Você está na página 1de 15

Senhora Superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN

no Estado do Espírito Santo

Ref.: Resposta ao Ofício nº 787/2023/IPHAN-ES-IPHAN


Processo nº 01409.000622/2015-01
Fazendas São Joaquim e Dourada Una (Bloco VI)

SUZANO S.A., pessoa jurídica de direito privado, devidamente qualificada nos autos do
processo administrativo em epígrafe, doravante simplesmente designada por Manifestante,
por meio de seu representante já habilitado, vem à presença de V. Sa. expor:

Considerando o interesse desde ilustre órgão em manter-se atualizado acerca das


atividades a serem executadas e os produtos gerados do Projeto de Educação Patrimonial,
serve do presente para apresentar as complementações solicitadas no referido ofício, bem
como atualização do projeto.

Colocamo-nos à disposição para os esclarecimentos que eventualmente se fizerem


necessários.

Vitória/ES, 29 de junho de 2023.

Ismael Paranágua
Consultor Corporativo de Licenciamento Ambiental
Suzano S.A.

SUZANO S.A.
Av. Professor Magalhães Neto, 1752  10º andar  Salas 1009/1011  CEP 41810-012  Salvador  BA
www.suzano.com.br
RESPOSTA AO Ofício Nº 787/2023/IPHAN-ES-IPHAN e PARECER TÉCNICO nº
47/2023/DIVTEC IPHAN-ES/IPHAN-ES (SEI nº 4397294)
O referido ofício solicita complementações, que foram numeradas e respondidas na sequência:

I- Diálogo com os instrumentos normativos da Educação Patrimonial


desenvolvidos pelo Iphan, tais como a Portaria nº137/16 e as obras
"Educação Patrimonial: inventários participativos", "Educação Patrimonial:
histórico, conceitos e processos", entre outras.
Essas referências, assim como outras disponíveis no site do IPHAN, guiam os trabalhos em
execução, mas não estão diretamente citadas, uma vez que esses relatórios iniciais têm um
caráter mais descritivo. No entendimento da equipe técnica, essas referências seriam
apresentadas no relatório final, onde serão sintetizadas as informações coletadas ao longo das
etapas de campo.

Os cinco relatórios parciais são produzidos no intervalo entre os campos e durante as atividades
com as comunidades, descrevendo os etnoregistros e construindo um conhecimento
colaborativamente com as auto atribuições comunitárias.

De todo modo, a partir do terceiro relatório introduziremos um capítulo de metodologia, acatando


a sugestão do IPHAN-ES.

II- Encaminhamento das informações sobre o folder da Comunidade


de Valdício Barbosa;
O folder, assim como os relatórios, passa por validação da comunidade, uma vez que as
atividades propostas foram adaptadas à realidade local e às demandas do Assentamento
Valdício Barbosa. Desse modo, até a ocasião da entrega do referido relatório, ainda não
dispúnhamos do direito de imagem, nem tampouco da aprovação desta comunidade, por esse
motivo foi apresentado apenas o material referente a Água Preta, devidamente validado.

III- Descrição dos objetivos dos procedimentos relativos aos cenários e


desenhos futuros;
O conceito de cenários de futuro faz parte da ciência prescritiva inaugurada por Carlos Matus
(2005). De acordo com esta abordagem de planejamento, há uma diferença essencial entre:
- Os tradicionais planejamentos preditivos, isto é, que arrogam a capacidade de prever o
futuro. Se tais métodos podem ter alguma validade no âmbito das ciências duras, tornam-se
absolutamente ineficazes quando lidamos com realidades sociais dinâmicas que constituem o
horizonte empírico das ciências humanas;
- Os métodos prescritivos, isto é, aqueles que exercitam possibilidades de futuro que não
se definem pela rigidez, mas pela capacidade de ajustar-se às mudanças situacionais imediatas
da realidade social viva e dinâmica que habitamos.
Portanto, para a compreensão do exercício e da técnica de cenários devemos nos ater a este
fator determinante na execução de um projeto ou programa: a flexibilidade.
Certamente que, nas humanidades como em qualquer área da ciência, o uso dos modelos possui
valores positivos, pois serve de bússola norteadora de tarefas a serem executadas em campo.
Inscrito na complexidade social, o PIEP necessariamente tem que responder às predições
normativas de políticas públicas relativas aos impactos e salvaguardas no âmbito do licenciamento
ambiental.
Todavia, para atingir plenamente seus objetivos, é preciso que vá mais além. Mais precisamente,
deve valer-se de modelos e métodos flexíveis de prescrição de cenários. Esta escolha tem se
mostrado valiosa aos objetivos de manter as atividades do PIEP gravitando próximo ao pólo
acontecimal. Em outras palavras, a prescrição de cenários móveis e dinâmicos funciona como
fiador que garante a abertura etnográfica em diferentes momentos e etapas de execução do
programa.
Recapitulando os instrumentos de pesquisa, o Mapa de Navegação gravita entre o horizonte
normativo da salvaguarda, que analogicamente pode ser associada à popa (parte traseira) de
nosso barco. Em contraste, na parte dianteira, a proa aponta para o horizonte infinito de
possibilidades de navegação, incluindo a deriva, a depender das condições climáticas, ataques
dos inimigos, ou outros tipos de contingências e sobressaltos que possam advir durante a viagem,
exigindo a correção de rumos em tempo real como condição para a sobrevivência da tripulação.
Conjugando estes dois pólos - normativo e prescritivo - buscamos esclarecer os objetivos ao
“exercitar” desenhos de futuro. Todavia, ainda é preciso nos atermos aos outros componentes
da metodologia do PIEP, que são a sinergia e a dimensão construtivista-colaborativa.
Dada a dimensão sinérgica e integrativa do PIEP, cada produto é executado, sistematizado e
validado, como condição para prosseguimentos dos trabalhos. Desta forma, mediante o
conhecimento vai sendo construído cumulativamente junto com os comunitários.
E mais importante, respeitando o tempo e horizonte cognitivo dos comunitários. Aqui, modelos
avaliativos apoiados na escrita podem ter efeito avassalador para evasão dos participantes. Em
contrapartida, nas práticas coletivas são aplicadas técnicas de visualização participativa para
projeção vital de comunidades. Estas têm se mostrado valiosas para o desenvolvimento de
competências críticas, reflexivas e criativas.
Reiterando que, somente após o giro deste ciclo recapitulações, retificações e complementações
(as ditas “validações”), os relatórios e produtos são encaminhados ao IPHAN.
O exame de outras ponderações do PARECER TÉCNICO nº 47/2023/DIVTEC IPHAN-ES sugere
que nossa proposta de trabalho pode ainda não ter sido compreendida em sua plenitude.
Além dos procedimentos avaliativos, entre outros pontos a serem melhor desvelados está a opção
pelo texto descritivo dos relatórios, considerando a centralidade alcançada pelos etnoregistros.
Por outro lado, dada a perspectiva construtivista do PIEP, a tarefa de escrita sistematizada está
reservada aos Inventários, que como produto final vai explicitar todo este conhecimento cumulativo
construído colaborativamente com as auto atribuições comunitárias.
Deste modo, algumas hiâncias e incompletudes que ora são apontadas poderão ser vistas a partir
de uma perspectiva mais abrangente. No exato da entrega deste produto, já estamos em uma fase
avançada de campo em que foram concluídas todas as oficinas em Água Preta e Valdício Barbosa
(vide cronograma atualizado).
No dia de hoje temos, além da convicção, os comprobatórios quantitativos dos formidáveis
resultados de aderência dos comunitários em todas as atividades realizadas tanto em Água Preta
quanto em Valdício Barbosa. E ainda dispomos de um volumoso universo de material empírico
quantitativo/qualitativo cuja hercúlea tarefa de sistematização resultará no produto final, ou seja, o
inventário participativo de referências culturais de ambas as comunidades.

IV- Complementação com a contextualização histórica das comunidades, para


problematizar a interação do espaço com o pós-abolição, a abrangência de
atividades econômicas na localidade, bem como a trajetória de inserção
direta ou indireta de atores sociais (movimentos sociais, associativismos
agrários, entidades religiosas, empresas e outros agentes mobilizadores do
espaço);
Essa contextualização está presente na segunda oficina e será apresentada no próximo relatório.

V- Esclarecimentos acerca dos Relatórios de auto e heteroavaliação de cada


oficina e questionário semi-estruturado propostos no Projeto Integrado de
Educação Patrimonial;
Como dito acima, em respeito ao tempo e horizonte cognitivo dos comunitários, optamos por
eliminar os modelos avaliativos apoiados na escrita, uma vez que na comunidade de Água Preta
identificamos que parcela importante dos envolvidos nas oficinas apresentava dificuldade com a
escrita. No caso do assentamento Valdício Barbosa, as educadoras que direcionaram a execução
das oficinas não se mostraram favoráveis à aplicação de questionários, quando mencionamos
entre as tarefas a serem cumpridas no PIEP.
Portanto, novamente em colaboração com as comunidades, foram aplicadas técnicas de
visualização participativa que validam as oficinas, transformam pontos dos relatórios, acrescentam
e fazem com que os comunitários construam junto com a equipe técnica.
Alguns relatos orais serão apresentados no Relatório Final, uma vez que estão entre os áudios e
vídeos a serem sistematizados no inventário, e apresentam avalição direta e espontânea de alguns
comunitários sobre as oficinas realizadas.

VI- Reavaliação do cronograma para comportar adequações de prazos cabíveis


à apreciação ou possíveis complementações do material desenvolvido.
Segue anexo o cronograma atualizado. As oficinas já foram realizadas e no momento estamos
trabalhando na elaboração dos relatórios. Há um tempo mais ampliado (e muitas vezes não
facilmente mensurável) entre a versão inicial de cada Relatório e a versão final do Relatório
(entregue ao IPHAN), em virtude das validações das comunidades.

Referências Bibliográficas
MATUS C. Teoria do jogo social. São Paulo: FUNDAP; 2005
Mês Outubro
Contagem de Semanas Mês 01
Semana Semana 01 Semana 02 Semana 03 Semana 04
Data 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Diagnóstico da situação inicial do patrimônio cultural (leitura
das peças técnicas do licenciamento ambiental)
1ª Etapa de campo
Elaboração do Relatório I - Diagnóstico descritivo da
situação inicial - marco zero
2ª Etapa de Campo
Elaboração de Informações Complementares - Relatório I em
resposta ao IPHAN OF.48/2023
Validação interna (2TREE e SUZANO) da informação
complementar e de novo cronograma
Entrega ao IPHAN de informações complementares -
Relatório I

PARECER TÉCNICO nº 17/2023/DIVTEC IPHAN-ES/IPHAN-ES


aprova informação complementar do RT 1
Novembro Dezembro
Mês 02
mana 04 Semana 01 Semana 02 Semana 03 Semana 04 Semana 01
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Janeiro
Mês 03 Mês 04
Semana 02 Semana 03 Semana 04 Semana 01 Semana 02 Semana 03
19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Fevereiro
Mês 05
Semana 04 Semana 01 Semana 02 Semana 03 Semana 04
27 28 29 30 31 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 1 2 3 4 5 6
Março
Mês 06
Semana 01 Semana 02 Semana 03 Semana 04 Semana 01 Semana 02
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Abril Maio
Mês 07 Mês 08
Semana 03 Semana 04 Semana 01 Semana 02 Semana 03 Semana
15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Junho
Mês 09
Semana 04 Semana 01 Semana 02 Semana 03 Semana 04 Semana 01
24 25 26 27 28 29 30 31 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 1 2
Julho Agosto
Mês 10 Mês 11
Semana 02 Semana 03 Semana 04 Semana 01 Semana 02 Semana 03 Semana 04
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Setembro
Mês 12
Semana 01 Semana 02 Semana 03 Semana 04
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

Você também pode gostar