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DIAGNÓSTICO
CULTURAL
COLABORATIVO
PRIMEIRO RELATÓRIO
EUNÁPOLIS – BAHIA
NOVEMBRO DE 2022
Elaborado por:
Júlio Jader Costa
Letícia Moura Simões de Souza
Fernando Walter da Silva Costas
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 7
2 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR ....................................................................................................10
3 IDENTIFICAÇÃO DA CONSULTORIA ........................................................................................................11
IDENTIFICAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS PELA ELABORAÇÃO DO ESTUDO ............................................................... 11
5 SEÇÃO II - SUMÁRIO DOS ATIVOS CULTURAIS DE ÁGUA PRETA E VALDÍCIO BARBOSA ..........................17
5.1 QUALIFICAÇÃO DE ATIVOS CULTURAIS EM ÁGUA PRETA ......................................................................................... 18
5.1.1 Marco Zero de Água Preta ............................................................................................................ 18
5.1.2 Ativos Culturais de Água Preta ..................................................................................................... 19
Ativo Cultural 1 - Lugar Simbólico/Paisagem Cultural ................................................................................ 19
Ativo Cultural 2 - Saberes do Pilão: Café Pilado Torrado no Fogão de Lenha com Garapa de Engenhoca . 20
Ativo Cultural 3 - Saberes do Pilão: Modo Tradicional de Fazer Óleo de Mamona no Pilão – Dona Maria
Helena Imaculada ........................................................................................................................................ 21
Ativo Cultural 4 - Saberes do Pilão: Modo Tradicional De Fazer Óleo de Azeite No Pilão - Dina Maria
Helena Imaculada ........................................................................................................................................ 21
Ativo Cultural 5 - Quintais Produtivos/ Atividades Tradicionais De Pesca e Extrativismo/ Plantas, Chás E
Receitas Da Farmacopéia Popular ............................................................................................................... 22
Ativo Cultural 6 - Estruturas arqueológicas e assentamentos tais como fornos, comunidades em ruínas ou
em vestígios com ressonância na memória dos comunitários ..................................................................... 23
5.1.3 Ativo Cultural 7 - Memória das Águas - Compreende o conhecimento popular sobre nascentes,
cursos d’água, estruturas hidráulicas - carneiros, cacimbas, cavas, represas, etc. ..................................... 24
5.2 IDENTIFICAÇÃO/MOBILIZAÇÃO DE ATIVOS CULTURAIS EM VALDÍCIO BARBOSA.............................................................. 24
5.2.1 Marco Zero Valdício Barbosa PIEP ............................................................................................... 24
Ativos Culturais 8 e 9 - Identidade Coletiva (Memória da Luta)/Lugares: Escola/Igreja São Sebastião/Festa
da Primavera e de São Sebastião ................................................................................................................. 25
Ativo Cultural 10- Lugares - Agrovila /Associativismo ................................................................................ 26
Ativo Cultural 11 - Farinheiras, Fornos De Barro, Modo Tradicional De Fazer Farinha, Beiju, Ximango
(Biscoito) e Outras Quitandas ...................................................................................................................... 27
5.2.2 Ativo Cultural 12 - Direito À Paisagem Cultural - Mosaico Produtivo da Policultura .................... 28
Ativo Cultural 13 - Memória Das Águas Valdício Barbosa .......................................................................... 29
6 SEÇÃO III - RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS E DESENHOS DE FUTURO ........................................................29
6.1 COMUNIDADE ÁGUA PRETA ............................................................................................................................. 30
6.1.1 Atividades de Reflexão Criativa sobre Memória e História: Oficina e Etnoregistros ..................... 30
6.1.2 Oficina De Educação Patrimonial E Etnoregistros Colaborativos .................................................. 30
6.1.3 Cartografia social e etnoregistros colaborativos ........................................................................... 31
6.2 ASSENTAMENTO VALDÍCIO BARBOSA ................................................................................................................. 31
6.2.1 Atividades De Reflexão Criativa Sobre Memória E História: oficina e etnoregistros ..................... 31
6.2.2 Oficina De Educação Patrimonial E Etnoregistros Colaborativos .................................................. 31
6.2.3 Cartografia Social E Etno Registros Colaborativos ........................................................................ 32
6.3 FICHAS DE INVENTÁRIO .................................................................................................................................... 32
7 REFERÊNCIAS .........................................................................................................................................33
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1 INTRODUÇÃO
2 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR
3 IDENTIFICAÇÃO DA CONSULTORIA
Empresa Contratada
Razão Social 2Tree Consultoria e Meio Ambiente Ltda - ME
CNPJ 14.261.449/0001-18
Endereço Rua Jequitibá, n°25, Jardins de Eunápolis – Eunápolis/BA.
Telefone (73) 3262-0823
Corpo Técnico
Júlio Jader Costa
Elaboração Letícia Moura Simões de Souza
Fernando Walter da Silva Costas
Supervisora Operacional Sheyla Santos
Coordenadora Técnica Thaís Fanttini Sagrillo
Responsável Técnico George Fontes Leal
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Para cada uma das comunidades um pré-roteiro serviu como bússola orientadora das
tarefas: o Mapa de Navegação. Incluindo desenho de articulação prévia da agenda
de campo, sua função é prescrever possibilidades em relação ao que se almeja, isto
é, nortear a busca pelas informações necessárias para a confecção do DCC. Todavia,
instrumentos “standart” de medida não foram utilizados precipitadamente, pois as
comunidades são compreendidas como distintas de uma realidade estática a ser
avaliada, mas como potências vivas e dinâmicas que configuram territorialidades
locais.
Suporte Quantidade
Áudio (oitivas de oralidade ) 83
Fotos 250
Vídeos 13
Total de Registros 346
FOTO 1: Conversa com a sra. Ivana Machado Raymundo, secretária de educação de Conceição da
Barra
A relação custo x benefício deste número mínimo de alunos é apontada como motivo
para a transferência dos mesmos em 2023 para a Escola de Valdício Barbosa. Esta
mudança é reforçada por um TAC estabelecido pelo Ministério Público do ES com as
redes de ensino local e estadual, obrigando a municipalização de todas as escolas
dos assentamentos que atendem os níveis básicos e fundamental de educação.
Segundo estas diretrizes, a Escola da comunidade de Valdício Barbosa passará para
a alçada da prefeitura, sendo que atualmente já cede (aluga) para a prefeitura 01 sala
para atendimento da demanda de educação infantil da própria comunidade e de outros
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1 A primeira Navegação Etnográfica não oportunizou oitiva da posição dos professores e comunitários da Escola
Valdício Barbosa acerca desta mudança, sendo estabelecida como alvo no Mapa de Navegação do próximo
campo, momento em que a perspectiva dos assentados será apurada.
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FOTO 2: Ariane, coordenadora pedagógica das escolas rurais de CDB. Exercendo na prática a
função de diretora, embora apenas formalmente esta atribuição ainda seja da Secretária Municipal de
Educação
FOTOS 3-6: Imersão na escola de Água Preta (01-11-2022) conversa com a professora Vanda
Pereira Gonçalves e a Angélica Santos Gomes, auxiliar de limpeza e merendeira.
Esta foi a pauta da oitiva com Sidineide Vidigal Reginaldo, quilombola da comunidade
de Linharinho e que através da CEAFRO - Coordenadoria responsável pela gestão
em todas escolas do município da Lei 10639/2003, grade curricular.
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FOTOS 7: Sidineide Vidigal Reginaldo, coordenadora gestora das questões da CEAFRO nas escolas
municipais de Conceição da Barra.
FOTO 8: Paumina Saith Castro, trata da organização da merenda escolar das escolas de Conceição
da Barra/ ES.
Importante frisar que o PEI tem por objetivo dar continuidade ao atendimento de
demandas que foram qualificadas pelo IPHAN considerando os impactos da expansão
do cultivo eucalipto impactando diretamente a vida destas comunidades.
Em equivalência o DCC procede a descrição sumária e inicial dos ativos culturais
qualificados, correspondendo ao momento atual dos trabalhos. Progressivamente, os
ativos vão sendo aperfeiçoados até galgar o formato completo no inventário a ser
apresentado como produto final do PIEP. Até mesmo as oficinas previstas (produtos
2, 3 e 4 ) constituem-se em momentos de reflexão crítica e criativa para
aprofundamento e detalhamento dos ativos.
Fica clara a situação de heteronomia que Água Preta estabelece, não apenas tocante
a política educacional, mas com a prefeitura de Conceição da Barra como um todo
(gestão pública). Este padrão se repete na relação com "a vizinhança", que em sentido
largo inclui inicialmente a “Rua” (como designam Pedro Canário), Valdício Barbosa e
Fazenda São Joaquim, além de outras fazendas e assentamentos da região. Em
todos estes casos foi identificada dependência para o estabelecimento de vínculos de
trabalho, serviços, comércio, etc.
Fato concreto é que Água Preta é uma localidade em situação de elevada
vulnerabilidade social, com inúmeras demandas a serem supridas e que requerem
atenção urgente, incluindo ações prioritárias para a promoção da renda e segurança
alimentar e nutricional, acesso à saúde e a serviços públicos em geral. O quadro é
agravado com o precário ou inexistente associativismo de Água Preta, refletido na
fragilidade institucional da comunidade.
Recuando para o âmbito que lhe compete, o DCC identificou que o padrão de relações
heterônomas de Água Preta se enreda na cronologia de ocupação de territórios rurais
no Norte do Espírito Santo e Bacia do Rio Doce.2 Majoritariamente composta por
2 De um ponto de vista regional, a ocorrência de sambaquis atestando a presença de culturas pesqueiras desde
tempos pretéritos e a rota de fuga dos Botocudos que vinham acossados pela guerra de genocídio oficialmente
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famílias negras, para o caso de Água Preta a pauta quilombola foi citada por 02
pessoas (1 comunitário e 1 professora). Mas a comunidade não possui nenhum
conhecimento ou orientação sobre a temática.
Independentemente do regime de aquisição dos lotes (compra ou indenização),
em tese a configuração quilombola é plausível, dada a abrangência da definição que
inclui contextos pós abolição, uma vez que não foi dado aos negros um estatuto que
conferisse acesso e posse da terra. Também considerando o componente subjetivo
de autoafirmação de direitos quilombolas.
Por outro lado, no caso de Água Preta a produção de direitos pode ter sido
obliterada pela exclusão geográfica, estando a mesma localizada em área rural
fronteiriça de Pedro Canário e Conceição da Barra, o que abre campo para
configuração territorial distinta do universo quilombola municipal. Do ponto de vista
identitário, outro contraste é o fato de praticamente todas as comunidades quilombolas
de Conceição da Barra se caracterizarem por expressões culturais de matriz africana
como o Jongo e o Caxambu, o que é, ao que tudo indica, totalmente inexistente em
Água Preta.
A configuração territorial de Água Preta estabeleceu rizoma assentamentos
ativos ou em ruínas, tais como “Buticudo”, Nova Canaã, alojamentos na Fazenda São
Joaquim e outros que estabelecem conjugações pendulares extremamente frágeis e
dependentes dos vetores de desenvolvimento capitalista em sua crescente pressão
sobre o território, abrindo campo para a formação de um campesinato negro como
mão de obra a ser explorada em situação de quase absoluta heteronomia.
As camadas de impacto que vão se sobrepondo no território incluem desde a
supressão das matas nativas para a carvoaria, passando pela monocultura do café
(fazendas), cana e mais recentemente o Eucalipto.
declarada por Dom João IV (1808), são registros de fluxos culturais que circulam em territorialidades litorâneas
e do sertão.
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Fotos 18-19: dona Imaculada mostrando a manufatura do óleo de dendê. Registro: data 4/11/2022
FOTOS 20-25: pesca, atividades extrativistas e quintais produtivos relatados pela comunidade de
Água Preta.
Registro: data 4/11/2022
FOTOS 28-29: Córrego da Água Branca e Córrego da Água Preta, localização indicada pelos
comunitários.
Em Valdício Barbosa a Escola não está só, é integrada ao cotidiano, seguindo a lógica
da vida. Através de suas místicas, promoção da cultura da infância (sem terrinha) e
como local de encontro, festa, organização do trabalho, mutirão, assembleia.
A arquitetura e disposição do circular dos equipamentos - quadra, escola/salas, Igreja
de São Sebastião - tudo aí caminha para a Ágora Central (arena) onde se abre a Roda
exercita-se a primazia da convivência.
FOTOS 30-34: Imersão na comunidade Valdício Barbosa - Escola Estadual valdício Barbosa (MST).
Registro: 05-11-2022
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A lealdade à etnografia foi premiada com a obtenção de dados diretos via participação
e fruição da XIII Festa da Rainha da Primavera, que no RAIPI já havia sido qualificada
como ativo cultural comunitário. Na imersão também foi conferida valoração para a
Festa de São Sebastião, padroeiro da comunidade. Estes atrativos estão integrados
à Arena de Circularidade que inclui a escola.
FOTOS 35-38: XIII Festa da Rainha da Primavera e Igreja de São Sebastião, na Escola Estadual
valdício Barbosa (MST). Registro: 05-11-2022
A força das farinheiras tradicionais ativas e produtos associados foram ressaltados no RAIPI,
onde foram identificadas 07 unidades. Nas oitivas realizadas foram mencionadas algumas
formas tradicionais sem maquinários como a de Dona Ana - Dina Juraci -Sr. Hernandez; e
outras modernizadas como do Sr. Avelar.
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FOTOS 44-45: Casa de farinha do Sr. Avelar, apresentada por sua filha Moabe.
Esta seção exercita desenhos de futuro para o registro e salvaguarda dos 13 ativos
culturais qualificados a partir da primeira navegação etnográfica e que deverão ser
reverberados por reflexões críticas e criativas dos comunitários, em consonância com
a perspectiva educacional construtivista e com as metodologias participativas
propaladas pelo Inventário Nacional de Referências Culturais (IPHAN, 2000).
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O caso de Água Preta quer a mobilização de técnicas para a projeção vital de grupos
vulneráveis. Exercitando suas competências criativas e de memória, os ativos
culturais vão sendo valorados, incorporados ao repertório em inventariamento e
fortalecendo a identidade e autoimagem dos comunitários.
Mecanismos de Salvaguarda
- Os 3 Rs: Resgate, Registro e Repasse
- Ativação de Potências Comunitárias
- A potência da Oralidade - Mestres e Aprendizes na Escola Viva do Campo
- Reflexão criativa sobre o contexto regional - Cronologia de Ocupação do Norte
do Espírito Santo
- Os primeiros habitantes - Cultura dos Povos Costeiros e Sambaquis
- A Guerra de Genocídio e a Rota de fuga dos botocudos
- Diáspora Africana, presença e cultura negra: quilombolas, Jongos e Caxambu
- Incorporação de dados do Relatório Arqueológico (EIA/RIMA) no PIEP
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7 REFERÊNCIAS
Oitiva de Oralidade:
Água Preta
01/11/2022
Esdras, Local: paço com árvore sombreira da comunidade
Vanda Pereira Gonçalves (professora, EMEF Água Preta) residente na comunidade
de Valdício Barbosa, ex-enfermeira que participou da ocupação agrária desde os
tempos de lona.
Angélica Santos Gome (zeladora, EMEF Água Preta)
Valcir 66 anos, residente na Água Preta com anos, carneiro que jogava água na
comunidade
04/11/2022
Dona Imaculada – casa
Dona Maria e Sr. Vila – casa
Mauro – rua
Conceição da Barra
03/11/2022 - Secretaria de Educação de Conceição da Barra/ ES
Ivana Machado Raymundo - Secretária Municipal de Educação
Ariane Godinho Almeida – coordenadora pedagógica das escolas do campo
Sidineide Vidigal Reginaldo - CEAFRO - Coordenadoria responsável pela a gestão
em todas as escolas do município da Lei 10639/2003
Palmina Saiph Castro – organização da merenda escolar
Valdício Barbosa
05/11/2022
Luciano Souto – presidente da AAFAB – escola Valdício Barbosa
Thiago Rodrigo Cosmo - professor de Ciências da Natureza da Escola Valdício
Barbosa
Denilda - casa
Valmir Paim– casa, terreiro e escola Valdicio Barbosa, Festa Rainha da Primavera
Moabe – casa de farinha
Sr. Avelar – quintal e casa de farinha