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Introdução:
É próprio das pessoas, de todos nós, fazermos julgamentos rápidos fundamentados nas
aparências (1 Sm. 16.7). A cultura midiática prega que “imagem é tudo”. O importante não é o
que você é, mas aquilo que sua imagem propõe. Jesus já havia recomendado aos seus
discípulos: “Não julguem segundo as aparências” (Jo.7.24). Isso porque ele sabia que temos a
tendência de nos encantarmos com a pose, com a casca, com a performance, com o verniz,
com entonação de voz, com a fachada.
Nada mais verdadeiro que o provérbio popular que diz: “as aparências enganam”
O problema daquele cuja espiritualidade está doente, é que, na maior parte do tempo ele
exibe uma saúde aparente.
Por essa razão, Jesus se valia de um adágio recorrente em sua época: “Não necessitam de
médios os são, mas sim, os enfermos” (Mt. 9.12). À igreja de Corinto, Paulo escreve que
havia entre eles: “fracos, doentes, e outros que haviam dormido” (1Co. 11:30)
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Em outras versões lê-se: “Tens nome”, ou, “tens reputação”
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Uma espiritualidade adoecida é sintomática – tem sintomas. Quais seriam, então, os sintomas
de uma espiritualidade adoecida e adoecedora?
Eis algumas
Transição: Hoje, quero olhar para o relato da transfiguração conforme a narrativa de Mateus
como um arquétipo, um da espiritualidade saudável. Meu desafio hoje é o de mostrar quais
os critérios mínimos para avaliarmos uma espiritualidade legítima, autêntica, genuína,
verdadeira e saudável.
Como aferir, discernir a saúde de nossa vida cristã? Sabe-se que uma espiritualidade é
saudável, quando:
Sabemos que ela é sadia, se é centrada em Jesus. Veja o versículo 8: “E erguendo eles os
olhos, não viram mas ninguém, senão Jesus.”
Moisés e Elias sumiram. Ficou só Jesus. Isso é importante porque estavam ali dois ilustres da
literatura judaica – Moisés e Elias. Moisés foi o maior legislador, e Elias o maior profeta.
Moisés representava a lei, e Elias os Profetas. Mas diante de Jesus eles desapareceram.
E sempre que Ele chega os ilustres, os nobres, os poderosos desaparecem. É ilustre até ele
chegar, é nobre até ele chegar, é grandão até ele chegar. Ouçamos João, o Batista: “Importa
que ele cresça e que eu diminua” (Jo.3:30).
Ele é o elemento fundamental e vital para a fé cristã: “Quanto ao fundamento, ninguém pode
lançar outro que não seja o já posto: Jesus Cristo.” (1Co. 3.11).
Qualquer construção teológica por mais bem elaborada e erudita que seja que não tenha o
Cristo como ponto de partida e de chegada de seu labor teológico, não merece crédito.Isso
porque a Cristologia é o coração que bombeia vida para a teologia. Jesus é a lentes
hermenêuticas com as quais se deve fazer teologia.
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Qualquer espiritualidade que não tenha Jesus como modelo, é esoterismo alienante. Sem a
pessoa de Jesus, podemos ter templos suntuosos, credos elaborados, teologias requintadas,
liturgias envolventes, mas nos faltará a vida.
Nunca faltaram a esse mundo grandes homens e mulheres. A história está pontilhada de
nomes como Salomão, Davi, Hamurabi, Ciro, Alexandre o Grande, César, Joana Darc,
Napoleão Bonaparte, George Washinton, Isaac Newton, Florence Nigtingale... a lista continua.
Mas ninguém se iguala a ele.
Ele é o centro do universo, o centro das escrituras, o centro da igreja, e o centro de nossa fé.
Concordo! Agostinho foi maravilhoso, Tomás de Aquino foi fantástico, Calvino um gênio,
Lutero foi brilhante, Finey foi uma brasa viva, Barth foi extraordinário, Daniel Berg e Gunnar
Vingren foram gigantes, mas o centro da nossa espiritualidade é Jesus de Nazaré.
Jesus é inigualável
“Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo
nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da
terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.”
Diante dele, Nabucodonosor, o orgulhoso da Babilônia, vai para o pasto comer capim
Erodes, o poderoso, por não dar glória a Deus, morre comido de bichos ( At. 12.19-23)
Ele é o único que abriu o livro e desatou seus selos - Apocalipse 5:1-5:
E vi na destra do que estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro e por fora,
selado com sete selos. E vi um anjo forte, bradando com grande voz: Quem é digno de abrir
o livro e de desatar os seus selos? E ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra,
podia abrir o livro, nem olhar para ele. E eu chorava muito, porque ninguém fora achado
digno de abrir o livro, nem de o ler, nem de olhar para ele. E disse-me um dos anciãos: Não
chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu, para abrir o livro e
desatar os seus sete selos.
Qualquer modelo de espiritualidade que não se amolde em Jesus, que não tenha o rosto de
Jesus; o jeito de Jesus; a fala de Jesus; a proposta de Jesus, é falseada; é embuste, é
engodo, precisa ser descartada e joga no lixo.
Você pode aferir a saúde de sua espiritualidade se ela considera a cruz. No contexto da
crucificação que Moisés e Elias conversaram com Jesus sobre a cruz! Conversaram sobre
seus últimos momentos em Jerusalém.
Versículo 12: “Mas eu lhes digo: Elias já veio, e eles não o reconheceram, mas fizeram
com ele tudo o que quiseram. Da mesma forma o filho do homem será maltratado por
eles”
A espiritualidade é séria, se leva a cruz a sério. Se não houver cruz em sua espiritualidade,
Ela é apenas meditação transcendental. Cristianismo sem cruz é budismo, é Ioga. Sem a cruz
não há espiritualidade sadia, mas misticismo alienado.
Para Paulo, a mensagem da cruz era o tema central em seu ministério - 2 Coríntios 2.2:
“Pois, decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado”
O que temos visto por aí é uma pregação que fala apenas de triunfo, de saúde plena e
sempre perfeita, de prosperidade financeira. Um evangelho barateado na feira dos cambistas
religiosos.
Concordo com Dietrich Bonhoeffer, em seu livro “Discipulado” quando diz que Graça barata é
exatamente aquela sem cruz. Ele escreve:
Sem cruz não há igreja. Pode haver uma comunidade social, até mesmo religiosa, com tintura
cristã, mas não será a igreja cristã. As origens da igreja estão na cruz. E se ela perder a cruz
de vista não pode ser digna de ser chamada igreja. Será um Rotary Clube, uma ONG, uma
confraria, um mutirão, mas não será uma igreja.
Esse talvez seja o ponto mais delicado, mais grave quanto à espiritualidade. Porque se não
houver oração, a espiritualidade está trôpega, aleijada e manca. A oração é o oxigênio da
Espiritualidade. Se ela não ora, ela morre.
Quem ora prega diferente, canta diferente, pastoreia diferente, vive diferente
Sem oração todos os nossos esforços serão inúteis; todos os nossos empreendimentos darão
em nada.
A. R. Torrey disse:
“Ore por grandes coisas, espere grandes coisas, trabalhe por grandes coisas, mas
acima de tudo ore”
O segredo dos apóstolos devia-se ao fato de que eles puseram a oração em lugar prioritário
(Atos 6.4)
Há uma afirmação poderosa à respeito da igreja primitiva: ela orava (At.2.42). A primeira
reunião de oração da igreja primitiva foi uma reunião de oração (At. 1.12-14).
O milagre na porta do Templo, aconteceu na hora da oração à três horas da tarde (At. 3.1-10).
Ilustração
A igreja de David Yong Cho em Seul na Coreia do Sul, é maior igreja do mundo com mais de
700 mil mebros. O segredo? Eles oram. Nenhuma igreja na Coréia do Sul é considerada
evangélica se não tiver reunião diária de oração na madrugada. Se um seminarista faltar a
duas reuniões de oração no seminário, disse Yong Cho: “Não serve para ser pastor”.
Note que Jesus não sobe sozinho ao monte; não quer ter sozinho o privilégio da
transfiguração.
Aí está a marca da espiritualidade saudável; um modo de aferi-la; de ver se ela está presente:
ela não é individualista, mas acontece comunitariamente.
Ao enviar seus discípulos em missão, Jesus os envia de dois em dois –Lucas 10.1
A pergunta de Deus a Caim foi: “Onde está teu irmão?” –Genesis 4.9
A espiritualidade cristã tem sua origem e plenitude em um Deus relacional: A trindade é uma
eterna comunhão entre Deus Pai, Deus filho e Deus Espírito Santo. A trindade nos ensina a
verdade que Deus não é um ser solitário. Ele convive em comunidade divina.
A expressão “a ele ouvi”, no judaísmo é o equivalente de “a ele obedecei”. Para o judeu ouvir
tem o mesmo sentido de obedecer.
Você pode dizer que sua espiritualidade é sadia, se desemboca em obediência ao evangelho.
O número dos sem igrejas tem crescido assustadoramente. As pessoas vem à igreja sem
compromisso, se não gostarem, vai à uma outra. Todos querem ser abençoados por Deus,
mas poucos querem obedecer-lhe.
Lucas 6:46:
“Por que vocês me chamam Senhor, Senhor e não fazem o que eu digo?
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Em João 15:14:
Vida cristã segundo Jesus, é fazer o que ele manda. E compromisso. Sem compromisso, tudo
o que fizermos aqui é balela. Sem obediência, amor é conversa fácil. Sem obediência, fé não
passa de credo religioso. Sem obediência, oração é apenas uma reza.
Essa foi a recomendação de Jesus: “A ninguém conteis a visão”, “não façam alarde daquilo
que vocês presenciaram aqui”. O que Jesus estava pedindo era que eles fossem discretos.
O que temos visto às vezes, é um montão de gente por aí com uma espiritualidade auto
glorificante. Gente que adora mostrar o quanto é espiritual só para ser aplaudido, ovacionado,
reverenciado. Era o caso dos fariseus que gostavam de orar nas praças e, ao jejuar,
mostravam um semblante decaído a fim de mostrarem o quanto eram espirituais: