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Salvador
2020
DOUGLAS ANTUNES LISBOA
Salvador
2020
AGRADECIMENTOS
No final deste percurso quero deixar a minha gratidão a todos aqueles cujo
contributo foi decisivo para concluir esta monografia.
Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, pela vocação e por ter me dado
forças, coragem e ânimo durante toda esta longa caminhada para não desistir diante
das adversidades e parar no meio do caminho, mas que guiado pela Sua santíssima
vontade e querer benevolente, me capacitou para enfrentar com hombridade a todo
e qualquer desafio. É Ele quem começa a obra em nós e também será Ele quem a
concluirá. Sou apenas mais uma de suas ovelhas, Ele, todavia, é o Chefe, Guia e
Mestre, o Pastor do rebanho.
Agradeço aos amigos de sempre e aos irmãos do Seminário Maria Mater Ecclesiae
do Brasil, minha primeira casa do início do curso de Teologia e ao Seminário Maior
São João Paulo II, esta onde pude passar com meus irmãos diocesanos os três
últimos anos de intensa fraternidade e companheirismo. Com vocês aprendi o que é
a caridade fraterna que logo a viveremos no presbitério.
E por último, porém não menos importante, agradeço à minha família, em especial
aos meus pais, ao meu avô Francisco (in memoriam) que sempre acreditou que eu
conseguiria, agora, me vê de onde está e por ele faço minha oração pela sua alma.
Aos meus irmãos que muito os amo. A todos que nunca deixaram de acreditar e
foram incentivadores para que esse dia pudesse chegar. Minha gratidão!
À
This paper aims to present the role of the presbyter, as the one who must follow
Jesus Christ´s example, the Good Shepherd, and learn with this, day by day, to be
compassionate to the sorrows and human suffering around him. So, the priest is,
under the light of the shepherd figure, who seeks to take care of his flock that suffer
physical or spiritual needs. It presents the presbyter like the “Alter Christus”
and reaffirms the importance of having a totaly life configured to Christ. Also, the
spiritual fatherhood lived by the ordained minister must be the fruit of a rich, deep,
and mature relationship of affection to Our Lord. It is possible, then, to affirm that
following the example of the Good Shepherd must be the objective of every presbyter
who aims to be a sign, a sacred person and a servant to all, whose the goal of
leading the herd according to the commandments of the true Shepherd, Jesus Christ.
Ed Edição
Sl Salmos
INTRODUÇÃO...........................................................................................................10
CONCLUSÃO............................................................................................................43
REFERÊNCIA............................................................................................................46
10
INTRODUÇÃO
Do sacerdote o que se espera? Que ele seja santo, dirão algumas pessoas.
Outras ainda, que seja um homem que apresente Deus aos outros. Embora, tudo
isso possa ser de fato necessário, é preciso que seja um homem de todo dedicado a
Deus a falar de Deus e a viver a partir Dele. O ministério lhe cobra isso e ainda muito
mais, no entanto, muitos padres deixam passar uma característica importante, senão
uma séria característica própria do ministério presbiteral, depois da santidade, que é
a de ser um pai espiritual para as pessoas.
A escolha do presente tema, que versa sobre a Paternidade Espiritual, como
objeto de estudo deste trabalho, justifica-se por ser uma grande riqueza, porém, que
pouco ou pouquíssimo se vê ou escuta falar. É como se o encontrasse oculto num
vaso de argila onde coubesse ao presbítero descobrir gradualmente no seu
ministério e dar-lhe a cada momento de sua vida o seu devido sentido e significado,
o seu lugar e sua urgente importância que, consequentemente, o acompanhará até
o fim da sua vida. De igual modo, a mesma paternidade do sacerdote se identifica
ao caráter que conduz o ofício do diretor espiritual, daquele sacerdote que
acompanha as pessoas nas horas mais difíceis, como se poderá ver neste trabalho
em seu primeiro capítulo.
Conforme cresce o amor a Deus, paralelamente o sacerdote vai aumentando
também o amor a seus irmãos e irmãs através do ministério que exerce. Assim deve
ser, pois isso é o que as pessoas esperam: que o amor vá crescendo, como de um
pai por seus filhos e filhas, numa relação de verdadeira entrega, de amizade fraterna
e de autêntica paternidade sobrenatural. À medida que o presbítero vai se
configurando a ser um Outro Cristo, Alter Christus, como veremos no segundo
capítulo, ele irá se encontrando inserido na vida de Cristo que também é a sua vida,
portanto.
A cultura pós-modernista, cotidianamente, segue com o propósito de
desacreditar de uma verdadeira relação entre o homem e Deus, buscando reduzir e
repudiar a Igreja pelos erros e os pecados dos homens, pelas misérias humanas. A
maneira que encontrou para fazer isto é atacando os sacerdotes, que, na sua
essência, são homens configurados ao seu sagrado ministério, que embora
possuam suas fraquezas, sejam homens também passíveis de suas fraquezas,
11
agem na pessoa do próprio Cristo Jesus, seja o padre quem ele for, o Cristo age por
meio dele.
O apelo de Bento XVI deve ressoar para cada um de nós como uma grande
valorização do ministério presbiteral e de certo modo, chama a devida atenção a
formação do presbítero. Escreve o papa: “Cristo precisa de sacerdotes que sejam
maduros, vigorosos, capazes de cultivar verdadeira paternidade espiritual. Para que
isso aconteça, servem a honestidade consigo mesmos, a abertura ao diretor
espiritual e a confiança na divina misericórdia. ” (Bento XVI, 2006)
Por isso, cada leitor perceberá seja ele presbítero, seminarista ou apenas um
fiel cristão ou não, que cada etapa desta pesquisa trata-se obviamente de um olhar
sério sobre a excelência do exercício ministerial prestado pelo presbítero a Igreja e
ao povo de Deus, assim como numa teologia ministerial ancorada pelo viés da
espiritualidade presbiteral, sem tampouco se descuidar de um ponto um tanto
quanto importante para a formação dos presbíteros, assim como dos candidatos às
Sagradas Ordens que é a identificação do presbítero à nosso Senhor Jesus Cristo, e
neste trabalho, poderá perceber isso muito claramente quando trata da caridade que
emana de Cristo, de que são homens chamados a apascentar o rebanho do Senhor
como apresenta o terceiro e último capítulo.
Enfim, é Ele quem fala diretamente ao coração dos que foram chamados a ser
pastores de almas e único responsável por fazer de seus candidatos alcançarem o
grau da verdadeira paternidade que está enraizada no ato mesmo de ser pastor,
abrindo espaço, permitindo que pela ordenação presbiteral o padre se torne,
conforme o Cristo, também um bom pastor para apascentar o pequeno rebanho que
lhe é confiado.
12
Convém olhar para o sofrimento que perpassa a vida humana e deixa intensos
sinais, muitas vezes marcados pelo vazio e desolação de um coração que se
encontra um tanto atribulado. É como uma parte integrante da vida do homem sobre
a terra, não existe, certamente, um modo de escapar às suas garras, o que é
possível, sim, é suportá-lo, como soube fazer tão íntimo a Jesus Cristo o apóstolo
São Paulo ao escrever às comunidades cristãs. À vista disso, o papa João Paulo II,
hoje santo da Igreja Católica, ao escrever aos cristãos, no tempo preparatório para o
Ano da Redenção, a sua Carta Apostólica sobre o sentido cristão do sofrimento
humano – Salvifici Doloris - destaca
Trata-se de um tema universal, que acompanha o homem em todos
os quadrantes da longitude e latitude terrestre; que num certo
sentido, coexiste com ele no mundo; e, por isso, exige ser
constantemente retomado [...] aquilo que nós exprimimos com a
palavra „sofrimento‟ parece entender particularmente algo essencial à
natureza humana. É algo tão profundo como o homem, precisamente
porque manifesta, a seu modo, aquela profundidade que é própria do
homem e, a seu modo, a supera. (SD, 1984, n. 2).
1
Cf. Tg 5, 14-15.
2
Cf. Hb 5, 1.
14
O que faz que seja tão importante a função do padre? O santo patrono dos
padres, São João Batista Maria Vianney, muito mais conhecido por Santo Cura
d‟Ars, pároco por toda a vida no pequeno vilarejo de Ars, no interior da França, tinha
o costume de expressar o seu amor ao próprio sacerdócio que exercia e a grande
importância da pessoa do padre quando de forma eloquente dizia,
Se não tivéssemos o sacramento da Ordem, não teríamos Nosso
Senhor. Quem o colocou no tabernáculo? O padre. Quem foi que
recebeu nossa alma à entrada da vida? O padre. Quem a alimenta
para lhe dar força de fazer sua peregrinação? O padre.
Quem a preparará para comparecer perante Deus, lavando a alma
pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O padre, sempre o
padre. E se alma vier a morrer, quem a ressuscitará, quem lhe dará a
calma e a paz? Ainda o padre.
O Sacerdote não é para si, mas para vós. (CURA D‟ARS, 1859)
3
No Antigo Testamento, o sumo-sacerdote era o ministro de mais alto cargo que podia fazer a oferta
do sacrifício e as imolações de animais como oferenda a Deus. O antigo sacerdócio, portanto,
encontra em Cristo o seu pleno cumprimento. O sacerdote “hiereus” que é Cristo descrito na Carta
aos Hebreus passa a “archiereus”, sumo sacerdote, a partir de Cristo o sacerdócio assume uma nova
configuração, é capaz de uma relação com Deus, digno de fé, é misericordioso, somente ele pode
oferecer um sacrifício perfeito. Deixado para trás os esquemas antigos, se abre profundamente a uma
riqueza do mistério de Cristo, observa-se uma plenitude de sentido do sacerdócio e a sua nova
concepção sacerdotal que culmina na ação e na vida sacerdotal de Cristo.
15
honra, senão aquele que foi chamado por Deus, como Aarão. (Hb 5,
1-5)
4
Não é pretensão nossa apresentar uma superioridade do corpo sobre a alma e vice-versa. O que
pretendemos fazer é tão somente mostrar que um corpo fragilizado, é, de certo, como ensina a
Antropologia Teológica, uma realidade que está em unidade com o princípio vital, a alma. Não há
inferioridade nem muito menos superioridade de um princípio pelo outro, como ensinou alguns
filósofos. O ser humano é uma unidade não-monista e uma dualidade não-dualista. É uma unidade
dual um ser constituído por princípios distintos.
16
O padre, a exemplo de Cristo, deve ser esse pastor que sente compaixão das
dores de um e de outro, e por isso se aproxima para tratá-las, tocá-las, por fim, para
fazer com que cada pessoa possa, de fato, experimentar a cura das suas
enfermidades. É parte crucial da vida do padre a entrega de si, doar-se por inteiro
em corresponder com amor ao seu ministério para que dessa forma possa mostrar
zelo pelas pessoas que lhes foram confiadas, e, quando uma pessoa que encontra-
se sofrendo o for procurar, ele é chamado a se lembrar que o seu sacerdócio não é
para si, senão para aqueles que mais precisam, como diria o Santo Cura d‟Ars.
Cristo, ao se comover com o sofrimento da humanidade, não apenas se
permitiu ser tocado pelos enfermos, mas ele mesmo quis se tornar um na sua
própria carne. O Filho de Deus, ao assumir a condição humana a assumiu em tudo,
exceto no pecado. Todas as nossas misérias ele as levou em sua cruz, como
noutros tempos escreveu o profeta Isaías, fazendo já uma prefiguração do
sofrimento do Filho de Deus, que passaria por uma morte ignominiosa, cruel,
dolorosa ao seu extremo, pela vergonhosa e sofrida morte de cruz. 5
É mediante os sacramentos que Cristo continua a tocar as enfermidades do
homem6 e permanece sempre atento a ouvir os lamentos do seu povo sofredor para
curá-lo quando este o invoca. 7 Ora, não é também mediante o sacerdote que Cristo
está e continua sendo mais uma e outra vez aquele mesmo Bom Pastor, que
permanece agindo compassivo, misericordioso, solidário para com os que sofrem?
“Dar-se é sacrificar-se pelos outros” exclama Dom Rafael Llano Cifuente (2009, p.
219), e o sacerdote atento a esta recomendação do bispo é chamado a fazê-lo e sê-
lo assim de modo constante.
O sofrimento, de fato, é sempre um mistério que coexiste na vida humana.
Todavia, é preciso vivê-lo tendo os olhos fixos em Nosso Senhor e no mistério
Pascal da sua Cruz e sua Ressurreição. O Apóstolo já nos consola quando em certa
altura de seu apostolado exclamou não buscar viver se gloriando nas coisas deste
5
Cf. Is 53, 4.
6
Cf. CIgC, 1504.
7
Cf. Sl 30, 2.
17
mundo passageiro, mas sim, gloriar-se somente da cruz de nosso Senhor, Jesus
Cristo (Cf. Gl 6, 14). Distanciá-lo da Cruz deve fazê-lo ainda mais doloroso. O padre,
ao ter contato com um enfermo, apresenta a fraqueza corporal daquela pessoa à
graça restauradora e misericordiosa de Cristo, e observa tudo isto com um coração
de pai, agindo com caridade e na caridade, não assustando a pessoa que se
encontra enferma, mas a exortando a viver esse tempo buscando se confiar
inteiramente aos cuidados de Deus.
A Ressurreição de Cristo revelou ao homem a glória que estará para sempre
contida no seu próprio sofrimento que se realizou em sua cruz. 8 É isto para a Igreja e
seus presbíteros como a expressão da sua grandeza espiritual, isto é, como uma
fonte donde continuamente verte todo sentido do incomparável amor de Cristo, Filho
de Deus, pelos homens que teve como ápice dar a própria vida em prol de todos.
O papa São João Paulo II, pensando nas diversas formas como o sofrimento
pode penetrar na vida humana, mostra ao homem contemporâneo, em sua Carta
Apostólica, o exemplo do Apóstolo dos gentios, que de nada adianta sofrer se não
for para participar da vida em Cristo.9 Todavia, a participação nos sofrimentos de
Cristo só se dá, de fato, ao passo que o próprio Senhor a possibilitar, isto é, permitir
ao homem de experimentá-lo. Assim, diz-nos, com palavras vivas o Santo Apóstolo
que sentiu no seu próprio corpo os sofrimentos do Senhor “Com Cristo estou
cravado na Cruz; e já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim.” 10
À luz destas palavras, a Salvifici Doloris, quer, precisamente, que o ser humano
perceba como deve relacionar, ou melhor, como conformar a sua vida e seus
sofrimentos aos de Cristo crucificado para que seja capaz de apontar a direção certa
aos muitos que estão desorientados em seus sofrimentos.
Enfim, as palavras do Santo Padre acerca do sentido do sofrimento humano,
desperta-nos, a perceber que o presbítero é sim aquela pessoa que à imagem do
Bom Pastor se compadece das dores e dos sofrimentos humanos nas suas múltiplas
facetas. Desta noção surge-nos agora uma seguinte questão: qual é afinal a missão
do presbítero após tomar conhecimento da importante Carta Apostólica e que
ensinamentos se poderá obter a partir dela?
8
Cf. SD, 22.
9
Cf. Cl 1, 24.
10
Cf. Gl 2, 19-20.
18
É o padre quem deverá ser misericordioso com os seus fiéis e todos os que
lhe procurarem quando tudo parecer “calvário” e eles, com suas dificuldades já não
forem mais capazes de conduzir sozinhos a própria cruz no seu caminho diário. Não
será possível ao padre encontrar uma resposta válida para o problema do sentido do
sofrimento quando lhe fizerem este questionamento cruel, senão tendo presente a
vida de Jesus e todo o seu sofrimento. Quanto a isto, nota-se que a Carta Apostólica
já referenciada é e deve ser, para o padre, como um livro de sua cabeceira, a dirigir
seus pensamentos e sua vida no ministério da caridade e do serviço para com
outrem, de forma que saiba ser compassivo e misericordioso como o bondoso e
terno Pastor, modelo para todo sacerdote: Jesus Cristo, nosso Senhor.
O Papa, mostrando-se conhecedor da temática, apresenta reflexões
riquíssimas que são úteis para gerar maior consciência acerca do sentido do
sofrimento humano e deste profundo mistério, que é, e que se mostra
19
É somente sob a ótica do inseparável amor de Cristo, amor este, que é capaz
de superar todo e qualquer obstáculo, que poder-se-à exclamar segundo o Apóstolo,
na certeza de que nada obstaculiza no relacionamento daquele que
verdadeiramente ama o Senhor, e, pode, assim, enfrentar tudo o que vier, conforme
se lê em suas expressivas palavras:
Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação, angústia,
perseguição, fome, nudez, perigo, espada? Com efeito, está escrito:
„Por tua causa somos entregues à morte, o dia todo; fomos
considerados como ovelhas de matadouro‟.
Em tudo isso, porém, somos mais que vencedores, graças àquele
que nos amou. Tenho certeza de que nem a morte, nem a vida, nem
anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as
potestades, nem a altura, nem a profundeza, nem outra criatura
qualquer será capaz de nos separar do amor de Deus, que está em
Cristo Jesus, nosso Senhor. (Rm 8, 35-39).
Por isso, que tão somente no amor do padre em Jesus Cristo que se poderá
encontrar a força necessária para suportar com a caridade os sofrimentos tais como
se apresentam hoje à vida humana. Porém, não será em qualquer amor, mas tão
exclusivamente no amor oblativo do Deus que se encarnou feito homem e que se
fez sacrifício pela humanidade é que então Nele encontraremos essa força. Este
mesmo amor que se encontra escondido através das dores e dos sofrimentos do
homem, é unido, mais uma vez, aos do Senhor e da sua Cruz, e que se encontra,
portanto, de forma suprema no doloroso calvário dos acontecimentos diários e
corriqueiros, cujo sacerdote, muitas vezes, é o responsável por conduzir o ser
humano neste pesado caminho.
Outrossim, a missão do padre parece-nos, aqui, ser a de conduzir os seus
filhos espirituais, os seus paroquianos, rumo à verdadeira contemplação dos
sofrimentos e da Cruz do Senhor, buscando essa assimilação em conformá-los à ela
20
11
Cf. Mt 25.
21
exceção. [...] todos os que sofrem foram chamados, de uma vez para
sempre, a tornarem-se participantes “dos sofrimentos de Cristo”12.
Cristo ensinou o homem a fazer o bem com o sofrimento, e ao
mesmo tempo, a fazer o bem a quem sofre. Sobre este duplo
aspecto, revelou cabalmente o sentido do sofrimento. (SD, 1984, n.
30)
O presbítero, à luz da figura do pastor, é aquele que busca sempre cuidar das
ovelhas do seu rebanho e que vai ao encontro daquelas que sofrem seja de uma
necessidade física ou espiritual para lhes dar atenção necessária.
É esse mesmo exemplo de Cristo para com seu rebanho que deverá, de igual
modo, pautar o ministério sacerdotal exercido pelo presbítero em favor dos homens.
12
Cf. Cl 1, 24.
22
O padre é, também, chamado a dar a vida, se preciso for, por uma ou por todas as
almas que lhe forem confiadas. É sua obrigação de pastor conhecê-las, reunir
aquelas que se dispersaram, chamá-las pelo nome e apascentá-las novamente ao
seu redio. Por essa razão, muitas vezes será preciso ir à procura das que se
perderam e não conseguem mais retornar sozinhas, das que estão cansadas, que
se entregaram ao desânimo e que precisam do cuidado e da atenção do pastor.
Cuidar de almas deve significar, para o padre, o imperativo do Apóstolo: “Para
todos eu me fiz tudo, para certamente salvar alguns” (1 Cor 9, 22). Mas isso não faz
qualquer espécie de pastor, senão aquele que o faz dando-se por amor, por uma
total entrega, que o faz com o próprio ser sem medir as próprias consequências. O
pastor de ovelhas que sabe dar a vida por elas, como fez nosso Senhor ao afirmar
“Eu dou minha vida pelas ovelhas” (Jo 10, 15) é figura real de Cristo que na cruz deu
a vida pelo seu povo, que se entregou pelo próximo como uma vítima a fim de lograr
a liberdade aos que se encontravam oprimidos pelo jugo pesado do pecado.
O papa Bento XVI, emérito como Pontífice Romano desde o ano dois mil e
treze e que possui belíssimos, profundos e teológicos escritos a respeito do
sacerdócio, expressa, de forma um tanto significativa, a seriedade da entrega e da
missão do presbítero, que nos revela a centralidade do cuidado pastoral:
Se eu anuncio o Evangelho, não é para mim motivo de glória, é antes
uma obrigação [...]: ai de mim se eu não evangelizar!... De fato,
embora livre em relação a todos, fiz-me servo de todos, para ganhar
o maior número [...]. Fiz-me tudo para todos, para salvar alguns a
qualquer custo” (1Cor 9,16-22). Estas palavras, que são o
autorretrato do apóstolo, dão-nos também o retrato de cada
sacerdote. Este “fazer-se tudo para todos” exprime-se na
proximidade cotidiana, na atenção prestada a cada pessoa e [cada]
família. (BENTO XVI. 2010, p. 52)
De que vale tudo o que foi visto até então, se antes, primeiramente, a vida do
presbítero não estivesse unida essencialmente a Cristo? Esse questionamento nos
conduz a uma reflexão sobre as palavras da Exortação Pós-Sinodal de 1990: “a vida
e o ministério do sacerdote são a continuação da vida e da ação do próprio Cristo.
Esta é a nossa identidade, a nossa verdadeira dignidade, a fonte da nossa alegria, a
certeza da nossa vida” (PDV, 1992, n. 18). O sacerdote é aquele que procura dar
continuidade à vida de Cristo, ou, ainda, como vemos, o sacerdote é aquele que
procura ser completamente um e o mesmo com Ele, fazendo desse modo que possa
ser modelo a expressão paulina “eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim”(Gl
2, 20).
Ao reconhecer a grandeza do ministério sacerdotal, percebe-se o quanto o
Apóstolo, em sua fala, demonstra estar completo e totalmente entregue a uma vida
segundo o ideal de Nosso Senhor. Assemelhar-se, portanto, a Cristo é missão
sobretudo de todo cristão, não importa em qual hierarquia se esteja inserido “é
Cristo que vive em mim [nós]”. O sacerdote, esse homem que se consagrou a Deus,
é chamado constantemente a ser uma imagem viva de Jesus Cristo no meio do
povo ao qual está a serviço, não obstante as suas muitas fraquezas humanas,
Cristo, ele mesmo é que há de realizar na vida sacerdotal a sua vontade e a sua
graça.
É preciso, contanto, que sejamos capazes de fazer refletir em nossa vida a vida
mesma Dele, desse modo, efetivamente, não somente o sacerdote enquanto
ministro configurado a Cristo pelo Sacramento da Ordem, enquanto aquele que é
como um Alter Christus, mas, de igual maneira, todo o Povo de Deus, que antes,
todos eleitos segundo a presciência divina são também vocacionados a essa mesma
identificação com o próprio Senhor, e, fazem, assim, parte do sacerdócio comum
dos fiéis instaurado a partir Dele pelo batismo em favor de seu Corpo Místico: a
Igreja.
13
Cf. Fl 2, 5
14
SANTOS, João Marques Ferreira dos. A paternidade dos Padres da Igreja segundo o
Commonitorium de Vicente de Lérins. 2014. 127 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Teologia,
Faculdade de Teologia, Universidade Católica de Portugal, Lisboa, 2014. p. 29. Disponível em:
https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/14723/1/A%20paternidade%20dos%20Padres%20da%2
0Igreja%20segundo%20o%20Commonitorium.pdf. Acesso em: 24 nov. 2020.
15
“Memento non tibi Patrem manifestatum esse quod Deus est, sed Deum manifestatum esse quod
Pater est” HILÁRIO DE POITIERS, De Trinitate, III, 22 (ed. J. DOIGNON), SCh 443, Cerf, Paris 1999,
376.
28
16
Homilia, 9 de abril de 2009.
29
eficácia desse encontro por meio dos milagres e as muitas graças que o Senhor
realiza pelas pessoas.
Exprime-se, assim, cada vez mais claro que Jesus buscou absolutamente ser
de forma plena a imagem do Pai Criador, e nisto consiste sua atenção às pessoas
mais necessitadas de cuidado àquelas que, na sua época, viviam à margem da
sociedade, esquecidas; as crianças, os idosos, as viúvas, os cegos, os coxos, os
mudos e surdos, os possessos, enfim. O amor que outrora Ele dedicara aos
discípulos e a esses, constata-se, ativa e compassivamente no ato da cruz, dando a
própria vida como expressão máxima da sua existência em favor de todos esses
aqui citados.
A paternidade espiritual do sacerdote é fruto da rica, intensa e madura relação
de afeto com o Senhor, senão não faria sentido algum chamar um sacerdote de pai
se antes a fonte dessa paternidade não emanasse da sua configuração plasmada no
seu próprio ser ao ser mesmo de Cristo após a ordenação presbiteral. O sacerdócio
de Cristo foi e é orientado e também vinculado em todo tempo a uma enraizada vida
de oração, não diferente será a do presbítero, chamado a uma intensa e profunda
vida espiritual para levar adiante o seu exercício ministerial, agora um Alter Christus.
Note-se bem que, nesta união com Cristo, o quanto é importante a rendição do
presbítero a ser e fazer aquilo que é não a sua própria vontade, ainda que muitas
vezes ela seja provada pelo crivo da dor e do sofrimento, e com o Senhor não foi
muito diferente, contanto que lhe seja fiel como foi o Verbo Encarnado em toda a
vida terrena: “Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a
minha vontade, mas a tua!” (Lc 22, 42)
A vida de Cristo, ainda assim, é um reflexo fiel da paternidade de Deus, a do
sacerdote, seu ministro, todavia, não dista também de sê-lo. Observemos quando o
Senhor diz a Filipe: “quem me viu, viu o Pai” 17, afirmação esta, fruto de uma
necessidade do apóstolo de conhecer afinal quem é Deus, mas surpreendido pela
resposta do Senhor sendo que Ele é no Pai e o Pai se revela a partir do Filho,
descobre assim que o Filho era ele mesmo, a imagem plasmada do Eterno Pai.
A maior alegria do sacerdote é poder plasmar a imagem de Jesus
Cristo em seu corpo, em sua vida, em sua forma de se relacionar, de
comunicar-se e em toda sua realidade humana e integral. E, assim
mesmo refletir a paternidade de Deus manifesta em Jesus Cristo, a
17
Cf. Jo, 14,9
30
Isto consiste que Jesus, em toda sua existência, não fez outra coisa senão
revelar o Pai, visto que toda a sua vida encarnada fora uma autêntica revelação da
paternidade Divina. Assim, pois, o sacerdote, pelo mistério de sua vocação, mostra-
nos a imagem do Verbo Encarnado, Jesus Cristo, e, portanto, fruto dessa sua
relação com Deus, aponta-nos, dessa forma, o Filho Eterno como modelo autêntico
de paternidade em tudo semelhante ao Pai.
18
Bento XVI em seu discurso, 22 de dezembro de 2006.
31
Através da oração, seja o padre, seja o fiel leigo, ambos são chamados a uma
vida de oração e de identificação com Aquele com quem fala. Somos todos
convidados a entrar num diálogo com Deus, e esse se torna tão verdadeiro quando
o fazemos por nossa própria iniciativa, ou seja, de forma livre, sem nenhuma
censura ou opressão por parte de outrem.
O presbítero que aqui estamos vendo é uma pessoa, um homem, alguém que
foi consagrado ao Senhor para servir naquilo que lhe compete, e é em todo instante
visto como aquele que fez sua adesão com todo o seu ser a uma identidade divina.
Decerto, não nos enganamos ou estamos num caminho contrário se pensamos
assim, pois as pessoas necessitam de Deus, e esperam encontrar no padre o rosto
do próprio Deus, presente o amor, a misericórdia a atenção que poderá se perceber
no rosto humano do presbítero. Os Padres Sinodais, em 1990, expressaram isso
muito claramente ao compreenderem que trazer em si a imagem do Cristo
Sacerdote, implica, todavia, também entender o aspecto relacional da identidade do
presbítero que é donde nasce esse estar em comunhão com Deus:
O presbítero, de fato, em virtude da consagração que recebe pelo
sacramento da Ordem, é enviado pelo Pai, através de Jesus Cristo,
ao qual como Cabeça e Pastor do seu povo é configurado, de modo
especial, para viver e atuar, na força do Espírito Santo, ao serviço da
Igreja e para a salvação do mundo. (PDV, 1992, n. 12)
O padre é esse homem que está sempre em busca de ser o rosto de Cristo
presente no mundo mediante o seu ministério sagrado. O apostolado do presbítero
se realiza no ato de viver e atuar como aquela pessoa que foi destinada a ser em
toda sua vida um serviço, a ser alguém que se pôs a serviço de todos,
principalmente daqueles que mais precisam. Ainda assim, essa comunhão com
Deus se expressa no sentido profundo do dom da vocação sacerdotal que é: ser
homem de Deus, a serviço do Reino em comunhão com Cristo. 19 É preciso,
sobretudo, uma vida constante em busca de uma relação de proximidade com
Cristo, que se baseia justamente na escuta de sua Palavra, até o ponto da
unificação da própria vida ministerial em Cristo Jesus. Diz-nos o papa emérito, “do
presbítero, os fiéis esperam somente uma coisa: que seja especialista na promoção
do encontro com Deus. [...] Dele espera-se que seja perito em vida
espiritual.”(BENTO XVI, 2010, p. 31)20
19
Cf. CARRARA, 2019, p. 57.
20
Discurso, 25 de maio de 2006, Pensamentos sobre o sacerdócio.
32
21
Cf. Curso sobre Direção Espiritual, p. 226.
33
Não é somente naquilo que o padre faz que manifesta sua paternidade, mas,
também, no que ele é, no dom de si mesmo por amor ao seu rebanho. Ele torna
presente para a comunidade o Cristo Esposo, Cabeça e Pastor da Igreja. É, pois, ele
também pastor, esposo e servo da Igreja. Como pais, como diretores espirituais, os
padres são reflexo da paternidade divina e, portanto, traduzem em sua vida o amor
criador e misericordioso de Deus Pai. Afinal, deve ser o “cuidador” do seu povo e
sobretudo, deve estar em comunhão com Deus.
34
22
A palavra mais usual para designar o ministério presbiteral é “padre”, e comumente a utilizamos
dessa forma que, literalmente significa “pai”. O padre é o pai espiritual de uma comunidade paroquial
onde ele está inserido para exercer o seu pastoreio a pedido do Bispo diocesano, responsável por
dirigir pastoralmente uma porção do Rebanho do Senhor, sua grei.
23
É uma expressão bíblica derivada do termo com origem no aramaico, que significa “pai”, “pai
querido”, uma relação íntima entre pai e filho.
35
26
Cf. DAp, 2007, n. 198.
27
Cf. Diretrizes para a formação dos presbíteros da Igreja no Brasil - Documento da CNBB - 110,
2019, n. 41.
28
CNBB - Doc 110, 2019, n. 41.
37
o presbítero tem pelo ministério e como desempenha seus ofícios, olhemos como
ele manifesta seu amor à Eucaristia e o seu inestimável valor. Assim nos diz a
Congregação para o Clero:
Deverá, por isso, aprender a unir-se intimamente à oferta, colocando
sobre o altar do sacrifício (...) No dom permanente do Sacrifício
eucarístico, memorial da morte e da ressurreição de Jesus, os
sacerdotes receberam sacramentalmente a capacidade única e
singular de levar aos homens, como ministros, o testemunho do amor
inexaurível de Deus. (CONGREGAÇÃO PARA O CLERO, 1999, p.
53)
29
"Assistencialismo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020,
https://dicionario.priberam.org/assistencialismo Acesso em 23-11-2020.
30
ASSISTENCIALISMO. In: DICIO, Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2020. Disponível
em: https://www.dicio.com.br/assistencialismo/ Acesso em: 23/11/2020.
31
CNBB - Doc 110, 2019, n. 42.
38
Contudo, o objetivo para esta nossa colocação é tão unicamente reafirmá-la ainda
mais como verdadeira, tanto quanto real.
A Pastores Dabo Vobis, por sua vez, quando se refere à formação dos
candidatos ao sacerdócio ministerial de Nosso Senhor Jesus Cristo, mestre,
sacerdote e pastor, recorda-nos o cuidado de defender e valorizar a mesma
caridade que possui o Mestre e Pastor, para que a partir do presbítero, ou, nos seus
candidatos, possamos encontrar essa mesma e rica fonte donde nasce a
configuração ao Cristo,
É a comunhão cada vez mais profunda com a caridade pastoral de
Jesus, a qual, como constituiu o princípio e a força do seu agir
salvífico, assim, graças à efusão do Espírito Santo no sacramento da
Ordem, deve constituir o princípio e a força do ministério do
presbítero. Trata-se, efetivamente, de uma formação destinada não
apenas a assegurar uma competência pastoral científica e uma
habilitação operativa, mas e sobretudo a garantir o crescimento de
um modo de ser em comunhão com os mesmos sentimentos e
comportamentos de Cristo, Bom Pastor: “tende entre vós os mesmos
sentimentos que existiram em Jesus Cristo” (Fl 2,5). (PDV, 1992, n.
57)
32
Pastores Dabo Vobis n. 58.
33
CNBB - Doc 110, 2018, n.42.
41
34
CNBB - Doc 110, 2018, n. 51.
35
Jo 10, 1-21.
42
Por alguma razão, pode ser que o caminho seja difícil, repleto de obstáculos,
pois, na verdade, a cruz irá pesar e fazer com o que o padre se canse. Contudo,
cada presbítero é chamado a estar sempre atento à voz do Supremo Pastor, do
Chefe e Guia do rebanho, Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo é quem irá tornar
cada presbítero, cada padre diocesano, em suas muitas situações, solícito em
atender às necessidades do seu rebanho e ser para eles um verdadeiro pastor,
senão um bom pastor.
43
CONCLUSÃO
Ao encerrar esta monografia podemos fazer um resumo do todo que aqui foi
exposto e concluir que, o presbítero, seja ele quem for, será sempre um pastor que é
colocado no meio de uma parte do rebanho do Senhor para apascentar conforme a
sua divina vontade e ser um “outro Cristo”. Contudo, observemos que fazer agora
uma retrospectiva das nossas ideias aqui apresentadas, será, uma vez mais, para
reafirmar o mais importante, a saber, que à luz de Cristo Jesus o sacerdote é
também um amigo, um pai, um pastor que irá acompanhar-nos por toda a vida.
Certamente ele irá acompanhar-nos desde o nosso nascer até o morrer, como
vimos o que foi explanado no primeiro capítulo desta monografia, que sempre será
uma presença misericordiosa, paterna e acolhedora, amorosa e solidária para com
os mais necessitados. O padre é, por isso, homem inteiramente dedicado a Deus e
às coisas d‟Ele, e não será de outra forma, senão alguém que foi capaz de abrir
mãos de suas próprias vontades para apascentar o pequeno rebanho do Senhor.
Vimos ainda que, o sinal externo e tão perceptível do pastor preocupado com o
rebanho, como nos apresentou alguns fragmentos se mostra através da assistência
pelos sacramentos. Estes são os sinais da presença sagrada de Cristo na Igreja,
como já o sabemos, mas será o presbítero aquele que transmitirá essa graça às
pessoas. Na hora de conferir a escuta dos pecados mediante o sacramento da
reconciliação ou penitência, ao dar a absolvição, o aconselhamento, ali não vemos
mais o padre, homem, comum como todos, mas com algo um tanto essencial para
poder realizar aquilo que a nós, que a um leigo comum não foi concedido, o
sacramento da Ordem, o padre, por sua vez, o fará perdoando, sendo
misericordioso.
O sofrimento é essa via de mão dupla pela qual o ser humano ao se deparar
pode chegar ao conhecimento de si mesmo ou até mesmo se perder em busca do
sentido da vida. No entanto, o padre, ser humano que também passa pelo
sofrimento, será em todo tempo para nós como o bom samaritano assim como foi
para aquele corpo jogado ao chão, ferido e marcado pela dor e o sofrer um alento,
um bálsamo, um sinal da misericórdia paterna de Deus. Por isso, o presbítero,
homem consagrado a Deus para o serviço, a Igreja e a seu povo, será transmissor
da graça, do amor, da misericórdia do Pai que nos alcança quando feridos pelos
males, pelo pecado e as chagas da nossa natureza humana.
44
também sua função, porém, ele não o faz em busca de honras, de troféus, ou de
reconhecimento humano senão porque é a sua missão assistir a comunidade dos
fiéis, e dar, se preciso for, além do alimento, de uma roupa, da palavra, de uma
atenção, a própria vida, como fez Nosso Senhor oferecendo-se como Bom Pastor.
A paternidade, não a biológica, mas sim a paternidade espiritual, é a forma pela
qual o sacerdote exerce o seu múnus de pastor entre a humanidade em suas muitas
e diversas circunstâncias da vida. É mediante esse belo e árduo ministério que ele
apascenta o rebanho, que administra, que conduz, orienta as pessoas quer seja pela
confissão, pela direção espiritual, ou ainda pela preocupação cotidiana de pastor de
vidas.
Assim sendo, o presbítero, conforme exemplo do Sumo e Eterno Pastor, será
sempre pai, não a um modo tão convencional como vemos, senão agora de outra
forma, segundo o exemplo de Cristo, pelo empenho da vida sacerdotal, o
testemunho ao qual o presbítero é identificado, o de ser sinal da presença do Pai em
meio aos homens pela pessoa do seu Filho Eterno, Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Apascenta as minhas ovelhas, eis o pedido que nos faz o próprio Senhor, Chefe,
Guia e Pastor do rebanho.
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REFERÊNCIAS
Fonte:
BÍBLIA SAGRADA. Trad. Oficial CNBB. 3. ed. Brasília-DF: Edições CNBB, 2019.
Documentos do Magistério:
SÃO JOÃO PAULO II. O sentido cristão do sofrimento humano: carta apostólica
salvifici doloris. 11. ed. São Paulo: Paulinas, 1988.
Autores:
CIFUENTES, Rafael Llano. Sacerdotes para o terceiro milênio. 10. ed. Aparecida,
Sp: Editora Santuário, 2009.
XVI, Bento. Pensamentos sobre o sacerdócio. 2. ed. São Paulo: Edições Loyola,
2010.