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Políticas públicas de alimentação e nutrição no Brasil:

de Lula a Temer

Políticas públicas de alimentação e nutrição do Brasil: de Lula a


Temer

Francisco de Assis Guedes de VASCONCELOS 1


http://orcid.org/0000-0002-
6162-8067

Mick Lennon MACHADO 2


http://orcid.org/0000-0001-7550-1692

Maria Angélica Tavares de MEDEIROS 3


http://orcid.org/0000-0002-8982-
7084

José Anael NEVES 3


http://orcid.org/0000-0003-4139-4352

Elisabetta RECINE 4
http://orcid.org/0000-0002-5953-7094

Elaine Martins PASQUIM 4


http://orcid.org/0000-0002-0377-981X

1
Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde,
Departamento de Nutrição. Campus Universitário, s / n., Trindade, 88040-9000,
Florianópolvis, SC, Brasil.
2
Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de
Pós-Graduação em Nutrição. Florianópolis, SC, Brasil.
3
Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Políticas Públicas e Saúde
Coletiva, Programa de Pós-Graduação em Alimentos, Nutrição e Saúde. Santos, SP,
Brasil.
4
Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de
Nutrição. Brasília, DF, Brasil.
RESUMO

Objetivo

Analisar políticas públicas de alimentação e nutrição no Brasil, com ênfase nos últimos
quinze anos (2003-2018).

MÉTODOS

Análise histórico-documental baseada em pesquisa bibliográfica sobre bases indexadas e


visitas exploratórias a sites de agências governamentais.

RESULTADOS

As descobertas científicas e governamentais foram organizadas de acordo com os


governos Lula, Dilma e Temer. Eles exploram o desenvolvimento de várias políticas
públicas e programas de bem-estar em alimentação e nutrição, com foco principalmente
no Programa Brasileiro de Erradicação da Fome, Programa de Assistência a Famílias
Carentes, Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Programa de Aquisição
de Alimentos, Programa Nacional de Nutrição Escolar, Programa Nacional de Nutrição
Escolar, Política de Segurança Nutricional, Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e
Nutricional e Programa Brasileiro de Erradicação da Miséria. Destacam-se a centralidade
da idéia de combate à fome e à miséria nas políticas públicas nos primeiro e segundo
mandatos de Lula e Dilma. O segundo mandato de Dilma é marcado pelo foco em
alimentação saudável, além de apresentar os primeiros sinais de fragilização de políticas
públicas em alimentação e nutrição. Atualmente, o governo Temer é caracterizado por
processos de ruptura institucional e programática, cortes no orçamento e contratempos
nos direitos adquiridos. Há evidências da necessidade de ativar instrumentos nacionais e
internacionais para fazer valer o direito humano à alimentação adequada e consequente
fortalecimento de políticas públicas sobre alimentação e nutrição.

CONCLUSÃO

Esse período apresenta uma expansão e qualificação de políticas públicas em alimentação


e nutrição, principalmente no governo Lula e Dilma, com reveses no governo Temer, em
que cortes orçamentários contínuos enfraquecem as políticas sociais, redução da fome,
redução da pobreza e políticas de segurança alimentar e nutricional.

Palavras-chave: Segurança Alimentar e Nutricional; Política de Nutrição; Programas e


Políticas de Nutrição; Políticas públicas
INTRODUÇÃO

No Brasil, o caminho da institucionalização das políticas de alimentação e nutrição


públicas, que começaram em meados dos anos 1930, converge com a história do
surgimento da profissão de nutricionista, que completa 80 anos de existência em
2019 [ 1 , 2 ].

Ao longo dessa trajetória, torna-se relevante reconhecer as profundas mudanças


econômicas, políticas, sociais e culturais que ocorreram tanto no contexto da
sociedade brasileira quanto no contexto da sociedade humana. Essas mudanças
incluem aquelas relacionadas ao perfil epidemiológico nutricional, que na década de
1930 consistiam principalmente de doenças associadas a deficiências
nutricionais. Desde esse período até os dias atuais, as doenças nutricionais crônicas
não transmissíveis foram superpostas, implicando a necessidade de construção de
novos paradigmas e novas formas de intervenção em alimentos e nutrição [ 1 , 3 ].

Nos últimos 15 anos, vários estudos foram identificados no campo das políticas
públicas de alimentação e nutrição no Brasil, alguns dos quais abordaram a questão
de forma abrangente [ 4 - 6 ], enquanto outros se concentraram na análise de
programas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
7 10
[ - ]; o Programa Bolsa Família (PBF, Programa Bolsa Família )
[ 11 - 14 ]; o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA, Programa de Aquisição de
Alimentos ) [ 15 , 16 ]; o programa de restaurantes econômicos apoiados pelo
governo [17 , 18 ]; e o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional (SISAN, Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional )
[ 19 , 20 ].

No presente artigo, supõe-se que, desde 2003, tenha ocorrido um processo de


redefinição das estratégias de planejamento, gestão e execução de suas ações e
programas no campo das políticas públicas de alimentação e nutrição. Assim, para
promover uma mudança no modelo de desenvolvimento além do foco do crescimento
econômico, buscou-se um processo que deveria basear-se na intersetorialidade
efetiva entre os órgãos governamentais das diferentes esferas governamentais
envolvidas, bem como na participação efetiva da sociedade civil organizada - o
principal mecanismo de controle social dessa política - e, consequentemente, de
promover e garantir o direito humano à alimentação adequada para todos os
brasileiros [ 6 , 20 ].

Nesse sentido, o objetivo deste artigo é realizar uma análise histórico-documental


das políticas públicas de alimentação e nutrição no Brasil, focada nos últimos 15 anos
(2003-2018).

MÉTODOS

Este artigo é caracterizado como uma análise histórico-documental que busca


sintetizar a trajetória das políticas públicas de alimentação e nutrição no Brasil nos
últimos 15 anos.

Para obter dados, informações e documentos sobre a trajetória das políticas


brasileiras de alimentação e nutrição de 2003 a 2018, foram realizadas visitas
exploratórias aos sites dos órgãos governamentais envolvidos, como: (1) Conselho
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) Conselho Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional
(http://www4.planalto.gov.br/consea); (2) Ministério da Saúde - Coordenação Geral
de Alimentação e Nutrição (CGAN, Ministério da Saúde - Coordenação Geral de
Alimentos e Nutrição) (http://dab.saude.gov.br/portaldab/cgan.php); (3) Ministério
do Desenvolvimento Social (http://mds.gov.br/assuntos/bolsa-familia); e (4) o
Ministério da Educação (http://www.fnde.gov.br/programas/pnae).

Na tentativa de capturar artigos científicos sobre o assunto publicados nos últimos


15 anos, foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados Scientific
Electronic Library Online (SciELO), National Library of Medicine (PubMed) e Web of
Science, usando os termos: “política pública”; "politica social"; “Programas de
alimentação e nutrição”; "Programas de nutrição"; "Comida e
nutrição"; "nutrição"; "fome"; "Segurança alimentar e nutricional"; “Programa de
Subsídios Familiares”; “ Programa Fome Zero”(Programa de Erradicação da
Fome); “Programa Nacional de Nutrição Escolar” e sua sigla PNAE; “Restaurantes
econômicos apoiados pelo governo”; “Programa de Aquisição de Alimentos” e sua
sigla PAA, todos os termos sendo pesquisados em português e seus respectivos
correspondentes no idioma inglês. Os critérios de inclusão envolveram os artigos
originais, cujo conteúdo e objetivos continham análises das várias políticas
governamentais de alimentação e nutrição nos cortes temporais definidos
anteriormente. Os artigos selecionados abordaram as mais diversas metodologias
para ampliar as possibilidades de ações identificadas. A interpretação dos resultados
sugeriu que o tratamento de dados e informações deveria ser organizado em três
macro indicadores ou períodos: governo Lula (2003-2010), governo Dilma (2011-
2016), e o governo Temer (2016-julho de 2018). A categorização procurou destacar
a relação processual, histórica e social das políticas e programas de alimentação e
nutrição.

Era Lula (2003-2010): erradicação da fome ( Fome Zero ) e assistência a


famílias carentes ( Bolsa Família )

O governo Lula iniciou-se em um clima de euforia causado pela publicidade das ações
do Programa Fome Zero (PFZ, Programa de Erradicação da Fome), que visava
erradicar a fome e implementar uma política nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional (SAN) no Brasil, através de políticas estruturais, específicas e locais [ 21 ].

No primeiro ano do governo, os programas de transferência de renda condicional


foram unificados com a criação do PBF. Objetivos de curto, médio e longo prazo
foram elaborados, entre eles: promover o acesso à rede de serviços públicos,
principalmente os relacionados à saúde, educação e assistência social; combater a
fome e a pobreza; promover políticas de SAN; contribuir para o exercício pleno da
cidadania e a emancipação sustentada das famílias mais vulneráveis à fome; e
promover a intersetorialidade, complementaridade e sinergia das ações sociais da
administração pública. Assim, o PBF previa a transferência de recursos monetários
para as famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, o acesso a serviços de
saúde e educação sob a forma de condicionalidades, além de ações intersetoriais e
programas complementares.

O PBF se tornou o maior programa de transferência de renda do mundo, absorvendo


a maioria dos recursos monetários destinados à Política Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional (PNSAN, Política Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional) [ 11 ]. No final de 2010, o PBF havia beneficiado 12,8 milhões de famílias
brasileiras, com uma transferência de renda de BRL14,4 bilhões por ano ( Tabela 1 ).

Tabela 1 Número de famílias beneficiadas e valor orçamentário anual acumulado do Programa


Bolsa Família (PBF, Programa Bolsa Família ) no Brasil, 2004 a 2018.
Ano Número de famílias Orçamento anual (BRL)
2004 6.571.839 3.791.785.038,00
2005 8.700.445 5.691.667.041,00
2006 10.965.810 7.524.661.322,00
2007 11.043.076 8.965.499.608,00
2008 10.557.996 10.606.500.193,00
2009 12.370.915 12.454.702.501,00
2010 12.778.220 14.372.702.865,00
2011 13.361.495 17.364.277.909,00
2012 13.902.155 21.156.774.695,00
2013 14.086.199 24.890.107.091,00
2014 14.003.441 27.187.295.233,00
2015 13.936.791 27.650.301.339,00
2016 13.569.576 28.506.185.141,00
2017 13.828,609 29.046.112.934,00
Até junho de 2018 13.736.341 14.881.878.458,00

Nota: BRL: moeda brasileira ( Reais : R $).

22
Com base em dados do Ministério do Desenvolvimento Social (Brasil) [ ].

Quinze anos após o início de sua implementação, há evidências do impacto do PBF


na redução dos índices de desigualdade de renda e pobreza [ 23 ], minimizando a
pobreza e a fome no Brasil [ 24 ]; o aumento do uso de serviços de saúde por crianças
beneficiadas [ 25 ] e diminuição da mortalidade infantil pós-neonatal [ 26 ]. Por outro
lado, quando se trata de estudos sobre o impacto do PBF no estado nutricional, no
consumo alimentar e na SAN, os resultados ainda são inconclusivos [ 11 , 14 , 27 , 28 ].

Em 2003, o CONSEA foi reconstituído como uma agência consultiva do Presidente,


com 1/3 de seu conselho composto por membros do governo e 2/3 compostos por
membros da sociedade civil. Na ocasião, sua missão era ampliar o debate sobre a
questão da SAN, e convocar a II Conferência Nacional de SAN , colocando a
participação social no centro das mudanças estruturais relacionadas à SAN. agenda
[ 29 ]. A II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional , realizada em
2004, deliberou sobre a proposta da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e
Nutricional (LOSAN, Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional ) [ 30 ].

Fundada em 2006, a LOSAN instituiu o SISAN, formado pelos seguintes três níveis
de governo: Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional , CONSEA, Câmara
Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional ( CAISAN , Câmara Intersetorial
de Segurança Alimentar e Nutricional ), agências do FNS e entidades e instituições
privadas sem fins lucrativos [ 31 ].

O PAA, criado em 2003, inovou ao ser concebido como um instrumento de política


agrícola e acesso a alimentos adequados e saudáveis [ 20 ]. É um programa de
compra institucional de alimentos de agricultores familiares, que cria cadeias de
suprimentos curtas, reunindo produtores e consumidores, como forma de fortalecer
as políticas de SAN e aumentar a renda dos produtores [ 32 ]. O Programa também
incentiva a produção de alimentos sem pesticidas; melhorar a nutrição familiar e
fortalecer outros programas de compra direta de alimentos, incluindo o PNAE.

A III Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional foi realizada em


2007 e teve como objetivo contribuir para a construção do SISAN, propondo
diretrizes, eixos e prioridades da Política e Plano Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional e incorporando a soberania alimentar como elemento estratégico deste
política pública [ 33 ].
Em 2010, por meio da Emenda Constitucional nº 64, os alimentos foram incluídos
entre os direitos sociais no Brasil, previstos no artigo 6º da Constituição Federal de
1988. Nesse mesmo ano, o Decreto nº 7.272 / 2010, que regulamentava LOSAN,
PNSAN e foram estabelecidos os parâmetros para elaboração do Plano Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional [ 19 ].

Durante o governo Lula, houve alguns desenvolvimentos na primeira edição


da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN, Política Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional), publicada em 1999. Recine & Vasconcellos [ 5 ] destacaram
eventos importantes desse período, a saber : a configuração e o desenvolvimento da
vigilância de alimentos e nutrição, a produção regular de informações sobre o estado
nutricional por meio de pesquisas de base populacional, a construção de uma agenda
de promoção de alimentos saudáveis e o treinamento de recursos humanos.

O monitoramento das questões alimentares e nutricionais no Brasil ganhou força com


base em pesquisas populacionais, incluindo a Pesquisa Nacional de Demografia e
Saúde (PNDS), em 2006, que incluiu o primeiro estudo nacional sobre prevalência de
anemia e hipovitaminose. A, além das Pesquisas de Orçamento Familiar (POF, Family
Budget Surveys) para os anos 2002-2003 e 2008-2009 [ 5 ].

Em relação à promoção de hábitos alimentares saudáveis, a agenda foi qualificada


com a publicação da primeira edição do Guia Alimentar para a População Brasileira
(2006), assumindo que a alimentação saudável deve basear-se em práticas
alimentares com significado cultural e social, portanto, com base no consumo de
alimentos e não de nutrientes [ 34 ].

Outro evento importante foi a criação dos Núcleos de Apoio ao Programa Saúde na
Família (NASF), com o objetivo de qualificar e ampliar a amplitude, o alcance e a
resolução das ações básicas de saúde, através da inserção de diferentes profissionais
das equipes de saúde da família, entre eles o nutricionista [ 35 ]. Vasconcelos et
al . [ 36 ] identificaram um aumento no número de nutricionistas em clínicas básicas
de saúde após a criação do NASF, embora esse número permaneça abaixo das
necessidades de saúde. Além disso, a inserção do nutricionista no NASF foi um passo
importante para impulsionar a organização do cuidado nutricional nos serviços de
saúde [ 35 ].

O governo Lula também foi o pano de fundo de mudanças nos marcos legais do PNAE,
após a aprovação da Lei no 11.947 / 2009 e da Resolução no 38/2009 do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE, Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação ) ) [ 37 ] Entre essas modificações, destacam-se três
diretrizes: o uso de hábitos alimentares adequados e saudáveis, incluindo o uso de
alimentos variados e seguros, respeitando a cultura alimentar local, as tradições e os
hábitos alimentares saudáveis; a inclusão da educação alimentar e nutricional no
currículo escolar; e a exigência de aquisição de alimentos diversificados, produzidos
localmente e preferencialmente pela agricultura familiar, utilizando pelo menos 30%
dos recursos do FNDE para esse fim, priorizando a produção nativa das comunidades
indígenas,quilombolas , assentamentos de reforma agrária e alimentos orgânicos e
agroecológicos [ 37 ]. A Tabela 2 contém informações sobre o desempenho do PNAE
em todo o governo Lula, em relação ao número de estudantes beneficiados e à
quantidade de recursos financeiros gastos.

Tabela 2 Número de alunos participantes e orçamento anual do Programa Nacional de


Alimentação Escolar (PNAE). Brasil, 2003 a 2018.
Alunos participantes (em Orçamento anual (em bilhões de
Ano
milhões) reais)
2003 37,3 0,954
2004 37,8 1.025
2005 36,4 1.266
2006 36,3 1.500
2007 35,7 1.520
2008 34,6 1.490
2009 47,0 2.013
2010 45,6 3.034
2011 44,4 3.051
2012 43,1 3,306
2013 43,3 3.542
2014 42,2 3,693
2015 41,5 3,759
2016 40,3 3.400
2017 40,6 3.900
Até junho de
40,8 1.800
2018

Nota: BRL: moeda brasileira ( Reais : R $).

Com base em dados do Ministério do Desenvolvimento Social, Fundo Nacional de


Desenvolvimento da Educação (Brasil) [ 38 ].

Dilma Era (2011-2016): Programa Brasileiro de Erradicação da Miséria


( Programa Brasil Sem Miséria ) e outras ações

À primeira vista, pode-se dizer que, se o ponto focal do discurso político-ideológico


do governo Lula era a luta contra a fome, no primeiro mandato de Dilma, o discurso
era de combate à pobreza ou extrema pobreza, simbolizado pelo lançamento
do Programa Brasil Sem Miséria (PBSM, Programa Brasileiro de Erradicação da
Miséria). O combate à fome e à miséria foram as questões centrais que marcaram as
políticas sociais e, em particular, as políticas de alimentação e nutrição, e podem ser
entendidas como as principais ferramentas utilizadas para gerar consenso,
legitimidade e hegemonia das duas administrações do Partido Trabalhista Brasileiro
[ 39 ] .

O PBSM foi baseado em uma ousada meta de erradicar a pobreza extrema no país
antes de 2014, visando 16 milhões de brasileiros e estruturando-se em três eixos:
(1) inclusão produtiva (rural e urbana); (2) garantia de renda para proteção social; e
(3) acesso a serviços públicos de proteção e promoção social [ 40 - 42 ].

No campo específico das políticas públicas de alimentação e nutrição, o eixo de


inclusão produtiva na área rural buscou articular ações estratégicas voltadas ao
acesso à água para produção e consumo, apoiando a estruturação produtiva e a
comercialização de alimentos. Em 2011, 82.000 agricultores familiares
extremamente pobres foram incluídos no PAA, que aplicou mais de BRL5 bilhões em
compras de alimentos da agricultura familiar desde a sua criação até 2013 e já
comprou cerca de 4 milhões de toneladas métricas de alimentos. O Programa de
Promoção de Atividades Produtivas Rurais, até outubro de 2014, havia transferido
recursos para mais de 123 mil famílias de pequenos agricultores [ 40 ].

No eixo garantia de renda, o PBF passou por mudanças operacionais e financeiras


que resultaram em um reajuste do valor do benefício, com maiores correções para
aqueles em maior vulnerabilidade, além da criação de novos benefícios e aumento
do limite de benefícios, levando à inclusão de 1,3 milhão de crianças [ 40 ].
Na área de acesso aos serviços públicos, destaca-se o lançamento do Programa Brasil
Afetuoso em 2012 [ 40 , 41 ], com foco em famílias em extrema pobreza, com crianças
de até seis anos, beneficiárias do PBF, que passaram a receber o Benefício pela
superação da pobreza extrema na primeira infância e, em fevereiro de 2013, a
complementação de renda começou a cobrir todos os beneficiários do PBF. No campo
específico de alimentação e nutrição, o Programa Brasil Afetuoso também consistiu
em aumentar o número de vagas em creches, melhorias no PNAE, suplementação de
vitamina A, ferro e outras vitaminas e minerais [ 40 , 41 ].

De acordo com a avaliação do MDS, o PBSM alcançou sua meta de acabar com a
miséria já em março de 2013, quando 22 milhões de brasileiros haviam cruzado a
linha e deixado extrema pobreza [ 42 ].

Merecem destaque outras estratégias relevantes da política social de alimentação e


nutrição do primeiro mandato da administração Dilma: a divulgação do Plano
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (2012/2015) [ 43 ]; a atualização do
PNAN [ 44 ]; a publicação do Quadro de Referência da Educação Alimentar e
Nutricional (FNE) para Políticas Públicas [ 45 ]; a instituição da Estratégia Nacional de
Promoção da Amamentação e Alimentação Suplementar Saudável no Sistema Único
de Saúde (SUS, Sistema Único de Saúde ) [ 46 ]; e o lançamento da nova edição do
Guia Alimentar para a População Brasileira [ 47 ].

O segundo mandato do governo Dilma Rousseff (2015-2016) foi marcado por uma
forte recessão e aumento das taxas de desemprego, devido a uma crise econômica
global [ 48 ]. Essa crise foi intensificada por uma crise política que resultou no
impeachment do presidente em agosto de 2016 [ 49 ]. Nesse momento, a partir de
2015, foi feita uma tentativa de lidar com essas crises, que resultaram em um corte
de R $ 70 bilhões em gastos do governo, parcialmente aplicados a programas e
políticas sociais [ 50 ].

Em 2015, houve uma redução de 6% em comparação com 2014 nos gastos do


governo com o PAA, que em 2016 acumularam perdas de mais de 30% em
comparação com 2014 [ 51 ]. De acordo com a Tabela 1 , em 2015, o número de
famílias beneficiadas pelo PBF foi menor do que em 2014, uma redução que foi
repetida em 2016, embora neste ano o orçamento para o programa tenha sido
aumentado. Em relação ao PNAE, a Tabela 2 mostra que em 2016 houve uma
redução de 9% no orçamento direcionado da administração federal aos estados e
municípios em relação ao ano anterior.

Em resposta ao aumento progressivo de doenças crônicas não transmissíveis, o


segundo mandato do governo Dilma Rousseff enfatizou a promoção de hábitos
alimentares saudáveis. Em 2015, o Pacto Nacional pela Alimentação Saudável foi
estabelecido para aumentar a oferta, disponibilidade e consumo de alimentos
saudáveis e combater o excesso de peso, obesidade e doenças enraizadas em uma
dieta pobre [ 52 ]. Em 2016, foi elaborado o II Plano Nacional de Segurança Alimentar
e Nutricional, que reforçou a importância de enfrentar a crescente questão do excesso
de peso e das DNT, além de promover o fornecimento de alimentos saudáveis para
toda a população [ 53 ].

Temer Era (maio de 2016- julho de 2018)

Em 12 de maio de 2016, a mudança do comando executivo federal levou a rupturas


institucionais e programáticas e a cortes no orçamento que impactaram diretamente
as políticas de alimentação e nutrição, indicando mudanças de paradigma e
retrocessos nos princípios e direitos adquiridos.
Uma das primeiras medidas adotadas pelo governo Temer nas áreas agrárias e rurais
foi a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o que aumentou a
ameaça de aprovação do Projeto de Lei 6.299 / 2002, que flexibiliza a legislação
sobre pesticidas [ 54 ]. Também digna de nota é a aprovação do novo regime fiscal
estabelecido pela Emenda Constitucional No.95, que estabelece que os valores reais
dos pisos de gastos do governo em saúde e educação ficam congelados por duas
décadas [ 55 ]. recursos do PBF e da Estratégia Saúde da Família(ESF, Estratégia de
Saúde da Família), a austeridade contínua e as reduções na cobertura de ambos os
programas levarão a um aumento de 8,6% na mortalidade infantil até 2030 [ 56 ]. Se
as políticas fossem mantidas nos parâmetros anteriores, as taxas de mortalidade
abaixo de 5 anos para doenças diarréicas e desnutrição seriam 39,3% e 35,8%
menores em 2030 [ 13 ].

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, Instituto de Pesquisa


Econômica Aplicada ) [ 57 ], o ajuste fiscal não permitirá expansão da cobertura ou
criação de novas iniciativas pelo Ministério do Desenvolvimento Social, uma vez que
as perdas orçamentárias tendem a chegar a 54% em 2036. O corte orçamentário no
Plano Plurianual de Segurança Alimentar e Nutricional (PPA) em 2017 em comparação
a 2014 foi de cerca de 76%, enquanto o orçamento de pagamento da dívida externa
aumentou 344% [ 58 ]. O enfraquecimento do Plano Nacional de Segurança Alimentar
e Nutricional é mostrado na Tabela 3 .

Tabela 3 Percentual de redução orçamentária de programas e metas do Plano Nacional de


Segurança Alimentar e Nutricional. Brasil, 2014-2018.

LOA LOA Redução


Programa / Objetivos
(2014) (2018) (%)
Distribuição de alimentos para grupos populacionais tradicionais e BRL82 BRL27,4
67
específicos (cesta de alimentos) milhões milhões
BRL106,2
Programa de concessão ecológica - 100
milhões
Apoio ao desenvolvimento sustentável de comunidades quilombolas ,
BRL6 milhões - 100
povos indígenas e povos e comunidades tradicionais
BRL630 BRL185,4
Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) 71
milhões milhões
Assistência Técnica e Extensão Rural para famílias assentadas e BRL357 BRL19,7
94
extrativistas (ATES) milhões milhões
BRL32,5 BRL3,6
Inclusão produtiva das mulheres 89
milhões milhões
BRL1,3 BRL431
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) 67
bilhão milhões
BRL248,8 BRL40,8
Programa “Água para Todos” (Cisternas) 94
milhões milhões
BRL38,4 BRL6,3
Cooperação Humanitária Internacional 84
milhões milhões

Nota: LOA: Lei Orçamentária Anual; BRL: moeda brasileira ( Reais : R $)

Com base em dados do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional


(Brasil) [ 59 ].

Em maio de 2018, a proposta de Medidas Provisórias para viabilizar um acordo


firmado com o movimento de transporte de cargas resultou no cancelamento de
programas orçamentários que já haviam sofrido cortes anteriores, como reforma
agrária e assistência técnica e programas de extensão rural [ 8 ]. , focada na
preservação da biodiversidade, no combate à violência de gênero, na prestação de
serviços de saneamento básico, desenvolvimento sustentável, moradia, além de
vários programas de Saúde [ 13 ] e Educação [ 60 ].
Esses fatos confirmam projeções preocupantes de retorno à insegurança alimentar,
fome e pobreza no país. É necessário ressaltar que o Estado pode ser
responsabilizado pelo descumprimento de suas obrigações com políticas sociais,
principalmente Segurança Alimentar e Nutricional, considerando além da constituição
o Protocolo de San Diego, assinado pelo Brasil em 1996, no qual o Estado não pode
recuar em relação aos direitos econômicos, sociais e culturais, a Lei nº 11.346 / 2006
e o Decreto nº 7.272 / 2010, que institui o Sistema Nacional de Segurança Alimentar
e Nutricional (SISAN, Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional ).

Dada essa estrutura, é reforçada a necessidade de ativar instrumentos nacionais e


internacionais para reforçar o direito humano à alimentação adequada. A mobilização
de agências responsáveis pelos direitos nacionais e internacionais é uma das formas
viáveis de controlar e reverter a supressão de direitos.

CONCLUSÃO

O período analisado referente às políticas de alimentação e nutrição no Brasil revelou


três grandes ciclos em sua construção histórica, em que foram identificadas
mudanças de idéias, valores e interesses. No governo Lula, foram criados marcos
legais com implementação e valorização da segurança alimentar e nutricional para
reduzir a fome, embora houvesse contradições como o incentivo à agricultura
industrial baseada em grandes propriedades. O governo Dilma pode ser subdividido
em dois momentos, inicialmente com a idéia de erradicação da miséria e pobreza
extrema, seguido de um período de recessão, no qual é iniciada uma política de
austeridade, associada à promoção de hábitos alimentares saudáveis diante do
agravamento. doenças crônicas não transmissíveis. Finalmente, a política de
austeridade se intensifica com a administração Temer,

COMO CITAR ESTE ARTIGO

Vasconcelos FAG, Machado ML, Medeiros MAT, Neves JA, Recine E, Pasquim
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Recebido: 31 de julho de 2018; Revisado: 25 de outubro de 2018; Aceito: 27 de


novembro de 2018

Correspondências para: FAG VASCONCELOS. E-mail: < f.vasconcelos@ufsc.br >.

CONTRIBUIDORES

A FAG VASCONCELOS participou da concepção, desenvolvimento, revisão e


aprovação da versão final do artigo. Todos os demais autores participaram do
desenvolvimento, revisão e aprovação da versão final do artigo.

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