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DIAGNÓSTICO
CULTURAL
COLABORATIVO
PRIMEIRO RELATÓRIO

EUNÁPOLIS – BAHIA
NOVEMBRO DE 2022

Elaborado por:
Júlio Jader Costa
Letícia Moura Simões de Souza
Fernando Walter da Silva Costas
6

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 7
2 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR ....................................................................................................10
3 IDENTIFICAÇÃO DA CONSULTORIA ........................................................................................................11
IDENTIFICAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS PELA ELABORAÇÃO DO ESTUDO ............................................................... 11

4 SEÇÃO I - DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA ..............................................................................................12


4.1 CONSTRUÇÃO COMPARTILHADA DO PIEP COM O AMBIENTE INSTITUCIONAL DA EDUCAÇÃO EM CONCEIÇÃO DA BARRA/ES
(03-11-2022) .......................................................................................................................................................... 13

5 SEÇÃO II - SUMÁRIO DOS ATIVOS CULTURAIS DE ÁGUA PRETA E VALDÍCIO BARBOSA ..........................17
5.1 QUALIFICAÇÃO DE ATIVOS CULTURAIS EM ÁGUA PRETA ......................................................................................... 18
5.1.1 Marco Zero de Água Preta ............................................................................................................ 18
5.1.2 Ativos Culturais de Água Preta ..................................................................................................... 19
Ativo Cultural 1 - Lugar Simbólico/Paisagem Cultural ................................................................................ 19
Ativo Cultural 2 - Saberes do Pilão: Café Pilado Torrado no Fogão de Lenha com Garapa de Engenhoca . 20
Ativo Cultural 3 - Saberes do Pilão: Modo Tradicional de Fazer Óleo de Mamona no Pilão – Dona Maria
Helena Imaculada ........................................................................................................................................ 21
Ativo Cultural 4 - Saberes do Pilão: Modo Tradicional De Fazer Óleo de Azeite No Pilão - Dina Maria
Helena Imaculada ........................................................................................................................................ 21
Ativo Cultural 5 - Quintais Produtivos/ Atividades Tradicionais De Pesca e Extrativismo/ Plantas, Chás E
Receitas Da Farmacopéia Popular ............................................................................................................... 22
Ativo Cultural 6 - Estruturas arqueológicas e assentamentos tais como fornos, comunidades em ruínas ou
em vestígios com ressonância na memória dos comunitários ..................................................................... 23
5.1.3 Ativo Cultural 7 - Memória das Águas - Compreende o conhecimento popular sobre nascentes,
cursos d’água, estruturas hidráulicas - carneiros, cacimbas, cavas, represas, etc. ..................................... 24
5.2 IDENTIFICAÇÃO/MOBILIZAÇÃO DE ATIVOS CULTURAIS EM VALDÍCIO BARBOSA.............................................................. 24
5.2.1 Marco Zero Valdício Barbosa PIEP ............................................................................................... 24
Ativos Culturais 8 e 9 - Identidade Coletiva (Memória da Luta)/Lugares: Escola/Igreja São Sebastião/Festa
da Primavera e de São Sebastião ................................................................................................................. 25
Ativo Cultural 10- Lugares - Agrovila /Associativismo ................................................................................ 26
Ativo Cultural 11 - Farinheiras, Fornos De Barro, Modo Tradicional De Fazer Farinha, Beiju, Ximango
(Biscoito) e Outras Quitandas ...................................................................................................................... 27
5.2.2 Ativo Cultural 12 - Direito À Paisagem Cultural - Mosaico Produtivo da Policultura .................... 28
Ativo Cultural 13 - Memória Das Águas Valdício Barbosa .......................................................................... 29
6 SEÇÃO III - RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS E DESENHOS DE FUTURO ........................................................29
6.1 COMUNIDADE ÁGUA PRETA ............................................................................................................................. 30
6.1.1 Atividades de Reflexão Criativa sobre Memória e História: Oficina e Etnoregistros ..................... 30
6.1.2 Oficina De Educação Patrimonial E Etnoregistros Colaborativos .................................................. 30
6.1.3 Cartografia social e etnoregistros colaborativos ........................................................................... 31
6.2 ASSENTAMENTO VALDÍCIO BARBOSA ................................................................................................................. 31
6.2.1 Atividades De Reflexão Criativa Sobre Memória E História: oficina e etnoregistros ..................... 31
6.2.2 Oficina De Educação Patrimonial E Etnoregistros Colaborativos .................................................. 31
6.2.3 Cartografia Social E Etno Registros Colaborativos ........................................................................ 32
6.3 FICHAS DE INVENTÁRIO .................................................................................................................................... 32

7 REFERÊNCIAS .........................................................................................................................................33
7

1 INTRODUÇÃO

O presente produto refere-se ao Diagnóstico Cultural Colaborativo (DCC) para


levantamento e análise das referências e equipamentos culturais de Água Preta e
Valdício Barbosa, comunidades diretamente afetadas pelo empreendimento
“Fazendas São Joaquim e Dourada” (BLOCO FRISA-Suzano).

Compõe o escopo do Programa de Educação Patrimonial Integrado (PIEP), de


acordo com requisitos solicitados pelo Ofício Nº 635/2019/IPHAN-ES-IPHAN,
concernente ao processo administrativo nº 01409.000622/2015-01, da
Superintendência do IPHAN do Espírito Santo, nos termos da Portaria nº 01/2015 e
em conformidade com os parâmetros e diretrizes gerais estabelecidas pelo Programa
Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI) e pelo Inventário Nacional de Referências
Culturais (INRC: 2000).

Para a elaboração do DCC foram sobrepostas fontes primárias e secundárias


de pesquisa e obtenção de dados. Os dados primários foram obtidos através da
imersão etnográfica nas comunidades no período de 01 a 05 de outubro de 2022. A
etapa de campo se iniciou na comunidade Água Preta nos dias 01 e 04. No segundo
dia (02/10), feriado de finados, em virtude das fortes chuvas, não houve nenhuma
atividade de campo. No dia 03, ainda chovendo muito, a visita foi direcionada à
Secretaria de Educação de Conceição da Barra. Em consequência do período
chuvoso, a comunidade de Valdício Barbosa foi contemplada apenas no dia 05,
quando os comunitários estavam mobilizados para elaboração da Festa Rainha da
Primavera.

A vertente metodológica principal do DCC está comprometida com métodos


etnográficos e participativos de pesquisa, consulta e avaliação, visando ampliar a
compreensão do polo acontecimal dos comunitários e buscando o envolvimento
colaborativo dos mesmos, a partir de práticas sociais e de ativos culturais em
contextos impactados pelo empreendimento. Ênfase especial é conferida à
Navegação Etnográfica, técnica de pesquisa qualitativa caracterizada pelo esforço de
situar-se ao máximo na faixa de horizontalidade e percepção êmica dos bens culturais
8

e seus detentores, valorizando contextos cotidianos e minimizando o uso de


ambientes artificiais/ instrumentos estandardizados de pesquisa. Permite também a
inclusão, no escopo da análise, de pautas prioritárias sobre a educação, proteção e
promoção do patrimônio cultural e de outros direitos difusos e coletivos em
comunidades tradicionais e rurais.

As análises recebem suporte de desenhos técnicos apresentados pelo


empreendedor, mais precisamente os aspectos socioeconômicos e culturais do
EIA/RIMA e o RAIPI. O diagnóstico absorveu também ferramentas de pesquisa,
produções técnicas, referências históricas, bibliográficas e documentais, tanto ao nível
das territorialidades locais quanto ao nível do contexto regional - Norte do ES.

Transversalizando a sobreposição de fontes para obtenção de dados para a


compreensão de que o patrimônio cultural é uma dimensão da vida social que
perpassa por todas as esferas da sociedade, da economia, política, história, memórias
alterando ou dando suportes a vida social, e é ela a responsável por emoldurar o fazer
e o agir dos sujeitos individuais e coletivos. Esta perspectiva pressupõe um esforço
metodológico para a concretização de um DCC apoiado na concertação social e
aproximação com os contextos cotidianos dos detentores e seus bens valorados, que
ao nosso ver, agrega conhecimento ao campo da cultura, ampliando o campo da
salvaguarda e os parâmetros da proteção e promoção do patrimônio cultural.

Para uma melhor compreensão, a peça é organizada em três seções: A


primeira introduz a aproximação com o objeto do trabalho, contemplando informações
gerais sobre as escolhas metodológicas e o trajeto percorrido.

A segunda seção delimita o universo da pesquisa, oferecendo um sumário


descritivo dos ativos culturais de Água Preta e Valdício Barbosa, sistematizando e
atualizando os dados sobre o patrimônio cultural material e imaterial com ressonância
na memória e nas práticas sociais destas comunidades.

A terceira e última seção visualiza cenários e desenhos de futuro através de


recomendações técnicas e atividades práticas de salvaguarda, a serem incorporadas
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nas oficinas e no inventário final, bem como os arranjos colaborativos e arenas de


concertação coletiva que se estenderão por todo o período de execução do PIEP.

Considerando a natureza dinâmica da realidade social em que se inscreve o


patrimônio cultural, a peça em tela deve ser compreendida no horizonte mais amplo
do programa, que compõe, com flexibilidade e abertura para atualização e
incorporação de novas informações e dados que venham a emergir em futuras
incursões ao campo, em um movimento contínuo de retroalimentação que vai
configurando progressivamente o PIEP e a sucessão de seus produtos.
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2 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR

Quadro 1 - Dados do Empreendedor

Razão Social: Suzano S/A.


CNPJ: 16.404.287/0461-47
Rodovia Aracruz x Barra do Riacho, S/N Km25, Barra
Endereço:
do Riacho – Aracruz - ES
Telefone: (27) 99953-9311
Responsável Guilherme Mouro
E-mail: GUILHERMEN@suzano.com.br

Fonte: 2Tree Ambiental (2022)


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3 IDENTIFICAÇÃO DA CONSULTORIA

Quadro 2 - Dados da Consultoria

Empresa Contratada
Razão Social 2Tree Consultoria e Meio Ambiente Ltda - ME
CNPJ 14.261.449/0001-18
Endereço Rua Jequitibá, n°25, Jardins de Eunápolis – Eunápolis/BA.
Telefone (73) 3262-0823

Fonte: 2Tree Ambiental (2022)

IDENTIFICAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS PELA ELABORAÇÃO DO ESTUDO

Corpo Técnico
Júlio Jader Costa
Elaboração Letícia Moura Simões de Souza
Fernando Walter da Silva Costas
Supervisora Operacional Sheyla Santos
Coordenadora Técnica Thaís Fanttini Sagrillo
Responsável Técnico George Fontes Leal
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4 SEÇÃO I - DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA

Dirigindo-se aos territórios dinâmicos e vivos, a abordagem metodológica que oferece


o material empírico para a elaboração do DCC vai sendo construída
progressivamente, a partir da compreensão das práticas cotidianas e culturais dos
comunitários afetados.

Para cada uma das comunidades um pré-roteiro serviu como bússola orientadora das
tarefas: o Mapa de Navegação. Incluindo desenho de articulação prévia da agenda
de campo, sua função é prescrever possibilidades em relação ao que se almeja, isto
é, nortear a busca pelas informações necessárias para a confecção do DCC. Todavia,
instrumentos “standart” de medida não foram utilizados precipitadamente, pois as
comunidades são compreendidas como distintas de uma realidade estática a ser
avaliada, mas como potências vivas e dinâmicas que configuram territorialidades
locais.

O desafio desta proposta de trabalho consiste em postar-se junto aos acontecimentos


e cotidiano das comunidades e territorialidades conectadas. Movimento que exige
abertura e manejo em relação às prescrições iniciais, além de disposição de campo,
para que a navegação planejada seja enriquecida e ampliada através de técnicas da
etnografia.

Os fatos, fenômenos e as impressões do campo, incluindo os ativos culturais e


emergentes territoriais são compilados no Diário de Bordo. Também são efetuados
registros em suportes digitais que, juntamente com dados cartográficos e de
georreferenciamento de pontos com relevância simbólica para os detentores de seus
bens culturais, compõem o universo empírico gerado pela Navegação Etnográfica e
documentado em Suportes de Registro etnográfico

Suporte Quantidade
Áudio (oitivas de oralidade ) 83
Fotos 250
Vídeos 13
Total de Registros 346

Como resultado técnico da metodologia adotada, o DCC estrutura as informações


coletadas e avaliadas através da seguinte ordem:

- Reuniões de preparação da equipe para aproximação com o universo de


trabalho e para conhecimento prévio da temática, arranjos colaborativos e de
construção compartilhada, oitivas da oralidade;

- Sumário descritivo dos bens culturais e seus detentores: identifica os ativos


culturais comunitários e territorialidades conjugadas, caracteriza alguns valores
primordiais para seu entendimento e exercita o diagnóstico da situação atual;
13

- Recomendações técnicas e desenhos de futuro: reúne a visão técnica da


equipe sobre os ativos culturais a serem mobilizados através de ações para
salvaguarda a serem aprofundadas nas etapas posteriores de execução do
PIEP.

4.1 Construção compartilhada do PIEP com o ambiente Institucional


da Educação em Conceição da Barra/ES (03-11-2022)

Precedendo a identificação e mobilização dos ativos culturais de Água Preta e Valdício


Barbosa foram realizadas oitivas com gestores da política educacional de Conceição
da Barra e com interlocutores junto às escolas destas comunidades, no intuito de
publicizar e qualificar a proposta do PIEP.

Este processo de construção compartilhada também buscou garantir a participação


dos equipamentos escolares requeridos em programas de educação patrimonial. Foi
realizada oitiva inicial com a Ivana Machado Raymundo - Secretária Municipal de
Educação

FOTO 1: Conversa com a sra. Ivana Machado Raymundo, secretária de educação de Conceição da
Barra

A chefe da pasta empreendeu uma contextualização geral da política educacional e


equipamentos escolares na cidade, que atualmente conta com 10 escolas rurais.

Com relação à Água Preta, atualmente são 05 estudantes matriculados na educação


básica, sendo 03 de uma mesma família os mais frequentes, ao passo que outros 02
marcam presença esporádica, principalmente em dias de aula de educação física e
atividade de lazer.

A relação custo x benefício deste número mínimo de alunos é apontada como motivo
para a transferência dos mesmos em 2023 para a Escola de Valdício Barbosa. Esta
mudança é reforçada por um TAC estabelecido pelo Ministério Público do ES com as
redes de ensino local e estadual, obrigando a municipalização de todas as escolas
dos assentamentos que atendem os níveis básicos e fundamental de educação.
Segundo estas diretrizes, a Escola da comunidade de Valdício Barbosa passará para
a alçada da prefeitura, sendo que atualmente já cede (aluga) para a prefeitura 01 sala
para atendimento da demanda de educação infantil da própria comunidade e de outros
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assentamentos. Com a mudança, o ensino fundamental será integrado às


responsabilidades da prefeitura1.

Segundo a secretária, as dificuldades maiores são de transporte para a equipe


responsável por acompanhar essas escolas, porque o orçamento atual feito pela
gestora anterior não considerou a retomada das atividades presenciais após o recuo
dos indicadores pandêmicos. Somada ao distanciamento geográfico da sede de
Conceição da Barra, esta situação vem colocando obstáculos para um
acompanhamento mais permanente da gestão e do equipamento escolar de Água
Preta em nível local e presencial.

A secretaria aprecia o convite para construção compartilhada e relata experiência de


parceria bem-sucedida com o Instituto Brasil Solidário (IBS) para além dos conteúdos,
resultem em práticas e conhecimento agregado para dentro das escolas, sendo
descritas a construção de forno solar, preparação de adubo orgânico, material
reciclado, arte - educação e fotografia. Contrasta com o Programa Suzano Educação
(PSE), em vigor há mais de 10 anos, indicando a necessidade de novo formato, pois
conteúdos são relevantes para cidades que estão aderindo, mas é repetitivo e
excessivamente teórico em Conceição da Barra, não apresentando desdobramento
prático em termos de resultados e produtos concretos que se traduzam em ganhos
permanentes para comunidade escolar.

Ariane Godinho Almeida, coordenadora responsável pelo acompanhamento dos


projetos pedagógicos das 10 escolas de campo de Conceição da Barra/ES, informa
que a comunidade escolar de Água Preta, incluindo pais e alunos, é a mais frágil do
conjunto de equipamentos educacionais rurais do município. A fonte informou que foi
feita uma busca ativa junto à comunidade e entorno (filhos de trabalhadores das
fazendas) e que a princípio a demanda para a educação infantil poderia ser
qualificada, dada a existência de crianças em idade correspondente a este nível
educacional. Todavia, o quórum vem sendo suprimido devido à preferência dos pais
por matricularem seus filhos em Pedro Canário, em função de insatisfação com o
regime de seriação ou da falta de valorização do equipamento local pelos
comunitários.

1 A primeira Navegação Etnográfica não oportunizou oitiva da posição dos professores e comunitários da Escola

Valdício Barbosa acerca desta mudança, sendo estabelecida como alvo no Mapa de Navegação do próximo
campo, momento em que a perspectiva dos assentados será apurada.
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FOTO 2: Ariane, coordenadora pedagógica das escolas rurais de CDB. Exercendo na prática a
função de diretora, embora apenas formalmente esta atribuição ainda seja da Secretária Municipal de
Educação

FOTOS 3-6: Imersão na escola de Água Preta (01-11-2022) conversa com a professora Vanda
Pereira Gonçalves e a Angélica Santos Gomes, auxiliar de limpeza e merendeira.

Água Preta, em se tratando de uma comunidade rural majoritariamente negra, deve


ter abordadas as questões associadas à diáspora africana. A importância dessa
temática é atestada pela grande presença de quilombolas em territórios de Conceição
da Barra e cidades vizinhas, tanto do norte do Espírito Santo, quanto do sul da Bahia.

Esta foi a pauta da oitiva com Sidineide Vidigal Reginaldo, quilombola da comunidade
de Linharinho e que através da CEAFRO - Coordenadoria responsável pela gestão
em todas escolas do município da Lei 10639/2003, grade curricular.
16

FOTOS 7: Sidineide Vidigal Reginaldo, coordenadora gestora das questões da CEAFRO nas escolas
municipais de Conceição da Barra.

Nesta oitiva foi destacada a extraordinária ocorrência de comunidades quilombolas no


norte do Espírito Santo e sul da Bahia. Somente em Conceição da Barra totalizam 14,
mas algumas de suas territorialidades excedem os limites do município. Apresentadas
como marcos da resistência do povo negro em um contexto marcado por conflitos
agrários e violência no campo, sendo pauta mais recente os impactos causados pela
monocultura do eucalipto.

Em Conceição da Barra, já no portal da cidade está a Quilombola de Santana


(urbano), próxima da Linharinho. adentrando na estrada rural vem Angelim 1
(perto de Itaúnas) com farinheiras tradicionais ativas, seguindo mais à frente
Santa Isabel e Dona Guilhermina. Retornando no asfalto, BR 101, está Coxim
e São Domingos com maior número de famílias.
Quando chega em Sayonara sentido boa esperança Angelim 3 ou Córrego do
Fontoura, retornando para Braço do Rio Córrego do Sertão, indo para o
acampamento 100 alqueires. Rumo a São Mateus por estrada de chão, o
córrego do Alexandre, Roda d'água, Porto Grande. (Oitiva de Oralidade com
Sidneide CEAFRO em 03/11)

Sidineide sistematizou suas sugestões para o PIEP e diagnóstico, recomendando


que sejam ressaltadas figuras sociais ícones da luta negra e quilombola em
Conceição da Barra, com destaque para
- Zacimba Gaba (princesa de angola que foi sequestrada pelo tráfico e manteve
influência sobre os escravizados pagando com prisão e tortura);
- Negro Rogério - produtor do Quilombo de Santana e maior comerciante de
farinha de mandica no Norte do Espírito Santo, pelo Porto de São Mateus;
- Constância de Angola - submissa teve o bebê arrancado do seio onde
amamentava e queimado no forno. Entrou na luta valendo-se da Capoeira.
(Oitiva de Oralidade com Sidneide CEAFRO em 03/11)

Para além da área pedagógica, a escuta se estendeu para a área administrativa da


educação que trabalha na interface com a secretaria da agricultura nos Programas
Nacional de Merenda Escolar (PNAE) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
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Segundo a técnica Paumina Saith Castro, apenas a comunidade de Valdício Barbosa


acessou os programas em 2021, 2020 e 2019, 2018. Este ano não conseguiram
cumprir os prazos do edital do PNAE, mas acessaram o PAA, onde vem oferecendo
vários tipos de verduras - alface, couve, temperos - hortelã coentro cebolinha salsa
abóbora aipim batata doce banana da terra, banana prata, mamão, quiabo PIEPno
beterraba e cenoura.

FOTO 8: Paumina Saith Castro, trata da organização da merenda escolar das escolas de Conceição
da Barra/ ES.

O portfólio e produtos oferecidos pelo Assentamento Valdício Barbosa testemunha o


mosaico produtivo da policultura que caracteriza a agricultura familiar. A força
qualitativa e quantitativa dos produtos extrapola a esfera da gestão pública e abrange
estratégias de beneficiamento e comercialização de produtos através de feiras,
cooperativas e execução de projetos de relevante impacto produtivo para os
assentados, como a modernização dos secadores de café na agrovila.

5 SEÇÃO II - SUMÁRIO DOS ATIVOS CULTURAIS DE ÁGUA PRETA E


VALDÍCIO BARBOSA

No baque da Navegação Etnográfica o leme da vertente qualitativa é ajustado para


a identificação/mobilização de ativos culturais que conectam vínculos e desde o
presente etnográfico exercem potência de ressonância e afeto na memória coletiva e
nas territorialidades configuradas pelos comunitários de Água Preta e Valdício
Barbosa.

Através do envolvimento colaborativo e de métodos de reflexão reflexiva, os ativos


culturais conectam territorialidades através de instrumentos de resgate, registro e
repasse (3 Rs da Salvaguarda), A sínteses criativas qualificadas como ativos no
campo amplo e diverso da cultura contribuem para a reconstrução da linha do tempo
18

e da memória coletiva das comunidades , para a valorização dos saberes/fazeres


tradicionais em variados campos de apresentação como a gastronomia, a
farmacopéia popular das plantas e chás medicinais, as festas, manifestações e
lugares revestidos de valor simbólico, a tríade doméstica formada por casa- terreiro
para socialização e quintal produtivo com suas estruturas, objetos e nomes dados às
coisas, a casuística e oralidade em sua relação com os topônimos da paisagem, os
artefatos e estruturas da cultura material, os modos tradicionais sobrevivência e
manejo sustentável do meio ambiente através da pesca e do extrativismo, a memória
das águas e outras práticas sociais que reverberam no campo amplo e diverso
abrangido pela cultura.

Importante frisar que o PEI tem por objetivo dar continuidade ao atendimento de
demandas que foram qualificadas pelo IPHAN considerando os impactos da expansão
do cultivo eucalipto impactando diretamente a vida destas comunidades.
Em equivalência o DCC procede a descrição sumária e inicial dos ativos culturais
qualificados, correspondendo ao momento atual dos trabalhos. Progressivamente, os
ativos vão sendo aperfeiçoados até galgar o formato completo no inventário a ser
apresentado como produto final do PIEP. Até mesmo as oficinas previstas (produtos
2, 3 e 4 ) constituem-se em momentos de reflexão crítica e criativa para
aprofundamento e detalhamento dos ativos.

5.1 Qualificação de ativos culturais em Água Preta

5.1.1 Marco Zero de Água Preta

Fica clara a situação de heteronomia que Água Preta estabelece, não apenas tocante
a política educacional, mas com a prefeitura de Conceição da Barra como um todo
(gestão pública). Este padrão se repete na relação com "a vizinhança", que em sentido
largo inclui inicialmente a “Rua” (como designam Pedro Canário), Valdício Barbosa e
Fazenda São Joaquim, além de outras fazendas e assentamentos da região. Em
todos estes casos foi identificada dependência para o estabelecimento de vínculos de
trabalho, serviços, comércio, etc.
Fato concreto é que Água Preta é uma localidade em situação de elevada
vulnerabilidade social, com inúmeras demandas a serem supridas e que requerem
atenção urgente, incluindo ações prioritárias para a promoção da renda e segurança
alimentar e nutricional, acesso à saúde e a serviços públicos em geral. O quadro é
agravado com o precário ou inexistente associativismo de Água Preta, refletido na
fragilidade institucional da comunidade.
Recuando para o âmbito que lhe compete, o DCC identificou que o padrão de relações
heterônomas de Água Preta se enreda na cronologia de ocupação de territórios rurais
no Norte do Espírito Santo e Bacia do Rio Doce.2 Majoritariamente composta por

2 De um ponto de vista regional, a ocorrência de sambaquis atestando a presença de culturas pesqueiras desde
tempos pretéritos e a rota de fuga dos Botocudos que vinham acossados pela guerra de genocídio oficialmente
19

famílias negras, para o caso de Água Preta a pauta quilombola foi citada por 02
pessoas (1 comunitário e 1 professora). Mas a comunidade não possui nenhum
conhecimento ou orientação sobre a temática.
Independentemente do regime de aquisição dos lotes (compra ou indenização),
em tese a configuração quilombola é plausível, dada a abrangência da definição que
inclui contextos pós abolição, uma vez que não foi dado aos negros um estatuto que
conferisse acesso e posse da terra. Também considerando o componente subjetivo
de autoafirmação de direitos quilombolas.
Por outro lado, no caso de Água Preta a produção de direitos pode ter sido
obliterada pela exclusão geográfica, estando a mesma localizada em área rural
fronteiriça de Pedro Canário e Conceição da Barra, o que abre campo para
configuração territorial distinta do universo quilombola municipal. Do ponto de vista
identitário, outro contraste é o fato de praticamente todas as comunidades quilombolas
de Conceição da Barra se caracterizarem por expressões culturais de matriz africana
como o Jongo e o Caxambu, o que é, ao que tudo indica, totalmente inexistente em
Água Preta.
A configuração territorial de Água Preta estabeleceu rizoma assentamentos
ativos ou em ruínas, tais como “Buticudo”, Nova Canaã, alojamentos na Fazenda São
Joaquim e outros que estabelecem conjugações pendulares extremamente frágeis e
dependentes dos vetores de desenvolvimento capitalista em sua crescente pressão
sobre o território, abrindo campo para a formação de um campesinato negro como
mão de obra a ser explorada em situação de quase absoluta heteronomia.
As camadas de impacto que vão se sobrepondo no território incluem desde a
supressão das matas nativas para a carvoaria, passando pela monocultura do café
(fazendas), cana e mais recentemente o Eucalipto.

5.1.2 Ativos Culturais de Água Preta

Ativo Cultural 1 - Lugar Simbólico/Paisagem Cultural

Complexo formado por Igreja Católica (Comunidade Sagrado Coração de Jesus) e


Cemitério, Escola, árvore sombreira na interseção destes equipamentos. Direitos
difusos e coletivos associados à paisagem e preservação de elementos do sagrado e
de ancestralidade (sepultamentos).

declarada por Dom João IV (1808), são registros de fluxos culturais que circulam em territorialidades litorâneas
e do sertão.
20

FOTOS 9-12: Igreja católica e cemitério de Água Preta.

Saberes -fazeres tradicionais valoradas patrimonialmente e em risco de


desaparecimento, requerendo medidas urgentes de registro para promoção e
salvaguarda.

Ativo Cultural 2 - Saberes do Pilão: Café Pilado Torrado no Fogão


de Lenha com Garapa de Engenhoca

Os saberes do Pilão incluem saberes tradicionais com valor patrimonial (memória,


técnicas) e em risco de extinção, requerendo medidas urgentes de registro para
promoção e salvaguarda.
21

FOTOS 13-15: Casa de Dona Maria, registro em 04/11/2022

Ativo Cultural 3 - Saberes do Pilão: Modo Tradicional de Fazer Óleo


de Mamona no Pilão – Dona Maria Helena Imaculada

FOTOS 16-17: Dona Imaculada mostrando a mamona Registro: 4/11/2022

Ativo Cultural 4 - Saberes do Pilão: Modo Tradicional De Fazer Óleo


de Azeite No Pilão - Dina Maria Helena Imaculada
22

Fotos 18-19: dona Imaculada mostrando a manufatura do óleo de dendê. Registro: data 4/11/2022

Ativo Cultural 5 - Quintais Produtivos/ Atividades Tradicionais De


Pesca e Extrativismo/ Plantas, Chás E Receitas Da Farmacopéia
Popular

Foram qualificados em circulação saberes relacionados a plantas medicinais e à


farmacopéia popular, com seus chás e receitas oriundas tanto de espécies domésticas
nos quintais como extraídas na mata. A cultura pesqueira artesanal também está
presente no cotidiano de Água Preta.
23

FOTOS 20-25: pesca, atividades extrativistas e quintais produtivos relatados pela comunidade de
Água Preta.
Registro: data 4/11/2022

Ativo Cultural 6 - Estruturas arqueológicas e assentamentos tais


como fornos, comunidades em ruínas ou em vestígios com
ressonância na memória dos comunitários

FOTOS 26-27: Mauro mostrando os fornos de carvão desativados.


24

5.1.3 Ativo Cultural 7 - Memória das Águas - Compreende o conhecimento popular


sobre nascentes, cursos d’água, estruturas hidráulicas - carneiros, cacimbas,
cavas, represas, etc.

FOTOS 28-29: Córrego da Água Branca e Córrego da Água Preta, localização indicada pelos
comunitários.

5.2 Identificação/mobilização de ativos culturais em Valdício Barbosa

5.2.1 Marco Zero Valdício Barbosa PIEP

Em contraste absoluto com a comunidade de Água Preta, a vocação auto


organizativa do MST se espraia pelo norte do Espírito Santo na forma de brigadas que
configuram territorialidades e relações sociais entre assentamentos.
Sob a inspiração de Paulo Freire, patrono da educação nacional, e em
conformidade com os princípios da pedagogia da alternância, a escola em Valdício
Barbosa afirma a autonomia e a memória da luta pela terra como ativos culturais
presentificados no cotidiano. Tomada neste contexto, a escola não é apenas um
equipamento, pois funciona como termômetro refletor, proposta e grau organizativo
do MST. Portanto, não é possível pensar em um programa de educação patrimonial
que não lhe confira centralidade.
Além da associação gerada a partir da conquista e cultivo da terra com seus
desdobramentos cooperativistas, mas recentemente foi criada a associação
específica de mulheres, atestando a abertura do movimento para pautas de gênero.
O potencial de expansão no campo dos direitos culturais é formidável, pois o
assentamento possui potencial para o avanço de políticas culturais, através de
conexão com a Rede Nacional de Pontos de Cultura, Programa Cultura Viva e Escola
Viva. O que pode abrir seu acesso para editais de apoio a atividades culturais já
realizadas (festas) e outras demandas a serem qualificadas no âmbito cultural como
oficinas, produtos culturais (livros, filmes).
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Ativos Culturais 8 e 9 - Identidade Coletiva (Memória da


Luta)/Lugares: Escola/Igreja São Sebastião/Festa da Primavera e de
São Sebastião

Em Valdício Barbosa a Escola não está só, é integrada ao cotidiano, seguindo a lógica
da vida. Através de suas místicas, promoção da cultura da infância (sem terrinha) e
como local de encontro, festa, organização do trabalho, mutirão, assembleia.
A arquitetura e disposição do circular dos equipamentos - quadra, escola/salas, Igreja
de São Sebastião - tudo aí caminha para a Ágora Central (arena) onde se abre a Roda
exercita-se a primazia da convivência.

FOTOS 30-34: Imersão na comunidade Valdício Barbosa - Escola Estadual valdício Barbosa (MST).
Registro: 05-11-2022
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A lealdade à etnografia foi premiada com a obtenção de dados diretos via participação
e fruição da XIII Festa da Rainha da Primavera, que no RAIPI já havia sido qualificada
como ativo cultural comunitário. Na imersão também foi conferida valoração para a
Festa de São Sebastião, padroeiro da comunidade. Estes atrativos estão integrados
à Arena de Circularidade que inclui a escola.

FOTOS 35-38: XIII Festa da Rainha da Primavera e Igreja de São Sebastião, na Escola Estadual
valdício Barbosa (MST). Registro: 05-11-2022

Ativo Cultural 10- Lugares - Agrovila /Associativismo

Núcleo inicial do assentamento de onde podem ser tecidas memórias associativistas.


No local está a estrutura cooperativa de beneficiamento de café (secador) que vem
sendo modernizada. Ponto de encontro e memória ativado no presente etnográfico.
Seu cenário inclui ainda uma Igreja Evangélica.
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FOTOS 39-43: Imersão na Agrovila Valdício Barbosa (MST). Registro: 05-11-2022

Ativo Cultural 11 - Farinheiras, Fornos De Barro, Modo Tradicional


De Fazer Farinha, Beiju, Ximango (Biscoito) e Outras Quitandas

A força das farinheiras tradicionais ativas e produtos associados foram ressaltados no RAIPI,
onde foram identificadas 07 unidades. Nas oitivas realizadas foram mencionadas algumas
formas tradicionais sem maquinários como a de Dona Ana - Dina Juraci -Sr. Hernandez; e
outras modernizadas como do Sr. Avelar.
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FOTOS 44-45: Casa de farinha do Sr. Avelar, apresentada por sua filha Moabe.

5.2.2 Ativo Cultural 12 - Direito À Paisagem Cultural - Mosaico Produtivo da


Policultura
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FOTOS 46-50: Paisagem na comunidade Valdício Barbosa. Novembro de 2022

Ativo Cultural 13 - Memória Das Águas Valdício Barbosa

FOTO 51: Paisagem hídrica na comunidade Valdício Barbosa. Novembro de 2022

6 SEÇÃO III - RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS E DESENHOS DE FUTURO

Esta seção exercita desenhos de futuro para o registro e salvaguarda dos 13 ativos
culturais qualificados a partir da primeira navegação etnográfica e que deverão ser
reverberados por reflexões críticas e criativas dos comunitários, em consonância com
a perspectiva educacional construtivista e com as metodologias participativas
propaladas pelo Inventário Nacional de Referências Culturais (IPHAN, 2000).
30

Portanto, é de modo progressivo que evoluem os produtos do PIEP. As próprias


oficinas, etnoregistros colaborativos e arenas de concertação criativas vão revelando
novos materiais empíricos que retroalimentam o Mapa de Navegação em direção ao
inventário final (produto 5).

6.1 Comunidade Água Preta

O caso de Água Preta quer a mobilização de técnicas para a projeção vital de grupos
vulneráveis. Exercitando suas competências criativas e de memória, os ativos
culturais vão sendo valorados, incorporados ao repertório em inventariamento e
fortalecendo a identidade e autoimagem dos comunitários.

6.1.1 Atividades de Reflexão Criativa sobre Memória e História: Oficina e


Etnoregistros

PALAVRAS CHAVE: RESGATE, LINHA DO TEMPO

- Construção participativa da árvore genealógica, identificando os primeiros


moradores de Água Preta, os ascendentes dos atuais.
- Salvaguarda do Cemitério, que já está desativado, mas depreciado. As
relações entre sepultamentos e genealogia das pessoas podem contribuir para
a reconstrução da linha do tempo da comunidade.
- -Casuística oral sobre a Cultura da Roça: estruturas, ferramentas e técnicas.
Os nomes dados às coisas e aos lugares: utilização da técnica dos objetos
falantes e topônimos.
- Valorização dos saberes tradicionais: Etnoregistro Colaborativo Saberes do
Pilão: café na garapa e produção de azeite e mamona.
- Aprofundamento nos Quintais Produtivos (plantios, quitandas, chás e receitas).

6.1.2 Oficina De Educação Patrimonial E Etnoregistros Colaborativos

Mecanismos de Salvaguarda
- Os 3 Rs: Resgate, Registro e Repasse
- Ativação de Potências Comunitárias
- A potência da Oralidade - Mestres e Aprendizes na Escola Viva do Campo
- Reflexão criativa sobre o contexto regional - Cronologia de Ocupação do Norte
do Espírito Santo
- Os primeiros habitantes - Cultura dos Povos Costeiros e Sambaquis
- A Guerra de Genocídio e a Rota de fuga dos botocudos
- Diáspora Africana, presença e cultura negra: quilombolas, Jongos e Caxambu
- Incorporação de dados do Relatório Arqueológico (EIA/RIMA) no PIEP
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- Latifúndio e Monocultura - afetações históricas e regionais:


- Artefatos, estruturas e Sistemas de Assentamento: sítios - lugares (fazendas,
Nova Canaã, Buticudo)
Cultura do Trabalho:
- As carvoarias e a destruição da Mata Atlântica Nativa
- As Fazendas de Café dos Paulistas
- A chegada do eucalipto
- Educação para a Cultura da Paz no Campo

6.1.3 Cartografia social e etnoregistros colaborativos

- Direito à Paisagem: Tríade Casa-terreiro-Quintal Produtivo - O Mosaico


Produtivo da Policultura
- Modos Tradicionais de Vida - georreferenciamento de locais de pesca e
extrativismo
- Enquete Participativa: Memórias da Água.

6.2 Assentamento Valdício Barbosa

O desenho de futuro para Valdício Barbosa deve priorizar o aprofundamento da


imersão junto com a organização formal do MST na comunidade, através de
lideranças ativas já identificadas como Adelson e Ronimarcia (escola).

6.2.1 Atividades De Reflexão Criativa Sobre Memória E História: oficina e


etnoregistros

Mecanismos de Salvaguarda - Os 3 Rs: Resgate, Registro e Repasse


- Ativação de Potências Comunitárias
- A potência da Oralidade - Mestres e Aprendizes na Escola Viva do Campo.
Pontos de Cultura e Programa Cultura Viva. Cultura Digital.
Etnoregistros colaborativos:
- Farinheiras e modos tradicionais de fazer Biju, Ximango;
- Memória e reconstrução da Linha do Tempo na agrovila, incluindo a igreja
evangélica;

6.2.2 Oficina De Educação Patrimonial E Etnoregistros Colaborativos

Reflexão criativa sobre o contexto regional - Cronologia de Ocupação do Norte do


Espírito Santo
-Os primeiros habitantes -Cultura dos Povos Costeiros e Sambaquis
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- A Guerra de Genocídio e a Rota de fuga dos botocudos


- Diáspora Africana, presença e cultura negra: quilombolas, Jongos e Caxambu
- Incorporação de dados do Relatório Arqueológico (EIA/RIMA) no PIEP
Latifúndio e Monocultura - afetações históricas e regionais
- Memória das Lutas e reconstrução da linha do tempo da Escola, pátio central
e anexos
- Festa de São Sebastião e Festa Rainha da Primavera

6.2.3 Cartografia Social E Etno Registros Colaborativos

- Direito à Paisagem: Tríade Casa-terreiro-Quintal Produtivo - O Mosaico


Produtivo da Policultura
- Modos Tradicionais de Vida - georreferenciamento de locais de pesca e
extrativismo
-Enquete Participativa: Memórias da Água

6.3 Fichas de Inventário

- No processo serão preenchidas as fichas de inventário das duas comunidades,


sistematizando o conhecimento produzido durante a imersão etnográfica em Água
Preta e Valdício Barbosa.
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7 REFERÊNCIAS

Oitiva de Oralidade:
Água Preta
01/11/2022
Esdras, Local: paço com árvore sombreira da comunidade
Vanda Pereira Gonçalves (professora, EMEF Água Preta) residente na comunidade
de Valdício Barbosa, ex-enfermeira que participou da ocupação agrária desde os
tempos de lona.
Angélica Santos Gome (zeladora, EMEF Água Preta)
Valcir 66 anos, residente na Água Preta com anos, carneiro que jogava água na
comunidade

04/11/2022
Dona Imaculada – casa
Dona Maria e Sr. Vila – casa
Mauro – rua

Conceição da Barra
03/11/2022 - Secretaria de Educação de Conceição da Barra/ ES
Ivana Machado Raymundo - Secretária Municipal de Educação
Ariane Godinho Almeida – coordenadora pedagógica das escolas do campo
Sidineide Vidigal Reginaldo - CEAFRO - Coordenadoria responsável pela a gestão
em todas as escolas do município da Lei 10639/2003
Palmina Saiph Castro – organização da merenda escolar

Valdício Barbosa
05/11/2022
Luciano Souto – presidente da AAFAB – escola Valdício Barbosa
Thiago Rodrigo Cosmo - professor de Ciências da Natureza da Escola Valdício
Barbosa
Denilda - casa
Valmir Paim– casa, terreiro e escola Valdicio Barbosa, Festa Rainha da Primavera
Moabe – casa de farinha
Sr. Avelar – quintal e casa de farinha

Indicações para a próxima etapa de imersão etnográfica na comunidade Valdício


Barbosa:
- Hernandes (farinheira)
- Neide
- Euvino (agrovila, perto do Valmir)
- Nininha – Rosiene – presidente da associação de mulheres
- Adelson, formado em geografia pela UNESP

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