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A RESSURREIÇÃO

Jo 20.1,31

INTRODUÇÃO.
Muitos ao longo a da história se apresentaram como sendo portadores da revelação
final de Deus para os homens, complementando o que foi dito por meio de Moisés e Jesus
Cristo:
 Maomé – fundador do Islamismo;
 Hippolyte León – Allan Kardec – fundador do Espiritismo;
 Joseph Smith Junior – profeta dos Mórmons.
A lista é muito ampla, porém ao olharmos para as Escrituras, temos a afirmação de Jo
14.6.
Todos esses homens tem algo incomum: TODOS ESTÃO MORTOS. E se você
retirar esses fundadores de cena, suas religiões simplesmente permanecem, suas religiões
não precisam deles para existir.
O mesmo não acontece com o Cristianismo, pois o Cristianismo não é um conjunto
de ideias, mas uma pessoa, que vive e reina soberanamente sobre os homens. Não há
cristianismo sem Cristo. Em especial não há cristianismo sem a Ressureição de Cristo. A
doutrina da ressureição é central no cristianismo. Ela é o pilar da nossa esperança. E a
palavra esperança no NT não é como a palavra esperança que usamos no dia-dia, ela quer
dizer uma certeza profunda.
É sobre essa doutrina central que a passagem relata.

CENÁRIO CONTEXTO.
1. Acontecimentos anteriores:
a) A crucificação – está consumado!;
b) O sepultamento de Jesus;
c) Judeus satisfeitos pelo aparente êxito no plano de matar Jesus;
d) Pilatos com a sensação de um problema a menos;
e) Os discípulos escondidos com medo dos judeus.

CONFLITO.
1. O desaparecimento do corpo de Jesus. Onde está o mestre?
Alguns destaques interessantes no relato:
a) O zelo de Maria Madalena
“1 No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada,
sendo ainda escuro, e viu que a pedra estava revolvida. 2 Então, correu e foi ter com Simão
Pedro e com o outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Tiraram do sepulcro o
Senhor, e não sabemos onde o puseram.”
“Foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro...” Podemos concluir que ela
amava tanto e tão profundamente a Jesus que se antecipou a qualquer outra pessoa.
“Tiraram do sepulcro o Senhor, e não sabemos onde o puseram...” A reverência ao
Mestre demonstrada pelo cuidado com seu corpo. Na mente dela o que estava prestes a fazer
era dar um enterro digno, uma vez que o corpo foi tirado às pressas da cruz. Mas agora ele
havia sumido, e elas não sabiam onde estava.
Zelo, temor e reverência podem ser observados na postura de Maria Madalena.

b) Ainda estava vivo o interesse de Pedro – ele ainda tinha medo, os judeus
poderiam fazer algum mal contra eles, mas, apesar de tanto medo, apesar de
ele ter negado o Mestre, ele ainda tinha interesse no Mestre. Algo aconteceu
ao corpo do Mestre e eu preciso saber o que foi.
“3 Saiu, pois, Pedro e o outro discípulo e foram ao sepulcro. 4 Ambos corriam
juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao
sepulcro; 5 e, abaixando-se, viu os lençóis de linho; todavia, não entrou. 6 Então, Simão
Pedro, seguindo-o, chegou e entrou no sepulcro. Ele também viu os lençóis,”
“Ele também viu os lençóis...” Essa é uma ênfase que deve ser considerada. Era
pouco provável que alguém tivesse roubado o corpo, pois os lençóis estavam ali, o lenço
que cobria a cabeça no mesmo local onde a cabeça de Cristo foi apoiada. Pedro manteve
vivo o seu interesse por Cristo e foi recompensado com aquela visão. Estamos diante da
primeira descrição que aponta para a característica do corpo glorificado de Cristo. Seu corpo
não foi levado, mas passou pelos lenções, da mesma forma que será capaz de passar pelas
paredes no salão trancado em que os discípulos estão reunidos naquele domingo.

c) O discernimento de João.
“8 Então, entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu,
e creu. 9 Pois ainda não tinham compreendido a Escritura, que era necessário ressuscitar
ele dentre os mortos.”
“...e viu, e creu...” João usou três verbos gregos diferentes para ver:
 20.5 – significa apenas espiar, olhar de relance;
 20.6 – significa olhar com cuidado, observar;
 20.8 – quer dizer perceber com compreensão intelectual. A verdadeira fé
salvadora leva a essa contemplação, esse encantamento. No novo nascimento
temos nossa mente e nossos afetos afetados de tal maneira, que nos tornamos
capazes de ver a beleza da realidade de Jesus Cristo em nossas vidas.
Sua fé na ressurreição estava nascendo. Agora tudo estava ficando claro – “9 Pois
ainda não tinham compreendido a Escritura, que era necessário ressuscitar ele dentre os
mortos”.

CLIMAX.
1. A aparição de Jesus.
a) Maria Madalena.
i. Nos mostra a consolação das boas novas aos quebrantados de coração:
“11 Maria, entretanto, permanecia junto à entrada do túmulo, chorando. Enquanto
chorava, abaixou-se, e olhou para dentro do túmulo, 12 e viu dois anjos vestidos de branco,
sentados onde o corpo de Jesus fora posto, um à cabeceira e outro aos pés. 13 Então, eles
lhe perguntaram: Mulher, por que choras? [...] 15 Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que
choras?...”
Maria está com seu coração profundamente angustiado e nenhuma outra notícia já
declarada, em toda história da humanidade, tem o poder consolador dessa notícia: ELE
VIVE! E a promessa das Escrituras é que não apenas as lágrimas de Maria Madalena seriam
enxugadas. Mas as lágrimas de cada seguidor de Jesus Cristo ao longo das eras:
 Ap 21. 4 – “4 E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não
existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas
passaram”.
Portanto, a primeira coisa que aprendemos com o clímax da aparição de Jesus para
Maria é que a ressurreição de Cristo garante consolo para corações angustiados.

ii. Nos mostra o poder da voz do Supremo Pastor:


“14 Tendo dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não reconheceu que
era Jesus. 15 Perguntou-lhe Jesus: por que choras? A quem procuras? Ela, supondo ser ele
o jardineiro, respondeu: Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. 16
Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, lhe disse, em hebraico: Raboni (que quer dizer
Mestre)!”
“...mas não reconheceu que era Jesus ... Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-
se, lhe disse, em hebraico: Raboni (que quer dizer Mestre)!...
 Jo 10 – “2 Aquele, porém, que entra pela porta, esse é o pastor das ovelhas. 3
Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelo nome
as suas próprias ovelhas e as conduz para fora. [...] 14 Eu sou o bom pastor;
conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim,”.
A voz do pastor ao chamar a ovelha pelo nome, ficou nítido para Maria que ela
estava diante do Mestre, por isso diz: Raboni. Este é o ato salvador de Deus, Ele chama cada
um dos seus eleitos pelo nome. A voz do Supremo Pastor, nos chamando pelo nome, é
suficiente para desfazer qualquer confusão causada pelo pecado e que antes nos impedia de
vê-lO.

iii. Nos mostra um compromisso missionário de todo aquele que tem um


encontro com o Supremo Pastor:
“17 Recomendou-lhe Jesus: Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai,
mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu
Deus e vosso Deus. 18 Então, saiu Maria Madalena anunciando aos discípulos: Vi o
Senhor! E contava que ele lhe dissera estas coisas”.
“...saiu... anunciando... e contava que Ele lhe dissera estas coisas...” O
compromisso missionário é uma evidência de um encontro real com o Cristo que vive e
reina:
 1 Co 9.16 – “...ai de mim se não pregar o evangelho” – um senso de algo
inevitável!

iv. Nos mostra que houve uma mudança no nosso status de relacionamento com
Deus:
“17 vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para
meu Deus e vosso Deus”.
Antes escravos do mundo, do diabo e do pecado, e inimigos de Deus. Mas agora
filhos de Deus, pois o plano de redenção foi cumprido. Por causa da morte substitutiva de
Cristo podemos ser aceitos na presença do Deus Santíssimo, como Seus filhos, que tiveram
todos os pecados perdoados com o derramamento do sangue do Cordeiro. E a ressurreição
de Cristo é a garantia de aceitação por parte de Deus. A ressurreição é Deus assinando
embaixo do sacrifício de Seu Filho, como que dizendo: Eu aceitei!
“Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus” nos mostram que
não estamos mais em um relacionamento de inimizade com Deus, mas sim de filiação.

b. Aparição aos Discípulos.


i. As portas trancadas pelo medo.
“19 Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da
casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus,”
Sem Jesus é isso que nos resta. Não há segurança, expectativa, contentamento.

ii. As portas trancadas pela falta de paz.


“19 [...] veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!”
Somente no Cristo ressurreto temos verdadeira paz com Deus, e fora Dele o homem é
alvo da santa e justa ira de Deus e incapaz de viver em paz com o seu próximo. Cristo
ressurreto faz mediação entre nós e Deu, e entre nós e nosso próximo para que haja paz
nesses relacionamentos. Mas sem Cristo não há paz!

iii. As portas trancadas pela falta do SENHOR Jesus Cristo.


“20 E, dizendo isto, lhes mostrou as mãos e o lado. Alegraram-se, portanto, os
discípulos ao verem o Senhor.”
Qual o motivo de sua satisfação? Os discípulos tiveram a alegria restaurada no
reencontro com o Mestre. E a partir de agora, uma alegria inabalável.

iv. As portas trancadas pela falta de propósito para suas vidas.


“21 Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me
enviou, eu também vos envio.”
Após dedicarem os três últimos anos de suas vidas a Cristo, agora, com a morte do
mestre, não havia qualquer norte para eles. Cristo ressurreto lhes traz o senso de propósito:
eles viverão para proclamar as palavras do mestre.

v. As portas trancadas pela falta de poder.


“22 E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.”
Não há ousadia própria do homem, que o leve a coragem de viver para o SENHOR.
É necessária a providência do Espírito Santo. Os discípulos seriam plenamente cheios no
pentecostes, porém aqui já recebem de uma porção do Espírito Santo, que reestabelece a paz
e a confiança em seguir a Jesus Cristo.

c. A aparição à Tomé.
i. Ausência de comunhão gera incredulidade.
“24 Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio
Jesus.”
Na comunhão com os discípulos houve a manifestação de Jesus e a restauração da fé.
Por não estar presente, Tomé não provou daquele momento. Na comunhão dos irmãos
somos supridos daquilo que precisamos para termos paz, e convicção quanto à nossa vida
com Deus.
“25 Disseram-lhe, então, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele
respondeu: Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não
puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei. 26 Passados oito dias, estavam
outra vez ali reunidos os seus discípulos, e Tomé, com eles. Estando as portas trancadas,
veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! 27 E logo disse a Tomé: Põe
aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão e põe-na no meu lado; não sejas
incrédulo, mas crente. 28 Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!”
Ao ter suas dúvidas sanadas em Jesus Cristo ressurreto, Tomé o adorou como
verdadeiro Senhor, verdadeiro Deus.

CONCLUSÃO.
1. A ressurreição é o fundamento essencial da profunda esperança do Cristianismo.
Timothy Keller, Esperança em Tempos de Medo.
“Para o cristão, até a circunstância mais severa é parte de uma história dirigida por
Deus em todos os momentos na direção não apenas de algum tipo de vida depois da
morte, mas da ressurreição de nosso corpo e da nossa alma em um novo céu e uma
nova terra transformados.
Toda essa esperança gira em torno de um evento bombástico: a morte e ressurreição de
Jesus Cristo. É isso o que o verdadeiro cristianismo oferece a um mundo que perdeu a
esperança.
[...] A realidade da ressurreição significa que temos esperança no futuro que não se
baseia nos avanços científicos e nem no progresso social, mas no próprio Deus (1 Pe
1.21). Não se trata de mera crença intelectual, mas, como diz Pedro, é uma “esperança
viva”, uma parte vital da nova vida espiritual que sobrevém ao cristão pelo Espírito
Santo por meio do que o NT chama de “novo nascimento”. A fé na ressurreição
introduz essa esperança nas profundezas da nossa alma. Ela se torna de tal modo parte
de quem somos que nos permite enfrentar qualquer coisa.”
Keller nos escreveu esse livro para mostrar o motivo de sua esperança profunda. E
sua esperança profunda não está no avanço cientifico, não está na medicina. O máximo que
a ciência produz é um grande otimismo, mas a esperança profunda dos cristãos é produzida
pela fé na ressurreição de Jesus Cristo.

APLICAÇÃO
A ressurreição do Filho de Deus é a nossa garantia eterna de que Deus fará o mesmo
conosco.
1. O que devemos fazer?
a) Sermos devotos e zelosos por Jesus Cristo, tal como Maria Madalena.
b) Mantermos sempre o interesse em Jesus Cristo, tal como Pedro.
c) Discernir e crer e buscar intimidade com Jesus Cristo, tal como João.
d) Adorar a Jesus Cristo como Senhor e Deus, tal como Tomé.
2. Quem eu devo ser?
a) Confiante no poder de Deus.
b) Alegre, plenamente satisfeito, por saber que sou alvo desse poder inigualável.
a. Ef 1.18-20 – “Oro também para que os olhos do coração de vocês
sejam iluminados, a fim de que vocês conheçam a esperança para a
qual ele os chamou, as riquezas da gloriosa herança dele nos santos e a
incomparável grandeza do seu poder para conosco, os que cremos,
conforme a atuação da sua poderosa força. Esse poder ele exerceu em
Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o assentar-se à sua direita,
nas regiões celestiais”

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