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As bênçãos da nossa justificação

Romanos 5.1-11

Introdução:
Nunca é de mais lembrar que estamos diante da carta mais longa e mais densa, teologicamente,
escrita por Paulo. De todas as cartas do apóstolo Paulo, a Epístola aos Romanos é,
inegavelmente e, acima de qualquer dúvida, a mais importante. E é consideradaa epístola com o
"mais importante legado teológico".

É por isso que praticamente todo influente teólogo cristão teve sua experiência com Romanos.
Mas Romanos não foi apenas objeto de estudo e de fundamento teológico desses importantes
pensadores. A carta foi também instrumental na conversão e caminhada pessoal de muitos
deles:

 Foi lendo Romanos 13.13 que Agostinho se converteu. Como professor de retórica e
filósofo, Agostinho se afligia com o problema do mal. Até que um dia em visita ao seu
amigo Alípio, em Milão, estava tão angustiado que teve que se retirar ao jardim e, sentado
debaixo de uma figueira, ouviu uma criança do vizinho cantarolando “Pega e lê, pega e
lê”. Ele leu, e depois escreveu: “Não li mais nada, e não precisei de coisa alguma.
Instantaneamente, ao terminar a sentença uma clara luz inundou meu coração e todas as
trevas da dúvida se desvaneceram” (Confissões VIII.29)
 Foi lendo Romanos 1.17 que Martinho Lutero encontrou lenitivo para a culpa do pecado
que tanto o atormentava. Como monge agostiniano e professor de teologia em
Wittenberg, foi pela leitura desse livro que entendeu o sentido da justificação pela fé. Aos
olhos de numerosos historiadores, o comentário à Epístola aos Romanos por Lutero, em
1516, foi o verdadeiro ponto de partida da Reforma.
 No século 20, Martin Lloyd-Jones, pregador britânico, pregou durante 13 anos, todas as
sextas-feiras, na Catedral de Westiminster em Londres, a carta aos Romanos, cujos
sermões hoje estão reunidos em 14 volumes.

Oro para que ao termino dessas reflexões a partir essa belíssima, profunda e desafiadora carta,
sejamos também inspirados por ela.

Recapitulando o que até aqui foi dito:

1. No capítulo 1, Paulo apresenta nossa condição diante de Deus - 1.28-31:

“E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um
sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm;
Estando cheios de toda a iniqüidade, fornicação, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja,
homicídio, contenda, engano, malignidade;
Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos,
inventores de males, desobedientes aos pais e às mães;
Néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia”

2. O tema fundamental do capítulo 2 foi o juízo de Deus sobre quem e constitui juiz sobre os
outros – 2.1-3

“Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti
mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo.
E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem.
E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao
juízo” de Deus?

3. Nos capítulos 3 e 4 Paulo apresenta a ilusão da religião – imaginar que o individuo pode ser
justificado através da boa conduta moral e do cumprimento da lei

Romanos 3.27-28:
“Onde está, então, o motivo de vanglória? É excluído. Baseado em que princípio? No da
obediência à lei? Não, mas no princípio da fé.
Pois sustentamos que o homem é justificado pela fé, independente da obediência à lei.

Romanos 4.1-3
“Portanto, que diremos do nosso antepassado Abraão? Se de fato Abraão foi justificado pelas
obras, ele tem do que se gloriar, mas não diante de Deus.Que diz a Escritura? "Abraão creu em
Deus, e isso lhe foi creditado como justiça".

A pergunta é: como uma pessoa pode tornar aceitável diante de Deus? Qual o meio pelo qual
somos justificados? Paulo responde:

Romanos 3.20-24:

“Portanto, ninguém será declarado justo diante dele baseando-se na obediência à lei, pois é
mediante a lei que nos tornamos plenamente conscientes do pecado. Mas agora se manifestou uma
justiça que provém de Deus, independente da lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas, justiça
de Deus mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que crêem. Não há distinção, pois todos
pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por
meio da redenção que há em Cristo Jesus”

Transição:
Agora, no capítulo 5 o apóstolo descreve os frutos da justificação, os efeitos da justificação, ou
as suas "bem-aventuradas conseqüências". É como se ele quisesse explicar ainda mais aquilo
que ele chamou de "a bem-aventurança do homem a quem Deus credita justiça" (4.6).

O parágrafo inteiro (versículos 1 a 11) depende das palavras de abertura desse capítulo”:
“Tendo sido, pois, justificados pela fé... Paulo faz seis afirmações bastante ousadas com
referência àqueles a quem Deus justificou.

Vejamos quais são as benditas conseqüências da justificação na vida daquele(a) a quem


Deus justificou

1. Fomos justificados pela fé, temos paz com Deus


Versículo 1: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso
Senhor Jesus Cristo”

Note que Paulo não fala de “paz de Deus, mas de “paz com Deus”, há uma enorme diferença.
Paulo escreve aos Filipenses 4. 7 que “a paz de Deus, que ultrapassa todo entendimento...” uma
referencia à paz de Deus em nós, em nosso ser.

A afirmação de que temos “paz com Deus” significa que fomos reconciliados com Deus. Significa
que nosso relação com Ele foi refeita, restaurada através da obra redentora de Jesus na Cruz.

Um dos efeitos nefasto do pecado em nós, é que ele tornou-nos inimigos de Deus e a paz com
ele foi quebrada. Os seres humanos foram criados para viverem em paz com Deus. O pecado
destruiu essa paz e ainda a destrói para todos que recusam a oferta de salvação de Jesus.
 Colossenses 1.21: “E a vós outros também que, no passado, éreis estranhos e inimigos
de Deus conforme demonstrado pelas obras más que praticáveis”
 Romanos 5:10: “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela
morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida”

Toda a hostilidade foi removida pela obra propiciatória de Cristo Jesus. Deus não está mais
em guerra comigo e nem eu com Ele.

“O ser humano não está em neutralidade, ou o homem está reconciliado com Deus ou está
em inimizade com Ele.”

O que sifnifica ter paz com Deus?

Paz com Deus significa que nossa grande dívida pelo pecado foi paga e Deus nos vê como
justos (Colossenses 2:14; Romanos 3:22).

Significa que não somos mais inimigos, mas filhos amados (1 João 3:2).

Paz com Deus significa que nossa consciência está limpa (Hebreus 10:22; Tito 3:5). O peso
esmagador da culpa que atormentava a todos nós se foi depois de ter sido colocado sobre
Jesus na cruz (Colossenses 2:14; 1 Pedro 2:24).

Significa que eu não precisamos mais viver sob a égide do medo, do pavor de uma divindade
inimiga que esmaga e aniquila, posto que na cruz a barreira da inimizade entre Deus e eu foi
desfeita por Cristo.

2. Acessibilidade à Graça de Deus

Versículo 2: “Por meio de quem obtivemos acesso pela fé a esta graça na qual agora
estamos firmes...”

Acesso: do grego prosagoge (ato de levar, um movimento para, aproximação) – era o


responsável que levava a petição de alguém até o rei.

A sentido é de alguém sendo “introduzido” na presença de uma rei, como em Daniel 5.13:
“Então Daniel foi introduzido à presença do rei”

Deus é acessível!!!

Deus é diferente dos deuses mitológicos do panteão grego que moravam no Olimpo,
inacessíveis aos mortais.

Salmo 145.18:

“Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em


verdade.”

Em Jesus, Deus pode ser encontrado. Jesus é a via de acesso, é o caminho que conduz a
Deus

Efésios 3:11,12:
“De acordo com o seu eterno plano que ele realizou em Cristo Jesus, nosso Senhor,
por intermédio de quem temos livre acesso a Deus em confiança, pela fé nele”

Efésios 2:17,18

“Ele veio e anunciou paz a vocês que estavam longe e paz aos que estavam perto,
pois por meio dele tanto nós como vocês temos acesso ao Pai, por um só Espírito”

Em Jesus, Deus se fez completamente acessível. Ele rasgou a cortina do templo. Removeu
todos os obstáculos entre si e a humanidade.

A doutrina do sacerdócio universal de todos os santos versus a exclusividade sacerdotal do


Antigo Testamento – Hb. 9.7,8; Hb. 4. 16

3. Justificados pela fé gloriamos-nos na esperança da gloria

Versículo 2: “...e nos gloriamos na esperança da glória de Deus”

Quantos há que já perderam essa esperança!! É a tragédia da secularização

Hino 300 harpa Cristã

Nossa esperança é Sua vinda


O Rei dos reis vem nos buscar
Nós aguardamos, Jesus, ainda
Té a luz da manhã raiar

4. Justificado pela fé, nos gloriamos nas tribulações

Romanos 5.3-4:
“Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a
tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter
aprovado, esperança”

O principio é simples: A justificação não nos imuniza. Ser justificado não é ter uma apólice de
seguros contras tribulações, adversidades e problemas. Ter sido alcançado por essa graça não
garantia de que teremos uma jornada sem percalços

Paulo prossegue o tema do “gloriar-se” (alegrar-se) que introduziu no versículo 2. Não somente
nos alegramos em nossa “esperança” (firmeza), mas também nos “gloriamos” (alegramos) até
mesmo com o presente.

Paulo era realista; não estava tão absorvido pela glória futura, que fechava os olhos para a
realidade do presente, Paulo era consciente das tribulações que circundavam sua própria vida e
a dos demais crentes.

Há uma pregação wm nosso tempo que dar muito ibop e que meche com os ânimos dos
auditórios: “Venha para Cristo e sua pare de sofrer”. Bom se fosse verdade, mas é mentira! Essa
proposta não encontra amparo nas escrituras.

A Bíblia nunca disse “pare de sofrer”, mas nos exorta a suportar astribulações como bons
soldados de Cristo - 2Tm.2.; 4.5

“Não existe Cristianismo fácil; se for fácil, não é Cristianismo, se for Cristianismo, não é fácil
Vida Cristã virá acompanhada de sofrimento e tribulação – Jo.16.33

Paulo foi alguém que sabia como ninguém o significado dessas palavras – 2 Co.11.23-27

Jesus disse que a diferença entre o justo e o ímpios não são as circunstâncias que os cercam,
mas o fundamento sobre o qual cada um edifica sua vida (Mt. 7.21-27)
A diferença está na maneira como lidamos com as tribulações (Jo.2.8-9)
A diferença está com a companhia que atravessamos os vales sombrios ( Sl.23.4)

Luiz de carvalho cantava “Haverá paz no Vale pra mim, eu sei”

5. Justificados pela fé, “seremos por ele salvos da ira”

Versículo 9: “Como agora fomos justificados por seu sangue, muito mais ainda seremos
salvos da ira de Deus por meio dele!”

A doutrina da ira de Deus está passando por tempos difíceis. No mundo de hoje, qualquer
conceito de ira de Deus perturba nossos sentimentos modernos. É demasiadamente
desconcertante, demasiadamente intolerante.

Niebuhr diz que os homens estao apresentando"um Deus sem ira, o qual trouxe homens sem
pecado para um reino sem julgamento através de uma pregação sem cruz”

No capítulo 1 de Romanos, Paulo falou sobre a ira de Deus no presente – Romanos 1.18:

“Portanto, a ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens
que suprimem a verdade pela injustiça”

Agora, Paulo apresenta a ira vindoura. Esse dia será o dia da prestação de contas. Será o dia do
ajuste.

É preciso cuidado com essa pregação que só apresenta a face amorosa de Deus. É verdade,
Deus é bom, amoroso, misericordioso, longanimo. Mas também é verdade que ele ele é Santo e
não pode tolerá o mal. E que um dia ele julgará os pecados doshomens. Esse dia é chamado de
o grande dia do Senhor.

Veja por exemplo o que as Escrituras têm a dizer sobre esse grande e terrível dia:

O profeta Joel escreveu: “O dia do Senhor é grande e mui terrível, e quem o poderá
sofrer?” (Joel 2:11)

Sofonias afirmou a respeito deste dia Sf. 1.14-18: 

“O grande dia do Senhor está perto, sim, está perto, e se apressa muito; amarga é a voz
do dia do Senhor; clamará ali o poderoso. Aquele dia será um dia de indignação, dia de
tribulação e de angústia, dia de alvoroço e de assolação, dia de trevas e de escuridão, dia
de nuvens e de densas trevas, Dia de trombeta e de alarido contra as cidades fortificadas
e contra as torres altas. E angustiarei os homens, que andarão como cegos, porque
pecaram contra o Senhor; e o seu sangue se derramará como pó, e a sua carne será
como esterco. Nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia da indignação do
Senhor, mas pelo fogo do seu zelo toda esta terra será consumida, porque certamente
fará de todos os moradores da terra uma destruição total e apressada.
Amós também escreveu sobre esse dia dizendo - Am. 5:18:

 “Ai daqueles que desejam o dia do SENHOR! Para que quereis vós este dia do
SENHOR? Será de trevas e não de luz. É como se um homem fugisse de diante do leão,
e se encontrasse com ele o urso; ou como se entrando numa casa, a sua mão encostasse
à parede, e fosse mordido por uma cobra. Não será, pois, o dia do SENHOR trevas e não
luz, e escuridão, sem que haja resplendor?” (Amós 5:18)

Apocalipse 6.16,17:

“…e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele
que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles; e
quem é que pode suster-se?”

Contudo, aqueles que permaneceram firmes no Senhor, Deus os livrará desse dia

1 Tessalonicenses 1:10:

“E para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que
nos livra da ira vindoura.”

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