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XVI JORNADA CIENTÍFICA DOS CAMPOS GERAIS

Ponta Grossa, 24 a 26 de outubro de 2018

OBESIDADE INFANTIL: ASPECTOS PSCOLÓGICOS

1
Taís Hoinaski Paris
2
Sandra Mara Dias Pedroso

Resumo: Atualmente a obesidade é considerada um problema de saúde pública, causando


diversos problemas de ordem física, psíquica e social para o indivíduo. As crianças também
fazem parte desse cenário, portanto justifica-se o estudo do referido tema para buscar
alternativas para um melhor desenvolvimento saudável infantil. Para isso, realizou-se a
pesquisa bibliográfica tendo como referência as cartilhas do governo federal. Em toda extensão
do resumo é salientado o cuidado com as crianças desde a primeira infância para um
desenvolvimento pleno.

Palavras-chave: Obesidade. Crianças. Psicologia.

Introdução

A obesidade é uma doença crônica e complexa que manifesta graves


danos às dimensões sociais e psicológicas e afeta praticamente todas as faixas
etárias e grupos socioeconômicos, inclusive as crianças.
Esses danos são extremamente aversivos ao desenvolvimento saudável
das potencialidades de cada criança e levam a um sofrimento profundo que
geralmente tem causa no bulliyng ou preconceito, sendo assim a pesquisa
realizada por Lara e Lara (2015) em uma escola municipal de Ponta Grossa,
Paraná deixa claro tais estragos ao desenvolvimento infantil, pois, verificou-se
a partir da análise de depoimentos, registrados em livro ata, que o público com
maiores níveis de discriminação são os sujeitos com obesidade, já que para os
demais sujeitos que praticam a discriminação a criança obesa ou com
sobrepeso é vista como desleixada e sem controle.
Como se sabe a interação social é primordial para um desenvolvimento
pleno da criança, o que é prejudicado quando esse tipo de relação
preconceituosa acontece, pois a tendência é que a criança se isole e assim não
consiga desenvolver a autonomia, responsabilidade e outros aspectos
essências do desenvolvimento.

Objetivos

• Descrever a obesidade infantil;


• Elencar os principais fatores desencadeadores da obesidade;
• Pontuar algumas consequências da obesidade infantil;
• Apresentar a mudança no comportamento alimentar como
alternativa para a doença.

1
Bacharelado em Psicologia, Faculdade Sant’Ana, wstai@hotmail.com
2
Docente do Curso de Psicologia, Faculdade Sant’Ana, sandrrinha@bol.com.br
Metodologia

A pesquisa, aqui exposta, denomina-se bibliográfica, pois tem como


base os materiais já publicados. “Pesquisa bibliográfica significa o
levantamento da bibliografia referente ao assunto que se deseja estudar”.
(MEDEIROS, 2006, p. 47)
Esse levantamento de dados foi realizado a partir de palavras chave,
também denominadas de descritores: obesidade infantil, psicologia, crianças,
obesidade/sobrepeso. A partir deste levantamento, selecionou-se os artigos
para o trabalho.

Resultados/Resultados parciais e discussão

O Plano Nacional da Primeira Infância (2014) descreve a obesidade


como acúmulo de tecido adiposo (gordura) em algumas partes do corpo ou em
todo corpo. Trata-se de uma doença crônica, formada por vários elementos e
aspectos e de origem multifatorial. Na infância, é ainda mais alarmante, já que,
seu tratamento é bastante complexo e há elevada probabilidade do quadro se
estender até a vida adulta, além disso, está associada a outras doenças,
mesmo em idades mais “jovens”.
Ainda, de acordo com o Manual de Diretrizes para o Enfrentamento da
Obesidade na Saúde Suplementar Brasileira (2017) a obesidade é o distúrbio
nutricional mais comum na infância.
Para além do aumento da probabilidade de obesidade na idade adulta e
aparecimento de doenças, a obesidade na infância de acordo com Carvalho et.
al (2011) tem efeitos adversos na saúde, no bem-estar das crianças, na
qualidade de vida e oferecem sério risco de morte prematura.
Esse quadro é segundo Silva e Bittar (2012) decorrente da
industrialização e da urbanização os hábitos alimentares e o consumo
alimentar tem se modificado de maneira inadequada principalmente nas fases
da infância e adolescência.
É assustador verificar os dados coletados na América Latina pela
OPAS/WHO (2014), pois, apresentam que cerca de 3,8 milhões (cerca de
9,7%) das crianças com idade inferior a cinco tem excesso de peso (obesidade
e/ou sobrepeso).
Foi evidenciado no Plano Nacional da Primeira Infância (2014) uma
discrepância ao que se refere às crianças que estudam em escolas privadas e
públicas, sendo que crianças de escolas privadas tem 18% a mais de excesso
de peso em relação à escola pública.
Na infância existem alguns gatilhos para desencadear a obesidade,
esses fatores são pontuados por Firsberg (2006) e dizem respeito ao desmame
precoce, utilização de formulações lácteas não preparadas de maneira
adequada, inserção antecipada de alimentos não recomendados, aumento
exacerbado da mãe durante a gestação, distúrbios no comportamento
alimentar e relação desajustada na família.
Assim fica nítido que a obesidade é resultado da disfunção na prática
alimentar, tal qual é aprendida na primeira infância pela relação com pais ou
cuidadores, posteriormente é refinada pelos gostos peculiares de cada sujeito
que são frutos da herança genética, das experiências na ontogênese, da
disponibilidade da alimentação, da influência que a mídia tem sobre cada um e
também do nível socioeconômico da família (SILVA e BITTAR, 2012).
Também os fatores psicológicos de acordo com Silva e Bittar (2012) são
fatores reconhecidos atualmente como precursores do inicio ou mesmo piora
no ganho de peso, podem estar ligados à eventos da vida da criança como:
situação de divórcio, falecimentos, mudanças de escola, casa ou mesmo na
rotina da família, e angústias na escola. Tais processos são mediados por
transformações neuropepitídicas que de forma geral aumentam o apetite sem
alterar o metabolismo basal.
Diante disso, a prevenção e o tratamento da obesidade infantil são as
prioridades, pois segundo Carvalho et. al (2011) é mais complicado reverter o
quadro da doença na vida adulta bem como tratar das co-morbidades atreladas
à obesidade.
Existem alguns parâmetros de estado nutricional e composição corporal,
além de avaliação bioquímica, clínica e alimentar para a avaliação da
obesidade em crianças (CANDIDO et. al 2012).
A partir dessa avaliação é realizada intervenções tanto na alimentação,
atividade física e no âmbito comportamental (criança e família) nesse último,
segundo Carvalho et. al (2011) são utilizadas estratégias que focalizem
objetivos claros e alcançáveis. Num segundo momento busca-se auxiliar na
compreensão de pretextos que facilitam e que dificultam à aquisição de
comportamentos saudáveis, finalmente é traçado a adesão de pequenas
modificações comportamentais que devem ser adquiridas de forma gradual par
que se mantenham por um período mais longo de tempo.
Portanto, a melhor maneira de obter resultados positivos para o controle
do peso é a educação, a qual é enfatizada por Wisniewski (2014) como uma
educação para vida, na qual o indivíduo incorpora em seu estilo de vida uma
alimentação saudável tal como se torna mais ativo e consciente da relação
entre a corporeidade, consumo alimentar e contexto que se insere.

Considerações finais

A partir dessa pesquisa é possível verificar a emergência do assunto


“obesidade infantil”. Esse tema deve ser mais estudado pelo meio acadêmico
bem como ser assunto popular na comunidade para que assim todos se
responsabilizem com os hábitos saudáveis e prática de exercícios físicos para
evitar o desencadeamento de doenças na esfera física e psicológica que
podem ser oriundas da obesidade. Além das consequências citadas,existem
diversas outras consequências aversivas para todos e mais ainda para uma
criança que esta em crescimento e formação, portanto necessitam de contato
social e alimentação adequada, o que na maioria das vezes não é observado
em crianças com obesidade ou sobrepeso, já que essas são marginalizadas e
sofrem diversos tipos de preconceito, resultando em perda de autonomia e da
autoestima.
Portanto, é papel da Psicologia tanto a prevenção quanto o tratamento
dessa doença, pois se sabe da sua complexidade, assim são necessárias mais
pesquisas para discutir o tema, bem como, a implantação de mais politicas
públicas para a prevenção do sobrepeso/ obesidade, garantindo maior
qualidade de vida a todos.
Referências

AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR (Brasil). Manual de


diretrizes para o enfretamento da obesidade na saúde suplementar
brasileira. Rio de Janeiro : ANS, 2017.

BRASIL. Plano Nacional da Primeira Infância - Projeto Observatório Nacional


da Primeira Infância. Mapeamento da Ação Finalística “Criança com Saúde” -
Obesidade Infantil.2014.

CANDIDO A.P. et. al.Anthropometricmethods for obesityscreening in


schoolchildren: the Ouro Preto Study. Nutr Hosp.Vol.27, n.1, pg. 146-53. 2012.

CARVALHO, M. A. Análise comparativa de métodos de abordagem da


obesidade infantil. RevPort Saúde Pública. Vol. 29, n. 2, pg. 148-156. 2011.

FISBERG M. Obesidade na infância e adolescência. Revista brasileira de


educação física e esporte. Vol.20, n.163-4. 2006.

LARA, Eliana; LARA, Luis Fernando. Nuances da discriminação em uma escola


pública do Estado do Paraná. Revista Cadernos de Educação, Pernambuco,
n. 50, p. 1-12, 2015. Acesso em 20 de março de 2018.

MEDEIROS, João B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos,


resenhas. 8ª ed. São Paulo: Atlas. 2006.

OPAS/WHO. Planofaction for


thepreventionofobesityinchildrenandadolescents. Planofaction for
thepreventionofobesity in childrenandadolescents. 2014. Disponível em:
https://www.paho.org/hq/dmdocuments/2015/planofactionchildobesity-por.pdf.

SILVA, C.P.G..e BITTAR, C. M. L. Fatores ambientais e psicológicos que


influenciam na obesidade infantil. Revista Saúde e Pesquisa, v. 5, n. 1, gp.
197-207. 2012.

WISNIEWSI, Maurício. Ambiente e corporeidade em adolescente, Tese


(Doutorado em Educação) – Setor de Educação da Universidade Federal do
Paraná. Curitiba, 2014.

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