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Revista de Nutrição

Versão de impressão ISSN 1415-5273 Versão on-line ISSN 1678-9865

Rev. Nutr. vol.32 Campinas 2019 Epub Fev 04, 2019

http://dx.doi.org/10.1590/1678-9865201932e180161

SESSÃO TEMÁTICA - 80º ANO DE HISTÓRIA DA NUTRIÇÃO NO BRASIL

SESSÃO TEMÁTICA - 80º ANO DE HISTÓRIA DA NUTRIÇÃO NO BRASIL

Políticas públicas de alimentação e nutrição no Brasil:


de Lula a Temer

Políticas públicas de atenção e nutrição do Brasil: de Lula a


Temer

Francisco de Assis Guedes de VASCONCELOS 1 


 http://orcid.org/0000-0002-6162-8067

Mick Lennon MACHADO 2 


 http://orcid.org/0000-0001-7550-1692

Maria Angélica Tavares de MEDEIROS 3 


 http://orcid.org/0000-0002-8982-7084

José Anael NEVES 3 


 http://orcid.org/0000-0003-4139-4352

Elisabetta RECINE 4 
 http://orcid.org/0000-0002-5953-7094

Elaine Martins PASQUIM 4 


 http://orcid.org/0000-0002-0377-981X

1
 Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde,
Departamento de Nutrição. Campus Universitário, s / n., Trindade, 88040-9000,
Florianópolvis, SC, Brasil.
2
 Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa
de Pós-Graduação em Nutrição. Florianópolis, SC, Brasil.
3
 Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Políticas Públicas e Saúde
Coletiva, Programa de Pós-Graduação em Alimentos, Nutrição e Saúde. Santos, SP,
Brasil.
4
 Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de
Nutrição. Brasília, DF, Brasil.
ABSTRATO

Objetivo

Analisar políticas públicas de alimentação e nutrição no Brasil, com ênfase nos últimos
quinze anos (2003-2018).

MÉTODOS

Análise histórico-documental baseada em levantamento bibliográfico sobre bases


indexadas e visitas exploratórias a sites de órgãos públicos.

RESULTADOS

Os achados científicos e governamentais foram organizados segundo os governos Lula,


Dilma e Temer. Eles exploram o desenvolvimento de várias políticas públicas e
programas assistenciais em alimentação e nutrição, concentrando-se principalmente no
Programa Brasileiro de Erradicação da Fome, Assistência a Famílias Carentes, Política
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Programa de Aquisição de Alimentos,
Programa Nacional de Nutrição Escolar, Alimentação Nacional e Política de Segurança
Nutricional, Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional e Programa Brasileiro
de Erradicação da Miséria. A centralidade da ideia de luta contra a fome e a miséria nas
políticas públicas durante o primeiro e segundo mandato de Lula e o primeiro mandato
de Dilma se destacam. O segundo mandato de Dilma é marcado pelo foco na
alimentação saudável, além de apresentar os primeiros sinais de fragilização das
políticas públicas de alimentação e nutrição. Atualmente, o governo Temer é
caracterizado por processos de ruptura institucional e programática, cortes
orçamentários e retrocessos nos direitos adquiridos. Há evidências da necessidade de
ativar instrumentos nacionais e internacionais para fazer valer o direito humano à
alimentação adequada e consequente fortalecimento das políticas públicas de
alimentação e nutrição.

CONCLUSÃO

Este período apresenta uma ampliação e qualificação de políticas públicas de


alimentação e nutrição, principalmente no governo Lula e Dilma, com retrocessos no
governo Temer, nos quais contínuos cortes orçamentários enfraquecem as políticas
sociais, redução da fome, redução da pobreza e segurança alimentar e nutricional.

Palavras-chave Segurança Alimentar e Nutricional; Política de Nutrição; Programas e


Políticas de Nutrição; Políticas públicas

RESUMO

Objetivo

Realizar uma pesquisa de mídia e nutrição no Brasil, com ênfase nos últimos quinze
anos (2003-2018).

MÉTODOS
Análise histórico-documental, realizada a partir de um levantamento bibliográfico em
bases indexadas e visitas exploratórias a um monitoramento eletrônico de órgãos
governamentais.

RESULTADOS

Os dados foram analisados e organizados de acordo com os governos Lula, Dilma e


Temer. O programa de alimentação e nutrição, com enfoque principalmente no Fome
Zero, o Programa Bolsa Família, a Política Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional, o Programa de Aquisição de Alimentos, o Programa Nacional de Alimentação
Escolar, a Política Nacional de Alimentação e Nutrição, Sistema Nacional de Vigilância
Alimentar e Nutricional e Programa Brasil sem Miséria. Destaca-se a centralidade do
discurso da fome e da derrubada dos conselhos fiscais durante os governos Lula e o
primeiro governo Dilma. O segundo governo é o enfoque na alimentação saudável, além
de apresentar um início de fragilização de notícias públicas em alimentação e
nutrição. O governo teme por processos de ruptura institucional e programática, cortes
orçamentários e retrocessos em direitos conquistados.Evidencia-se a necessidade de
instrumentos nacionais e internacionais de capacidade de resposta humana à
alimentação adequada.

CONCLUSÃO

O período analisado tem uma expansão e uma lista de indicadores-alvo de políticas


públicas em alimentação e nutrição, principalmente nos governos Lula e Dilma, com
retrocessos no governo Teme, em alguns casos, continua a ser fragilizado como
políticas sociais, de redução da fome, da miséria e da pobreza da promoção da
segurança alimentar e nutricional.

Palavras-chave Segurança Alimentar e Nutricional; Política Nutricional; Programas e


Políticas de Nutrição e Alimentação; Política Pública

INTRODUÇÃO

No Brasil, o caminho da institucionalização das políticas públicas de alimentação e


nutrição, iniciado em meados da década de 1930, converge com a história do
surgimento da profissão de nutricionista, que completa 80 anos de existência em
2019 [ 1 , 2 ].

Ao longo dessa trajetória torna-se relevante reconhecer as profundas mudanças


econômicas, políticas, sociais e culturais que ocorreram tanto no contexto da
sociedade brasileira quanto no âmbito da sociedade humana. Essas mudanças
incluem aquelas relacionadas ao perfil epidemiológico nutricional, que, na década
de 1930, consistia principalmente em doenças associadas a deficiências
nutricionais. A partir deste período até os dias atuais, doenças nutricionais crônicas
não transmissíveis foram sobrepostas, o que implica a necessidade de construir
novos paradigmas e novas formas de intervenção na alimentação e nutrição
[ 1 , 3 ].

Nos últimos 15 anos, vários estudos foram identificados no campo das políticas
públicas de alimentação e nutrição no Brasil, alguns dos quais abordaram a questão
de forma abrangente [ 4 - 6 ], enquanto outros se concentraram na análise de
programas, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE, Programa
Nacional de Nutrição Escolar) [ 7 - 10 ]; o Programa Bolsa Família (PBF, Bolsa
Família ) [ 11 - 14 ]; o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA, Programa de
Aquisição de Alimentos ) [ 15 , 16 ]; o programa de restaurantes econômicos apoiado
pelo governo [ 17 , 18 ]; e o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional (SISAN, Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional )
[ 19 , 20 ].

No presente artigo, supõe-se que, desde 2003, tenha ocorrido um processo de


redefinição das estratégias de planejamento, gestão e execução de suas ações e
programas no campo das políticas públicas de alimentação e nutrição. Assim, a fim
de promover uma mudança no modelo de desenvolvimento além do foco do
crescimento econômico, buscou-se um processo que se baseasse na
intersetorialidade efetiva entre os órgãos governamentais das diferentes esferas de
governo envolvidas, bem como na participação efetiva. da sociedade civil
organizada - principal mecanismo de controle social dessa política - e,
consequentemente, de promover e garantir o direito humano à alimentação
adequada para todos os brasileiros [ 6 , 20 ].

Nesse sentido, o objetivo deste artigo é realizar uma análise histórico-documental


das políticas públicas de alimentação e nutrição no Brasil, com foco nos últimos 15
anos (2003-2018).

MÉTODOS

Este artigo caracteriza-se como uma análise histórico-documental que busca


sintetizar a trajetória das políticas públicas de alimentação e nutrição no Brasil nos
últimos 15 anos.

Para obter dados, informações e documentos sobre a trajetória das políticas de


alimentação e nutrição brasileiras de 2003 a 2018, foram realizadas visitas
exploratórias aos sites dos órgãos governamentais envolvidos, tais como:
(1) Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA Conselho
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
(http://www4.planalto.gov.br/consea); (2) Ministério da Saúde - Coordenação
Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN, Ministério da Saúde - Coordenação Geral
de Alimentação e Nutrição) (http://dab.saude.gov.br/portaldab/cgan.php); (3)
Ministério do Desenvolvimento Social (http://mds.gov.br/assuntos/bolsa-familia); e
(4) o Ministério da Educação (http://www.fnde.gov.br/programas/pnae).

Na tentativa de captar artigos científicos sobre o tema publicados nos últimos 15


anos, foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados SciELO,
Scientific Library of Medicine (PubMed) e Web of Science, usando os termos:
“política pública”; "politica social"; “Programas de alimentação e
nutrição”; “Programas de nutrição”; "Comida e
nutrição"; "nutrição"; "fome"; “Segurança alimentar e nutricional”; “Programa Bolsa
Família”; Programa Fome Zero (Programa de Erradicação da Fome); “Programa
Nacional de Nutrição Escolar” e seu acrônimo PNAE; “Restaurantes Econômicos
Apoiados pelo Governo”; “Programa de Aquisição de Alimentos” e seu acrônimo
PAA, todos os termos sendo pesquisados em português e com seus respectivos
correspondentes no idioma inglês também. Os critérios de inclusão envolveram os
artigos originais cujos conteúdos e objetivos continham análises das várias políticas
governamentais em alimentação e nutrição nos cortes temporais previamente
definidos. Os artigos selecionados contemplaram as mais diversas metodologias
para ampliar as possibilidades de ações identificadas. A interpretação dos
resultados sugere que o tratamento de dados e informações deve ser organizado
em três macroindicadores ou períodos: o governo Lula (2003-2010), o governo
Dilma (2011-2016) e o governo Temer (2016-julho, 2018). A categorização buscou
destacar a relação processual, histórica e social das políticas e programas de
alimentação e nutrição.

Era Lula (2003-2010): erradicação da fome ( Fome Zero ) e programas de


assistência a famílias carentes ( Bolsa Família )

O governo Lula começou em um clima de euforia causado pela divulgação das


ações do Programa Fome Zero , que visava erradicar a fome e implementar uma
política nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) no Brasil. através de
políticas estruturais, tanto específicas como locais [ 21 ].

No primeiro ano do governo, os programas de transferência condicional de renda


foram unificados com a criação do PBF. Objetivos de curto, médio e longo prazo
foram concebidos, entre eles: promover o acesso à rede de serviços públicos,
especialmente os relacionados à saúde, educação e assistência social; combater a
fome e a pobreza; promover políticas de FNS; contribuir para o pleno exercício da
cidadania e para a emancipação sustentada das famílias mais vulneráveis à fome; e
promover a intersetorialidade, complementaridade e sinergia das ações sociais da
administração pública. Assim, o PBF previa a transferência de recursos monetários
para as famílias que vivem em situação de pobreza e pobreza extrema, o acesso a
serviços de saúde e educação na forma de condicionalidades, bem como ações
intersetoriais e programas complementares.

O PBF tornou-se o maior programa de transferência de renda do mundo,


absorvendo a maior parte dos recursos monetários destinados à Política Nacional
de Segurança Alimentar e Nutrição (PNSAN, Política Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional) [ 11 ]. No final de 2010, o PBF havia beneficiado 12,8
milhões de famílias brasileiras com uma transferência de renda de R $ 14,4 bilhões
por ano ( Tabela 1 ).

Tabela 1 Número de famílias beneficiadas e valor anual acumulado do orçamento


do Programa Bolsa Família (PBF, Bolsa Família ) no Brasil, 2004 a 2018.

Ano Número de famílias Orçamento Anual (BRL)


2004 6.571.839 3,791,785,038.00
2005 8.700,445 5.691.667.041,00
2006 10.965.810 7.524.661.322,00
2007 11,043.076 8,965,499,608.00
2008 10,557.996 10.606.500.193,00
2009 12.370.915 12.454.702.501,00
2010 12.778.220 14,372,702,865.00
2011 13.361.495 17,364,277,909.00
2012 13.902,155 21.176.774.695,00
2013 14.086,199 24.890.107.091,00
2014 14.003.441 27.187.295.233,00
2015 13.936.791 27,650,301,339.00
2016 13.569,576 28,506,185,141.00
2017 13,828,609 29.046.112.934,00
Até junho de
13.736,341 14.881.878.458,00
2018

Nota: BRL: moeda brasileira (em reais : R $).

Baseado em dados do Ministério do Desenvolvimento Social (Brasil) [ 22 ].

Quinze anos após o início de sua implementação, há evidências do impacto do PBF


na redução tanto da desigualdade de renda quanto dos índices de pobreza [ 23 ],
minimizando a pobreza e a fome no Brasil [ 24 ]; o aumento do uso de serviços de
saúde por crianças beneficiárias [ 25 ] e diminuição da mortalidade infantil pós-
neonatal [ 26 ]. Por outro lado, quando se trata de estudos sobre o impacto do PBF
sobre o estado nutricional, o consumo alimentar e a SAN, os resultados ainda são
inconclusivos [ 11 , 14 , 27 , 28 ].

Em 2003, o CONSEA foi reconstituído como uma agência de assessoria ao


Presidente, com 1/3 de seu conselho composto por membros do governo e 2/3
composto por membros da sociedade civil. Na época, sua missão era ampliar o
debate sobre a questão da SAN e convocar a II Conferência Nacional de SAN ,
colocando a participação social no centro das mudanças estruturais relacionadas à
SAN. agenda [ 29 ]. A II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional , realizada em 2004, deliberou sobre a proposta da Lei Orgânica de
Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN, Lei Orgânica da Segurança Alimentar e
Nutricional ) [ 30 ].

Sancionada em 2006, a LOSAN instituiu o SISAN, formado pelos seguintes três


níveis de governo: Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional ,
CONSEA, Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e
Nutricional ( CAISAN , Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional ),
agências FNS. e entidades, e instituições privadas, sem fins lucrativos [ 31 ].

O PAA, criado em 2003, inovou ao ser concebido como instrumento de política


agrícola e acesso a alimentação adequada e saudável [ 20 ]. Trata-se de um
programa de compra institucional de alimentos de agricultores familiares, que cria
cadeias de suprimentos curtas, reunindo produtores e consumidores, como forma
de fortalecer as políticas de SAN e aumentar a renda dos produtores [ 32 ]. O
Programa também incentiva a produção de alimentos livres de pesticidas; melhorar
a nutrição familiar e fortalecer outros programas diretos de compra de alimentos,
inclusive o PNAE.

A III Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, realizada em


2007, teve como objetivo contribuir para a construção do SISAN, propondo
diretrizes, eixos e prioridades da Política de Segurança Alimentar e Nutricional e do
Plano Nacional, incorporando a soberania alimentar como elemento estratégico
deste processo. ordem pública [ 33 ].

Em 2010, através da Emenda Constitucional nº 64, a alimentação foi incluída entre


os direitos sociais no Brasil, prevista no art. 6º da Constituição Federal de 1988.
Nesse mesmo ano, o Decreto nº 7.227 / 2010, que regulamentou a LOSAN, a
PNSAN e estabeleceu os parâmetros para elaboração do Plano Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional [ 19 ].

Durante o governo Lula, houve alguns desdobramentos na primeira edição


da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) publicada em 1999. Recine &
Vasconcellos [ 5 ] destacaram eventos importantes desse período, a saber: : a
configuração e desenvolvimento da vigilância alimentar e nutricional, a produção
regular de informações sobre o estado nutricional por meio de pesquisas de base
populacional, a construção de uma agenda de promoção de alimentos saudáveis e a
capacitação de recursos humanos.

O monitoramento de questões alimentares e nutricionais no Brasil ganhou força


com base em pesquisas de base populacional, incluindo a Pesquisa Nacional de
Demografia e Saúde (PNDS), em 2006, que incluiu o primeiro estudo nacional sobre
a prevalência de anemia e hipovitaminose. A, além das Pesquisas de Orçamento
Familiar , para os anos 2002-2003 e 2008-2009 [ 5 ].
Em relação à promoção de hábitos alimentares saudáveis, a agenda foi qualificada
com a publicação da primeira edição do Guia Alimentar para a População Brasileira
(2006), partindo do princípio de que alimentos saudáveis devem ser baseados em
práticas alimentares de significado cultural e social, portanto, com base no
consumo de alimentos e não de nutrientes [ 34 ].

Outro evento importante foi a criação dos Núcleos de Apoio ao Programa de Saúde


da Família (NASF), com o objetivo de qualificar e ampliar a abrangência,
abrangência e resolutividade das ações de atenção básica, por meio da inserção de
diferentes profissionais das equipes de saúde da família, dentre eles a nutricionista
[ 35 ].Vasconcelos et al . [ 36 ] identificaram um aumento no número de
nutricionistas em clínicas básicas de saúde após a criação do NASF, embora esse
número permaneça abaixo das necessidades de saúde. Além disso, a inserção do
nutricionista no NASF foi um passo importante para impulsionar a organização do
atendimento nutricional nos serviços de saúde [ 35 ].

O Governo Lula também foi palco de mudanças nos marcos legais do PNAE, após a
aprovação da Lei nº 11.947 / 2009 e da Resolução nº 38/2009 do Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação (FNDE). ) [ 37 ]. Entre essas modificações,
destacam-se três diretrizes: o uso de hábitos alimentares adequados e saudáveis,
incluindo o uso de alimentos variados e seguros, respeitando a cultura alimentar
local, as tradições e os hábitos alimentares saudáveis; a inclusão da educação
alimentar e nutricional no currículo escolar; e a exigência de aquisição de alimentos
diversificados, produzidos localmente e preferencialmente pela agricultura familiar,
utilizando pelo menos 30% dos recursos do FNDE para este fim, priorizando a
produção indígena de comunidades indígenas, quilombolas , assentamentos de
reforma agrária e alimentos orgânicos e agroecológicos . ]. A Tabela 2 contém
informações sobre o desempenho do PNAE em todo o governo Lula, em relação ao
número de alunos beneficiados e ao montante de recursos financeiros gastos.

Tabela 2 Número de alunos participantes e orçamento anual do Programa Nacional de


Alimentação Escolar (PNAE, Programa Nacional de Nutrição Escolar). Brasil, 2003 a 2018.

Alunos participantes (em Orçamento anual (em bilhões de


Ano
milhões) reais)
2003 37,3 0,954
2004 37,8 1,025
2005 36,4 1,266
2006 36,3 1.500
2007 35,7 1,520
2008 34,6 1,490
2009 47,0 2,013
2010 45,6 3,034
2011 44,4 3,051
2012 43,1 3,306
2013 43,3 3,542
2014 42,2 3,693
2015 41,5 3,759
2016 40,3 3.400
2017 40,6 3,900
Até junho de
40,8 1.800
2018

Nota: BRL: moeda brasileira (em reais : R $).

Baseado em dados do Ministério do Desenvolvimento Social, Fundo Nacional de


Desenvolvimento da Educação (Brasil) [ 38 ].
Dilma Era (2011-2016): Programa Brasileiro de Erradicação da Miséria e
outras ações

À primeira vista, pode-se dizer que, se o foco do discurso político-ideológico do


governo Lula foi o combate à fome, no primeiro mandato Dilma, o discurso foi para
combater a pobreza ou a extrema pobreza, simbolizado pelo lançamento
do Programa. Brasil Sem Miséria (PBSM, Programa Brasileiro de Erradicação da
Miséria). A luta contra a fome e a miséria foram as questões centrais que
marcaram as políticas sociais e, em particular, as políticas de alimentação e
nutrição, e podem ser entendidas como as principais ferramentas utilizadas para
gerar consenso, legitimidade e hegemonia das duas administrações brasileiras
[ 39 ]. .

O PBSM baseou-se em um ousado objetivo de erradicar a extrema pobreza no país


antes de 2014, tendo como alvo 16 milhões de brasileiros e estruturado em três
eixos: (1) inclusão produtiva (rural e urbana); (2) garantia de renda para proteção
social; e (3) acesso a serviços públicos para proteção e promoção social [ 40 - 42 ].

No campo específico das políticas públicas de alimentação e nutrição, o eixo de


inclusão produtiva na área rural buscou articular ações estratégicas voltadas ao
acesso à água para produção e consumo, apoiando a estruturação produtiva e a
comercialização de alimentos. Em 2011, 82 mil agricultores familiares
extremamente pobres foram incluídos no PAA, que aplicou mais de BRL5 bilhões em
compras de alimentos da agricultura familiar desde sua criação até 2013, e
comprou cerca de 4 milhões de toneladas métricas de alimentos até o momento. O
Programa de Promoção de Atividades Produtivas Rurais, até outubro de 2014, havia
transferido recursos para mais de 123 mil famílias de pequenos agricultores [ 40 ].

No eixo garantia de renda, o PBF passou por mudanças operacionais e financeiras


que resultaram em reajuste do valor do benefício, com maiores correções para
aqueles em maior vulnerabilidade, além da criação de novos benefícios e aumento
do limite de benefícios, levando à inclusão de 1,3 milhões de crianças [ 40 ].

Na área de acesso a serviços públicos, destaca-se o lançamento do Programa Brasil


Afetivo em 2012 [ 40 , 41 ], com foco em famílias em situação de extrema pobreza,
com crianças de até seis anos, beneficiárias do PBF, que passaram a receber o
Benefício para Superar a Extrema Pobreza na Primeira Infância e, em fevereiro de
2013, a complementação de renda passou a abranger todos os beneficiários do
PBF. No campo específico de alimentação e nutrição, o Programa Brasil Afetuado
também consistiu em aumentar o número de vagas em creches, melhorias no
PNAE, suplementação de vitamina A, ferro e outras vitaminas e minerais [ 40 , 41 ].

De acordo com a avaliação do MDS, o PBSM cumpriu sua meta de acabar com a
miséria já em março de 2013, quando 22 milhões de brasileiros cruzaram a linha e
deixaram a pobreza extrema [ 42 ].

Outras estratégias relevantes da política social de alimentação e nutrição do


primeiro mandato da administração Dilma merecem destaque: a divulgação do
Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (2012/2015) [ 43]; a
atualização do PNAN [ 44 ]; a publicação do Marco de Referência da Educação
Alimentar e Nutricional (FNE) para Políticas Públicas [ 45 ]; a instituição da
Estratégia Nacional de Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação
Suplementar Saudável no Sistema Único de Saúde (SUS) [ 46 ]; e o lançamento da
nova edição do Guia Alimentar para a População Brasileira [ 47 ].
O segundo mandato do governo Dilma Rousseff (2015-2016) foi marcado por uma
forte recessão e aumento das taxas de desemprego, devido a uma crise econômica
global [ 48 ]. Esta crise foi intensificada por uma crise política que resultou no
impeachment do Presidente em agosto de 2016 [ 49 ]. Nesta conjuntura, a partir de
2015, foi feita uma tentativa de lidar com essas crises, que resultaram em uma
redução de R $ 70 bilhões nos gastos do governo, parcialmente aplicados a
programas e políticas sociais [ 50 ].

Em 2015, houve redução de 6% em relação a 2014 nos gastos do governo com o


PAA, que em 2016 acumulou perdas superiores a 30% em relação a 2014 [ 51 ]. De
acordo com a Tabela 1 , em 2015, o número de famílias beneficiadas pelo PBF foi
menor do que em 2014, uma redução que se repetiu em 2016, embora neste ano o
orçamento para o programa tenha aumentado. Em relação ao PNAE, a Tabela
2 mostra que em 2016 houve uma redução de 9% no orçamento direcionado da
administração federal para estados e municípios, em relação ao ano anterior.

Em resposta ao aumento progressivo das doenças crônicas não transmissíveis, o


segundo mandato do governo Dilma Rousseff enfatizou a promoção de hábitos
alimentares saudáveis. Em 2015, o Pacto Nacional pela Alimentação Saudável foi
criado para aumentar a oferta, disponibilidade e consumo de alimentos saudáveis e
combater o excesso de peso, a obesidade e as doenças enraizadas em uma dieta
pobre [ 52 ]. Em 2016, foi elaborado o II Plano Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional, que reforçou a importância de enfrentar a crescente questão do
excesso de peso e das DCNT, além de promover a oferta de alimentos saudáveis
para toda a população [ 53 ].

Temer Era (maio de 2016 a julho de 2018)

Em 12 de maio de 2016, a mudança do comando executivo federal levou a rupturas


institucionais e programáticas e a cortes orçamentários que impactaram
diretamente as políticas de alimentação e nutrição, indicando mudanças de
paradigmas e retrocessos nos princípios e direitos adquiridos.

Uma das primeiras medidas tomadas pelo governo Temer em áreas agrárias e
rurais foi a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA, Ministério do
Desenvolvimento Agrário), o que contribuiu para a ameaça de aprovação do Projeto
de Lei 6.299 / 2002, que flexibiliza a legislação sobre pesticidas [ 54 ]. Destaca-se
também a aprovação do novo regime fiscal estabelecido pela Emenda
Constitucional nº95, que estabelece que os valores reais dos pisos de gastos
públicos em saúde e educação estão congelados por duas décadas [ 55 ]. os
recursos do PBF e da Estratégia de Saúde da Família (ESF) continuaram
austeridade e as reduções na cobertura de ambos os programas levarão a um
aumento de 8,6% na mortalidade infantil até 2030 [ 56 ]. Se as políticas fossem
mantidas nos parâmetros anteriores, as taxas de mortalidade abaixo de 5 anos
para doenças diarreicas e desnutrição seriam 39,3% e 35,8% menores em 2030
[ 13 ].

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) [ 57 ], o ajuste fiscal


não permitirá a ampliação de cobertura ou criação de novas iniciativas pelo
Ministério do Desenvolvimento Social, uma vez que as perdas orçamentárias
tendem a chegar a 54% 2036. O corte do orçamento na Segurança Alimentar e
Nutricional do Plano Plurianual (PPA) em 2017, em comparação com 2014, foi de
cerca de 76%, enquanto o orçamento de reembolso da dívida externa aumentou
344% [ 58 ]. O enfraquecimento do Plano Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional é mostrado na Tabela 3 .
Tabela 3 Percentual de redução orçamentária de programas e metas do Plano Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional.Brasil, 2014-2018.

LOA LOA Redução


Programa / Metas
(2014) (2018) (%)
Distribuição de alimentos para grupos populacionais tradicionais e R $ 82 R $ 27,4
67
específicos (cesta de alimentos) milhões milhões
BRL106,2
Programa de concessão ecológica - 100
milhões
Apoio ao desenvolvimento sustentável de comunidades quilombolas , BRL 6
- 100
povos indígenas e povos e comunidades tradicionais milhões
BRL630 BRL185,4
Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) 71
milhões milhões
Assistência Técnica e Extensão Rural para famílias assentadas e BRL357 BRL19,7
94
extrativistas (ATES) milhões milhões
BRL32,5 BRL3,6
Inclusão produtiva de mulheres 89
milhões milhões
BRL1,3 BRL431
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) 67
bilhão milhões
BRL248,8 BRL40,8
Programa “Água para Todos” (Cisternas) 94
milhões milhões
BRL38,4 BRL 6,3
Cooperação Humanitária Internacional 84
milhões milhões

Nota: LOA: Lei Orçamentária Anual; BRL: moeda brasileira (em reais : R $)

Baseado em dados do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional


(Brasil) [ 59 ].

Em maio de 2018, a proposta de Medidas Provisórias para viabilizar um acordo com


o movimento de transporte de cargas resultou no cancelamento de programas
orçamentários, que já haviam sofrido cortes anteriores, como reforma agrária e
assistência técnica, além de programas de extensão rural [ 8 ]. , com foco na
preservação da biodiversidade, combate à violência de gênero, prestação de
serviços de saneamento básico, desenvolvimento sustentável, habitação, bem como
diversos programas de Saúde [ 13 ] e Educação [ 60 ].

Esses fatos confirmam as projeções preocupantes de um retorno à insegurança


alimentar, à fome e à pobreza no país. É necessário ressaltar que o Estado pode ser
responsabilizado pelo descumprimento de suas obrigações com as políticas sociais,
especialmente a Segurança Alimentar e Nutricional, considerando além da
constituição, o Protocolo de San Diego, assinado pelo Brasil em 1996, no qual o
Estado não pode recuar. em relação aos direitos econômicos, sociais e culturais, a
Lei nº 11.346 / 2006 e o Decreto nº 7.227 / 2010, que institui o Sistema Nacional
de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN).

Dada esta estrutura, a necessidade de ativar instrumentos nacionais e


internacionais para reforçar o direito humano à alimentação adequada é
reforçada. A mobilização de agências responsáveis pelos direitos nacionais e
internacionais é uma das maneiras possíveis de controlar e reverter a supressão de
direitos.

CONCLUSÃO

O período analisado em relação às políticas de alimentação e nutrição no Brasil


revelou três grandes ciclos em sua construção histórica, nos quais foram
identificadas mudanças de ideias, valores e interesses. No governo Lula, foram
criados marcos legais com implementação e valorização da segurança alimentar e
nutricional para reduzir a fome, embora houvesse contradições como o incentivo à
agricultura industrial baseado em grandes propriedades. A administração Dilma
pode ser subdividida em dois momentos, inicialmente com a ideia de erradicação da
miséria e extrema pobreza, seguida de um período de recessão, no qual se inicia
uma política de austeridade, associada à promoção de hábitos alimentares
saudáveis frente ao agravamento. de doenças crônicas não
transmissíveis. Finalmente, a política de austeridade se intensifica com o governo
Temer, onde contínuos cortes orçamentários enfraquecem as políticas sociais, de
redução da fome, de redução da pobreza e de segurança alimentar e nutricional.

COMO CITAR ESTE ARTIGO

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Recebido em 31 de julho de 2018; Revisado: 25 de outubro de 2018; Aceito: 27 de


novembro de 2018

Correspondência para: FAG VASCONCELOS. E-mail: < f.vasconcelos@ufsc.br >.

COLABORADORES
FAG VASCONCELOS participou da concepção, desenvolvimento, revisão e
aprovação da versão final do artigo.Todos os outros autores participaram do
desenvolvimento, revisão e aprovação da versão final do artigo.

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o trabalho original seja devidamente citado.

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