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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO

PAULO CÂMPUS CAMPINAS

GUILHERME LENIN COSSU

WORKEER: SISTEMA DE TRANS EMPREGABILIDADE

CAMPINAS
2021
GUILHERME LENIN COSSU

WORKEER: SISTEMA DE TRANS EMPREGABILIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como exigência parcial para
obtenção do diploma do Curso de
Tecnologia em Análise e Desenvolvimento
de Sistemas do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia Câmpus
Campinas.

Orientador: Prof. Me. André Luís


Bordignon

CAMPINAS
2021
Ficha catalográfica
Instituto Federal de São Paulo – Câmpus Campinas
Biblioteca
Rosangela Gomes – CRB 8/8461

Cossu, Guilherme Lenin


C836w Workeer: sistema de trans empregabilidade / Guilherme Cossu Lenin. –
Campinas, SP: [s.n.], 2021.
54 f. il. :

Orientador: André Luís Bordignon


Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo Câmpus Campinas. Curso de
Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, 2021.

1. Pessoas transgênero (identidade). 2. Emprego. 3. Aplicativos móveis. I.


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo Câmpus
Campinas. Curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. II.
Título.
Ministério da Educação
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
Câmpus Campinas
COORD CUR TEC EM INFORMATICA - CONC/SUBS

ATA N.º 29/2021 - TEINFO-CMP/DAE-CMP/DRG/CMP/IFSP

Ata de Defesa de Trabalho de Conclusão de Curso - Graduação

Na presente data, realizou-se a sessão pública de defesa do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado Workeer: Sistema de empregabilidade,
apresentado(a) pelo(a) aluno(a) Guilherme Lenin Cossu do Curso SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO
DE SISTEMAS(Campus Campinas). Os trabalhos foram iniciados às 19:00 pelo(a) Professor(a) presidente da banca examinadora, constituída
pelos seguintes membros:

Presença
Membros Instituição
(Sim/Não)

André Luís Bordignon (Presidente/Orientador) IFSP Sim


Michele Cristiani Barion (Examinador 1) IFSP HTO Sim
Rafael da Silva Muniz (Examinador 2) IFSP Sim

Observações:

A banca examinadora, tendo terminado a apresentação do conteúdo da monografia, passou à arguição do(a) candidato(a). Em seguida, os
examinadores reuniram-se para avaliação e deram o parecer final sobre o trabalho apresentado pelo(a) aluno(a), tendo sido atribuído o seguinte
resultado:

[ x] Aprovado(a) [ ] Reprovado(a)

Proclamados os resultados pelo presidente da banca examinadora, foram encerrados os trabalhos e, para constar, eu lavrei a presente ata que assino
em nome dos demais membros da banca examinadora.

Campus Campinas, 12 de Novembro de 2021

Documento assinado eletronicamente por:


Andre Luis Bordignon,
Bordignon PROFESSOR ENS BASICO TECN TECNOLOGICO,
TECNOLOGICO em 12/11/2021 20:12:23.
Michele Cristiani Barion,
Barion PROFESSOR ENS BASICO TECN TECNOLOGICO,
TECNOLOGICO em 12/11/2021 20:16:58.
Rafael da Silva Muniz,
Muniz PROFESSOR ENS BASICO TECN TECNOLOGICO,
TECNOLOGICO em 13/11/2021 15:49:31.

Este documento foi emi do pelo SUAP em 05/11/2021. Para comprovar sua auten cidade, faça a leitura do QRCode ao lado ou acesse
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ATA N.º 29/2021 - TEINFO-CMP/DAE-CMP/DRG/CMP/IFSP


Dedico este trabalho aos meus familiares,
colegas de classe, professores e servidores do Instituto
que colaboraram em minha jornada formativa.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os professores e servidores do IFSP


Câmpus Campinas, que contribuíram direta e
indiretamente para a conclusão deste trabalho.
Agradeço também à minha família, que deu todo o apoio
necessário para que eu chegasse até aqui.
Agradeço ao meu orientador que me auxiliou a solucionar as
dificuldades encontradas no caminho.
Agradeço a todos os que lutaram no passado para garantir
os direitos que eu e diversos outros brasileiros possuímos no presente.
"O que prevemos raramente ocorre;
o que menos esperamos
geralmente acontece".
Benjamin Disraeli
RESUMO

O presente documento visa apresentar as informações do projeto denominado Workeer. O


projeto teve como objetivo o desenvolvimento de um sistema de aplicativo mobile que
apresentasse para o público alvo, pessoas trans, vagas de emprego da região metropolitana de
Campinas. Desta forma, o projeto visou ser utilizado como uma ferramenta que auxilia esse
grupo social no encontro de empregos formais, dentro dessa delimitação regional. Neste
documento também podem ser encontradas informações relacionadas ao contexto social que
levou a definição do tema e do público alvo do sistema, além dos métodos utilizados para o
desenvolvimento do código para a obtenção das informações das vagas e da criação das telas
que apresentam as informações do sistema. Por fim, o trabalho apresenta o resultado do
desenvolvimento feito durante o período do projeto, onde através de imagens das telas é
possível averiguar o resultado do sistema. Dentre as funcionalidades prometidas, o Workeer
possui um modo de apresentar as vagas para os usuários, assim como permite que sejam
reportadas ocorrências de discriminações, para alertar a outros usuários de locais onde estão a
mercê de passar pelo mesmo. Outro uso das ocorrências é a possibilidade de elas permitirem
uma melhor averiguação das próprias empresas envolvidas, caso queiram se redimir cuidando
para que situações de discriminação não voltem a ocorrer em seus espaços.

Palavras-chave: aplicativos móveis; pessoas transgênero (identidade); emprego; vagas; telas.


ABSTRACT

The current document pretends to present all details about the project named Workeer. The
projects intent to develop a mobile application system that will present job opportunities on
Campinas metropolitan region to the target group, Transgender people, seeking to help this
social group find formal occupations, within this regional limit. In this document there can
also be found information related to the social scene that lead to the definition of the project
theme and target group, besides the methods used on the development of the code to obtain
vacancies info and the creation of the screens that show the system data. Finally, presents the
result of the development done during the project period, where, through pictures of the
screens it’s possible to ascertain the fruit of the project, that has, between its promised
functionalities, a way to show the vacancies info to the users, while also, having ways to
allow the users to report any discrimination they have experienced to warn other users about
places where they might pass through the same, besides allow a better review from the
involved companies, if they want to redeem themselves by beeing cautious to prevent
discrimination to recur in their spaces.

Keywords: mobile apps; transgender people; job; vacant job; screens.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo Entidade Relacionamento do Sistema………................................ 28


Figura 2 – Diagrama de Fluxo do Sistema..................................................................... 29
Figura 2 – Diagrama de Caso de Uso do Sistema.......................................................... 31
Figura 4 – Tela de Acesso................................................................................................. 34
Figura 5 – Tela de Registro.............................................................................................. 34
Figura 6 – Tela Inicial....................................................................................................... 35
Figura 7 – Tela de Pesquisa ............................................................................................. 36
Figura 8 – Tela de Configurações.................................................................................... 37
Figura 9 – Sobre o App..................................................................................................... 37
Figura 10 – Tela de Opiniões ........................................................................................... 38
Figura 11 – Tela de Atualização de Informações ........................................................... 38
Figura 12 – Tela de Reportar Problemas ........................................................................ 39
LISTA DE ABREVIATURAS

abr. abril
adapt. adaptação
bibl. biblioteca
cap. capítulo
LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
IFSP Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São
Paulo
LGBT+ Lésbicas Gays Bissexuais Transgênero e +
LGBTQIA+ Lésbicas Gays Bissexuais Transgênero Queer Interssexuais
Assexuais e +
IU/UI Interface de Usuário/User Interface
IST Infecção Sexualmente Transmissível
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 10
2. JUSTIFICATIVA 13
3. OBJETIVOS 15
3.1. Objetivo geral 15
3.2. Objetivos específicos 15
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 16
4.1 Contexto histórico do movimento LGBT+ 16
4.2 Contexto social atual 18

4.3 Políticas sociais desenvolvidas 19

4.4 Tecnologias empregadas 21

4.4.1 Engenharia de Software 21

4.4.1.1 Modelo de processo de software 21

4.4.1.2 Métodos ágeis 21

4.4.1.3 Scrum 22

4.4.1.4 Requisitos 22

4.4.2 Web Scraper 22

4.4.1.4 Scrapy 22

4.4.3 Aplicação Mobile 23

4.4.3.1 React 24

4.4.3.1.1 SPAs 24

4.4.3.2 React Native 24

4.4.4 Armazenamento de Dados 25


4.4.4.1 Firebase 26

4.4.5 Testagem 26

4.4.5.1 Testes de Caixa Branca 26

4.4.5.1 Testes de Caixa Preta 26

5. METODOLOGIA 27
5.1 Ideação e análise de requisitos 27
5.2 Modelagem de dados 27
5.3 Desenvolvimento do código 28

5.3.1 Coleta e armazenamento de dados 28

5.3.2 Desenvolvimento do aplicativo mobile 30

5.4 Testes 32
6. RESULTADOS 33
6.1 Scrapy 33
6.2 Aplicativo 33
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 40
REFERÊNCIAS 41
ANEXO A - DOCUMENTO DE REQUISITOS DE SOFTWARE 46
ANEXO B - EXEMPLO DE CASO DE TESTE 47
ANEXO C - EXEMPLO DO ARQUIVO DAS VAGAS 48
ANEXO D - DIAGRAMA DE FLUXO DO SISTEMA 49
10

1. INTRODUÇÃO

Como animais sociais que somos, nós humanos nos agrupamos em cidades, estados,
países e continentes cada qual com seus próprios costumes e sociedades. Essas sociedades se
formaram e se desenvolveram de acordo com sua história, política, localização e diversos
outros fatores que são, determinantes nos, e determinados pelos, caminhos tomados por cada
grupo sociopolítico, para com suas populações e relações sociais (OXFORD UNIVERSITY
PRESS, 2021). O conceito de minoria é uma discussão que tange relações sociais no mundo
todo. Apesar de a palavra passar uma ideia inicialmente associada com uma diferença
quantitativa, onde um grupo, por superar o outro em soma, acaba subjugando aqueles em
menor número, no âmbito das sociedades humanas, é uma ideia que também determina
grupos que são excluídos de decisões políticas, que não têm acesso a certas oportunidades ou
que sofrem algum tipo de discriminação, independente de serem ou não maioria numérica,
como citado no artigo“Direito das minorias e os Múltiplos olhares jurídicos e Sociais” de
Menezes Júnior et al., 2014.
Especificando-se apenas quantidade, é fácil distinguir numericamente o que é
maioria e o que é minoria, porém, tratando-se de pessoas, que possuem valores,
pensamentos e direitos, a quantidade numérica é irrelevante, pois muitas vezes um
determinado grupo pode ser numericamente superior, porém, pode ser excluído de
decisões políticas, não ter acesso a certas oportunidades e sofrerem preconceito e
discriminação. De forma singela, minorias são grupos que são considerados
inferiores em relação ao restante da sociedade, e que, além disso, sofrem algum tipo
de discriminação.(2014 p. 67)

Nos grupos tidos como minorias dentro do espaço da República Federativa do Brasil,
se encontram as mulheres, os negros, as PCDs(Pessoas com Deficiência), Indígenas e muitos
outros grupos, além do grupo LGBT+, que foi o foco do desenvolvimento do projeto. A sigla
LGBT+, LGBTQI+ e outras semelhantes são utilizadas para representar os grupos de pessoas
que não se identificam como heterossexuais, homens que se atraem somente por mulheres e
mulheres que se atraem somente por homens, ou cisgêneros, termo que representa pessoas que
se identificam com o gênero que lhes foi atribuído ao nascer, baseado em seus sexos
biológicos, enquanto no caminho oposto, estão as pessoas transgênero, que não se vêem como
pertencentes ao gênero que lhes foi designado ao nascer (TRINDADE,2020).
No Brasil é possível observar altos índices de violência contra as pessoas LGBT+, em
2019, de acordo com o Relatório de mortes violentas de LGBT+ do Grupo Gay da
Bahia(GGB, 2020, p. 31-32), ocorreram 329 mortes violentas contra esse grupo e nele
destaca-se a violência contra a população representada, na sigla, pela letra T, que abrange
11

pessoas Transexuais,Transgênero e Travestis, e, como retratado pelos dados do “DOSSIÊ de


assassinatos e violência contra travestis e transexuais brasileiras em 2019” (ANTRA, 2020, p.
24, p.48), correspondem a 124 desses assassinatos, sendo esse grupo de pessoas o que sofre as
violências denominada transfobia. Tipo de violência específico que, no ano de 2020, chegou
a sofrer um aumento em registros de violência, mesmo em plena pandemia de COVID-19,
sendo computados ao menos 175 assassinatos de pessoas trans, apenas neste ano.
(ANTRA,2021,p. 31-32)
Além das violências já citadas, a população trans, por ser marginalizada socialmente é
relegada, em uma porcentagem considerável, à trabalhos majoritariamente insalubres, como a
prostituição que em 2018 era a fonte de renda, e possibilidade de subsistência, de 90% da
população de Travestis e mulheres Transexuais no Brasil, como informa o artigo do Correio
Braziliense, “Transexuais são excluídos do mercado de trabalho”, que utilizou de dados do
Dossiê da ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transsexuais do Brasil) e do IBTE
(Instituto Brasileiro de Trans de Educação) sobre Assassinatos e Violência contra Travestis e
Transexuais no Brasil (2019 p. 19). Essa marginalização e falta de acesso decorre, dentre
várias razões, devido às questões com Transfobia associadas, muitas vezes, à passabilidade,
termo utilizado para designar o quanto uma pessoa Trans consegue se passar por Cisgênero,
sendo essa característica estética relacionada diretamente com a diminuição ou aumento de
violência que essas pessoas passam, assim como a relação com a empregabilidade, como
citado no artigo da revista Interface “Mulheres trans e atividade física: fabricando o corpo
feminino”,

Ser reconhecida(o) socialmente como pessoa de gênero consonante com seu sexo
evita muitas formas de violência (física, psicológica e social) em contextos
marcados pelo preconceito e pela transfobia, o que é por si só um dado preocupante,
pois determina para homens e mulheres transgêneros condições de existência.
(SERRANO et al 2019 p. 7)

A marginalização e inacessibilidade a empregos formais também se relacionam com a


alta taxa de mortalidade desse grupo, como consta no Dossiê da ANTRA de 2020.

[...] pelo menos 72% dos assassinatos foram direcionados contra travestis e mulheres
transexuais profissionais do sexo, que são as mais expostas à violência direta e
vivenciam o estigma que os processos de marginalização impõem a essas
profissionais. (2021 p. 42)

As realidades que levam principalmente mulheres trans e travestis a essa situação de


vulnerabilidade geralmente decorrem de situações de exclusão familiar, devido às suas
12

identidades de gênero, como citado pelo Dossiê dos assassinatos e violência contra travestis e
transexuais do ano de 2020, da ANTRA, que apresenta dados da média de idade em que
travestis e transexuais são expulsas de casa e informações relacionadas à exclusão escolar
obtidas com os dados do projeto Além do Arco-íris/Afro Reggae.

Devido ao processo de exclusão familiar, social e escolar, como já mencionado em


diversas ocasiões e em pesquisas anteriores, estima-se que 13 anos de idade seja a
média em que travestis e mulheres transexuais sejam expulsas de casa pelos pais
(ANTRA, 2017) - e que cerca de 0,02% estão na universidade, 72% não possuem o
ensino médio e 56% o ensino fundamental (Dados do Projeto Além do
Arco-íris/Afro Reggae). Essa situação se deve muito ao processo de exclusão
escolar, gerando uma maior dificuldade de inserção no mercado formal de trabalho e
deficiência na qualificação profissional causada pela exclusão social.(2021 p. 43)

Para tentar auxiliar nesse âmbito algumas iniciativas já foram criadas, como a
TransEmpregos, conhecida como o maior e mais antigo projeto de empregabilidade Trans no
Brasil, cujo trabalho inicial era juntar currículos de pessoas trans e apresentá-los nas empresas
para possíveis contratações, buscando vagas que não fossem exclusivas para pessoas Trans,
mas, que estivessem em espaços seguros para essa população. Com o tempo, no entanto, as
coordenadoras e envolvidos perceberam que, se as empresas não possuíssem um ambiente
acolhedor que entendesse e respeitasse a diversidade que almejavam incorporar no seu dia a
dia, não auxiliariam suficientemente na inclusão de pessoas trans em seus espaços e no
mercado de trabalho. Com isso em mente, o projeto passou a trabalhar através de diferentes
frentes para, além da divulgação de vagas e oportunidades para pessoas trans em seu site,
auxiliar com projetos de humanização dos espaços de empresas, palestras de conscientização
e consultorias visando inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho. (SEBRAE-SP, 2021)
O projeto Workeer, cujo título foi formado através da contração das palavras work,
trabalho em inglês, e queer, termo guarda chuva utilizado nos EUA para designar pessoas
dentro do grupo LGBTQIA+, teve como objetivo o desenvolvimento de um sistema que
pudesse auxiliar a população Trans a encontrar vagas de emprego na Região Metropolitana de
Campinas, em locais que sejam considerados seguros para essa população e auxiliem com a
inserção desse grupo social em seus espaços, lhes respeitando em suas identidades e
vivências. Visando funcionar apresentando aos usuários do Workeer, um sistema que os
auxilie apresentando vagas para que possam se candidatar e possivelmente conquistar uma
maior independência econômica, com oportunidades de trabalhos diversas.
13

2. JUSTIFICATIVA

O fator que determinou a escolha do tema foi a observação da realidade de emprego


em que as pessoas trans se encontram, sendo marginalizadas e discriminadas em diversos
espaços, mulheres trans e travestis acabam não tendo acesso a direitos básicos. Dentre as mais
problemáticas consequências da marginalização se encontram as faltas de acesso às
oportunidades de empregos formais e informais não marginalizados. Neste cenário, uma
enorme parcela desse grupo, acaba relegada à prostituição como forma de sobrevivência.

Tomando como base os dados apresentados pelo último dossiê de assassinatos e


violência contra pessoas Trans apresentado pela ANTRA em 2021, é possível fazer relações
entre dados, como a idade média em que travestis e mulheres transexuais são expulsas de
casa, 13 anos, e os índices de evasão escolar, 56% sem o Ensino Fundamental completo e
72% sem o Ensino Médio e apenas 0,02% com acesso a universidades, causados também pela
discriminação que pessoas trans sofrem nesses espaços. A falta desses diplomas torna mais
difícil o acesso a empregos formais e, como citado pela reportagem do G1 (G1,2018), as torna
mais afetadas pelo desemprego.

Dado o contexto apresentado anteriormente, quanto a expulsão de suas casas, a evasão


escolar, consequente falta de diplomas básicos e a marginalização social, essas mulheres
transexuais e travestis são empurradas para a prostituição como meio de sobrevivência, uma
estimativa de 90% segundo o dossiê da ANTRA do ano de 2020, sendo esse um fator que
afeta diretamente a violência que esse grupo sofre, com 72% das vítimas de assassinatos
sendo justamente direcionados a mulheres trans e travestis profissionais do sexo, afetando
consequentemente um dado, geralmente citada quando o tema é relacionado a pessoas trans,
que é a de possuirem 35 anos como suas estimativas de vida.

A ideia do projeto é que com a aplicação desenvolvida seja possível facilitar o


encontro de empregos formais para pessoas trans, trabalhando justamente na questão da
empregabilidade, visando contribuir uma ferramenta que possa auxiliar o encontro de
empregos formais, possivelmente diminuindo a porcentagem de travestis mulheres
transexuais na prostituição sofrendo menos com as violências consequentes dessa
marginalização. Apesar de a prostituição ser um trabalho digno e honesto, nenhum grupo
deveria estar relegado a um tipo de trabalho, seja ele marginalizado ou não. A historiadora e
rapper Preta-Rara, defende essa ideia em sua entrevista para a organização de mídia Gênero e
14

Número, ao falar da relação de mulheres negras com o trabalho doméstico(PRETA-RARA


2019).

Considerando o número de pessoas trans e travestis que estão relegadas a trabalhos


marginalizados e o contexto de falta de ação de governos para o auxílio na qualidade de vida
dessa população, este projeto desenvolveu uma plataforma que visa facilitar e, possivelmente,
viabilizar a melhora na empregabilidade de pessoas trans que moram na Região Metropolitana
de Campinas.
15

3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo geral
O objetivo do projeto foi desenvolver uma aplicação mobile, que pudesse ser utilizada
como uma ferramenta de busca de vagas de emprego formais para pessoas trans e travestis da
Região Metropolitana de Campinas.

3.2. Objetivos específicos

As ações citadas abaixo especificam através de etapas o que o projeto se propôs a fazer
a) Desenvolver um script que rastreie vagas do site Emprega Campinas;
b) Selecionar as informações do script úteis para a aplicação;
c) Gravar as informações selecionadas em um banco de dados do Firebase;
d) Desenvolver uma aplicação mobile para apresentar as vagas com as
funcionalidades pré-determinadas.
16

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4.1. Contexto histórico do movimento LGBT+

Em seu livro ‘A História do Movimento LGBT no Brasil’ e palestra, de mesmo título,


para o evento Conecta, da ONG TODXS, Renan Quinalha discute a história de tal movimento
social brasileiro. Nessa palestra a história da rebelião Stonewall é citada por Quinalha como
um marco na história do Movimento LGBT+ Estadunidense e mundial, porém, que na época,
teve poucas reverberações em nosso país, dado o contexto de Ditadura Militar no qual o
Brasil se encontrava. (GREEN et al, 2018)
Stonewall é um bar da cidade de Nova Iorque que em meados da década de 60 era um
dos poucos espaços frequentados pela população LGBT. No contexto daquela época, de
extrema opressão e violência do estado, ocorreu, em 28 de junho de 1969, uma batida policial
no local, sob alegação de venda ilegal de bebidas alcóolicas em um estabelecimento
considerado gay. Essa batida policial resultou na prisão de alguns frequentadores, devido a
uma lei da época que determinava o uso obrigatório de ao menos três peças de roupa
“apropriadas ao seu gênero”. Essas prisões causaram revoltas, que foram respondidas com
violência pela polícia e esse conflito acabou culminando em uma rebelião, que terminou com
os manifestantes indo pras ruas nos próximos dias para protestar por seus direitos. Um ano
após essa revolta houve uma reunião para comemorar a rebelião de StoneWall e com isso se
deu início às modernas paradas LGBT+.(FERNANDES 2019)
Após fazer o apontamento da diferença de contexto no qual se encontravam os
movimentos LGBT+ dos EUA em relação ao do Brasil, Quinalha apresenta a história do
movimento LGBT+ brasileiro dividida em 3 ondas.
A primeira onda foi o surgimento do movimento, partição do livro onde Quinalha cita
o jornal Lampião da Esquina para explicar a grande importância que ele teve para o
surgimento do movimento LGBT+ brasileiro. Logo na primeira edição já se tematizava a
necessidade de organização do movimento por meio de uma entrevista com Celso Curi, um
jornalista que estava passando por momentos conturbados relacionados a uma demissão do
jornal em que trabalhava e um processo judicial. Dentre suas falas na entrevista destaca- se a
visão do entrevistado em relação a organização da população LGBT+, mais especificamente
homens homossexuais, para luta política. Na edição inicial do jornal Lampião da Esquina se
encontra esse relato de Celso Curi:
17

[...]Sabe, digo isso porque é difícil um homossexual sem a carga de maldição que lhe
impuseram. Acho sim que é preciso batalhar. Mas quando me perguntam pelo
movimento homossexual no Brasil, respondo que ele não existe. Existe é uma
movimentação homossexual, da boate para o táxi, do táxi para a sauna. No Brasil,
nem movimento de Manicure é possível, Imagine um centro Acadêmico de
Manicure da Lapa! Coisa muito perigosa, neste país. Depois, o brasileiro tem outros
problemas prioritários. Mesmo buscando sua própria identificação, o homossexual
tem que se cuidar para não perder o emprego. Talvez por isso o movimento tende a
ser de cima para baixo; porque um viado rico pode dizer publicamente que é viado, e
não ficará sem comida. Mas um viado pobre não, esse é sem dúvida duas vezes mais
desgraçado.[...](1978 p. 6)

O depoimento de Celso apresenta o contexto que esse grupo social encontrava na


época, uma grande dificuldade de organização no período da Ditadura Militar. No setor de
resistência à ditadura, segundo Renan Quinalha, a visão não se distinguia no âmbito moralista,
diversas alas da esquerda da época, influenciados, segundo ele, pelo stalianismo e outras
matrizes comunistas do regime soviético, tinham uma visão da homossexualidade como uma
decadência burguesa, uma degeneração moral e outras caracterizações depreciativas, assim,
reproduziam uma visão semelhante a de seus opositores no âmbito de papéis de gênero e da
sexualidade. (DE ALMEIDA 2019)
Dentre os levantes de LGBTs a se destacar nesse período, pode ser citada Cassandra
Rios, a escritora considerada como a mais censurada do período da ditadura militar, com
temáticas que muitas vezes tratavam amor e relacionamentos entre mulheres (G1, 2019).
Juntamente, também se destaca neste contexto, o grupo Somos, movimento fundado em 1978,
responsável por organizar várias presenças de aparição pública, estreando a primeira vez em
um ato do movimento negro unificado. Em 1 de maio de 1980 um grupo de pessoas
pertencentes ao grupo Somos, foi manifestar solidariedade ao sindicato dos metalúrgicos, que
na época estava levantando uma greve contra a ditadura e, concluindo, um dos primeiros atos,
próximos da ideia das paradas LGBT+ modernas, aconteceu junto do movimento negro e
feminista em um ato público de caminhada contra repressão policial.
A denominada por Renan, segunda onda do movimento, ocorreu durante a epidemia
de HIV-AIDS no Brasil quando, segundo ele, pessoas LGBTs se tornaram extremamente
estigmatizadas, porém, ao mesmo tempo o movimento ganhou um destaque muito grande que
permitiu uma maior organização e espaço para debater sexualidade, prática sexual, métodos
contraceptivos etc. Esse maior destaque e organização do movimento permitiu que alguns
grupos de militância se fortalecessem e conquistassem convênios com ministério da saúde e
conexões internacionais devido a essa IST, esforço que acabou sendo bem efetivo, visto que o
Brasil se tornou um exemplo mundial no combate ao HIV-AIDS. (CALEIRO 2019)
18

Por fim nos anos 90 ocorre o que Renan Quinalha denomina terceira onda do
movimento LGBT, quando o grupo passa ter uma grande visibilidade na mídia e um maior
diálogo com a sociedade, nessa onda, segundo ele, é mais visível a influência da revolta de
Stonewall, nas paradas, atos e eventos públicos, mais eventos nacionais e uma maior cobrança
para maior visibilidade das mulheres lésbicas e pessoas trans no movimento, os poderes e
partidos políticos passam a sofrer maior pressão das questões relacionadas a direitos LGBT, e
nesta onda o movimento conseguiu diversas conquistas importantes, como a união civil
homoafetiva, direitos a identidade de gênero da população trans, conferências nacionais
etc.(GREEN et al, 2018)

4.2. Contexto social atual

No texto ‘A vulnerabilidade social da população trans e a busca por direitos


fundamentais efetivos em contexto pandêmico sob a ótica da bioética da intervenção’, Martins
e Costa (2020) desenvolvem um estudo relacionado à vivência de pessoas trans no contexto
pandêmico atual, utilizando dados da ANTRA, o texto cita a violência sistêmica ininterrupta
que pessoas trans sofrem no país. Com o Brasil há 10 anos liderando o ranking de países que
mais matam travestis, transexuais e transgeneros do mundo e sendo o país no qual a
estimativa de vida desses grupos não supera 35 anos, eles reforçam também informações
relacionadas a empregabilidade, como a informação de que apenas 4% das pessoas trans
trabalham em empregos formais, enquanto a prostituição se encontra como 90% das formas
de subsistência desse grupo.
Outro fator importante e problemático é a impossibilidade de coletar dados seguros
sobre essa população de informações governamentais, como citado no Mapeamento das
pessoas trans no município de São Paulo(CEDEC, 2021), não existe atualmente um censo
nacional que inclua a população trans, e, segundo o documento, essa falta de informações
dificulta o estabelecimento de relações entre o perfil da população trans e o da população em
geral, no âmbito de informação sobre a quantidade de indivíduos nesse grupo, suas
características, localização, condições de moradia, nível de escolaridade, situação de trabalho
e renda, bem como da vivência e de situações de violência que os restringe do exercício da
cidadania. Tal ausência de informações por meio do estado faz com que seja necessário que
órgãos não governamentais como a ANTRA e o GGB precisem buscar por conta própria
19

informações sobre certos grupos, para que seja possível compartilhar dados sobre a existência
e vivências dessas pessoas.
Em meio a esse contexto de falta de acesso e violências cruéis também se faz
necessário ressaltar outras situações problemáticas que envolvem a população trans, como
situações relacionadas a uso de banheiros públicos, que tende a muitas vezes acabar em
situações de violência como ocorreu no caso do Shopping Patio, de Maceió, onde Lana
Hellen, no dia 3 de janeiro de 2020, foi retirada do banheiro feminino e arrastada a força para
fora do shopping, como relatado na reportagem do G1 sobre o caso (G1, 2021), houve na
época uma certa comoção dentro de parte da comunidade LGBT+, em especial a Trans,
porém, acabou por não chegar a grande parte da sociedade. Apesar de o caso ter passado em
branco por muitos espaços, dentre as manifestações de apoio que ocorreram, se destacam os
videos da youtuber e ativista Luisa Marilac (LUISA MARILAC, 2020) e da atriz Maria Clara
Spinelli (A MULHER QUE ROUBAVA LIVROS, 2019), onde deram seus depoimentos sobre
o caso e sobre situações semelhantes que passaram de violências devido a suas identidades de
gênero no contexto social brasileiro.

4.3. Políticas sociais desenvolvidas

Dentre as políticas sociais desenvolvidas e direitos conquistados podem ser citados o


reconhecimento dos nomes sociais, a equiparação da homofobia e transfobia ao crime de
racismo, o programa Transcidadania da cidade de São Paulo, iniciado como POT – Programa
Operação Trabalho LGBT em 2008 (Prefeitura da cidade de São Paulo, 2021) , e algumas
outras iniciativas e organizações como a Transempregos, criada em 2013, ANTRA, fundada
em dezembro de 2000, projetos de moradia para LGBTs como a Casa 1, fundada em 2016, e,
no caso da Região Metropolitana de Campinas, a Casa Sem Preconceito, fundada em 2017.
Com o passar de anos de luta do movimento e a chegada do que Renan Quinalha
denomina terceira onda do movimento LGBT+ houve um aumento na discussão e visibilidade
dentro e fora do movimento LGBT+ sobre um maior destaque de pessoas trans e outros
grupos por muito tempo esquecidos e invisibilizados na causa. Também houve tentativas de
algumas universidades brasileiras de inclusão de pessoas trans através de um vestibular com
sistema de cotas para ingressar em algumas vagas da Universidade da Integração da
Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e
Universidade Federal da Bahia (UFBA). A UFBA (2021) e UFSB (2019) conseguiram
implementar essas cotas em seus sistemas de ingresso, porém, o MEC interveio no caso da
20

Unilab e suspendeu esse vestibular e outros com esse público (PITOMBO 2019) o que acaba
por infelizmente, manter uma falta de acesso e oportunidades para pessoas trans brasileiras e o
atual estado de desigualdade e marginalização desse grupo, visto que, é direta a relação entre
o acesso ao ensino, em especial, ao superior e melhores condições de vida (G1 2018) .
Descrevendo um pouco mais as organizações de apoio, o programa Transcidadania
promove a reintegração social de travestis e pessoas trans, visando auxiliá-los a concluir o
ensino fundamental e médio, para ganharem qualificação profissional e desenvolverem a
prática da cidadania, como é dito na sessão sobre o projeto na página da prefeitura de São
Paulo. (2021)
O projeto Transempregos é o mais antigo projeto de empregabilidade Trans do Brasil,
ele se iniciou com a junção e apresentação de currículos de pessoas trans em empresas para
possíveis contratações e acabou crescendo e se modificando para, hoje, além do auxílio na
candidatura a vagas, o projeto também inclui ajudar empresas que querem fazer mudanças
sociais, trabalhando para que pessoas trans possam ser analisadas pelos RHs sem sofrerem
preconceitos e discriminação nesse processo. O projeto possui como sede a cidade de São
Paulo (TRANSEMPREGOS,2021).
A ANTRA é uma rede nacional projetada em 1995, sendo renomeada de RENTRAL
para ANTRA, em um encontro realizado em Porto Alegre no ano de 2000, com o intuito de
articular instituições no território do país e desenvolver ações para promoção da cidadania da
população de Travestis e Transexuais. Atualmente a organização atua promovendo campanhas
e propostas informativas relacionadas a população Trans, denunciando e divulgando casos de
violência ou discriminação por conta de orientação sexual ou identidade de gênero, apoiando
ações de prevenção a ISTs e a melhora da qualidade de vida de pessoas trans soropositivas e,
incentivando e apoiando realização de encontros, seminários e congressos para definir lutas e
encaminhar demandas relacionadas a população Travesti e Transsexual. (ANTRA,2021)
Por fim a Casa 1 (CASA1,2021) é uma organização que realiza diversas ações sociais
para auxílio da população LGBT, localizada na cidade de São Paulo, incluindo a
disponibilização de moradia para pessoas expulsas de casa, este último trabalho sendo
semelhante ao que faz a Casa Sem Preconceito (CASA SEM PRECONCEITOS,2021),
localizada em Campinas. O projeto foi idealizado por Suzy Cristel, que o define, em suas
redes sociais, como um espaço que traz a oportunidade para pessoas trans e travestis deixarem
de ter as ruas como lar e vivenciarem a experiência de construir uma casa coletiva que é o
primeiro passo para reconstruírem seus sonhos e planos de vida.
21

4.4. Tecnologias empregadas


Dentre as principais tecnologias empregadas no projeto podem ser citadas:

4.4.1. Engenharia de Software

4.4.1.1. Modelo de processo de software

Sommerville (2011) descreve processos de software como um processo que engloba


todas as atividades envolvidas no desenvolvimento do software, enquanto seus modelos
seriam representações simplificadas desses processos, com cada um deles representando suas
perspectivas particulares. Dentre os principais modelos de processo de software, podem ser
citados o modelo em cascata, o de desenvolvimento incremental e o de engenharia de
software orientada a reúso.
O modelo de processo de software utilizado no projeto foi o desenvolvimento
incremental, modelo de processo que, segundo Sommerville se desenvolve em uma
implementação inicial que é continuamente exposta aos comentários de usuários e segue
sendo desenvolvida em várias versões até a conclusão do sistema.

4.4.1.2. Métodos ágeis


Sommerville (2011) apresenta os métodos ágeis explicando o contexto onde eles
foram planejados. Durante a década de 1990, quando os sistemas visavam um planejamento
cuidadoso do projeto, garantindo que ele, como um todo, se desenvolvesse dentro do
estipulado. No entanto, foi observado que esse tipo de desenvolvimento acabava não sendo
tão usual para sistemas de empresas de pequeno e médio porte, dada as recorrentes alterações
de requisitos.
Visando uma alternativa ao modo de desenvolvimento da época, foram criados os
métodos ágeis, com uma abordagem incremental para especificação, desenvolvimento e
entrega do software, os métodos ágeis visam a entrega rápida do software para os clientes,
para que eles propusessem alterações e requisitos a serem incrementados no sistema
posteriormente.
22

4.4.1.3. Scrum

Sommerville (2011) descreve o Scrum como um método ágil geral, focado no


gerenciamento do desenvolvimento iterativo, ao invés das abordagens técnicas específicas da
engenharia de softwares ágeis. A utilização do Scrum é dividida em três fases. A primeira
fase é o planejamento geral, visa estabelecer os objetivos gerais e arquitetura do software do
projeto. A segunda fase se apresenta como uma série de ciclos de sprint, definidos como um
período de tempo determinado onde um incremento do sistema é desenvolvido e entregue em
seu final. A última fase encerra o projeto, completando a documentação necessária e avaliação
dos conhecimentos adquiridos durante o desenvolvimento do projeto. No projeto, Scrum foi
utilizado como metodologia de desenvolvimento de software.

4.4.1.4. Requisitos

Sommerville (2011) também descreve em seu livro “Engenharia de Software” um


resumo da definição de requisitos, que podem ser descritos como instruções do que o sistema
deve fazer e o modo como seus serviços devem funcionar, considerando suas restrições. Os
requisitos refletem as necessidades dos clientes, com o intuito de determinar e restringir o
desenvolvimento e funcionamento do sistema. A planilha de requisitos desse projeto pode ser
encontrada no anexo A.

4.4.2. Web Scraper

Ryan Mitchell (2018) descreve Web Scraping como uma forma de se conseguir
informações de sites sem utilizar uma API ou acesso humano aos web browser, podendo se
apresentar em diversas formas de técnicas e tecnologias, como a análise de dados, a análise de
linguagem natural e a segurança da informação.

4.4.2.1. Scrapy

Scrapy é uma ferramenta open source e colaborativa utilizada para extração de dados
de websites, o framework é escrito em Python, pode ser lido em sistemas Linux, Windows ou
Mac e funciona utilizando de uma ou mais Spiders, arquivos definidos por Ryan Mitchel
23

(2018) como “[...] um projeto Scrapy designado a rastrear teias” (do inglês web), para realizar
sua função principal, a extração de dados em sites da web.
Python, como descrito por O’reilly (2014), é uma linguagem de programação que
possui dentre suas características principais, a possibilidade de escrever códigos com uma
economia de linhas em comparação com o equivalente em linguagens de programação
estáticas. A linguagem também é conhecida por ser muito popular como linguagem
introdutória para cursos de ciências da computação nos EUA e como forma de avaliação de
habilidades de programação, além de ser possível rodar o código em diferentes sistemas e
hardwares. Ainda que nem sempre seja o indicado, em alguns casos, como em códigos que
despendem a maior parte do seu tempo em cálculos, O’reilly recomenda o uso das linguagens
C, C++ ou Java, que possuem, nesse caso, um melhor aproveitamento em comparação com
Python.

4.4.3. Aplicação Mobile


Aplicações mobile, traduzidas como, aplicações móveis ou apps, são softwares
desenvolvidos para smartphones, podendo ser pré-instalados no sistema do dispositivo ou
instalados através de lojas de aplicativos, como o Google Play ou a App Store. Outra
características das aplicações mobile é elas serem subdivididas em 3 tipos. O primeiro deles
são os aplicativos nativos, aplicações desenvolvidas para um plataforma específica,
precisando ser codificados em Java para Android, e em Objective-C ou Swift para IOS. O
segundo tipo são aplicativos web, executados pelo navegador, com o programa se adaptando
ao Smartphone quando reconhece o dispositivo em que está sendo aberto. Por fim, o terceiro
tipo é o dos aplicativos híbridos, que existem como uma junção entre os dois primeiros tipos,
gerando uma aplicação multiplataforma. Sendo essas as aplicações que estão disponíveis nas
Apps Stores.
O Workeer foi desenvolvido considerando a implementação no sistema Android e por
ter sido desenvolvido com React Native acaba possuindo as permissões e funcionando como
um aplicativo nativo. Burton e Felker (2014) descrevem Android como uma plataforma
independente do dispositivo, permitindo o desenvolvimento de aplicativos para vários
dispositivos, enquanto aplicativos Android podem ser desenvolvidos considerando seu
código-fonte que é aberto ao público para examinar ou criar interfaces de usuário (UI)
considerando as características nativas do sistema.
24

4.4.3.1. React

React é uma biblioteca JavaScript voltada para o desenvolvimento de interfaces,


utiliza de componentes como seu conceito principal, é open source e mantida pelo Facebook.
Em seu livro ‘The Road to React’, Robin Wieruch (2017) descreve o React como uma outra
solução para Aplicações de Página Única (SPAs), apresentada pelo Facebook no ano de 2013.

React, como explicita Wieruch (2017), é implementado com a utilização de JSX e


Hooks, com JSX o React interpreta o que deve e o que não deve ser renderizado, enquanto os
Hooks explicitam, quando e o que arquivar. O autor também afirma que, com a ascensão do
React o conceito de componentes se tornou popular, sendo esses componentes os responsáveis
por definir as aparências e usabilidades dos sistemas através do HTML, CSS e JavaScript ,
sendo eles também capazes de, assim que definidos, serem utilizados em uma hierarquia de
componentes para criar uma aplicação completa.

4.4.3.1.1. SPAs

Aplicações de Página Ùnica são uma solução para desenvolvimento web que permite a
realização do mínimo de requisições de uma arquivo HTML e JavaScript que são
aproveitados para renderizar as novas páginas, quando ocorrem as transições, diferente de
como as requisições eram feitas pré SPAs, onde todos os arquivos HTML,CSS e JavaScript
eram requisitados para cada transição de página adicional, desta forma SPAs como o React,
proporcionaram um aumento na performance das páginas web desenvolvidas através deles.

4.4.3.2. React Native

Com a base no conceito Learn Once Write Anywhere, o React Native foi pensado para
possibilitar que apps para Android e IOS fossem desenvolvido com bases de código muito
próximas, facilitando assim, a portabilidade entre sistemas mobile. Uma característica
interessante do framework, citada por Paul e Nawaya (2019), é ele permitir o
desenvolvimento do sistema utilizando de tecnologias de desenvolvimento web, como o
JavaScript (JSX), HTML e o CSS, mas, ainda assim, desenvolver uma aplicação
completamente nativa. O que significa que é possível desenvolver uma aplicação que possua
algumas características das aplicações híbridas, mas, que as ultrapasse em performance, visto
que, aplicações desenvolvida em React Native possuem estabilidade e velocidade semelhantes
25

a de aplicações nativas de IOS ou Android, além de terem a possibilidade de acessar as


funcionalidades do próprio dispositivo como o telefone, a câmera e o GPS.

Outro aspecto atrativo do React Native é sua comunidade ativa, que para além do
suporte oficial que o framework possui, compatível com Android e IOS, desenvolveram
diversos outros suportes como o React Native Windows, o React Native Desktop e o React
Native MacOS.

4.4.4. Armazenamento de Dados


Garcia e Sotto (2019) descrevem, em seu artigo, os Sistemas Gerenciadores de
Bancos de Dados (SGBDs) como softwares utilizados para administração de bancos de dados,
permitindo, criar, modificar, eliminar e inserir dados nele, além de gerenciar as transações
entre o sistema e seu banco de dados, com as transações representando operações de leitura e
escrita no Banco de Dados. Bancos de dados podem ser divididos em dois modelos,
Relacional e Não Relacional, também conhecidos como SQL e NoSQL.

Silberschatz (2006) apresenta os bancos de dados relacionais como modelos que


utilizam de tabelas para representar tanto os dados quanto a relação entre eles, com cada linha
da tabela representando uma relação entre um conjunto de valores. Com uma limitação crucial
citada por Garcia e Sotto (2019) sendo observada , após o crescimento exponencial de dados,
cujos problemas com o modelo relacional estão principalmente relacionados na dificuldade de
conciliar o tipo de modelo com a demanda da escalabilidade.

Os autores do artigo descrevem que com o aumento da demanda relacionada ao


crescimento dos dados, surgiu o NoSQL, para suprir as necessidades de disponibilidade e
escalabilidade, com os bancos de dados NoSQL sendo desenvolvidos visando a facilidade de
distribuição, no caso, alterando o modelo de consistência definido no SQL. Dentre as
características que Garcia e Sotto (2019) citam do NoSQL podem ser apontadas:
A ausência de bloqueios que permite a escalabilidade horizontal e torna esta
tecnologia compatível para solucionar os problemas de gerenciamento de volumes de dados
que crescem exponencialmente, a ausência do esquema que define a estrutura dos dados
modelados de maneira a facilitar a escalabilidade e contribuir para um aumento da
disponibilidade, e a permissão da replicação de forma nativa, o que diminui o tempo gasto na
recuperação de informações,além de algumas outras características que compõem o modelo.
26

4.4.4.1. Firebase

Firebase é uma plataforma desenvolvida pelo Google, com o intuito de auxiliar na


criação de aplicativos móveis e sistemas web. Através de seu banco de dados não relacional,
denominado Firestore (Firestore,2021), é possível para os usuários utilizarem as ferramentas
para armazenamento, leitura e escrita de dados, em tempo real ou não, da plataforma. A
plataforma também possui funcionalidades visando apresentar informações relacionadas ao
uso da aplicação desenvolvida para os responsáveis pelos projetos. Outra funcionalidade
muito importante para qual o Firebase pode ser utilizado é a autenticação dos usuários,
permitindo ou restringindo o acesso ao sistema de acordo com os requisitos determinados
pelos responsáveis pelo projeto e desenvolvedores.

4.4.5. Testagem
BASTOS et al. (2007) explicam em seu livro, que os testes tem como objetivo,
simular operações com características mais semelhantes o possível com o uso real da
aplicação, visando analisar possíveis problemas que os usuários podem encontrar e
resolvê-los assim que possível. Para realizar tal tarefa diferentes técnicas são empregadas
através dos diferentes métodos de testes, que podem ser divididos, como apresenta Arcanjo
Júnior (2011) em sua tese de conclusão de curso, em testes de caixa branca e caixa preta.

4.4.5.1. Testes de Caixa Branca


Testes de Caixa Branca segundo Arcanjo Junior (2011), são testes que se voltam ao
código fonte do sistema visando avaliar o comportamento interno do software, sendo
comumente utilizados para as avaliações e observações relacionadas com os testes de
condição, fluxos de dados, ciclos, e resumidamente o funcionamento do caminho lógico da
estrutura do sistema

4.4.5.2. Testes de Caixa Preta

Testes de Caixa Preta, também citados pelo autor, são voltados para o software, sem a
preocupação com sua estrutura interna e sim com a forma como ele se apresenta para o
usuário, observando erros ou ausências de funções, problemas na interface, estrutura de
dados, acessos a base externa e no desempenho do sistema.
27

5. METODOLOGIA
O projeto foi desenvolvido de acordo com a seguinte metodologia:

5.1. Ideação e análise de requisitos


Inicialmente foi realizado um estudo do contexto social do público alvo do projeto,
pessoas trans e travestis, visando um melhor entendimento do cenário e vivências desse
grupo, possibilitando, a partir daí, o desenvolvimento de uma proposta de solução para alguns
problemas relacionados a ele. O Workeer tomou como inspiração o projeto Transempregos
(2021), um projeto já existente e bem consolidado, visando desenvolver uma proposta
semelhante, porém, que fosse voltada à Região Metropolitana de Campinas e desenvolvida
como um aplicativo mobile.
Os requisitos do projeto foram sendo coletados com o auxílio de outras plataformas e
sites de busca de empregos, que permitiram uma filtragem de informações pertinentes para o
sistema se basear, para além disso o estudo social citado anteriormente também permitiu que
alguns requisitos específicos do projeto fossem levantados visando as pessoas trans.
Por fim, o projeto foi estruturado e planejado visando entregas constantes, para que
pudesse ser concluído dentro do prazo de entrega do Trabalho de Conclusão de Curso. O
Scrum foi utilizado para o desenvolvimento do sistema Workeer, mantendo-se com
incrementos constantes, organizando de início o backend relacionado ao web scraping,
realizado através do framework Scrapy, enquanto a plataforma Firebase foi utilizada para o
armazenamento dos dados extraídos pelo Scrapy.

5.2. Modelagem de dados


Para representar um modelo de dados que apresente de maneira eficiente os dados
armazenados e manipulados no projeto foi utilizado o modelo lógico apresentado na Figura 1.
A tabela de usuários representa as informações utilizadas pelo sistema para lidar com o
cadastro, login e informações utilizadas nas telas inicial, de pesquisa e de configurações, as
tabelas de ocorrências e opiniões são utilizadas nas telas, de mesmo nome, acessadas através
da tela de configurações, por fim, a tabela das vagas recebendo as informações do código
python e as enviando para ser interpretadas na tela de pesquisa.
28

FIGURA 1 - MODELO DE DADOS DO SISTEMA

Fonte: Guilherme Lenin Cossu

5.3. Desenvolvimento do código


5.3.1. Coleta e armazenamento de dados
O Diagrama de fluxo apresentado na Figura 2 representa as possíveis decisões e
processos que os usuários terão acesso no sistema, ele pode ser visto mais detalhadamente no
Anexo D.
29

FIGURA 2 - DIAGRAMA DE FLUXO DO SISTEMA

Fonte: Guilherme Lenin Cossu

Os primeiros sprints do desenvolvimento do projeto foram voltados para a criação do


código de web scraping, responsável por extrair os dados do site utilizando o Scrapy, que
recebe em seu arquivo Spider, os caminhos que levam às informações necessárias e para a
próxima página. Desta forma, o sistema foi capaz de, por conta própria, navegar pelas páginas
extraindo os dados contidos nelas e posteriormente gravá-los em um arquivo .json.
O sprint seguinte foi focado na extração dos dados do arquivo json, visando tratá-los
para permitir a seleção correta das informações a serem encaminhadas para a plataforma
Firebase, de modo a enviar para ela apenas os dados interessantes para o projeto, para que
30

apenas os dados úteis ao sistema, conforme apresentado no modelo de dados do sistema,


pudessem ser lidos pela aplicação mobile.

5.3.2. Desenvolvimento do aplicativo mobile


Após o desenvolvimento bem sucedido da parte codificada em Python, responsável
pela extração e armazenamento dos dados das vagas, o desenvolvimento da aplicação mobile
foi iniciado. Os primeiros sprints foram utilizados para desenvolvimento dos componentes das
telas iniciais, focando inicialmente na autenticação e no funcionamento das telas primárias do
projeto, para que fosse possível ao menos observar as estruturas iniciais do projeto. Em
seguida foi trabalhado o desenvolvimento das funcionalidades corretas dessas telas e
posteriormente a inserção das subtelas, responsáveis por funções específicas dentro do
projeto. A navegação entre telas foi desenvolvida e seguida pela passagem de dados entre
elas. Por fim, conexão com a plataforma Firebase, iniciada com a autenticação dos usuários
para permitir o cadastro e login de usuários e seguida com a extração das vagas para serem
exibidas nas telas necessárias e envio de informações pertinentes aos usuários e ao sistema
como reportar problemas com o sistema e apresentar suas experiências como usuários.
Na figura 3 é possível observar o diagrama de caso de uso do projeto.
31

FIGURA 3 - DIAGRAMA DE CASO DE USO DO SISTEMA

Fonte: Guilherme Lenin Cossu


32

5.4. Testes
A testagem do sistema foi realizada com o auxílio da ferramenta de gerenciamento de
testes Testlink(TESTLINK, 2021). Através dela, foi possível organizar Planos e Casos de
teste para a validação das funcionalidades.
Visando simular possíveis usos em que os usuários interajam com as funcionalidades,
foi desenvolvido, através da ferramenta Testlink, testes de caixa-preta, onde diferentes casos
de teste validaram funções do sistema, seguindo diferentes caminhos ao percorrer as telas do
sistema, com o intuito de testar o máximo das aplicações e objetivos propostos pelo sistema
Workeer. De maneira simples a testagem foi realizada pelo responsável pelo projeto tentando
simular a utilização do sistema, cadastrando-se como um usuário, efetuando o login e
interagindo com as telas e funcionalidades do sistema. Um exemplo de caso de teste pode ser
encontrado no Anexo B.
33

6. RESULTADOS

O projeto conseguiu apresentar um código em Python, que realiza o web scraping


através de uma Spider, utilizando da ferramenta Scrapy e envia para um arquivo JSON os
resultados trazidos pelo framework. Também através de Python, uma outra classe lê o arquivo
JSON gerado pelo Scrapy, interpreta e filtra as vagas e seus dados, para assim, através da
biblioteca Pandas, selecionar de maneira correta as informações úteis ao projeto para que
sejam enviadas para o Firestore do sistema e mantidas lá através da coleção Vagas. A segunda
parte do projeto é desenvolvida em Javascript utilizando das bibliotecas React e React Native
no desenvolvimento das telas e das funcionalidades de seus componentes, além da conexão
com Firebase que propicia o recebimento e envio de dados, para o cadastro, apresentação da
vagas, login, envio de comentários e outras funções menores do sistema.

6.1. Scrapy
O framework Scrapy foi desenvolvido através de um código Python, onde a
ferramenta através de uma Spider, também desenvolvida em Python, faz a leitura das
informações determinadas, do site Emprega Campinas, iniciando na aba mais recente das
vagas e seguindo por conta própria até as vagas mais antigas mantidas pelo site, seguindo
também com a gravação dos dados coletados em um arquivo Json, cujo exemplo pode ser
encontrado no Anexo C.

6.2. Aplicativo
O sistema se apresenta com uma Tela de Acesso (FIGURA 3) que restringe as telas
principais do projeto de acordo com o registro dos usuários. Os usuários comprovam suas
identidades através do email e senha registrados no aplicativo e, quando corretamente
apresentados, permitem ao sistema buscar em seu Firestore as informações extras ligadas ao
usuário. Assim, caso reconhecidas as informações enviadas pelo usuário, o sistema apresenta
para ele a tela inicial do projeto (FIGURA 5). Na tela de acesso também pode ser encontrada
uma possibilidade de os usuários realizarem seu registro no sistema, no caso de não terem se
registrado anteriormente, sendo enviados, nesse caso para a Tela de Registro (FIGURA 4)
onde o usuário insere suas informações de nome, data de nascimento, gênero e um email e
senha para serem cadastrados no sistema. Após o registro bem sucedido o usuário é enviado
de volta a tela de acesso, onde poderá, através do email e senha cadastrados, acessar a Tela
Inicial.
34

FIGURA 4 - TELA DE ACESSO

Fonte: Guilherme Lenin Cossu


FIGURA 5 - TELA DE REGISTRO

Fonte: Guilherme Lenin Cossu


35

A Tela Inicial (FIGURA 5) apresenta apenas algumas informações para o usuário


mostrando algumas vagas selecionadas aleatoriamente. Nela é possível encontrar um menu
inferior, que transita entre as telas Inicial, de Pesquisa (FIGURA 6) e de
Configurações(FIGURA 7).

FIGURA 6 - TELA INICIAL

Fonte: Guilherme Lenin Cossu

A Tela de Pesquisa (FIGURA 6) possui uma barra onde o usuário pode inserir o que
deseja pesquisar e através da seleção, será buscado em diferentes aspectos o texto inserido
pelo usuário, por fim, existe também um botão que é utilizado para iniciar a pesquisa, cujos
itens retornados serão apresentados nessa mesma tela.
36

FIGURA 7 - TELA DE PESQUISA

Fonte: Guilherme Lenin Cossu

A Tela de Configurações (FIGURA 7) é a última das três e a com mais ramificações.


Nesta tela podem ser encontradas informações sobre o aplicativo (FIGURA 10), o caminho
que leva a Tela de Opiniões (FIGURA 9),a Tela de Alteração de Informações (FIGURA 10) e
por fim a Tela de Reportar Problemas (FIGURA 11)
37

FIGURA 8 - TELA DE CONFIGURAÇÕES

Fonte: Guilherme Lenin Cossu


FIGURA 9 - SOBRE O APP

Fonte: Guilherme Lenin Cossu


38

FIGURA 10 - TELA DE OPINIÕES

Fonte: Guilherme Lenin Cossu


FIGURA 11 - TELA DE ATUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES

Fonte: Guilherme Lenin Cossu


39

FIGURA 12 - TELA DE REPORTAR PROBLEMAS

Fonte: Guilherme Lenin Cossu


40

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto de pesquisa se propôs a desenvolver o sistema Workeer, aplicação mobile


que pudesse ser utilizada como uma ferramenta de encontro de empregos formais para
pessoas trans e travestis da Região Metropolitana de Campinas. Visando o objetivo proposto,
o sistema utilizou o site de empregos Emprega Campinas, de modo a coletar as vagas de
emprego que estivessem dentro do escopo designado, selecionar as informações coletadas e
gravá-las na plataforma Firebase para que pudessem ser utilizadas pela aplicação mobile.
O sistema entregue atendeu as especificações, coletando as informações das vagas do
site Emprega Campinas e as utilizando, após filtragem e armazenamento, para apresentar aos
usuários do sistema, cadastrados através da plataforma Firebase que também é responsável
pelas funcionalidades de compartilhamento das opiniões dos usuários e registro de
ocorrências com as empresas que podem estar no sistema, visando alertar outros usuários de
locais onde já foi registrada algum tipo de discriminação.
Dentre os requisitos atendidos pelo sistema e funcionalidades realizadas por ele,
podem ser citados, o cadastro e login de usuários, visualização das vagas, pesquisa por vagas
através do título, localização e área de atuação, a possibilidade de registrar ocorrências de
discriminações, caso sofram em algum espaço, e a de vizualizar ocorrências de outros
usuários, para saber sobre espaços de trabalho onde existe um maior risco de agressões e
conivência, o sistema também permite aos usuários acessar informações da versão do
aplicativo e sair dele, caso prefiram não se manter logados.
Como possibilidades de incrementos posteriores a serem desenvolvidos para o
sistema, o Workeer pode ser desenvolvido para abranger diferentes cidades e maiores regiões,
utilizando de diferentes Spiders, para realizar essa função em diferentes sites de vagas. Além
dessas adições, o sistema também pode ser desenvolvido para poder lidar com uma maior
quantidade de vagas, que acabam sendo restringidas devido ao sistema de gerenciamento de
banco de dados utilizado que, em sua opção gratuita, possui um número de leituras e escritas
na plataforma que não atende grandes quantidades de dados. Outro aspecto a ser desenvolvido
é uma forma de moderar as ocorrências e evitar que possíveis acusações falsas sejam feitas
através do app, visando prejudicar o sistema ou a empresa citada. Por fim, toda a usabilidade
do sistema pode ser desenvolvida para uma melhor experiência para o usuário, com uma
maior responsividade e possivelmente um trabalho profissional no design das telas.
41

REFERÊNCIAS

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Porto Alegre, v. 11, n. 24, p. 62-79, Ago. 2019
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<https://antrabrasil.org/> Acesso em: 09 julho 2021

ANTRA, IBTE. Dossiê assassinatos e violência contra travestis e transexuais brasileiras


em 2018. Brasília; 2019
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ARCANJO JÚNIOR, A. PROCESSO DE TESTE DE SOFTWARE: Uma descrição com a


perspectiva da qualidade de software, Monografia de final de Curso, Belo Horizonte, 40p.
2011

BASTOS, Aderson; RIOS Emerson; CRISTALLI Ricardo; MOREIRA Trayahú. Base


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Disponível em <https://www.facebook.com/CasaSemPreconceitos/> Acesso em 09 julho
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42

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Vídeo #02 Apresentação + Precisamos falar sobre LGBTFobia Por Maria Clara Spinelli [S. I.:
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WIERUCH, Robin. The Road to React: Your journey to master plain yet pragmatic. 1 ed.
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46

ANEXO A - DOCUMENTO DE REQUISITOS DE SOFTWARE


47

ANEXO B - EXEMPLO DE CASO DE TESTE


48

ANEXO C - EXEMPLO DO ARQUIVO DAS VAGAS


49

ANEXO D - DIAGRAMA DE FLUXO DO SISTEMA


Cópia de documento digital impresso por Andreiwid Correa (2050088) em 21/12/2021 15:11.

Documento Digitalizado Público


Trabalho de Conclusão de Curso do Aluno Guilherme Lenin Cossu

Assunto: Trabalho de Conclusão de Curso do Aluno Guilherme Lenin Cossu


Assinado por: Andre Bordignon
Tipo do Documento: Outro
Situação: Finalizado
Nível de Acesso: Público
Tipo do Conferência: Cópia Simples

Documento assinado eletronicamente por:


Andre Luis Bordignon, PROFESSOR ENS BASICO TECN TECNOLOGICO, em 11/12/2021 11:25:57.

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