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ARIANISMO

QUANDO SURGIU?
Arianismo é uma doutrina filosófica que surgiu no século IV d.C. (por volta do ano 319 d.C.)

QUEM FOI SEU AUTOR (FUNDADOR)?

Ário ou Arius foi o fundador da doutrina cristã do arianismo. Foi um presbítero cristão de Alexandria
pelo que também é conhecido como Arius de Alexandria.
Nascimento: 256 d.C. – Líbia
Falecimento: 336 d.C. – Constantinopla, Turquia

QUAL FOI A BASE DOUTRINÁRIA?


Por volta de 319, Ário começou a propagar que só existia um Deus verdadeiro, o "Pai Eterno", princípio
de todos os seres. O Cristo-Logos havia sido criado por Ele antes do tempo como um instrumento para a
criação, pois a divindade transcendente não poderia entrar em contato com a matéria. Cristo, inferior e
limitado, não possuía o mesmo poder divino, situando-se entre o Pai e os homens. Não se confundia
com nenhuma das naturezas por se constituir em um semideus. Ário afirmava ainda que o Filho era
diferente do Pai em substância. Essa ideia ligava-se ainda ao antigo culto dos heróis gregos, dentre os
quais para ele Cristo sobressaía com o maior, embora apenas possuísse uma divindade em sentido
impróprio. Como meio de difusão mais abrangente de suas ideias, fê-lo sob a forma de canções
populares.
Em resumo o arianismo defendia a seguinte doutrina da Cristologia:
• Que o Logos e o Pai não eram da mesma essência;
• Que o Filho era uma criação do Pai;
• Que houve um tempo em que o Filho ainda não existia.
CONCÍLIO DE NICÉIA
A doutrina foi alvo de intensos debates e, para estabelecer uma corrente única de pensamento, o
imperador de Roma, Constantino I (272 - 337), convocou o Primeiro Concílio de Niceia, no ano 325 d.C.
O concílio contou com a presença de 318 bispos, a cidade de Niceia, Turquia, onde foi redigido o famoso
Símbolo (ou Credo) que é proclamado durante a Santa Missa, no qual se afirma que o Verbo é da
mesma natureza que o Pai (consubstancial): “Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus
verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial aos Pai, por quem todas as coisas foram feitas no céu e
na terra”. Foram feridas de anátema as principais teses de Ário e os bispos seus partidários foram
excomungados e mandados para o exílio.

Credo Niceno (325) Credo niceno-constantinopolitano (381?)

Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do


criador de todas as coisas visíveis e invisíveis. céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.

Ε em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de


E em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho unigênito de
Deus, gerado unigênito do Pai, isto é, da
Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos
substância do Pai;

Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro de


luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado,
Deus verdadeiro, gerado, não feito,
não feito, consubstancial ao Pai,
consubstancial ao Pai;

por quem foram feitas todas as coisas que


por que, foram feitas todas as coisas.
estão no céu ou na terra.

O qual por nós homens e para a nossa salvação,


O qual por nós homens e para nossa salvação,
desceu dos céus: se encarnou pelo Espírito Santo, no
desceu, se encarnou e se fez homem.
seio da Virgem Maria, e se fez homem.

Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos


Padeceu e ressuscitou ao terceiro dia e subiu e padeceu e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro
aos céus dia conforme as Escrituras, e subiu aos céus, onde está
assentado à direita do Pai.

Ele virá novamente, em glória, para julgar os vivos e os


Ele virá para julgar os vivos e os mortos.
mortos;

e o Seu reino não terá fim.

E no Espírito Santo. E no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que


procede do Pai; e com o Pai e o Filho é adorado e
glorificado: Ele falou pelos profetas.

E quem quer que diga que houve um tempo


em que o Filho de Deus não existia, ou que
antes que fosse gerado ele não existia, ou
E na Igreja, una, santa, católica e apostólica.
que ele foi criado daquilo que não existia, ou
Confessamos um só batismo para remissão dos
que ele é de uma substância ou essência
pecados. Esperamos a ressurreição dos mortos; e a
diferente (do Pai), ou que ele é uma criatura,
vida do mundo vindouro. Amém.
ou sujeito à mudança ou transformação,
todos os que falem assim, são
anatematizados pela Igreja Católica.

Ícone retratando Constantino e os Padres do Primeiro Concílio de Niceia (325)

QUEM COMBATEU ESSA DOUTRINA?

Atanásio (298-373 d.C.) defendia a doutrina de uma só substância, possuída pelo Pai e pelo Filho.
Alicerçava seus argumentos não em seus raciocínios acerca do Logos, mas na natureza da redenção. Na
redenção, faz parte do plano de Deus levar os remidos a compartilharem de sua natureza. Para realizar
isso, Deus precisou assumir a natureza humana. Portanto, Deus encamou-se. E foi em seu estado
encarnado que ele resolveu o problema do pecado, tendo igualmente aberto o caminho para o homem
progredir até Deus. E isso deve incluir uma transformação tão radical da alma humana que, finalmente,
através da transformação metafísica, aquilo que antes era apenas humano, tornar-se-á divino,
compartilhando da real natureza de Deus. Os filhos realmente participarão da natureza do Pai, embora
em sentido infinito. Não obstante, sempre haverá um maior desenvolvimento nessa participação, pois,
visto que há uma infinitude com que seremos cheios, também deverá haver um preenchimento infinito
(ver Col. 2:10; II Cor. 3:18). A glorificação será um processo eterno, e não um acontecimento dentro do
tempo.

O ARIANISMO NÃO TINHA ACABADO


Mas o arianismo foi apenas rejeitado, não vencido. Dividiu-se em várias seitas e Ario, depois do seu
exílio, aderiu à dos eusebianos, os quais declaravam não ser contrários ao Concílio de Nicéia, mas
recusavam o termo «consubstancial»: como se fosse possível fazer uma seleção no Magistério da Igreja.
O ponto comum de todas estas seitas era a aversão ao termo «consubstancial» e a luta contra Atanásio,
paladino da fé católica. Mas se os arianos estavam unidos na oposição ao consubstancial, como
explicavam a relação entre o Pai e o Filho? “Se o Verbo não é igual ao Pai na substância (homoousios),
será ao menos semelhante a Ele (homoios) ou dissemelhante (anomoios)? O bizantinismo não podia
perder esta ocasião para trabalhar com sofismas e conotações”. Por este motivo as posições daqueles
que negavam que a substância do Verbo fosse semelhante à do Pai dividiam-se em três facções.
Os que negavam totalmente toda a semelhança entre as duas substâncias (divina, a do Pai, humana e
criada, a do Verbo): eram estes os anomeos dissimilistas, ou anomeos abertos, representados por Écio,
Eudócio e Acácio. Aqueles que aceitavam a fórmula homoios (semelhante), mas não homoiousios
(semelhante na substância): o Verbo era semelhante ao Pai só em sentido relativo e acomodado, como
a imagem refletida no espelho é semelhante a quem se espelha. “Evidentemente jogavam com as
palavras, especialmente depois que o anomeismo aberto foi condenado também pelo imperador”; a
estes aderiram os eusebianos e os acacianos: eram estes chamados anomeos dissimulados ou pseudo-
similistas ou omeitas.
Por fim, havia os similistas, ditos comumente semi-arianos: defendiam o homoiousios, isto é, que o
Verbo é semelhante na substância ao Pai. Recusavam a fórmula «consubstancial», temendo que levasse
à supressão da distinção das três Pessoas divinas. “No fundo era um erro de fórmula e não de fé”,
afirma Benigni. Certamente entre estes houve também alguns que tiveram um conceito inexato desta
semelhança, e não tinham, portanto, a fé católica; “mas outros eram católicos e foram reconhecidos
pelo mesmo intransigente Atanásio (De synodis, XII) como católicos enganados por um equívoco de
fórmula e por um equívoco de oportunismo”. Proclamavam o homoiousios, mas não ousavam afirmar o
homoousios; e assim por causa de um «iota» não afirmavam integralmente a fé. Como veremos, os
bispos católicos esforçaram-se por fazer reentrar estes últimos na comunhão da Igreja Católica.
Na corte de Constantino trabalharam com sucesso os arianos, apoiados sobretudo pela irmã do
imperador, Constança. No ano 328, os exilados puderam reentrar na pátria e alguns foram reintegrados
por Constantino nas suas sedes episcopais, donde tinham sido afastados por causa da sua heresia; e
assim em pouco tempo os arianos conseguiram afastar das sedes episcopais os chefes do partido
niceno, isto é, os bispos católicos, entre os quais Atanásio, tornado bispo de Alexandria, mandado para o
exílio em Tréveris. Inclusivamente Constantino tinha já projetada a solene readmissão de Ário, mas
faleceu inesperadamente.
Depois da morte de Constantino, houve fases alternadas na luta contra a heresia: o Império é dividido
entre os filhos de Constantino, Constante que regia o Ocidente e Constâncio II que regia o Oriente, e por
alguns anos houve paz. Mas, quando Constâncio, que tinha os arianos em grande simpatia, se torna
único imperador, a seguir à morte do irmão, a luta reacende-se e começaram as perseguições. “À
medida que os perigos do estado diminuíam, em Constâncio retomava força a inquietação dos Concílios
e das controvérsias teológicas”. No ano 351, celebra-se um sínodo em Sírmio (a atual Mitrovicza), na
Panónia, onde residia então o imperador, e é estabelecido um símbolo de fé (primeira fórmula de
Sírmio) no qual se omitia que o Pai e o Filho são da mesma substância. Ursácio e Valente, os dois bispos
arianos mais facciosos, tornaram-se os conselheiros teológicos do imperador: os bispos fiéis à fé de
Nicéia foram privados das suas sedes, São Paulo de Constantinopla é exilado e morto.
Mas o inimigo de sempre era Atanásio: era preciso tirá-lo da sua diocese. Morto Júlio I, no ano 352, os
arianos fizeram pressões junto do novo Papa, Libério, a fim de que excomungasse Atanásio. Libério
examinadas as provas, não só refutou, mas declarou Atanásio inocente de toda a culpa; pede por isso ao
imperador que se reúna um concílio geral em Aquileia. Mas Constâncio faz com que o concílio se fizesse
no ano 353 na cidade onde ele residia naquele momento, Arles, com a evidente intenção de dirigi-lo
com a sua influência. Foram convocados também os bispos da Gália, mas o sínodo era guiado
praticamente por bispos arianos: não foi apresentada nenhuma das questões teológicas então
discutidas, mas só um decreto já preparado que continha a condenação de Atanásio. Os legados papais
procuraram opor-se, mas inutilmente: Valente, um dos dois bispos arianos conselheiros do imperador,
conseguiu apresentar com destreza o documento, e o imperador ameaçou destituir e exilar os bispos
ocidentais se não assinassem as decisões do sínodo. Assim todos os bispos, um depois de outro,
assinaram, incluindo o legado pontifício, Vicente de Cápua, engando e maltratado; recusou-se, no
entanto Paulino de Tréveris, que é exilado na Frígia onde a seguir morre. O Papa Libério fica desgostado
pela defecção dos bispos e do seu legado. Por isso enviou ao imperador uma carta, na qual defendia
com firmeza a inocência de Atanásio, os direitos da Igreja, a excomunhão dos arianos e a necessidade de
reunir um concílio. Entretanto Constâncio manda matar o seu primo Gallo, que governava o Oriente, por
temor que quisesse tornar-se independente dele. Quando surge a notícia da morte de Gallo, a corte
festejou como se se tratasse de uma vitória, adulou a omnipotência do imperador e o próprio
Constâncio se apresentava com os títulos de ‘senhor do mundo’ e ‘eterno’. “Os bispos arianos, que
negavam esta qualidade ao Filho de Deus, não se envergonhavam de dá-la ao vão e ridículo
Constâncio”.

O CONCÍLIO DE MILÃO
No ano 355, Constâncio quer reunir um Concílio em Milão, estando presentes mais de trezentos bispos
do Ocidente. “Com este sínodo teve início uma humilhante tragédia que manchou muito gravemente o
imperador, que não tolerou a mínima oposição à sua vontade e se deixou tomar por medidas sempre
mais duras”. Libério convence Santo Eusébio de Vercelli a participar nele, com a esperança de fazer
triunfar a fé católica. Mas em Milão os arianos fizeram com que Eusébio e os legados pontifícios
esperassem dez dias, sem iniciar o concílio, para organizarem melhor as suas maquinações. De facto, na
abertura do Concílio, eles quiseram que se começasse com a condenação de Atanásio; os católicos
guiados pelos bispos Santo Eusébio, Lucífero de Cagliari e São Dinis de Milão, responderam que era
preciso primeiro subscrever o símbolo de Nicéia, para assegurar-se da catolicidade dos presentes. Surgiu
uma grande agitação: o povo, ouvindo o tumulto, acorreu e, escandalizado, começou a deplorar a falta
de fé dos bispos arianos. Estes últimos, temendo o pior, refugiaram-se no palácio do imperador.
Constâncio decide então transferir as seguintes sessões para seu palácio, em vez da igreja onde ele
havia começado, e com ameaças ele obteve o mesmo resultado que em Arles. Os arianos leram um
édito de Constâncio cheio das suas heresias. Não conseguindo fazê-lo aceitar, Constâncio fez vir à sua
presença os três opositores: Lucífero, Eusébio e Dinis, e pede-lhes em nome da sua autoridade de
imperador que assinem a condenação de Atanásio. Mas os três bispos recusam-se firmemente, embora
ameaçados de morte. Constâncio então mandou-os para o exílio, enquanto Ursácio e Valente fizeram
espancar o diácono Hilário que acompanhava Lucífero. Assim a maior parte dos bispos assinou, por
debilidade ou por coação, a condenação de Atanásio. Quem não assinou foi caluniado, destituído da sua
sede logo, ou pouco tempo depois. Eusébio foi mandado para a Palestina, Lucífero para a Síria, Dinis
para a Capadócia. O Papa Libério escreveu-lhes uma carta: “Que conforto posso dar-vos, dividido como
estou entre a dor da vossa ausência e a alegria da vossa glória? A melhor consolação que posso
oferecer-vos é a de me considerardes exilado convosco. Oh quanto teria desejado, diletíssimos irmãos,
ser imolado em vosso lugar! (…) Suplico, pois, à vossa caridade que me considereis presente ao vosso
lado e que penseis que a minha maior dor é ver-me separado da vossa companhia”. Este desejo de
Libério realizar-se-á pouco tempo depois. Os arianos, com efeito, sabiam que para ter um sucesso
definitivo, era preciso alcançar o seu consentimento.
Enquanto isso, os mensageiros imperiais foram enviados aos bispos ausentes para obter sua assinatura
de qualquer maneira: mas na Gália encontraram uma forte oposição à frente da qual estava Santo
Hilário de Poitiers. Para contornar isso, é reunido um sínodo em Béziers, no ano 356, e Santo Hilário foi
coagido a participar nele: a assinatura para a condenação de Atanásio foi tomada à maioria dos bispos
com violência e ameaças. Recusaram-se apenas Santo Hilário e Rodânio de Tolosa, que foram exilados
para a Frígia.

LIBÉRIO E CONSTÂNCIO
O imperador pensou, portanto, enviar a Libério um seu mensageiro, o eunuco Eusébio, com presentes,
para obter o seu favor e ao mesmo tempo para lhe pedir a sua adesão à condenação de Atanásio e a sua
comunhão com os arianos. Diante da recusa dos presentes, Eusébio ficou irritado e ameaçou Libério
asperamente; dali dirigiu-se à igreja de São Pedro e ali deixou os seus presentes. Quando Libério o
soube, indignou-se com o guardião que os tinha aceitado e mandou deitar fora aquela oferenda
profana.
Regressado Eusébio a Milão, Constâncio escreveu ao governador de Roma, Leôncio, para que conduzisse
Libério a Milão às boas ou às más. Um grande terror se espalha então por toda a Roma: muitas famílias
foram ameaçadas, vários fugiram, as portas da cidade foram postas sob vigilância, em suma, queria
isolar-se o Pontífice. Também Roma conheceu bem a violência dos arianos, de quem até agora somente
tinha ouvido falar. Por fim Libério foi arrebatado de noite, por temor do povo que o amava.
Junto a Milão, Constâncio concede-lhe audiência, ou antes o interrogou, diante do seu consistório e na
presença de estenógrafos que registavam as suas palavras. «O imperador queria que Libério sancionasse
cegamente a condenação de Atanásio. Mas Libério mantém firme aquele princípio romano de que a
Sede Apostólica só condena os processados e julgados por ela… No seu colóquio com César, o Papa
requer um processo eclesiástico a Atanásio, “visto que não pode acontecer que nós condenemos
alguém de quem não se fez julgamento”. Constâncio replicou com uma verdade oficial: que “todo o
mundo o condenou”. Libério responde: “Aqueles que subscreveram a sua condenação, não tiveram em
conta os factos, mas somente quiseram conquistar o teu favor ou fugir da tua ira e da tua má fama” (…).
Então o tirano insistia: “Só te é pedido isto (condenar Atanásio); por isso pensa na paz e subscreve-a,
para que possas voltar a Roma”. Heroica foi a resposta de Libério: “Em Roma eu já disse adeus aos
irmãos; é, pois, mais importante para mim observar as leis da Igreja do que morar em Roma”».
Constâncio deu lhe três dias para refletir, mas dois dias depois, visto que o Pontífice não mudava de
parecer, mandou-o para o exílio em Bereia, na Trácia. Era o ano de 356. Logo que Libério saiu,
Constâncio fez-lhe chegar 500 soldos de ouro para as suas despesas, mas Libério respondeu a quem lhos
levava: “Devolve os ao imperador, que tem necessidade deles para os seus soldados”. O mesmo fez a
imperatriz e Libério, ao dar a mesma resposta ao portador, acrescentou que se o imperador não tinha
necessidade do dinheiro, o desse aos bispos arianos que o rodeavam, os quais certamente precisavam
dele. Até o eunuco Eusébio lhe ofereceu dinheiro, mas Libério disse-lhe: “Tu tornaste desertas todas as
igrejas do mundo e ofereces-me uma esmola como a um condenado! Vai, e começa a fazer-te cristão”.

A PERSEGUIÇÃO
Logo que o Papa partiu, Constâncio fez colocar no seu lugar, como bispo de Roma, Félix II, antipapa. Não
obstante este tivesse aceitado o Concílio de Nicéia, pelo simples facto de que ele estava em comunhão
com os arianos, o povo romano não queria entrar na igreja da qual tinha tomado posse.
A perseguição começou em todo o império. Os arianos convenceram Constâncio que era conveniente
que o velho Ósio14 assinasse também ele a condenação de Atanásio. Depois de uma troca de cartas,
onde Ósio afirmou a fé nicena e recordou como Atanásio foi sempre reconhecido inocente de todas as
falsas acusações feitas pelos arianos, o imperador mandou-o para o exílio em Sírmio. Então foram
enviados por toda a parte ministros de Constâncio com ordens ameaçadoras: aos bispos, para que
assinassem a condenação de Atanásio e entrassem em comunhão com os arianos, sob pena de
banimento, prisão, castigo corporal e confisco dos próprios bens; aos juízes, para que fizessem cumprir
tais ordens aos bispos. Além do mais, os ministros de Constâncio foram acompanhados de clérigos de
Valente e Ursácio, que denunciavam os juízes mais negligentes. Assim aconteceu que muitos bispos
foram conduzidos à presença dos juízes para assinar a condenação de Atanásio. Quem se recusava a
assinar, depois de algum tempo era acusado de um qualquer delito (calúnia, blasfémia…) e então
mandado para o exílio, enquanto o seu lugar era tomado por um ariano.
Entretanto, Constâncio enviou tropas para Alexandria com a ordem de prender Atanásio: estas
entraram à meia-noite na igreja onde Atanásio celebrava um ofício noturno da vigília de uma festa. O
bispo não quis mover-se até que todos os fiéis não estivessem a salvo, e então – quando a maioria já
estava protegida – alguns dos seus clérigos o tomaram à força e o fizeram fugir. Atanásio escondeu-se
por um longo tempo, primeiro em Alexandria, e depois no deserto. Para o seu lugar foi nomeado Jorge
da Capadócia, enquanto em todo o Egito começava a perseguição dos bispos católicos. Jorge, o novo
bispo de Alexandria, comportava-se com tal crueldade, que até os pagãos se queixavam dele ao
imperador. Os católicos de Alexandria reuniam-se agora fora da cidade: aconteceu uma ocasião em que,
enquanto estavam reunidos num cemitério, aparece um capitão, Sebastião, com três mil homens
armados, a mando dos arianos, e fez acender uma fogueira enorme, ameaçando queimar quem não
quisesse seguir a fé dos arianos. Uma vez que as ameaças não aterrorizavam os católicos, Sebastião
mandou que fossem açoitados com vergastas entrelaçadas, pelo que muitos morreram com as dores e
os seus corpos foram deitados aos cães; os fiéis honraram estes confessores da fé como mártires. Jorge,
por causa da sua crueldade, teve de sair de Alexandria uma primeira vez; em seguida, voltando, foi
morto durante uma sublevação dos pagãos.
FIM DO ARIANISMO
A questão só seria debelada quando, em fins do reinado de Teodósio, ao tornar-se religião oficial do
império, o cristianismo ortodoxo-romano afirmou-se em definitivo.
Após o século V, devido às perseguições, o movimento desapareceu gradualmente.

RELIGIÕES QUE USAM A FILOSOFIA DE ÁRIO


Séculos mais tarde, o nome "arianos" foi usado na Polónia para se referir a uma seita cristã unitária, a
irmandade polaca (Frater Polonorum). Eles inventaram teorias sociais radicais e foram precursores do
iluminismo.
As Testemunhas de Jeová, por exemplo, trazem filosofias bem semelhantes ao pensamento principal do
arianismo. A Igreja mundial do poder de Deus, seita que vem se alastrando por diversas áreas do
mundo, também defende o pensamento de que Jesus não existe desde sempre e para sempre. Seu
fundador disse sobre Jesus: Ele é a imagem do Deus invisível, a encarnação do verbo. Mas ele não é
sempiterno, é eterno. O pai que é Deus é sempiterno, aquele que antes dele nunca existiu como ele,
nem existirá depois dele, sempre existiu e sempre existirá. A primeira obra dele foi Jesus Cristo”
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias também prega a separação de Deus que é pai, Jesus
Cristo que é filho literal na carne e Espírito Santo que é o que testifica aos homens as coisas de Deus. Em
consonância com a regra de fé ([3]) Joseph Smith Jr. o primeiro profeta da igreja teve uma visão em que
viu Deus e Jesus Cristo lado a lado, no que é conhecido como a primeira visão. Existem outros que viram
Deus e Jesus Cristo como seres separados, um exemplo bíblico é Estevão, no qual é dito (na tradução de
João Ferreira de Almeida):
Mas ele, estando cheio de Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que
estava à direita de Deus; E disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à
mão direita de Deus. (Atos 7:55-56)
A Igreja da Unificação ("Associação do Espírito Santo para a Unificação do Cristianismo Mundial")
fundada pelo reverendo Sun Myung Moon, também prega e crê na separação entre as pessoas de Deus,
Jesus e o Espírito Santo. Segundo a Teologia Unificacionista, Deus, o Criador encerra em si mesmo as
dualidades masculina e feminina, e que Jesus representa a masculinidade perfeita de Deus, enquanto
que o Espírito Santo representa a feminilidade perfeita de Deus. Se Jesus não tivesse sido rejeitado
pelos seus contemporâneos, Ele constituiria a primeira família perfeita (livres do pecado original), como
Adão e Eva restaurados e aperfeiçoados. Sua esposa seria a feminilidade divina em substância assim
como Ele é a masculinidade divina em substância refletindo a perfeita imagem de Deus na terra. Como
ele morreu sem constituir uma família substancial, Jesus permaneceu como a substância da
masculinidade divina em espírito somente e o Espírito Santo assumiu o papel da feminilidade
substancial em espírito somente, ficando a realização no plano físico por conta da segunda vinda do
Cristo. Portanto para os unificacionistas, não é incorreta a crença de que Jesus é Deus e o Espírito Santo
é Deus, ou que ambos são Deus, já que isto pode ser dito de um casal que substancialize as
características duais de Deus de forma substancial aqui na Terra (que era o ideal de Deus para com Adão
e Eva). Por isto Jesus era chamado o último Adão, e também Ele dizia que Ele mesmo era Deus, ao
mesmo tempo que O chamava de Pai.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
CREDO Niceno. Wikepédia, 2020. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Credo_Niceno>. Acesso
em: 20 de fevereiro de 2021.
ARIANISMO. Wikepédia, 2020. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Arianismo>. Acesso em: 20
de fevereiro de 2021.
ARIANISMO. Info Escola. Disponível em: <https://www.infoescola.com/religiao/arianismo/>. Acesso em:
20 de fevereiro de 2021.
ARIANISMO. Toda Matéria. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/arianismo/>. Acesso em:
20 de fevereiro de 2021.
OS Padres Da Igreja Diante Das Heresias E Do Desafio De Anunciar O Evangelho. Brasil Escola. Disponível
em: <https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/religiao/os-padres-igreja-diante-das-heresias-desafio-
anunciar-evangelho.htm>. Acesso em: 20 de fevereiro de 2021.
SANTO Atanásio. Canção Nova. Disponível em: <https://santo.cancaonova.com/santo/santo-atanasio-
bispo-e-doutor-da-igreja/>. Acesso em: 20 de fevereiro de 2021.
PAPA Libério, S. Atanásio E Os Arianos. Apologistas Católicos, 2019. Disponível em:
<https://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/apologetica/papado/1014-papa-liberio-s-
atanasio-e-os-arianos>. Acesso em: 20 de fevereiro de 2021.
CRISTOLOGIA de Ário e Atanásio. Biblioteca Bíblica, 2015. Disponível em:
<https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2015/11/cristologia-de-ario-vs-atanasio.html>. Acesso em: 20
de fevereiro de 2021.
ARIANISMO – A Heresia De Ário. Youtube, 2021. Disponível em: <https://youtu.be/yWGJE9ZR5yg>.
Acesso em: 20 de fevereiro de 2021.
AS Heresias: Arianismo. Youtube, 2011. Disponível em: <https://youtu.be/8fOZE6wZDzw>. Acesso em:
20 de fevereiro de 2021.

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