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RECIFE
JUNHO/2018
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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS ESUDA
RECIFE
JUNHO/2018
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Dedico este trabalho a Deus, aos meus
amados pais, amigos e familiares.
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AGRADECIMENTOS
A esta universidade, seu corpo docente que oportunizaram a janela que hoje
vislumbro um horizonte superior, pela confiança no mérito e ética aqui presentes.
A minha orientadora Danyelle de Holanda Beltrão, pelo suporte no pouco tempo que
lhe coube, pelas suas correções e incentivos.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito
obrigada.
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RESUMO
O objetivo deste trabalho de graduação tem como foco o estudo da Praça Marcantônio
Vilaça, que se encontra localizada no bairro do Pina, Recife, PE. A Praça Marcantônio
Vilaça, está situada em um local do bairro que possui um tráfego médio de automóveis
e de fluxo de pessoas, mas devido à situação a qual a praça encontra-se atualmente,
o seu principal uso no momento vem servido de estacionamento público, e o seu
interior visitado pouquíssimas vezes pelos moradores da região, uma vez que se
encontra em estado de má conservação. Com o objetivo de propor uma requalificação
de uso paisagístico e urbanístico na praça, a proposta inicial é oferecer um espaço
público de qualidade e conforto, atendendo as reais necessidades da população do
local e entorno. A metodologia de pesquisa para a criação deste trabalho deu-se por
meio de projetos, livros, teses, artigos, dissertações e em sites. Para uma proposta
paisagística, é fundamental a criação de um espaço público bem cuidado, arborizado,
onde as pessoas possam ter contato direto com a natureza e ao ar livre, palco de
eventos culturais que incentivam cada vez mais a qualidade de vida, espaços de
convivência que ofereça aos moradores e visitantes da região, recreação,
contemplação e incentive a socialização desde as primeiras horas do dia até a noite
e que se sintam atraídos a saírem das suas casas para fazerem pequenas
caminhadas e interagir com os moradores da vizinhança.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 24: Praça Doutor Fernandes Figueira, Ilha Do Leite, Recife, PE.
Figura 30: Piso da circulação intertravado e piso da área de convivência de terra batida.
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Figura 31: Banco em concreto e banco em madeira.
Figura 56: Mapa do bairro do Pina e Praça Marcantônio Vilaça Pina, Recife, PE.
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Figura 63: Piso em areia batida.
LISTA DE QUADROS
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................13
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.....................................................................17
1.7 Acessibilidade............................................................................................32
2 ESTUDOS DE CASO.....................................................................................38
2.1.1 Localização...............................................................................................38
2.1.4 Infraestrutura............................................................................................42
2.2.1 Localização...............................................................................................46
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2.2.4 Infraestrutura............................................................................................50
2.3.1 Localização..............................................................................................55
2.3.4 Infraestrutura............................................................................................56
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4.4.3 Memorial Justificativo...............................................................................82
CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................84
REFERÊNCIAS.................................................................................................85
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INTRODUÇÃO
Com o passar dos anos, o crescimento acelerado e desordenado das cidades tem
gerado cada vez mais mudanças na vida cotidiana, e com o avanço das tecnologias,
tem tornado cada vez menores o uso dos espaços livres públicos, como as praças, ou
esquecidas por um certo número de populações. A maioria dos parques e espaços
públicos estão negligenciados pelos gestores, suas condições atuais não são as mais
adequadas, o seu uso e a maneira de como são ocupados vem chamando atenção e
acarretando diversas consequências ambientais.
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particulares. É possível perceber que as condições atuais não são as mais adequadas,
os mobiliários estão quebrados, enferrujados; a iluminação muitas vezes éprecária, as
condições de acessibilidade são falhas e a falta de segurança para o usuário é
subliminar como por exemplo a Praça Marcantônio Vilaça, localizada no bairro do
Pina, que será trabalhada nesta pesquisa.
A Praça Marcantônio Vilaça está localizada entre as ruas: Rua Alexandrino Martins
Rodrigues, Via Mangue, Rua Joaquim Carneiro da Silva e Rua Antônio Pedro de
Figueiredo. A praça encontra-se num local onde o número de residências é maior que
o comercial. Mesmo possuindo uma área de residência maior, o uso da praça pelos
moradores é pouco. O estado de abandono da praça, a falta de manutenção, ou
atrativo gerou insegurança pelos moradores da região e visitantes da área.
Por conter espaços para estacionamento de veículos nas suas laterais, a utilização
maior da praça é para estacionamento de veículos. A praça é bastante arborizada e
de dia apresenta um bom resultado de sombreamento, mas devido a uma falta de
iluminação adequada à noite, e equipamentos que possam criar algum programa de
uso noturno, a praça costuma ser um local perigoso suscetível a assaltos.
Como justificativa para este trabalho, a proposta é oferecer um espaço que seja ideal
para descanso e lazer, esportes e recreação, compreendendo o uso de todos os
moradores e trabalhadores próximo a região, tornando um ambiente que seja
agradável, confortável e seguro, não somente durante o dia, mas principalmente nos
turnos onde a falta de iluminação natural, não venha a ser motivo de causar
insegurança a população moradora da área, ou visitantes.
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Os conceitos de paisagismo e acessibilidade que serão abordados neste trabalho
visam melhorar a paisagem existente, fazendo com que a praça novamente se integre
ao entorno implantando áreas que favoreçam o convívio social, através de mudanças
no mobiliário, melhorias na acessibilidade e no zoneamento da citada praça.
A praça por ser um bem público não visa apenas contemplar a população que reside
naquela região, mas de forma que também possa ser convidativa aos visitantes, e
outros moradores da região do Recife que estão passando por ali. Como uma praça
requalificada, novos usos se farão do seu espaço, as pessoas irão poder desfrutar de
novos equipamentos, mobiliários, das áreas criadas para convivência e descanso e
estético que é um dos que mais atraem a população, a praça passa então a oferecer
novas atividades e uso durante o seu dia a dia.
A metodologia desta pesquisa, deu início com um levantamento bibliográfico por meio
de livros, artigos, teses, normas, sites e projetos de espaços livres e desenvolvimento
de projetos para espaços livres públicos servindo de embasamento teórico para a
proposta, além disso, foram examinados três estudos de caso, in loco, com funções
semelhantes a da praça que está sendo estudada, observando também sua
distribuição e integração dos ambientes, fazendo uma análise comparativa entre seus
aspectos.
Será apresentada também uma pesquisa que foi realizada in loco onde está situada
a Praça Marcantônio Vilaça em busca de uma melhor compreensão da morfologia
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local, entendendo as reais necessidades paisagísticas que o espaço da praça busca
oferecer para os seus frequentadores. Foram realizadas análises em todo o entorno
da praça para entender e se preparar para as futuras possibilidades dos equipamentos
de acessibilidade, através de registros topográficos e fotográficos.
Três estudos de caso são abordados no segundo capítulo com as suas propostas e
uma análise dos mesmos, onde o objetivo é analisar e comparar a semelhança e
funcionalidade. O terceiro capítulo apresentará a caracterização da área contemplada
neste trabalho assim como a análise do seu entorno e os estudos dos condicionantes
térmicos e naturais na área como insolação e ventilação. O quarto capítulo mostrará
o programa e dimensionamento como também o zoneamento proposto, organograma
e o fluxograma, bem como o anteprojeto paisagístico de requalificação da Praça
Marcantônio Vilaça, composto de seus memoriais descritivo e botânico. Portanto, a
proposta desta pesquisa é criar um espaço de integração entre todos, onde a
convivência seja o foco principal, e as pessoas possam interagir mais umas com as
outras. A ideia é atrair a população para fora de suas casas, oferecendo uma melhoria
na condição social de vida.
Após essas etapas citadas acima, serão desenvolvidas algumas etapas pré-projetuais
como também será apresentado posteriormente o anteprojeto paisagístico de
requalificação da Praça Marcantônio Vilaça.
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1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os espaços livres públicos são áreas abertas, onde não possuem um tamanho ou
uma forma padrão, são delimitados por elementos estruturadores da paisagem e
podem ser desde uma calçada até um parque, desde que não haja impedimentos de
acesso e participação a qualquer tipo de pessoa.
Com origem nas primeiras cidades, o espaço público livre, se deu através de locais
onde a principal finalidade era de encontros de pessoas, reunião da vizinhança, em
volta de motivos religiosos ou de função própria de comércio, onde servia de um lugar
de encontro. Eram locais onde as pessoas trocavam informações em torno do lugar e
em geral da sociedade (MEDEIROS, 2007).
Matos (2010), trata do espaço público criando duas tipologias espaciais genéricas:
espaço público como locais de permanência e locais de circuito.
Segundo Sá Carneiro (2000) os espaços livres públicos são áreas com a mínima
proporção de elementos construídos e ou vegetação que influenciam diretamente na
qualidade de vida das pessoas. Podem ser ruas, avenidas, praças, jardins, etc., são
abertos à população em geral, são regidos por condições pré-estabelecidas pelo
poder público, e essenciais para a harmonia ambiental.
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local onde as pessoas possam descansar, se encontrar com amigos, interagir com
outras pessoas e com a própria natureza.
Figura 01: Marco Zero, Recife, PE. Figura 02: Orla da Avenida Boa
Viagem, Recife, PE.
A definição de espaços urbanos criados com as funções que a praça exerce nos dias
de hoje originou-se na Grécia e eram denominados de Ágora. Se inseriam no contexto
das cidades e eram destinados à manifestações públicas. A Ágora era um local aberto
onde os povos tomavam conhecimentos das decisões dos reis, onde deliberava-se a
favor de uma ou outra resolução, com plena legitimidade normalmente delimitado por
um mercado.
Para Lynch (2007), a praça é um modelo retirado das cidades europeias que pretende
ser um centro de atividades, normalmente é pavimentada, rodeada de ruas e contém
elementos para atrair as pessoas e facilitar encontros. Este conceito condiz com a
conFiguração da cidade no Brasil colônia que determina praça como local seco e, às
vezes, com equipamentos urbanos.
De maneira geral, pode-se dizer que a praça é local primordial do convívio social, é o
local do encontro das diferenças, o expoente dos espaços públicos. As praças
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agregam grande parte da vida da cidade e tem suas funções ligadas a sociedade que
as utiliza, pois, a comunidade com seus hábitos de uso e sua linguagem influenciam
diretamente em seus eventos. Sendo assim, as funções das praças variam conforme
o comportamento das pessoas em seu território, as mudanças sociais e históricas ao
longo do tempo, a evolução histórica leva a novas necessidades e modifica o
comportamento da sociedade.
O clima é outro fator que determina a função de uma praça, normalmente, por causa
do calor as praças estão sempre cheias se consolidando como um centro de reunião,
de contemplação, descanso e lazer. Já, em climas frios, desempenham o papel de
jardim público servindo apenas para contemplação.
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considerar o perfil da população podendo articular estas áreas com escolas, indústria,
comércio, entre outras.
Além disso, deve-se olhar a importância simbólica que é quando o espaço tem um
significado especial para os habitantes da cidade, isto é, tem algum sentido histórico
importante ou uma característica que se fosse extinta descaracterizaria o ambiente,
por exemplo, feiras e festas populares.
Leitão (2002) também aborda o conceito de praça, mostrando que estas são
“unidades urbanísticas fundamentais para a vida urbana, tendo sua função
diferenciada por sua especificidade, variando de acordo com mudanças sociais
importantes e nas novas formas de comportamento e necessidade da comunidade”
(LEITÃO, 2002, p.21).
Isto significa que cada espaço tem a utilidade urbanística definida e usos específicos
que indicam como as pessoas se apropriam desses lugares. Assim, as funções das
praças devem ser entendidas através de suas características morfológicas internas e
atreladas a morfologia urbana externa para oferecer um retorno à população.
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1.3 Praças no Brasil
No Brasil colônia, quando a praça surgiu, as cidades, então sesmarias, tinham sempre
um santo ao qual se fazia referência e para ele se construíam uma capela. O
sacerdote, responsável pela igreja, recebia uma quantidade de terra e podia reparti-la
para quem assim solicitasse, os usuários destes terrenos deveriam pagar a mesma o
foro.
As praças da época possuíam como elemento marcante uma igreja e eram para onde
as ruas da vila, normalmente, tortuosas convergiam. Tais praças diferenciavam das
praças medievais europeias, pois nas primeiras se realizavam todo tipo de atividade
sacra, mundana, civil e militar e as últimas tinham funções mais específicas. Por outro
lado, tinham como ponto em comum se desenvolver a partir de estruturas religiosas
ou entrepostos comerciais.
No final do século XIX, a urbanização colonial passa a ser substituída por um modelo
de cidade mais belo, moderno e salubre, como as reformas realizadas na Europa.
Assim, surgem as praças ajardinadas que comunga as tradições de praças e jardins
urbanos. Estas perdem algumas de suas funções como a comercial e militar e
agregam as funções contemplação à natureza e de descanso, que anteriormente
eram exclusivas dos jardins. Passando, as mais importantes, a serem objetos de
projetos paisagísticos.
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tornando as praças ajardinadas um marco nos espaços públicos livres. Entre as
décadas de 1930 e 1940, os playgrounds, com área de convívio familiar, piqueniques
e quadras poliesportivas, são criados (VITRUVIUS,2011).
Nos anos de 1970, as praças se espalham por toda a cidade sendo objeto de interesse
político e começam a adquirir funções distintas. Além disso, a população começa a
valorizar os espaços livres públicos em oposição à verticalização necessária devido
ao crescimento demográfico.
Continua sendo o lazer a função principal da praça, porém este se subdivide em lazer
contemplativo, o lazer esportivo e a recreação infantil que se tornaram áreas
definitivas nos projetos e começa a ser projetado o lazer cultural como bibliotecas
atraindo mais usuários. A estruturação do espaço era feita de forma tridimensional
utilizando para isto a vegetação substituindo os eixos tradicionais.
Com o passar dos anos, em 1980, houve o nascimento de uma preocupação ecológica
o que fez surgir muitas praças e órgãos públicos responsáveis pelas mesmas. Nos
anos 1990, o espaço livre público volta a atender as atividades comerciais e de
serviços como forma de atrair mais usuários além de absorver o fluxo de pedestres
tendo a preocupação de minimizar sua obstrução. A reunião destes conceitos e a
liberdade de criação caracterizam a corrente projetual contemporânea.
No século XIX, Recife vive uma crescente em obras governamentais entre elas
construções de ruas e edifícios públicos, além de algumas áreas ribeirinhas e alguns
cais que foram tratados com vegetação. A paisagem ia se transformando com
calçamentos, lampiões e moradores plantando aroeiras, gameleiras brancas e
vermelhas, caneleiras e mangueiras (VITRUVIUS,2011).
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Houve o ajardinamento dos antigos pátios remanescentes do período colonial ligados
às práticas religiosas e sua desvinculação da denominação religiosa, ganhando
designações ligadas ao Império. A expressão jardim que era usada se deve a um
caráter privado desses espaços devido aos gradis, e as características dos projetos
paisagísticos são os passeios delimitados pelos canteiros que formavam os recantos
de estar, uma estrutura em ferro, geralmente coretos; o uso do elemento água com
lagos ou fonte-chafariz; esculturas, árvores e palmeiras valorizando os edifícios do
entorno.
O Campo das Princesas, antigo Parque Friburgo, foi contemplado com seu
ajardinamento e serviu de modelo para a Praça Conde d’Eu, conhecida anteriormente
como Largo do Aterro da Boa Vista. A diferença entre estes projetos é que no primeiro
havia dois eixos perpendiculares fazendo a ligação dos edifícios do entorno e na praça
foi colocada uma fonte esculpida em Lisboa substituindo o chafariz existente.
Seguiram o mesmo padrão: a Praça Pedro II, que teve seu jardim construído num
largo fronteiriço a atual Igreja do Espírito Santo, onde existia um chafariz vindo
provavelmente da Praça da Boa Vista; e a Praça Visconde de Mauá em frente ao
Terminal Ferroviário do Recife que passou a ser chamada de Praça da Estação
Central e foi novamente reformado no início do século XX com remoção de canteiros
e mobiliário.
Também desta época foram a Praça Sérgio Loreto construída na Campina do Bode e
a Praça Oswaldo Cruz, na Lagoa Fernandes Vieira, ambos referências do paisagismo
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inglês com caminhos curvos, lagos, arranjos vegetais, pontes, pérgula e coreto. E
fazendo uma mescla entre os jardins ingleses e franceses a Praça da República.
Para atender a função higiênica os parques começam a ter áreas com maciços
vegetais relembrando a ideia dos bosques na cidade, um exemplo disto a Praça
Paissandu foi construída na área conhecida como Chora Menino, onde se instalaram
religiosos salesianos fundando um colégio. O mobiliário era em cimento um
contraponto com o do século anterior em ferro e madeira e não se utilizavam mais
gradil. O projeto paisagístico dessa fase atendia as funções artística, recreativa, além
da higiênica
Burle Marx valoriza a flora local respeitando o meio ambiente e a cultura regional. O
elemento água está presente na maior parte dos seus projetos proporcionando uma
continuidade na paisagem urbana recifense. Cada jardim é único, mas faz parte de
um conjunto introduzindo a ideia dos jardins serem tratados no centro da cidade e nos
bairros residenciais. Entre os projetos de Burle Marx está a Praça de Casa Forte, um
jardim com vegetação e água.
Algumas praças da cidade estão com aspecto de abandono por não serem prioridade
política e o poder público esperar que a sociedade se manifeste, porém relacionar os
espaços livres com os edificados se faz necessário para o equilíbrio ambiental e para
diminuir a poluição atmosférica. A melhoria da qualidade de vida é uma preocupação
mundial, no Recife estão sendo implantadas academias da cidade em diversas praças
como forma de incrementar as funções recreativa e educativa.
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1.4 O Paisagista Roberto Burle Marx
Nascido em São Paulo, Burle Marx desde pequeno foi incentivado por sua mãe a
conhecer as plantas do jardim de sua casa. Aos oito anos, começou seu próprio cultivo
e a criação de mudas e, em 1928, segundo Dourado (2009), foi morar na Alemanha
onde frequentou o Jardim Botânico de Dahlem que possuía uma parte dedicada a
flora brasileira com grande variedade de espécimes até então desconhecidos pelo
jovem Burle Marx.
Para Tabacow (2004), mesmo estudando Artes Plásticas, não se distanciou dos
jardins que é sinônimo de adequação ao meio ecológico levando em conta uma razão
histórica e considerando o meio natural. Pensava no local como arte que se modifica
a cada hora do dia, dependendo exclusivamente da iluminação e usava os elementos
minerais e vegetais como materiais de organização plástica.
Na entrevista feita por Oliveira (1992), vê-se que para a produção de um jardim, Burle
Marx realizava experiências plásticas com pavimentos e vegetações, porém sempre
subordinado às necessidades da cidade e às funções das áreas verdes. Quando
principiou os projetos de jardins, parques e praças, em Recife, foram como
descobertas de coisas novas, estudos da vegetação brasileira e sua inclusão foram
gradativos e até 1940 não se via grandes variações na construção formal de seu
jardim, a partir desta época agrupa a presença de pedras e rochas associadas à
vegetação autóctones o que se consolida na década de 1950 quando o volume de
trabalho levou-o a aproximar o urbano do regional.
Quanto à forma, os jardins de Burle Marx recebem várias classificações, alguns dizem
que derivam do paisagismo inglês do século XVIII, com formas curvas conFigurando
uma imagem romântica, porém com espécimes brasileiros; exemplo desta vertente
seria a Praça de Casa Forte, em Recife, onde no lago foram colocadas vitórias régias
exemplo da flora amazônica. Outros contestam, afirmando que os jardins ingleses
imitavam o ambiente natural o que não acontecia com o paisagista brasileiro cujos
traçados curvos usados em seus projetos originavam-se de uma forma plástica
abstrata que se ajustava às características naturais dos locais onde ocorria a
intervenção e que conversava com outra característica plástica muito usada que era
a assimetria. Exemplo disso é o terraço-jardim do Instituto de Resseguros do Brasil,
no Rio de Janeiro.
Conforme Medeiros (2007), em relação aos espaços públicos, Burle Marx começa a
planejar quais áreas seriam inseridas nestes jardins modernos e ressaltou quatro
funções principais: a recreativa, a artística, a educativa e a ambiental. Já previa a
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importância que estes locais teriam com o aumento da verticalização das construções
e o aumento populacional das cidades devido a diminuição de espaços de recreação
privados. Para Burle Marx o jardim moderno é o pulmão das cidades além de ser o
local onde as crianças têm uma área ampla e um ar desprovido de poluição,
agregando a isso inseria mostras da vegetação nacional. Para a composição de tais
praças tinha como estratégias definir uma hierarquia de elementos de interesse,
levando o observador da periferia ao centro do ambiente, trabalhando contrastes de
luz e sombra e escalas de massas vegetais.
Figura 03: Orla da Avenida Boa Viagem. Figura 04: BR 101, Recife, PE.
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técnicos como iluminação, clima, volumes e espaços, fotos são tiradas, são definidas
as dimensões no local, são feitas entrevistas com os usuários e são elaborados
croquis levando-se em consideração os objetivos aos quais se propõem a obra.
Para Lima (2010), no projetos paisagísticos um dos objetivos é criar beleza através
de intenções estéticas compostas por elementos naturais e vegetais, compostos por
sombras, aromas, luz e texturas entre outros, com o intuito de possibilitar mais
liberdade aos usuários dos espaços.
A criação de um projeto paisagístico para uma praça, por exemplo, é preciso reunir
todas as informações possíveis da área, levantando informações técnicas, como a
iluminação, o clima, a vegetação, taxas de solo, entorno e etc. Após isso, se inicia o
processo projetivo, onde é criado o anteprojeto, através dele que serão estudados as
diferentes formas e disposições adequadas para o espaço, esse é o momento onde é
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desenvolvido as plantas baixas, os agenciamentos, testes de materiais entre outros.
Por fim, inicia-se a última parte, onde é elaborado o projeto executivo, que contém
todos os tipos de plantas que possuem informações referentes a construção do
projeto, os manuais de manutenção dos jardins, memorial botânico, as disposições
dos mobiliários, todas as especificações necessárias para a execução da praça. Isso
garante que o espaço e a vegetação fiquem harmônicos, como também atendam as
principais funções previstas para a área projetada (ABBUD, 2006).
Neste tema abordará todos os itens estruturais que se inserem no espaço definido e
como eles influenciam no aspecto paisagístico daquele local. Os projetos de
infraestrutura são trabalhos da esfera pública e seus objetivos e técnicas deveriam ser
familiares aos arquitetos paisagistas, por ser expressão da identidade regional e
revelar limitações únicas e oportunidades inerentes ao lugar, como clima, hidrologia e
topografia. Os projetos de infraestrutura não deveriam ser isolados, deveriam fazer
parte da paisagem social e recreativa para que a sociedade possa apreciá-lo como
paisagens atraentes.
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como taludes que melhoram sua declividade e diminuem sua erosão. Muitas vezes é
necessária a criação de desníveis através de cortes e aterros, implantando escadarias
muitas vezes combinadas com rampas que facilitaria a circulação de deficientes
físicos além de muros de contenção sendo mais uma forma de alteração do
ecossistema e da paisagem.
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mobiliário urbano: bancos e mesas, brinquedos, aparelhos de ginástica, bustos,
telefones públicos entre outros que contribuem para a habitabilidade do local.
A iluminação tem importância elevada, devendo ser bem estudada, uma vez que
depende de outros fatores para sua eficiência como a tipologia e a vegetação
existentes no local, ela, também, pode ser dividida em dois grupos a iluminação das
vias que dão acesso ao espaço e a iluminação do próprio espaço. A melhoria da
segurança é um dos pontos principais a ser contemplado num projeto de iluminação,
além disso, pode-se ressaltar pontos focais, indicar caminhos e reforçar as funções
de cada área garantindo um bom desempenho do usuário
1.7 Acessibilidade
Portanto a humanização dos espaços públicos deve ser uma preocupação premente
para que os pedestres tenham boas condições de caminhar na cidade. O tratamento
das calçadas deve ter uma atenção especial, de forma que seja adequado para a
circulação como isto não ocorre pode-se observar frequentemente conflitos entre o
pedestre e o automóvel, impedindo muitas vezes o deslocamento a pé.
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se ter uma boa infraestrutura principalmente na área de transporte. Em muitas cidades
estão sendo adotadas medidas para qualificar o espaço de circulação, o que se
materializa em três fatores quais sejam segurança, fluidez e condições de
sociabilidade.
Num espaço público, especialmente em praças, que visa a atender a toda uma
comunidade a acessibilidade é um item fundamental no projeto, pois, segundo o IBGE
(2006), 14,5% da população brasileira sofrem com algum tipo de impedimento que
dificulta o acesso a ruas, meios de transporte, mobiliário urbano, edifícios públicos e
privados. Por isso, segundo Bernardi e Kowaltowisk (2007), na década de 90 foi
reunido um grupo de arquitetos para estabelecer os princípios fundamentais do
Desenho Universal:
a. Uso equitativo: o projeto não pode criar desvantagens ou estigmatizar qualquer
grupo de usuários;
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d. Informação perceptível: projeto comunica informações efetivas ao usuário,
independentemente das condições do ambiente e das habilidades sensoriais do
usuário;
g. Tamanho e espaço para acesso e uso: apropriados para acesso, manipulação, uso,
independentemente do tamanho do corpo, postura ou mobilidade do usuário.
A acessibilidade nas praças deve contemplar alguns pontos essenciais, um deles trata
da dimensão das áreas de circulação que leva em consideração o dimensionamento
de pessoas em pé e da largura para deslocamento em linha reta para pessoas e
cadeiras de rodas (Figuras 05 e 06).
Figura 07: Piso tátil direcional. Figura 08: Piso tátil de alerta.
O piso deve ter superfície regular, não pode provocar trepidação em dispositivos com
rodas e deve-se evitar utilização de padronagem que possa causar sensação de
insegurança com as grelhas e juntas de dilatação, de preferência, fora do fluxo
principal. Nos equipamentos urbanos todas as entradas devem ser acessíveis bem
como as rotas de interligação, sendo que em reformas a locais já existentes pelo
menos uma entrada deve estar interligada a rota acessível assim como o percurso do
estacionamento e a entrada principal.
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Figura 09: Exemplo de rebaixamento de calçada.
Outra forma de facilitar o fluxo de pedestres são as faixas elevadas no leito carroçável,
estas devem ser sinalizadas com faixas de pedestre e ter declividade transversal de
no máximo 3%. O dimensionamento desta faixa é feito nos mesmos padrões da faixa
de travessia de pedestres acrescida da rampa de transposição para veículos.
Outra preocupação se dá com o mobiliário pelo menos 5%, com no mínimo uma das
mesas para jogos ou refeições devem ser especificadas com altura entre 0,75 e 0,85m
e uma aproximação frontal de 0,50m para baixo da mesa (FIGURA 10), além disso
10% do total devem ser adaptáveis para acessibilidade.
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Figura 10: Espaçamento necessário para mesas acessíveis.
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2 ESTUDOS DE CASO
Serão abordados neste capítulo os estudos de caso, fazendo a análise de três praças.
A primeira delas é a Praça Professor Barreto Campelo, no bairro da Torre, em seguida,
a Praça Doutor Fernandes Figueira, no bairro Ilha do Leite e por último, a Praça do
Entroncamento, no bairro Graças, todas na cidade do Recife.
2.1.1 Localização
É uma das praças mais conhecidas do Recife, contudo seu projeto inicial não tem
autor, nem ano identificados e sua última reforma foi em 1999. O bairro da Torre se
localiza na 4ª Região Político-Administrativo do Recife, e possui 118,8 hectares com
população de 16.931, segundo censo IBGE (2000).
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Figura 11: Praça Prof. Barreto Campelo.
Esta praça é uma das mais utilizadas pela comunidade do bairro, seu uso é diário e
por diferentes grupos durante o dia como: estudantes, moradores praticantes de
atividades físicas, entre elas futebol, karatê e capoeira; e pais acompanhando suas
crianças ao playground. O entorno é composto principalmente por residências,
havendo ainda a Escola Maciel Pinheiro e o Centro Comunitário Padre Romeu que
atende a população da Vila Santa Luzia e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário que
utilizam o espaço como um local de atividades (Figura 12).
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2.1.2 Breve histórico
As terras da Torre, até os fins do século XVI, eram abandonadas quando foram
adquiridas por D. Marcos André que ali fundou um moderno engenho movido a
animais. Segundo Guerra (1970), em 1633, a propriedade foi ocupada pelos
holandeses que construíram uma fortificação, a fim de atacar o forte real do Bom
Jesus, e ali permaneceram até 1635, deixando a propriedade arrasada, porém
permanecendo nas suas redondezas até 1954, quando o engenho foi restaurado.
Neste bairro foram construídas várias fábricas como o Cotonifício da Torre, da qual
permanece o prédio embora a fábrica já tenha fechado e uma olaria representada na
paisagem de hoje por sua antiga chaminé (Figura 14). Foi implantado uma academia
da cidade na área ao lado da chaminé, área na frente da praça. Além das indústrias,
havia no bairro um cinema chamado Cine Torre, onde até o final dos anos 60 era
ponto principal do bairro principalmente aos domingos durante suas matinês, e no mês
de dezembro há tradicional festa de Santa Luzia, na praça em frente à Igreja.
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Figura 14: Academia da Cidade e a chaminé da antiga olaria.
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Figura 15: Playground e área de convivência.
2.1.4 Infraestrutura
Segundo Leitão (2000) em uma praça é necessário utilizar elementos construtivos que
facilitem a manutenção e contribuam para uma melhor utilização dos recursos da
cidade para cuidar dos espaços públicos. A Praça da Torre está dividida em duas
partes, sendo a maior com as áreas gradeadas estabelecendo um limite entre o fora
e dentro, além de oferecer proteção, pois, nesta porção existem o playground e a
quadra poliesportiva, que necessitam de ser mais resguardados devido às crianças,
no primeiro caso e o uso da bola, no segundo, que não deve incomodar os outros
usuários. Na outra parte da praça a cerca protege apenas os jardins, sendo, portanto
baixa (Figura 17).
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Figura 17: Gradil da quadra poliesportiva e da área de jardim.
A escolha do piso é um item importante para a praça, pois deve ser adequado a cada
área do projeto quer seja para circulação, recreação e lazer, plantio de espécies ou
instalação de equipamentos. No caso em estudo o piso é de cimento nas áreas de
convivência, circulação e quadra; na circulação existem algumas demarcações em
pedra, nas áreas de convivência existem mosaicos em cerâmica e nas áreas
destinadas às crianças têm-se areia fofa (Figura 18).
O mobiliário urbano deve ser planejado de forma a evitar sua banalização e para que
a paisagem não fique repetitiva, além disso, as peças devem ser tratadas como
unidades em si mesmas e não como um conjunto, assim o material, a cor, o desenho
deve considerar cada praça em particular. Na Praça Barreto Campelo, foram usados
bancos em madeira, nas áreas de convivência, na quadra, no playground e na área
da escultura são bancos de cimento (Figura 19). Os brinquedos existentes são de
cimento e de ferro com cores variadas que estimula as atividades infantis.
43
Figura 19: Banco em madeira na área de convivência e banco em cimento no playground.
Existe nesta praça um monumento que faz alusão a Igreja Nossa Senhora do Rosário, marco
inicial do bairro, localizado na porção maior; ele possui uma base circular com altura superior
ao piso que serve também como banco e no interior da circunferência há um pequeno
gramado, e uma escultura, feita em acrílico, na porção menor localizada na altura do piso. As
lixeiras são indispensáveis no espaço público, sua cor, forma, materiais e texturas necessitam
de estudo, pois irão compor a paisagem precisando está harmonizada com o entorno (Figura
20).
44
A iluminação pública, na praça em estudo, é composta com postes de ferro em todas
as áreas com exceção da quadra, cuja iluminação é feita com refletores (Figura 21).
Além disso, o monumento da cruz também fica iluminado durante a noite, assim como
o gazebo e a construção existente, todos os pontos de luz têm a fiação embutida para
não ter interferência visual, como também os pontos de telefonia composto de telefone
público feito em fibra.
No espaço da praça ainda existe uma parada de ônibus em ferro e um posto policial
em contêiner (Figura 22), além de vegetação abundante composta de árvores de
grande porte nativas, principalmente na porção de maior, onde se localiza o
playground (Figura 22). A porção menor tem aparência de jardim com áreas cobertas
com grama esmeralda e espécies herbáceas como a conhecida popularmente como
espirradeira. A acessibilidade é contemplada com acessos para pessoas em cadeira
de rodas a praça e na construção existente na porção menor. Nas laterais da praça
existem áreas de estacionamento além de ser permitido estacionar em volta (figura
23).
45
Figura 22:Posto policial e piso com grama esmeralda.
2.2.1 Localização
Localizada no bairro Ilha do Leite, a Praça Doutor Fernando Figueira, possui uma área
total de 5.302,00m², e fica entre as ruas Estado de Israel, Marques de Amorim, José
de Alencar e Francisco Alves, e é dividida em três porções.
A primeira parte, está a maior porção do conjunto, onde se encontra o maior número
de atividades e funções, como a de recreação, convívio social, religioso e
contemplativa. A segunda porção é um giradouro, que faz parte também, e por último,
tem-se nesta praça a Academia da Cidade (Figura 24).
46
Figura 24: Praça Dr Fernandes Figueira, Ilha do Leite, Recife, PE.
Pelo fato de o bairro ser o segundo maior polo médico no Brasil, no entorno da praça
é possível observar em grande quantidade de edifícios empresariais, consultórios
médicos e restaurantes. E nas ruas próximas tem-se escolas e residências. A primeira
praça possui um traçado simples, mas orgânico e intenso uso de vegetação de
pequeno, médio e grande porte.
Conta com uma fonte em sua área central que a torna ainda mais agradável tornando-
se área de contemplação. Em sua extremidade seus equipamentos são considerados
elementos de composição fundamental e estão distribuídos de forma a valorizar ainda
mais o espaço. A terceira praça possui menos agenciamento, e este é mais retilíneo,
menos a pista de cooper que possui, em sua periferia (Figuras 25 e 26).
47
Figura 26: Residências e escola no entorno.
48
Figura 28: Capela.
A Praça Doutor Fernando Figueira apresenta diversas funções, como: a de estar, com
diversos bancos e uma grande fonte; a função de esporte refere-se a caminhada ao
redor da praça e na academia da cidade onde ocorrem aulas diariamente; a função
educativa através do playground onde as crianças podem brincar e a função de lazer,
por meio dos diversos espaços de permanência que a praça possui (Figura 29).
Por estar em uma área predominantemente comercial e por ter uma escola e
residências em sua proximidade, também é uma praça que propicia as atividades
recreativas além de ser um local bastante arborizado com boa quantidade de áreas
de sombreamento onde se verifica várias fruteiras antigas e espécies ornamentais
além de alguns arbustos floríferos.
49
2.2.4 Infraestrutura
A Praça não possui gradil no seu entorno, sendo delimitada, entre o dentro e o fora,
por bancos em concreto na área do playground e próximo à área de estar. O piso é
de blocos intertravados nas áreas de convivência e circulação, mudando as cores para
demarcar áreas distintas, no playground o piso é de areia batida (Figura 30).
Figura 30: Piso da circulação intertravado e piso da área de convivência de terra batida.
50
As lixeiras desta praça são em plástico na cor vermelha, unitária, espalhadas e existe
também as de coleta seletiva com distinção entre o tipo de lixo (Figura 32). A
iluminação pública é composta com postes de ferro em todas as áreas sendo que na
capela é feita com refletores. Os pontos de iluminação têm a fiação embutida para não
ter interferência visual, como também os pontos de telefonia composto de telefone
público feito em fibra (Figura 33).
No espaço da praça ainda existe uma parada de ônibus em ferro, um posto policial, e
bicicletário público (Figura 34). A acessibilidade é contemplada com acessos para
pessoas em cadeira de rodas e sinalização tátil de alerta direcional próximo a
obstáculos, como também rebaixo de calçadas (Figuras 35 e 36). Não existem áreas
de estacionamento fazendo com que as pessoas estacionem na sua proximidade. A
presença de sinalização é constante (Figura 37). Em sua proximidade existe também
51
ponto de taxi. A vegetação é composta por árvores de grande e médio porte como pau
brasil, pequeno porte como as arbustivas e grama esmeralda, estando localizadas por
toda área principalmente nas de convivência e em torno da fonte (Figura 38).
52
Figura 37: Sinalização e banco em concreto e jardineira.
2.3.1 Localização
Situado na Zona Norte do Recife, o bairro das Graças está situado na 3ª Região
Político-Administrativa do Recife (RPA 3), microrregião 3,1, e possui uma área de
aproximadamente 144 hectares, com cerca de 20.538 de população residente (PCR,
2018).(FIGURAS 39, 40, 41 E 42).
53
Figura 39: Praça do Entroncamento, Graças, Recife, PE.
Fonte: PCR, modificado pela autora 2018 e Google Maps, modificado pela autora, 2018.
54
Figura 42: Residencial no seu entorno.
Segundo Cavalcanti (2002) no dia 22 de julho de 1870, foi criada a freguesia de Nossa
Senhora da Graça da Capunga, que abrangia não só este bairro, como também
abrangia o bairro de Campo Grande. O surgimento do bairro das Graças, originou-se
assim como em qualquer outro bairro da cidade do Recife, a partir de
desmembramentos de sítios, e o nome do bairro, é em homenagem à padroeira da
matriz das Graças, Nossa Senhora da Graça.
A praça foi executada na mesma época da Praça Sérgio Loreto (1926) no bairro de
São José, onde segue a mesma concepção de obra de aformoseamento urbano. Nos
anos 1935, a praça foi reformada por Burle Marx, onde manteve-se a fonte, a qual
ocupa o núcleo da praça, envoltas de palmeiras imperiais, e centenas de mangueiras,
que dominam o restante do espaço, gerando grandes áreas de sombreamento para
os usuários que ali chegam para descansar (SÁ CARNEIRO E MESQUISTA, 2000).
55
A praça oferece aos seus usuários diversas utilidades, como de contemplação, por
meio da fonte (Figura 43) que está localizada no núcleo central da área de
permanência e descanso por conta da disposição dos bancos que são encontrados
em áreas de grande sombreamento e outros situados em diferentes áreas da praça,
de lazer, uma vez que a praça oferece uma área com mesas para realização de jogos
e atividades sociais e recreativa, existindo uma área dedicada para o público infantil
contendo alguns tipos de brinquedos (Figura 44).
2.3.4 Infraestrutura
A Praça não possui gradil no seu entorno apenas na área de lazer e playground, com
isso evita que as crianças que estejam nesta área corram para as avenidas que são
de alto fluxo. Parte de seu entorno é delimitada por elemento em ferro que pode ser
56
usado como apoio (Figura 45). O piso da praça é feito de dois tipos de elementos, o
primeiro é a pedra portuguesa nas cores brancas e pretas são aplicados de modo que
lembram um movimento de ondas, e são encontrados principalmente nas de
circulações (Figura 46). Já outra parte é feita de terra batida e grama esmeralda.
57
Figura 47: Banco em concreto, zoomórfico.
Os brinquedos existentes são em ferro com cores variadas que estimula as atividades
infantis. As lixeiras encontradas na praça estão espalhadas de forma adequada,
possibilitado que os usuários tenham o acesso de maneira mais fácil, isso faz com
que a praça se mantenha mais limpa por mais tempo. As lixeiras são fabricadas em
plástico de cor vermelha (Figura 49).
58
O que chama também bastante atenção na praça é a sua fonte (Figura 50) que está
implantada no centro, de acordo com Sá Carneiro e Mesquita (2000), a fonte é
fabricada em ferro forjado, com uma coluna decorada por uma estátua feminina e
possui gárgulas que onde se jorra água em uma grande bacia circular decorada por
garças. Em relação a iluminação pública da praça é composta com postes de ferro em
todas as áreas. O monumento da fonte também fica iluminado durante a noite.
Na praça também existe uma parada de ônibus em ferro e um ponto de taxi localizada
em frente à Avenida Rui Barbosa, como também bicicletário público possibilitando que
seus usuários tenham várias opções de mobilidade nas áreas da praça (Figuras 51 E
52). Além de vegetação abundante composta de árvores de grande porte nativas,
principalmente na porção de maior, onde se localiza o playground. Existem também
uma porção menor que tem aparência arbustiva (Figura 53). Analisando as áreas de
vegetações da praça, observa-se que a área é bem arborizada e oferece aos usuários
uma boa quantidade de sombreamento e uma melhor temperatura. Passeando pelo
local, pôde-se constatar diversos tipos de vegetações principalmente nas
extremidades das suas laterais Em relação a acessibilidade é contemplada com
rampas de acessos e piso tátil. Contém telefônico público (Figura 54).
59
Figura 51: Parada de ônibus e Ponto de táxi.
60
Figura 54: Rampa de acesso e piso tátil.
Com base na análise do Quadro 01, observa-se que as praças estudadas possuem,
praticamente, as mesmas funções. Todas contam com equipamentos urbanos
suficientes e bem conservados para as pessoas que utilizam estes espaços, sendo as
praças Professor Barreto Campelo e do Entroncamento que têm a melhor distribuição
das áreas e melhor conservação de piso e calçada.
Por serem praças de bairro e que são importantes para os mesmos tem bastante
movimento, sendo necessário que houvesse estacionamento para facilitar sua
visitação, o que não tem na Praça do Entroncamento, sendo o local prejudicado, pois
muitas pessoas não conhecem tais espaços e passam apenas de carro.
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Quadro 01: Quadro comparativo.
62
3 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Neste capítulo serão abordadas as características da área em estudo que será alvo
da proposta de anteprojeto paisagístico da Praça Marcantônio Vilaça, no bairro do
Pina, localizado em Recife, PE. Apresentará, também, o contexto histórico da
localidade, o zoneamento e a infraestrutura atual da praça, os estudos de ventilação
e insolação, alguns estudos do entorno e legislações e normas do município para o
desenvolvimento desse anteprojeto paisagístico de requalificação.
Situado ao sul de Recife, o bairro do Pina tem como limites os bairros: Brasília
Teimosa, ao norte; Boa Viagem, ao sul; o Oceano Atlântico, ao leste; e, a oeste, o
bairro de Afogados (SILVA, 1990, p.13) (Figura 55).
Em 1920 foi construída a primeira ponte do Pina ligando o bairro do Recife ao Pina e
depois a construção da Avenida Herculano Bandeira em 1926, que se tornou eixo de
ligação entre o Recife e a praia. Com o advento da construção das pontes favoreceu
a imigração e ocupação do bairro.
63
Segundo a PCR (2018), o bairro do Pina possui uma área de 629 hectares e sua
população é entorno de 29.176 habitantes (IBGE, 2018), com sua renda mensal de
R$ 954,00/hab, e sua densidade de 46,38hab./ha.
Figura 56: Mapa do Bairro do Pina e Praça Marcantônio Vilaça Pina, Recife, PE.
64
O piso é de cimento nas áreas de circulação externa, grama na área da vegetação,
areia na maior parte da praça e pedra rachão em alguns acessos da circulação externa
para o seu interior.
Onde existia o espelho d ́água hoje encontra-se um banco de areia. Não há orelhões
e só possui duas lixeiras. Não existe acessibilidade no local, observam-se diversas
barreiras para portadores de necessidades especiais. Nas entradas principais há
rampas de acesso com piso tátil alerta mas não há o piso tátil direcional.
Da área de circulação externa da praça para o seu interior existe um desnível de piso
inapropriado para um cadeirante ou portador de necessidades. Apesar de
encontramos pontos de água locados, os mesmos não funcionam. Sendo assim, não
é possível a irrigação da área verde existente no local. Muito lixo também é encontrado
na área da circulação externa (Figuras 57 à 63).
65
Figura 59: Playground e poste de iluminação existentes
66
Figura 62: Posto policial existente e acessos a rede hidráulica da praça.
Á área não é acessível. Existem desníveis de piso na circulação para seu o interior.
Existem algumas demarcações em cerâmica, nas áreas de convivência há uma
pintura diferenciada com cores vivas e na quadra, está pintado na cor verde. Porém
todo o piso está necessitando de manutenção, visto que as áreas pintadas já estão
descascando, e as placas de concreto estão destacando ou sendo levantadas pelas
raízes das árvores existentes. O piso do playground é de areia batida.
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Figura 66: Residência e escola no entorno.
69
- LEI Nº 16.243/96, estabelece a política do meio ambiente da Cidade do Recife e
consolida a sua legislação ambiental, mediante a instituição do Código do Meio
Ambiente e do Equilíbrio Ecológico da Cidade do Recife.
70
4 ANTEPROJETO PAISAGÍSTICO DE REQUALIFICAÇÃO DA PRAÇA
MARCANTÔNIO VILAÇA, PINA, RECIFE, PE
Para se definir o programa que será seguido na proposta da Praça Marcantônio Vilaça,
deve-se estudar a área qual será desenvolvida, verificar quais funções farão parte da
praça e por consequência os espaços necessários, para isto existem fatores
importantes que devem ser levados em consideração: quem são e quais os desejos e
interesses dos usuários do local, as características e a história da área onde a praça
está inserida, e o clima da mesma.
71
respectivos equipamentos, pois muitos deles estão espalhados pelos espaços da
praça sem uma melhor integração e isso pode gerar alguns espaços ociosos.
O playground é uma área com ou sem brinquedos e deve ser formalmente variado e
possível de serem alterados, devendo atender às necessidades infantis,
principalmente respeitando à faixa etária. Tem como objetivo incitar as atividades
física, motora e social entre as crianças. As condições dessas áreas são: segurança,
áreas bens arborizadas, áreas de convivência próximas, onde ficam os responsáveis
das crianças, brinquedos instalados em caixas de areia, materiais adequados sem
riscos de acidentes.
72
A quadra de esportes tem por fim, a recreação ou a prática de diversas modalidades
esportivas, não é preciso adotar as medidas padrões, bastando manter a
proporcionalidade. Para a implantação de quadras descobertas aqui na cidade do
Recife, foi definido seu posicionamento no eixo noroeste-sudeste (ou o mais próximo
possível dele), em função do ofuscamento provocado pelos raios solares. Foi
delimitada uma área de lazer com chafariz saindo do piso, tendo seu elemento água
que são presentes nos projetos de Burle Marx.
A praça será dividida em 7 espaços que oferecerá aos seus usuários diversas opções
como uma área de convivência, um playground, uma área com mesas para jogos ou
73
piquenique, um espaço multiuso que poderá ser utilizado para esportes, exposições
ao ar livre ou qualquer função educativa, delimitada com uma quadra poliesportiva,
auxiliando as escolas existentes nas proximidades em suas atividades educativas.
Uma área para atividade física, um monumento relacionado a história da praça e o
posto policial. A ideia é manter as árvores existentes, como também a maioria das
espécies de médio porte pois o local apresenta uma quantidade de vegetação inferior
do esperado, devido a isso novos tipos de vegetação serão indicados para
implantação do local, cujo objetivo é promover uma área agradável diminuindo assim
as zonas de calor no local, influenciando a maior frequência e permanência dos
usuários.
74
Figura 70: Fluxograma proposto.
75
O principal objetivo deste anteprojeto é proporcionar a sociedade um espaço que
frequente os mais variados tipos de uso como descanso, contemplação, recreação,
lazer, educação e esportes, criando formas de convivência entre as diversas classes
sociais que visitam o local. Somando-se a isso trazer uma experiência mais rica, em
especial, às crianças que estudam nas escolas em torno da praça, melhorando o nível
de aprendizado e o interesse em frequentar às aulas.
76
BANCOS MODULADOS EM
MADEIRA AGREGADO
COM JARDINEIRAS
PLAYGROUND EM MADEIRA DE
DEMOLIÇÃO
77
ÁREA PARA ATIVIDADE COM BANCOS DE
FÍSICA CONCRETO E
MOBILIÁRIO EM AÇO
PERGOLADO EM MADEIRA DE
DEMOLIÇÃO
Fonte: À autora,2018.
No projeto paisagístico foram escolhidas, em sua maior parte, espécies adeptas com
o clima do litoral, e que na sua composição ficassem harmoniosas, que pudesse haver
contrastes entre cores, formatos e texturas tão usados por Burle Marx. Na praça já
possuía algumas árvores de grande porte e foram mantidas. Foram adicionadas
algumas de médio e pequeno porte, arbustos e gramas, que além de suas funções
botânica trás também um embelezamento da área trazendo um conforto e bem estar
aos usuários.
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As espécies tem que ser de fácil manutenção, pois os serviços de jardinagens serão
de responsabilidade da Prefeitura do Recife em parceria com a Emlurb (Empresa de
Manutenção e Limpeza), evitando o crescimento desordenado das espécies. A seguir
no quadro 04, serão listados os tipos de vegetais que foram estudados e definidos
como também sua especificação.
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Na proposta da praça foi pensado na disposição de cada espaço com sua determinada
função, baseado nos estudos realizados a partir de seus condicionantes. O partido
utilizado foram as grandes vitórias régias do projeto Jardim privado em São Paulo,
Vargem Grande Farm de Burle Marx que tem sua forma circular e através de traçados
curvos e sinuosos foram desenvolvidos os agenciamentos e divisões das áreas.
Foi planejada uma área de atividades físicas. Foram utilizados diversos tipos de piso
como areia batida, piso intertravado, forrações e vegetação com diferentes tipos de
sombreamento, porte e cores.
Foi proposta em uma área de lazer, chafariz saindo no piso, agregado mais um atrativo
para o local e também fazendo presente o elemento água existente baseado no
projeto inicial de Burle Marx, além de ser um fator que contribui para amenizar o clima
e ser mais uma opção na área de contemplação.
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O estudo da insolação também foi importante neste caso, e mostrou que a cobertura
vegetal existente hoje, fornece um sombreamento não suficiente nas áreas da praça.
Foi inserido um monumento fazendo ligação ao nome da praça.
Um bicicletário do tipo calha no piso foi disposto no local. O posto policial foi relocado
e teve mudança na sua estrutura para aumentar a segurança da sociedade do bairro
e de seus visitantes que não se sentirão aprisionadas e sempre que passarem por ali
terão vontade de contemplarem as flores e respirar um ar melhor.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos estudos de caso realizados in loco, pode-se fazer uma análise do funcionamento
de três exemplos aqui mostrados, de praças que contivessem programas similares
com o objetivo de acrescentar informações positivas e evitar a erros na proposta do
anteprojeto paisagístico de requalificação da praça. Foram levados em consideração
os aspectos físicos, também sua funcionalidade e segurança.
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85
REFERÊNCIAS
CARNEIRO, Ana Rita Sá; MESQUITA, Liana de Barros. Espaços livres do Recife.
Recife: UFPE, 2000
DIAS, Joaquina Conceição; SILVA, Sandra Maria Batista; PEREIRA, Aires José. Um
estudo sobre as calçadas do bairro de São João em Araguaína, TO. Revista
Eletrônica de Geografia, 2010.
LEITÃO, Lúcia. As praças que a gente tem, as praças que a gente quer: – manual
de procedimentos para intervenção em praças. Prefeitura do Recife. Recife, 2002.
LIMA, Igor Grecco; BARROCA, Bruna Barbosa; MIRANDA, Antônio Claret Pereira;
D’OLIVEIRA, Pérsio Sandir. Jardim com plantas medicinais. Programa de Iniciação
Cientifica, 2010.
85
86
LYNCH, Kevin. A boa forma da cidade. Lisboa: Edições 70, Abril 2007
MACEDO, Sílvio Soares e ROBBA, Fábio. Praças brasileiras. São Paulo: EDUSP,
2002.
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SANTIAGO, Zilsa Maria Pinto; SANTIAGO, Cibele Queiroz; SOARES, Thaís Silveira.
Acessibilidade no espaço público: o caso das praças de Fortaleza. Departamento
de Arte e Design, 2016.
TABACOW, José. Roberto Burle Marx arte e paisagem. São Paulo: Studio Nobel,
2004.
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APÊNDICES
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