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A Congregação Cristã no Brasil, fundada em 1910 pelo italiano Louis Francescon, durante anos esteve entre
as igrejas que mais crescem no Brasil. Apesar dos seus equívocos doutrinários, não chega a ser considerada
uma seita herética, ainda que grande número das doutrinas que esposa sejam verdadeiras heresias, uma
vez que são mantidas em prejuízo da integridade do Evangelho.
Só este aspecto dessa igreja justifica o seu estudo no contexto deste livro.
1. GUERRA DECLARADA
Durante vários anos a Congregação Cristã no Brasil tem sido conhecida não só pela sua doutrina, mas
também pela tenacidade com que se opõe às demais igrejas evangélicas do Brasil.
2. O PASTOR
O ensino de que a Igreja não deve ter nenhum pastor além de Jesus Cristo está em desarmonia com o
ensino do apóstolo, na sua carta aos Efésios:
"E a graça foi concedida a cada um de nós segundo o propósito do dom de Cristo. Por isso diz: Quando ele
subiu às alturas, levou cativo o cativeiro, e concedeu dons aos homens... E ele mesmo concedeu uns para
apóstolo, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com vista ao
aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço para a edificação do corpo de Cristo, até
que todos cheguemos à unidade da fé e ao pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à
medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos meninos, agitados de um lado para
outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que
induzem ao erro" (Ef 4.7,8,11-14; ênfase minha).
O ensino implícito no texto de Paulo é que:
a. O pastor é um dom de Deus à sua Igreja (v. 8, cf. Jr 3.15).
b. A função do pastor tem propósitos específicos dentro da Igreja de Cristo, como seja:
• aperfeiçoamento dos santos;
• desempenho do serviço divino;
• edificação do Corpo de Cristo.
Quanto ao pastor e sua função junto ao Corpo de Cristo, que é a Igreja, declaram ainda os apóstolos Paulo
e Pedro:
"Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para
pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue" (At 20.28).
"Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangidos, mas espontaneamente, como Deus
quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram
confiados, antes tornando-vos modelos do rebanho" (l Pe 5.2,3).
O Sustento do Pastor
Quanto ao sustento remunerado do pastor e daqueles que dão tempo integral à obra de Deus, é isto uma
recomendação bíblica. Vejam-se os exemplos:
a. Paulo recebeu salário de determinadas igrejas para servir aos crentes em Corinto (2 Co 11.8).
b. O pastor que emprega tempo integral na assistência à igreja é digno do seu salário (1 Tm 5.18).
c. Paulo ensinou à igreja de Corinto a sustentar os pregadores do Evangelho (1 Co 9.4-14).
d. Timóteo foi advertido por Paulo a não cuidar dos negócios seculares
para se sustentar (2 Tm 2.4).
e. Pedro disse que a única ocupação dele e de seus companheiros de
ministério era a oração e a pregação (At 6.4).
f. Os apóstolos de Jesus viviam das ofertas que recebiam. Em João 12.6 lemos que existia uma bolsa onde
eram depositadas as contribuições para o sustento dos discípulos, e Judas fazia as compras com o dinheiro
aí depositado (Jo 13.29).
3. O PROBLEMA DO VÉU
Em 1 Coríntios 11, Paulo escreve uma longa apologia com respeito ao véu e seu uso na comunidade cristã
de Corinto.
Nos dias da Igreja Primitiva, a mulher que não usasse véu nos cultos públicos agia como se tivesse rapado a
cabeça. Ora, a cabeça rapada era algo repugnante para os judeus, já que só as adúlteras tinham a sua
cabeça rapada, como castigo do seu crime (Nm 5.18). O mesmo acontecia com as escravas, e, às vezes, com
as mulheres em luto, mas isso não era usual para as mulheres que estavam no seu estado normal.
A passagem de 1 Coríntios 11, segundo o comentador Russel Norman Champlin, "ilustra o perene problema
que há entre os costumes sociais e a moralidade cristã". Segundo Champlin, Paulo escreve aqui do ponto
de vista de um rabino, como representante da antiga cultura judaica. Porventura tais costumes
continuariam sendo obrigatórios para nós hoje em dia, quando as coisas são tão radicalmente diferentes,
em aspectos como o vestuário, e, sobretudo, no que tange à nossa ideia acerca da posição da mulher nos
dias atuais? Acreditamos que, visto que os costumes sociais mudaram, as exigências deste tempo também
mudaram (O Novo Testamento Comentado, vol. IV).
Uma vez que nenhum estigma ou impropério é lançado hoje sobre uma mulher que não usa véu, cremos
que o apóstolo Paulo, se vivesse hoje, nem ao menos teria abordado o assunto. Não obstante, podemos
perceber que esse apelo em prol do uso de cabelos crescidos pelas mulheres poderia permanecer firme.
Se a Congregação Cristã no Brasil diz obedecer a essa orientação de Paulo quanto ao uso do véu, suas
mulheres deveriam usá-lo, não apenas no culto, mas também, de acordo com o contexto histórico, em
público, porquanto nenhuma mulher crente da época apostólica pensaria ser apanhada na rua sem véu.
Esta atitude da Congregação é condenável, não pelo fato de suas mulheres usarem o véu durante o culto,
mas pela maneira irracional com que condenam o seu desuso nas demais igrejas.
4. O PROBLEMA DO ÓSCULO
O ósculo era uma maneira comum de saudação entre os orientais, muito antes mesmo do estabelecimento
do Cristianismo. Servia aos judeus nas suas saudações, tanto nas despedidas como também na forma de
demonstração geral de afeto. O ósculo era entre os orientais uma expressão de saudações e respeito tão
comum quanto o aperto de mãos ou o abraço, na nossa cultura.
Na igreja primitiva, o ósculo era simplesmente uma parte da saudação, quando os crentes se reuniam em
seus cultos públicos. Porém, não demorou muito até que fosse transferido para a própria liturgia,
primeiramente como um sinal de despedida, após a oração final, que encerrava cada reunião, mas,
finalmente, como parte do rito da Santa Ceia do Senhor. Houve regiões em que esta prática perdurou até o
final do século III.
O ósculo santo entre os crentes primitivos não se limitava a ser praticado mulher com mulher e homem
como homem, como hoje fazem os irmãos membros da Congregação Cristã no Brasil. Os costumes
orientais indicam que o ósculo santo era aplicado na testa ou na palma da mão, mas nunca nos lábios.
Em algumas culturas ocidentais, como por exemplo o Brasil, seria imputado como algo vergonhoso um
homem beijar outro homem dentro da comunidade evangélica ou da sociedade em geral. Por essa razão é
que temos achado melhor evitar essa forma de demonstração de afeto, substituindo-a por um simples
aperto de mão.
Diante do exposto, conclui-se que:
• Se os irmãos membros da Congregação Cristã no Brasil saúdam com o ósculo apenas homem com homem
ou mulher com mulher, é sinal de que há malícia em fazer de outra forma, e, se há malícia, torna-se pecado
a prática do ósculo.
• Se os irmãos membros da Congregação Cristã no Brasil se saúdam com o ósculo apenas no decorrer do
culto, também está errado, já que na Bíblia os cristãos primitivos saudavam-se assim publicamente (At
20.37).
• A saudação com ósculo não é má em si mesma; o problema está no fato de assumir feições meramente
ritualísticas, divorciadas da verdadeira piedade cristã.
7. A QUESTÃO DO DÍZIMO
Só podemos compreender o grande significado do dízimo no contexto da adoração cristã quando o
analisamos à luz da soberania de Deus. Quando damos o dízimo estamos com isto dizendo que Deus é dono
inalienável de tudo, e que o homem é seu mordomo. O salmista disse: "Do Senhor é a terra e a sua
plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam"(Sl 24.1).
O ensino da Congregação Cristã no Brasil de que o dízimo foi uma prática restrita ao tempo da lei — e,
portanto, não se aplica ao crente na atual dispensação — é improcedente e sem base nas Escrituras.
Opomo-nos a este ensino por duas razões, pelo menos:
1) A prática de dizimar é bem mais antiga que a própria Lei. Abraão deu o dízimo a Melquisedeque, mais ou
menos quinhentos anos antes da outorga da Lei no Sinai (Gn 14.18-20). Não muito tempo depois, Jacó,
neto de Abraão, ao fugir da presença de seu irmão, fez um voto ao Senhor, pedindo prosperidade em sua
viagem, dizendo que ao voltar daria ao Senhor o dízimo de tudo quanto tivesse recebido (Gn 28.20-22).
2) Na atual dispensação, Deus requer o dízimo e muito mais que isto, por vários motivos: a) como
participantes de uma aliança superior, temos sido contemplados com maiores bênçãos; b) porque maiores
privilégios sempre acarretam maiores responsabilidades. Isto não significa que o crente da atual
dispensação seja forçado a dizimar, pelo contrário, ele é levado a fazê-lo constrangido pela lei do amor e da
gratidão, por estar recebendo maiores bênçãos de Deus (SI 103.1,2).