Você está na página 1de 10

DOI: 10.1590/1413-812320182312.

34972016 4143

Políticas de Saúde e de Segurança Alimentar e Nutricional:

ARTIGO ARTICLE
desafios para o controle da obesidade infantil

Health and Food and Nutritional Security Policies:


challenges in controlling childhood obesity

Patrícia Henriques 1
Gisele O’Dwyer 2
Patricia Camacho Dias 1
Roseane Moreira Sampaio Barbosa 1
Luciene Burlandy 1

Abstract The study analyzed the initiatives of Resumo O estudo analisou as ações de prevenção
prevention and control of childhood obesity, espe- e controle da obesidade infantil, especialmente as
cially those of Adequate and Healthy Food Promo- de Promoção da Alimentação Adequada e Sau-
tion (PAAS) which have been part of the policies dável (PAAS), que integram Políticas do gover-
of the Brazilian federal government for the last 15 no federal brasileiro nos últimos 15 anos. Foram
years. All documents that feature PAAS initiatives analisados todos os documentos que apresentam
in the food and nutrition security, as well as pub- ações de PAAS no âmbito das políticas de saúde
lic health policy fields, were evaluated according to e segurança alimentar e nutricional a partir das
the following criteria: (1) the approach to PAAS seguintes dimensões: (1) a abordagem das ações
initiatives; (2) the aspects of obesitythat they in- de PAAS; (2) os condicionantes da obesidade que
tend to affect and (3) potential interest disputes. pretendem afetar e (3) as potenciais disputas de
The main PAAS initiatives identified are intend- interesses. As principais ações de PAAS identi-
ed to encourage: food and nutrition education; ficadas visam fomentar: a educação alimentar e
agroecological production systems; family agri- nutricional; os sistemas produtivos de base agro-
culture; food accessibility; healthy environments ecológica; a agricultura familiar; a acessibilida-
and regulatory measures. These initiatives alter de alimentar; os ambientes saudáveis e as ações
different aspects of childhood obesityand high- regulatórias. Essas ações interferem em diferentes
light different conceptions about the problem and condicionantes da obesidade infantil, apresentam
affect different interests. We highlight the disputes distintas concepções sobre o problema e afetam
between the interests of the processed foods and distintos interesses. Destacam-se as disputas entre
agribusiness corporations, and the governmental os interesses das corporações comerciais de ali-
and corporate sectors guided by PAAS objectives. mentos processados e do agronegócio e os setores
Measures aimed at regulating purchases and pub- governamentais e societários norteados pelos ob-
1
Departamento de Nutrição licizing unhealthy products for children, are those jetivos de PAAS. As ações voltadas para a regu-
Social, Faculdade de
Nutrição, Universidade that best express the interests involved. lamentação das compras e espaços públicos, além
Federal Fluminense. R. Key words Infant obesity, Food and nutritional da publicidade de produtos não saudáveis para
Mario Santos Braga 30/4º, safety, Nutritional policies crianças, são as que melhor expressam os interes-
Centro. 24020-140 Niterói
RJ Brasil. ses em disputa.
patihenriques@gmail.com Palavras-chave Obesidade infantil, Segurança
2
Escola de Saúde Pública alimentar e nutricional, Políticas de nutrição
Sérgio Arouca, Fiocruz. Rio
de Janeiro RJ Brasil.
4144
Henriques P et al.

Introdução com as práticas de produção, comercialização e


consumo de alimentos, assumem particular re-
A obesidade vem sendo pautada como objeto levância na configuração do problema7. Visando
de intervenção governamental no Brasil desde alterar esse cenário, o governo brasileiro formu-
a primeira Política Nacional de Alimentação e lou ações de prevenção e controle da obesidade,
Nutrição (PNAN)1, quando já despontava como incluindo a Promoção da Alimentação Adequa-
questão de saúde pública, em virtude de avanços da e Saudável (PAAS), que integram o escopo
em sua prevalência. Nesse cenário, a obesida- das Políticas Nacionais de Promoção da Saúde13
de infantil assume particular relevância por sua (PNPS), de Segurança Alimentar e Nutricional
crescente magnitude no contexto nacional e in- (PNSAN)14 e da PNAN15.
ternacional2,3. Estudos indicam como tais políticas mobili-
No Brasil o excesso de peso e a obesidade vêm zam um volume expressivo de recursos públicos
sendo registrados a partir dos cinco anos de ida- e sinalizam as disputas de interesse em torno de
de, em todos os grupos de renda e regiões, sendo sua apropriação. As políticas governamentais
mais prevalentes na área urbana do que na rural4. podem afetar os interesses de instituições cujas
A infância é uma fase particularmente preocu- práticas contribuem, de alguma forma, para con-
pante porque, para além das doenças associadas figurar o atual quadro epidemiológico e nutricio-
com a obesidade, o risco aumenta na idade adul- nal, a exemplo da indústria de alimentos proces-
ta gerando consequências econômicas e de saú- sados e ultraprocessados16,17. Considerando esses
de, para o indivíduo e para a sociedade2,3. Além desafios, o presente estudo analisou as ações de
disso, o estigma e a depressão podem prejudicar prevenção e controle da obesidade infantil, espe-
o desenvolvimento da criança, especialmente nas cialmente as de PAAS, que integram políticas do
atividades escolares e de lazer5. governo federal brasileiro, à luz dos condicionan-
Há um consenso de que a obesidade é condi- tes desse quadro e identificou como podem afetar
cionada por fatores biológicos, ambientais, socio- as potenciais disputas de interesses que atraves-
econômicos, psicossociais e culturais. Entretanto, sam os processos de produção, comercialização e
a sua ocorrência vem sendo predominantemente consumo de alimentos.
atribuída a um ambiente que promove ingestão
excessiva de alimentos processados e ultraproces-
sados e desestimula a atividade física6,7. Estudos Métodos
apontam que os principais condicionantes da
obesidade em crianças são a ingestão de produ- O estudo foi pautado no referencial de análise de
tos pobres em nutrientes e com conteúdo elevado políticas públicas18, pressupondo-as como práti-
em açúcar e gorduras, a ingestão regular de be- cas, processos e discursos socialmente construí-
bidas açucaradas e atividade física insuficiente2,3. dos, que envolvem governos e sociedade civil e
O consumo de alimentos processados e ultra- operam como dinâmicas de mediação na trans-
processados é crescente na América Latina8, ten- formação de uma dada realidade19. Considera-se
dência evidenciada nas áreas metropolitanas do que o discurso formalizado nos textos dessas po-
Brasil desde a década de 1980 e em todo o País na líticas é também uma prática social, pois consti-
década de 20009, contribuindo para o aumento tui a própria ação política ao produzir sentidos
expressivo do sobrepeso e da obesidade em todas específicos sobre as questões que estão em dis-
as faixas etárias10. Quase um terço das crianças puta nos processos políticos. Os documentos go-
com menos de dois anos de idade já bebe refrige- vernamentais são condicionados pelo contexto
rante e sucos artificiais contendo açúcar, e mais institucional, social e político em que são pro-
de 60% comem biscoitos e bolos11. Esse pano- duzidos e indicam ideias e interesses em disputa.
rama demanda ações que enfrentem o conjunto Portanto, a análise dos enunciados sobre as ações
de fatores condicionantes desse quadro e que se- de PAAS pode contribuir para identificar como
jam, especialmente, voltadas para crianças, pois o discurso oficial produz sentidos sobre o tema e
as práticas alimentares estabelecidas na infância como esses sentidos dão indícios sobre as dispu-
tendem a sustentar-se na vida adulta12. tas políticas em curso20,21.
Assim, o ambiente alimentar e a exposição à Com base nesses pressupostos, o estudo ana-
publicidade na infância são condicionantes im- lisou a PNAN, a PNPS e a PNSAN, por serem as
portantes da obesidade infantil e o conceito de políticas que definem diretrizes nacionais nesse
“sociedade obesogênica” foi cunhado para indi- âmbito de ação. Optou-se por apresentar o con-
car o quanto os fatores “ambientais”, relacionados junto de ações destinadas à toda população que
4145

Ciência & Saúde Coletiva, 23(12):4143-4152, 2018


podem contribuir, ainda que indiretamente, para Quadro 1. Ações e programas de saúde e de segurança
limitar o avanço da obesidade infantil. Foram alimentar e nutricional para o enfrentamento da obesidade
analisados todos os documentos e publicações infantil.
que apresentam ações de PAAS, referentes à es- Ações e Programas de Saúde
sas políticas nos últimos 15 anos, quando o tema Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil
da obesidade passa a compor a agenda governa- Linha de Cuidado para o Sobrepeso e a Obesidade
mental1. A análise também considerou outras Programa Saúde na Escola
políticas que dialogam com os objetivos de PAAS Guias Alimentares
(Quadro 1). Os documentos foram obtidos por Regulação da Comercialização de Alimentos para Lactentes
meio da busca nos sítios eletrônicos das respec- e Crianças da Primeira Infância
tivas instituições e na Biblioteca Virtual em Saú- Rotulagem Nutricional
de do Ministério da Saúde (MS). As dimensões Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas
que nortearam a estratégia analítica foram: (1) a Acordos para Reformulação da Composição Nutricional
abordagem das ações de PAAS; (2) os condicio- Ações e Programas de Segurança Alimentar e Nutricional
nantes da obesidade que pretendem afetar e (3) Programa Nacional de Alimentação Escolar
as potenciais disputas de interesses, consideran- Programa de Aquisição de Alimentos
do em que medida as políticas podem afetar as Programa Bolsa Família
práticas dos diferentes segmentos envolvidos. Estratégia Intersetorial de Prevenção e Controle da
Obesidade
Pacto Nacional para Alimentação Saudável
Resultados

No âmbito das Políticas de Saúde

A organização da Atenção Nutricional no Sis-


tema Único de Saúde (SUS) é uma diretriz cen-
tral da PNAN que prevê que os cuidados relativos prevê a reorganização dos serviços com vistas a
à alimentação e nutrição (promoção da saúde, ampliar a equidade e a qualidade da atenção à
prevenção, diagnóstico e tratamento de agravos) saúde e, desse modo, propiciar ambientes que
devem fazer parte do cuidado integral na Rede de favoreçam a prevenção, a promoção e o cuidado
Atenção à Saúde (RAS). Nessa perspectiva, desta- integral em saúde24. Nessa perspectiva destacam-
ca-se a Linha de Cuidado para o Tratamento do se: a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil25
Sobrepeso e da Obesidade22 que define as ações que visa promover o aleitamento materno e a
que devem ser desenvolvidas nos diferentes pon- introdução complementar de alimentos de for-
tos da RAS, inclusive as de PAAS, planejadas com ma adequada e saudável e o Programa Saúde na
base no conhecimento do cenário epidemiológi- Escola (PSE). A promoção e a atenção à saúde do
co e nutricional da população. Para tal, a Vigilân- escolar integram tanto a PNAN, quanto a PNPS,
cia Alimentar e Nutricional (VAN) assume papel e o PSE se propõe a articular a atenção básica em
relevante no monitoramento e análise dos pro- saúde com a escola, possibilitando ações de PAAS
blemas nutricionais, subsidiando o planejamento e o monitoramento do estado nutricional26.
da atenção nutricional no SUS23. Ainda no âmbito da construção de ambientes
A PAAS também é uma das diretrizes da institucionais promotores de saúde foram for-
PNAN que, segundo os termos da própria políti- muladas diretrizes de PAAS pelos Ministérios da
ca, fundamenta-se nas ações de incentivo, apoio, Saúde (MS) e da Educação, para as escolas das
proteção e promoção da saúde, planejadas de redes públicas e privadas27. Além dessas, desta-
forma integrada no âmbito da RAS. Essas ações cam-se as ações de EAN e as ações regulatórias.
incluem a reorientação dos serviços, a constru- As ações de EAN integram todas as políti-
ção de ambientes promotores de saúde, a educa- cas analisadas e abarcam a produção de instru-
ção alimentar e nutricional (EAN) o controle e a mentos e materiais educativos que fomentem
regulação de alimentos. escolhas alimentares mais saudáveis, e processos
Um conjunto de ações relaciona-se com a educativos desenvolvidos nas redes de educação e
organização dos serviços de saúde e visa poten- saúde e outros espaços públicos. Visando valori-
cializar o acesso e fortalecer a promoção da saú- zar e qualificar esse conjunto de ações, o governo
de para toda a população, incluindo o público federal publicou o Marco de Referência de EAN28
infantil. A Política Nacional da Atenção Básica24 para as políticas públicas.
4146
Henriques P et al.

Os guias alimentares destinados a crianças novo mercado consumidor e, portanto, pouco


menores de dois anos29 e a população brasileira30 conflita com os interesses dos setores comerciais
apresentam princípios para alimentação sau- de alimentos. Cabe destacar que os acordos para
dável, dentre eles o respeito à cultura alimentar redução de açúcares ainda não foram definidos.
local. Na perspectiva de complementariedade
e diálogo entre os materiais produzidos, o livro No âmbito da Política Nacional
“Alimentos regionais brasileiros” divulga a varie- de Segurança Alimentar e Nutricional
dade de frutas, hortaliças e leguminosas, ressal-
ta a diversidade cultural e valoriza os alimentos A PNSAN foi formulada com ampla parti-
existentes no país31. Quanto ao acesso e qualifi- cipação social e caracteriza-se pela abordagem
cação da informação, o guia alimentar inova ao intersetorial dos processos de produção, acesso,
basear-se em uma classificação de alimentos que oferta e consumo de alimentos. Pretende articu-
evidencia as relações entre o crescente consumo lar programas e ações de diversos setores, gover-
de alimentos processados e ultraprocessados e a namentais e societários, que atuem no sentido de
obesidade. Além disso, aborda a alimentação na garantir o direito humano à alimentação adequa-
perspectiva da Segurança Alimentar e Nutricio- da (DHAA). Portanto, pode afetar os interesses
nal (SAN). de setores cujas práticas não sejam norteadas
As ações regulatórias criam diretrizes e ou pelo DHAA, com distintos níveis de disputas de
limites para a atuação dos setores comerciais e interesses.
objetivam proteger a população contra práticas No âmbito da produção de alimentos, as po-
abusivas, especialmente oriundas do setor priva- líticas de desenvolvimento rural que definem o
do comercial. No âmbito da regulação e controle mercado institucional para Agricultura Familiar
de alimentos, a PNAN prevê a rotulagem nutri- (AF), por meio do Programa de Aquisição de Ali-
cional, a regulação de publicidade, os pactos com mentos36 (PAA) e do Programa Nacional de Ali-
a indústria para reformulação de alimentos pro- mentação Escolar37 (PNAE) têm se mostrado es-
cessados e ultraprocessados e normas específicas tratégicas para a produção e oferta de alimentos
que regulam a promoção comercial e a rotulagem saudáveis, especialmente, a partir da obrigatorie-
de alimentos e produtos destinados a lactentes e dade de utilização de, no mínimo, 30% dos recur-
crianças de primeira infância. As formas de regu- sos do PNAE para compra de alimentos da AF37.
lação identificadas se diferenciam entre aquelas A mudança nos critérios de compras públicas de
que impõem o cumprimento de dispositivos le- alimentos pode afetar diretamente os interesses
gais sob pena de multa, e aquelas que se caracte- dos setores comerciais que tradicionalmente fi-
rizam por instituir diretrizes e acordos. guram como fornecedores para os programas
A regulação da publicidade e comercialização governamentais. Além disso, as ações que visam à
de alimentos, especialmente para o público infan- transição para sistemas de produção de alimentos
til, vem sendo objeto de políticas governamentais de base agroecológica ou orgânicos38 operam na
desde 2006, com elevado grau de conflito com o contramão dos interesses da monocultura de ex-
setor privado comercial16, e obteve avanço signi- portação e larga escala, que mobilizam corpora-
ficativo apenas na proteção aos lactentes e crian- ções transnacionais que comercializam sementes,
ças de primeira infância32. Destaca-se ainda a agrotóxicos, insumos e equipamentos, cujas prá-
regulamentação da rotulagem nutricional33 para ticas não são norteadas pelo DHAA17. No âmbito
garantir o acesso à informação ao consumidor e do acesso alimentar destacam-se: os restaurantes
inibir a publicidade no rótulo. Esse tipo de regu- populares; os bancos de alimentos; as hortas e
lação tem avançado no país, contudo ainda exis- cozinhas comunitárias; as cisternas; a distribui-
tem desafios quanto à qualidade das informações ção de alimentos; o Programa de Alimentação do
veiculadas e o seu potencial informativo34. Trabalhador e os programas de transferência de
Ainda em caráter propositivo e não obriga- renda, como o Bolsa Família (PBF) que aumen-
tório, desde 2007 foram estabelecidos acordos tam o poder de compra e consequentemente am-
voluntários entre o MS e a Associação Brasilei- pliam a acessibilidade. O PBF também reforça a
ra das Indústrias de Alimentos para melhoria da utilização dos serviços de saúde e educação, o que
composição de produtos industrializados, espe- pode contribuir para a PAAS à medida em que as
cialmente aqueles preferidos pelo público infan- ações de EAN sejam desenvolvidas nessas redes38.
to-juvenil, com redução gradativa dos teores de Em uma abordagem diferenciada da PAAS, a
açúcares livres, sódio e gorduras trans35. Todavia, Estratégia Intersetorial de Prevenção e Controle
a qualificação nutricional pode representar um da Obesidade39 (EIPCO) e o Pacto Nacional para
4147

Ciência & Saúde Coletiva, 23(12):4143-4152, 2018


Alimentação Saudável40 (PNAS) pautam a obe- dos de forma articulada. Nesse sentido, destaca-se
sidade a partir de uma perspectiva intersetorial. a reorganização do sistema produtivo de alimen-
A EIPCO tem como um de seus eixos a atuação tos, principalmente pelo fomento à produção
na atenção básica de saúde visando à atenção agroecológica e a AF, pela garantia de comercia-
integral à saúde do portador de excesso de peso lização de seus produtos por meio das compras
e obesidade. O pacto foi instituído com a fina- públicas, articuladas com a ampliação do acesso
lidade de ampliar as condições de oferta, dispo- dos escolares aos alimentos in natura, produzidos
nibilidade e consumo de alimentos saudáveis e localmente. Cabe destacar que a mobilização de
combater o sobrepeso, a obesidade e as doenças diferentes setores governamentais e entes da fede-
decorrentes da má alimentação da população ração em torno do enfrentamento da obesidade
brasileira. Ambos buscam coordenar ações de di- e da PAAS foi protagonizada pelos espaços polí-
ferentes setores governamentais, com a finalidade ticos de gestão compartilhada e participação so-
de prevenir e controlar a obesidade por meio da cial da política de SAN, onde foram construídas a
convergência de objetivos e ações de PAAS, e ino- EIPCO, e reformulados o PNAE e o PAA.
vam ao conectar a saúde e a nutrição ao sistema As estratégias com maior potencial para afe-
alimentar vigente. tar ambientes institucionais, como os serviços
de saúde e as escolas, são as que fortalecem a ca-
pacidade destes espaços para lidarem com ações
Discussão de prevenção, assistência e promoção da saúde,
em diferentes fases do ciclo da vida. Todavia, a
As principais ações de PAAS identificadas visam adesão das escolas às diretrizes propostas pode,
fomentar a educação alimentar e nutricional; por vezes, produzir resistências dos escolares, das
os sistemas produtivos de base agroecológica; a famílias e de membros da comunidade escolar,
agricultura familiar; a acessibilidade alimentar; pois a regulação da disponibilidade de alimen-
os ambientes saudáveis e as ações regulatórias. tos pode tensionar as distintas perspectivas sobre
Portanto, possibilitam o estímulo, o apoio e a as liberdades individuais quanto às escolhas ali-
proteção da população para viabilizar a adoção mentares41.
de práticas alimentares saudáveis. Tais ações A instituição do Marco de Referência de EAN,
interferem potencialmente em diferentes con- elaborado em diálogo entre a saúde e a SAN, ain-
dicionantes da obesidade infantil, apresentam da que indique a necessidade de articulação das
distintas concepções sobre como enfrentá-la e, ações de EAN desde a produção ao consumo dos
consequentemente, afetam distintos interesses alimentos28 não prevê ações que afetem direta-
em disputa. mente os interesses dos setores produtivos. No
As políticas do setor saúde abarcam ações que entanto, o guia alimentar para a população bra-
visam afetar diferentes condicionantes da obe- sileira, que integra a PNAN, se confronta de for-
sidade, dentre eles: seu reconhecimento como ma incisiva com os interesses da indústria, uma
questão de saúde que demanda ações específicas, vez que: propõe uma classificação de alimentos
por meio do diagnóstico e monitoramento do es- de acordo com o seu grau de processamento; en-
tado nutricional que dão visibilidade ao proble- fatiza que os alimentos processados e ultrapro-
ma, presentes na VAN23 e no PSE26; a ampliação cessados possuem maior densidade energética,
do acesso à informação e qualificação das men- maior teor de açúcar livre e menor teor de fibra
sagens socialmente disseminadas sobre alimenta- do que alimentos in natura, e recomenda que se
ção, por meio da divulgação de informações que limite o consumo de alimentos processados e
estimulem a adoção de práticas alimentares sau- se evite o consumo dos ultraprocessados. Cabe
dáveis e da regulação de práticas publicitárias do considerar que os obstáculos para a adoção das
setor comercial, de modo a coibir mensagens que recomendações do guia, reconhecidos pelo pró-
estimulem o consumo de produtos processados prio documento, remetem a necessidade de ações
e ultraprocessados; a constituição de ambientes e mudanças individuais e de políticas públicas e
alimentares saudáveis nas escolas e locais de tra- ações regulatórias do Estado, que tornem o am-
balho e; os acordos voluntários com a indústria biente mais favorável para adoção de escolhas
de alimentos para alterar a composição de seus mais saudáveis.
produtos. As ações regulatórias são as que mais eviden-
Os condicionantes da obesidade afetados pela ciam as tensões políticas e indicam os interesses
PNSAN referem-se aos processos de produção, em disputa. No âmbito da regulação das práticas
comercialização e consumo de alimentos pensa- do setor privado comercial, apenas está em vigor
4148
Henriques P et al.

a lei32 que protege o aleitamento materno e re- produção, comercialização, acesso e consumo de
gulamenta a comercialização de alimentos para alimentos de forma integrada situam-se no âm-
lactentes e crianças de primeira infância. Persiste bito da PNSAN, onde foram construídas novas
o desafio em relação à regulação da publicida- abordagens de prevenção e controle da obesida-
de de alimentos, como medida fundamental no de. Nessa perspectiva, o sistema alimentar passa
campo da proteção da saúde e da SAN, prevista a ser considerado como fator estruturante das
em várias políticas públicas14,15,42 e no Plano de condições que favorecem o ganho de peso exces-
ação para prevenção da obesidade em crianças sivo e a maior efetividade do conjunto de ações
e adolescentes da OPAS8. Não obstante estas re- de prevenção e controle da obesidade infantil ad-
comendações, a suspensão da norma evidencia vém de estratégias intersetoriais, especialmente
uma tensão entre o setor privado comercial e por articularem ações que visam aproximar saú-
setores de governo, e ressalta a influência políti- de, educação, alimentação escolar e agricultura.
ca da indústria no Brasil, denotando a comple- Algumas ações previstas na PNSAN já integram
xidade do campo regulatório na medida em que políticas do MS, o que indica que há interfaces
trata de questões e práticas sociais que envolvem importantes entre as políticas aqui analisadas.
interesses de diferentes instuições16,17. A EIPCO e o PNAS, por serem pautados nos
Considerando ainda o tema regulatório, cabe princípios da SAN, podem afetar os interesses
ressaltar que os acordos para redução dos teores dos setores agrícolas e industriais que comercia-
de sódio, açúcar e gorduras trans, geram menos lizam sementes, insumos, equipamentos, agrotó-
tensionamentos com o setor privado comercial, xicos e alimentos processados e ultraprocessados.
no entanto são ineficazes na resolução dos pro- Nesse sentido, ações regulatórias que incidem so-
blemas relacionados à alimentação não saudável. bre esses produtos, além daquelas voltadas para
Um estudo sobre o processo de monitoramento a publicidade de alimentos processados e ultra-
dos teores de sódio evidenciou fragilidades como processados indicam o elevado nível de disputas
a falta de padronização das categorias de alimen- de interesses que também envolvem setores de
tos, da periodicidade e abrangência das análises, governo. Desse modo, o papel regulador do Esta-
o que pode comprometer essa estratégia43. Cabe do pode ser afetado por distintos mecanismos de
considerar que, mesmo que acordos desse tipo pressão que são exercidos por corporações com
resultem em produtos com menor teor de alguns alto poder de influência no cenário econômico17.
componentes ele continuará sendo um alimento No âmbito da PNSAN os programas que es-
ultraprocessado. tão diretamente relacionados com a produção,
Tais acordos podem não estar em sintonia oferta e consumo de alimentos mais saudáveis
com outras ações da PNAN, uma vez que o pró- nas escolas, que é um espaço estratégico para a
prio guia alimentar preconiza que os alimentos PAAS na infância, são o PNAE e o PAA. A legisla-
processados e ultraprocessados sejam evitados, ção que orienta o PNAE, em diálogo com a SAN,
sinalizando os interesses em disputa. Ainda que propiciou a aproximação entre a produção de
os acordos pretendam modificar os produtos alimentos advindos da AF e o acesso a AAS me-
visando afetar o perfil de consumo alimentar, a diado por uma política de compras públicas que
ideia de que o produto foi “aprimorado” do pon- se estende para outros setores. Por preconizar o
to de vista nutricional pode também estimular preparo de refeições utilizando alimentos natu-
o próprio consumo. Esta disparidade entre as rais, o PNAE focaliza a valorização da alimen-
propostas de prevenção e controle da obesidade tação adequada, tanto sob o aspecto nutricional
pode resultar, no mínimo, na divulgação de in- quanto socioambiental e cultural. Portanto, é um
formações contraditórias para a população que programa que afeta diferentes condicionantes da
precisa estar bem esclarecida sobre os riscos à obesidade infantil, ao ofertar alimentação saudá-
saúde que estes produtos provocam. Para além vel aos escolares e promover ações de EAN tam-
destas questões, a participação no processo de- bém previstas em sua legislação.
cisório governamental de segmentos do setor Tais ações são fundamentais para estimular
privado comercial, cujas políticas institucionais, crianças e adolescentes a mudar suas práticas de
práticas e produtos ferem os princípios e objeti- consumo, todavia se a oferta alimentar não for
vos pautados nas políticas públicas, pode retar- coerente com as informações disseminadas aos
dar, atenuar ou impedir o alcance dos objetivos alunos, dificilmente terá algum efeito sobre suas
nelas previstos17. práticas alimentares, pois serão veiculadas infor-
Como dito, as ações que pretendem afetar os mações contraditórias. As práticas alimentares as
condicionantes relacionados com os processos de quais as crianças têm acesso são em si um discur-
4149

Ciência & Saúde Coletiva, 23(12):4143-4152, 2018


so com potente impacto na construção de valo- tretanto, embora o PBF promova acessibilidade ali-
res, questão que assume ainda maior relevância mentar, não implica necessariamente na melhoria
quando se considera que as crianças são expostas da qualidade nutricional da alimentação50, uma vez
a outros ambientes fora da escola que estimulam que não é somente o maior poder de compra que
práticas não saudáveis44. favorece práticas saudáveis. Outras condições tam-
Portanto, além do estímulo à alimentação sau- bém interferem no processo decisório em torno
dável, por meio da disseminação e qualificação da da alimentação, como a oferta, a disponibilidade,
informação, as políticas aqui analisadas preveem a conveniência de preparo, o tempo gasto, a relação
ações que incidem sobre outros condicionantes custo saciedade sabor dos alimentos, os aspectos
da obesidade infantil que são igualmente relevan- simbólicos, culturais e psicossociais das práticas
tes, como o acesso, a disponibilidade de uma ali- alimentares, que afetam os diferentes segmentos
mentação saudável, e o apoio à adoção de práticas populacionais independente da renda e consti-
saudáveis. Nesse sentido, apesar da ampliação do tuem o próprio ambiente obesogênico51. Portanto,
acesso à alimentação saudável aos escolares, por a combinação de diferentes ações por meio de po-
meio do PNAE e das diretrizes para PAAS institu- líticas intersetoriais é fundamental para universali-
ídas desde 2006, permanece o desafio de regulação zar práticas alimentares saudáveis.
de cantinas de escolas públicas e privadas e dos seus As condicionalidades do PBF, referentes à as-
entornos. A maioria delas não é espaço facilitador sistência à saúde e a frequência escolar, podem
da alimentação saudável, pois são estabelecimen- significar maior exposição a outras políticas públi-
tos comerciais sem qualquer compromisso com a cas que oportunizam a PAAS e ampliar o acesso a
PAAS44 que disponibilizam produtos processados e ações de assistência e de promoção da saúde que
ultraprocessados e, consequentemente, estimulam integram programas como o PNAE e o PSE. Para
seu consumo, como evidenciado em estudo recente tal, é fundamental que as condicionalidades sejam
que analisou o ambiente alimentar escolar e o seu consideradas como mecanismo de indução da
entorno45. oferta de serviços pelos governos, que potencialize
Entretanto, a adoção de medidas que possam a garantia de direitos e não como mecanismo de
transformar as cantinas escolares em locais que punição dos beneficiários. Afinal, não cabe estabe-
garantam o fornecimento de alimentos e refeições lecer condições aos beneficiários para que direitos
saudáveis já foi implementada por vários estados já estabelecidos sejam garantidos, mas estruturar
e municípios do Brasil, com graus diferenciados os governos para que cumpram com os deveres le-
de sucesso46-48. As regulamentações proíbem o co- galmente instituídos.
mércio de guloseimas, alimentos e bebidas ultra- Em síntese, as políticas13-15 que ampliam a
procesados, preparações fritas e a propaganda de oferta e o acesso à AAS, promovem o acesso à in-
alimentos não saudáveis, além da obrigatoriedade formação por meio de ações educativas e regulam
da comercialização de frutas46-48. Além da regulação o ambiente ou a atuação do mercado a partir de
da oferta e disponibilidade de alimentos, as restri- instrumentos legais. No entanto, alguns dilemas
ções à publicidade de alimentos processados e ul- quanto ao papel regulador do Estado podem ten-
traprocessados nas escolas também é desafiadora. sionar os processos políticos de modo a dificultar
Ações desse tipo afetam diretamente os interesses ou mesmo inviabilizar determinadas ações16,17. O
em disputa, especialmente os que envolvem o setor modelo de Estado regulador no Brasil, fortale-
privado comercial, considerando que cantineiros, cido a partir da década de 1990, se expressa por
fornecedores e a indústria de alimentos lucram meio de dispositivos regulatórios mais ou menos
com a venda destes produtos. flexíveis, especialmente em temas que envolvem
No que se refere aos condicionantes relacio- conflitos de interesses, e vem moldando distintos
nados com o acesso alimentar em âmbito domi- padrões de intervenção do Estado nas políticas
ciliar, e que, portanto, afetam diretamente o perfil públicas52.
de práticas alimentares das crianças, programas de A regulação busca definir limites entre a so-
transferência condicionada, como o PBF, podem ciedade e o Estado e entre o governo e o mercado
ampliar o acesso a alimentos mais saudáveis para na garantia dos direitos constitucionais e do bem
pessoas de baixa renda e contribuir com a me- público. A regulação das ações de saúde consti-
lhora das condições que favorecem a insegurança tui-se em uma das funções essenciais da saúde
alimentar e nutricional. Nesse sentido, uma revi- pública e visa garantir a qualidade dos bens e
são sistemática verificou associação positiva entre serviços e proteger a saúde da população53. To-
a participação das famílias nesses programas no davia, envolve elevado nível de incerteza e com-
Brasil e a melhoria da alimentação e nutrição49. En- plexidade considerando os valores e as potenciais
4150
Henriques P et al.

disputas de interesses entre os envolvidos com as de alimentos ultraprocessados deve ser evitado
políticas públicas54. contrastam com as dificuldades de efetivação das
ações regulatórias, especialmente as que incidem
sobre a publicidade destes alimentos. O aprimo-
Considerações finais ramento da composição nutricional de alimen-
tos ultraprocessados, por meio dos pactos com a
O conjunto de ações de PAAS mapeado demons- indústria, pode, em curto prazo, contribuir para
tra os esforços empreendidos pelo governo bra- redução na ingestão de gorduras, açúcares e sal,
sileiro na construção de políticas que convergem mas, em longo prazo, estimular o seu consumo.
para o enfrentamento da obesidade, com poten- Destaca-se a potencialidade da abordagem
cial para afetar diversos aspectos dos seus fatores intersetorial da obesidade na PNSAN e das ações
condicionantes. Contudo, para sua efetiva imple- adotadas no espaço escolar, especialmente na rede
mentação, tais medidas demandam graus distin- pública por meio do PNAE, que são estratégicas
tos de recursos políticos, pois afetam, também de para o grupo infantil, dadas as atribuições da es-
forma diferenciada, os interesses em disputa. cola na formação de hábitos e valores. Contudo, os
As políticas analisadas apresentam elementos desafios para compra da AF podem indicar dis-
que tensionam o processo político e indicam dis- putas de interesses entre os fornecedores da ali-
putas entre interesses de setores - governamentais mentação escolar, além de possíveis dificuldades
e societários - norteados pelos objetivos de PAAS para que os agricultores familiares viabilizem a
e setores comerciais que visam ampliar, especial- comercialização de seus produtos para as escolas,
mente, a venda de insumos produtivos e alimen- ou mesmo para que se interessem por essa fatia
tos processados e ultraprocessados. Portanto, de- de mercado quando comparada a outros circui-
terminadas ações podem criar tensões que condi- tos comerciais.
cionam os próprios termos das políticas. Persistem os desafios para implementação
Os governos não são homogêneos, e os in- de estratégias regulatórias que são fundamentais
dícios de que algumas ações podem levar a des- para promover ambientes que estimulem e possi-
fechos opostos expressam os interesses em dis- bilitem escolhas alimentares mais saudáveis à luz
puta. As ações que preconizam que o consumo das recomendações do guia alimentar.

Colaboradores

P Henriques, G O’Dwyer e L Burlandy partici-


param da concepção, delineamento, interpreta-
ção dos dados, redação, revisão crítica do artigo
e aprovação da versão a ser publicada; PC Dias e
RMS Barbosa participaram da interpretação dos
dados, redação e revisão crítica do artigo.
4151

Ciência & Saúde Coletiva, 23(12):4143-4152, 2018


Referências

1. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria nº 710, de 10 17. Burlandy L, Prado V, Gomes FS, Castro IRR, Dias PC,
de junho de 1999. Diário Oficial da União 1999; 11 jun. Henriques P, Carvalho CMP Castro Júnior, PCP. Políti-
2. World Health Organization (WHO). Plan of action cas de promoção da saúde e potenciais conflitos de in-
for the prevention of obesity in children and adolescents. teresses que envolvem o setor privado comercial. Cien
Washington: WHO; 2014. [53rd Directing Council. 66 Saude Colet 2016; 21(6):1809-1818.
th session of the regional committee of WHO for the 18. Frey K. Políticas públicas: um debate conceitual e refle-
Americas]. xões referentes à prática da análise de políticas públicas
3. World Health Organization (WHO). Report of the no Brasil. Plan Polit Publ 2000; 21:211-259.
commission on ending childhood obesity. Washington: 19. Potvin L. On the nature of programs: health promotion
WHO; 2016. programs as action. Cien Saude Colet 2004; 9(3):731-
4. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 738.
Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: antro- 20. Freeman R, Maybin J. Documents, practices and policy.
pometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e Evidence Policy 2011; 7(2):155-170.
adultos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2010. 21. Griggs S, Howarth D. Discourse and practice: using the
5. Mello LC, Caramaschi S. Estresse e bullying em crian- power of well-being. Evid Policy 2011; 7(2):213-226.
ças em condição de sobrepeso e obesidade. In: Valle 22. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria nº 424, de 19
TGM, Melchiori LE, organizadores. Saúde e desenvol- de março de 2013. Diário Oficial da União 2013; 15 abr.
vimento humano. São Paulo: Cultura Acadêmica; 2010. 23. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção
p. 113-129. à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Marco de re-
6. Wanderley EM, Ferreira VA. Obesidade: uma perspecti- ferência da vigilância alimentar e nutricional na atenção
va plural. Cien Saude Colet 2010; 15(1):185-194. básica. Brasília: MS; 2015.
7. Swinburn B, Kraak V, Rutter H, Vandevijvere S, Lob- 24. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Política Nacional de
stein T, Sacks G, Gomes F, Marsh T, Magnusson R. Atenção Básica. Brasília: MS; 2012.
Strengthening of accountability systems to create 25. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria nº 1920 de
healthy food environments and reduce global obesity. 05 de setembro de 2013. Diário Oficial da União 2013;
Lancet 2015; 385(9986):2534-2545. 06 set.
8. Pan American Health Organization (PAHO). World 26. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Ministério da Edu-
Health Organization (WHO). Ultra-processed food and cação (MEC). Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de
drink products in Latin America: Trends, impact on obe- 2007. Diário Oficial da União 2007; 06 dez.
sity, policy implications. Noncommunicable Diseases and 27. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Ministério da Edu-
Mental Health. Washington: PAHO; 2015. cação (MEC). Portaria Interministerial n.º 1.010, de 08
9. Martins APB, Levy RB, Claro RM, Moubarac JC, Mon- de maio de 2006. Diário Oficial da União 2006; 09 mai.
teiro CA. Participação crescente de produtos ultrapro- 28. Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Com-
cessados na dieta brasileira (1987-2009). Rev Saude bate à Fome (MDS). Marco de referência de educação
Publ 2013; 47(4):656-665. alimentar e nutricional para as políticas públicas. Brasí-
10. Louzada MLC, Baraldi LG, Steele EM, Martins APB, lia: MDS, Secretaria Nacional de Segurança Alimentar
Canella DS, Claude-Moubarac JL, Bertazzi R, Cannon e Nutricional; 2012.
G, Afshin A, Imamura F, Mozaffarian D, Monteiro CA. 29. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Departamento de
Consumption of ultra-processed foods and obesity in Atenção Básica. Dez passos para uma alimentação
Brazilian adolescents and adults. Prev Med 2015; 81:9- saudável: guia alimentar para crianças menores de dois
15. anos: um guia para o profissional da saúde na atenção
11. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). básica. 2ª ed. Brasília: MS; 2010
Pesquisa Nacional de Saúde. Rio de Janeiro: IBGE; 2015. 30. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Guia alimentar para
12. Lobstein T, Jackson-Leach R, Moodie ML, Hall KD, a população brasileira. 2ª ed. Brasília: MS; 2014.
Gortmaker SL, Swinburn BA, James WPT, Wang Y, 31. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Departamento de
McPherson K. Child and adolescent obesity: part of a Atenção Básica. Alimentos regionais brasileiros. 2ª ed.
bigger picture. Lancet 2015; 385(9986):2510-2520. Brasília: MS; 2015.
13. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria nº 2.446, de 32. Brasil. Presidência da República. Lei nº 11.265, de 3 de
11 de novembro de 2014. Diário Oficial da União 2014; janeiro de 2006. Diário Oficial da União 2006; 4 jan.
12 nov. 33. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Re-
14. Brasil. Presidência da República. Decreto nº 7.272, de solução RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003. Diá-
25 de agosto de 2010. Regulamenta a Lei no 11.346, de rio Oficial da União 2003; 24 dez.
15 de setembro de 2006, que cria o Sistema Nacional de 34. Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC). Rótulo
Segurança Alimentar e Nutricional e institui a Política mais fácil. Revista nº 208. Set/out 2016.
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Diário 35. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria nº 3.092, de
Oficial da União 2010; 26 ago. 4 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União 2006;
15. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Política Nacional de 04 dez.
Alimentação e Nutrição. Brasília: MS; 2012. 36. Brasil. Presidência da República. Decreto 7.775, de 04
16. Henriques P, Dias PC, Burlandy L. A regulamentação de julho de 2012. Diário Oficial da União 2012; 05 jul.
da propaganda de alimentos no Brasil: convergên- 37. Brasil. Lei 11.947, de 16 de junho de 2009. Diário Ofi-
cias e conflitos de interesses. Cad Saude Publ 2014; cial da União 2009; 17 jun.
30(6):1219-1228.
4152
Henriques P et al.

38. Brasil. Câmara Interministerial de Segurança Alimen- 48. Distrito Federal. Decreto nº 36.900/2015. Regulamenta
tar e Nutricional (CAISAN). Plano Nacional de Se- a Lei nº 5.146, de 19 de agosto de 2013, que estabelece
gurança Alimentar e Nutricional: 2016/2019. Brasília: diretrizes para a promoção de alimentação adequada e
CAISAN; 2016. saudável nas escolas da rede de ensino do Distrito Fe-
39. Brasil. Câmara Interministerial de Segurança Alimen- deral. Diário Oficial do Estado 2015; 24 nov.
tar e Nutricional (CAISAN). Estratégia Intersetorial de 49. Martins APB, Canella DS, Baraldi LG, Monteiro CA.
Prevenção e Controle da Obesidade: recomendações para Transferência de renda no Brasil e desfechos nutri-
estados e municípios. Brasília: CAISAN; 2014. cionais: revisão sistemática. Rev Saude Publ 2013;
40. Brasil. Presidência da República. Decreto nº 8553 de 04 47(6):1159-1171.
de novembro de 2015. Diário Oficial da União 2015; 4 50. Cotta RMM, Machado JC. Programa Bolsa Família
nov. e segurança alimentar e nutricional no Brasil: revi-
41. Dutra RCA. Consumo alimentar infantil: quando a são crítica da literatura. Rev Panam Salud Publ 2013;
criança é convertida em sujeito. Soc. Estado. 2015; 33(1):54-60.
30(2):451-469. 51. Lignani JB, Sichieri R, Burlandy L, Salles Costa R.
42. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Plano de ações estra- Changes in food consumption among the Programa
tégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não Bolsa Família participant families in Brazil. Public
transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Brasília: Health Nutrition 2010; 14(5):785-792.
MS; 2011. 52. Lucena R. A tensão entre regulação e descentralização
43. Martins APB. Redução de sódio em alimentos: uma aná- na vigilância sanitária: uma questão de estado. Tempus
lise dos acordos voluntários no Brasil. São Paulo: Insti- Actas de Saúde Coletiva 2012; 6(4):143-154.
tuto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec); 2014. 53. Buss PM. Saúde pública hoje. In: Hortale VA, Moreira
(Cadernos Idec – Série Alimentos. Vol. 2.) COF, Bodstein RCA, Ramos CL, organizadores. Pesqui-
44. Porto EBS, Schmitz BAS, Recine E, Rodrigues MLCF. sa em saúde coletiva: fronteiras, objetos e métodos. Rio de
School canteens in the Federal District, Brazil and the Janeiro: Fiocruz; 2010. p. 33-55.
promotion of healthy eating. Rev Nutr 2015; 28(1):29- 54. Gamarra TPN, Porto MFS. Regulação em Saúde
41. e epistemologia política: contribuições da ciência
45. Azeredo CM, Rezende LFM, Canella DS, Claro RM, pós-normal para enfrentar as incertezas. O&S 2015;
Peres MFT, Luiz OC, Franca Junior I, Kinra S, Hawke- 22(74):405-422.
sworth S, Levy RB. Food environments in schools and
in the immediate vicinity are associated with unhealthy
food consumption among Brazilian adolescents. Prev
Med 2016; 88:73-79.
46. Gabriel CG, Ricardo GD, Ostermann RM, Corso ACT,
Assis MAA, Di Pietro PF, Vasconcelos FAG. Regula-
mentação da comercialização de alimentos no ambien-
te escolar: análise dos dispositivos legais brasileiros que
buscam a alimentação saudável. Rev Inst Adolfo Lutz
2012; 71(1):11-20.
47. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Experiências estadu-
ais e municipais de regulamentação da comercialização
de alimentos em escolas do Brasil: identificação e siste- Artigo apresentado em 26/05/2016
matização do processo de construção e dispositivos legais Aprovado em 04/01/2017
adotados. Brasília: MS; 2007. Versão final apresentada em 06/01/2017

CC BY Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons

Você também pode gostar