeto, porém, deve-


se levar em consideração que a planta é um ser vivo e como tal reagirá de uma forma
particular em cada etapa de sua maturação. As cores também são ferramentas
importantes e podem ser usadas para destacar algum elemento da composição,
conseguir harmonia entre as áreas pré-definidas e integrá-las de forma a manter a
unidade do espaço.

Tendo em mente os pontos acima descritos, o paisagista trabalhará em etapas sendo


a primeira delas o estudo preliminar da área quando é feito o levantamento dos dados

28
técnicos como iluminação, clima, volumes e espaços, fotos são tiradas, são definidas
as dimensões no local, são feitas entrevistas com os usuários e são elaborados
croquis levando-se em consideração os objetivos aos quais se propõem a obra.

Para Lima (2010), no projetos paisagísticos um dos objetivos é criar beleza através
de intenções estéticas compostas por elementos naturais e vegetais, compostos por
sombras, aromas, luz e texturas entre outros, com o intuito de possibilitar mais
liberdade aos usuários dos espaços.

Durante o desenvolvimento do projeto paisagístico, alguns pontos interessantes


devem ser levados em consideração, um deles é o ambiente que deverá ser
trabalhado nos seus três planos, possuindo formas livres e instáveis. As escalas e
proporções são outros pontos que devem ser estudados, onde a escala apresentará
as diferenças de tamanho de algo inserido com algo de altura padronizada, e as
proporções comparando um com o outro como um todo (ABBUD, 2006).

Tratando-se projeto paisagístico existem 03 formas de desenvolve-los, a primeira


delas é voltada para áreas que são degradadas a ponto de não existirem quase algum
número de vegetação, a segunda é vista em locais onde existe ainda algumas
possibilidades de recuperar as áreas de vegetação, já a última é quando a vegetação
está presente em enorme quantidade de forma que ocupe quase toda a área, quando
é o caso, é indicado que se preserve de maneira que a intervenção seja a menor
possível (ABBUD, 2006).

Segundo Leitão (2002), é preciso conhecer exaustivamente as áreas de onde se vai


intervir, uma vez que conhecer o espaço é se apropriar do maior número de
informações possíveis, seja afetiva, visuais, funcionais, topográficas e etc. É
necessário se atentar ao local de forma que você se aproprie dele, para que possa
ser possível elabora o projeto que atenda melhor as necessidades dos usuários,
evitando projetos que se desassociem das funções principais.

A criação de um projeto paisagístico para uma praça, por exemplo, é preciso reunir
todas as informações possíveis da área, levantando informações técnicas, como a
iluminação, o clima, a vegetação, taxas de solo, entorno e etc. Após isso, se inicia o
processo projetivo, onde é criado o anteprojeto, através dele que serão estudados as
diferentes formas e disposições adequadas para o espaço, esse é o momento onde é
29
desenvolvido as plantas baixas, os agenciamentos, testes de materiais entre outros.
Por fim, inicia-se a última parte, onde é elaborado o projeto executivo, que contém
todos os tipos de plantas que possuem informações referentes a construção do
projeto, os manuais de manutenção dos jardins, memorial botânico, as disposições
dos mobiliários, todas as especificações necessárias para a execução da praça. Isso
garante que o espaço e a vegetação fiquem harmônicos, como também atendam as
principais funções previstas para a área projetada (ABBUD, 2006).

Por meio de um projeto paisagístico, é possível adotar princípios que tornem o


ambiente mais agradável e mais convidativo, criando espaços que arremetam
caminhos e atrativos diferentes. Os atrativos podem ser os próprios mobiliários
urbanos, ou também a própria vegetação implantada sob o uso de várias maneiras,
tipos, cores e formatos diferentes, as iluminações precisam ser projetadas de modo
que a percepção e visibilidade possa ser clara e visível durante o dia e principalmente
à noite, outra forma interessante é criar sensações de movimentos, agenciamentos
que explorem o percurso do usuário, impondo caminhos que possam induzi-lo ao
máximo de exploração do espaço possível, despertando sensações, experiências e
expectativas (ABBUD, 2006).

1.6 Infraestrutura da Paisagem

Neste tema abordará todos os itens estruturais que se inserem no espaço definido e
como eles influenciam no aspecto paisagístico daquele local. Os projetos de
infraestrutura são trabalhos da esfera pública e seus objetivos e técnicas deveriam ser
familiares aos arquitetos paisagistas, por ser expressão da identidade regional e
revelar limitações únicas e oportunidades inerentes ao lugar, como clima, hidrologia e
topografia. Os projetos de infraestrutura não deveriam ser isolados, deveriam fazer
parte da paisagem social e recreativa para que a sociedade possa apreciá-lo como
paisagens atraentes.

Um dos fortes condicionantes do traçado de praças é a topografia do local:


declividade, extensão de áreas de planície, tamanho de morros, entre outros. Além
disso, a implantação de espaços livres públicos altera o ecossistema natural o que
pode tornar o ambiente desagradável, portanto para um projeto ser bem planejado
deve-se tirar partido dos condicionantes naturais da área, melhorando sua condição

30
como taludes que melhoram sua declividade e diminuem sua erosão. Muitas vezes é
necessária a criação de desníveis através de cortes e aterros, implantando escadarias
muitas vezes combinadas com rampas que facilitaria a circulação de deficientes
físicos além de muros de contenção sendo mais uma forma de alteração do
ecossistema e da paisagem.

O sistema viário é outro elemento da paisagem dependente dos anteriores e se divide


em duas partes uma para circular e uma para estar. Deve-se integrar ao entorno e
pode usar sua cobertura vegetal para enfatizar o efeito paisagístico e indicar o
caminho a ser usado por veículos, pedestres, ou ambos. Além disso, a necessidade
de área para estacionamento pode ser ocultada pelo uso da topografia e da
vegetação, quando não for possível esta solução deve-se dividi-la ao longo das vias
o máximo que puder para reduzir o impacto visual e ecológico.

A pavimentação também é um item de infraestrutura importante quando se trata de


espaço público e pode ser divida em dois grupos: os caminhos ou ruas que levam as
praças e os caminhos dentro da praça, os agenciamentos ou passeios. Sendo o plano
horizontal tem como pontos fundamentais suas características de resistência e
durabilidade, além da textura, variedade de cores, desenhos, entre outros, que dará a
possibilidade de definir o percurso ou não, evidenciando aspectos da paisagem ou
sinalizando algum obstáculo.

Referindo-se a água, é o elemento de infraestrutura imprescindível para a vida, ela


não pode faltar na irrigação adequada para as áreas verdes e se for em excesso
precisa de um bom sistema de drenagem sendo o equilíbrio hídrico dependente do
tipo de solo que quanto mais arenoso retém menos água. Outra maneira de utilizá-la
em um projeto paisagístico é a implantação de espelhos d’água como fontes ou a
utilização de lagos ou lagoas já existentes na área.

O mobiliário urbano se constitui de elementos destinados a oferecer comodidade e


conforto aos usuários devendo ter características que o harmonizem com o espaço
contribuindo para sua funcionalidade e beleza promovendo segurança e criando áreas
de convivência social agradáveis. Deve ser projetado de materiais resistentes a
intempéries uma vez que ficam expostos ao sol e à chuva, além de serem utilizados
para segurança como gradis e para sinalização como semáforos. Exemplos de

31
mobiliário urbano: bancos e mesas, brinquedos, aparelhos de ginástica, bustos,
telefones públicos entre outros que contribuem para a habitabilidade do local.

Os elementos urbanos, podem ser classificados segundo as necessidades


básicas que atendem, tais como: descanso, lazer, proteção, acessibilidade,
comunicação, limpeza entre outros, e a motivos comerciais, infra-estruturais
e decorativos integrando-se à paisagem urbana (MASCARÓ, 2008, p.154).

A iluminação tem importância elevada, devendo ser bem estudada, uma vez que
depende de outros fatores para sua eficiência como a tipologia e a vegetação
existentes no local, ela, também, pode ser dividida em dois grupos a iluminação das
vias que dão acesso ao espaço e a iluminação do próprio espaço. A melhoria da
segurança é um dos pontos principais a ser contemplado num projeto de iluminação,
além disso, pode-se ressaltar pontos focais, indicar caminhos e reforçar as funções
de cada área garantindo um bom desempenho do usuário

1.7 Acessibilidade

O termo acessibilidade designa o grau de facilidade de ir de um local a outro, também


mensura quão fácil é chegar a um lugar usando como parâmetro à rede de transporte,
ou seja, quanto mais caminhos convergirem para um determinado sítio maior será sua
acessibilidade. Existem vários meios de transporte como automóveis, trens, bicicleta
entre outros sendo o mais primitivo e mais utilizado o andar a pé, porém para este
deslocamento, o pedestre necessita de condições específicas de acesso e sem este
não há a apropriação e o uso do espaço.

A acessibilidade tem que respeitar, também, a diversidade humana, para que


as diferenças individuais sejam respeitadas, e os direitos e oportunidades
sejam iguais para todo independente da condição física. Até para que se
possa andar a pé, fazem-se necessárias condições especificas de acesso,
tendo em vista que sem este, torna-se inexistente a apropriação e o uso do
espaço (CARVALHO, 2017, p.44-45).

Portanto a humanização dos espaços públicos deve ser uma preocupação premente
para que os pedestres tenham boas condições de caminhar na cidade. O tratamento
das calçadas deve ter uma atenção especial, de forma que seja adequado para a
circulação como isto não ocorre pode-se observar frequentemente conflitos entre o
pedestre e o automóvel, impedindo muitas vezes o deslocamento a pé.

Tratar da acessibilidade significa aumentar possibilidade da sociedade participar das


atividades desejadas locomovendo-se no espaço urbano para que isto ocorra deve-

32
se ter uma boa infraestrutura principalmente na área de transporte. Em muitas cidades
estão sendo adotadas medidas para qualificar o espaço de circulação, o que se
materializa em três fatores quais sejam segurança, fluidez e condições de
sociabilidade.

Para se qualificar o espaço urbano deve-se levar em conta a morfologia urbana, a


composição do espaço e os aspectos ambientais. Dentro da morfologia urbana, Del
Rio (1990) destaca que os percursos de pedestres são essenciais para a vitalidade
do espaço urbano que integra as atividades sociais e econômicas. Assim o tratamento
deste espaço e a qualificação de sua infraestrutura no que concerne à calçada, espaço
de circulação e convívio social interfere diretamente na interligação entre bairros.

O espaço público deve priorizar o pedestre facilitando sua locomoção através de


qualidade na orientação, sinalização e tratamento urbanístico nas áreas de
deslocamento o que reduziria os conflitos existentes entre a circulação a pé e o tráfego
de veículos, garantindo uma melhor acessibilidade para o cidadão e o seu direito de
ir e vir, para isso foi feita a Norma Brasileira – NBR 9050/2015.

Num espaço público, especialmente em praças, que visa a atender a toda uma
comunidade a acessibilidade é um item fundamental no projeto, pois, segundo o IBGE
(2006), 14,5% da população brasileira sofrem com algum tipo de impedimento que
dificulta o acesso a ruas, meios de transporte, mobiliário urbano, edifícios públicos e
privados. Por isso, segundo Bernardi e Kowaltowisk (2007), na década de 90 foi
reunido um grupo de arquitetos para estabelecer os princípios fundamentais do
Desenho Universal:
a. Uso equitativo: o projeto não pode criar desvantagens ou estigmatizar qualquer
grupo de usuários;

b. Flexibilidade de uso: o projeto deve ser adaptado a um largo alcance de


preferências e habilidades individuais;

c. Uso intuitivo: fácil entendimento, independentemente de experiência,


conhecimento, linguagem e grau de concentração dos usuários;

33
d. Informação perceptível: projeto comunica informações efetivas ao usuário,
independentemente das condições do ambiente e das habilidades sensoriais do
usuário;

e. Tolerância ao erro: o projeto minimiza os riscos e as consequências adversas de


acidentes;

f. Baixo esforço físico: o projeto deve ser usado eficiente e confortavelmente;

g. Tamanho e espaço para acesso e uso: apropriados para acesso, manipulação, uso,
independentemente do tamanho do corpo, postura ou mobilidade do usuário.

A acessibilidade nas praças deve contemplar alguns pontos essenciais, um deles trata
da dimensão das áreas de circulação que leva em consideração o dimensionamento
de pessoas em pé e da largura para deslocamento em linha reta para pessoas e
cadeiras de rodas (Figuras 05 e 06).

Figura 05: Dimensões referenciais para deslocamento em pé.

Fonte: NBR 9050, 2015.

Figura 06: Largura para deslocamento em linha reta.

Fonte: NBR 9050, 2015.


34
Outro ponto é a sinalização, importante para identificar as áreas cuja função esteja
definida e o percurso a ser percorrido, com piso tátil direcional e de alerta que deve
ter cor contrastante com a do piso adjacente (Figuras 07 e 08).

Figura 07: Piso tátil direcional. Figura 08: Piso tátil de alerta.

Fonte: NBR 9050, 2015. Fonte: NBR 9050, 2015.

O piso deve ter superfície regular, não pode provocar trepidação em dispositivos com
rodas e deve-se evitar utilização de padronagem que possa causar sensação de
insegurança com as grelhas e juntas de dilatação, de preferência, fora do fluxo
principal. Nos equipamentos urbanos todas as entradas devem ser acessíveis bem
como as rotas de interligação, sendo que em reformas a locais já existentes pelo
menos uma entrada deve estar interligada a rota acessível assim como o percurso do
estacionamento e a entrada principal.

Ainda segundo a NBR 9050/20015, as calçadas devem ser rebaixadas junto às


travessias de pedestre de modo a não haver desnível entre a rua e as mesmas
possuindo sinalização de faixa e ou de semáforo e estar alinhada dos dois lados da
via. O rebaixamento da calçada deve ser feito no sentido do fluxo de pedestre, com
inclinação constante de 8,33% e sua largura, igual a da faixa de travessia não podendo
ser menor de 0,80m quando o fluxo de pedestre for menor que 25 pedestres/min/m
(Figura 09).

35
Figura 09: Exemplo de rebaixamento de calçada.

Fonte: NBR 9050, 2015.

Outra forma de facilitar o fluxo de pedestres são as faixas elevadas no leito carroçável,
estas devem ser sinalizadas com faixas de pedestre e ter declividade transversal de
no máximo 3%. O dimensionamento desta faixa é feito nos mesmos padrões da faixa
de travessia de pedestres acrescida da rampa de transposição para veículos.

A inclinação deve ser constante e não superior a 8,33 % (1:12) no sentido


longitudinal da rampa central e na rampa das abas laterais. A largura mínima
do rebaixamento é de 1,50 m. O rebaixamento não pode diminuir a faixa livre
de circulação, de no mínimo 1,20 m, da calçada (NBR 9050, 2015, p.79).

O estacionamento deve possuir sinalização horizontal e vertical, contar com um


espaço adicional de circulação de 1,20m de largura, estar vinculada a rota acessível
que interligue as áreas de visitação e quando afastadas de travesseia de pedestres
estar associadas à rampa de acesso à calçada. Se as características ambientais do
local forem preservadas deve-se buscar o máximo grau de acessibilidade com a
menor intervenção possível no meio ambiente.

Outra preocupação se dá com o mobiliário pelo menos 5%, com no mínimo uma das
mesas para jogos ou refeições devem ser especificadas com altura entre 0,75 e 0,85m
e uma aproximação frontal de 0,50m para baixo da mesa (FIGURA 10), além disso
10% do total devem ser adaptáveis para acessibilidade.

36
Figura 10: Espaçamento necessário para mesas acessíveis.

Fonte: NBR 9050, 2015.

Assim como as mesas, os telefones, também obedecem a regra de 5% do total, com


no mínimo um ser acessível e a vegetação, bem como muretas, orlas, grades ou
desníveis no entorno da mesma, não pode interferir na faixa livre de circulação e nas
áreas adjacentes à rota acessível não devem ser utilizadas plantas dotadas de
espinho, que produzam substâncias tóxicas, que possa tornar o piso escorregadio ou
cujas raízes danifiquem o pavimento.

Neste capítulo foi abordado o embasamento teórico necessário, mostrando pontos


relevantes que serão levados em consideração para o desenvolvimento do
anteprojeto de reforma da Praça Marcantônio Vilaça a ser apresentado no capítulo
quatro. No capítulo seguinte, serão apresentados os estudos de caso que possuam
características semelhantes com a praça em questão.

37
2 ESTUDOS DE CASO

Serão abordados neste capítulo os estudos de caso, fazendo a análise de três praças.
A primeira delas é a Praça Professor Barreto Campelo, no bairro da Torre, em seguida,
a Praça Doutor Fernandes Figueira, no bairro Ilha do Leite e por último, a Praça do
Entroncamento, no bairro Graças, todas na cidade do Recife.

Tem como finalidade examinar as áreas verdes, o traçado, o mobiliário, o


agenciamento, o entorno imediato, os elementos construídos, bem como as funções
que as praças desempenham, comparando, assim, às potencialidades e problemas
tomando-os como ferramentas de apoio ao desenvolvimento do anteprojeto
paisagístico de requalificação para a Praça Marcantônio Vilaça, situada no bairro do
Pina, em Recife, PE.

As praças foram escolhidas principalmente por terem um programa similar ao


existente na Praça Marcantônio Vilaça, contendo quadra poliesportiva, playground,
áreas de convivência e estarem localizadas em áreas de moradias e em bairros com
comunidades de classe social semelhantes, sendo bastante utilizadas em todos os
horários e dias da semana.

2.1 Praça Professor Barreto Campelo, Torre, Recife, PE

2.1.1 Localização

A Praça Professor Barreto Campelo está situada na cidade do Recife, no bairro da


Torre, e possui uma área de 6.778,48m² (Figura 11). Tem como limites as ruas: Conde
de Irajá, Conselheiro Theodoro, Marquês de Maricá e Barra do Riachão.

É uma das praças mais conhecidas do Recife, contudo seu projeto inicial não tem
autor, nem ano identificados e sua última reforma foi em 1999. O bairro da Torre se
localiza na 4ª Região Político-Administrativo do Recife, e possui 118,8 hectares com
população de 16.931, segundo censo IBGE (2000).

38
Figura 11: Praça Prof. Barreto Campelo.

Fonte: Google Earth, modificada pela autora, 2018.

Esta praça é uma das mais utilizadas pela comunidade do bairro, seu uso é diário e
por diferentes grupos durante o dia como: estudantes, moradores praticantes de
atividades físicas, entre elas futebol, karatê e capoeira; e pais acompanhando suas
crianças ao playground. O entorno é composto principalmente por residências,
havendo ainda a Escola Maciel Pinheiro e o Centro Comunitário Padre Romeu que
atende a população da Vila Santa Luzia e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário que
utilizam o espaço como um local de atividades (Figura 12).

Figura 12: Mapa do Recife e mapa da Torre.

Fonte: PCR e Google Maps, modificado pela autora, 2018.

39
2.1.2 Breve histórico

As terras da Torre, até os fins do século XVI, eram abandonadas quando foram
adquiridas por D. Marcos André que ali fundou um moderno engenho movido a
animais. Segundo Guerra (1970), em 1633, a propriedade foi ocupada pelos
holandeses que construíram uma fortificação, a fim de atacar o forte real do Bom
Jesus, e ali permaneceram até 1635, deixando a propriedade arrasada, porém
permanecendo nas suas redondezas até 1954, quando o engenho foi restaurado.

O engenho de Marcos André limitava-se com os engenhos de dona Madalena Furtado


e da Casa Forte, além das terras de Ambrósio Machado e do Rio Capibaribe. A partir
de sua reconstrução a área ficou conhecida como Engenho da Torre, devido à torre
de sua Capela, atual matriz que é dedicada a Nossa Senhora do Rosário, que foi
doada ao cabido de Olinda e Recife em 1912 (Figura 13).

Figura 13: Matriz da Torre.

Fonte: À autora, 2018.

Neste bairro foram construídas várias fábricas como o Cotonifício da Torre, da qual
permanece o prédio embora a fábrica já tenha fechado e uma olaria representada na
paisagem de hoje por sua antiga chaminé (Figura 14). Foi implantado uma academia
da cidade na área ao lado da chaminé, área na frente da praça. Além das indústrias,
havia no bairro um cinema chamado Cine Torre, onde até o final dos anos 60 era
ponto principal do bairro principalmente aos domingos durante suas matinês, e no mês
de dezembro há tradicional festa de Santa Luzia, na praça em frente à Igreja.

40
Figura 14: Academia da Cidade e a chaminé da antiga olaria.

Fonte: A autora, 2018.

2.1.3 Situação atual e funções da praça

A Praça Barreto Campelo apresenta diversas funções, como: a de estar: na área da


construção existente e também próxima ao monumento, onde existe um gazebo; a
função de esporte na área da quadra e na construção onde regularmente há jogos de
futebol e treinos de karatê, judô e capoeira respectivamente; a função educativa
através do playground onde as crianças podem brincar e desenvolver atividades
extraclasses; a função de lazer, por meio dos diversos espaços de permanência que
a praça possui e a função simbólica uma vez que a praça surgiu nos jardins do
engenho que dá nome ao bairro.

É uma praça propícia para as atividades recreativas, pois se encontra localizada em


área predominantemente residencial e possui escolas em sua proximidade, e por ser
um local bastante arborizado com boa quantidade de áreas de sombreamento, ainda
segundo Sá Carneiro (2000) tem formato linear e terreno em dois níveis, se divide em
duas partes que se consolidam, pois, de um lado há a prática do futebol tendo como
espaço principal uma quadra polivalente, ladeada por playgrounds e áreas de estar
(Figura 15) e do outro há um abrigo com um pequeno palco e outras áreas de estar
(Figura 16).

41
Figura 15: Playground e área de convivência.

Fonte: A autora, 2018.

Figura 16: Área de convivência com palco.

Fonte: A autora, 2018.

2.1.4 Infraestrutura

Segundo Leitão (2000) em uma praça é necessário utilizar elementos construtivos que
facilitem a manutenção e contribuam para uma melhor utilização dos recursos da
cidade para cuidar dos espaços públicos. A Praça da Torre está dividida em duas
partes, sendo a maior com as áreas gradeadas estabelecendo um limite entre o fora
e dentro, além de oferecer proteção, pois, nesta porção existem o playground e a
quadra poliesportiva, que necessitam de ser mais resguardados devido às crianças,
no primeiro caso e o uso da bola, no segundo, que não deve incomodar os outros
usuários. Na outra parte da praça a cerca protege apenas os jardins, sendo, portanto
baixa (Figura 17).

42
Figura 17: Gradil da quadra poliesportiva e da área de jardim.

Fonte: À autora, 2018 .

A escolha do piso é um item importante para a praça, pois deve ser adequado a cada
área do projeto quer seja para circulação, recreação e lazer, plantio de espécies ou
instalação de equipamentos. No caso em estudo o piso é de cimento nas áreas de
convivência, circulação e quadra; na circulação existem algumas demarcações em
pedra, nas áreas de convivência existem mosaicos em cerâmica e nas áreas
destinadas às crianças têm-se areia fofa (Figura 18).

Figura 18: Piso da área de convivência e playground.

Fonte: À autora, 2018.

O mobiliário urbano deve ser planejado de forma a evitar sua banalização e para que
a paisagem não fique repetitiva, além disso, as peças devem ser tratadas como
unidades em si mesmas e não como um conjunto, assim o material, a cor, o desenho
deve considerar cada praça em particular. Na Praça Barreto Campelo, foram usados
bancos em madeira, nas áreas de convivência, na quadra, no playground e na área
da escultura são bancos de cimento (Figura 19). Os brinquedos existentes são de
cimento e de ferro com cores variadas que estimula as atividades infantis.

43
Figura 19: Banco em madeira na área de convivência e banco em cimento no playground.

Fonte: À autora, 2018.

Existe nesta praça um monumento que faz alusão a Igreja Nossa Senhora do Rosário, marco
inicial do bairro, localizado na porção maior; ele possui uma base circular com altura superior
ao piso que serve também como banco e no interior da circunferência há um pequeno
gramado, e uma escultura, feita em acrílico, na porção menor localizada na altura do piso. As
lixeiras são indispensáveis no espaço público, sua cor, forma, materiais e texturas necessitam
de estudo, pois irão compor a paisagem precisando está harmonizada com o entorno (Figura
20).

Figura 20:Monumento em acrílico e lixeira nas áreas de permanência.

Fonte: À autora, 2018.

Já as mesas e assentos, precisam contemplar condições confortáveis e acessíveis


para permanência, inclusive de pessoas idosas, por longo tempo, em concreto, no
espaço coberto pelo gazebo.

44
A iluminação pública, na praça em estudo, é composta com postes de ferro em todas
as áreas com exceção da quadra, cuja iluminação é feita com refletores (Figura 21).
Além disso, o monumento da cruz também fica iluminado durante a noite, assim como
o gazebo e a construção existente, todos os pontos de luz têm a fiação embutida para
não ter interferência visual, como também os pontos de telefonia composto de telefone
público feito em fibra.

Figura 21:Postes em ferro e calçada da praça.

Fonte: À autora, 2018.

No espaço da praça ainda existe uma parada de ônibus em ferro e um posto policial
em contêiner (Figura 22), além de vegetação abundante composta de árvores de
grande porte nativas, principalmente na porção de maior, onde se localiza o
playground (Figura 22). A porção menor tem aparência de jardim com áreas cobertas
com grama esmeralda e espécies herbáceas como a conhecida popularmente como
espirradeira. A acessibilidade é contemplada com acessos para pessoas em cadeira
de rodas a praça e na construção existente na porção menor. Nas laterais da praça
existem áreas de estacionamento além de ser permitido estacionar em volta (figura
23).

45
Figura 22:Posto policial e piso com grama esmeralda.

Fonte: À autora, 2018.

Figura 23:Rampa de acesso á praça e estacionamento.

Fonte: À autora, 2018.

2.2 Praça Doutor Fernandes Figueira, Ilha do Leite, Recife, PE

2.2.1 Localização

Localizada no bairro Ilha do Leite, a Praça Doutor Fernando Figueira, possui uma área
total de 5.302,00m², e fica entre as ruas Estado de Israel, Marques de Amorim, José
de Alencar e Francisco Alves, e é dividida em três porções.

A primeira parte, está a maior porção do conjunto, onde se encontra o maior número
de atividades e funções, como a de recreação, convívio social, religioso e
contemplativa. A segunda porção é um giradouro, que faz parte também, e por último,
tem-se nesta praça a Academia da Cidade (Figura 24).

46
Figura 24: Praça Dr Fernandes Figueira, Ilha do Leite, Recife, PE.

Fonte: Google Earth, modificado pela autora, 2018.

Pelo fato de o bairro ser o segundo maior polo médico no Brasil, no entorno da praça
é possível observar em grande quantidade de edifícios empresariais, consultórios
médicos e restaurantes. E nas ruas próximas tem-se escolas e residências. A primeira
praça possui um traçado simples, mas orgânico e intenso uso de vegetação de
pequeno, médio e grande porte.

Conta com uma fonte em sua área central que a torna ainda mais agradável tornando-
se área de contemplação. Em sua extremidade seus equipamentos são considerados
elementos de composição fundamental e estão distribuídos de forma a valorizar ainda
mais o espaço. A terceira praça possui menos agenciamento, e este é mais retilíneo,
menos a pista de cooper que possui, em sua periferia (Figuras 25 e 26).

Figura 25: Mapa do Recife e mapa do Ilha do Leite.

Fonte: PCR e Google Maps, modificado pela autora, 2018.

47
Figura 26: Residências e escola no entorno.

Fonte: À autora, 2018.

2.1.2 Breve histórico

2.1.3 Situação atual e funções da praça

Com a função de descanso, estar, lazer e contemplação a primeira praça tem


playground destinado ao público infantil (Figura 27), posto policial, capela (Figura 28)
e um coreto para apresentações. Possui boa infraestrutura e um perfeito
funcionamento (água, esgoto, telefonia, lixo e energia) Sua drenagem é feita a partir
de bocas de lobo e um ótimo sistema de abastecimento de energia feito pela CELPE.
Na terceira, tem-se os equipamentos para as atividades físicas.

Figura 27: Vista ampla da praça.

Fonte: À autora, 2018

48
Figura 28: Capela.

Fonte: À autora, 2018.

A Praça Doutor Fernando Figueira apresenta diversas funções, como: a de estar, com
diversos bancos e uma grande fonte; a função de esporte refere-se a caminhada ao
redor da praça e na academia da cidade onde ocorrem aulas diariamente; a função
educativa através do playground onde as crianças podem brincar e a função de lazer,
por meio dos diversos espaços de permanência que a praça possui (Figura 29).

Figura 29: Fonte e playground.

Fonte: À autora, 2018.

Por estar em uma área predominantemente comercial e por ter uma escola e
residências em sua proximidade, também é uma praça que propicia as atividades
recreativas além de ser um local bastante arborizado com boa quantidade de áreas
de sombreamento onde se verifica várias fruteiras antigas e espécies ornamentais
além de alguns arbustos floríferos.

49
2.2.4 Infraestrutura

A Praça não possui gradil no seu entorno, sendo delimitada, entre o dentro e o fora,
por bancos em concreto na área do playground e próximo à área de estar. O piso é
de blocos intertravados nas áreas de convivência e circulação, mudando as cores para
demarcar áreas distintas, no playground o piso é de areia batida (Figura 30).

Figura 30: Piso da circulação intertravado e piso da área de convivência de terra batida.

Fonte: À autora, 2018.

O mobiliário urbano, na Praça Doutor Fernando Figueira, se constitui de bancos em


concreto, nas áreas de convivência e no playground e alguns em madeira (Figura 31).
Os brinquedos existentes são feitos em concreto armado com cores vivas que
estimula as atividades infantis. Os equipamentos de ginástica são feitos em concreto
e ferro coloridos.

Figura 31: Banco em concreto e banco em madeira.

Fonte: À autora, 2018.

50
As lixeiras desta praça são em plástico na cor vermelha, unitária, espalhadas e existe
também as de coleta seletiva com distinção entre o tipo de lixo (Figura 32). A
iluminação pública é composta com postes de ferro em todas as áreas sendo que na
capela é feita com refletores. Os pontos de iluminação têm a fiação embutida para não
ter interferência visual, como também os pontos de telefonia composto de telefone
público feito em fibra (Figura 33).

Figura 32: Lixeira seletiva e lixeira unitária vermelha.

Fonte: À autora, 2018.

Figura 33: Poste de iluminação e telefone público.

Fonte: À autora, 2018.

No espaço da praça ainda existe uma parada de ônibus em ferro, um posto policial, e
bicicletário público (Figura 34). A acessibilidade é contemplada com acessos para
pessoas em cadeira de rodas e sinalização tátil de alerta direcional próximo a
obstáculos, como também rebaixo de calçadas (Figuras 35 e 36). Não existem áreas
de estacionamento fazendo com que as pessoas estacionem na sua proximidade. A
presença de sinalização é constante (Figura 37). Em sua proximidade existe também
51
ponto de taxi. A vegetação é composta por árvores de grande e médio porte como pau
brasil, pequeno porte como as arbustivas e grama esmeralda, estando localizadas por
toda área principalmente nas de convivência e em torno da fonte (Figura 38).

Figura 34: Parada de ônibus e bicicletário público.

Fonte: À autora, 2018.

Figura 35: Posto policial e piso tátil.

Fonte: À autora, 2018.

Figura 36: Rampa de acesso para cadeirante e ponto de táxi.

Fonte: À autora, 2018.

52
Figura 37: Sinalização e banco em concreto e jardineira.

Fonte: À autora, 2018.

Figura 38: Vegetação arbustiva.

Fonte: À autora, 2018.

2.3 Praça Entroncamento, Graças, Recife, PE

2.3.1 Localização

A Praça do Entroncamento está situada no bairro das Graças, na cidade do Recife –


PE, possuindo uma área de 5.824,14m². Encontra-se entre a Avenida Rosa e Silva
com a Avenida Rui Barbosa (SÁ CARNEIRO, 2000).

Situado na Zona Norte do Recife, o bairro das Graças está situado na 3ª Região
Político-Administrativa do Recife (RPA 3), microrregião 3,1, e possui uma área de
aproximadamente 144 hectares, com cerca de 20.538 de população residente (PCR,
2018).(FIGURAS 39, 40, 41 E 42).

53
Figura 39: Praça do Entroncamento, Graças, Recife, PE.

Fonte: Google Earth, modificada pela autora, 2018.

Figura 40: Mapa do Recife e mapa do bairro das Graças.

Fonte: PCR, modificado pela autora 2018 e Google Maps, modificado pela autora, 2018.

Figura 41: Comércio e Escola no seu entorno.

Fonte: À autora, 2018.

54
Figura 42: Residencial no seu entorno.

Fonte: À autora, 2018.

2.3.2 Breve histórico

Segundo Cavalcanti (2002) no dia 22 de julho de 1870, foi criada a freguesia de Nossa
Senhora da Graça da Capunga, que abrangia não só este bairro, como também
abrangia o bairro de Campo Grande. O surgimento do bairro das Graças, originou-se
assim como em qualquer outro bairro da cidade do Recife, a partir de
desmembramentos de sítios, e o nome do bairro, é em homenagem à padroeira da
matriz das Graças, Nossa Senhora da Graça.

2.3.3 Situação atual e funções da praça

Segundo Carneiro e Mesquita, (2000), a Praça do Entroncamento, também é


conhecida como Praça das Mangueiras, por conta de sua antiga ocupação, no espaço
de confluência entre os trens de ferro que antigamente circulavam no Recife Antigo,
conhecidos também como maxambombas, vinham do centro e partiam a sentido do
Arraial da Várzea e do Arraial de Dois Irmãos. A praça foi inaugurada no dia 19 de
outubro de 1925, no tempo da administração do Prefeito Antônio de Góes onde
recebeu temporariamente o nome de Praça Correia de Araújo.

A praça foi executada na mesma época da Praça Sérgio Loreto (1926) no bairro de
São José, onde segue a mesma concepção de obra de aformoseamento urbano. Nos
anos 1935, a praça foi reformada por Burle Marx, onde manteve-se a fonte, a qual
ocupa o núcleo da praça, envoltas de palmeiras imperiais, e centenas de mangueiras,
que dominam o restante do espaço, gerando grandes áreas de sombreamento para
os usuários que ali chegam para descansar (SÁ CARNEIRO E MESQUISTA, 2000).

55
A praça oferece aos seus usuários diversas utilidades, como de contemplação, por
meio da fonte (Figura 43) que está localizada no núcleo central da área de
permanência e descanso por conta da disposição dos bancos que são encontrados
em áreas de grande sombreamento e outros situados em diferentes áreas da praça,
de lazer, uma vez que a praça oferece uma área com mesas para realização de jogos
e atividades sociais e recreativa, existindo uma área dedicada para o público infantil
contendo alguns tipos de brinquedos (Figura 44).

Figura 43: Área de permanência, contemplação e descanso.

Fonte: À autora, 2018.

Figura 44: Área de lazer.

Fonte: À autora, 2018.

2.3.4 Infraestrutura

A Praça não possui gradil no seu entorno apenas na área de lazer e playground, com
isso evita que as crianças que estejam nesta área corram para as avenidas que são
de alto fluxo. Parte de seu entorno é delimitada por elemento em ferro que pode ser

56
usado como apoio (Figura 45). O piso da praça é feito de dois tipos de elementos, o
primeiro é a pedra portuguesa nas cores brancas e pretas são aplicados de modo que
lembram um movimento de ondas, e são encontrados principalmente nas de
circulações (Figura 46). Já outra parte é feita de terra batida e grama esmeralda.

Figura 45: Gradil da área de lazer e piso em pedra grama.

Fonte: À autora, 2018.

Figura 46: Piso em pedra portuguesa e piso em pedra grama.

Fonte: À autora, 2018.

Na Praça do Entroncamento, foram usados bancos em concreto. Segundo Sá


Carneiro e Mesquita (2000), são os melhores e mais belos bancos de decoração
zoomórfica, que até hoje foram produzidos no recife (Figura 47). Os outros se
apresentam de maneiras confortáveis e adequados ao tipo de uso. Existem também
mesas em contrato com o tampo revestido em pastilhas, compondo a área de lazer
(Figura 48).

57
Figura 47: Banco em concreto, zoomórfico.

Fonte: A autora, 2018.

Figura 48: Mesas e bancos em concreto.

Fonte: À autora, 2018.

Os brinquedos existentes são em ferro com cores variadas que estimula as atividades
infantis. As lixeiras encontradas na praça estão espalhadas de forma adequada,
possibilitado que os usuários tenham o acesso de maneira mais fácil, isso faz com
que a praça se mantenha mais limpa por mais tempo. As lixeiras são fabricadas em
plástico de cor vermelha (Figura 49).

Figura 49: Playground e Lixeira.

Fonte: À autora, 2018.

58
O que chama também bastante atenção na praça é a sua fonte (Figura 50) que está
implantada no centro, de acordo com Sá Carneiro e Mesquita (2000), a fonte é
fabricada em ferro forjado, com uma coluna decorada por uma estátua feminina e
possui gárgulas que onde se jorra água em uma grande bacia circular decorada por
garças. Em relação a iluminação pública da praça é composta com postes de ferro em
todas as áreas. O monumento da fonte também fica iluminado durante a noite.

Figura 50: Monumento e poste.

Fonte: À autora, 2018.

Na praça também existe uma parada de ônibus em ferro e um ponto de taxi localizada
em frente à Avenida Rui Barbosa, como também bicicletário público possibilitando que
seus usuários tenham várias opções de mobilidade nas áreas da praça (Figuras 51 E
52). Além de vegetação abundante composta de árvores de grande porte nativas,
principalmente na porção de maior, onde se localiza o playground. Existem também
uma porção menor que tem aparência arbustiva (Figura 53). Analisando as áreas de
vegetações da praça, observa-se que a área é bem arborizada e oferece aos usuários
uma boa quantidade de sombreamento e uma melhor temperatura. Passeando pelo
local, pôde-se constatar diversos tipos de vegetações principalmente nas
extremidades das suas laterais Em relação a acessibilidade é contemplada com
rampas de acessos e piso tátil. Contém telefônico público (Figura 54).

59
Figura 51: Parada de ônibus e Ponto de táxi.

Fonte: À autora, 2018

Figura 52: Bicicletário e telefone público.

Fonte: À autora, 2018.

Figura 53: Vegetação de grande porte e vegetação arbustiva.

Fonte: À autora, 2018.

60
Figura 54: Rampa de acesso e piso tátil.

Fonte: à autora, 2018.

2.4 Quadro Comparativo dos Estudos de Caso

Com base na análise do Quadro 01, observa-se que as praças estudadas possuem,
praticamente, as mesmas funções. Todas contam com equipamentos urbanos
suficientes e bem conservados para as pessoas que utilizam estes espaços, sendo as
praças Professor Barreto Campelo e do Entroncamento que têm a melhor distribuição
das áreas e melhor conservação de piso e calçada.

Por serem praças de bairro e que são importantes para os mesmos tem bastante
movimento, sendo necessário que houvesse estacionamento para facilitar sua
visitação, o que não tem na Praça do Entroncamento, sendo o local prejudicado, pois
muitas pessoas não conhecem tais espaços e passam apenas de carro.

A vegetação está bem distribuída em todos os locais estudados, facilitando o


posicionamento das áreas de cada praça e também sendo utilizada para definir
caminhos e paisagens, principalmente, na Praça do Entroncamento, onde as árvores
de médio e grande porte fazem bem a composição com os equipamentos públicos.

A distribuição, tanto em quantidade como na qualidade, dos playgrounds, das quadras


e das áreas de convivência é satisfatória, atendendo bem as comunidades vizinhas.

61
Quadro 01: Quadro comparativo.

COMPONENTE DA PROF. BARRETO DOUTOR ENTRONCAMENTO


PRAÇA CAMPELO FERNANDES
FIGUEIRA
LOCALIZAÇÃO Bairro da Torre, Recife Bairro Ilha do Leite, Bairro das Graças,
- PE Recife - PE Recife - PE
ENTORNO Predomina residências Predomina residências Predomina residências
e comércio e comércio
FUNÇAO DO USO Descanso Descanso Descanso
Recreativa Recreativa Recreativa
Lazer Lazer, Lazer,
Circulação Circulação, Circulação,
Esportiva Contemplação Contemplação
Contemplação Simbólica Simbólica
Simbólica
CERCAS E GRADIS Possui Não possui Possui
ACESSIBILIDADE Razoável Razoável Razoável
PISO Cimento e areia Cimento, areia e Cimento, Intertravado
grama e grama
ÁREA DE Possui Possui Possui
CONVIVÊNCIA
ESTACIONAMENTO Possui Não possui Não possui
EQUIPAMENTO Possui diversos Possui diversos Possui
URBANO
ILUMINAÇÃO Boa Razoável Boa
VEGETAÇÃO Pequeno e grande Pequeno e grande Pequeno e grande
porte porte porte
BANCOS Possui Possui Possui
LIXEIRAS Possui Possui Possui
MESAS Possui Não possui Possui
CAPELA Possui (a frente) Possui Não possui
FONTE Não possui Possui Possui
QUADRA Possui Não possui Não possui
POLIESPORTIVA
ACADEMIA DA Possui Possui Não possui
CIDADE
PARADA DE Possui Não possui Possui
ÔNIBUS
PLAYGROUND Possui Possui Possui
BICICLETÁRIO Não possui Possui Possui
PONTO DE TÁXI Não possui Possui Possui
TELEFONE Não possui Possui Possui
PÚBLICO
POSTO POLICIAL Possui Desativado Não possui
TRAÇADO Retilíneo e bem Orgânico e Orgânico e bem
distribuído razoavelmente distribuído
distribuída
Fonte: À autora, 2018.

No capítulo a seguir, será analisada a área onde se realizará o anteprojeto


paisagístico, bem como sua história, o seu entorno, apresentando seus problemas e
características, com base nas observações feitas no local.

62
3 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Neste capítulo serão abordadas as características da área em estudo que será alvo
da proposta de anteprojeto paisagístico da Praça Marcantônio Vilaça, no bairro do
Pina, localizado em Recife, PE. Apresentará, também, o contexto histórico da
localidade, o zoneamento e a infraestrutura atual da praça, os estudos de ventilação
e insolação, alguns estudos do entorno e legislações e normas do município para o
desenvolvimento desse anteprojeto paisagístico de requalificação.

3.1 O Bairro do Pina

Situado ao sul de Recife, o bairro do Pina tem como limites os bairros: Brasília
Teimosa, ao norte; Boa Viagem, ao sul; o Oceano Atlântico, ao leste; e, a oeste, o
bairro de Afogados (SILVA, 1990, p.13) (Figura 55).

Figura 55: Bairro do Pina, Recife, PE.

Fonte: PCR e Google Maps, modificado pela autora, 2018.

Em 1920 foi construída a primeira ponte do Pina ligando o bairro do Recife ao Pina e
depois a construção da Avenida Herculano Bandeira em 1926, que se tornou eixo de
ligação entre o Recife e a praia. Com o advento da construção das pontes favoreceu
a imigração e ocupação do bairro.

O bairro do Pina integra a 6ª Região Político-Administrativa do Recife (RPA-6), na


zona sul da cidade, que é formada por um total de 8 bairros. Constituída de grandes
lotes que foram subdivididos ao longo dos anos (PCR, 2018).

63
Segundo a PCR (2018), o bairro do Pina possui uma área de 629 hectares e sua
população é entorno de 29.176 habitantes (IBGE, 2018), com sua renda mensal de
R$ 954,00/hab, e sua densidade de 46,38hab./ha.

3.2 Análise da Praça Marcantônio Vilaça

Localizada no Pina, entre as ruas Mário Gomes de Matos e Alexandrino Martins


Rodrigues. A praça era uma bela área arborizada e foi construída pelos americanos,
em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial. Com 8.020,64 m2 de área, a praça tinha
como função a recreação, o convívio social e a contemplação (Figura 56). A grande
quantidade de casuarinas dá a essa praça destaque e identidade, sendo mais
conhecida como Praça das Casuarinas. Essa vegetação dá continuidade ao verde
existente em seu entorno, pertence a Unidade de Conservação do Parque dos
Manguezais, servindo de transição entre o ambiente urbano e o ambiente natural (SÁ
CARNEIRO E MESQUITA, 2000).

Figura 56: Mapa do Bairro do Pina e Praça Marcantônio Vilaça Pina, Recife, PE.

Fonte: Google Maps e Google Earth, modificado pela autora, 2018.

3.2.1 Zoneamento e infraestrutura atual da praça

A praça possui uma infraestrutura carente de manutenção, algumas de suas


necessidades não são possíveis ser encontrada no local, como, sistemas de
drenagem e escoamento de águas pluviais. Seus mobiliários estão em condições
razoáveis porém são em pouca quantidade, além da iluminação no local ser precária,
o posto policial está em abandono, não permitindo aos visitantes e moradores
permanecerem no local.

64
O piso é de cimento nas áreas de circulação externa, grama na área da vegetação,
areia na maior parte da praça e pedra rachão em alguns acessos da circulação externa
para o seu interior.

Onde existia o espelho d ́água hoje encontra-se um banco de areia. Não há orelhões
e só possui duas lixeiras. Não existe acessibilidade no local, observam-se diversas
barreiras para portadores de necessidades especiais. Nas entradas principais há
rampas de acesso com piso tátil alerta mas não há o piso tátil direcional.

Da área de circulação externa da praça para o seu interior existe um desnível de piso
inapropriado para um cadeirante ou portador de necessidades. Apesar de
encontramos pontos de água locados, os mesmos não funcionam. Sendo assim, não
é possível a irrigação da área verde existente no local. Muito lixo também é encontrado
na área da circulação externa (Figuras 57 à 63).

Figura 57: Zoneamento atual da Praça Marcantônio Vilaça.

Fonte: Google Earth, modificado pela autora, 2018.

Figura 58: Diferenças de piso.

Fonte: À autora, 2018.

65
Figura 59: Playground e poste de iluminação existentes

Fonte: À autora, 2018.

Figura 60: Piso alerta na rampa e entulhos nas calçadas.

Fonte: À autora, 2018.

Figura 61: Calçada e desnível de piso.

Fonte: À autora, 2018.

66
Figura 62: Posto policial existente e acessos a rede hidráulica da praça.

Fonte: À autora, 2018

Figura 63: Piso em areia batida.

Fonte: à autora, 2018

Á área não é acessível. Existem desníveis de piso na circulação para seu o interior.
Existem algumas demarcações em cerâmica, nas áreas de convivência há uma
pintura diferenciada com cores vivas e na quadra, está pintado na cor verde. Porém
todo o piso está necessitando de manutenção, visto que as áreas pintadas já estão
descascando, e as placas de concreto estão destacando ou sendo levantadas pelas
raízes das árvores existentes. O piso do playground é de areia batida.

3.2.2 Estudos de ventilação e insolação

Tendo embasamento nos princípios dos estudos de conforto ambiental, observou-se


a necessidade de estudar a predominância dos ventos em relação a área estudada
para melhor distribuição de seus espaços e equipamentos. No Recife, nos meses de
dezembro a março, período do verão, tem-se a predominância dos ventos nordeste,
e nos meses de abril a novembro os ventos sudeste. Isso ocorre na maioria das
67
regiões localizadas na região nordeste do país. E para um melhor aproveitamento da
iluminação natural e conforto da praça, verificou-se que a temperatura média na
cidade do Recife é de 25,2°C com 8° de latitude, onde o sol nasce no verão mais a
sudeste, e no inverno mais a nordeste (Figura 64).

Figura64: Estudo de ventilação.

Fonte: Google Earth, modificada pela autora, 2018.

3.2.3 Estudo do entorno

No mapa de entorno foram analisadas os tipos de construções onde se encontra a


Praça Marcantônio Vilaça. Foi identificado imóveis de até dois pavimentos sendo
comerciais, residenciais e escola onde o número de residências é maior que os de
comércio (Figuras 65 Á 67). Há uma escola pública situada nas proximidades da
Praça, onde os alunos fazem atividades recreativas.

Figura 65: Mapa de gabarito.

Fonte: Google Earth, modificada pela autora, 2018.

68
Figura 66: Residência e escola no entorno.

Fonte: À autora, 2018.

Figura 67: Comércio.

Fonte: A autora, 2018.

3.2.4 Normas e legislações

As legislações que serão utilizadas como parâmetros para o desenvolvimento do


anteprojeto paisagístico de reforma da Praça Marcantônio Vilaça, serão a nível
municipal e estadual como:

- Plano Diretor – Lei Nº 17.511.08, que apresenta as Zonas Especiais de Proteção


Ambiental (ZEPA) e os espaços livres públicos.

- Lei Nº 10.098, de 19/12/2000, estabelece normas gerais e critérios básicos para a


promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida, e dá outras providências.

- Decreto-lei N° 5.296 de 02/12/2004 regulamenta a Lei N° 10.098/2000.

- Lei N° 17.666/2010, dispõe sobre A Arborização Urbana do Município do Recife e dá


outras providências.

69
- LEI Nº 16.243/96, estabelece a política do meio ambiente da Cidade do Recife e
consolida a sua legislação ambiental, mediante a instituição do Código do Meio
Ambiente e do Equilíbrio Ecológico da Cidade do Recife.

O capítulo a seguir, apresentará as etapas pré-projetuais que auxiliarão para o


desenvolvimento do anteprojeto paisagístico de reforma da Praça Marcantônio Vilaça,
no bairro do Pina, Recife, PE.

70
4 ANTEPROJETO PAISAGÍSTICO DE REQUALIFICAÇÃO DA PRAÇA
MARCANTÔNIO VILAÇA, PINA, RECIFE, PE

Neste capítulo, serão apresentados os estudos e procedimentos realizados composto


pelo programa, dimensionamento, zoneamento, bem como a definição do partido
arquitetônico, do traçado e da especificação do mobiliário e das espécies vegetais.
Essas etapas servirão de base para elaboração do anteprojeto paisagístico de
requalificação da praça.

4.1 Programa e Dimensionamento Propostos

Para se definir o programa que será seguido na proposta da Praça Marcantônio Vilaça,
deve-se estudar a área qual será desenvolvida, verificar quais funções farão parte da
praça e por consequência os espaços necessários, para isto existem fatores
importantes que devem ser levados em consideração: quem são e quais os desejos e
interesses dos usuários do local, as características e a história da área onde a praça
está inserida, e o clima da mesma.

Algumas funções antigas serão mantidas, sendo relocados e alterados os elementos


arquitetônicos existentes e/ou inseridos outros. A função de descanso e
contemplação, será composta pelo sombreamento das árvores existentes, com novas
vegetações que serão implantadas por meio de um novo agenciamento e novos
assentos e áreas específicas para uso de descanso com um pergolado. A função de
lazer, nesta área será realizado os espaços destinados para atividades de recreação
e jogos, contará com uma nova área de playground e mesas com assentos acessíveis
para todos como também uma área para exposição e eventos ao ar livre. Será inserida
a função esportiva, criando uma quadra poliesportiva. Estes dimensionamentos
poderão sofrer ajustes no decorrer do desenvolvimento do anteprojeto.

O Quadro 02, mostra a divisão do programa e do dimensionamento proposto para as


áreas, levando em consideração os elementos construtivos que serão inseridos no
anteprojeto paisagístico, os tipos de áreas e usos com objetivo de atender as
necessidades dos usuários da praça, a partir de análise fotográfica do local e pesquisa
com os mesmos como também a reorganização e melhor definição das áreas e

71
respectivos equipamentos, pois muitos deles estão espalhados pelos espaços da
praça sem uma melhor integração e isso pode gerar alguns espaços ociosos.

Quadro 02: Dimensionamento.


PROGRAMA PROGRAMA DIMENSIOSAMENTO
ATUAL PROPOSTO PROPOSTO
Área verde Área verde 50% da área da praça
Área de convivência Área de contemplação 03
Playground Playground 02
Mesas para jogos Espaço multiuso (quadra 01
poliesportiva)
Posto policial Posto policial 01
Pista de caminhada 01
Área de jogos 01
Área de atividade física 01
Fonte: À autora ,2018.

No dimensionamento foi pensado em todas as áreas existentes criando um traçado


com todas as áreas que serão criadas, interligando-as e sendo responsável por
conduzir o usuário percorrer por toda as áreas do local, podendo usufruir e ter uma
sensação agradável.

Na proposta do anteprojeto, a iluminação será distribuída ao longo dos passeios,


mantendo todos os caminhos bem iluminados e visíveis de todas as partes do local e
entorno além de iluminação nas áreas dimensionadas. Também serão distribuídas
lixeiras por toda a praça, para melhorar a questão da limpeza e influenciar o usuário
a jogar o lixo no seu devido local.

A arborização é fundamental por isso é necessário pensar na sintonia da composição


da vegetação e que seja de preferência nativa.

O playground é uma área com ou sem brinquedos e deve ser formalmente variado e
possível de serem alterados, devendo atender às necessidades infantis,
principalmente respeitando à faixa etária. Tem como objetivo incitar as atividades
física, motora e social entre as crianças. As condições dessas áreas são: segurança,
áreas bens arborizadas, áreas de convivência próximas, onde ficam os responsáveis
das crianças, brinquedos instalados em caixas de areia, materiais adequados sem
riscos de acidentes.

72
A quadra de esportes tem por fim, a recreação ou a prática de diversas modalidades
esportivas, não é preciso adotar as medidas padrões, bastando manter a
proporcionalidade. Para a implantação de quadras descobertas aqui na cidade do
Recife, foi definido seu posicionamento no eixo noroeste-sudeste (ou o mais próximo
possível dele), em função do ofuscamento provocado pelos raios solares. Foi
delimitada uma área de lazer com chafariz saindo do piso, tendo seu elemento água
que são presentes nos projetos de Burle Marx.

Os locais de conveniência são utilizados para diversos usos, como encontros e


reuniões. Para que esses locais desenvolvam o convívio social entre as pessoas, é
preciso que estejam bem posicionados e que possuam boa distribuição do mobiliário.

4.2 Zoneamento Proposto

Para o estudo de zoneamento foi necessário distribuir por setores de funcionamento


e utilidades, determinadas áreas que irão desempenhar algum tipo de papel no local
que será desenvolvido o projeto. A divisão realizada por setores, representam
diferentes tipos de atividades e funções que facilitam durante o desenvolvimento do
fluxograma e organograma de um projeto. Por meio desse método de visualização,
podemos compreender o funcionamento em conjunto, e proporcionar que todas as
áreas de atividades implantadas no projeto, possam funcionar de forma fluida e
harmônica como também através dos caminhos principais. (FIGURA 68).

Figura 68: Mapa do zoneamento proposto.

Fonte: Google Earth, modificada pela autora, 2018.

A praça será dividida em 7 espaços que oferecerá aos seus usuários diversas opções
como uma área de convivência, um playground, uma área com mesas para jogos ou
73
piquenique, um espaço multiuso que poderá ser utilizado para esportes, exposições
ao ar livre ou qualquer função educativa, delimitada com uma quadra poliesportiva,
auxiliando as escolas existentes nas proximidades em suas atividades educativas.
Uma área para atividade física, um monumento relacionado a história da praça e o
posto policial. A ideia é manter as árvores existentes, como também a maioria das
espécies de médio porte pois o local apresenta uma quantidade de vegetação inferior
do esperado, devido a isso novos tipos de vegetação serão indicados para
implantação do local, cujo objetivo é promover uma área agradável diminuindo assim
as zonas de calor no local, influenciando a maior frequência e permanência dos
usuários.

4.3 Funcionograma e Fluxograma Propostos

Segundo Neves (1998), o funcionograma é um diagrama que representa, através de


formas geométricas, as relações dos elementos do programa, ou seja, é a
estruturação e organização desses elementos, através de um gráfico que mostra a
disposição destes. O funcionograma elaborado para a área em estudo foi baseado a
partir do zoneamento proposto (Figura 69).

Figura 69: Funcionograma proposto.

Fonte: À autora, 2018.

Já o fluxograma é o estudo dos fluxos, ou seja, registra a movimentação dos usuários


do ambiente, neste caso da praça. É executado a partir do funcionograma e analisa
as intensidades dos fluxos, o que facilita a compreensão da locomoção dos usuários
de uma área para outra (Figura 70).

74
Figura 70: Fluxograma proposto.

Fonte: À autora, 2018.

4.4 O Anteprojeto Paisagístico

No anteprojeto paisagístico de requalificação proposto para a Praça Marcantônio


Vilaça, foram estudados projetos de praças e jardins do paisagista com um traçado
orgânico e tomados como partido de inspiração as formas geométricas das grandes
vitórias régias inseridas no jardim privado em São Paulo, Vargem Grande Farm,
através de linhas e curvas sinuosas (Figura 71). Foi desenvolvido o agenciamento
dinâmico como também retomados de alguns princípios como a utilização do caráter
de primeiro playground em local público na cidade do Recife e a busca da função
educativa, tão importante para este cientista-paisagista.

Figura 71: Vitória régias.

Fonte: burlemarx.com.br, 2018.

Para as áreas verdes, foram propostos diversos tipos de vegetais, e superfícies


gramíneas, com o intuito de tornar o espaço o mais natural e convidativo possível,
trazendo mais cores e sensações de aromas diferente.

75
O principal objetivo deste anteprojeto é proporcionar a sociedade um espaço que
frequente os mais variados tipos de uso como descanso, contemplação, recreação,
lazer, educação e esportes, criando formas de convivência entre as diversas classes
sociais que visitam o local. Somando-se a isso trazer uma experiência mais rica, em
especial, às crianças que estudam nas escolas em torno da praça, melhorando o nível
de aprendizado e o interesse em frequentar às aulas.

4.4.1 Memorial descritivo

O Quadro 03 mostra o memorial descritivo apresentando por meios de imagens, os


tipos de equipamentos utilizados no desenvolvimento do anteprojeto paisagístico de
requalificação da Praça Marcantônio Vilaça.

Quadro 03: Equipamentos.


TIPO DE MATERIAL DESCRIÇÃO
INTERTRAVADO CIMENTÍCIO NA COR
GRAFITE

PISO TÁTIL ALERTA PARA DEMARCAR


RAMPAS, LOCAIS DE
TELEFONES PÚBLICOS
OUTROS
EQUIPAMENTOS
URBANOS OU MUNÇAS
DE DIREÇÕES NA PRAÇA

PISO PARA DEMARCAR


RAMPAS, LOCAIS DE
TELEFONES PÚBLICOS
OUTROS
EQUIPAMENTOS
URBANOS OU MUNÇAS
DE DIREÇÕES NA PRAÇA

BANCOS (para áreas de MODULADOS EM FERRO


maior permanência) E MADEIRA DE
DEMOLIÇÃO

BANCOS (para áreas de MODULADOS EM


menor permanência) CONCRETO

76
BANCOS MODULADOS EM
MADEIRA AGREGADO
COM JARDINEIRAS

BICICLETÁRIO DO TIPO CALHA DE AÇO


INSTALADAS NO PISO

MESAS MESAS COM ASSENTOS


DE CONCRETO PRÉ-
MOLDADO.

PLAYGROUND EM MADEIRA DE
DEMOLIÇÃO

LIXEIRA SELETIVA EM AÇO

LIXEIRA INDIVIDUAL EM POLICARBONATO


VERMELHAS

REFLETORES DE PISO SOLAR


DIRECIONÁVEIS

POSTES LAMPADAS DE LED. SÃO


MAIS ECONÔMICAS E
MODERNA

SISTEMA DE IRRIGAÇÃO DE MANEIRA


IRRIGAÇÃO FÁCIL, MAIS BARATA E
AUTOMATIZADO ECONÔMICA

77
ÁREA PARA ATIVIDADE COM BANCOS DE
FÍSICA CONCRETO E
MOBILIÁRIO EM AÇO

CONTÊINER PARA POSTO POLICIAL

TELEFONE PÚBLICO DECORADO

PERGOLADO EM MADEIRA DE
DEMOLIÇÃO

Fonte: À autora,2018.

É muito importante a escolha de cada material, pois é preciso entendermos que


diferentes públicos de pessoas farão uso da área, e isso requer que o espaço ofereça
segurança, acessibilidade, e conforto, portando, os tipos de equipamentos e materiais
indicados neste memorial, permite aos usuários melhores condições de uso do local,
tanto os pisos que foram definidos, quantos os materiais, equipamentos, e sistemas
de sinalizações, precisam sempre serem levados em consideração, uma vez que as
pessoas que possuem algum tipo de deficiência, seja física ou mobilidade reduzida,
possam usufruir do espaço sem algum tipo de empecilho.

4.4.2 Memorial botânico

No projeto paisagístico foram escolhidas, em sua maior parte, espécies adeptas com
o clima do litoral, e que na sua composição ficassem harmoniosas, que pudesse haver
contrastes entre cores, formatos e texturas tão usados por Burle Marx. Na praça já
possuía algumas árvores de grande porte e foram mantidas. Foram adicionadas
algumas de médio e pequeno porte, arbustos e gramas, que além de suas funções
botânica trás também um embelezamento da área trazendo um conforto e bem estar
aos usuários.

78
79

As espécies tem que ser de fácil manutenção, pois os serviços de jardinagens serão
de responsabilidade da Prefeitura do Recife em parceria com a Emlurb (Empresa de
Manutenção e Limpeza), evitando o crescimento desordenado das espécies. A seguir
no quadro 04, serão listados os tipos de vegetais que foram estudados e definidos
como também sua especificação.

Quadro 04: Espécie de vegetais.

NOME POPULAR: PAU DE PILÃO / PAU TERRA


NOME CIENTÍFICO: CALLISTHENE MINOR.
ORIGEM: BRASIL
LUMINESCÊNCIA: SOL PLENO
TIPOLOGIA: ARBÓREA
PORTE: 8M Á 18M
(EXISTENTE)

NOME POPULAR: GRAMA ESMERALDA


NOME CIENTÍFICO: ZOYSIA JAPONICA.
ORIGEM: ÁSIA, CHINA, JAPÃO
LUMINESCÊNCIA: SOL PLENO
TIPOLOGIA: GRAMADOS
PORTE: RASTEIRO MENOS DE 15CM

NOME POPULAR: PALMEIRA IMPERIAL


NOME CIENTÍFICO: ROYSTONEA OLERACEA
(JACQ.) O.F. COOK
ORIGEM: ANTILHAS
TIPOLOGIA: PALMEIRA
LUMINESCÊNCIA: SOL PLENO E CLIMA QUENTE
E ÚMIDO
PORTE: ATÉ 30M

NOME POPULAR: IPÊ AMARELO


NOME CIENTÍFICO: TABEBUIA CHRYSOTRICHA
ORIGEM: BRASIL
TIPOLOGIA: ARBÓREA
LUMINESCÊNCIA: SOL PLENO E CLIMA QUENTE
E ÚMIDO
PORTE: ATÉ 8M

79
80

NOME POPULAR: IPÊ ROSA


NOME CIENTÍFICO: TABEBUIA CHRYSOTRICHA
ORIGEM: BRASIL
TIPOLOGIA: ARBÓREA
LUMINESCÊNCIA: SOL PLENO E CLIMA QUENTE
E ÚMIDO
PORTE: ATÉ 8M

NOME POPULAR: OITI DA PRAIA


NOME CIENTÍFICO: LICANIA TOMENTOSA
(BENTH.) FRITSCH
ORIGEM: BRASIL
TIPOLOGIA: ARBÓREA
LUMINESCÊNCIA: SOL PLENO E CLIMA QUENTE
E ÚMIDO
PORTE: ATÉ 20M

NOME POPULAR: PITEIRA DO CARIBE


NOME CIENTÍFICO: AGAVE ANGUSTIFOLIA.
ORIGEM: MÉXICO
TIPOLOGIA: ARBUSTIVA
LUMINESCÊNCIA: SOL PLENO
TIPOLOGIA: SUCULENTAS
PORTE: PEQUENO 0.6M A 0.9M.

NOME POPULAR: CICA


NOME CIENTÍFICO: CYCAS CIRCINALIS L.
ORIGEM: JAPÃO E INDONÉSIA
TIPOLOGIA: ARBUSTIVA
LUMINESCÊNCIA: SOL PLENO E CLIMA QUENTE
E ÚMIDO
PORTE: ATÉ 8M

NOME POPULAR: ABELIA


NOME CIENTÍFICO: ABELIA MOSANESIS.
ORIGEM: COREIA
TIPOLOGIA: ARBUSTIVA
LUMINESCÊNCIA: SOL PLENO
PORTE: 0.4 A 1,20M

NOME POPULAR: FLOR-DO-GUARUJÁ


NOME CIENTÍFICO: TURNERA ULMIFOLIA.
ORIGEM: AMÉRICA TROPICAL, BRASIL
TIPOLOGIA: HERBÁCEA PERENE
LUMINESCÊNCIA: SOL PLENO
PORTE: 0.3M. A 0.5M

80
81

NOME POPULAR: PIERIS PASSION


NOME CIENTÍFICO: PIERIS JAPÔNICA PASSION.
ORIGEM: HOLANDA
TIPOLOGIA: ARBUSTIVA
LUMINESCÊNCIA: SOL PLENO
PORTE: 0.9M A 1.5M.

NOME POPULAR: HELICÔNIA-PAPAGAIO,


TRACOÁ, CAETEZINHO, PLANTA-PAPAGAIO
NOME CIENTÍFICO: HELICONIA PSITTACORUM
ORIGEM: BRASIL
TIPOLOGIA: ARBUSTIVA TROPICAL
LUMINESCÊNCIA: SOL PLENO, MEIA SOMBRA E
CLIMA QUENTE E ÚMIDO
PORTE: ATÉ 1,5M

NOME POPULAR: DRACENA-VERMELHA,


NOME CIENTÍFICO: CORDYLINE TERMINALIS
ORIGEM: ÁSIA, ÍNDIA, MALÁSIA, OCEANIA, POLI
NÉSIA
TIPOLOGIA: ARBUSTIVA TROPICAL
LUMINESCÊNCIA: SOL PLENO, MEIA
PORTE: 1,2M A 1,8M

NOME POPULAR: LANTANA BRANCA


NOME CIENTÍFICO: LANTANA UNDULATA
ORIGEM: BRASIL
TIPOLOGIA: ARBUSTIVA
LUMINESCÊNCIA: SOL PLENO
PORTE: ATÉ 1,2M

NOME POPULAR: PETÚNIA PERENE


NOME CIENTÍFICO: PETÚNIA INTEGRIFÓLIA
ORIGEM: AMERICA DO SUL
TIPOLOGIA: FLORES PERENES
LUMINESCÊNCIA: SOL PLENO
PORTE: 0.3 A 0.4M

Fonte: À autora, 2018.

81
82

4.4.3 Memorial Justificativo

Na proposta da praça foi pensado na disposição de cada espaço com sua determinada
função, baseado nos estudos realizados a partir de seus condicionantes. O partido
utilizado foram as grandes vitórias régias do projeto Jardim privado em São Paulo,
Vargem Grande Farm de Burle Marx que tem sua forma circular e através de traçados
curvos e sinuosos foram desenvolvidos os agenciamentos e divisões das áreas.

Foram analisados todos os fatores e características do entorno, levando em


consideração a acessibilidade, o uso e os tipos de usuários. Portando, houve uma
grande modificação comparado com o estado atual da praça até o momento desta
pesquisa, existiu-se também uma grande preocupação em unir todos esses elementos
e condicionantes naturais e físico, de modo que pudesse oferecer conforto, qualidade
e segurança tentando não mexer na vegetação existente.

Foram redimensionadas e relocadas algumas áreas de atividade da praça, foi


modernizada sem, no entanto, perder sua essência, pois surgiram outros
equipamentos urbanos que ampliaram o conceito de lazer e educação no ambiente
público como áreas de exercícios físicos para que fosse possível trazer novas
experiências, transformando esta praça em um espaço livre público acessível.

Após estudos de insolação, ventilação e segurança para os usuários, o espaço


multiuso, que serve para esportes, exposição ao ar livre, entre outras atividades, foi
locado na posição em que a incidência solar não atrapalhe a visão dos que dela
usufruem durante o dia. O playground existente teve sua área ampliada e uma maior
quantidade de brinquedos como também a variedade dos mesmos aumentou.

Foi planejada uma área de atividades físicas. Foram utilizados diversos tipos de piso
como areia batida, piso intertravado, forrações e vegetação com diferentes tipos de
sombreamento, porte e cores.

Foi proposta em uma área de lazer, chafariz saindo no piso, agregado mais um atrativo
para o local e também fazendo presente o elemento água existente baseado no
projeto inicial de Burle Marx, além de ser um fator que contribui para amenizar o clima
e ser mais uma opção na área de contemplação.

82
83

Na área de estar e contemplação, instalou-se um pergolado de forma a ser um local


atrativo para idosos e bebês que podem usufruir da praça sem ficarem expostos muito
tempo ao sol. Aumentou a quantidade de mesas para jogos e piqueniques
promovendo assim a integração da família e pessoas da terceira idade que poderá ir
à praça e passar lá horas agradáveis a todos os seus membros.

O estudo da vegetação foi feito tentando preservar ao máximo as espécies existentes


no local, principalmente árvores e arbustos, mesmo muitos deles não sendo nativos,
além disso, foram projetadas outras de menor porte, algumas da flora brasileira e
outras não, porém sempre procurando as que melhor se adaptam ao nosso clima e
que não ofereçam riscos a população.

O estudo da insolação também foi importante neste caso, e mostrou que a cobertura
vegetal existente hoje, fornece um sombreamento não suficiente nas áreas da praça.
Foi inserido um monumento fazendo ligação ao nome da praça.

Um bicicletário do tipo calha no piso foi disposto no local. O posto policial foi relocado
e teve mudança na sua estrutura para aumentar a segurança da sociedade do bairro
e de seus visitantes que não se sentirão aprisionadas e sempre que passarem por ali
terão vontade de contemplarem as flores e respirar um ar melhor.

4.4.4 Plantas gerais

O anteprojeto é composto de cinco pranchas conforme abaixo:

 01/08 – Planta de Layout e Situação;


 02/08 - Planta de Esquipamentos;
 03/08 – Planta de Paisagismo;
 04/08 – Cortes e Fachadas;
 05, 06 e 07/08 –Detalhamento;
 08/08 – Perspectivas.

Neste capítulo foi elaborado o anteprojeto paisagístico de requalificação, como


também seus memoriais justificativo, descritivo e botânico, mostrando como ficará a
praça com a implantação dessa proposta, criando um espaço mais agradável,
funcional, acessível e esteticamente harmonioso.

83
84

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a globalização e o crescimento desordenado das cidades tem gerado mudanças


nas ruas relacionados a urbanização, isso mostra que a carência por lugares de
espaços públicos vem crescendo cada vez mais. A necessidade hoje de um lugar
aberto ao público, seja ele de descanso, esporte ou lazer, está em evidência. As
malhas viárias projetadas para o tráfego dos automóveis e os altos muros das
residências vem dividindo cada vez mais o contato entre a população e relação social
entre os moradores das cidades.

Com isso, para a concepção do anteprojeto paisagístico de requalificação da Praça


Marcantônio Vilaça, no bairro do Pina, Recife, PE, foi feito um embasamento teórico
com as ideias necessárias para a sua elaboração, devido à importância de se
conhecer um pouco mais sobre alguns conceitos e como surgiram e se
desenvolveram as praças no Brasil e em Recife especificamente. A pesquisa mostra
ainda algumas normatizações e legislações vigentes importantes para a execução
deste anteprojeto.

Nos estudos de caso realizados in loco, pode-se fazer uma análise do funcionamento
de três exemplos aqui mostrados, de praças que contivessem programas similares
com o objetivo de acrescentar informações positivas e evitar a erros na proposta do
anteprojeto paisagístico de requalificação da praça. Foram levados em consideração
os aspectos físicos, também sua funcionalidade e segurança.

Foram definidos o programa e o partido proposto, bem como o novo zoneamento da


praça. Durante a definição das áreas que irão compor a proposta estudou-se seu
funcionograma e fluxograma, tais informações foram de extrema importância na
elaboração do anteprojeto. Em paralelo foram feitos o memorial descritivo, com dados
de infraestrutura e mobiliário, e o memorial botânico descrevendo toda a vegetação
existente e as que serão implantadas. Esta intervenção é de extrema importância, não
só no aspecto físico, mas também do ponto de vista cultural e social, pois trata-se de
uma proposta paisagística que visa tornar o ambiente estudado mais agradável
contribuindo socialmente com a inclusão de pessoas de diversa faixa etária como
também diversos níveis sociais.

84
85

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 9050. Rio de Janeiro:


ABNT, 2015.

ABBUD, Benedito. Criando paisagens – Guia de Trabalho em Arquitetura


Paisagística. São Paulo: Editora Senac, 2006.

CARNEIRO, Ana Rita Sá; MESQUITA, Liana de Barros. Espaços livres do Recife.
Recife: UFPE, 2000

CAVALCANTI, Carlos Bezerra. O Recife e sua ruas - Se essas ruas fossem


minhas...”. Recife: Editora Edificantes, 2002.

CAVALCANTI, Carlos Bezerra. O Recife e seus bairros. Recife: Câmara Municipal


do Recife, 1998.

COSTA, F. A. Pereira da. Arredores do Recife. Recife: Fundação Joaquim Nabuco.


Editora: Massangana, 2001.

DARODA, Raquel Ferreira. As novas tecnologias e o espaço público da cidade


contemporânea – Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e
Regional, Universidade Rio Grande do Sul, 2012.

DIAS, Joaquina Conceição; SILVA, Sandra Maria Batista; PEREIRA, Aires José. Um
estudo sobre as calçadas do bairro de São João em Araguaína, TO. Revista
Eletrônica de Geografia, 2010.

FARAH, Ivete, SCHLEE, Mônica Bahia e TARDIN, Raquel. Arquitetura paisagística


contemporânea no Brasil. São Paulo: Editora Senac, 2010.

GOOGLE EARTH. Disponível em: <maps.google.com.br>. Acesso em: 22 mai. 2018.

LEITÃO, Lúcia. As praças que a gente tem, as praças que a gente quer: – manual
de procedimentos para intervenção em praças. Prefeitura do Recife. Recife, 2002.

LIMA, Igor Grecco; BARROCA, Bruna Barbosa; MIRANDA, Antônio Claret Pereira;
D’OLIVEIRA, Pérsio Sandir. Jardim com plantas medicinais. Programa de Iniciação
Cientifica, 2010.
85
86

LYNCH, Kevin. A boa forma da cidade. Lisboa: Edições 70, Abril 2007

MACEDO, Sílvio Soares e ROBBA, Fábio. Praças brasileiras. São Paulo: EDUSP,
2002.

MARX, Burle.Escritório de paisagismo – Projetos. Disponível em:


<http://burlemarx.com.br/home-2/,2018>. Acesso em: 01 jun. 18.

MASCARÓ, Juan Luis. Infra-estrutura da paisagem. Porto Alegre: Masquatro


editora, 2008.

MATOS, Fátima Loureiro. Espaços públicos e qualidade de vida nas cidades – O


caso da cidade Porto – Revista Eletrônica de Geografia, Universidade do Porto,
2010.

MEDEIROS, Luziana de Almeida. O espaço livre público e sua relação com o


edificado – O caso da Praça Fleming. Pós-graduação em Desenvolvimento Urbano.
UFPE, Recife, 2007.

NEVES, Laert Pedreira. Adoção do partido na arquitetura. Salvador: Editora da


Universidade Federal da Bahia, 1998.

PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE. Atlas do Desenvolvimento Humano.


Recife: PCR, 2018.

SÁ CARNEIRO, Ana Rita; MESQUITA, Liana de Barros. Espaços livres do Recife.


Recife: Prefeitura da Cidade do Recife: UFPE, 2000.

SILVA, Aline de Figueirôa. Jardins do Recife: uma história do paisagismo no Brasil


(1872-1937). Recife: CEPE, 2010.

OLIVEIRA, Umberto. Fórum Romano, o centro de poder da Roma Antiga.


Disponível em: <http://www.viajenahistoria.com.br/forum-romano-o-centro-de-poder-
da-roma-antiga/>. Acesso em: 06 jun. 2018.

Projeto pistas de skate. Disponível em:


<https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/projetos-de-pista-de-skate-exigem-
conhecimento-rigoroso-do-esporte_15722_10_0>. Acesso em: 02 jun. 2018.

86
87

SANTIAGO, Zilsa Maria Pinto; SANTIAGO, Cibele Queiroz; SOARES, Thaís Silveira.
Acessibilidade no espaço público: o caso das praças de Fortaleza. Departamento
de Arte e Design, 2016.

SERAFIM, Ana Regina Marinho Dantas Barboza da Rocha. Transformações do


espaço urbano da cidade do Recife-PE como produto e condição de reprodução
das intervenções urbanas: análise dos projetos de requalificação. Departamento de
Geografia, 2012.

TABACOW, José. Roberto Burle Marx arte e paisagem. São Paulo: Studio Nobel,
2004.

VITRUVIUES. A Praça o centro do debate. Revista online. Disponível em:


<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/10.110/3866>

87
88

APÊNDICES

88

Você também pode gostar