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Microbiologia Hospitalar
Juiz de Fora
2022
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho propõe-se, a partir de uma revisão bibliográfica, a apresentar
aspectos da gastronomia hospitalar, analisando seu conceito, as vantagens que oferece por meio
do cuidado humanizado, bem como os papéis e interações do nutricionista e do gastrônomo
para seu desenvolvimento e seus desdobramentos.
Em um mundo cada vez mais preocupado em ser e comer mais saudável, a gastronomia
hospitalar surge como um meio de desmistificar a ideia de que comida hospitalar é sinônimo
de comida ruim, mas muito mais que isso, como uma maneira de melhor alimentar e, por
consequência, nutrir pacientes internados, auxiliando em sua recuperação.
Nesse diapasão, impende salientar, a importância de a gastronomia hospitalar refletir a
cultura local, ou seja, de se traduzir, nas comidas oriundas dos hospitais, costumes típicos
daquela região. Através de estudos e pesquisas, foi possível delinear que, quando se insere a
cultura daquele povo, há maior aceitabilidade da alimentação, além de maximizar a experiência
sensorial.
Lançar mão da gastronomia hospitalar tornou-se um diferencial para competitividade
dos hospitais e dos profissionais, o que contribui satisfatoriamente com o indivíduo
hospitalizado, que deixou de ser apenas um paciente para tornar-se o cliente.
A gastronomia hospitalar assume, então, o papel de revolucionar os conceitos e a forma
como eram encaradas as dietas oferecidas nos hospitais, promovendo aspectos sensoriais dos
alimentos, desde o aroma, o sabor, a cor, a temperatura e a textura. Além de proporcionar maior
aceitação das refeições servidas aos pacientes, uma vez que tornam os pratos nutricionalmente
equilibrados e na proporção da enfermidade de cada paciente, também os torna agradáveis sob
os aspectos gustativos, visuais, táteis, auditivos e olfativos desses “novos” clientes.
Pode-se dizer, como será elaborado ao longo do presente estudo, que ao se pensar em
um cuidado humano com os pacientes, é inevitável pensar na gastronomia hospitalar.
Entretanto, por se tratar de uma ciência relativamente recente, esta ainda enfrenta desafios para
sua plena aplicação.
3. NUTRIÇÃO E GASTRONOMIA
Para além das definições de gastronomia hospitalar já trazidas no presente estudo,
soma-se a preconizada por SOUZA, MOLERO, MOLINA (2021, p. 19), ao dizer que esta pode
ser entendida como “a junção da prescrição dietética de um profissional de nutrição,
considerando todas as restrições, alergias e intolerâncias alimentares, com refeições saudáveis,
coloridas, cheirosas e saborosas, promovendo uma alimentação prazerosa ao paciente”.
Ora, do próprio conceito, já se denota a relação intrínseca entre gastronomia e nutrição
no campo da gastronomia hospitalar. Enquanto ao nutricionista é atribuído o papel de elaborar
pratos equilibrados nutricionalmente e adequar a alimentação do paciente às limitações
impostas pela doença – sem deixar de lado as preferências do indivíduo – a atuação do
gastrônomo é essencial para transformar os alimentos prescritos pelo profissional de nutrição
em uma verdadeira experiência sensorial, compondo refeições apetitosas, nutritivas e com os
nutrientes biodisponíveis. Vale dizer que, para uma melhor qualificação, hoje existe a oferta de
cursos de pós-graduação para melhor inserção do gastrônomo nesse mercado.
Tratando especificamente do papel do nutricionista no processo de humanização,
pode-se dizer que para que se tenha um cuidado nutricional e alimentar humanizado, é
necessária a compreensão de que cada paciente terá subjetividades – com significados
particulares quanto à comida e ao próprio ato de comer – podendo estar ligadas ao seu histórico
alimentar, pratos específicos e experiências construídas desde a infância.
Desta feita, o alinhamento da nutrição e da gastronomia é imprescindível para a
consecução do tratamento humanizado do paciente, de modo que ele possa ter uma melhor
recuperação, afastando, por exemplo, quadros de desnutrição. Isto porque, não basta que o
alimento seja adequado nutricionalmente, é preciso que haja aceitabilidade pelo sujeito que o
ingere. Percebe-se, portanto, “o valor da união da Gastronomia com a Nutrição, entende-se,
dessa forma, que são ciências que se completam e juntas melhoram a qualidade de vida dos
pacientes, porque podem conferir uma dieta saudável e prazer ao ato de alimentar-se (SILVA;
MAURÍCIO, 2013, p. 25).
Os benefícios da associação dos profissionais dessas duas áreas vão além do
oferecimento de um prato nutritivo e saboroso, tendo efeitos sob o psicológico dos pacientes.
Nessa senda, partindo da proposição de que quando o sujeito está no hospital é para se
recuperar, a implementação da gastronomia hospitalar vai ao encontro de tal premissa, de modo
que reduz os casos de óbito e proporciona maior adesão dos pacientes à alimentação oferecida,
o que gera melhor recuperação. Sobre isso, segundo escólio de (DA SILVA; SILVA; GARCIA,
2019, p. 11-12):
A associação da nutrição com a gastronomia apresenta influencia na
minimização de sintomas provocados pelos tratamentos dos pacientes, assim,
resultando na inovação de preparações de acordo com a prescrição dietética,
influenciando a aceitação da dieta, reduzindo a inapetência alimentar e,
consequentemente, melhorando a resposta ao tratamento e estado clínico.
4. CONCLUSÃO
A partir da revisão bibliográfica realizada, é possível concluir que a gastronomia nas
dietas hospitalares é mais que um luxo, mas uma necessidade premente, como parte
fundamental do êxito do tratamento de muitos pacientes.
Inserida no novo paradigma da humanização hospitalar, a gastronomia pode ajudar a
promover uma série de benefícios, como uma melhor recuperação, a redução de óbitos, redução
de quadros de desnutrição (a qual aumenta as chances de morbidade e mortalidade), maior
aceitação das dietas, redução dos custos para os hospitais relacionados a desperdícios alimentar
e em geral, uma vez que impacta diretamente no tempo que paciente fica no hospital, reduzindo
o tempo de internação.
Ainda existem desafios para a gastronomia hospitalar, variando desde a identificação
acertada das necessidades e expectativas dos pacientes, até à coordenação de preparos
nutritivos, atrativos, saborosos e saudáveis, que possam proporcionar a recuperação do estado
nutricional dos pacientes. Os estudos relacionados ao tema ainda são relativamente incipientes,
mas, dado aos benefícios que já são possíveis de serem verificados, é seguro dizer que a
gastronomia hospitalar acrescentou muito à área da saúde e veio para ficar.
A fim de corroborar tal conclusão, cita-se FERNANDES; SPINELLI, em texto que
aborda a questão da percepção dos genitores quanto à alimentação dos filhos diagnosticados
com câncer. Apesar de o objeto do estudo ter sido crianças com a referida doença, pertinente
explicitar o seguinte trecho:
Fica nítido, a partir da leitura desse trecho, que o papel da gastronomia hospitalar vai
além da parte nutricional, contribuindo ativamente para o aspecto psicológico dos pacientes.
Por fim, ressalta-se que, tratando-se de um ambiente hospitalar, hão que serem
observadas as melhores práticas na manipulação dos alimentos, tanto relativas à higienização
dos produtos, como os cuidados dos manipuladores e equipamentos, uma vez que, se tratando
de pessoas debilitadas por alguma patologia, as consequências de uma intoxicação alimentar ou
a contaminação por algum microrganismo podem gerar consequências graves.
REFERÊNCIAS