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Quando eu ainda era menino, em certa ocasião, saí com uma quantia em dinheiro

para comprar algo no supermercado para a minha mãe. Coloquei o dinheiro no


bolso e, obviamente, contava com ele na hora de pagar aquela compra, mas não o
encontrei. Revirei o bolso várias vezes à sua procura, e não o achei, até que me
dei conta de que havia um furo num dos cantos daquele bolso! Como é triste
contar com as suas reservas e descobrir que elas já não existem! Este é um
exemplo do que acontece com quem não deixa Deus ser o Primeiro em sua vida (e
em suas finanças).

Uma das principais razões da falta de prosperidade financeira é abordada na Bíblia


como tendo a sua raiz no egoísmo e na falta de sensibilidade para com o que deve
ser feito em prol da Casa e do Reino do nosso Deus. Se, por um lado, a Lei das
Primícias nos conduz à bênção por colocarmos Deus em primeiro lugar, por outro
lado, deixá-Lo por último, como a parte menos importante de nossas vidas, traz
maldição.
E isto é algo que tem acontecido a muitos cristãos em nossos dias. O verdadeiro
problema deles não é uma falta de oração por prosperidade, mas uma verdadeira
inversão de valores.

NOS DIAS DE AGEU

Vemos nos dias do profeta Ageu que o povo que voltara do cativeiro babilônico se
encontrava sem disposição alguma de reedificar o Templo do Senhor. Eles davam
desculpas a respeito de sua responsabilidade, mas, ao mesmo tempo, edificavam
as suas próprias casas para o seu próprio conforto. E Deus protestou contra isto:

“Assim fala o Senhor dos Exércitos: Este povo diz: Não veio ainda o tempo,
o tempo em que a Casa do Senhor deve ser edificada. Veio, pois, a palavra
do Senhor, por intermédio do profeta Ageu, dizendo: Acaso, é tempo de
habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta casa permanece em
ruínas?” (Ageu 1.2-4)

Muitas pessoas passam toda a sua vida pensando unicamente em si mesmas,


sem se disporem a fazer nada para Deus. Trabalham somente pelo seu conforto e
fazem tudo para estarem em tranquilidade, mas não conseguem se dispor para
servirem a Deus. Muitas vezes não entendemos que, enquanto estamos correndo
atrás de nossas próprias coisas, o Senhor está esperando algo diferente de nós.
Foi o que Deus disse ao Seu povo por meio do profeta Ageu:

“Subi ao monte, trazei madeira e edificai a casa; dela me agradarei e serei


glorificado, diz o Senhor.” (Ageu 1.8)
Deus protestou contra a atitude do povo e demonstrou esperar que eles se
envolvessem em Sua obra. Ele revelou também que a razão de não estarem
prosperando (pelo contrário, viam os seus bens e provisão desaparecendo
misteriosamente) era o fato de não se importarem com a edificação da Sua Casa.

“Tendes semeado muito, e recolhido pouco; comeis, porém não vos fartais;
bebeis, porém não vos saciais; vestí-vos, mas ninguém fica quente; e quem
recebe salário, recebe-o para o meter num saco furado.” (Ageu 1.6 –
Trad.Brasileira)

Muito esforço e pouco resultado! Falta de realização na dimensão de conquistas


alcançadas! Insuficiência! Tudo isto era visto na vida do povo hebreu dos dias do
pós-exílio babilônico. Houve também a mais contundente afirmação sobre
inexplicáveis perdas materiais e financeiras: o saco furado (outras versões usam o
termo “saquitel”). Mesmo o que tentavam guardar ou economizar sumia como se
houvesse sido depositado num saco furado. Vazava como areia seca por entre os
dedos. Como acontece com muitas pessoas hoje!

Estes não eram apenas sintomas de um momento de crise econômica, e sim


de uma ausência da bênção do Senhor. Precisamos aprender a edificar com
a bênção de Deus. Fazer algo sozinhos ou debaixo da graça do Pai Celestial
são coisas completamente diferentes:

“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam; se o


Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. Inútil vos será
levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois aos seus
amados ele o dá enquanto dormem.” (Salmo 127.1,2)

Embora o trabalho seja um meio de provisão, o qual Deus usa para suprir os
Seus filhos, fica clara a diferença entre quem alcança algo sozinho e quem o
faz com a bênção do alto.

Deus nunca quis que o homem tivesse a presunção de alcançar a prosperidade


sozinho. Esforço e trabalho produzem resultados, mas isto somente não nos leva
ao melhor de Deus. A bênção do Senhor faz isto. E, quando quebramos princípios
(como o povo fez nos dias de Ageu), além de não entrarmos na bênção divina,
ainda produzimos o efeito inverso: atraímos sobre nós a maldição. O profeta
Malaquias, contemporâneo de Ageu, também anunciou o mesmo tipo de juízo:

“Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te


roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados,
porque a mim me roubais, vós, a nação toda.” (Malaquias 3.8,9)
A maldição vem por não darmos a Deus a primazia, assim como a bênção
vem pelo fato de O colocarmos em primeiro lugar.

A PROSPERIDADE NÃO É FRUTO SÓ DO ESFORÇO

O desejo de Deus, no entanto, não é julgar o Seu povo com maldição. É


abençoá-lo com as Suas provisões.

“Trazei o dízimo todo à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha
casa, e provai-me nisto, diz Jeová dos Exércitos, se não vos abrir eu as
janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção até que não haja mais
lugar para a recolherdes.” (Malaquias 3.10 – Trad.Brasileira)

Precisamos entender que a prosperidade não é um mero resultado do esforço


humano, mas uma consequência da bênção de Deus. Desde a Lei Mosaica o
Senhor admoestava o Seu povo a não ter a presunção de achar que alcançaria a
prosperidade por si só:

“Guarda-te para que te não esqueças do Senhor, teu Deus, não guardando os
seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus estatutos, que hoje te
ordeno; para que, porventura, havendo tu comido, e estando farto, e havendo
edificado boas casas, e habitando-as, e se tiverem aumentado as tuas vacas
e as tuas ovelhas, e se acrescentar a prata e o ouro, e se multiplicar tudo
quanto tens, se não eleve o teu coração, e te esqueças do Senhor, teu Deus,
que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão…” (Deuteronômio 8.11-14
– ARC)

“Não digas, pois, no teu coração: A minha força e o poder do meu braço me
adquiriram estas riquezas. Antes, te lembrarás do Senhor, teu Deus, porque é
ele o que te dá força para adquirires riquezas; para confirmar a sua aliança,
que, sob juramento, prometeu a teus pais, como hoje se vê.” (Deuteronômio
8.17 ,18)

Ninguém deveria achar que prosperou sozinho a ponto de se esquecer de Deus.


Cada indivíduo deveria reconhecer a bênção do Céu sobre si e ser grato por isto.
No caso de se esquecerem do Senhor, Ele usaria uma forma especial para chamar
a atenção do Seu povo: eles perderiam esta Sua bênção.
O Senhor sempre corrige o Seu povo, não porque Ele queira nos prejudicar, mas
justamente porque Ele nos ama e deseja o nosso melhor. Foi o que Ele fez nos
dias do profeta Ageu. Isto fica bem claro em Suas palavras ao povo:

“Agora, pois, considerai tudo o que está acontecendo desde aquele dia.
Antes de pordes pedra sobre pedra no templo do Senhor, antes daquele
tempo, alguém vinha a um monte de vinte medidas, e havia somente dez;
vinha ao lagar para tirar cinquenta, e havia somente vinte. Eu vos feri com
queimaduras, e com ferrugem, e com saraiva, em toda a obra das vossas
mãos; e não houve, entre vós, quem voltasse para mim, diz o Senhor.
Considerai, eu vos rogo, desde este dia em diante, desde o vigésimo quarto
dia do mês nono, desde o dia em que se fundou o templo do Senhor,
considerai nestas coisas. Já não há semente no celeiro. Além disso, a
videira, a figueira, a romeira e a oliveira não têm dado os seus frutos; mas,
desde este dia, vos abençoarei.” (Ageu 2.15-19)

Vemos que a insuficiência se estabeleceu como uma maldição na vida dos


israelitas. O estoque de grãos se dissipava antes de ser consumido. Toda
sorte de empecilhos à prosperidade instalou-se, impedindo assim a bênção
financeira.

Todo o esforço no trabalho era recompensado com perdas, mas assim que o povo
decidiu retomar a edificação da Casa de Deus, a frutificação começou a acontecer
de fato! O Senhor disse que os abençoaria a partir do dia em que voltassem a
investir o seu tempo, trabalho e recursos no Reino de Deus.
O problema de Israel era um só: o egoísmo e indiferença para com Deus. E este
não é apenas um problema do passado. Há muitos cristãos atualmente que estão
presos em seu egoísmo e não conseguem pensar em outra coisa além de si
mesmos. Quando nos recusamos a investir na Casa de Deus é porque queremos
usar em prol de nós mesmos os recursos que economizaremos nestas ofertas. Foi
o que aconteceu com Ananias e Safira, os quais, mesmo ofertando, continuavam
pensando em si mesmos. E Deus não pode abençoar este tipo de atitude!

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