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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9

Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE


NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA – TURMA 2013
Título: Plantas Medicinais: valorização e preservação do conhecimento
popular associado ao conhecimento científico

Autor: Silvia Raquel Martini Korczovei

Disciplina/Área Ciências

Escola de Implementação do Escola Estadual Rui Barbosa – Ensino


Projeto e sua localização: Fundamental

Município da escola: Mamborê

Núcleo Regional de Educação: Campo Mourão

Professor Orientador: Mariza Barion Romagnolo

Instituição de Ensino Superior: UEM – Maringá


As plantas medicinais, representam um dos
Resumo:
recursos mais antigos utilizados pelo homem tanto
na alimentação quanto no tratamento de suas
enfermidades, principalmente na forma de chás.
Todavia, atualmente percebe-se uma diminuição
considerável de tais hábitos, principalmente em
regiões mais urbanizadas. Isto faz com que a
tradição e a cultura popular dos seus
antepassados fiquem de lado em detrimento da
valorização dos remédios sintéticos
comercializados hoje nas farmácias. Somado a
isto, vemos atualmente que os educandos
possuem hábitos pouco favoráveis a sua saúde.
Diante do exposto, o presente trabalho pretende
promover um resgate cultural associado a
aquisição de conhecimento cientifico, bem como o
incentivo a valorização da qualidade de vida dos
educandos e seus familiares, através de
diferentes atividades individuais e coletivas sobre
uso de Plantas Medicinais de forma saudável e
segura, estimulando-os para delas fazer uso em
seu cotidiano no tratamento e cura de seus males.

Palavras-chave: Plantas medicinais; fitoterapia; chás; saúde;

Formato do Material Didático: Caderno Temático


Público:
Alunos do 7º Ano do Ensino Fundamental
APRESENTAÇÃO

É inegável que o processo de educação começa no ambiente familiar,


seguido do grupo sociocultural e posteriormente continua na Escola. Esta visão,
também é defendida pelas Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Ciências,
ao afirmarem que, os saberes científicos e do cotidiano se relacionam no ambiente
escolar, através de conhecimentos, por meio de diálogos e atividades desenvolvidas
em sala de aula. Desta forma, a Escola também pode ser vista, como um espaço de
confronto entre o conhecimento do cotidiano trazido pelos alunos para serem
socializados e o conhecimento científico historicamente construído e sistematizado.
Partindo dessas considerações, uma vez que a disciplina de ciências tem
como objeto de estudo “o conhecimento cientifico que resulta da investigação da
natureza” entende-se como necessários que, os temas abordados estejam próximos
da realidade cotidiana escolar, possibilitando trazer questões da vivencia estudantil
para conhecê-los sob a ótica da ciência. Desta forma o professor da disciplina de
Ciências, além de despertar a curiosidade, o interesse e a criatividade de seus
alunos, o que é um fator relevante para o envolvimento no processo ensino-
aprendizagem; permitirá uma formação científica, capaz não só de identificar o
vocabulário da ciência, mas também de saber uma linguagem que permita
compreender conceitos, estabelecer relações e utiliza-los para enfrentar os desafios
e refletir sobre o seu cotidiano.
Neste contexto, Vasconcelos (2005), aponta que

Os alunos, desde cedo, precisariam ser orientados para dar um


sentido ao estudo; a nosso ver, este sentido se encontra na tríplice
articulação entre compreender o mundo em que vivemos, usufruir do
patrimônio acumulado pela humanidade e transformar esse mundo,
qual seja colocar este conhecimento a serviço da construção de um
mundo melhor, mais justo e solidário.

Para tanto, faz-se necessário em nossa prática pedagógica o uso de


metodologias que envolvam diversas abordagens, estratégias e recursos de forma a
assegurar que a apropriação do conhecimento científico pelo estudante no contexto
escolar, supere os conceitos inicialmente por ele apresentados. “É claro que esta
tarefa não é fácil no atual contexto social; este empenho do educador tem a ver com
o enfrentamento da alienação: trata-se de uma luta de perspectivas, de sentidos
para o conhecimento e para a vida” (VASCONCELOS, 2005).
As Diretrizes Curriculares do ensino de Ciências do Estado do Paraná
legitimam a Natureza como o objeto de pesquisa da disciplina. Desta forma, a
transmissão do conhecimento implica em promover uma visão sobre as relações
entre os seres humanos com outros seres vivos e com a natureza, de modo a
buscar condições favoráveis para a sua sobrevivência. E assim, novas formas de
pensar e agir na natureza, compreendendo-a e apropriando-se dos seus recursos e
promovendo o desenvolvimento sustentável.
Diante do exposto, a abordagem do tema “PLANTAS MEDICINAIS:
valorização e preservação do conhecimento popular associado ao
conhecimento cientifico” nesta produção didática destaca a importância de
resgatar este conhecimento milenar e dele fazer uso, uma vez que o ambiente
escolar é um dos principais locais onde as relações interpessoais acontecem
cotidianamente e internalizam nos indivíduos a vontade de fazer mudanças e
melhoria da qualidade de vida dos que lhes cercam.
Versando sobre a temática proposta, inicialmente é válido destacar que o uso
das plantas constitui-se em um dos recursos mais antigos utilizados pelo homem
tanto na alimentação quanto no tratamento de suas enfermidades. Grande parte
desse conhecimento foi passado oralmente ao longo das gerações, que juntamente
com mitos e rituais, foram constituindo partes importantes de culturas locais.
Todavia, atualmente percebe-se uma diminuição considerável de tais hábitos,
principalmente em regiões mais urbanizadas. Além disso, pela ânsia da população
de mostrar-se urbanizada e modernizada, mesmo em regiões menos desenvolvidas
os mais jovens parecem se desvincular dessas práticas, na tentativa de sentirem-se
inseridos na sociedade atual. Isto faz com que a tradição e a cultura popular dos
seus antepassados fique de lado em detrimento da valorização dos remédios
sintéticos comercializados hoje nas farmácias, muitas vezes utilizados de forma
desordenada e por automedicação.
Objetiva-se, portanto promover o resgate do conhecimento popular e cultural
associado à aquisição de conhecimento científico, bem como o incentivo a
valorização da qualidade de vida dos educandos e seus familiares através do uso de
plantas Medicinais de forma correta, quando possível para a cura ou prevenção de
seus males ao invés de restringir-se a utilização de medicamentos sintéticos e
alopáticos.
De acordo com o supracitado, esta unidade será implementada com alunos
do 7º Ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Rui Barbosa utilizando-se de
diferentes atividades e estratégias para que o processo ensino-aprendizagem se
efetive.
Visando este propósito, serão desenvolvidas as seguintes atividades, para
abordar a fundamentação teórica do tema:
- Apresentação do tema e aplicação de questionário para levantamento de
dados;
- Relato histórico da utilização das plantas medicinais por diversas culturas e
no Brasil;
- A importância do conhecimento científico sobre o conhecimento popular
para a utilização segura das plantas medicinais;
- A atuação dos princípios ativos das plantas nas ações medicamentosas;
- Pesquisa orientada em equipes das plantas medicinais mais citadas no
questionário e posterior apresentação;
- Conhecer as técnicas e cuidados adequados no manuseio das plantas
medicinais;
- Realização de atividade prática demonstrando as diversas formas de
preparo das plantas medicinais;
- Visita orientada na Pastoral da Saúde;
- Apresentação do filme “O curandeiro da Selva”, com debates e
questionamentos;
- Produção de paródias e poemas sobre o tema;
- Confecção de uma cartilha com dados de todas as atividades desenvolvidas;
- Apresentação dos conhecimentos adquiridos para a comunidade estudantil;

AS PLANTAS MEDICINAIS – UM RELATO HISTORICO

A história do uso das plantas medicinais na humanidade, tem inicio muito


antes das mais antigas civilizações conhecidas, pois pode-se afirmar que recorrer às
virtudes curativas de certos vegetais trata-se de uma das primeiras manifestações
do antiquíssimo esforço do homem de compreender e utilizar a natureza para
amenizar ou curar seus sofrimentos ocasionados pela doença. Nossos ancestrais
distantes observavam e apreciavam a diversidade do mundo das plantas, e a
necessidade de sobrevivência fazia deles aplicados estudiosos da flora. É notável
que diferentes civilizações tenham desenvolvido juntamente com a cultura das
plantas para fins alimentares, a pesquisa de plantas com propriedades terapêuticas
e místicas durante milênios.
As plantas pareciam ter um poder magico, que se pudessem domina-los
trariam alivio para a fome, as doenças e a infelicidade. Muitas espécies foram
usadas em rituais de magia e permanecem até os dias atuais certas reputações a
respeito das mesmas (READER´S DIGEST, 1999).
O efeito alucinógeno causado por algumas delas quando ingeridas, fez com
que os homens delas se utilizassem em rituais religiosos atribuindo-lhes o poder de
coloca-los em contato direto com seus deuses. (LORENZI; MATOS; 2008).
Todo esse conhecimentos de inicio foi transmitido oralmente por gerações,
para depois, com o aparecimento da escrita, passar a ser registrada e guardada
como um tesouro precioso. (CUNHA, 2008)
Para termos uma visão do progresso do conhecimento humano em relação às
plantas medicinais, é necessário retornar ao tempo e conhecer as contribuições
dadas pelas diferentes civilizações.
Descobertas arqueológicas no Iraque, em um cemitério de Neandertal de
mais de sessenta mil anos, indicam o uso de plantas que até hoje figuram na
medicina popular, entre elas a alteia da família das malváceas, indicada no
tratamento de inflamações da pele. Em placas de barro encontradas, com Inscritos
cuneiformes indicam que os Sumérios, povos que habitavam as regiões próximas
dos rios Tigres e Eufrates por volta de 4000 a. C. utilizavam como remédio o tomilho,
o ópio, o alcaçuz e a mostarda. Os Babilônios, ampliaram a lista dos Sumérios
acrescentando o açafrão, coentro, canela, alho entre outras ervas (READER´S
DIGEST, 1999).
Segundo a mesma publicação, o antigo Egito deu ao mundo um de seus
primeiros textos médicos: O Papiro de Ebers, nome dado pelo egiptólogo alemão
Georg Ebers, em 1873, que comprou um volumoso rolo de papiros com cerca de 20
metros e ficou surpreendido com a tradução. Acredita-se que o papiro foi escrito
3500 a.C. sendo composto por uma parte relativa ao tratamento de doenças
internas e de uma grande lista de medicamentos. Contém cerca de 800 receitas e
mais de 700 fórmulas mágicas destinadas ao tratamento de diversos males onde
muitos deles empregam-se o uso de plantas. Dos egípcios também vem os
primeiros registros das regras de dosagem específicas na administração de cada
droga, nascendo aí a receita médica e a respectiva posologia. Empregavam também
as plantas aromáticas no embalsamento de cadáveres.
A utilização das plantas medicinais na China, também é milenar, e um dos
mais antigos registros é a farmacopeia chinesa conhecida como Pen Tsao, escrita
pelo lendário imperador Shen Nung. Nesta obra esta descrita todo o conhecimento
sobre as plantas medicinais da época e entre as muitas plantas mencionadas
encontra-se o linho, a papoula e o ginseng. (ALMEIDA, 2003, apud KOVALSKI,
2011).
A Índia também se mostra rica em relação à utilização de condimentos e
especiarias, empregados desde os tempos remotos em dietas alimentares e para o
tratamento e prevenção de doenças. No tempo do rei Asoka (273 a 232 a.C.) os
enfermeiros eram obrigados a ter um conhecimento aprofundado da arte culinária e
do preparo de medicamentos.(SOUZA, 2012)
Dos gregos, vem a contribuição de Hipócrates, considerado o pai da medicina
moderna, que juntamente com seus discípulos reuniu os conhecimentos médicos de
seu tempo no conjunto de tratados conhecido como Corpus Hippocaticum onde
descreve um remédio vegetal e o tratamento correspondente de cada enfermidade
citada. Depois veio Aristóteles, com uma obra tentando catalogar as propriedades
das diferentes plantas medicinais conhecidas. Teofrasto que com seu tratado
“Investigação das plantas”, deixa descrições botânicas muito precisas,
acompanhadas de indicações sobre efeitos tóxicos e propriedades curativas.
(CUNHA, 2008)
O longo período da Idade Média, não foi promissor para o ocidente, pois ocorre uma
pausa, ou até mesmo um retrocesso na da Arte de Curar, uma vez que os
conhecimentos da ciência, da magia e da feitiçaria tendem a confundir-se
influenciados pela religião. Contudo grande parte do conhecimento até então, foi
preservado pelos monges devido aos seus conhecimentos do latim e do grego, que
transcreviam os documentos antigos (READER´S DIGEST, 1999).
Fora do mundo cristão, a cultura Islã descobre as obras médicas dos gregos.
Traduzindo essas obras, os árabes fizeram muitos aperfeiçoamentos com base na
própria experiência, acrescentando varias plantas na farmacopeia clássica como a
cânfora, o açafrão e o espinafre.
A partir do Renascimento, com a valorização da experimentação, a renovação
do espirito científico, e com o surto das grandes viagens para as Índias e para a
América, deu origem a um novo período de progresso no conhecimento acerca
plantas medicinais e suas aplicações.
No começo do século XIX, o químico alemão Serturner, isola a morfina do
ópio extraído da dormideira. É extraído também a quinina da quina. Redescobrem a
dormideira dos egípcios, e a quina dos Incas, sabendo agora a sua atuação no
corpo humano A partir daí sabe-se que as propriedades terapêuticas de uma planta
se dá em função dos compostos químicos que ela contem, e não através das
semelhanças entre as plantas e os órgãos a que se destinavam que Paracelso
jugara ter notado e prescrito (READER´S DIGEST, 1999).
Contudo, se fizermos uma retrospectiva desde os primeiros escritos, podemos
dizer que foi uma longa caminhada, e que no momento atual continuam as
descobertas, agora com maior grau de conhecimento, porém um fato é certo: o
conhecimento a respeito das plantas medicinais percorreu um longo percurso, mas
ainda não esta próximo do fim.

AS PLANTAS MEDICINAIS NO BRASIL

No Brasil, a história da utilização das plantas medicinais começa a ser


relatada com a chegada dos europeus, quando estes por meio do convívio com os
indígenas, tomaram conhecimento sobre a utilização dos vegetais locais para o
tratamento e cura de suas enfermidades. Nessas populações, o conhecimento
sobre o uso das ervas acontecia por intermédio dos pajés, sendo transmitidos de
geração em geração (LORENZI; MATOS, 2008).
Esses conhecimentos foram prontamente absorvidos pelos europeus que
passaram a viver no país, que diante da escassez de remédios que eram usados na
Europa, perceberam a importância das plantas utilizadas pelos indígenas como
medicamentos. (VEIGA, 2002 apud ARGENTA et al. 2011)
Ainda segundo o autor, a primeira descrição sobre plantas medicinais no
Brasil foi feita em 1587 por Gabriel Soares de Souza no chamado Tratado Descritivo
do Brasil. Este tratado descrevia todos os produtos medicinais utilizados pelos índios
de “as arvores e ervas da virtude”.
Os novos conhecimentos sobre a flora local fundiram-se com os trazidos da
Europa, pelos portugueses. Juntamente vieram os conhecimentos da medicina que
se constituía na época um agregado de saberes vindos dos gregos. Vieram também
remédios em arcas de madeira, que seriam indispensáveis à Colônia; porém
insuficientes (DUNIAU, 2003 apud KOVALSKI, 2011).
Além da assimilação dos conhecimentos indígenas, e dos europeus, as
colaborações trazidas pelos escravos africanos, representaram papel importante
para o surgimento de uma medicina popular rica e original. Muitas das plantas
trazidas da África, que originalmente eram utilizadas em rituais religiosos, foram
também utilizadas no tratamento de doenças. Com a contribuição dos africanos,
estabelece-se os principais alicerces influentes da tradição no uso de plantas
medicinais do Brasil: Indígena, Europeia e Africana. (LORENZI; MATOS, 2008).
O conhecimento sobre as plantas medicinais brasileiras, ao longo dos anos,
foi sistematizado em vários trabalhos realizados por diversos cientistas estrangeiros
que aqui vieram e publicados em vários compêndios. Destaca-se Flora Fluminensis
escrita por frei Veloso (1747-1811). Porém o trabalho mais significativo desta época
foi o livro Systema Materiae Medicae Vegetabilis Brasiliensis publicado em 1843 por
Karl Friedrich Philipp von Martius, relatando as virtudes medicinais das plantas. Esta
pode ser considerada a primeira publicação sobre este assunto no Brasil.
O uso das plantas medicinais no Brasil, foi muito amplo, até o inicio do século
XX, porem com o inicio da industrialização em nosso país e a consequente
urbanização, o conhecimento tradicional e popular, passou a ficar em segunda
alternativa, nessas regiões. Outros fatores também contribuíram para este
afastamento, como o fácil acesso a medicamentos sintéticos, pouca comprovação
cientifica das propriedades farmacológicas, e charlatanismo. Estes fatores também
foram influencias em outros países em processo de urbanização (LORENZI;
MATOS, 2008).
Atualmente, grande parte da população brasileira encontra nas plantas
medicinais uma forma alternativa no tratamento de suas doenças, rendendo-se aos
seus benefícios. Isso se deve a vários fatores, dentre os quais é possível destacar
as novas linhas de pesquisas nas universidades, buscando bases mais sólidas para
a validação científica do uso de plantas medicinais, a crise econômica e o alto custo
dos medicamentos industrializados, bem como, o difícil acesso da população à
assistência médica. Verifica-se também, a crescente tendência dos consumidores de
utilizar medicamentos mais naturais. No entanto, destaca-se que o tratamento por
meio das plantas medicinais seja favorável à saúde humana, desde que o usuário
tenha conhecimento prévio de sua finalidade, riscos e benefícios. (DI STASI,1996
apud BALDAUF et al, 2009)
A legitimação e a institucionalização de abordagens de atenção à saúde,
voltadas para a medicina tradicional no Brasil, teve início a partir da década de 1980,
principalmente após a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Atento ao
programa das Nações Unidas e da Organização Mundial da Saúde sobre a
viabilidade do uso da fitoterapia como um dos métodos alternativos de tratamento de
doenças, de modo a possibilitar o alcance da população, especialmente a mais
pobre, o país através do Ministério da Saúde introduziu no SUS, sua politica com
Plantas Medicinais para o tratamento de doenças, sob a denominação de Programa
Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.
Este programa tem por objetivo “garantir à população brasileira o acesso
seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso
sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria
nacional”. Assim, em fevereiro de 2009, o Ministério da Saúde divulgou a Relação
Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS, na qual estão presentes 71
espécies vegetais usadas pela sabedoria popular e confirmadas cientificamente
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
Com a divulgação da lista, o Ministério da Saúde visa orientar estudos e
pesquisas que possa subsidiar a elaboração de fitoterápicos para disponibilizar à
população por intermédio do SUS. Atualmente o SUS já oferece 12 fitoterápicos.
São eles: Alcachofra, Aroeira, Babosa, Cascara Sagrada, Espinheira Santa, Garra
do diabo, Guaco, Hortelã, Isoflavona de soja, Plantago habitual, Salgueiro e Unha de
gato. Eles são ofertados na forma de xaropes, pomadas, comprimidos.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

A tabela a seguir apresenta os doze fitoterápicos disponibilizados com sua


indicação.
RELAÇÃO DE FITOTERAPICOS OFERTADOS PELO SUS
Nome Popular Nome Científico Indicação
Alcachofra Cynara scolymus Tratamento dos sintomas de dispepsia
funcional e de hipercolesterolemia leve
e moderada. Apresenta ação colagoga
e colerética
Aroeira Schinus terebenthifolius Apresenta ação cicatrizante, anti-
inflamatória e anti séptica tópica, para
uso ginecológico
Babosa Aloe vera Tratamento tópico de queimaduras de
1º e 2º graus e como coadjuvante nos
casos de Psoríase vulgaris
Cáscara sagrada Rhamnus purshiana Auxilia nos casos de obstipação
intestinal
Espinheira Santa Maytenus ilicifolia Auxilia no tratamento de gastrite e
úlcera duodenal e sintomas de
dispepsias
Garra do diabo Harpagophytum Tratamento da dor lombar baixa aguda
procumbens e como coadjuvante nos casos de
osteoartrite. Apresenta ação anti
inflamatória
Guaco Mikania glomerata Apresenta ação expectorante e
broncodilatadora
Hortelã Mentha xpiperita Tratamento da síndrome do cólon
irritável. Apresenta ação antiflatulenta e
antiespasmódica
Isoflavona de soja Glycine max Auxilia no alivio dos sintomas do
climatério
Plantago Plantago ovata Forssk Auxilia nos casos de obstipação
intestinal habitual. Tratamento da
síndrome do cólon irritável
Salgueiro Salix alba Tratamento de dor lombar baixa aguda.
Apresenta ação anti inflamatória
Unha de gato Uncaria tomentosa Auxilia nos casos de artrites e
osteoartrite. Apresenta ação anti
inflamatória e imunomoduladora
Fonte: ALARCON, 2012.

Cabe ressaltar, que a população conta também com a Pastoral da Saúde,


uma organização social ligada à Igreja Católica, criada em 1986, tendo como um dos
seus objetivos a promoção e a educação para a saúde procurando valorizar o
conhecimento e a sabedoria popular sobre plantas medicinais. A organização tem
por iniciativa preparar, xaropes, tinturas, chás, misturas entre outros, com as plantas
disponibilizadas na própria Pastoral ou pela comunidade, para distribuição à
população, principalmente a menos favorecida.
Mas como bem exposto pelo Ministério da Saúde (2009), é indispensável o
acesso seguro e racional à utilização de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.
Reconhecendo essa imprescindibilidade, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) publicou no ano de 2011 a Farmacopeia Brasileira de Fitoterápicos, onde
são relatados diversas plantas com seus princípios ativos e respectivas formas de
preparo.
Com base no acima mencionado, acredita-se que, se por um tempo o uso de
Plantas Medicinais e Fitoterápicos ficou esquecido, existe atualmente uma tendência
ao resgate de suas utilizações.

OS PRINCIPIOS ATIVOS DAS PLANTAS MEDICINAIS

Segundo Furlan (1998), conhecer o que é produzido pelas plantas e o que as


torna possuidoras de efeito medicinal é fundamental para o uso terapêutico. De
modo geral as plantas apresentam diversas substâncias, que nelas tem função
sinergética, ou seja, estas substâncias produzidas e assimiladas têm a função de
nutri-la e protegê-la durante seu período de vida e podem ser encontradas em todas
as partes do vegetal: raiz, caule, ramos, folhas, flores, sementes e ou frutos.
Atualmente, sabemos que algumas destas substâncias podem ter ação no
organismo humano e, se utilizadas de maneira correta, atuam como medicamento,
seja ele preventivo, paliativo ou curativo. Estas substâncias são chamadas de
princípios ativos e, embora uma planta apresente mais de um princípio ativo,
geralmente, um grupo determina sua ação principal, de forma que uma planta
medicinal, mesmo possuindo diversas propriedades, sempre apresentará uma que
se sobressai.
É necessário ressaltar que fatores internos e externos podem afetar a
concentração dos princípios ativos da planta. O estágio de desenvolvimento ou as
diferenças que ocorrem entre as variedades são exemplos de fatores internos. Entre
os fatores externos podem ser citados o tipo de solo e as variações ambientais como
a temperatura, incidência de luz, altitude e taxa de umidade. (FURLAN, 1998)
Os princípios ativos são classificados de acordo com as classes de
substâncias que os constituem. Vejamos na tabela a seguir os principais princípios
ativos com funções medicinais dos vegetais e informações a respeito de cada um:

GRUPO DE ESPECIES ONDE


FUNÇÃO NO FUNÇÃO USO NA
PRINCIPIO SÃO
VEGETAL FARMACOLÓGICA INDÚSTRIA
ATIVO ENCONTRADAS
Translocação de Laxante, cicatrizante, Tanchagem, Fabricação de
Mucilagens água e anti-inflamatória e babosa, borragem gomas, geleias e
nutrientes antiespasmódica e quiabo hidratantes
Bactericida, Hortelã, alecrim, Farmacêutica,
Óleos Polinização e
anestésica, vermífuga sálvia, tomilho, erva cosmética e
essências proteção
e antisséptica cidreira alimentícia
Adstringente, Espinheira santa,
Farmacêutica e
Proteção contra antidiarreica, barbatimão,
Taninos processamento
microrganismos cicatrizante e goiabeira,
de couro
vasoconstritora pitangueira, romã
Maracujá,
Proteção contra Analgésica, sedativa,
Alcaloides beladona, guaraná, Farmacêutica
predadores calmante e anestésica
café, jaborandi
Dedaleira,
Proteção contra Tratamento de
Glicosídeos mandioca, Farmacêutica
predadores doenças do coração
espirradeira
Polinização e Anti-inflamatória e Farmacêutica,
Camomila, arruda,
Bioflavonóides dispersão de fortalecimento de alimentícia e
macela, calêndula
sementes vasos capilares cosmética
FONTE: FURLAN, 1998. (com adaptações)

IDENTIFICAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS: NOME POPULAR X


NOME CIENTÍFICO

Para Furlan (1998), além das informações sobre as propriedades


terapêuticas, é importante ter a certeza sobre a identificação da planta que se
pretende usar, pois não são raras as confusões e descontentamentos que ocorrem
quando da sua utilização errônea em função de seu nome popular.
Segundo o mesmo autor, são raras as plantas medicinais que apresentam
apenas um nome, ou poucos sinônimos. A maioria delas recebe muitas
denominações variando muito de uma região para outra; ou até mesmo dentro da
mesma comunidade em diferentes residências.
Como exemplo temos o Capim-limão, que apesar de ser uma planta de
origem asiática, no Brasil adaptou-se facilmente, e recebe diversos nomes: capim
santo, erva cidreira, chá de estrada, cidrão, capim cidrão, cidreira, erva cidreira de
folha estreita, cidró e capim cidreira. No entanto, essas variações nominais, podem
gerar grandes transtornos pessoais como intoxicações e comerciais na compra e
venda da planta errada (FURLAN, 1998).
Visando resolver esta problemática, a identificação das plantas medicinais
deve ser feita pelo seu nome científico, a qual, pode ser compreendida como o nome
oficial de cada espécie de ser vivo, em qualquer lugar do mundo. Esse nome
científico obedece a regras de nomenclatura: deve ser binominal, escrito em latim,
negritado ou itálico.
Desta forma, o Capim limão, que foi anteriormente mencionado, como
popularmente é conhecido, recebe o nome científico de Cymbopogon citratus, em
qualquer lugar do planeta, evitando as confusões provocadas pelos seus nomes
populares (FURLAN, 1998).
Além do mais, pela legislação dos fitoterápicos, é obrigatório colocar o nome
científico das espécies de vegetais nos rótulos dos medicamentos industrializados;
ou das estruturas a serem comercializadas naturais ou desidratadas (secas)
(MINISTÉRIO DA SAÚDE-CEME, 2006).
Para saber qual é o nome cientifico da planta em questão, o pesquisador
deve coletar amostra das flores, pois são elas que servem para a identificação da
espécie, uma vez que as demais partes podem parecer-se muito umas com as
outras, acrescido de folhas, frutos, sementes quando possível, e preparar uma
exsicata (READER´S DIGEST, 1999).
Assim, de acordo com Jorge (2008), a identificação da planta será feita
através da comparação da mesma com uma espécie já classificada. As espécies
que já possuem classificação definida, são encontradas em coleções denominadas
Herbarium, disponibilizadas nos herbários de instituições de pesquisa ou
universidades, destinados à exposição e a pesquisa.
Outra fonte de pesquisa é Flora Brasiliensis disponível on line (JORGE,
2008).

MANEJO DE PLANTAS MEDICINAIS: DO CULTIVO À


ARMAZENAGEM

Para garantir que os princípios ativos, ou seja, a eficácia terapêutica de uma


planta medicinal, não se degradem é necessário um processo de manejo adequado
assegurando a correta sequência de manipulação desde o plantio, até a chegada
do produto nas mãos de quem vai usá-lo (SILVA et al, 1995).
Cultivo: Para o cultivo das plantas medicinais devemos inicialmente escolher
um local adequado para o plantio, levando em consideração as necessidades de
cada espécie (tipo de solo, luminosidade, umidade) além de o ambiente estar num
local adequado, distante de possíveis poluições como esgotos, vias de transportes,
regiões de industriais.
Colheita: Dois aspectos precisam ser seguidos nessa fase. Além de
identificar bem a planta, e com isso ter segurança do material que esta sendo
colhido, é preciso também se atentar a variação da concentração dos princípios
ativos na planta, que seguem critérios de luminosidade (período do dia/noite), tempo
(sol/chuva) e das estações do ano. Estes fatores são determinantes para as épocas
de colheita, mas de modo geral colhem-se as diferentes partes da planta em
momentos diferentes:
- folhas: devem ser colhidas na forma adulta e nas primeiras horas da manhã ou no
final da tarde;
- flores: devem ser colhidas no início da floração e pela manhã;
- sementes: quando estiverem totalmente maduras;
- raízes: devem ser colhidas preferencialmente no outono quando se concentram as
reservas para o inverno;
- as cascas: devem ser coletadas antes do inicio de sua rebrota, após o inverno;
Secagem: “A secagem é a maneira consagrada pelo tempo de se
conservarem as ervas”. Quando as plantas não são utilizadas frescas, devemos
fazer a secagem adequada para armazená-las com suas propriedades e livrá-las de
contaminações. Este processo pode ser feito de forma natural ou artificial.
A forma natural, que é a mais comum deve ser feita na sombra, em local bem
ventilado, porém limpo e seco. Podem ficar amarrados em ramos e pendurados em
varais ou espalhados sobre tampões; preferencialmente devem ser cobertos com
papel para proteger da luz (destrói a cor e sabor) e poeira.
A forma artificial é feita em estufas com temperaturas entre 30º e 65º,
dependendo do tipo de cultura. Geralmente é utilizada para grande quantidade de
plantas em escala comercial.
A secagem dura de 2 a 15 dias, dependendo da parte da planta a ser secada
e da técnica usada.
Armazenamento: Após a secagem o material deve ser armazenado em
embalagens escuras como papel pardo, vidros escuros, pequenas caixas de
papelão e bem fechadas, evitando a luz, o pó, o calor e insetos.
As embalagens devem ser etiquetadas indicando o nome da planta e a data
de colheita, pois o prazo de validade varia de seis meses a um ano.

A TOXIDADE DAS PLANTAS MEDICINAIS

O uso de plantas medicinais é amplamente utilizado pela sociedade na


prevenção e tratamento de doenças, porém da mesma forma que os modernos
medicamentos possuem algum risco associado ao seu consumo, as plantas
medicinais e os fitoterápicos também podem apresentar propriedades toxicas que
justificam muito cuidado no preparo e utilização.
O fato de uma planta ser natural, não lhe exime dos riscos, podendo causar
graves enfermidades logo após o seu uso ou a longo prazo, podendo até mesmo
causar a morte. As enfermidades manifestam-se em afecções da pele e mucosas,
problemas respiratórios, cardiovasculares, gastrointestinais, neurológicos entre
outros (SANCHES,1998 apud BARCELOS,2013).
As reações colaterais podem estar relacionadas à exposição de um ou mais
componentes químicos da planta, no processo obtenção dos princípios ativos, ou
ainda na forma de consumo, pois não são raros os casos em que se emprega
somente uma parte da planta com fins medicinais, enquanto as outras partes podem
ser consideradas tóxicas. O cuidado na identificação precisa do material a ser
utilizado e a rigorosidade das dosagens prescritas, também podem evitar uma serie
de problemas (LORENZI; MATOS, 2008).
Pode-se destacar alguns casos clássicos relatados na literatura, como o uso
do confrei, que possui ação anti inflamatória e cicatrizante e foi bastante utilizado
como remédio, mas por conter certos alcaloides tóxicos ocasionou o aparecimento
de tumores malignos no fígado, nos brônquios e na bexiga, dos seu consumidores e
hoje seu uso interno foi suspenso (LORENZI; MATOS, 2008).
A arruda, com função vermífuga e emenagoga, pode provocar vômitos,
gastroenterites, salivações, edema na língua e, principalmente, hemorragias em
mulheres grávidas, podendo levar ao aborto (MARTINS et al, 1998 apud
FERNANDES, 2008). Outro caso bastante mencionado é da buchinha,
popularmente usada para a sinusite, a planta tem forte efeito hemorrágico e é usado
como abortivo.
Segundo Lorenzi e Matos (2008) vários grupos de substâncias tóxicas podem
ser encontradas nas plantas. A tabela a seguir evidencia alguns deles, assim como
seus efeitos e exemplos de plantas onde são encontrados.
GRUPO DA ONDE SÃO
EFEITOS NO ORGANISMO
SUBSTÂNCIA TÓXICA ENCONTRADOS

Alcaloides Pirrolizidínicos São considerados cancerígenos Fedegoso, confrei


e hepatotóxicos

Alcaloides tropânicos Confusão mental, alta Trombeteira


irritabilidade, delírios e
alucinações

Glico-alcalóides Esterólicos De sensibilização progressiva, Juás, erva-moura e jurubeba


estupor e ocasionalmente morte
por parada respiratória

Alcaloides Piperínicos e Náuseas, salivação excessiva, Tabaco e romã


Piperidínicos vômitos, dor abdominal, diarreia,
confusão mental e nas formas
mais agudas hipotensão seguida
de colapso e morte

Glicosídeos Cardioativos Mal estar, vômitos, suor frio, Dedaleira, espirradeira, ciumeira
convulsões, perda dos sentidos
e mesmo morte por parada
cardíaca

Glicosídeos Cianogênicos Distúrbios do sistema nervoso Mandioca


central, alterações degenerativas
do nervo óptico e um estado de
hipoxemia crônica não letal. A
intoxicação é usualmente
crônica, sendo uma das
exceções a mandioca.

Glicosídeos Antraquinônicos e Severa intoxicação renal, anúria Babosa


suas agliconas por nefrite aguda, edema
generalizado e prostração
seguida de morte
Fonte: (LORENZI; MATOS, 2008)

A importância de estudar a toxidade das plantas medicinais, não esta só nos


riscos que elas apresentam, mas também nos benefícios que elas podem
proporcionar quando usadas adequadamente. É notório que muitos dos
componentes químicos empregados na farmacologia, são elaborados a partir desses
mesmos componentes tóxicos, como é o caso da dedaleira em que sua substância
denominada digitalina, é a base de muitos medicamentos cardiotônicos, prescritos
para auxiliar no tratamento de insuficiência cardíaca.(BARCELOS, 2013)
Paracelso, também conhecido como o fundador da homeopatia, já media e
ministrava doses das substancias que dava para seus pacientes dizendo: “ Se um
veneno é veneno ou não, depende só da dose”. Sua filosofia foi sintetizada da
seguinte forma: “o muito mata, o pouco cura” (READER´S DIGEST, 1999).

FORMAS DE UTILIZAÇÃO E PREPARO DAS PLANTAS MEDICINAIS

De acordo com Reader´s Digest (1983) as plantas medicinais podem ser


utilizadas em preparações diversas para serem ingeridas, ou seja, de uso interno, ou
para uso sobre o corpo (pele, mucosas) dito neste caso, de uso externo. Assim, as
formas de preparar estes compostos, também são muitas e normalmente variam de
acordo com a parte da planta a ser utilizada e a função do preparo.
1 - Tisana: nome genérico de chás, usado desde antiguidade. Existem três
formas de preparar os chás:
- Infusão: É o modo tradicional de preparo dos chás. Deve-se picar a parte da planta
indicada,(mais comum com folhas frescas e flores ) colocar num recipiente e
adicionar água fervente. Tampar e deixar em repouso por 5 a 10 minutos. Depois
coar para ser tomado.
- Decocção: Prepara-se colocando a planta na água fria e leva a fervura. O tempo
de fervura pode variar de 10 a 15 minutos dependendo da consistência da planta.
Deixar repousar alguns minutos e coar. Esse método é indicado quando se utilizam
partes duras como cascas, raízes e sementes.
- Maceração: É uma preparação que requer longa imersão, pois coloca a planta
amassada ou picada na água fria. Cobre-se o recipiente e deixa-se repousar em
lugar fresco por um período maior de tempo que pode chegar a um dia, para depois
ser utilizado.
Os chás devem ser preparados de preferência, em doses individuais para
serem usados logo em seguida. Quando, porém, as doses são muito frequentes,
podem ser preparados em quantidade maior, para o consumo no mesmo dia. Neste
caso, além do cuidado de usar todo o material muito bem limpo, deve-se manter o
recipiente com o chá bem fechado e guardado na geladeira e não usá-lo mais no dia
seguinte, quando se prepara nova quantidade se for necessário.
Os recipientes a serem utilizados devem ser preferencialmente de vidro,
porcelana ou esmaltados, para não alterarem os princípios ativos da planta.
2 - Cataplasma: são feitas com plantas picadas ou esmagadas e misturadas
com água ou leite e farinhas. A mistura é aquecida e aplicada ainda quente sobre a
área afetada. Costumeiramente, é utilizado para o tratamento de dores reumáticas,
inflamações da pele, ulcerações, feridas, furúnculos, contusões e entorses.
3 – Compressas: São feitas com o preparo de tisanas ou o sumo da própria
planta embebida em panos, gaze ou algodão e aplicados sobre o local afetado.
Podem ser aplicadas quentes ou frias.
4 – Banhos: os banhos de ervas são usados desde a antiguidade tanto para
fins curativos como embelezadores. Esses banhos sempre auxiliam no processo de
restabelecimento de afecções da pele.
5 – Bochechos e gargarejos: consiste em lavar a boca, a garganta e a
faringe com chás de plantas com finalidade de desinfetar e acalmar as dores. Não
pode ser engolido.
6- Inalação: São empregadas com a finalidade de aproveitar o vapor
terapêutico de plantas aromáticas como eucalipto e alecrim quando lançados em
água quente. Fazem-se inalações para desobstruir os seios nasais e vias
respiratórias superiores. No entanto deve-se tomar muito cuidado por causa do risco
de queimaduras.
7 – Emplastros: são preparações que possuem uma grande força aderente,
destinadas ao uso externo, pois contém resinas e às vezes ceras. Podem ser
impregnadas com substâncias medicamentosas como extratos, pós e macerados e
colocadas diretamente no local lecionado.
8 – Elixires: são líquidos hidroalcóolicos, adocicados, adicionados de extratos
macerados ou de chás obtidos por infusão ou decocção, destinados ao uso oral.
9 - Xaropes: É obtido misturando certos sucos, decoctos ou macerados com
açúcar e levados para cocção. Deve ser preparado com cuidado não deixando
elevar a temperatura superior a 80º C. Depois de pronto, acondicionar em
recipientes de vidro e bem fechado. Muitas plantas são conhecidas pelos seus
efeitos peitorais, e usadas contra a tosse, a bronquite, e outras afecções das vias
respiratórias, na forma de xaropes. Prepara-se quente ou frio e toma-se às
colheradas conforme indicação.
10 - Tinturas: Prepara-se por dissolução em álcool a 70, 80, 85º G.L.com
vegetais secos e triturados. Geralmente numa proporção de uma parte de vegetal
para cinco de álcool. Após o tempo necessário para a maceração da tintura, o
composto deve ser filtrado.
11 - Unguentos: consiste em extrair as propriedades das plantas em óleos.
Pode servir para uso interno e externo.
12 - Fomentos: é o procedimento que utiliza as folhas das plantas aquecidas,
diretamente na pele ou entre panos, para aliviar dores reumáticas e nevrálgicas.
13 - Linimentos: são preparações farmacêuticas líquidas contendo
geralmente óleos ou álcoois incorporados com plantas específicas, que se destinam
à aplicação cutânea por fricção. Emprega-se para aliviar dores reumáticas,
musculares e traumatismos.
14 - Loções: preparado líquido com o qual se aplica na pele ou couro
cabeludo nos locais em que houver irritação. Aplica-se com o auxílio de um algodão.
Existem loções aquosas, coloidais e emulsões de com a solubilidade dos
compostos.
15 – Pós ou farinhas: são obtidos por meio de trituração das plantas secas
ou apenas de suas partes ativas. Os pós podem produzir extratos, ser suspensos
em água ou misturados com a alimentação.
16 - Sinapismo: é um tipo de cataplasma que se adiciona à mostarda,
pimenta malagueta, gengibre ou outras plantas que tornam a pele vermelha. É
usado no caso de inflamações subcutâneas.
Segundo Biazzi ( 2004), podemos também preparar:
17 - Saladas: é a forma mais natural de se empregar uma erva. Usadas ainda
frescas, recém-colhidas da horta, trabalhando na prevenção de doenças, nutrindo,
reconstruindo o sangue, desfazendo males de várias ordens, acalmando,
fortalecendo e contribuindo para um bom desenvolvimento do nosso corpo. Podem-
se preparar saladas com as seguintes ervas: dente-de-leão, tanchagem, beldroega,
serralha, mil-em-rama, hortelã, cominho e muitas outras.
18 - Sucos: para uso externo e interno, atuam na restauração, bem-estar e
alívio do organismo. É uma maneira de aproveitar bem todas as propriedades
curativas da planta. Os princípios vitais, os minerais e vitaminas são obtidos de
plantas frescas, de preferência recém-colhidas. Obtém-se o suco através da
trituração ou passadas na centrífuga, sendo coados e ingeridos em seguida.
19 - Caldos: é a maneira de oferecer ao organismo as propriedades curativas
das plantas em água quente, temperada, geralmente com sal. São muito usados nos
casos de convalescença, enjoos, debilidade digestiva por fator nervoso.

PROPOSTAS DE ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NA


IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO E ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR

ATIVIDADE 01

APRESENTAÇÃO DO TEMA E QUESTIONÁRIO PARA LEVANTAMENTO DE


DADOS

Orientações para o professor:


Em conversa dialogada com os educandos apresentar alguns questionamentos
como:
Quem de nós nunca tomou, receitou ou ouviu a vovó falar de chazinhos naturais
para sarar de uma dor de barriga, dor de estomago ou dor de cabeça? Ou ainda:
Está nervoso? Tome um chá para ficar calminho e dormir bem!
Alguns desses chás são gostosos de tomar, como a camomila, erva cidreira...
Outros torcemos o nariz, fazemos cara feia para tomar, pois são ruins, como
dizemos, ou tem gosto amargo como o boldo. Pois bem, saibamos que grande parte
dessas informações do conhecimento popular que há milênios foram utilizados e
transmitidos por pessoas leigas, ao longo das gerações, agora ganham o
conhecimento de cunho científico e tem sua eficácia comprovada por pesquisas
desenvolvidas em universidades e até em grandes laboratórios farmacêuticos que
não só pesquisaram, mas também comercializam o produto destas descobertas.
Podemos agora então dizer: “E não é que a vovó estava com a razão, quando
preparava algum tipo de chá para nós.” É claro, que muitas são as informações e
cuidados que devemos ter ao utilizar essas plantas, que são chamadas de “plantas
medicinais”, e também, não é só na forma de chás que nós podemos utilizar.
É isso que nós iremos aprender nas próximas atividades.

Observação: Enquanto o professor realiza esses questionamentos entrega para


seus alunos uma porção de chá de erva luísa (Aloysia triphylla) para degustarem, pois
tem um sabor bastante agradável e excelente calmante.

Em seguida à apresentação do tema será entregue ao aluno um questionário, para


que o mesmo leve para casa e realize a entrevista com sua família. Este
questionário tem como objetivo realizar um levantamento para saber quais plantas
medicinais as pessoas mais utilizam, para que utilizam, como utilizam e com quem
adquiriram este conhecimento.
Após a realização do questionário, será feita uma seleção juntamente com os alunos
das plantas mais citadas, o que desencadeará na realização de atividades
posteriores como a pesquisa das plantas mais citadas e plantas com diversos
nomes populares.

Modelo do questionário:
Senhores Pais:

Sou a Professora Silvia Raquel Martini Korczovei, irei trabalhar com o Projeto sobre
Plantas Medicinais visando resgatar este conhecimento usado desde a muito tempo
na medicina popular. Trazer este tema para a sala de aula possibilitará aos nossos
alunos, seus filhos, informações sobre este conhecimento, pautado na ciência,
tornando-os mais preparados e conscientes para a sua utilização.
Para tanto peço, a gentileza de responderem este questionário, pois suas respostas
serão valiosas na execução deste projeto.

NOME DO ALUNO(A): ____________________________________________


ENDEREÇO: ____________________________________________________
NOME DO PAI: __________________________________________________
NOME DA MÃE:__________________________________________________

1- Como você definiria as Plantas Medicinais?


___________________________________________________________________
___________________________________________________________
2- Você e sua família usam algum tipo de planta medicinal para aliviar alguma dor ou
outro sintoma?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________

3 - Porque utiliza as plantas medicinais como remédio?


( ) é mais barato ( ) não faz mal à saúde ( ) é natural ( ) outro.
Qual?______

4 - Através de quem aprendeu ou ouviu falar sobre o uso de plantas medicinais?


( ) pais; ( ) avós; ( ) vizinhos; ( ) televisão ( ) pastoral da saúde;
( ) livros; ( ) benzedeiras ( ) Outro. Qual?

5 - Que cuidados você considera necessário ao coletar e utilizar plantas medicinais?


___________________________________________________________________
___________________________________________________________

6- Qual é a forma mais comum de uso e como você prepara?


___________________________________________________________________
___________________________________________________________
7 - Quando precisa de alguma planta para fazer remédio, você procura ?
( ) no próprio quintal
( ) no quintal de vizinhos ou parentes
( ) na pastoral
( ) em casas especializadas
( ) no mato
( ) outro________________________

8 - Em nossa região existem inúmeras plantas medicinais dentre elas citamos


algumas no quadro a seguir. Assinale aquelas que você e sua família conhecem, e
indique para que males utilizam e como preparam

NOME DA FORMA DE
PARTE USADA INDICAÇÃO
PLANTA PREPARO
Alecrim
Aroeira
Arruda
Babosa
Boldo
Calêndula
Camomila
Canela
Capim cidreira
Carqueja
Cavalinha
Confrei
Erva cidreira
Erva doce
Espinheira Santa
Goiabeira
Guaco
Hortelã
Losna
Macela
Pitangueira
Poejo
Quebra Pedra
Se você conhece outras plantas que não estão mencionadas no quadro, cite-as no
espaço abaixo.

ATIVIDADE 02

RELATO HISTORICO DO USO DAS PLANTAS MEDICINAIS NO MUNDO E NO


BRASIL

Orientações para o Professor:


A apresentação histórica das plantas medicinais será feita através de exposição oral
dialogada pelo professor. Para tanto será usado recursos de multimídia na forma de
apresentação de slides com os tópicos principais possibilitando uma interação entre
professor e alunos localizando-os no espaço e no tempo em que os fatos
aconteceram.
Após esta explanação assistiremos dois vídeos, relacionados ao tema, que se
encontram disponibilizados nos seguintes endereços eletrônicos:
- Plantas medicinais brasileiras – um saber ameaçado
disponível em:<http://www.youtube.com/watch?v=oVJ7SsHGH3c>
- Programa Nacional de plantas medicinais e fitoterápicos (MS)
disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=MN_Ah6DrFPE>

ATIVIDADE 03

NOME POPULAR X NOME CIENTÍFICO

Orientações para o Professor:


Problematizar o conteúdo sobre o nome científico das plantas medicinais através da
apresentação de um exemplar da planta medicinal erva cidreira e questionar qual é
o nome da planta apresentada. A partir das respostas levar ao conteúdo proposto
sobre o nome científico. É fundamental deixar claro para o educando que o uso do
nome científico facilita a identificação de todas as espécies de seres vivos em
qualquer lugar do mundo, principalmente pela comunidade científica. Para tanto
após a explicação do professor os alunos deverão realizar as seguintes atividades.

Atividades para o aluno:


Agora é a sua vez! Vamos resolver as atividades propostas e verificar se ainda
restam duvidas.
1 -Qual é a importância de existir um nome cientifico para as plantas medicinais?
2 - Somente as plantas medicinais apresentam nome científico? Justifique.
3 – Vamos pesquisar o nome científico das seguintes plantas medicinais, não
esquecendo a forma correta de escrevê-los:
Hortelã: ..................................................
Boldo: ..................................................
Guaco: .................................................
4 – Em nosso país é muito comum o uso da raiz de uma planta chamada Manihot
esculenta na alimentação tendo grande teor energético e bastante apreciada por
todos os brasileiros. De fácil adaptação, é cultivada em todos os estados, situando-
se entre os nove primeiros produtos agrícolas do País, em termos de área cultivada,
e o sexto em valor de produção. De quem estamos falando? Descubra no
emaranhado de letras o seu nome popular.

N A

M I O

A C D

_________________________

Você conhece outros nomes populares também usados para denominar esta planta?
Se afirmativo, quais são?
__________________________________________________________________
5 – Vamos pesquisar o nome científico de três espécies de animais e de plantas que
fazem parte de nosso cotidiano:
ATIVIDADE 04

EM BUSCA DE INFORMAÇÕES

Orientações para o Professor:


Nesta atividade os alunos deverão aprofundar seus conhecimentos a respeito das
plantas medicinais mais utilizadas na nossa região apresentadas no questionário.
Para tanto a classe será dividida em grupos de 3 alunos e será feito o sorteio das
plantas a serem pesquisadas para cada equipe.
A pesquisa acontecerá no laboratório de informática com acesso a internet nos links
previamente determinados e livros para consulta disponibilizados pelo professor. O
conteúdo da pesquisa será determinado e verificado pelo professor juntamente com
as equipes. Concluída a pesquisa, cada equipe apresentará seus estudos na sala
de aula socializando o conhecimento a respeito da planta medicinal pesquisada,
bem como um exemplar da sua espécie. Estes dados serão digitados pelos alunos
e farão parte da apostila que será disponibilizada para os mesmos no final da
implementação e socialização dos resultados na escola.

Atividades para os alunos:


Para obtermos dados mais precisos e científicos a respeito das plantas medicinais
mais utilizadas na nossa região iremos pesquisa-las juntos ao material fornecido e
internet no laboratório de informática os seguintes dados:
- O Nome científico da planta;
- Os nomes populares;
- A descrição da planta;
- As indicações terapêuticas;
- As contra indicações;
- A forma de uso;
- Curiosidades;

Concluída a pesquisa, cada equipe apresentará seus estudos na sala de aula


socializando o conhecimento a respeito da planta medicinal pesquisada, bem como
um exemplar da sua espécie. Estes dados serão digitados por vocês no laboratório
de informática, pois farão parte da apostila que será disponibilizada a vocês e seus
familiares final da implementação e socialização dos resultados na escola.

ATIVIDADE 05

RECOMENDAÇÕES SOBRE O MANUSEIO E CUIDADOS NO USO DAS


PLANTAS MEDICINAIS

Orientações para o professor:


Devemos evidenciar aos educandos que para garantir a eficácia terapêutica de uma
plantas medicinal, ou seja, que os princípios ativos não se degradem, ou não façam
mal, é necessário um processo de manejo adequado assegurando a correta
sequencia de manipulação desde o plantio, até a chegada do produto nas mãos de
quem vai usa-lo. E quando do uso, também deve estar ciente da sua utilização, pois
em certas condições a pessoa não pode utiliza-lo, como em casos de gravidez, ou
uma doença crônica como diabetes. É necessário esclarecer que algumas plantas
medicinais são toxicas, de acordo com a forma de uso: interno ou externo. Porém
essas mesmas plantas quando usadas na farmacologia são de extrema importância
na produção de medicamentos.
Estas informações serão apresentadas pelo professor de forma expositiva
dialogada, com auxilio da tv multimídia. E após, os alunos realizarão atividades em
duplas com auxilio de material impresso disponibilizado pelo professor.

Atividades para os alunos:


Depois de termos dialogado sobre o manejo das plantas medicinais, seus princípios
ativos e a toxidade, é momento ampliar nossa aprendizagem. Utilizando os textos
hora apresentados vamos encontrar as respostas para as questões apresentadas e
preenche-las na palavra cruzada.

1 – Um dos fatores que interferem na eficácia terapêutica de uma planta medicinal.


( MANIPULAÇAO)
2 – O local de cultivo das plantas medicinais além dever estar adequado às
necessidades da espécie, também estar longe de que tipo de ambientes.
(POLUIDOS)
3 – De modo geral colhem-se diferentes partes das plantas em momentos
diferentes. Que parte deve ser colhida na forma adulta e nas primeiras horas da
manha. (FOLHAS)
4 – Que estrutura vegetal deve ser colhida quando estiver totalmente madura.
(SEMENTE)
5 – O processo mais comum de fazer a secagem das plantas que não serão
utilizadas frescas. (NATURAL)
6 – Uma das características que deve apresentar o locar para fazer a secagem das
plantas medicinais. (SOMBRA)
7 – O armazenamento deve ser feito em que tipo de embalagens para garantir as
qualidades da planta. (ESCURAS)
8 – Maneira como atuam no organismo as plantas medicinais, quando utilizadas
corretamente. (MEDICAMENTOS)
9 – Função que de modo geral, as substancias produzidas pelas plantas
desempenham nela própria. (SINERGÉTICA)
10 – Número de substâncias produzidas pelas plantas medicinais.
(DIVERSAS)
11- Nome dado pela ciência às substâncias encontradas nas plantas medicinais.
(PRINCIPIOS ATIVOS)
12 – Grupo de princípios ativos que tem ação cicatrizante, laxante e anti inflamatória.
(MUCILAGENS)
13 – Grupo de princípios ativos que apresentam função analgésica, sedativa,
calmante. (ALCALÓIDES)
14 – Princípio ativo que tem função adstringente, antidiarreica e vasoconstritora.
(TANINOS)
15 – Tipo de propriedades que as plantas medicinais também podem apresentar o
que justifica muito cuidado na identificação, preparo e utilização.
(TOXICAS)
16 – Um dos problemas que as plantas medicinais podem causar no organismo se
esta apresentar toxidade. (RESPIRATORIO)
17 - Fator que também interfere na determinação da toxidade de uma planta
medicinal, e que elucida a célebre frase de Paracelso: “se um veneno é veneno ou
não, depende só da dose”. (DOSAGEM)
1 P
2 L
3 A
4 N
5 T
6 A
7 S

8 M
9 E
10 D
11 I
12 C
13 I
14 N
15 A
16 I
17 S

ATIVIDADE 06

FORMAS DE PREPARO DAS PLANTAS MEDICINAIS

Orientações para o Professor:


Os alunos serão levados até o refeitório da escola onde serão realizadas atividades
práticas sobre formas de preparo de plantas medicinais. Dentre elas, o preparo de
chás por infusão, maceração e decocção, compressas, cataplasmas, alcoolatura,
cataplasma e sucos. Os demais serão só explicados, posteriormente em visita à
Pastoral da Saúde poderão evidenciar outras formas de preparo.
As praticas serão realizadas em grupos, sob a orientação do professor.
Concomitante com a apresentação das formas de preparo será oportunizado o
esclarecimento das medidas de uso no preparo de acordo com o material a ser
utilizado (casca, raiz, folha, flor, fruto, semente) bem como seu estado (seco ou
fresco) a saber:
Segundo Korbes (1995), quantidade de vegetal verde, pesa mais ou menos o dobro
do seco. A planta seca necessita de mais tempo de infusão para a liberação dos
princípios ativos do que a verde. Em média apesentam a seguinte proporção:
- uma colher de sopa de folha seca : 2 a 3 gramas
- uma colher de sopa de folha fresca: 5 gramas
- uma colher de sopa de raízes ou cascas: 20 gramas
- um punhado de planta seca: 45 gramas
A média utilizada é de 20 gramas da planta verde ou 10 gramas da planta seca para
um litro de água.
Também será aqui esclarecido que tipo de recipientes devem ser usados no
preparo, para garantir sua qualidade terapêutica.

ATIVIDADE 07

CINEMA EM AÇÃO: PLANTAS MEDICINAIS E O CONHECIMENTO CIENTIFICO

Orientações para o Professor:


É inegável a influencia que o cinema exerce na sociedade moderna, pois os filmes
nas suas diversas modalidades permitem a promoção de debates e
questionamentos, constituindo um recurso didático que permite ao educandos
construir e modificar conceitos e visões de mundo. Além de facilitarem o processo
ensino aprendizagem tornando as aulas mais atraentes e diversificadas, possibilitam
o desenvolvimento cognitivo, sensitivo e cultural, pois além do conteúdo do filme as
imagens passam emoções, sensações, atitudes, ações. Nesta perspectiva o filme “O
curandeiro da selva” (1992) pode auxiliar no processo ensino aprendizagem sobre
as plantas medicinais, pois o enredo permitirá ao educando fazer a contextualização
da busca pelo conhecimento cientifico e as implicações de uma pesquisa hoje no
Brasil e no mundo. Levanta questões também sobre a biodiversidade, a biopirataria,
o desmatamento e a dizimação de aldeias pela interferência do homem branco. Algo
a mais pode ser trabalhado neste contexto.

Atividades para os alunos:


O filme que iremos assistir relata a trajetória de vida de um cientista e suas
pesquisas. Acompanhe com atenção esta história para responder algumas questões
a respeito do assunto narrado.
1 – Qual é a área de pesquisa exercida pelo cientista, onde ele desenvolve suas
pesquisas e a mando de quem?
2 –O cientista faz uma grande descoberta. O que ele descobre e para que serve?
4 – Quais são as dificuldades encontradas em relação o aprimoramento de sua
descoberta no que trata o conhecimento científico?
3 – Além dos problemas relacionados a pesquisa, quais são os problemas
enfrentados na região onde o cientista se encontra?
4 – Quais são os impactos dessas atividades para o cientista, para os moradores da
localidade e para o ambiente? Apresente suas considerações sobre os fatos na
forma de um texto descritivo.

ATIVIDADE 08

VISITA ORIENTADA À PASTORAL DA SAÚDE

Orientações para o Professor:


Sabe-se que a Pastoral da Saúde desenvolve um trabalho muito ativo junto às
comunidades voltado a Saúde e prevenção de doenças, principalmente no
favorecimento das famílias que apresentam um menor poder aquisitivo. No nosso
município, dentre os trabalhos desenvolvidos pela Pastoral, esta a horta medicinal
comunitária e a elaboração de certos manipulados (xaropes, tinturas, pós, multi
misturas) disponibilizados para as pessoas que necessitam. No entanto grande parte
da população desconhece essas atividades desenvolvidas, principalmente a
clientela escolar. Para tanto será oportunizado aos educandos uma visita monitorada
junto à Pastoral da Saúde da cidade, com o intuito de conhecer e divulgar o trabalho
realizado por esta entidade, bem como verificar a forma de preparo de certos
compostos que já foram previamente estudados.

ATIVIDADE 09
CANTANDO E DECLAMANDO - A MUSICA E A POESIA NO ENSINO DE
PLANTAS MEDICINAIS

Orientações para o Professor:


É inegável as relações existentes entre ciência, cultura e arte nas relações
humanas. Dentre elas podemos destacar a musica e a poesia. Barros, Zanella e
Araújo-Jorge (2013) relatam que “a música é uma manifestação artística fortemente
relacionada às ciências físicas e à matemática”. Os mesmos autores dizem que são
grandes as vantagens pedagógicas de seu uso nas aulas de ciências, pois fornecem
a oportunidade para o aluno estabelecer relações interdisciplinares aproximando-os
dos temas estudados, uma vez que elas “fazem parte do nosso cotidiano, traduzindo
sentimentos, situações, informações acerca dos seres vivos, dos processos
científicos e dos espaços em que vivemos (... )” Aproveitando-se da facilidade com
que a música é assimilada pelas pessoas, pode-se fazer uso desse recurso,
associando-o com o conteúdo disciplinar, de forma prazerosa.
Para Campos (2010), se por um lado a ciência se constrói de forma rígida através do
método cientifico, por outro a poesia não dispõe de um literário único pois cada
poeta tem sua forma própria de se expressar seus sentimentos. Para a autora,
poesia é a tradução de uma memória, ou seja, “ O conjunto de emoções, imagens,
situações e pessoas que interessam ao poeta, encontra-se na memória, que é a
capacidade de adquirir, armazenar e recuperar (evocar) informações disponíveis”.
É no pensamento que começa a poesia, é no pensamento que começa a ciência. O
principal veículo do processo de conscientização é o pensamento. A atividade de
pensar confere ao homem "asas" para mover-se no mundo e "raízes" para
aprofundar-se na realidade.
De acordo com Oliveira et al (2008) in Barros, Zanella e Araújo-Jorge (2013) vários
conceitos biológicos apresentam-se nas letras de musicas dentro dos mais variados
estilos e ritmos musicais, considerando-a “como um recurso didático-pedagógico
que auxilia a popularização da ciência”.
Neste sentido será apresentado aos alunos uma musica e um poema que trata do
tema em estudo, onde juntos iremos cantar e declamar. Depois num segundo
momento será solicitado para que eles façam as suas composições de musicas com
ritmos originais ou em forma de paródias ou poesias, de acordo com suas
habilidades, tendo como base o que aprenderam até o momento.
Atividades para os alunos:
Podemos aprender de diversas formas. A música e a poesia são dois exemplos.
Vejamos recortes letra da musica e juntos vamos cantar !?

PLANTAS MEDICINAIS
Composição: Leonir Daniel
Musica e arranjos: Silvio Ruann Estúdio pôr do som

Já nos tempos de antigamente


A natureza nos deu
As plantas medicinais
Que foi um dom vindo de Deus.

Refrão
Falaremos de algumas plantas
Pois existem mais de cem mil
A maior biodiversidade
Se encontra aqui no Brasil

Camomila, espinheira santa,


Erva doce, guaco e alfavaca
Capim limão, tanchagem
Boldo e catinga de mulata
[...]
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=b4SwDmu80Ss>
Acessado em 23-09-2013.

Quem gosta de declamar? Vejamos um trecho deste belo poema:

REMÉDIOS LÁ EM CASA
Autor desconhecido
Lá em casa , se a doença
Vier bater em nossa porta,
Minha mãe não se assusta
E se manda lá pra horta.

Traz losna para o estômago


Pra diarreia, goiabeira
Se é febre, camomila,
E é bom calmante a cidreira.

[...] Extraído do livro Aula integrada – Coleção Ensino de 1º grau

Usando nossa criatividade relacionada com o que aprendemos até o momento sobre
o uso das plantas medicinais, vamos em grupos produzir a nossa poesia ou parodia
destacando no enredo o tema estudado.

ATIVIDADE 10

ELABORAÇÃO DA CARTILHA: PLANTAS MEDICINAIS E SOCIALIZAÇÃO DOS


RESULTADOS

Orientações para o Professor:


Ao longo das atividades realizadas, estaremos selecionando as informações que
deverão fazer parte da cartilha que os educandos levarão para seus familiares no
final da implementação. Fará parte das informações um breve relato histórico, como
cultivar, colher, secar e armazenar, formas de preparo, dicas de uso e cuidados,
bem como as descrições das plantas medicinais por eles pesquisadas. No final do
projeto, faremos a junção dessas informações, bem com a apresentação, capa e
outros dados que se fizerem necessários, para posterior encadernação. O material
produzido será exposto aos demais educandos do período matutino no momento de
socialização das atividades desenvolvidas no projeto com o objetivo de divulgar o
trabalho e incentivar o uso das plantas medicinais em toda a comunidade escolar.
Após a conclusão da cartilha, será feita a divulgação através de uma exposição no
auditório da escola, onde os alunos terão a oportunidade de apresentar suas
produções poéticas e musicais, bem como as plantas medicinais utilizadas na nossa
região com suas características, formas de preparo, dicas e cuidados, enfim
socializar e compartilhar o conhecimento por eles adquirido e vivenciado ao longo
da implementação.
REFERENCIAS

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http://www.reitoria.uri.br/~vivencias/Numero_012/artigos/artigos_vivencias_12/n12_0
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