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DOI: 10.1590/1413-812320212611.3.

01932020 4849

A noção de cultura alimentar em ações de educação alimentar e

PESO DA ALIMENTAÇÃO E DAS BEBIDAS ALCOÓLICAS NA SAÚDE THE BURDEN OF FOOD AND ALCOHOLIC BEVERAGES ON HEALTH
nutricional em escolas brasileiras: uma análise crítica

The notion of food culture in the actions of food and nutrition


education in Brazilian schools: a critical analysis

Ursula Peres Verthein (https://orcid.org/0000-0002-1304-9642) 1


Ligia Amparo-Santos (https://orcid.org/0000-0002-6925-6421) 2

Abstract The scope of this paper is to conduct a Resumo O objetivo deste artigo é analisar cri-
critical analysis on how perceptions of the notion ticamente como as compreensões a respeito da
of food culture have been presented in scientific noção de cultura alimentar têm sido articuladas
papers on food and nutrition education in Bra- em artigos científicos sobre educação alimentar e
zilian Elementary schools. To achieve this, the nutricional (EAN) desenvolvidas em escolas bra-
use and application of this concept in the texts sileiras da educação básica. Para isso, fez-se um
were recorded and the forms of the proposed re- registro dos usos e aplicações desse conceito nos
lationship between the inclusion of food culture textos e leu-se criticamente as formas de relação
in the theoretical-methodological planning and propostas entre a inclusão da cultura alimentar
the practice of the actions were critically read and no planejamento teórico-metodológico e a prática
analyzed. The paper is based on qualitative do- das ações analisadas. O artigo parte de uma pes-
cument research. The theoretical scope of the so- quisa qualitativa de base documental. O escopo
cio-anthropology of food is used as the focal point teórico da socioantropologia da alimentação serve
to support the reflections. Twenty scientific papers de embasamento para sustentar as reflexões. Para
were selected on food and nutrition education pu- a produção dos dados foram selecionados 20 arti-
blished in various databases between 2010 and gos científicos sobre EAN publicados entre 2010 e
2018. For data production and analysis, discou- 2018 em diferentes bases de dados. Para o processo
rse analysis techniques were used. The conclusion de análise dos dados foram utilizadas técnicas da
drawn is that, despite being mentioned repeate- análise do discurso. Concluiu-se que a cultura ali-
dly in the texts, food culture is not consolidated mentar, apesar de mencionada de forma repetida
as a legitimate dimension in the field of food and nos textos, não se consolida como uma dimensão
nutrition education. Although it is almost always legítima no campo da EAN. Ainda que na maior
claimed in the texts, it is not always explicitly and parte das vezes esteja reivindicada nos textos, nem
1
Observatorio de concretely mentioned. Therefore, it ends up losing sempre é referenciada de forma explícita e concre-
la Alimentación,
Departamento de the relevance and weight that, paradoxically, it ta. Por isso, acaba perdendo a relevância e o peso
Antropologia Social. Av. Prat already has. que, paradoxalmente, já tem.
de la Riba 171, E-08921, Key words Food and nutrition education, Cultu- Palavras-chave Educação alimentar e nutricio-
Santa Coloma de Gramenet.
Barcelona Espanha. re, School food  nal, Cultura, Alimentação escolar
ursulaverthein@gmail.com
2
Escola de Nutrição,
Universidade Federal da
Bahia. Salvador BA Brasil.
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Verthein UP, Amparo-Santos L

Introdução nutricional devem apoiar pessoas, famílias e co-


munidades para que adotem práticas alimentares
O atual consenso sobre as problemáticas decor- promotoras da saúde [...]” (p. 22). Em relação ao
rentes do crescimento da incidência de sobrepeso PNAE14, as ações de EAN se referem, por exemplo,
e obesidade infantil no mundo, em função dos à promoção de oferta de alimentação adequada e
seus “riscos” e “prejuízos” para a saúde, determi- saudável na escola; ao incentivo à formação de
na a proposição de ações e estratégias diversifica- pessoas envolvidas direta ou indiretamente com
das para a sua prevenção e cuidado. O consumo a alimentação escolar; à dinamização do currícu-
alimentar “inadequado” e o “nível insuficiente de lo das escolas, tendo por eixo temático a alimen-
atividade física” são as principais causas aponta- tação e a nutrição; ao incentivo e promoção de
das para o aumento da ocorrência de doenças crô- hábitos alimentares regionais e culturais saudá-
nicas não transmissíveis, em especial a obesidade. veis ou à utilização do alimento como ferramenta
É nesse contexto que a educação alimentar e nu- pedagógica.
tricional (EAN) assume relevância fundamental, Evidencia-se, portanto, que a EAN assume
sendo considerada como instrumento eficaz para papel fundamental e crescente na prevenção e no
a promoção da saúde e a prevenção de doenças, cuidado do sobrepeso e da obesidade na popula-
além de ser considerada uma promotora do bem ção infantil. O campo científico (em diversas áre-
-estar físico e emocional da população1-8. as como a saúde, a educação e as ciências sociais
No Brasil, Ramos e colaboradores9 destacam e humanas) e o setor público, no planejamento
a relevância assumida pela EAN no âmbito das e execução de políticas públicas, reivindicam e
políticas públicas em alimentação e nutrição, promovem de forma crescente a centralidade da
principalmente partir dos anos 1990, quando a EAN como meio de difusão e consolidação dos
“questão da promoção de hábitos alimentares conhecimentos sobre alimentação “adequada” e
saudáveis passou a constar nos programas ofi- “saudável” que desejam difundir.
ciais brasileiros, a exemplo da Política Nacional No entanto, estudos analíticos sobre as ações
de Alimentação e Nutrição (PNAN)”10. A partir de EAN desenvolvidas na atualidade diagnostica-
de então, dentro do contexto nacional de pro- ram distâncias entre a teoria e a prática e inco-
moção da EAN, destacam-se diversas iniciativas erências entre o planejamento e a execução das
como o Programa Saúde nas Escolas, por meio atividades. E como causas desses discrepâncias,
do Decreto nº 6.286/200711, que tem como ob- identificaram problemáticas como: inconsistên-
jetivo promover ações relacionadas a prevenção, cia das bases teórico-metodológicas que servem
atenção e promoção da saúde dos estudantes, in- de apoio ao desenvolvimento das atividades;
cluindo a alimentação saudável. Além disso, há grande utilização de métodos expositivos, pres-
o Marco de Referência de Educação Alimentar e critivos e normatizadores que desconsideram a
Nutricional para as Políticas Públicas (2012)12, perspectiva dialógica de base freiriana da edu-
o atual Guia alimentar para a população brasi- cação (que paradoxalmente costumam reivin-
leira13, as ações de EAN inseridas no Programa dicar); inadequação de técnicas e materiais pe-
de Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)14 e dagógicos utilizados; formação insuficiente dos
ou a Lei nº 16.333/201815, que inclui a educação profissionais envolvidos na execução das ações;
alimentar e nutricional nas escolas como tema distância das propostas em relação às realidades
transversal. e especificidades locais dos grupos; descontinui-
O Marco de Referência de Educação Alimen- dade das atividades; temporalidade insuficiente;
tar e Nutricional para as Políticas Públicas12 defi- dificuldade de diálogo entre atores envolvidos;
ne que a EAN, “[…] no contexto da realização do inoperância, na prática, da intersetorialidade
Direito Humano à Alimentação Adequada e da prevista nos projetos e planejamentos16-19.
garantia da Segurança Alimentar e Nutricional, No que se refere especificamente à trajetória
é um campo de conhecimento e de prática contí- de aproximação da cultura à alimentação escolar
nua e permanente, transdisciplinar, intersetorial no contexto brasileiro, podemos destacar três mo-
e multiprofissional que visa promover a prática mentos relevantes. Primeiro, o movimento de des-
autônoma e voluntária de ‘hábitos alimentares centralização que ocorre a partir do início do pro-
saudáveis’” (p. 23). cesso de redemocratização do país. Esse processo
O Guia alimentar para a população brasi- possibilita uma relativa autonomia das atividades
leira13, por sua vez, define o propósito de esta- e ações no que diz respeito à contextualização e
belecer diretrizes para apoiar as ações em EAN à “regionalização” da abordagem teórico-meto-
e alerta: “as estratégias de educação alimentar e dológica e da práxis da educação. Além disso, a
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inclusão da noção de cultura na Lei Nacional de contrados na primeira etapa do levantamento
Segurança Alimentar e Nutricional (Lei nº 11.346, bibliográfico. Para a busca bibliográfica, foram
de 15 de setembro de 2006)20, em sua definição, já utilizados os seguintes descritores: “educação ali-
no artigo 2, § 1º, sobre a necessidade de que as po- mentar e nutricional” e “escola”. Depois de uma
líticas e ações de segurança alimentar e nutricional primeira etapa de busca abrangente, foi realizada
sejam construídas e postas em prática levando-se a análise de títulos e resumos, com o objetivo de
“em conta as dimensões ambientais, culturais, verificar se os artigos se encaixavam nos critérios
econômicas, regionais e sociais”. Além disso, um de inclusão. Por fim, foram selecionados 20 ar-
terceiro elemento relevante nessa aproximação tigos científicos que correspondiam aos critérios
cultura-alimentação escolar refere-se à  Lei nº estipulados25-44 (Quadro 1).
11.947, de 16 de junho de 200914, que determi- Além dos critérios de inclusão já referidos, a
na que pelo menos 30% do valor repassado pelo pertinência dos artigos selecionados para a cons-
governo Federal a estados, municípios e Distrito trução dessa argumentação se justifica porque os
Federal pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento mesmos abordam assuntos relevantes para pen-
da Educação (FNDE) para o Programa Nacional sar o planejamento e a prática das ações sobre
de Alimentação Escolar (PNAE) deve ser para EAN. Por exemplo: (a) importância da ludici-
compra de alimentos oriundos “da agricultura dade para o processo de ensino e aprendizagem
familiar e do empreendedor familiar rural ou de em EAN33,35,40; (b) utilização de oficinas culiná-
suas organizações, priorizando-se os assentamen- rias como recurso pedagógico32; (c) verificação
tos da reforma agrária, as comunidades tradicio- da “efetividade” de intervenções nutricionais em
nais indígenas e as comunidades quilombolas”14. escolares na “modificação do consumo alimen-
Dado o processo de aproximação que vai se tar”34,36,39, no “conhecimento sobre alimentação
construindo no cenário brasileiro entre a ali- e nutrição”36 e no “estímulo do consumo de ali-
mentação escolar e a noção de cultura (e cultura mentos”43; (d) a interprofissionalidade31,38,41,42; (e)
alimentar, consequentemente), em função dos a transdiciplinaridade37; (f) a formação de profis-
fatores acima referenciados, nos cabe questio- sionais em alimentação escolar28,29; (g) ações edu-
nar quais as compreensões sobre o conceito têm cativas sobre alimentação orgânica30; ou (h) o uso
sido utilizadas nesse contexto. Assim, este artigo de hortas escolares como prática educativa26,27.
tem como objetivo analisar criticamente como as Para preservar os autores, optou-se neste ar-
publicações referenciam a dimensão da cultura tigo por não referenciar explicitamente a origem
alimentar. Essas reflexões colaboram com as aná- dos fragmentos transcritos ao citarmos os textos
lises a respeito das formas de aplicação da noção analisados (exemplo: páginas 6, 7 e 8). No entan-
de cultura alimentar na construção teórico-me- to, para garantir sua legitimidade, sabe-se que
todológica e na prática das ações de EAN nas es- esses mesmos trechos provêm do corpus supra-
colas de educação básica. citado25-44.
Para cumprir os objetivos propostos, fez-se
um registro dos usos e aplicações da noção de
Metodologia cultura alimentar nos artigos científicos selecio-
nados. Além disso, leu-se criticamente a relação
Esse artigo parte de uma pesquisa qualitativa de entre essas formas de inclusão e a teoria e prática
base documental. O escopo teórico da socioan- das ações analisadas. Para o processo de análise,
tropologia da alimentação21-24 serve de embasa- foi realizada uma aproximação interpretativa
mento para sustentar as reflexões. própria da análise do discurso, por sua capaci-
Quanto ao levantamento bibliográfico de dade de leitura da informação para além do texto
artigos científicos (revisados por pares) sobre em si. Nessa abordagem, o processo hermenêuti-
educação alimentar e nutricional em escolas bra- co e a construção dos sentidos se dão a partir da
sileiras, este concentrou-se nas publicações rea- inserção dos dados em relação com seus contex-
lizadas entre os anos 2010 e 2018, pela sua atu- tos (social, econômico, cultural etc.)45,46. A aná-
alidade. A busca foi feita nas seguintes bases de lise dos dados foi realizada por meio de leitura
dados: Lilacs e Medline, considerando o enfoque e interpretação dos textos a partir do objetivo
da saúde; Scielo, para trazer à discussão leituras proposto pela pesquisa. Para isso, mapeou-se
realizadas por outras áreas sobre o tema (como no corpus do arquivo (20 artigos científicos) as
educação ou ciências sociais e humanas); e nos formas como a cultura alimentar foi referenciada
periódicos da CAPES e na Biblioteca Virtual em (em suas referências diretas e a partir de concei-
Saúde (BVS), a fim de identificar artigos não en- tos derivados). Ao mesmo tempo, estabeleceu-se
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Quadro 1. Artigos selecionados para análise. 


Revista/ano de
Autoria      Título 
publicação 
Anzolin C, Ouriques CM, Intervenções nutricionais em escolares RBPS/2010
Höfelmann DA, Mezadri T
Coelho DEP, Bógus CM Vivências de plantar e comer: a horta escolar como Saúde Soc/2016
prática educativa, sob a perspectiva dos educadores
Costa MC, Sampaio EV, Zanirati Experiência lúdica de promoção de alimentação Mundo da
VF, Lopes AC, Santos LC saudável no ambiente escolar: satisfação e aprendizado saúde/2016
dos estudantes
Fernandes AGS, Fonseca ABC, da Alimentação escolar como espaço para a educação em Cien Saude
Silva, AA. saúde: percepção das merendeiras do município do Rio Colet/2014
de Janeiro, Brasil
Friedrich RR, Schuch I, Wagner Efeito de intervenções sobre o índice de massa corporal Rev. Saúde
MB em escolares Pública/2012
Gomes, KS, Fonseca ABC Dialogando sobre as possibilidades e desafios das Demetra/2018
merendeiras nas ações de educação alimentar e
nutricional
Juzwiack, CR Era uma vez... Um olhar sobre o uso dos contos de fada Interf Comun
como ferramenta de educação alimentar e nutricional Saude Educ2013
Juswiak CR, de Castro PM, A experiência da Oficina Permanente de Educação Cien Saude
Batista SH Alimentar e em Saúde (OPEAS): formação de Colet/2013
profissionais para a promoção da alimentação saudável
nas escolas
Kops NL, Zys J, Ramos M Educação alimentar e nutricional da teoria à prática: Cienc &
um relato de experiência Saúde/2013
Oliveira SRML, Villar BS, Florido Implantação de hortas pedagógicas em escolas Demetra/2018
JMP, Schwartzman F, Bicalho D. municipais de São Paulo
Pereira TS, Pereira, RC, Angelis- Influência de intervenções educativas no conhecimento Cien Saude
Pereira MC sobre alimentação e nutrição de adolescentes de uma Colet/2017
escola pública
Pires PF, Retondario A, Almeida Professional practice of dietitians in the Brazilian Rev. Nutri/2017
CC, Schmidt ST, Beux MR, School Feeding Program: a multiple case study  
Ferreira SMR
Rangel CN, Nunn R, Dysarz F, Ensinando e aprendendo sobre alimentação e nutrição Cienc Saude
Silva E, Fonseca AB através da educação em ciências: uma interseção de Colet/2014
conhecimentos
Rezende MF, Negri ST Educação alimentar e nutricional associada a oficinas R. Eletr. de
culinárias com alunos em uma escola pública Extensão/2015
Santos LAS, Carvalho DMM, Formação de coordenadores pedagógicos em Cien Saude
Reis ABC, Ramos LB, Freitas alimentação escolar: um relato de experiência Colet/2013
MCS
Santos VF, Araújo IA, Pires CR, Educação alimentar e nutricional para o estímulo Rev Elo Diál
Kato HC, Sousa DN do consumo de pescado por escolares: relato de Ext /2018
experiencia
Santos VF, Pires CR Ludicidade em educação alimentar e nutricional no R. Interd/2018
âmbito escolar: uma alternativa de prática pedagógica
Silva SU, Monego ET, Sousa LM, As ações de educação alimentar e nutricional e o Cien Saude
Almeida GM nutricionista no âmbito do Programa Nacional de Colet/2018
Alimentação Escolar
Souza RH, Tomasi CD, Birollo Educação alimentar e nutricional: relato de experiência Rev Progr
IV, Ceretta LB, Ribeiro RS Res Multiprof
Saúde Colet
UNESC/2016
Vieira TV, Corso AC, González- Ações educativas sobre alimentação orgânica Rev Nutr/2014
Chica, DA desenvolvidas por nutricionistas em escolas municipais
brasileiras
Fonte: Elaborado pelos autores.
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relações comparativas dos sentidos de cultura acerca do compartilhamento de “crenças”, “co-
alimentar para identificar, entre os textos anali- nhecimentos” e “práticas” associadas à alimenta-
sados, aproximações e diferenças nesse sentido. ção, que nos leva a pensar criticamente a respeito
Portanto, foi a partir desse contexto que fo- da construção de nossas identidades individuais e
ram analisados como os textos científicos estão coletivas; a discussão sobre quais saberes, técnicas
utilizando a noção de cultura alimentar e as e sabores legitimamos e quais estigmatizamos; a
ideias que dela se originam (“identidades”, “tra- inserção das prescrições e proibições alimentares
dição”, “comportamentos alimentares”, “hábitos em um contexto determinado.
alimentares”, “sistemas alimentares” etc.). Além Nesse sentido, é preciso considerar que as
disso, questionou-se como essa aproximação en- ideias tratadas no fragmento anterior sobre o
tre comida e cultura é referenciada na construção conceito de cultura alimentar se enquadram na
das práticas das ações educativas. própria definição do conceito de EAN, segundo
Em relação às questões éticas, cabe considerar o Marco de Referência de Educação Alimentar
que o projeto de pesquisa que dá origem à pro- e Nutricional para as políticas públicas12, e não
dução desse artigo foi devidamente submetido e se dissociam da perspectiva assumida por ele: “A
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da adoção de um conceito de EAN deve considerar
Escola de Nutrição da Universidade Federal da aspectos que contemplem desde a evolução his-
Bahia (UFBA). tórica e política da EAN no Brasil às múltiplas di-
mensões da alimentação e do alimento e os dife-
rentes campos de saberes e práticas conformando
Resultados e discussão uma ação que integre o conhecimento científico
ao popular. Adota-se o termo Educação Alimen-
O conceito de cultura alimentar tar e Nutricional e não o termo Educação Nutri-
cional ou o termo Educação Alimentar para que
Para realizar uma reflexão crítica sobre a for- o escopo de ações abranja desde os aspectos rela-
ma como o conceito de cultura alimentar vem cionados ao alimento e alimentação, os processos
sendo usado como referencial teórico para o pla- de produção, abastecimento e transformação aos
nejamento e as práticas das ações de EAN, é pre- aspectos nutricionais” (p. 23).
ciso retomá-lo. Parte-se da definição assumida Um primeiro dado a ser discutido é o fato
por Contreras e Gracia21 porque entende-se que de que, constatou-se, as ações de EAN costu-
ela traz a dimensão e a abrangência necessárias mam por vezes centrar sua abordagem sobre a
para a abordagem proposta neste artigo, no sen- alimentação em sua dimensão biológica. Além
tido que defendemos quanto à sua compreensão disso, nessa perspectiva, evidencia-se um caráter
a partir da complexidade do ato alimentar por medicalizador, e portanto normativo ou prescri-
meio de suas dimensões: biológica, social e sim- tivo, do ato alimentar47. Em função desse aspec-
bólica21-24. Assim, segundo Contreras e Gracia21, to, as ações tendem a deixar em segundo plano
cultura alimentar é: “Conjunto de representacio- a dimensão social da alimentação. Assim, apesar
nes, de creencias, conocimientos y prácticas he- da cultura ser um elemento valorizado pelas po-
redadas y o aprendidas que están associadas a la líticas públicas e pelos trabalhos científicos em
alimentación y que son compartidas por los indi- EAN, o planejamento e a prática das ações po-
víduos de una cultura dada o de un grupo social dem ainda não incorporar de forma complexa os
determinado dentro de una cultura. Al compartir conhecimentos desse campo.
una cultura, tendemos a actuar de forma similar, Os objetivos das atividades analisadas muitas
a gobernarnos por orientaciones, preferencias y vezes relatam processos de aprendizagem cen-
sanciones autorizadas por esta” (p. 37). trados na transmissão de conhecimentos que
Essa definição traz questões importantes para visam difundir padrões alimentares e estilos de
serem pensadas e incluídas em uma análise crítica vida “saudáveis” ou “adequados”. Nesse sentido,
das atividades de educação relacionadas à comida a ideia de “alimentação saudável” está funda-
e ao comer. Por exemplo: a reflexão sobre a ne- mentalmente centrada no “nutriente”. Por vezes,
cessidade das práticas alimentares serem contex- ainda que as narrativas sobre essas atividades
tualizadas (no tempo, no espaço, nas relações de façam referência a práticas que “contribuem no
poder, nas condições econômicas, sociais e histó- conhecimento dos alimentos” ou que “estimulam
ricas, entre outros aspectos); a colocação de que a autonomia de escolares para escolhas alimen-
os determinantes dos comportamentos alimenta- tares saudáveis”, revela-se com frequência uma
res surgem dessa contextualização; a consideração perspectiva intervencionista sobre o corpo e o
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comportamento do outro, expresso no sentido de interferência dos contextos de produção, distri-


“construir”, “controlar”, “transformar” “hábitos buição e consumo da nossa comida; aborda a
alimentares” e “padrões de consumo alimentar” “Valorização da cultura alimentar local e respeito
dos alunos. Nessa linha, em muitos casos, o ob- à diversidade de opiniões e perspectivas, conside-
jetivo central expresso pelas abordagens de EAN rando a legitimidade dos saberes de diferentes”
assumidas nos textos que analisamos é a “saúde”, (p. 25), entre outras formas de trazer e propor a
o “emagrecimento” ou a “adoção de práticas ali- relevância do campo para a construção das “es-
mentares saudáveis”. tratégias” educativas.
No mesmo sentido, os resultados relatados Um exemplo concreto de como a noção de
por esses artigos se concentram muitas vezes cultura se expressa nos textos analisados25-44 elu-
nos mesmos aspectos. Os textos apontam, por cida as questões tratadas até aqui. Uma das expe-
exemplo, que as atividades foram capazes de ge- riências relatadas constrói essa aproximação ali-
rar “conhecimentos adequados sobre nutrição”; mento-cultura. As autoras iniciam a introdução
que as “intervenções nutricionais foram efetivas de seu trabalho abordando os comportamentos e
na modificação do consumo de alguns alimen- as tradições alimentares como campos dinâmicos
tos/grupos alimentares”, ou que colaboram na e contextualizados historicamente. Além disso,
obtenção de “modificações efetivas no consumo tratam das transformações nos modelos alimen-
alimentar”. tares e dos consequentes impactos nas identi-
dades e nas relações sociais nos meios rurais e
A noção de cultura alimentar na escola urbanos. Citando autores da socioantropologia
segundo as publicações do campo de EAN da alimentação, como Jesús Contreras, Mabel
Gracia, Claude Fischler e Jean-Pierre Poulain,
No contexto problematizador das ações de abordam ainda fenômenos da contemporaneida-
EAN, nos centramos então em um aspecto con- de, como a ruptura de vínculo entre o alimento, a
creto para reflexão. Apesar da referência comum natureza e o consequente processo que denomi-
à dimensão biológica do comer no desenvolvi- nam de padronização dos alimentos. Além disso,
mento das propostas de EAN analisadas, por sua abordam questões relativas à perda de identi-
relação imediata habitual com a promoção e o dade ou qualidade simbólica do alimento nesse
cuidado à saúde na escola, a cultura alimentar contexto. O texto menciona outras questões do
é um elemento com grande relevância na teoria campo sociantropológico da alimentação, como
sobre as ações educativas nessa área na atualida- a redução da importância social da alimentação
de. Percebe-se que os textos científicos que abor- em situações determinadas e os processos de
dam questões diversas relativas a planejamentos flexibilização de normas que regem o comer e
e atividades de EAN utilizam a noção de cultura a diversidade de discursos sobre a alimentação.
alimentar repetidamente, seja para tratar da sua O texto comenta também a importância da es-
importância como elemento de “construção” do cola como espaço privilegiado para síntese entre
repertório alimentar de indivíduos ou grupos, a cultura própria dos alunos e a cultura formal,
para reivindicar a “preservação” das identidades institucionalizada, destacando a importância do
regionais por meio da alimentação, para incluir papel da escola nesse sentido.
a alimentação na transversalidade disciplinar re- Nesse contexto, percebe-se como a cultura
querida pelas políticas públicas de saúde e edu- alimentar é referenciada e convive com perspec-
cação, para promover a contextualização e ade- tivas teórico-metodológicas diversas de EAN,
quação das propostas às realidades locais, ou para mesmo as que se apresentam como contra-hege-
promover recomendações de cardápios adequa- mônicas, como aquelas que se alinham às ações
dos às especificidades de cada lugar, entre outras de caráter normativo-prescritivo para a saúde e
formas de referência. o corpo. No entanto, apesar de a cultura assumir
Em relação a esse aspecto, destaca-se, por nos textos sobre EAN sentidos tão diversos, por
exemplo, que o Marco de Referência de Educação vezes ela é utilizada de forma pouco complexa, a
Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas12 ponto de sua relevância não ser justificada ou até
se refere a questões diversas. Trata da importân- mesmo de ser contradita.
cia da cultura como determinante das escolhas Em um dos artigos selecionados, na intro-
alimentares individuais e coletivas; da relação dução os autores utilizam concepções diferen-
comida-identidade; entende que as ações serão tes em um mesmo parágrafo, de tal forma que
mais efetivas se abordarem a estrutura social de assumem uma postura divergente. Iniciam afir-
forma abrangente, trazendo para a discussão a mando que a “educação nutricional” exige o de-
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senvolvimento de abordagens pedagógicas que abordando-o de forma difusa. A maneira como
possibilitem a interpretação do comer a partir é abordado o conceito nos textos acaba por de-
de sua complexidade, englobando assim a mul- finir uma concepção abrangente, mas por vezes
tidimensionalidade de alimentação. No entanto, não de modo claro ou concreto. Outra questão
nesse mesmo parágrafo, defendem ser função do importante a considerar é que os textos nem
nutricionista ajudar as pessoas a modificarem seus sempre se referem explicitamente ao conceito
hábitos e práticas alimentares, por meio da assis- de “cultura alimentar” para abordá-lo. Ela é ci-
tência nutricional individual ou coletiva. Assim, tada em suas dimensões e tratada como “hábi-
posicionam-se primeiro a favor de uma expan- tos alimentares”, “comportamentos alimentares”,
são do campo para os contextos, mas acabam por “fatores sociais”, “hábitos alimentares regionais”,
reduzir a questão à responsabilidade individual e “práticas alimentares (saudáveis)”, “preferências
à “mudança de hábitos”. Por isso, os “problemas alimentares”, “atitudes exibidas pelos adultos” ou
alimentares” (apesar de não estarem claramente “a língua deles[alunos]”, por exemplo. Em muitas
definidos no texto, pressupõe-se sua equivalência ocasiões, ao incluírem esses conceitos, os textos
às práticas alimentares “não saudáveis”) passam não os relacionam diretamente à teoria da cul-
de uma questão ampla e relacionada à cultura a tura e, por conseguinte, não os fundamentam de
uma questão individual e de responsabilidade de forma complexa. Assim, a cultura alimentar, ape-
um único profissional (nutricionista). A respeito sar de ser mencionada repetidamente nos textos,
desse aspecto da responsabilidade profissional não se consolida como uma dimensão legítima
sobre a EAN, cabe considerar que as políticas, a no campo da EAN. Na verdade, ela quase sempre
exemplo do Marco de Referência de Educação está reivindicada nos textos, mas nem sempre é
Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas12, referenciada de modo explícito e concreto. Por
colocam-se a favor da intersetorialidade e da in- isso, acaba perdendo a relevância e o peso que,
terdisciplinaridade. tácita e paradoxalmente, já tem.
Em outro relato acerca de “intervenções nu- Ao mesmo tempo, o conceito, abordado de
tricionais” realizadas em alunos, na introdução forma diversa, algumas vezes define com pouca
do texto os autores iniciam um parágrafo afir- precisão sua aplicação na prática cotidiana das
mando que a “promoção da saúde” na escola ações educativas. Percebe-se que, por exemplo,
exige uma abordagem integral e multidisciplinar, o termo é utilizado: como referência às parti-
o que implica, segundo os mesmos, considerar cularidades locais na alimentação de grupos so-
contextos ampliados, como a família, a comu- ciais; para abordar questões diversas relativas às
nidade, a sociedade e o ambiente onde estão in- identidades e “tradições” regionais; para incluir
seridos os sujeitos. Apesar dessa referência aos a alimentação na escola de forma transversal e
contextos, o relato sobre as atividades de inter- interdisciplinar; para fomentar a adequação das
venção se concentra basicamente na transmis- propostas educativas aos contextos (regionais,
são de conhecimento a respeito da “alimentação econômicos, sociais, históricos etc.) dos alunos;
saudável”. As atividades propostas são ações de e para estimular a implementação de cardápios
caráter fundamentalmente informativo sobre adequados às especificidades de cada lugar entre
“pirâmide alimentar” ou valor nutritivo de ali- outras. No entanto, nem sempre essa diversidade
mentos para “escolhas saudáveis”. Além disso, se concretiza na prática das atividades.
o método de avaliação empregado para medir a
“efetividade” se concentra, segundo relatado no
texto, na comparação de frequências e número de Considerações finais
vezes que as crianças consumiram os diferentes
alimentos, antes e depois das ações. É importan- Vê-se que há nessa aproximação dos textos sobre
te perceber que, nesse caso concreto, apesar de o a EAN e a cultura alimentar uma utilização difusa
contexto macrossocial ser considerado um fator do conceito. Ele, não sendo mencionado em todas
determinante das escolhas e do consumo alimen- as ocasiões como tal, é tratado também a partir
tar, tanto a abordagem teórico-metodológica das de ideias, expressões e conceitos diversos (como
atividades como o método de avalição da “efeti- “hábitos”, “comportamentos”, “identidades”, “as-
vidade” das mesmas são definidas sem a inclusão pectos regionais” etc). Seu uso repetido e extenso
apropriada da cultura alimentar. nem sempre corresponde com uma ampla aplica-
A leitura dos textos científicos no campo ção na prática das ações educativas. Além disso,
demonstra, portanto, que os mesmos utilizam pode ocorrer de a cultura alimentar ser mencio-
o conceito de cultura alimentar repetidamente, nada como base para a construção teórico-me-
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todológica das propostas educativas nos textos espaços para questões diversas, como soberania
científicos que as relatam, mas ser paradoxalmen- e segurança alimentar, direito humano à alimen-
te desconsiderada por esses mesmos textos. Esse tação adequada, desigualdade social, formas de
status da cultura alimentar na forma como vem produção, distribuição e consumo alimentar,
sendo considerada na educação revela, portanto, estigmatização do corpo, obesidade, prazer de
uma tentativa de inseri-la nas discussões, a fim comer, comensalidade, sustentabilidade e agro-
de torná-las mais complexas e aprofundadas. No ecologia. Essas questões podem fazer parte das
entanto, a maneira como tem sido considerada propostas educativas porque, além dos conteú-
na sua relação teoria-práxis apresenta os desafios dos que propõem reflexões fundamentais, tra-
que ainda temos nesse caminho. tam das condições sociais em que são forjados os
Conclui-se que, apesar da referência à cultura “hábitos” e “comportamentos alimentares” que
alimentar aparecer (de forma direta ou indireta) estão sendo questionados e categorizados como
nos artigos analisados, não costuma ocorrer um “incorretos”.
aprofundamento sobre as questões nesse sentido. A partir dessa perspectiva, a cultura alimen-
Além disso, não há necessariamente relação entre tar é necessariamente parte da educação alimen-
o uso repetido do conceito de cultura alimentar tar e nutricional, pois traz para o centro das ações
nos trabalhos e a sua real utilização na prática das as relações sociais concretas que permeiam o ato
atividades. As ações concretas nem sempre se be- alimentar. Por isso, se considerarmos a mate-
neficiam do repertório que a cultura alimentar, rialidade dos contextos nas nossas discussões (e
reivindicada na teoria, poderia conceder às práti- práticas) sobre o comer, sua inserção no campo
cas das ações de EAN. da EAN viabiliza a proposta reivindicada pelos
Nesse caminho da aproximação entre a ali- diversos atores implicados nos planejamentos e
mentação escolar e a cultura, a escola pode abrir nas práticas das ações.

Colaboradores

Ambas as autoras trabalharam na concepção,


metodologia, pesquisa, análise de dados, redação
e revisão final.

Agradecimento

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento


Científico e Tecnológico (CNPq), pela bolsa de
Pós-doutorado Junior concedida, que permitiu,
no desenvolvimento do projeto de pesquisa, a
produção deste artigo.
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Ciência & Saúde Coletiva, 26(Supl. 3):4849-4858, 2021


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