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1 - INTRODUÇÃO
1
Revista Ultimato – Edição nº 234 – Capa – Editora Ultimato.
2
Isto É, 20 dez. 2000, p 90.
3
Pergunte e Responderemos, fev. 2002, p. 2-11.
4
Superinteressante, fev. 2001, p. 12.
2
“Por que já não há igrejas cristãs na Turquia (antiga Ásia Menor), onde Paulo esteve
com Barnabé em sua primeira e bem-sucedida viagem missionária? O que é feito das
igrejas por ele fundadas em Antioquia, Icônio, Listra, Derbe e Perge? O que aconteceu
com as sete igrejas do Apocalipse (Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes,
Filadélfia e Laodicéia), às quais o próprio Jesus enviou cartas pastorais? Por que no
final do terceiro século 50% da população da Ásia Menor era cristã e hoje essa
porcentagem não chega a 0,5%?.
Por que a presença islâmica é cada vez maior na Europa e na América do Norte?
Como explicar o presente e crescente interesse pelas religiões orientais no Ocidente?
5
Isto É, 2 maio 2001, p. 10.
6
Ultimato, jul./ago. 2001, p. 12.
7
Geraldo Campetti Sobrinho (coord).O Espiritismo de A a Z.Rio de Janeiro:Federação Espírita Brasileira,
1999, p. 314-321.
8
Revista Ultimato – Edição nº 280 – Pg. 28 e 29 – Editora Ultimato.
3
Por que a maior parte dos protestantes da Europa e da Austrália e a maior parte dos
católicos da América Latina são cristãos nominais?
Em última análise, a resposta nua e crua é uma só: não poucos cristãos têm o triste
hábito de perder Jesus de vista.”9
Mas quem é este Jesus? Você está convicto de que o conhece? Como preservar “a fé a
esperança e o amor” em tempos tão difíceis? Será possível permanecer sob normas de
uma doutrina pregada e ensinada a uma sociedade com padrões tão diferentes dos que
vivemos hoje? Se cremos e pregamos que Jesus Cristo é o mesmo ontem hoje e para
sempre, porque o esfriamento procede muitas vezes de nosso próprio meio, seja por
omissão ou por nos deixarmos influenciar pelo mundo?
Não podemos nos conformar por estar se cumprindo a profecia deixada pelo próprio
Jesus. “... o amor de quase todos se esfriará.” (Mt. 24:12).
Ser meros circunstantes e contemplar o desenrolar da história sem influenciá-la
positivamente, é algo totalmente contrário aos caminhos trilhados pelo Mestre, pelos
apóstolos e pela Igreja do 1º Século.
Nosso objetivo através desta série de estudos é Conhecer Jesus, “santificá-lo como
Senhor em nossos corações. Estar sempre preparados para responder com mansidão e
temor a todo aquele que nos pedir a razão da esperança que há em nós”. (I Pe. 3:15).
9
Revista Ultimato – Edição nº 280 – Pg. 25 – Editora Ultimato.
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Fato interessante é que se não todas, a maioria das profecias e promessas a respeito de
Jesus, foram proferidas e escritas por profetas Israelitas diretamente aos Hebreus.
Sabemos que o significado do Messias para os Hebreus foi deturpado devido à
desobediência e interpretação errada das Escrituras e promessas divinas. Com certeza
um grave ERRO DE PERSPECTIVA. Vejamos:
- Abraão foi chamado para ser o pai de uma grande nação, a qual seria
grandemente abençoada; cf. (Gn 12:1-3)
- Esta “grande nação” deveria ser não só aquela da qual Jesus nasceria, mas
também a que anunciaria esta mensagem, preparando o mundo para a 1ª vinda
de Jesus; cf. (Ex. 19:5 e 6)
- Por ser a nação escolhida e a que recebeu os oráculos de Deus, os Israelitas, e
os Judeus (estes especialmente após a divisão das tribos), consideravam-se a
raça pura, achavam que não poderiam misturar-se com outros povos, e que
seriam os únicos a serem salvos. Este fator dificultava a propagação da
mensagem divina a outros povos.
- Os Filhos de Abraão perderam-se, desde o início, no cumprimento da Lei de
Deus, o que os fez passar por sérias derrotas, ao longo de sua história,
culminando com duas grandes feridas: a divisão entre as tribos, e o exílio para
Babilônia, ambos relatados nos livros dos Reis e das Crônicas;
- A precariedade espiritual, social, política e econômica, levou o povo de Israel
ao grave ERRO DE PERSPECTIVA, em relação à sua missão. Ou seja,
passaram a esperar e anunciar o Messias (Ungido) como restaurador de sua
Nação e não como o Messias Salvador do Mundo. Sabemos que a liberdade
esperada em Jesus é para toda a humanidade e não significa libertar um povo de
sua opressão política, social ou econômica, mas sim, libertar a todos da
opressão espiritual do pecado. Cf. (Dt. 7)
- A salvação em Cristo é para todas as nações, incluindo os Judeus, independente
da “escolha” e da Lei. cf (Is. 49:6). Neste caso, podemos aplicar aos Judeus a
categórica repreensão de Jesus aos Saduceus. “Errais, não compreendendo as
Escrituras nem o poder de Deus”(Mt. 22:29).
“Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal. A virgem conceberá, e dará à luz um
filho, e será o seu nome Emanuel.” (Is. 7:14).
MAS QUANDO? ONDE? COMO?
È possível conhecer o tempo exato para o cumprimento de uma profecia?
Com certeza será sempre na “PLENITUDE DOS TEMPOS”. Não no tempo do
homem, mas no tempo de Deus. “...o zelo do Senhor dos exércitos fará isso.” (Is. 9:7)
O que é então esse tempo de Deus?
Se a cronologia do Arcebispo Ussher estiver correta podemos afirmar que, em relação
a Jesus, que este tempo é o ano 4 a.C.
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Biblia Thompson ref. 4213 Pág. 1375 – Editora Vida
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território e sua religião, o que fez com que no início da era Cristã, este povo
estivesse vivendo um momento de escassez política e espiritual;
b) A região então dominada pelos Romanos passava por um momentâneo período
de estabilidade. As constantes guerras travadas nos quatro séculos anteriores
haviam cessado. O Império de Ferro fez prevalecer sua força. Se por um lado,
estar sob o domínio de Roma era algo por demais constrangedor para o Povo de
Deus, por outro lado, pairava uma certa liberdade, ainda que condicionada à
tolerância do Imperador. Esta situação é apelidada pelos historiadores de “a paz
romana”
c) A preocupações dos Romanos eram basicamente: 1) receber impostos dos
povos dominados; 2) evitar a formação de grupos revolucionários e 3)
proporcionar um estado de segurança e tranqüilidade em seus territórios. “A
fim de manter a paz e a tranqüilidade nos territórios ocupados, Roma atuava
geralmente, com muita cautela, sem forçar a população submetida, a mudar
seus modelos de sociedade e nem os seus costumes, cultos e crenças
religiosas.”11 As Leis do Império permitiam ou não se opunham à religião dos
povos dominados, o que permitia a cada povo servir ao seu próprio deus.
d) As leis romanas eram modernas e, praticamente limitavam-se às questões
políticas, civis, penais e tributárias, permitindo aos seus cidadãos alguns
direitos básicos, como, por exemplo, o de expressar suas idéias. Desde que
não fossem uma ameaça ao Imperador assuntos, ligados à religião e costumes
dos povos dominados, eram irrelevantes. Este fato permitia aos Judeus
insatisfeitos com seus líderes religiosos, levar a público suas manifestações.
Este quadro era extremamente favorável à reforma ou surgimento de uma nova
religião.
a) Após vários anos de conflitos, diretos ou indiretos, com nações mais poderosas,
que quase sempre subjugavam os Judeus, a cultura e a religião destes foi
bastante esfacelada, sobrevivendo uns pequenos grupos, alguns muitos “zelosos
da Lei”. No entanto, estes grupos eram geralmente fundamentalistas. Além
disso, acrescentavam à religião diversos dogmas e costumes e ainda
interpretavam a Lei de forma errada, preocupando-se muito mais com ritos e
aparências, do que com os “preceitos mais importantes da Lei.” (Mt 23:23)
b) A lei, dada por Deus através de Moisés, não fora capaz de garantir aos Judeus
uma teocracia dominante, ou seja, o “Povo de Deus” detentor dos oráculos e da
Lei, já não podia usar esta prerrogativa para impor seu domínio, o que causava
um certo ar de decepção. Algo estaria errado e com certeza, não era Deus ou a
Lei, mas o comportamento do povo e a interpretação das Escrituras Sagradas.
Isto abria um horizonte espiritual, para o anúncio de uma nova ordem. (veja Mc
1:15)
11
Bíblia de Estudo Almeida – Introdução ao Novo Testamento Pág. 5.
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c) Decepcionado e meio sem entender o porquê de tudo isso, o povo vivia uma
verdadeira miséria espiritual. Os líderes religiosos não conseguiam se
harmonizar com o povo, que não os via com bons olhos. Sua Religião, símbolo
de poder e soberania ao longo de sua história, agora fora reduzida a uma
coleção de dogmas, ritos e normas incapazes de suprir a necessidade que
clamava em seu coração, por uma comunhão íntima com o Pai.
Considerando todos estes aspectos, podemos afirmar com toda certeza que Deus é
Soberano. “...segundo a sua vontade ele opera no exército do céu e nos moradores da
terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Dn. 4:35).
Eis a tão esperada PLENITUDE DOS TEMPOS. Eis o tempo de Deus. O pano de
fundo da história estava pronto. Jesus já poderia nascer. A mensagem do Batista às
margens do Jordão, pode ser entendida muito mais, como uma chamada ao preparo
dos corações para receberem aquele “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”
(Jo. 1:29).
Agora, o cumprimento das profecias a respeito de Jesus e sua 1ª vinda era só uma questão
de detalhes, que veremos na seqüência.
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apresentamos Jesus
Lucas 1:1-56
Cerca de cinco anos antes do princípio da era cristã. Um sacerdote idoso, cujo
nome era Zacarias, estava no Templo queimando incenso quando apareceu um
anjo e lhe disse que lhe havia de nascer um filho que: “sendo cheio do Espírito
Santo, iria adiante do Senhor, no espírito e poder de Elias, a fim de preparar
um povo para Ele”.
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Alguns meses mais tarde, o anjo anunciou a uma jovem de Nazaré que: “pelo
poder do Altíssimo ela daria à luz um filho cujo nome havia de ser Jesus o
Filho de Deus”. Nada duvidando. Maria visitou na região montanhosa de Judá,
sua prima Isabel, esposa de Zacarias. Ali se regozijaram juntas as duas mulheres
e Maria, por meio dum cântico de maravilhosa elevação, dignidade e beleza
engrandeceu a Deus.
Lucas 2:8-20
Guardados pelos pastores, os rebanhos que se recolheram antes do pôr do sol
repousavam no campo esperando a volta da alvorada, Subitamente soava pelo
deserto a voz dum anjo anunciando o nascimento do Messias e o local deste
acontecimento, o que surpreendeu sobremaneira os pastores. A glória do Senhor
brilhou-lhes ao redor e tiveram grande medo. “De repente apareceu junto ao
anjo grande multidão da milícia celestial louvando a Deus e dizendo: Glória a
Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens de boa vontade”.
Lucas 2:21-38
Circuncidado ao oitavo dia e trinta e dois dias mais tarde apresentado no
Templo com a oferta concedida aos humildes, Jesus foi reconhecido como a
Consolação de Israel, o Cristo do Senhor, pelo idoso Simeão, o seu testemunho
sendo corroborado pela profetisa Ana.
NOTA:
Destacamos os aspectos do nascimento e infância de Jesus, importantes para a
compreensão de sua humanidade:
1. Nasceu de um parto normal;
2. Foi amamentado;
3. Foi submisso aos pais;
4. Teve infância e convívio em sua própria família;
5. Cumpriu os ritos da lei de seu povo;
Embora se crie muitas historinhas fantásticas sobre o nascimento e infância do Senhor
Jesus, devemos compreender que Ele viveu esta fase naturalmente, em quase nada
diferente das demais crianças. Os aspectos sobrenaturais e divinos que acompanharam
seu nascimento servem de testemunho ao cumprimento da profecia e não alteram o
processo de criação, dependência e cuidados especiais a que se sujeita qualquer recém
nascido. Imaginemos Jesus dando seus primeiros passinhos, arranhando suas primeiras
palavras, ensaiando suas primeiras amizades com outras crianças, suas primeiras
brincadeiras, etc. Pois era exatamente assim que Ele era visto pelas pessoas do seu
tempo.
4.2 – ADOLESCÊNCIA
Lucas 2:40-52
a) AMBIENTE - O povo da Judéia não gozava dos meios de contato com a vida
mais ampla e expansiva como os habitantes da Galiléia que viam tropas em
11
NOTA:
Não é difícil compreender o desenvolvimento físico, intelectual e emocional de um ser
humano, são fases que todos nós passamos ou iremos passar. Uma vez atingida a
adolescência, o senhor Jesus também enfrentou as mudanças por que passam todos os
seres humanos. Adaptação ao ambiente, amadurecimento, relacionamento social,
aprendizado técnico e prático do mundo exterior e compreensão dos laços que ligam o
homem ao seu criador. As semelhanças naturais entre Jesus e os demais adolescentes
era tal que sua mãe, momentaneamente esquecida das revelações divinas que
acompanharam sua gravidez e parto, se vê espantada e confusa, quando vê Jesus
discutindo com os doutores no templo e não consegue assimilar a explicação “não
sabíeis que me convinha estar na casa de meu Pai?”. Situações como estas
demonstram o quanto seria difícil para os contemporâneos do Senhor aceitar um
Messias totalmente sobrenatural, o que também, contraria a essência do plano de
salvação elaborado e prometido por Deus, segundo o qual a culpa do pecado seria
expiada pelo derramamento de sangue. Sangue de um cordeiro, sem defeitos, máculas
ou pecados, mas tão humano, de forma que seu sacrifício pudesse ser aceito como
propiciação pelo pecado do homem.
4.3 – JUVENTUDE
Lucas 2
a) TRABALHO E PROFISSÃO - Seguem-se os anos de obscuridade em Nazaré,
período este em que Jesus aprendeu a fazer os implementos necessários à
lavoura primitiva, tais como o arado, a canga o tribulum (espécie de
debulhadora), a joeira ou pá.
b) ESTUDO DA PALAVRA - Nas tardes calmas que descem sobre as elevações
galiléias ou nas primeiras vigílias matinais, antes que o fulgor do levante tivesse
enrubescido os esplendores do Grande Hermon, imaginemos Jesus passeando
nos vales solitários ou pelos outeiros rochosos, conversando com o grande
Espírito que em tudo lhe falava. Liberto do banco de carpinteiro, colocando de
lado o rolo sagrado (as Escrituras) que tanto amava e conhecia, Ele procurava
inteirar-se do outro rolo de revelação externado pela criação de Deus.
12
NOTA:
O ingresso de Jesus no ministério obedeceu aos passos naturais e espirituais, em pouco
diferentes dos de qualquer pessoa que abrace a vida Cristã. O batismo nas águas, já
utilizado naquela época como ritual simbólico de passagem para uma nova vida, não
foi dispensado pelo Senhor Jesus. Não porque tivesse necessidade, pois como
reconhecera João Batista, nós é que necessitamos do batismo de Cristo, o verdadeiro
batismo, não em água, mas no Espírito Santo. Não obstante, Jesus submete-se ao
batismo, “pois assim nos convém cumprir toda justiça”, desta forma dá o público
testemunho de sua missão e mostra que sua natureza humana não era ignorada por ele
e nem se considerava superior, neste aspecto, aos demais homens, antes se coloca em
igualdade com eles.
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NOTA:
A tentação de Cristo oferece uma peculiar riqueza de fatos e situações que
demonstram bem a natureza humana do Senhor. Como testemunha o escritor aos
Hebreus, Ele ”... como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”. Num dos
momentos da vida do Senhor em que muitos preferem especular ou sensacionalizar os
fatos, revela-se umas das mais marcantes expressões de sua natureza humana. Em
primeiro lugar a fome, após longo jejum, serve de base à primeira e sutil tentação.
Uma irredutível firmeza diante do inimigo poderia ser vencida pela fome, cansaço e
debilidade do raciocínio aliadas à sedução visual, assim o diabo lhe propõe
transformar as sugestivas pedras em pão, algo aparentemente justo, diante das
circunstâncias, mas que traria irreversível ignomínia e derrota por algo de pouca valia.
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Diante da resposta, satanás procura seduzi-lo, propondo uma via mais fácil do que
aquela prevista nas escrituras. A onisciência do Senhor lhe fazia plenamente ciente da
dor e sofrimento da via crucis. Se havia um outro meio, porque não experimentar
salvar seu povo de forma fantástica e assim fazê-lo crer de uma vez por todas que
aquela grande e sobrenatural aparição seria o Messias prometido. Assim como o faz
hoje conosco, o diabo usou um antigo artifício, tentou criar uma falsa expectativa de
ambição, sucesso e poder que só ele poderia suprir “tudo isso te darei se prostrado me
adorares”. Apesar de sua natureza humana, a oferta é rejeitada por Jesus e o diabo se
vê sem alternativas, sendo obrigado a deixá-lo até momento oportuno.
João 4 e 5; Lucas 4
c) ENTRE SEUS CONHECIDOS - Na Galiléia, Jesus foi cordialmente recebido, e
sua fama confirmou-se quando ele curou de Caná, o filho do oficial do rei em
Cafarnaum.
Novamente Jesus viajou para o norte, indo para a cidade onde vivera sua
infância. Quando pregava na sinagoga, identificou-se a si mesmo com a
profecia de Isaias 61 e cativou seus velhos amigos. Porém, sua reprovação
severa à incredulidade deles os enfureceu de tal maneira que tentaram precipitá-
lo do monte em que estava edificada a cidade. Passando entre eles, Jesus
escapou e seguiu o seu caminho.
NOTA:
É possível detectar como as pessoas viam em Jesus, não um ser sobrenatural e sobre-
humano, mas um homem comum. Analisando passagens como estas, vemos que o dia-
a-dia do Senhor era de certa forma comum. Com a diferença de que nesta fase Ele
havia abraçado integralmente o seu ministério, deixando sua profissão de carpinteiro.
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Quanto ao mais, sua vida transcorria de forma natural, Morava em alguma casa,
situada na cidade de Cafarnaum, na Região da Galiléia, próximo ao lago com o mesmo
nome, convivia e relacionava-se com pessoas comuns, inclusive pescadores, ofício
predominante naquela região e também com autoridades e pessoas influentes, como foi
o caso do centurião de Cafarnaum, cujo criado fora beneficiado por um milagre por
Ele operado.
A rejeição e descrédito encontrados nestas cidades, em especial seu sermão na
sinagoga de Nazaré e a posterior reação agressiva de seus ouvintes e a própria
insatisfação e desgosto do Mestre por causa da incapacidade de sua própria gente em
reconhecer nEle o Messias nos faz lembrar daquele conhecido ditado “santo de casa
não faz milagres”. “A indiferença das cidades [da Galiléia] onde ele ensinara e
trabalhara era um dos desgostos mais acentuados de Jesus. Como conseqüência do
descaso, o povo sofreu uma repreensão em que foi anunciada a destruição dessas
cidades. Ele as comparou desfavoravelmente com as cidades perversas da
antiguidade, com Tiro e Sidom e até mesmo com Sodoma e Gomorra”.
NOTA:
Característica marcante dos profetas bíblicos sempre foi a capacidade de impor sua
palavras de forma convincente, provocando a reação de seu público. Apesar disso, a
rejeição era comum. Qualquer falha ou desvio poderia comprometer o grande esforço
e fazer cair por terra grandes ensinamentos.
Neste ponto, não houve privilégios. Apesar de ser o Mestre por excelência, e de não
cometer deslizes ou falhas, Jesus enfrentou esses pormenores. Seus embates
doutrinários com os judeus apresentam uma riqueza de detalhes e demonstram a
resistência enfrentada pelo Filho do Homem ao aplicar seus ensinamentos aos homens
de sua época.
Marcos 1 e Lucas 4
a) SUA AUTORIDADE - Os escribas ensinavam a Lei, apoiando-se na
autoridade dos mestres do passado. O valor da palavra dos escribas dependia
da sua capacidade de sustentá-la pela tradição e precedentes estabelecidos.
Jesus ensinava a Verdade vinda diretamente de Deus, baseando-se na sua
própria autoridade. Sua expressão, «Em verdade vos digo» assemelhava-se ao
«Assim diz o Senhor» do profeta da antiga dispensação.
Mateus 5 - 7; Lucas 6
b) SEUS ENSINAMENTOS - Então houve a declaração dos grandes princípios
do reino, como se encontra no Evangelho segundo Mateus, capítulo 5-7.
Fosse ou não proferido duma só vez, o Sermão do Monte apresenta a sinopse
dos ensinamentos de Jesus.
Esse grande sermão apresenta e esclarece o caráter íntimo da vida religiosa e
da prática, acentuando o valor supremo do amor. Há muitos ensinamentos em
oposição às idéias e costumes vulgares, por exemplo: Amai os vossos
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inimigos. O dever mais sagrado do oriental tem sido odiar o seu inimigo e
vingar-se de cada insulto e prejuízo. A beleza do perdão, a sublime dignidade
do amor vitorioso sobre o ódio e inimizade ainda não foi percebida pela
mentalidade do Oriente. Outra vez, observe-se algo da cor local: pão, peixe e
ovo, as bênçãos mais comuns da natureza destacam-se em contraste com
pedra, serpente e escorpião, as pragas mais comuns na Palestina.
Mateus 11 e Lucas 10
c) REJEIÇÃO - A indiferença das cidades [da Galiléia] onde ele ensinara e
trabalhara era um dos desgostos mais acentuados de Jesus. Como
conseqüência do descaso, o povo sofreu uma repreensão em que foi
anunciada a destruição dessas cidades. Ele as comparou desfavoravelmente
com as cidades perversas da antiguidade, com Tiro e Sidom e até mesmo com
Sodoma e Gomorra. O que é Corazim, atualmente? Ruína enegrecida no alto
dum outeiro sombrio de onde se descortina completa destruição. E Betsaida!
Um lugar numa praia abandonada onde estendem as redes dos pescadores. E
Cafarnaum a populosa. rica c orgulhosa Cafarnaum? Completamente
destruída. Por muito tempo ate seu local era desconhecido, mas os
arqueólogos hodiernos o identificam com a povoação de Tel Hum.
João 7
d) OPORTUNISMO – Muitos, da Galiléia, foram a Jerusalém para a Festa dos
Tabernáculos. Jesus não apareceu no principio da festa e por isso houve
muitas conjeturas sobre sua ausência. No meio da festa, porém, ele aparece e
ensina publicamente. Jesus asseverou que ele era a Luz do mundo, símbolo
talvez sugerido pela iluminação do Templo naquela festa. A opinião popular
sobre Jesus divergia. Alguns desejavam sua morte. Os policiais enviados para
prendê-lo voltaram dizendo: «Nunca homem algum falou assim como este
homem».
João 5, 8
e) ESTRATÉGIA E FUNDAMENTOS - A tentativa de apanhá-lo por
apresentar-lhe uma mulher adúltera para ser julgado tomou-se em confusão
para os acusadores dela. Em discurso subseqüente, Jesus declarou que a
descendência natural de Abraão não assegurava nenhum favor especial de
Deus e os judeus se enfureceram quando Jesus acrescentou que ele existira
antes de Abraão. O Tanque de Betesda, nutrido por fonte intermitente, era
procurado por enfermos que criam que essas águas tinham virtudes curativas.
Nesse lugar, certo dia de sábado, Jesus curara um homem que em vão e por
muito tempo esperava alivio e logo o senhor foi acusado de ter violado o
sábado. Em resposta, ele disse: “meu Pai trabalha até agora e eu trabalho
também”. Os judeus compreenderam que ele afirmava sua igualdade com
Deus. A acusação de blasfêmia então feita, nunca se perdeu de vista e sobre
ela, segundo a lei judaica, Jesus foi finalmente condenado.
NOTA:
17
NOTA:
Neste período Jesus enfrenta uma crescente oposição de seus adversários. Não era
pra menos, pois o Mestre, inconformado com a injustiça e com a deturpação da Lei,
promovida pelas autoridades religiosas de Israel, passa acusá-los frontalmente,
talvez, aproveitando-se da popularidade adquirida no decorrer de seu ministério.
Nesta fase observamos algumas características da vida de Jesus, tais como:
Lucas 10
a) AMIZADE E VIDA SOCIAL - Parece que por esse tempo, Jesus visitou
Betânia, onde moravam Marta, Maria e Lázaro, cujo lar amigo se tornara um
refúgio para Ele. Nessa ocasião. Jesus foi recebido pelas irmãs cuja
admiração pelo Mestre se demonstrou de maneira diversa.
uma declaração da sua unidade com Deus que os judeus não aprovaram e o
chamaram de blasfemo, por isso ele se retirou para a região além do Jordão
perto do local do seu batismo. Admoestado a deixar esse lugar para não ser
morto por Herodes, ele mostrou como, acertadamente, chamara esse monarca
de raposa. Não na Peréia, mas sim em Jerusalém havia ele de morrer.
«porque não convém que morra um profeta fora de Jerusalém», disse Ele.
NOTA:
Nesse ínterim, ocorre a longa e envolvente “despedida” do Senhor, com
eventos marcantes como: A comemoração da páscoa, instituição da Ceia como
memorial, o maravilhoso e universal discurso, a promessa do Consolador, a estranha
agonia e a notável oração intercessória.
Não obstante o profundo teor teológico há nestes fatos e palavras do Senhor, uma
perceptível demonstração de sua natureza humana:
- Suas repetitivas palavras anunciando previamente sua morte e ressurreição
externam a ansiedade vivida naqueles dias em função dos acontecimentos que o
aguardavam;
- O destaque dado à ceia como sendo a última realizada nesta dimensão soa
claramente como uma singular e comovente “despedida”;
- Seu desabafo sobre o traidor é dado num momento de comoção e incontrolável
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5 – O JESUS CONTRADITO
Nesta fase iremos analisar várias reportagens publicadas pela revista secular de maior
circulação no país, sobre Jesus Cristo e o Cristianismo. Embora algumas delas não
sejam objetivamente contrárias à fé, trazem em seu conteúdo, uma forte tendência de
ridicularizar ou desmerecer o cristianismo. O que não é de se estranhar, uma vez que
isso reflete, de certa forma, o pensamento geral daqueles que não crêem ou que não
querem assumir o compromisso de uma vida pautada pelos ensinos do Mestre, ou
ainda, que assumem uma posição naturalista e materialista, afirmando não existir um
Deus que criou e rege o universo.
referência, em Lucas, a uma manjedoura, onde se colocou o bebê, "porque não havia
lugar para eles na sala".
Quando se compara os evangelistas com outras fontes, externas a eles, o resultado
pode ser desastroso. Veja-se o caso do douto Lucas, quando dá suas coordenadas
históricas - ele erra tudo. O rei Herodes, da Judéia, já havia morrido, quando Quirino
passou a governar a Síria. E mais: não se tem notícia de censo universal algum
ordenado por Augusto. É fácil concluir que estamos no meio de um cipoal. Que
história era mesmo essa? Quem nasceu onde, e quando? Há enormes dificuldades, sim.
Por vezes sentimo-nos perdidos na floresta, sem bússola. Mas há também uma boa
notícia, para a qual se pede a gentileza da atenção do distinto público. Lá vai: nos
últimos anos. tem-se registrado um notável progresso nas pesquisas sobre Jesus.
O que se vai abordar aqui é o Jesus histórico. Que isso fique claro, de uma vez por
todas. Não é o Jesus teológico. Não é o Cristo dos altares. Tampouco é o Jesus de cada
um. Nascido no recôndito recanto da intimidade onde brota, ou não brota, a fé. O Jesus
em questão é o que nasceu, viveu e morreu na Palestina, concretamente, num
determinado período histórico.”
“Daquilo que está nos evangelhos, o que realmente aconteceu? Não é à toa que esta é a
pergunta mais recorrente nesta matéria. Tem-se repetido sempre que o cristianismo é
uma religião histórica, no sentido de que se apóia não em um deus ou deuses
mitológicos, mas numa figura de existência real, que viveu numa determinada parte do
globo, num determinado período, e teve sua trajetória condicionada pelas
circunstâncias da época e do local. Brown, no entanto, adota uma abordagem que em
primeiro lugar investiga o que o evangelista quis exatamente dizer - quais as tradições
que inspiraram seu texto e que mensagens ele procura transmitir. Segundo ele, a
"obsessão com a história pode constituir uma obstrução ao entendimento dos
evangelhos". A intenção dos evangelistas, lembra ele, era evangelizar, e Brown não
exclui que, para isso, se tenham utilizado de variados recursos - inclusive a ficção.
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Os evangelistas, pessoas que mal se sabe quem são, e onde viveram, não trabalharam
com informações de primeira mão. Há um consenso entre os eruditos, hoje, de que
seus trabalhos datam de no mínimo quarenta anos depois da morte de Jesus, sendo o
mais antigo o de Marcos (escrito por volta do ano 70 a.D.), e o mais novo o de João
(cerca de 100 a.D.). Nas narrativas da paixão, os evangelistas incluíram personagens e
situações inesquecíveis - as negações de Pedro antes de o galo cantar, os sumos
sacerdotes Anás e Caifás, o bom e o mau ladrão, etc.
0 Pessah comemora a libertação dos judeus da escravidão a que eram submetidos no
Egito, "e esta lembrança anual deve ter sido especialmente difícil quando o Egito tinha
sido substituído por Roma e a pátria judaica não era mais o lugar da liberdade mas de
ocupação colonial”, escreve Crossan. E acrescenta: “Imagine-se um grande número de
pessoas reunidas num espaço muito confinado para celebrar sua antiga libertação da
escravidão com um reizinho herodiano ou um prefeito romano agora no poder e
soldados pagãos vigiando o Templo a partir da Fortaleza Antonina, no seu canto
noroeste".
“Causar turbulência no Templo era algo que as autoridades não poderiam tolerar,
conclui Crossan, e é aqui que ele arrisca uma opinião sobre qual poderia ter sido o
papel de Judas: "Minha suposição é de que Judas possa ter sido capturado entre os
companheiros de Jesus, durante a ação no Templo, e em seguida contado quem tinha
feito aquilo e onde se encontrava". A explicação de Crossan para a prisão e a morte de
Jesus é conseqüência lógica de sua visão de que Jesus foi um insubmisso, com um
programa de "radical igualitarismo" que, cevado no campesinato insatisfeito da
Galiléia, desafiava os poderes constituídos.
Cohn aponta várias estranhezas, no episódio. Primeira: o que fez com que os "judeus"
ficassem tão hostis a Jesus, eles que o haviam recebido em triunfo em Jerusalém havia
alguns dias? Segunda: como aceitar que um "onipotente governador romano” se
sujeitasse a ficar pedindo aos nativos "conselho sobre como tratar um criminoso
preso", e ao tomar a decisão se deixasse arrastar pelos "apelos populares histéricos"?
Cohn considera o episódio "demasiado grotesco" para merecer crédito, mas Brown
acredita em sua plausibilidade.
A erudição de Brown nos servirá de guia na subida ao Calvário. Os quatro evangelistas
informam que, encenado o julgamento perante Pilatos, Jesus foi levado por soldados
romanos para a execução. Versão diferente aparece num texto apócrifo (isto é, não
reconhecido pela Igreja), o chamado Evangelho de Pedro, do qual só nos chegou um
fragmento, descoberto no século passado no Egito. Nesse texto os judeus têm todo o
controle do processo, inclusive a execução do condenado na cruz.”
Jesus carregou ele mesmo a cruz? João diz que sim, mas só ele. Os demais relatam que
um certo Simão Cirineu, "que passava por ali vindo do campo", segundo Marcos, foi
requisitado para fazer o serviço, Brown estranha. O costume impunha que o
condenado levasse a cruz ao local da crucificação, o que é atestado pelo historiador
Plutarco: “Todo malfeitor que vai para a execução carrega sua própria cruz". A versão
de João parece então mais verossímil.
“Ao longo dos séculos, consolidou-se a idéia de que a palavra de Jesus foi como uma
febre a varrer a Palestina. No entanto, de uma perspectiva estritamente histórica, tudo
indica que não foi bem assim. A pregação do Nazareno provavelmente não durou um
ano inteiro, e profetas não eram um artigo tão raro naqueles tempos. Os milagres,
exorcismos, profecias e ensinamentos de Jesus atraíam muita gente, mas é provável
que não se tratasse de multidões. Sinal disso é que, só alguns dias após sua entrada em
Jerusalém para celebrar a Páscoa, Jesus foi preso, julgado e crucificado por Pôncio
Pilatos. Na Páscoa, a guarda romana em Jerusalém se punha em alerta máximo – com
a cidade repleta de gente inflamada por um festival religioso, era uma oportunidade
quase certeira para rebeliões contra Roma. Se a comoção provocada pela chegada de
Jesus tivesse sido excepcional, a reação teria sido imediata. Aos olhos de Caifás, o
sumo-sacerdote judeu de Jerusalém que o denunciou, e do governador romano Pilatos,
Jesus provavelmente não passava de mais um entre muitos indícios de instabilidade na
região.
Poder-se-ia presumir, portanto, que a pregação de Jesus só se dirigia aos judeus, e só
interessaria a eles. Mas, durante os meses em que peregrinou pela Palestina, Jesus teve
oportunidade de se indispor com todo poder político e religioso que houvesse ali. Pelo
que se depreende dos Evangelhos Sinópticos – aqueles escritos por Marcos, Lucas e
Mateus, que se julga serem a mais fidedigna fonte sobre a obra de Jesus –, o Nazareno
nunca pediu fidelidade a si nem deu sinal de que pretendia fundar uma Igreja. Ao
contrário, deixou claro que, para Deus, não havia eleitos: a salvação poderia pertencer
a todos os que se arrependessem de seus pecados e que amassem não só o próximo,
mas também seus inimigos. Mais do que fundar uma religião, o intento parecia ser o
de formar uma comunidade em moldes inéditos. Para Helmut Koester, professor de
estudos do Novo Testamento da Universidade Harvard, a fórmula de batismo com que
26
COMENTÁRIO: Desta vez fica evidente a intenção de fazer de Jesus um mero líder
social e político. Aqui, o Cristianismo passa a ser uma doutrina de caráter associativo,
com fins políticos e humanitários. A salvação do homem e sua libertação do poder do
pecado, objetivos principais do evangelho, não são sequer cogitados pelos repórteres.
Além disso, reduziram a Igreja a um “clube” que aceita qualquer um, sem distinções,
mas também, sem exigências de mudança de vida.
27
Muitas pessoas têm se levantado para negar os relatos da bíblia a respeito de Jesus.
Muitos livros foram escritos com essa finalidade, alem de artigos em jornais e revistas.
Sem contar os diversos programas de televisão que se esforçam para demonstrar que o
Jesus da Bíblia é uma fraude.
Um episódio recente do show do apresentador Peter Jennings, pela rede de televisão
norte-americana ABC, hospedou o que poderia ser descrito como uma propaganda
inédita, de duas horas de duração, feita para defender duas versões extremas do
fundamentalismo. No Extremo liberal havia o fundamentalismo do “Seminário de
Jesus”12 – um grupo de especialistas duvidosos que fazem afirmações que não podem
provar a contento. No outro extremo, os Pentecostais de Alexandria, Louisiana –
uma denominação fundamentalista que está no limite entre igreja e seita, pois negam
explicitamente a trindade e defendem o ensino de que, a menos que as pessoas sejam
batizadas em seu grupo, usando sua fórmula e apresentem a evidência de falar em
línguas, não podem ser salvas.13
Logo no começo da reportagem intitulada "Em busca de Jesus", Jennings promoveu a
velha e falsa dicotomia iluminista entre a fé e a razão. Nas palavras dele: "Nós
tentamos respeitar o que as outras pessoas acreditam, enquanto tentamos descobrir o
que nós podemos saber de jato" (ênfase acrescentada). Trocando em miúdos, ele
insinuou que Os religiosos vendem uma fé influenciada pelas emoções; por outro lado,
os repórteres apresentam os fatos, embasados pelas evidências.
Conforme a transmissão prosseguia, foi surgindo um Jesus totalmente diferente
daquele que é apresentado na Bíblia. De acordo com Jennings, a Bíblia não pode
ajudar muito na hora de reconstruir o Jesus histórico. Do seu ponto de vista, os
evangelistas apresentam quatro versões diferentes e contraditórias da vida de Jesus.
Não há evidência confiável quanto a quem são Os autores e há um virtual consenso
entre os eruditos a respeito de que, não importa quem os tenha escrito. Os autores não
eram testemunhas oculares e podem ter feito seus registros um século após a morte de
Jesus.
O retrato de Jesus que surgiu não era particularmente elogioso. Contrário ao que Ele
disse a respeito de si mesmo, de que era Deus em forma humana, Jesus foi
transformado em um mero homem comum. Ele teria sido o filho ilegítimo de Maria e
o relato da concepção virginal poderia ter sido tramado para encobrir o caso. Talvez
Ele não tivesse nascido em Belém. A traição de Jesus por Judas provavelmente fora
inventada por cristãos como uma calúnia anti-semita. Ele não teria sido enterrado, mas
deixado na cruz e devorado por animais diversos, desde corvos até cães vira-latas. Sua
12
Em uma entrevista com Lee Strobel, o erudito Gregory Boyd declarou: "Ironicamente, [os participantes do “Seminário de
Jesus”] têm seu próprio tipo de fundamentalismo eles dizem que estão certos e ponto final. Em nome da diversidade, eles na
verdade podem ter uma visão um tanto restritiva.” (Lee Strobel, The case for Chist, [Grand Rapids: Zondervan Publishing
House. 1988], 114.)
13
Os Pentecostais de Alexandria Louisiana pertencem à Igreja Internacional Pentecostal Unitarista (UPCI), uma denominação
que defende uma visão contemporânea da antiga heresia conhecida como monarquismo modalista. Há uma excelente
discussão e defesa da doutrina da Trindade em relação ao unitarismo em Gragory A. Boyd Pentecostais Unitaristas e a
Trindade (Grand Rapids: Baker Books, 1992)
28
ressurreição talvez tenha sido uma história emprestada das religiões de mistério, que
nada mais são do que seitas pagãs orientais.
Infelizmente, essa é só a ponta de um iceberg traiçoeiro. Embora esteja além dos
limites deste artigo responder a cada uma das acusações amargas levantadas pelos
críticos, elas, porém, têm sido e continuarão a ser tratadas pela revista Defesa da Fé.
Enquanto nos esforçamos "para destruição das fortalezas, destruindo os conselhos, e
toda a lei, que se levanta contra o conhecimento de Deus" (2Co 10.4-5), o refrão de um
antigo hino soa ainda mais veraz: "Quão firme fundamento, ó santos do Senhor, é dado
para crermos em seus pronunciamentos". Começaremos demolindo as seguintes
afirmações articuladas por Jennings:
"Os especialistas há muito nos dizem que eles não aceitam literalmente tudo o que
lêem no Novo Testamento, porque o Novo Testamento tem quatro versões diferentes e
às vezes contraditórias da vida de Jesus - os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e
João. Não existe nenhuma evidência confiável a respeito de quem são de fato os
autores. Há consenso de que eles não eram testemunhas oculares. De fato, os
evangelhos foram escritos entre 40 e 100 anos após a morte de Jesus".14
VERDADE DO EVANGELHO OU CONVERSA MOLE?
Durante toda a reportagem de Jennings foram feitas muitas afirmações dogmáticas,
mas não houve nenhum esforço para tentar embasá-las com provas. Em outras
palavras, nunca se comprovou a idéia de que os evangelhos contêm versões
contraditórias da vida de Cristo. Na verdade, longe de serem contraditórios, os
evangelhos são claramente complementares. Por todos esses séculos, incontáveis
eruditos e comentaristas têm atestado este fato. Se os escritores dos evangelhos
tivessem dito exatamente as mesmíssimas coisas e do mesmíssimo jeito, aí é que se
poderia levantar a suspeita de que teria havido alguma conspiração, e de que um
copiou o texto do outro.
Além disso, até mesmo uma avaliação superficial do tal "Seminário de Jesus" revela
que os participantes têm preconceito contra o sobrenatural e, portanto, rejeitam a
priori os relatos do evangelho a respeito da ressurreição de Cristo.
Usando bolinhas coloridas como cédula de eleição, eles rejeitam a autenticidade das
declarações que Mateus, Marcos, Lucas e João atribuíram a Cristo. Do ponto de vista
deles, pode-se acreditar em menos de 20% dos ditos de Jesus. Os membros do
"Seminário" evidentemente odeiam o evangelho de João, mas amam o evangelho de
Tomé e isso a despeito do fato de que Tomé inclui passagens tão patentemente
ignorantes e politicamente incorretas como a seguinte conversa entre Pedro e Jesus:
"Simão Pedro lhes disse - Faça Maria nos deixar, pois as fêmeas não merecem a vida.
Jesus disse: Veja, eu farei que ela se tome um homem, para que ela também se torne
um espírito vivente, semelhante a vós, homens. Porque cada mulher que se esforça
para ser masculina entrará no reino do Céu”15.
Apesar disso, os eruditos do "Seminário" consideram o evangelho de Tomé mais digno
de confiança e importante do que Mateus e Lucas, particularmente no que diz respeito
14
Evangelho de Tome, 114, de acordo com Robert W. Funk, Roy W. Hoover e o Seminário de Jesus, The Five Gospels (New
York, Macmillan. 1993), 532.
15
Ibid 8-19. Veja também James R. Whithe “The Jesus Seminar and the Gospel of Thomas: courting the Media at the Cost of
Truth" Christian research Journal, inverno de 1998, disponível em www.equip.org.
29
16
Veja e.g., Gregory A. Boyd, Cynyc Sage or Son of God? (wheaton, IL; Victor Books. 1995) 288, 294.
17
Craig Blomberg in Strobel. 33.
18
Veja. E.g., Mt 23.25-36, 38; 24-1-2; cf Mc13.1-2; Lc 21.5-6; também cf. Jô 2.18-22. Este é um argumento tirado do silêncio
significativo.
19
Cf. Robert W Funk. Homest to Jesus (San Francisco: 1996) 288, 294.
30
Apolo, deitou lá e dormiu. Durante a noite ela foi inseminada por Apolo na forma de
uma serpente e, portanto, o menino que nasceu era divino, Augusto, e é claro que
milhões de pessoas devem ter dito no primeiro século: vejam o que ele fez. Ele trouxe
paz ao império que estava em guerra. Ele acabou com as guerras civis, ele é o nosso
homem”.
E isso não é tudo. Robert Funk, presidente do "Seminário de Jesus", sugere que Jesus
talvez fosse o filho ilegítimo de um soldado romano e que o relato da concepção
virginal fora inventado para encobrir isso.20 Jennings explica a suposta evidência para
defender esse ponto de vista: "Após as histórias a respeito do nascimento, José
desaparece do Novo Testamento. No evangelho de João alguém que critica Jesus diz
que ninguém sabe quem é o pai dele, e um escritor anticristão do segundo século
menciona o boato de que um soldado romano havia engravidado Maria".
Quando ouvi essas afirmações pela primeira vez não pude deixar de pensar o seguinte:
se esses homens estavam defendendo a idéia de que Jesus era ilegítimo, ao invés de
divinamente imortal, e que sua mãe era fornicadora, seria bom para eles que tivessem
certeza absoluta de estarem absolutamente certos, Caso estivessem errados - e estão -
são culpados de blasfemar contra Deus. Deveriam ser mais cautelosos com o que
defendiam, só para o caso de estarem enganados. De fato, Jennings, Crossan e Funk
estão completamente errados.
Em primeiro lugar, a afirmação de Jennings de que o nascimento virginal de
Jesus é muito semelhante à história contada a respeito de Augusto e do deus solar
romano Apolo seria hilária, caso não fosse tão blasfema. Um deus sol em forma
de uma serpente que faz sexo com uma mulher não tem nenhuma -
correspondência com o Salvador nascido de uma virgem. Também não existem
"dúzias de histórias" do mesmo tipo do relato da concepção virginal de Jesus -
como Crossan afirma. Mais uma vez, ele faz uma afirmação dogmática sem
oferecer uma base de apoio para ela. A verdade do assunto é que a evidência
histórica usada para defender a veracidade histórias extrabíblicas de nascimentos
virginais é nula.
Além do mais, exige-se muita credulidade da parte de Jennings acreditar que
autores judaicos monoteístas como Mateus e Lucas poderiam empregar mitologia
pagã em suas narrativas. O eminente historiador e erudito Raymond E. Brown
explica que as histórias; conhecidas a respeito de deuses que fazem sexo com
mulheres não têm nenhum ponto em comum com a concepção virginal: Brown
diz:
"Paralelos não judaicos têm sido Encontrados nas religiões mundiais (o
nascimento de Buda, de Krishna e do filho de Zoroastro), na mitologia grega e
nos nascimentos dos faraós (com o deus Amon-Rá agindo através do pai) e nos
nascimentos sensacionais dos imperadores e filósofos (Augusto, Platão etc). Mas
esses “paralelos” sempre envolvem um tipo hieros gamos em que um macho
divino, em forma humana ou outra, insemina uma mulher "seja através do ato
sexual normal, seja por uma forma substituta de penetração.
Eles não são realmente semelhantes à concepção virginal, não-sexual, que está no
20
Raymond E Brawn, The Virginal Conception and Bodily Resurrection of Jesus (New York: Paulist Press, 1973) 62, 65.
31
BELÉM OU NAZARÉ?
Marcus Borg, membro do “Seminário de Jesus”, deu uma das sugestões mais curiosas
DO PROGRAMA “Em Busca de Jesus”, ao afirmar que Jesus não nasceu em Belém.
O raciocínio utilizado para chegar a esta conclusão seria interessante, caso não fosse
tão insidioso. Em primeiro lugar afirma-se que somente dois evangelhos falam a
respeito do lugar do nascimento de Cristo e eles o descrevem de forma diferente.
Lucas diz que Jesus nasceu em uma manjedoura, enquanto Mateus diz que Jesus
nasceu em uma casa. Também se argumenta que não existe nenhum registro fora dos
evangelhos de que César Augusto tenha ordenado um censo mundial com o objetivo
de arrecadar impostos. Além do mais os homens eram tributados no próprio lugar em
que trabalhavam, mas as mulheres nem mesmo eram contadas. Portanto, Maria e José
não teriam de viajar para Belém.
Finalmente se sugere que as pessoas eram conhecidas pelo lugar em que haviam
21
Veja Hank Hanegraaf, Resurrection (Dallas: Word Publishing, 1999), parte primeira.
22
Paul .barnet, is the New Testament Realiable? A look at the Historical Evidence (Downers Grove, IL: InterVarsity Press),
119.
32
nascido, “Visto que Jesus é conhecido como Jesus de Nazaré, ele deve ter nascido lá, e
não em Belém.”
Muitas das declarações feitas no citado programa são tão bizarras que é até difícil escolher por ande
começar a refutação. Tome, como exemplo, o argumento presunçoso de Borg de que de Mateus e
Lucas provêem informações diferentes (isto é, contraditórias) a respeito do nascimento de Cristo em
Belém e, portanto, não se pode confiar em nenhum dos dois. Na verdade, não existe nada em Mateus
que contradiga Lucas. Para apresentar a aparente contradição, Borg diz que, de acordo com Mateus.
Jesus "nasceu em casa". Mateus, todavia, nada disse a esse respeito, Borg simplesmente inventou essa
afirmação.
Longe de serem contraditórias, as diferenças entre os relatos do evangelho são
claramente complementares, Lucas adiciona detalhes ao relato de Mateus, coma a
de que o nascimento de Cristo ocorreu em uma manjedoura porque não havia
lugar para eles na hospedaria. As diferenças entre os evangelhos não apenas
demonstram que eles não se baseiam um no outro, mas também conferem peso à
sua autenticidade. Citando as palavras do historiador Dr. Paul Barnett "As
diferenças entre as narrativas não apenas indicam que Mateus e Lucas estavam
isolados um do outro quando escreveram, mas também que as fontes de que
dependeram eram bem separadas. Contudo, dessas correntes de fontes
subjacentes temos um acordo detalhado a respeito de onde Jesus nasceu, quando,
de que pais, e as circunstâncias miraculosas da sua concepção".23
Além disso, a declaração de Jennings de que não existe nenhum registro fora dos
evangelhos de que o imperador César Augusto ordenou um censo mundial não é
apenas presunçosa, mas também patentemente falsa. Na verdade o censo de
César Augusto é famoso – tão famoso que os historiadores de crédito nem mesmo
debatem essa questão. O historiador judeu Josefo, por exemplo, se refere a um
censo em 6 A.D.24 Considerando o alcance do censo, é lógico assumir que custou
muito a ser completado. È razoável se inferir que começou com César Augusto
por volta do ano 5 A.C. e que foi completado aproximadamente uma década
depois. Lucas, um historiador meticuloso nota que o censo foi primeiro
completado quando Quirino era Governador da Síria.25 De fato, como o
historiador Paul Méier explicou na sua transmissão de rádio Bible Answer Man:
“Os romanos demoraram 40 anos para completar o censo da Gália, Se
considerarmos uma província na Palestina, a 1.500 milhas de Roma, se tomou
uma década foi muito rápido. E visto que aquele censo finalmente veio até a
administração de Quirino, Lucas pôde corretamente chamá-lo de seu censo”26
Com as credenciais impecáveis de Lucas como historiador, teria sido muito mais
prudente para Jennings dar-lhe o benefício da dúvida. Basta lembrar a
23
Antiguidades dos Judeus, 18.1.1-2.
24
Conforme explicou o Dr Paul Maier durante a transmissão de 12 de novembro de 1999 de programa Bible Answer Man:
“Quirino realizou o censo em [6 A.D.], ao invés da época do Natal. E os críticos dizem que Lucas cometeu um erro aqui [em
Lucas 2:2]. Isso não é certo. Poderia haver um problema de tradução. Idealmente, a primeira leitura seria que este é o primeiro
censo durante o período em que Quirino governou a Síria, e nesse caso nos faltam dez anos. Contudo, a palavra grega protos
também, pode ser assim traduzida: “Isso ocorreu antes daquele censo que todo mondo conhece, e que foi realizado por
Quirino”. Essa è uma tradução. A que eu prefiro é: “Esse censo foi primeiramente completado enquanto Quirino era governador
da Síria”.
25
Ibid.
26
Veja William M. Ramsay, The Bearing of Recent Discovery on the Trustworthiness of the New Testament, rep. ed. (Grand
Rapids: Baker Books, 1953); William M Ramsay, Sr. Paul the Traveller and the Roman Citizen (Grand Rapids: Baker Books.
1962).
33
27
Paul L Maier, in the Fullness of Time: A Historian Looks at Christmas, Easter, and the Early Church (Grand Rapids: Kregel,
1991), 4-5.
28
Ibid. 4-5
29
Philip Schaff, History of the Christian Church, vol. II (Grand Rapids: Eerdmans, 1994), 251: cf. J. D. J. Douglas, editor geral,
The New International Dictionary of the Christian Church, ed. rev. (Grand Rapids: Zondervan, 1978) 516.
30
Douglas, 607.
31
Ibid. 756
32
Veja a obra de Hanegraaf, primeira parte.
33
Veja, e.g., Br. 5:18; 15:6 Mc 7:8; Lc 24.25-27, 44-47; Jô. 10:35; 14.25-26; 16:13; cf. 15:26-27.
34
Johm A T. Tobinson, The Human Face of God (Philadelphia: Westminster, 1973), 131, conforme citado por William Lane
Craig in Paul Copan, ed., Will the Real Jesus Please Stand Up? A Debate between Willian Lane Craig and John Dominic
Crossan (Grand Rapids: Baker Books, 1998), 27.
34
miraculoso.
CALÚNIA ANTI-SEMITA OU SOFISMA ANTIINTELECTUAL?
O sofisma antiintelectual no programa "Em busca de Jesus" talvez tenha alcançado seu
clímax quando o membro do "Seminário de Jesus" Robert Funk sugeriu que Judas bem
poderia ter sido inventado como uma Calúnia anti-semita. De acordo com Funk, a
história da traição de Jesus por Judas era "provavelmente uma ficção, porque Judas
parece a muitos de nós como alguém que representa o judaísmo, ou os judeus, como
os responsáveis pela sua morte. Se é uma ficção, é uma das ficções mais cruéis que
fora inventada, tendo em vista a incontável hostilidade que persistiu entre os cristãos
e os judeus no decorrer dos séculos." John Dominic Crossan afirma que esses eruditos
vêem Judas como o “Judeu arquetípico”, “porque Judas significa Judeu. Esses
comentários e sua inclusão no programa representam em si mesmos pouco mais do
que preconceito vingativo e bem podem significar uma nova decadência nos estudos
neotestamentários. Até mesmo Crossan admite a falha: "O problema é, é claro, que
não é assim que pensavam as pessoas do primeiro século, porque [Judas] era um
nome comum. E há muita evidência de que alguém - e estou deliberadamente falando
em termos vagos - próximo a Jesus o traiu". Em resposta, em primeiro lugar deve-
se enfatizar que, como Crossan admite, Judas era de fato um nome muito comum.
Há vários homens chamados Judas nós evangelhos, um dos quais era discípulo de
Cristo verdadeiramente devotado (Lc 6.16), e outro escreveu a epístola de Judas,
do Novo Testamento (Mt 13.55 Jd. 1). Dificilmente os leitores do evangelho do 1º
século entenderiam que o nome Judas significava o judaísmo.
Além disso, os escritores do Novo Testamento proclamaram claramente que a
salvação por meio do Messias judaico foi dada primeiro ao povo judeu, e só
depois para o resto do mundo (Mt 15.24; Rm. 1.16). Adicionalmente, a visão de
Pedro seguida pelo relato de Cornélio recebendo o Espírito Santo (At 1O) e
subseqüente Concílio de Jerusalém (At 15) claramente demonstram tanto a
natureza inclusiva da Igreja quanto a resistência inicial judaico-cristã à inclusão
dos gentios (veja também GI. 2.11-14). Enquanto os primitivos cristãos certa-
mente não eram anti-semitas, pelo menos alguns inicialmente manifestaram
exatamente o preconceito oposto!
Longe de ser anti-semita, o Novo Testamento simplesmente registra o desenlace
da história da redenção, conforme predito pelos profetas judeus que anunciaram
que um dos companheiros de Cristo o trairia (SI 41.9; Jó. 13.18). Como deveria
ser óbvio para Jennings e os membros do "Seminário de Jesus", nada há de sutil
a respeito da narrativa da Crucificação. Os escritores judeus do evangelho
declaram explicitamente que foram seus líderes que condenaram a Cristo,
acusando-o de blasfêmia. Não haveria motivo para inventar um Judas fictício
para representar o judeu arquétipo.
Finalmente, como é evidente para qualquer pessoa desprovida de preconceito,
desde um estudioso catedrático até um estudante primário, o Novo Testamento
nada tem de anti-semita. Jesus, os 12 apóstolos e o apóstolo Paulo eram todos
judeus! De fato, os cristãos referem-se com orgulho à sua herança cultural e
espiritual como a tradição judaico-cristã. No livro de Hebreus, os cristãos são
lembrados a respeito dos judeus, de Davi a Daniel, que são membros da galeria
dos heróis da fé. De fato, as crianças cristãs são criadas tendo os judeus como seus
35
heróis! Desde o colo de suas mães até as Escolas Dominicais, elas aprendem as
histórias do Antigo Testamento dos grandes judeus, homens e mulheres, de fé, de
Moisés a Maria, de Ezequiel a Ester. A Bíblia se estende longamente para
salientar o fato de que quando se trata da fé em Cristo não há diferença entre
judeu e gentio (GI 3.28), e que o povo judeu em todas as gerações não é mais
responsável pela morte de Cristo do que qualquer outro. Como disse Ezequiel: "o
filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho" (18.20).
A "ficção cruel" de Funk não é Judas, mas a noção de que o cristianismo é anti--
semita. Na verdade, Jennings e outros devem uma desculpa ao mundo por
alimentar um mal-entendido e por má-fé ao defenderem a sugestão cruel de que a
história de Judas foi inventada porque "Judas quer dizer judeu".
ENTERRO OU MENTIRA?
Não há dúvida de que o erro mais crasso do programa "Em busca de Jesus" é a
negação da morte e ressurreição de Cristo. Em um diálogo com Jennings, Crossan
contende que o relato do enterro de Jesus é baseado em esperança, e não em história:
"Será que Jesus foi ao menos enterrado?.. O objetivo da crucificação era criar um
ambiente de terror, e a função era deixar o corpo na cruz para ficar em putrefação,
ser devorado por corvos e cães vira-latas. Não é que apenas fazia você sofrer muito,
você não era enterrado. É justamente isso que fazia dela uma das penas supremas
entre os romanos. Ausência de enterro. Quando eu leio essas estórias, me sinto
terrivelmente solidário com os seguidores de Jesus porque eu ouço esperança aqui,
não história". É evidente que o próprio Crossan não Se põe entre os seguidores de
Jesus.
Contrário à alegação de Crossan, o relato do enterro de Cristo é baseado em
história, e não em esperança. O falecido erudito liberal da Universidade de
Cambridge, John A. T. Robinson, admitiu que o enterro de Cristo "é um dos
mais antigos e mais bem atestados fatos a respeito de Jesus".35 Essa declaração
não é meramente uma afirmação dogmática. Ao contrário, é firmemente
embasada em argumentação sólida.
Em primeiro lugar, tanto os eruditos liberais quanto os conservadores do Novo
Testamento concordam que o corpo de Jesus foi enterrado no túmulo particular
de José de Arimatéia. O filósofo e teólogo Williarn Lane Craig sublinha este fato,
ao notar que, como membro da corte judaica que condenou Jesus, é improvável
que José de Arimatéia fosse uma ficção cristã. O notável erudito
neotestamentário Raymond Brown explica: "O fato de que José foi o responsável
pelo enterro de Jesus é muito provável, visto que uma criação ficcional cristã de
um membro do Sinédrio fazendo algo correto a favor de Jesus é quase
inexplicável, dada a hostilidade que havia nos primeiros escritos cristãos contra
os líderes judaicos responsáveis pela morte de Jesus. Em particular, Marcos não
teria inventado José, tendo em vista a sua declaração de que todo o Sinédrio
havia votado a favor da condenação de Jesus (Mc. 14:55,64; 15.1)".36
Além disso, não existe nenhuma outra versão a respeito do assunto. Craig aponta
35
William Lane Craig: “Did Jesus Rise from the Dead? In Michael J. Wilkins e J. P. Moreland, eds., Jesus Under Fire (Grand
Rapids Zondervan, 1995), 148; veja também Raymond E. Brown, Death of the Messiah, vol. II (New York: Doubleday, 1994),
1240.
36
Craig: “Did Jesus Rise from the Dead?” 149.
36
em Jesus sob Fogo que "se o enterro de Jesus no túmulo de José de Arimatéia é
uma lenda, então é estranho que não haja tradições conflitantes em nenhum
lugar, nem mesmo da parte de polemistas judeus. É difícil explicar que não tenha
sobrado nenhum vestígio da “história verdadeira”, nem mesmo de alguma falsa
versão conflitante, a menos que o relato do evangelho seja substancialmente o
relato verdadeiro"37
O relato do enterro de Jesus no túmulo de José de Arimatéia é confirmado pelo
evangelho de Marcos e é, portanto, registrado cedo demais para estar sujeito à
corrupção e à formação de lendas.38 De modo semelhante, Paulo comprova o
enterro de Cristo em uma carta aos cristãos de Corinto, na qual ele recita um
antigo credo cristão, que data poucos anos após a própria crucificação (I Co 15.3-
7).
Finalmente, conforme Craig enfatiza, a resposta judaica mais precoce à
ressurreição de Jesus Cristo pressupõe um túmulo conhecido que se tornou vazio.
Ao invés de negar que o túmulo estava vazio, os inimigos de Cristo acusaram seus
discípulos de roubar o corpo. A sua resposta à proclamação: "Ele ressuscitou -
realmente ressuscitou" não foi "seu corpo ainda está na sepultura", ou "'ele foi
jogado numa cova rasa e comido por cães". Ao invés disso, eles responderam:
"Seus discípulos vieram durante a noite e o roubaram"39 Nos séculos que se
seguiram à ressurreição, o fato de que o sepulcro de Jesus era conhecido foi aceito
tanto pelos amigos quanto pelos inimigos de Jesus.40
Resumindo: o primitivo cristianismo simplesmente não teria sobrevivido se
alguém pudesse encontrar algum túmulo contendo o corpo de Jesus. Os inimigos
de Cristo poderiam ter acabado facilmente com a charada se pudessem mostrar o
corpo. Talvez John Dominic Crossan saiba que se admitir a historicidade do
enterro de Jesus terá de admitir também a historicidade da sua ressurreição.
Muito mais poderia ser dito, mas uma coisa já deve estar absolutamente clara: apesar
de Jennings afirmar ser um repórter respeitoso em busca do que podemos saber a
respeito do Jesus da história, na verdade ele gastou a maior parte de duas horas
recorrendo a calúnias para vender sua própria forma extrema de fundamentalismo.
Longe de prover uma exposição dos fatos embasada na evidência, ele empurrou uma
fé cega baseada na emoção. Aceitar afirmações desse tipo, baseadas em boatos, sem
provas, seria verdadeiramente repreensível.
Em Resumo
Ignorando o parecer dos especialistas confiáveis, a reportagem especial, da rede de televisão
norte americana: ABC, apresentou dois extremos do fundamentalismo de um lado, a
organização liberal conhecida como "Seminário de Jesus"; do outro, a crença unilateral, cega e
subjetiva, que inclui o movimento herético americano conhecido como Pentecostalismo
37
Ibid., 147-48. Veja também William Lane ;Craig, “Contemporary Scholarship end the Historical Evidence for the Resurrection
of Jesus Christ”, Truth 1 (1985): 89-95, do Web site Leadership University em http:www.leaderu.com/truth/1truth22.html. Para
examinar os argumentos a respeito de como são estabelecidas as datas para a escrita de Marcos, veja John Wenham,
Redating Mattew, Mark and Luke (Downers Grove, IL: intervarsity Press, 1992), capítulos 6-8; Boyd, capítulo 11.
38
Craig: “Did Jesus Rise from the Dead?” in Winkins e Moreland, 147; veja também Gary Habermas, The Historical Jesus:
Ancient Evidence for the Life of Christ (Joplin, MS: College Press, 1996) capítulo 7.
39
Adaptado de Craig, “Did Jesus Rise from the Dead?” 152. Veja Mateus 28:13.
40
O erudito D. H. van Daalen notou: “É extremamente difícil objetar ao túmulo vazio com base na história; aqueles que o
negam fazem-no com base em pressupostos teológicos ou filosóficos”; conforme citado na obra de William Lane Craig,
“Contemporary Scholarship and the Historical Evidence”.
37
Unitarista.
Em qualquer um desses dois extremos, o Jesus que emerge é muito diferente do Cristo
do Novo Testamento. De acordo Com o Seminário de Jesus. Jesus seria o filho
ilegítimo de um soldado romano, e o relato da concepção virginal teria sido inventado
para encobrir isso. Ele não teria nascido em Belém; a traição de Jesus teria sido
inventada por cristãos como uma calúnia anti-semita. Ele não teria sido enterrado, mas
deixado, na cruz e devorado por corvos e cães vira-latas, e sua ressurreição, Uma
história emprestada das religiões de mistério, ou seja, seitas pagãs orientais.
Essas conclusões não são mais do que afirmações dogmáticas desprovidas de
argumentos defensáveis, o que também sugere uma fé cega influenciada pelas
emoções, Em contraste com isso, o cristianismo está arraigado em eventos históricos
averiguáveis. Efetuando-se uma análise histórica honesta, podemos saber,
racionalmente e além de qualquer dúvida razoável, que Jesus foi enterrado no túmulo
de José de Arimatéia, ressuscitou dentre os mortos e apareceu fisicamente para
autenticar sua afirmação de que era Deus em forma humana. Ao descartar a priori o
Cristo da fé bíblica, o apresentador do programa, Peter Jennings, e o "Seminário de
Jesus" não puderam encontrar o verdadeiro Jesus histórico.