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A HISTÓRIA DE MINHA GENTE


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A TURMA DA

EJA 2005
APRESENTA

A HISTÓRIA DE MINHA GENTE

E.E.PROFESSORA MARIA VITORINO DE SOUZA


SENADOR AMARAL – MINAS GERAIS
2005
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CORPO DISCENTE

1º EJA

Andreia Pinto André


Alessandro Gabriel da Silva
Celia Aparecida Geraldo Augusto
Cesar Aparecido de Freitas
Claudemar Candido de Rezende
Daniel Moreira Souza
Daniela Viviane da Fonseca Xavier
Darlei Correa da Silva
Diogo Benedito de Godoi
Elaine Salles de Rezende Melo
Jeferson Aluizio de almeida
Luiz Donizete Vasconcelos
Magali Alves da Cunha
Maria Gilvania de Rezende Bisoni
Mariqueles Alves da Cunha
Mariza Conceição Fernandes Rezende
Michel Goes da Silva
Raquel Aparecida Silveiro
Rodrigo Rodrigues
Sandro Rogério Lopes
Sheila Salles da Silveira
Tiago Rodrigo da Silva
Walquiria Expedita Silvério da Rosa
Walter Messias Teixeira
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CORPO DISCENTE

2º EJA

Adriano Moreira do Carmo


Alisson Alberto Pereira
Alessandro Bacochina
Ana Wilma Lopes Pinheiro
Carlos Aparecido Lopes Pinheiro
Carlos Eduardo da Silva
Célia Regina de Faria
Dalila Gomes da Silva Nascimento
Eder Teodoro de Oliveira
Ediberto Antonio da Silveira
Eliana Cornetta Leme
Jander Fernandes de Rezende
Janete Henrique de Godoi Lopes
João Carlos Pereira
Josimar Pereira de Araujo
Luciana Aparecida da Cunha
Lucimar do Carmo Silva
Marali Alves da Cunha
Marinalda Rezende Teixeira
Marcelo Vicente
Maria Aparecida Missasse
Nilcemar Jane Pinheiro
Odete Cândida da Silva
Priscila Charlene de Godoi
Regina Alves da Cunha
Rosimeire Ziantoni Missasse
Rudney Rodrigues Rezende
Valdete Cândido da Silva
Vanuza de Almeida Pereira
Vilmar Clementino de Godoi
Viviane Aparecida da Silva
Viviane Rezende Ribeiro
Viviane Soares de Melo
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Corpo Docente

Adrielle Assis de souza


Claudilene de Castro
Edna Aparecida Germano
João Carlos Salles de Rezende
Lucéia Aparecida de Rezende Souza
Márcia Fernandes Dias
Maria de Lourdes Rodrigues Silva
Vanilda Avelina Crispim

Direção
Solange Raquel Silva Nogueira Luz

Vice-direção
Gislayne Melo Simões
Joana Aparecida de Andrade

Supervisão
Bethânia Ferreira da Silva

Auxiliares de Secretaria
Silmara Eliane de Rezende Fonseca
Márcia Fernandes Dias
Carolina Márcia Missasse
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SUMÁRIO

1. Origem e Evolução de Senador Amaral 08


2. Emancipação do Distrito 09
3. Senador Amaral Construindo sua Religiosidade 10
4. Aspecto Físico, Geográfico Econômico e Político 16
5. Habitantes 18
6. Temperatura 19
7. Recurso Hídrico 19
8. Relevo 19
9. Pontos Turísticos 19
10.Habitantes 20
11. Transportes 20
12. Água e Esgoto 21
13. Senador Amaral Desmembrado de Cambuí 21
14. Divisas Interdistritais 23
15. Hidrografia 25
16. Fauna e Flora 27
17. Poluição em Senador Amaral 29
18. Fatores Climáticos 30
19. Agricultura 31
20. Atividades Econômicas 32
21. Economia Sustentável 32
22. Pecuária 33
23. Produto Interno Bruto 33
24. Riquezas Minerais 34
25. Personalidades 35
25.1. Maria Vitorino de Souza 36
25.2. Fermino Elias 38
25.3. Itagiba Eiras do Brasil 55
26. Contos e Causos Folclóricos de Senador Amaral 59
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INTRODUÇÃO

O presente trabalho registra fatos de nossa gente, gente que fez parte da

construção da história de Senador Amaral, que direta ou indiretamente contribuiu

para o crescimento do município. Aborda a transformação ocorrida até os dias

atuais e traça a história da agricultura da cidade, principal fonte econômica .


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Origem e Evolução de Senador Amaral

Sua história começa em meados de 1890, quando havia algumas

fazendas na região.

Na década de 1910 a 1920, Dona Ana conhecida por Tia Aninha fez doação

de meio alqueire de terra, com a intenção de criar aqui um povoado, quando então

foi construída de pau-a-pique e barro a primeira capelinha. Para padroeiro da

mesma, o fazendeiro Francisco Firmino (Chico Firmino), fez doação da imagem de

São Sebastião e também na mesma época foi doada a imagem de São Benedito

pelo também fazendeiro do bairro dos Policas, o Sr. Lucindo Pereira da Silva.

Daí então as primeiras casas começaram a surgir em torno da capelinha,

dando início ao povoado. O lugarejo passou a se chamar São Sebastião dos

Campos da Lagoa Grande, por haver naquela época uma linda lagoa. A referida

lagoa atualmente está quase extinta por ter sido esgotada por japoneses que

exploravam plantações de flores na sua imediação.

Zeca Borges foi o primeiro a estabelecer-se aqui com comércio. A produção

da localidade antes dos anos de 1960, era milho, engorda de porcos, feijão e fumo,

em pequena escala e gado bovino onde fabricavam queijo.

No ano de 1936, veio para esta localidade um senhor de nome José Batista

da Silva, conhecido por Zé Mestre por ser um homem de um certo nível cultural. Ele

instalou uma casa de comércio com um completo estoque de secos e molhados.

Zé Mestre candidatou-se vereador pelo PSD e foi eleito como primeiro

representante do povoado junto à câmara municipal de Cambuí.


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Já com nome de Senador Amaral em homenagem ao Senador Eduardo

Amaral, figura muito importante para a região, no ano de 1949, Zé Mestre, de acordo

com a Câmara Municipal de Cambuí, requereu um plebiscito que foi realizado no dia

03 de março, para eleição do povoado à categoria de Distrito.

Emancipação do Distrito

No dia 27 de abril de 1992, a lei criando os novos municípios mineiros foi

votada na Câmara e aprovada e publicada no Diário Oficial de Minas Gerais.

No dia 1º de Janeiro de 1993, o Dr. Mário Lucio Pereira, Juiz de Direito da

Comarca, em cerimônia especial, perante grande público e autoridades civis e

militares, leu o termo de instalação do município de Senador Amaral. Em seguida

deu posse ao primeiro prefeito, o Sr. José Nilton de Almeida e ao Vice-Prefeito

Jésus Rodrigues Borba e também à Câmara Municipal composta de nove

vereadores, tendo sido votado como presidente o Sr. Sebastião Ferreira Lopes e

Secretário João Batista Missasse.

O município está situado numa altitude de 1600 metros ao nível do mar, mede

uma área de 150 Km2, limitando ao Norte com o município de Bom Repouso, a

Noroeste com Bueno Brandão, a Oeste ainda com o município de Bueno Brandão e

Munhoz, ao Sudoeste ainda com Munhoz, ao Sul com Munhoz e Itapeva e, a Leste e

Noroeste com Cambuí.

O município tem o Distrito de Ponte Segura subordinado à sua jurisdição.

Possuem vários bairros rurais como sejam: bairro da Mata, bairro dos Rosas, bairro
10

do Caxambu, bairro do Valinhos, bairro da Cachoeirinha, bairro do Serro e bairro dos

Três Saltos.

Introdução

Este capítulo apresenta a história da Igreja matriz de São Sebastião de

Senador Amaral, mostrando as mudanças ocorridas desde a sua origem até a

atualidade.

O Termo “Igreja” significa uma assembléia que se reúne por força de uma

convocação. De uso especificamente cristão e adotado pelas comunidades cristãs

logo no seu início, o termo “Igreja” quer dizer mais que “reunião” é a alma de um

povo.

As igrejas foram responsáveis pelo surgimento de muitos povoados em torno

da que acabaram se transformando em cidades.

SENADOR AMARAL CONSTRUINDO SUA RELIGIOSIDADE

A primeira capelinha construída em Senador Amaral era no terreno da família

Rezende. Ela foi construída de pau-a-pique e barro, por um senhor português

legítimo de nome Mello.

A primeira missa foi celebrada por um padre de nome José Caramuru, em

primeiro de outubro de 1888 dia em que foram celebrados também dois casamentos:

O de José Ferreira de Rezende ( Zeca Borges ) com Idalina Carolina de Jesus e do

senhor Manoel Lopes com dona Amélia de Mello.

Ali teve início a freguesia de São Sebastião da Lagoa Grande.


11

Alguns anos depois Ana Ferreira de Rezende (Tia Aninha ) e seu filho Zeca

Borges fizeram a doação de meio alqueire de terra onde foi construída a Igreja de

São Sebastião.

Com o passar do tempo aos redores da capelinha foram aumentando as

casas e a capelinha foi ficando pequena e já estava em condições precárias então

os moradores acharam que estava na hora de construir uma Igreja maior.

Mas naquele tempo as coisas eram muito difíceis, não havia carros. Para

poder comprar e buscar os materiais necessários tinha que ir de carro de boi,

dormiam no caminho, levavam dois dias para ir e voltar de Cambuí cidade mais

próxima.

DEPOIMENTOS
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“Quem construiu a igreja foi o Sr. Divino de Ouro Fino, depois ele largo mão eu
acho que eles empreitaram pro Divino depois o Divino foi até uma artura e largo mão ai quem termino foi o Sr.
Geraldo lá de Cambuí.
O materiar era tudo puxado em carro de boi, naquela época tinha algum carro só mai num
tinha istrada né, tinha veis que saia daqui e chegava la de noite, carregava cedo e chegava aqui de noite
traveis. E tinha veis que sortava a boiada e dormia né, quantas veis dormi ali no portão nas estradas, eu
vinha de Cambuí carregado chegava ali posava e vinha embora cedo, nas estrada só carro de boi óia lá inda. O
padre Antonho meio italiano o padre Antonho quanta veis eu fui busca e leva ele em Cambuí de cavalo tinha
missa em setembro e abrir eu até achava o padre ele num tinha custume né”
( Senhor: Geraldo Sales Faria e Dona: Amélia Sales Faria.).

“Eu tomava conta do dinhero que entrava e saía era o padre José Arlindo, José
Arlindo Magalhães era o nome do padre ele ficava em Cambuí , ele vinha tudo mês, quando ele vinha tinha
leilão e o povo fazia uma festinha tudo mês pra recadano dinhero pra faze a igreja, o padre vinha a cavalo, a
mais antiga foi demanchada em 45 depois a ota termino em 52 sete ano dipoi né, era tudo puxado no carro.”
(Senhor: Benedito Wilson de Rezende ( Dito Eliza )

Com o passar dos anos Senador Amaral passou a distrito e vinha sendo

atendida pelos padres de Cambuí: Cônego Foch MoraisTeixeira, padre Vanir Ramos

Barbosa, padre Narciso Pires Franco, padre Sebastião Camilo de Almeida, tendo

também atendimentos dos padre de Bom Repouso: Antônio Marques, João Batista

Neto, Benedito Francisco Lopes.


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As missas aconteciam sempre nos sábados e dias festivos, foram muitos

anos assim.

Os fiéis de Senador Amaral sentiam que já era hora de nossa cidade ter um

padre para administrar nossa Igreja e passar a ser paróquia.

Com incentivo do padre Sebastião Camilo e outros, foi proposta a construção

de uma nova igreja. Para atender melhor as necessidades do povo. Que crescia

cada vez mais.Por meio de votação a comunidade optou para a derrubada da antiga

Igreja, para ser sede da nova Matriz.

No dia, havia muitas pessoas em volta da igreja, era chegada a hora. Várias

pessoas, opiniões diferentes, uns queriam a derrubada outros não concordavam.

Concordavam sim, com a construção da igreja nova, mas sem precisar derrubar a

antiga, que foi construída com muito esforço. Queriam que construíssem uma nova

Igreja em outro lugar.

Diziam que nunca iriam conseguir reerguer a Igreja, que iria levar anos para a

construção.

Mas com a derrubada, todos se comoveram e juntos começaram a planejar

como arrecadar fundos para dar início à nova Igreja.

Com a demolição da Igreja as missas começaram a ser celebradas num

barracão da casa do Sr. José Marques (Zé Sabiá).

Com incentivo do padre Sebastião Camilo, a comunidade de Senador Amaral

começou a pagar um carnê todo mês para arrecadar fundos para a construção da

nova Igreja.

Sua construção começou no dia 02/07/2003 e a pedra fundamental foi

lançadas no dia 19/07/2003 às 17h30min h. Com apenas três meses de trabalho a


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igreja já estava levantada e aconteceu um mutirão para encher a laje, os trabalhos

começaram as 06h30min com término as 19 h com mais ou menos 80 pessoas

trabalhando.

A partir do dia 03/04/2004 as celebrações começaram a acontecer na

Matriz.

Com a construção da nova Igreja, a comunidade necessitava de um pároco.

dia 23/03/2004 tomou posse o Padre Raymundo (mais conhecido como

padre Raymundinho) da quase paróquia de São Sebastião.

Em 12/09/2004 a Igreja passou a ser paróquia.


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Fazem parte da paróquia de São Sebastião as comunidades dos bairros:

1-Caxambu - Nossa Senhora das Graças.

2-Mata - Santa Rita de Cássia

3-Cachoeira – São João Batista

4-Três Saltos - Nossa Senhora da Piedade

5-Valinhos - Santa Cruz

6-Campo Belo - São José

7-Serro - Nossa Senhora Aparecida

8-Rosas - Nossa Senhora de Lourdes

9-Farias - Nossa Senhora de Lourdes

10-Distrito Ponte Segura - São Benedito

11-Policas - Nossa Senhora do Rosário.

CONCLUSÃO

Esta pesquisa permitiu que conhecêssemos um pouco mais da história da

Igreja Matriz de Senador Amaral, registrando e preservando a memória de nossa

gente, além de contribuir com a nossa formação através dos Estudos

complementares da EJA adequando os conteúdos curriculares dentro da nossa

própria realidade.
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Aspectos Físicos, Geográficos, Econômicos e Políticos

Nos anos de 1960, veio do estado de São Paulo um cidadão de origem

japonesa, de nome José Yamamoto. Era um técnico em agricultura. Tentou uma

experiência plantando pequena área de batata. A produção foi satisfatória,

chegando-se à conclusão que a área do Distrito de Senador Amaral eram propícia

para exploração desse produto.

Concomitantemente chegou, de São João da Boa Vista e da cidade de Pinhal

Estado de São Paulo, a família Missasse que também já era conhecedor desse tipo

dá lavoura e já fizeram boa plantação. A partir daí, a lavoura de batata foi se

alastrando por toda área do Distrito, com isso a produção trouxe recursos, tendo

assim, incentivado o crescimento do Distrito com inúmeras construções que foram

feitas.
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Mapa atual do Município de Senador Amaral

Atualmente Senador Amaral ainda é uma pequena cidade, e tem como


prefeito o Sr. Hélcio Aparecido Baião.
O município continuou tendo a batata, como principal produto produzido, tem
vários comércios como: padarias, supermercados, açougues, bares e dois postos de
gasolina dentre outros comércios.
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Mapa da Cidade de Senador Amaral

O município de Senador Amaral está situado no extremo sul de Minas Gerais,

localizado no topo da serra da Mantiqueira a 1.530m de altitude.

A economia baseia-se na agropecuária. Destacando-se as culturas de

morango, batata, ervilha torta, flores (inclusive orquídeas) e mandioquinha-salsa. O

clima é subtropical de altitude.

Área do município: 151,5 Km²

População:

Homens – 2.719 habitantes

Mulheres – 2.402 habitantes

Zona rural – 2.140 habitantes

Zona urbana – 2.981 habitantes

Total – 5.121 habitantes


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Temperaturas:

Média 14º - 20ºC

A ocorrência de geadas é freqüente nos meses de maio, junho e julho, tendo

sido registrado temperaturas de até -8ºC.

Recursos hídricos

Córrego dos Porcos, Córrego do Retiro, Ribeirão de Lagoa Grande, Córrego dos

Três Saltos, Ribeirão da Ponte Segura, Ribeirão Fundo, Ribeirão Correntinho,

Ribeirão dos três irmãos, e Rio do Peixe.

Relevo

13% plano

17% montanhoso

70% ondulado

Altitude

Máxima: 1633m.

Mínima: 1400m.

Cidade de Senador Amaral: 1.530m.

Pontos turísticos:

Cachoeira de Senador Amaral

Cachoeira da usina

Cachoeira do Julinho

Cachoeira do Luiz
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Cachoeira dos três Saltos

Pedra da Onça

Pedra do pilão

População Residente

2000,2002

ANOS URBANA RURAL TOTAL


2000 2.981 2.140 5.121
2002(1) 5.359

População Ocupada por Setores Econômicos

SETORES N° DE PESSOAS
Agropecuário, extração vegetal e pesca. 1.371
Industrial 146
Comércio de mercadorias 110
Serviços 361
TOTAL 1.988
Fonte: Fundação Instituto de Geografia e Estatística - IBGE

Transportes

Rodoviário

Principais cidades que fazem divisa com o município de Senador Amaral:

Principais rodovias que servem de acesso a Belo Horizonte.

BR- 381

Principais rodovias que servem ao município:

Municípios limítrofes:

Bueno Brandão

Munhoz

Cambuí
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Bom Repouso

Fontes:

Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais

Ferrovia Centro Atlântica – FCA

Estrada de Ferro Vitória Minas

Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Vôo / Ministério da Aeronáutica

Água e Esgoto

Concessionária Água: COPASA (2002)

Concessionária Esgoto: Prefeitura Municipal(2002)

Fonte: Companhia de Saneamento de Minas Gerais

HOTÉIS: 0 2000

Fonte: Associação Brasileira de Industrias de Hotéis – ABIH

SENADOR AMARAL – Desmembrado de Cambuí

a) Limites municipais:
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1- Com o Município de Bueno Brandão:

Começa no divisor de águas dos rios Cachoeira ou Cachoeirinha e Corrente,

no ponto fronteiro à cabeceira do córrego que passa na fazenda do Domiciano;

continua pelo divisor da vertente da margem direita do rio Cachoeira ou

Cachoeirinha, até a foz do córrego Dois Irmãos no ribeirão da Ponte Segura; sobe

pelo córrego Dois Irmãos, até a cachoeira Pilão de Pedra, pouco abaixo da foz do

córrego da invernada.

2- Com o Município de Bom Repouso:

A divisa Começa na cachoeira Pilão de Pedra, no córrego Dois Irmãos, pouco

abaixo da sua confluência com o Bom retiro, contornando as cabeceiras do córrego

da Ponte Segura, e segue pela serra do Bom Retiro, até a cabeceira do córrego

Mangueira, na Serrinha; segue pelo divisor entre os córregos do Caxambu e

Mangueira, passando pelo Morro Curvado até o entroncamento, desse com o divisor

com a serra da Mata, no ponto fronteiro às cabeceiras do córrego Corrisco e Boa

Vista.

3- Com o Município de Cambuí:

Começa na serra da Mata, no ponto fronteiro. Às nascentes dos córregos

Corisco e Boa Vista; continua por serra, vertente da margem esquerda do córrego

Caxambu, passando pelo alto da mata, até atingir a confluência do córrego

Caxambu no ribeirão dos Três Irmãos, desce por esse ribeirão até a foz de um

pequeno afluente da margem direita, situado a cerca de 800m a jusante; sobe a

encosta da margem esquerda deste afluente, alcança o divisor da vertente da

margem esquerda do córrego do Bento Borges e prossegue por ele até à foz desse

córrego no rio do Peixe, transpõe o rio e atinge o divisor entre esse rio e seu afluente
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córrego do Mato Dentro; prossegue por esse divisor até encontrar o divisor de águas

entre os rios Corrente e Camanducaia, no ponto fronteiro às cabeceiras dos rios do

Peixe e córrego Dona Elisa.

4- Com o Município de Itapeva:

Começa no entroncamento do divisor de águas do rio Peixe e do córrego

Mato Dentro, defronte as cabeceiras do córrego Mato Dentro, defronte as cabeceiras

do córrego Dona Elisa e do rio do Peixe; daí, segue pelo divisor da vertente da

margem direita do córrego Dona Elisa, por cerca de 120m, até seu entroncamento

com o divisor da vertente da margem direita do córrego que deságua no ribeirão

Fundo, a jusante da Lagoa Grande.

5- Com o Município de Munhoz:

Começa no entroncamento do divisor da vertente da margem direita do

córrego Dona Elisa com o divisor da vertente da margem direita do córrego que

deságua no ribeirão Fundo, a justante da Lagoa Grande; daí, por espigão, atinge a

Lagoa Grande; sobre o espigão fronteiro, alcança o divisor da vertente da margem

esquerda do ribeirão da Correntinha, na cachoeira logo acima da foz do ribeirão da

Corrente; daí atinge o alto do espigão fronteiro e por ele segue até alcançar o

Córrego dos Três Saltos, na foz do córrego que passa na fazenda Santo Antônio;

daí sobe o espigão até atingir o alto do divisor dos rios Cachoeira ou Cachoeirinha e

Corrente, no ponto fronteiro à nascente do córrego que passa na fazenda do

Domiciano.

b-) DIVISAS INTERDISTRITAIS:


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1-) Entre os distritos de Senador Amaral e Ponte Segura:

Começa no Ribeirão Correntinha, na cachoeira próxima à fazenda de

Joaquim Marques; sobe pelo ribeirão até sua mais alta cabeceira, na serra da Onça;

continua pelo divisor entre ribeirões Ponte Segura e dos Três Irmãos até o ponto

fronteiro à cabeceira do córrego das Mangueiras, nos limites com o município de

Bom Repouso.

LEVANTAMENTO PLANIMÉTRICO
DISTRITO DE PONTE SEGURA
SENADOR AMARAL, MG
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Hidrografia

Senador Amaral não tem volume hídrico considerado rio.

Existe uma nascente que se divide em duas correntes hídricas formando dois

córregos que um segue para o Rio do Peixe posteriormente Mogi Guaçu e o outro

segue para o Ribeirão dos três Irmãos poste o Itaim da Bacia da Sapucaí só vai se

encontrar depois no Triângulo Mineiro.

A maior parte das nascentes que existem em Senador Amaral se juntam nas

correntes do Rio do Peixe e posteriormente Mogi Mirim e Mogi Guaçu.


26

Ouve no Estado de Minas Gerais um trabalho que se chamou Zoneamento e

Gerenciamento, nesse trabalho o município de Bom Repouso e Senador Amaral

ficaram como cabeceiras de águas ou Municípios das Nascentes da Bacia

Hidrográfica do Rio Mogi Guaçu.

O gerenciamento das Regiões do estado de Minas Gerais, a partir do ano de

1999 ficou determinado que seria pelo zoneamento das águas constando na ordem

decrescentes: a) grande Bacia Hidrográfica b) Bacia Hidrográfica c) sub Bacia

Hidrográfica d) Micro Bacia Hidrográfica.

Observação:

Em um futuro próximo até o setor educacional será gerenciado obedecendo

ao zoneamento das águas.


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Fauna e Flora

 Senador Amaral contém uma flora exuberante, mesmo com o desmatamento,

ainda temos áreas preservadas, e com as seguintes espécies:

Cedro Articum Leiteira

Ipê-amarelo Gabriova Didarzeiro

Ipê-roxo Guaresmeira Asa-peixe

Ipê-verde Copo-de-leite Bromélia

Ipê-rosa Samambaiaçu Orquídea

Sasafraz Mamica-de-porca Macaranduva

Canela-preta Abrobão Eucalipto (introduzido)

Cacheta Guatambu Jacarandá

Cajarana Inguazeiro Pitangueira

Pau Cambuí Araucária

 A nossa fauna é muito rica e vivem aqui várias espécies, mantendo o

equilíbrio ecológico e a cadeia alimentar.

Borboletas Ouriço João-de-barro

Veado Cascavel Canário-do-reino

Capivara Escorpião Gambá

Gato-do-mato Siriema Morcego

Lagarto Beija-flor Cachorro-do-mato

Paca Lagartixa Lontra

Tatu Rã Rato

Saá Abelhas Cobra-coral


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Sapo perereca Aranha

Bugio Sabiá-pixarro Gavião-rei

Jaguatirica Tucano Coruja

Ariranha Lobo-guará Jacu

Serelepe
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Poluição em Senador Amaral

Senador Amaral possui uma cachoeira, que passa dentro da cidade, poluída
por esgotos domésticos e lixo residencial. E demais poluições em açudes por
agrotóxicos e embalagens.

Revelo

Senador Amaral está a mais de 1500 m de altitude em relação ao nível do

mar. Devido a esta altitude, o inverno na Serra da Mantiqueira, onde Senador

Amaral está localizada, apresenta baixas temperaturas, com a ocorrência de

nevoeiros no início da manhã e as vezes geadas, dando a paisagem o visual das

regiões de clima frio.

Nos períodos de frio, os termômetros podem atingir marcas próximas a – 0º

C.

Senador Amaral

Região Sudeste
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Fatores Climáticos

Com relação ao clima predominante de Senador Amaral, podem


classificar como um clima tropical de altitude. Mas com o passar dos anos, nossa
cidade vem sofrendo algumas alterações climáticas.
Antigamente o frio, as chuvas e os ventos, em Senador Amaral, eram muito

mais intenso. Já hoje em dia o frio ainda é uma das principais características de

Senador Amaral, mas há um certo descontrole climático, o frio e as chuvas não

ocorrem nos meses que tem esses fatores como características, mas também

podem ocorrer em outros períodos do ano onde predominava, naquela época, um

tempo mais estável.

Tudo isso ocorre por uma série de fatores, mas, com certeza, o

desmatamento que essa região vem sofrendo para que haja um aumento nas áreas

propícias para o plantio e formação de pastagem, é o principal fator para esse

desequilibro climático.

Gráfico com demonstração da temperatura (antes e depois)

40ºC

30º C
22º C
20º C
15º C
10º C

0º C

Temperatura Média Anual – por volta de 1940

Temperatura Média Anual – hoje em dia


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Agricultura

A nossa economia é baseada na agricultura e na pecuária.

Onde se cultivam os seguintes produtos agrícolas:

Morango Cravo

Ervilha Orquídea

Vagem Rosa

Abóbora Crisântemo

Batata Mosquinho

Milho Palma

Feijão Gérbera

Girassol

Mandioquinha

Exemplo: Mandioquinha Salsa

Cor da inserção do folíolo Verde

Cilindro central (xilema) Amarelo, pouco saliente.

Altura de planta Mediano

Serosidade do pecíolo Presente

Cor da base do pecíolo Violeta avermelhada

Cor do pecíolo Violeta Marrom (até quase á inserção da

folha)

.
32

Atividades Econômicas

Agropecuária

Produto Área Colhida (ha) Produção (t)

Batata-inglesa 1ª safra 500 12.500

Batata-inglesa 2ª safra 16 288

Batata-inglesa 3ª safra 11 330

Feijão 1ª safra 30 24

Feijão 2ª safra 24 14

Milho 412 1.202

Economia Sustentável

Senador Amaral é uma cidade pequena, com aproximadamente 5100

habitantes, e apenas 2980 ,residentes na área urbana, tem como principal fonte de

renda o cultivo de

batata e morango, além de outros produtos em menores proporções e pecuária.

Quando Senador Amaral era apenas um vilarejo a base da economia já era a

agricultura e pecuária, mais as pessoas apenas criavam e plantavam para consumo

próprio e trocavam alguma coisa com outras pessoas por mercadorias diferentes.

Com o passar dos anos a agricultura em Senador Amaral foi evoluindo e as

pessoas que plantavam apenas para o sustento de sua família passaram a ser

agricultores, plantando para o comércio e já utilizavam animais para o preparo da

terra e para auxiliá-los nos afazeres na roça, isso além de usá-los no transporte dos

produtos que produziam.


33

Em meados de 1960, a vida dos agricultores de Senador Amaral começou a

se transformar, utilizavam tratores em suas lavouras e com a facilidade começaram

a aumentar a plantação.

Atualmente Senador Amaral ainda é uma cidade pouco desenvolvida

economicamente, mas tem uma produção e um volume de plantio de batata inglesa

e morango muito grande. Além de outros produtos, como: plantações de milho,

ervilhas, abobrinhas, flores, etc.

O cultivo da batata em Senador Amaral teve início no ano de 1960, quando

veio do estado de São Paulo para cá um cidadão de origem japonesa, de nome José

Yamamoto. Tentou uma experiência, plantando pequena área de batata inglesa, e

teve uma produção satisfatória.

Concomitantemente chegou a família Missasse que também já eram

conhecedores desse tipo de lavoura e fizeram boa plantação. E assim o cultivo da

batata foi se alastrando por todo o distrito, sendo o principal produto cultivado até

hoje na região.

Pecuária

Especificação

Bovinos

Galináceos

Suínos

Produto Interno Bruto (PIB)

Ano Agropecuária Industria Serviços

1996 7.796 654 4.517

1997 750 681 4.991


34

1998 5.216 1.120 5.387

1999 4.344 1.185 4.869

2000 3.300 1.400 5.502

Riquezas Minerais

Um minério encontrado em Senador Amaral é a bauxita, mistura de óxidos de


alumínio é o principal minério desse metal. Utilizado na produção de alumínio na
industria química e na fabricação de abrasivos e refratários, cimento e purificação do
querosene.
Substância mineral semelhante a argila, desprovida de plasticidade é
diferente da argila por possuir sílica em proporção mínima.

As Máquinas antigas e as atuais utilizadas no campo


Era usado arado de boi para preparar a terra, as pessoas tinham que fazer

mais esforço, porque os serviços eram manuais, atualmente são usados tratores no

trabalho rural e muito outros tipos de máquinas agrícolas, que ajudam no plantio e

na colheita de vários tipos de lavouras, ou seja, hoje em dia é tudo fácil e sem muito

esforço físico e com certeza mais rápido e lucrativo.


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PERSONALIDADES

PROFESSORA MARIA VITORINO DE SOUZA


36

A Professora Maria Vitorino de Souza nasceu em 14 de fevereiro de 1905,


filha de agricultores no Bairro do Portão no município de Cambuí, onde convivia com
seus cinco irmãos e desde de cedo demonstrou o gosto pelos estudos que buscava,
perfazendo a pé a longa caminhada até o grupo escolar.
‘’Carlos Cavalcanti” no município de Cambuí.
Aos quinze anos de idade com incentivo do irmão mais velho, Amador
Vitorino de Souza, Maria Vitorino começou sua carreira no Magistério.Durante o dia
lecionava para as crianças e à noite para os adultos, ainda no Bairro do Portão.
Em 1923 casou-se José Santana da Veiga do povoado de São Sebastião dos
Campos onde passou a residir. Desta união nasceram 12 filhos, os quais não a
impediram de dedicar-se aos seus alunos e continuar lecionando num mesmo
período para as três primeiras séries.
Maria Vitorino em 1933 com a fundação do Estabelecimento de Ensino, agora
oficialmente instalado, foi nomeada para regê-lo. E em 1962 aposentou-se após 29
anos de serviço prestados a comunidade do então Distrito de Senador Amaral,
município de Cambuí.
Aos 09 de dezembro de 1979 aos 74 anos de idade faleceu a mestra Maria
Vitorino de Souza deixando para a Escola o seu nome e para aqueles que foram
seus alunos a herança mais valiosa que se pode deixar a alguém, o saber.
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A HISTÓRIA DE FERMINO ELIAS

INTRODUÇÃO

O Senhor Fermino Elias dos Santos foi um personagem marcante na cidade

de Senador Amaral. Foi um homem respeitado a admirado, e também polêmico

tinha uma personalidade muito forte. Conquistou muitas riquezas e ficou muito

conhecido na região. Exercia uma influencia muito grande na política e na vida social

de sua época.

Neste trabalho apresentaremos depoimentos de pessoas que conviveram

com este personagem.


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Entrevista concedida por Aparecido Antônio da Rosa


(Neto de Fermino Elias)

Como era o seu nome completo?


-Fermino Elias dos Santos.

Onde ele nasceu?


-Hoje é município de Bom Repouso, antes era Estiva saiu de Boa Vereda pra
município de Senador Amaral.

Com que idade ele veio para Senador?


-Ele veio com 21 anos.

Por que motivo ?


-Ele descombinou com o pai dele, ele brincou com o pai dele e o pai dele não
aceitou a brincadeira, achou que a brincadeira era de mau gosto. Fez bebe água
demais. Era por brincadeira ainda, não era demagogia não.

O que o pai dele disse?


-Até hoje ocê foi o filho mais amado, mais agora eu vou matar ocê.

O pai ameaçou?
-De morte e depois disso?
-Depois, ele veio morar aqui no municipio de Senador Amaral. Ele tinha um
pequeno terreno aqui. Ele veio morar aqui e ficou isolado do resto de sua família.

Ele veio sozinho ?


- Primeiro veio. Mas depois veio mais um amigo. Veio morar em outras terras .
39

E o amigo dele? Ele continuou a ter contato com o amigo dele?


-A vida toda. Até o ultimo dia de sua vida. Isso era um amigo irmão
.Herculano Cândido (Cândio).
Herculano Cândido vivia na terra dos Garcia Bom Repouso.
Ele vivia lá?
-Veio pra cá. Fermino Elias morava numa terra e ele morava em outra, mas
tudo vizinho da terra . Faz quatro anos que eles venderam a última parte. Herculano
vivia nas terras dos Garcias. Tinha 80 anos que era dono das propriedades.

O que veio fazer aqui em Senador Amaral?


-Tinha um irmão dele, que era mais velho que ele e se chamava José, e esse
irmão tinha fazenda aqui.

Esse irmão veio antes ou depois dele?


- Veio antes, comprou essa fazenda, mas nunca morou nela. Essa fazenda
dele, de 300 alqueires o Zé Elias vendeu para Francisco Antônio da Silva.

Isso era muita terra?


-Não era muito nada. Hoje é equivalente a 500 alqueires. Aí esse Francisco
Antônio da Silva, porque ta falando no nome, então o Zé Elias como tinha mais
conhecimento veio pedir pra Francisco Antônio da Silva que tomasse conta de
Fermino Elias, que era mais novo que ele, tomar conta do irmão. Ele era um homem
que tinha muito dinheiro nessa época. Então ele passou a ser um pai do Fermino
Elias e pai-irmão, um irmão que ele tinha aqui, tudo que ele precisasse, tava na
hora. Esse Antônio Francisco da Silva foi tudo pra ele. Daquele dia em diante, de 21
anos até morrer, eles eram cumpadi, foram cumpadi por treis vezes.

Ele se casou aqui?


-Esse Francisco Antônio da Silva mesmo que arranjou casamento pra ele .Pra
ele casar com uma filha de um amigo dele. No “Corgo do Bom Jesus”.

Quantos filhos ele teve?


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-Onze: Com sua primeira esposa.É.


Depois ele casou de novo?
-Depois que ela faleceu, ai de 1 ano ele casou de novo .

Casou com quem?


-Com Aurora.

Então o Francisco Elias teve dois casamentos, o primeiro casamento 2 filhos,


Leandro e Lino.
-Aí vem o irmão do Fermino Elias a falecer, essa viúva dele não teve filho. Vai
te filho com o Benedito que também é sobrinho de segundo . Aí teve dessa família
veio a Aurora que é a filha dele, mais tarde Fermino Elias ta viúvo e casa com a filha
dele :Benedito que é sobrinha segunda .
Ai mais ou menos uns “déis” anos de casado ele tem 3 filhos, 1 menino e 2
meninas .

O que ele fazia?


-Aí transformou em um fazendeiro, com a ajuda de Francisco Antônio da
Silva, que emprestava dinheiro pra ele, só o dinheiro de Francisco Antônio da Silva
era mais ou menos era uns quinhentos alqueires de terra que ele possuía com o
dinheiro de Antônio. Cada vez que Francisco Antônio da Silva batizava um filho de
Fermino Elias recebia cem conto de réis.
Ele batizou 3 filhos de Fermino Elias .

Francisco Antônio da Silva emprestava dinheiro para ele?


-Cada vez que batizava um filho dele.

Era um dote?
-Era mais ou menos isso.

Dava uma filha em batizado em troca?


-Em troca de cem contos de réis.
41

Firmino Elias saia para viajar com boiadas?


-Vendia pra São Paulo. Ele não acompanhava o dono da boiada não podia
acompanhar a boiada.Então já nesse tempo já existia ladrão, não aqui nas estradas
de São Paulo ladrão que perseguia a boiada. Então o dono da boiada não
acompanhava. Ele só ia no dia do abate.
Mandava os peões na frente?E depois?
-Depois de 2 dias ele ia “atráis” saia de “viagem” “atrais”. Eu “me” acho que
mais de 10 boiadas ele levou pra matar em São Paulo.

A boiada naquela época era bastante?


- Era boi que não acaba mais.

Ele tinha gado e terra também?


- Ele tinha 700 e poucos alqueires de terra, só aqui né. Tinha mais em Bom
Repouso, mais ou menos a mesma quantia.

Ele exercia algum cargo aqui?


- Ah! Sim pelos políticos sim, mais tinha influencia, mais tinha influencia.
Tinha um capitão no Rio de Janeiro que era cumpadi dele. Quem tivesse capital, o
título valor x, lá tanto! Se fosse coronel, era diferente, um era diferente do outro. Aí
meu avô perguntou quanto custaria pra ele, mais ou menos um tanto de boi de um
10 a 12 bois por ano, ele não aceitou. Mais ele era mais que coronel, tinha um valor
extraordinário nessa região. A política em Cambuí, em Bom Repouso, era ele quem
decidia que dava idéia do candidato.
Ele tinha uma influencia muito grande, que até Juiz da Comarca Procurava
saber como que se resolvia as coisas.

Então ele era conselheiro?


- Era.
Quando tinha prisão pra fazê esse capitão do Rio de Janeiro que vinha com
polícia fazê as prisão. Tinha muito ladrão nessa época, ladrão barato mais tinha.
42

Como era o temperamento dele?


- Era muito brincalhão, mas quando fosse pra falá a verdade era homem difícil
sim. Homem muito respeitado.

Como foi a morte de Fermino Elias?


- Aí, depois de uns certos anos, não sei quantos anos fáis isso, com quantos
anos aconteceu isso. Depois que perdeu a 1ª mulher, aí o inventário ficou enrolado,
ele queria dar um tanto de terras pros filhos e reservá uma parte pra ele que era no
Bom Repouso, ele queria mudar pra lá, mas antes que isso aconteceu, resolveram
matar ele.

Ele foi assassinado?


- Foi.

Qual o motivo?
- Quando esses genros passavam na fazenda de Francisco Felipe ele tinha
comprado uma parte na fazenda e a escritura foi nula. Ai passou a ser arrendatários,
tinha muito boi nessa fazenda o olho deles se enchia de inveja, pra aquele vazio que
eles tinham. Resolveram matar ele nessa época. Nessa fazenda onde ele tinha 598
boi.

Então ele foi assassinado por...?


- Mais por causa dos bens dele.

Foram os genros?
- Foram os genros. Foram dois genros que descoberto por dias de hoje, os
dois genros que é causado da tragédia.

Eles foram presos e condenados?


- Foram presos e condenados, mas fugiram da cadeia de Camanducaia. Um
foi embora pro Paraná e o outro foi pra Valinhos.
43

E o que aconteceu com eles?


- O Alcino foi morto no Paraná, foi assassinado também.

É verdade a história de que o cadáver dele ele foi exumado?


- Isso. Uns três ou quatro mês depois, né! Por ai.

Fermino Elias dos Santos


44

Entrevista concedida pelo senhor Roque Cândido da Silva


(Candido Herculano)
Era peão que amançava burros, cavalos e bois e ajudava nos afazeres da
fazenda.

Em que seu Fermino Elias ajudou Senador Amaral?


- O primeiro que ajudou a levantar a igreja de Senador Amaral é o Ferminâo,
ele que tirou o ditório e fez a igreja, era amarela, nem lembro mais, acho que era
amarela.

Qual era a sua função na fazenda do seu Fermino?


- Tudo burro que eu puxava mio, burro de cela, burro de cangáia, tudo pra
trabaiá, tudo manso. O ruim era o burro de cangáia. Os animais de trabaio tudo tinha
nome, o primeiro burro veio era Carimbo, Calçado, Chibante, Birim, Mansinho,
Mocinho, Vagão, Completo, Mato-Grosso, Comércio. Comércio era de Dona Amélia
a 1ª mulher do Fermino.

Comércio era da Dona Amélia e o dele?


- Ele não andava em burro, quem andava em burro era só eu, depois tinha
três burros mais novo é Sabiá, Paraná e Navio, Tinha boi de carro tamém, a boiada
mái veia, a guia era Mimoso e Famoso, e o pé da guia Viado e Damasco, pé de
coice Mansinho e Jeitoso esse era o nome do lugar que fica os bois nos carros, e o
outro Manero e Brilhante. Tamém tem as mai nova ajunto do guia Tesouro e
Pachola e o pé de guia Dezende e Viado, Fazendão e Estrangeiro, Viajante e
Brilhante.

Seu Roque mais pra que servia esses burros?


- Burro pra puxa mio! Tinha aí 20 arqueres de roça de mio puxava pros
camaradas e prele, a metade prele e a outra metade pros camaradas. Ocê sabe o
jeito que é. Ele não era ruim não, ele era assim: Se ocê fizesse as coisas certo prele.
45

Se tirava o derradeira cazendera, mas se ocê pulasse um pouco fora contra ele leva
o inferno. Era roxo! Pra arranja dinheiro ora eu tava lá na roça e falava pra ele: - vô
passa na tua casa procê dá dinheiro pra mim, aí ele falava: - eu tenho dinhero aqui,
leva daqui memo. Ele não perguntava se tava deveno pra ele ou tinha que ele, era
desse jeito memo.

É verdade que ele tinha uma boiada grande?


- Boiada de corte? Boiada de corte ele tinha mil, mil e duzentas por aí.
Eu vou contar uma estória agora: uma vez ele vendeu uma boiada prum
home lá do tar de Paraíso é isso memo, chamava Zico Costa. Ele vendeu
setecentos bois pra esse. Esse cara era um ricaço daqueles memo, molecão, tinha
uns doze anos, treze por aí. Saímos daí com setecentos bois, era eu, o Ciro meu
irmão, o Dilino, tinha um tar de Dito Bento que morava quele. Dilino era meu primo,
era fio dum irmão da minha mãe, de uma irmã do meu pai. Dilino era pai do Afonso,
sê não conhece aquele Afonso que tem nos Policas? Um cabeça branca, um
morenão? Aquele Afonso é meu primo. Dái eu não lembro mais a tantos que era.
Saímos daí com a boiada, noi era oito cavaleiro. Chegamos em Cambuí, nois
travessemos Cambuí, quando chegamos aquela baxada que vai chegando no corgo,
encontremo com um jipe lá, os boi viro pra trais, nois pra num vê morto, nois
apeamo. Nois vortemo pra Cambuí quando chegou ali, nois metemos o pau na
boiada e encurralamos a boiada; a boiada foi nos bancos da praça e quebrou tudo,
quebrou o jardim, quebrou tudo, tudo, tudo. Estorou a boiada. Aí chegou dois
sordados lá. Nois não tinha nada com isso, nois não era dono da boiada. Aí já
ponharam o Fermino no meio e saíram com os dois sordados. Fermino foi lá e
mandou rolar tudo lá e pagar e pagar, e pagou. E falou assim: - vá lá no Chico
Fermino, abre a portera e recolhe a boiada.
- Abrimo a portera e o boiadão foi parar lá no arto nas bandas dos Vaize. Daí
quando foi outro dia de madrugada, aí nois tiramo a boiada do pasto.

Seu Roque, e sobre o homem que o Fermino matou, o senhor lembra disso?
- Lembro malemá, isso aí foi por causa de seu Chico. Chico Pereira,
cumpadre do meu pai. Vou contar bem pro ceis o que que é o Chico Pereira. O
46

Fermino Elias casou com Amélia lá no Corgo, então o pai da Amélia chamava Chico
Morais e a mãe chamava Francisca Morais, então quando a Amélia era sortera o
seu Pereira que morava com eles vivia falando pra Amélia não se casar com o
Fermino por que ele não era fror que se cheire, devido sua fama na região, tamém
tava contando para os outros que o Fermino Elias roubava não sei o que. Logo após
esse acontecido, o Fermino fez a ocorrência na delegacia de Cambuí indo até lá
com seu cavalo branco, que se chamava Pra Frente, eu lembro desse cavalo veio.
Outro dia o Fermino Elias passando perto de Senador Amaral indo pra sua casa o
Chico Pereira estava esperando ele perto de uma porteira. Foi quando seu Fermino
o viu e disse: larga a mão de tontagem, vá se embora pra tua casa que ocê ganha
mais. Aí Chico Pereira disse: ocê num presta e pegou a foice e correu atráis dele.
Seu Fermino Elias virou pra trais e deu um tiro no peito dele e o Chico Pereira caiu
morto no chão. É assim.

Depois dessa morte o Fermino foi preso?


- Passou 5 dia na cadeia, uma coisa assim.
47

Família do Segundo Casamento de Fermino Elias

Depoimento do senhor Paulino Cirino da Silva


(Empregado de Fermino Elias dos Santos)

Disse ser ele que encontrou o corpo de Fermino Elias na fazenda

Disse que havia muitos bois em roda do corpo e tava a mão como travesseiro
e tinha uma garrafa de café, um pedaço de queijo, um canivete, fumo e palha, tudo
junto. O cavalo estava amarrado num matinho.
48

Depois de achar o corpo foi contar para o Zé Fermino, que não acreditou e
correu para ver.
Disse que Fermino Elias foi morto numa segunda-feira do meio-dia para
tarde, mais ou menos cinco horas da tarde. Vinha voltando de Ribeirão Fundo.
Na época Paulino tinha mais ou menos 25 anos. Ele disse que Fermino Elias
era alto e forte porém magro. Era homem de pouca conversa e fazia brincadeiras.
Era um homem muito trabalhador. Era patrão de 15 empregados e pagava todos no
salário. Disse que o jagunço que matou Fermino Elias chama Noel e veio de Goiás.
Era pequeno de altura e magrinho.
Disse que Fermino Elias possuía 24 bois de carro, 24 mulas de cargueiro,
2000 cabeças de gado, entre bois e vacas e bezerros, 1200 alqueires de chão e na
época estava comprando mais 600 alqueires.
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Vista Panorâmica da Fazenda do Sr. Fermino Elias

O Fim de Firmino Elias


(Extraído do livro Cambuy Terra dos Três João, de autoria de Murilo Lambert)

“Só depois destes acontecimentos que eu vim novamente ter notícias do


fazendeiro Firmino Elias, pelo contato que eu tivera em Cambuy, pois sempre que
era possível, eu ia até lá pra matar a saudade da boa terra.
50

Fiquei sabendo que, depois de trabalhar tanto, criando os filhos e casando


todos, Firmino Elias não sabia o que possuía, daí veio a ambição de seus
descendentes, com relação a seus bens.
Ele teve cuidado de casar suas filhas e despachar todas já casadas para o
Paraná, estado que oferecia perspectivas muito boas para as famílias vindas do
interior de Minas Gerais, principalmente do Sul de Minas, onde todos estavam
familiarizados com a lavoura.
Seus genros, porém tinham saudades do paraíso, onde morava o sogro rico,
daí uma trama entre eles foi acertada com finalidade de eliminar para sempre o pai
de suas esposas, dono daquelas terras férteis, cheias de bois e outros animais, e de
muitas madeiras de lei em suas matas. Para isso, foi contratado um pistoleiro
acostumado com esse tipo de serviço.
O pistoleiro viajou várias vezes pelas imediações do local, para familiarizar-se
com a região, onde estava premeditando o seu serviço: a eliminação do fazendeiro
Firmino Elias.
Quanto tudo ficou pronto, o pistoleiro e mandantes viajaram para as
imediações da fazenda, escondendo o jipe em um matagal, providenciando montaria
para o suposto comprador de bois, apareceu na fazenda de Firmino Elias portando
uma 9mm, dentro de sua bota, dando a impressão ao fazendeiro que estava
desarmado.
Firmino Elias chegou na parte da tarde em sua fazenda e já encontrou o
suposto comprador de bois.
O fazendeiro ficou alegre com a visita, pensando que ia desenrolar mais um
negócio rendoso para si. Tratou de dar uma boa hospedagem àquele ilustre
visitante, jantar requintado e uma boa noite em confortável quarto da fazenda como
anteriormente.
No outro dia cedo, depois do café, os animais já estavam encilhados, prontos
para serem cavalgados pelas pastagens da fazenda para que o visitante pudesse
conhecer a boiada e escolher as melhores cabeças para a realização do negócio.
Os dois entraram em meio ao gado. Firmino Elias foi à frente do seu visitante
para mostrar melhor o gado quando o pistoleiro tira de dentro de sua bota a arma e
atira na cabeça de Firmino Elias. O tiro foi mortal, prostando o fazendeiro ao chão.
51

O pistoleiro vendo que o homem estava morto cavalgou rápido em direção


aos mandantes escondidos. Logo que chegaram, eles perguntaram: “E daí, tudo
certo?” Respondeu o pistoleiro: “tudo certo, vamos embora”.
Na fazenda os familiares esperavam pela volta de Firmino e seu visitante,
mas isso não aconteceu, esperaram até as dezesseis horas, e não tendo outra
alternativa, saíram a procura dos dois homens, pelas pastagens da fazenda, indo
encontrar o gado todo embolado em torno do fazendeiro que estava morto: Em meio
da boiada sua mula continuava ali parada, esperando que seu dono levantasse para
montá-la.
Firmino Elias estava morto, terminavam assim seu domínio sobre aquelas
terras.
Foi fácil para a polícia elucidar o caso, pois mandantes e pistoleiro deixaram
pistas ao fugir. Foram vistos por pessoas da região que ajudaram as autoridades
policiais a identificar os culpados. Todos foram presos no Paraná, pistoleiro e
mandantes, e trazidos para Cambuy.
Julgados e condenados, tempos depois foram soltos e ninguém mais fala
nesse assunto, que já está encerrado para sempre na região.”

Canção feita em homenagem a Fermino Elias


(Autoria desconhecida)

O senhor Fermino Elias fazendeiro afamado


homem forte no dinheiro, grande criador de gado
Também comprava e vendia, transportava em outro estado.
É por muitos criadores, Fermino Elias era estimado
Por saber que ele comprava e nunca pedia fiado.

Fermino era um boiadeiro que muita gente gostava


De ver sua boiada quando ele transportava
Saíam na porta e na janela, muito gente observava,
No meio da pionada Fermino Elias também passava
Tocando seu boiadão que até poeira levantava.
52

Mas chegou o triste dia que o Fermino foi traído


Veio lá do sertão um homem desconhecido
No estilo de boiadeiro, mas andava prevenido.
Pra comprar sua boiada sua vida que foi vendido,
Tomou seis tiros certeiros no campo ficou estendido.

Quando Fermino morreu, até o ar diferenciou.


Um fato que aconteceu, mas ninguém se conformou.
Os passarinhos nas árvores nesse dia reclamou.
Quando acharam ele morto onde o sangue derramou
Até sua boiada nesse lugar chorou.

Esse mundo traiçoeiro, mas ninguém fica sorrindo.


Em plano de pouco tempo, já foi pego o assassino.
O valente corajoso que matou o seu Fermino
Hoje ele ta na cadeia, na chave está dormindo.
Ta pagando o seu pecado
Que é dever do seu destino.
53

Itagiba Eiras do Brasil

Nasceu na cidade de São Paulo em 1910, inscreveu no ministério da guerra

no Posto de Segundo Tenente, qualidade chefe no ano de 1932, passando no KG

da legião paulista em São Paulo.

Documentos do Dr. Itagiba Eiras do Brasil

Na revolução foi nomeado Juiz de Paz, na 23ª Zona, no Jardim Americana,

Distrito de São Paulo, exerceu a profissão de advogado, foi um grande beneficiador

em SENADOR AMARAL, que era uma Vila, mais conhecida CAPELINHA, no dia

18/10/73, doando trinta e cinco mil quinhentos e vinte e cinco metros para

construção do POSTO DE SAÚDE, casado com a Srª NAIR REZENDE FERREIRA,

que é filha do Juca Borges e neta do Zeca Borges.

O SR. ITAGIBA comprou terras ao redor de Senador Amaral onde é a Vila do

Cemitério, e doou o terreno para construção da caixa d’agua que era antiga, onde

era a nascente de água, que faz divisa com o Dinho, era propriedade do SR.
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ITAGIBA, que antigamente pertencia ao município de CAMBUÍ/MG, e doou também

para a construção da ESCOLA aqui de SENADOR AMARAL, onde está localizado o

Posto de saúde, localizado também a parte de telefonia da TELEMAR, e foi a

doação para a construção da ESCOLA, a Secretária da Educação achou que o

terreno era impróprio para construção de uma Escola,por se um terreno inclinado,

então aprovou a construção da Escola no terreno da BERTINA, posteriormente foi

trocado onde era a casinha perto da PRAÇA, que ficou para o Conselho e o

conselho comprou o terreno onde é a atual ESCOLA hoje.

Então a benfeitorias que foi pelo SR. ITAGIBA EIRAS DO BRASIL, é onde

está distribuição de águas da COPASA, e onde é a nascente de água, também foi

doação dele e está o Posto de Saúde e a Telemar. Doou vários livros para a

Biblioteca quando a Escola era na Praça, e ele sempre colaborou na medida do

possível.

A usina antiga que tinha em Senador Amaral, ele comprou só para fazer

manutenção na usina para que o povo de Senador Amaral não ficasse sem luz, e

hoje só tem vestígios que pertenceu ao SR. ITAGIBA, que morava em São Paulo, e

foi um pioneiro nessa parte. Graças a Deus como genro sinto muito orgulho em

participar dessa família, que sempre prestigiou em grande sentimento do nosso

Município.

(A informação tomada com uma entrevista feita com o Sr. José Nilton de

Almeida, ex. Prefeito de Senador Amaral e genro do SR. ITAGIBA.)


55

ITAGYBA EIRAS DO BRASIL


56

Contos

e Causos

Folclóricos de

Senador Amaral
57

Cavaleiro do Campo Redondo

Há muito tempo atrás, um rapaz bonito vinha todas as tardes na venda da

Capelinha (Senador Amaral) para conversar com os amigos.

Contam os mais velhos, que alem de ser muito bonito, esse rapaz era

também um fazendeiro riquíssimo e por esse motivo era invejado por algumas

pessoas da região.

Todos os dias às 18h, montavam em seu cavalo, usando uma bela capa preta

e voltava para sua casa.

Um certo dia, quando estava voltando para sua casa, foi morto no caminho

por uma pessoa que estava de tocaia em uma árvore.

O assassino o matou cortando-lhe a cabeça. Desse dia em diante dizem que

o lugar onde ele foi morto ficou assombrado, pois neste caminho, no mesmo horário

da morte, pessoas dizem avistar o cavaleiro galopando sem parar, sempre na

mesma direção, sem chegar a lugar algum.

Dizem os mais velhos que é o rapaz fazendeiro procurando sua cabeça.


58

O Carro de Boi da Lagoa Grande

São Sebastião da Lagoa Grande era de antigo nome de Senador Amaral, pelo

fato de existir uma grande lagoa nos arredores e pelo padroeiro São Sebastião.

Essa lagoa situava-se no atual loteamento do Ditão Teixeixa, e os antigos

moradores contam que certa vez, uma família saiu para visitar parentes na

Capelinha e quando passaram na estrada ao lado da lagoa, os bois que puxavam o

carro de boi em que estavam, foram atraídos por algo inexplicável e se

desgovernaram, levando as sete pessoas da família para dentro da lagoa, onde

morreram todos.

Um homem que havia conversado com a família no caminho antes do fato

acontecer viu a terrível cena e desesperado gritava sem saber o que fazer.

Saiu correndo e chamou os moradores de São Sebastião da Lagoa Grande e

todos tentaram em vão encontrar a família.

Durante muitos dias procuraram, mas esta família nunca mais foi vista.
59

O Gigante do Cemitério

Certo dia, um senhor foi na Ponte Segura fazer

compras, com ele estava seu cachorro que sempre a acompanhava.

Quando voltava para casa a noite passou em frente ao cemitério e

percebeu que seu cachorro estava espantado, pois o animal começou a uivar bem

alto e andar para trás.

De repente, viu um clarão, como se fosse um relâmpago, mas a noite não

estava chuvosa, pelo contrário, havia muitas estrelas no céu.

Assustado, olhou em direção ao clarão e viu um gigante horrível sobre o

cemitério, o gigante usava um chapéu enorme e seu rosto era assustador,

Com muito medo, acelerou o passo, mas em sua direção, surgiu do nada,

uma luz tão intensa que parecia querer derrubá-lo.

De repente, quando a luz esta bem próxima a ele, desapareceu.

Desesperado, saiu correndo pra uma trilha que o levaria ate sua casa.

Essa trilha era o único caminho de volta, não havia outro jeito de chegar em

sua casa se não fosse por aquele caminho, foi então que surgiram velas, centenas

de velas ao lado da trilha, num desespero sem tamanho, o senhor começou a rezar

e durante sua oração às velas foram se apagando e sumindo do caminho.

Chegando em casa, o senhor contou o fato para a esposa e foi se deitar, mas

aquela noite parecia não ter fim, pois não conseguiu dormir.

Este senhor ainda é vivo e nos conta que nunca mais esqueceu daquela

terrível noite.
60

O homem que Chamava o Coisa Ruim

Certa vez, um homem que morava num bairro perto de Senador Amaral

passou por maus bocados, pois era muito descrente e vivia dizendo palavrões e

chamava Coisa Ruim.

Sua mãe sempre lhe chamava a tenção pedindo que parasse com aquilo, que

não abusasse dessas coisas, que deveria respeitar a Deus e pedir perdão.

Ele ria de sua mãe e praguejava sem parar, dizendo que ela era boba.

Uma noite, ele já estava dormindo, quando aconteceu um barulho estranho,

levantou para ver o que estava acontecendo, quando se deparou com um vulto

muito feio, que dizia ser o Coisa Ruim por quem ele sempre chamava.

O vulto veio em sua direção e ele saiu correndo com muito medo, mais ele

corria, mais perto parecia que o Coisa Ruim estava.

Foi então que se lembrou das palavras de sua mãe e apressado correu para

uma casa que havia ali perto. Entrou e fechou a porta e começou a rezar pedindo

que aquilo desaparecesse e jurou nunca mais falar palavrões e chamar pelo Coisa

Ruim.

A partir desse dia, passou a ouvir sua mãe e acreditar em Deus.


61

As Três Cruzes
(Estrada para Ponte Segura)

Um certo dia a muito tempo atrás, uma mãe saiu com seus

dois filhos pequenos para levar o almoço para o marido que

estava trabalhando na roça.

Para chegar na lavoura do marido, tinham no caminho que

atravessar uma mata fechada que havia no caminho, e ao chegar

neste trecho deram de encontro com uma enorme onça.

Desesperada, a mãe puxou os filhos junto ao peito e tentou correr, mas foi em

vão, a onça os atacou ferozmente, ferindo a mãe e as crianças até a morte.

A partir desse dia, foram colocadas três cruzes no local e para lembrar a

tragédia e todos os anos, no dia 3 de maio, dia de Santa Cruz, as pessoas de

Senador Amaral se reúnem diante das cruzes para rezas pelas almas dessa mãe e

seus filhos que ali morreram.

Depois da reza, são distribuídos doces às crianças presentes e conta-se a

história pra que nunca se esqueçam do triste episódio e continuem rezando para

essa família.
62

O Corpo Seco

Havia um homem muito ruim, que vivia

maltratando a família e outras pessoas que

trabalhavam para ele.

Fez tanta maldade, que ficou odiado por todos, chegou

um tempo que as pessoas não suportando mais, acabaram

abandonando-o, pois ninguém mais queria viver perto dele.

Depois de muitos anos passados, disseram que ele havia se transformado em

Corpo Seco, uma alma sem Salvação.

Dizem que o Corpo Seco tem com penitência passar a vida vagando sem

rumo e de tempo em tempo troca-se de lugar.

Segundo a estória, quando o tempo naquele local esta se acabando, o Corpo

Seco tem que implorar para que algum o leve para outro lugar, o que acontece da

seguinte forma: A pessoa tem que montar num cavalo e levar o Corpo Seco nos

ombros até o lugar indicado pelo próprio, chegando lá esta pessoa tem que ser

muito ágil, pois corre o risco de ficar com o Corpo Seco que não quer viver sozinho.

Então o carregador deve levar consigo um cordão de São Francisco

escondido, pra amarrar o Corpo Seco em uma árvore e fugir bem depressa ou então

atravessar um riacho, pois o Corpo Seco não passa onde houver água corrente.
63

A Vingança

Antigamente a palavra de um homem valia mais do que um

documento, quando alguém dava sua palavra, a promessa era

cumprida, e foi nessa época que aconteceu a história de dois

homens que eram inimigos.

Um certo dia, os dois se envolveram em uma briga, em que um deles jurou

morte ao outro, arrancando-lhe um fio de barba.

Sentindo-se agredido por ter a barba arrancada, fato que naquele tempo era

tido com um ultraje muito grande, este homem ficou de tocaia na beira do caminho,

esperando a hora de atacar.

Assustando o cavalo do inimigo, derrubou-o no chão e matou, puxando o

corpo para o meio do mato, enterrou ali mesmo, sem que ninguém soubesse.

Uma noite, voltando para casa, notou que havia algo estanho na estrada, algo

que assustava o cavalo, pois este não parara de empinar e o fazia voltar para trás.

Apeando do cavalo, resolveu ver o que era, quando se viu diante de um

caixão no meio da estrada.

Tentou em vão tirar o caixão do caminho, mas aquilo parecia pesar uma

tonelada, pegou seu chicote e com o cabo dele afastou a tampa, e então levou um

grande susto, pois dentro do caixão estava o homem que ele havia matado tempos

atrás.
64

As Malvadezas do Saci Pererê

Certa vez há muito tempo, uma senhora saiu de sua casa e

foi para onde é o campo de bola, para apartar suas vacas.

Chegando lá, levou um grande susto, pois se deparou com

uma cena inacreditável: Uma de suas vacas estava pendurada

pelo rabo no galho de uma árvore, assustada, saiu correndo e gritando para alguns

homens que ali passavam.

Ninguém conseguia acreditar no que estava acontecendo e foram tentar tirar

a vaca dali, depois de muito esforço, finalmente conseguiram.

E até hoje se comenta como foi que aquilo aconteceu e dizem que isto só

pode ter sido malvadeza do Saci.


65

O Saci que não queria ir Embora


Conta-se que em uma fazenda, há uns 80 anos atrás,

vivia uma família que não tinha sossego, pois diziam que um

Saci morava ali.

O Saci vivia fazendo malvadezas e travessuras, e

quando chegava alguma visita, ele logo dava um jeito de

aprontar: jogava o cachimbo no balde de leite para azedar, jogava sujeira na comida

das visitas e assustava as galinhas fazendo o maior alvoroço na fazenda.

O Saci rodeava a casa como se fosse dele e não os deixava viver em paz.

Um certo dia, a dona da casa, já cansada de tanta arte do Saci, revolveu pedir

ajuda para os moradores da Capelinha (Senador Amaral).

Pediu para que viessem até a fazenda para rezarem juntos e assim afugentar

o Saci.

Mas a supressa foi grande, pois mal começaram a rezar, notaram que o Saci

estava rezando junto e se divertindo com a situação.

Desanimado o dono da fazenda resolveu agir da mesma forma que o Saci e

pregou-lhe uma armadilha.

Naquela época as pessoas carregavam suas armas com pólvora, e este

senhor teve uma idéia:

Encheu o cachimbo do Saci com pólvora e deixou na beira do fogão de lenha.

Quando anoiteceu, o senhor ficou escondido num canto, espiando pra ver se

seu plano daria certo.


66

O Saci chegou na cozinha, se aproximou do fogão de lenha e foi logo

pegando o cachimbo para pitar, acendeu o cachimbo e assim que deu a primeira

tragada, o cachimbo explodiu.

O Saci levou um susto tão grande que sumiu e nunca mais apareceu.
67

A Negrinha Guardiã do Pote de Ouro

Há muito tempo atrás, um fazendeiro que morava

na Capelinha (Senador Amaral) acumulou uma riqueza

muito grande em moedas de ouro e revolveu enterrar

seu tesouro.

Colocou suas moedas em um pote e ao anoitecer dirigiu-se para o fundo de

seu quintal.

Este fazendeiro tinha alguns escravos em sua fazenda e sem que ele

percebesse foi seguido por uma de suas escravas.

Então cavou um buraco bem fundo e colocou o pote dentro, mas quando ia

começar a tapá-lo, ouviu um barulho, era uma jovem negrinha que estava atrás dele.

Ao perceber que ela havia descoberto seu segredo, matou-a e enterrou seu

corpo junto com o pote de ouro.

Dizem os mais velhos que até hoje esse tesouro não foi encontrado, pois,

toda vez que alguém tenta desenterrar o pote de ouro, a negrinha guardiã do

tesouro não permite que ninguém se aproxime dele e assombra todos que ali

rodeiam.
68

O Pote de Ouro
(Ponte Segura)

Um dia, um homem da Ponte Segura mandou

desmanchar uma velha casa, para construir outra no lugar.

O pedreiro que estava trabalhando nessa velha casa

encontrou entre as paredes do alicerce, um pote cheio de

moedas de ouro.

À noite, o pedreiro foi até a venda conversar com os amigos e beber uma

pinguinha.

Já meio embriagado, comentou que havia encontrado um tesouro e que agora

ficaria rico.

Mas entre esses amigos, havia três homens gananciosos que revolveram

assustar o pedreiro para tomar dele o pote de ouro.

Durante a madrugada, foram até a casa do pedreiro, vestido com capas

pretas e capuz, fazendo ruídos e gritos assustadores, quase mataram o homem de

susto, fazendo o pedreiro acreditar que havia uma maldição no pote de ouro, e que o

fantasma dono do pote iria persegui-lo até a morte.

Assustado, o pedreiro entregou a eles o tesouro, temendo sofrer alguma

maldição.

Conta-se que os três gananciosos fizeram um acordo entre eles, de nunca

revelarem o segredo de suas riquezas.

O pedreiro morreu pobre, mas teve uma vida feliz.

Um dos três amigos usou o dinheiro para causa própria, mas sempre ajudou

as pessoas necessitadas e vive em paz até hoje.


69

O outro morreu o ano passado, mas apesar de ficar rico, nunca teve sossego

na vida, pois em sua família havia brigas e sempre se metiam em dívidas.

O terceiro ainda é vivo, ficou rico, mas tudo o que conseguiu com o dinheiro

do pote de ouro, acabou perdendo.

Hoje arrependido do que fez, conta a história a todos e diz que a maldição

que ditam ao pedreiro voltou contra si mesmo.


70

O Lobisomem
Conte-se que há muito anos atrás, perto de Senador Amaral, vivia

um casal que tinha um filho ainda bebê.

O marido uma vez por mês, saia da casa ao anoitecer e dizia para a mulher

que ia visitar uns parentes distantes, deixando a sozinha com a criança e só

voltava na noite seguinte.

A mulher sempre reclamava, mas acabou se acostumando com isso.

Uma noite, o marido chegou arrumou sua trouxa e avisou que estava saindo

para viajar, a mulher então lhe disse que tomasse muito cuidado, pois muitas coisas

estranhas estavam acontecendo pelas redondezas.

Comentavam que havia sumido galinhas dos galinheiros e os cachorros

viviam assustados.

O marido saiu e a mulher foi dar banho no nenê, quando notou que a criança

estava com febre, banhou o bebê, esperando que a febre diminuísse, mas ao

contrário, estava cada vez mais alta.

Sem ter nenhum remédio em casa, revolveu ir até a casa de sua mãe, lá

saberiam o que fazer.

Arrumou-se e enrolou a criança com uma manta de lã, pois apesar da noite

estar enluarada, fazia muito frio.

Quando estava no meio do caminho, começou a ouvir uivos, mas não viu

nenhum cachorro por perto.

Continuou andando, e de novo ouviu o uivo, só que desta vez mais perto.
71

Foi então que se deparou com um enorme bicho peludo que avançava em

sua direção, correu sem parar até uma grande árvore e com muito esforço subia

com a criança no colo, que chorava assustada.

O bicho ficou de pé como um homem e tentava pegar a criança, com suas

garras puxava a mata e mordia deixando em farrapos.

A mulher desesperada rezava sem parar, com seu filho junto ao peito e

pedindo ajuda gritava, mas parecia que ninguém ouvia.

Já muito cansada, percebeu que o dia amanhecia, e que o bicho que queria

atacá-la, some em disparada quando o sol apareceu.

Atordoada, deu um tempo e voltou para casa, ainda muito assustada com o

que aconteceu deitou-se com o bebê e só acordou no fim da tarde.

Mal se conteve de alegria ao ouvir seu marido chegando, e feliz correu para

os seus braços.

Mas quando ele a abraçou, ela levou outro susto enorme, pois ele estava

sorrindo e entre os dentes dele ela viu os fiapos da manta do bebê.


72

O Mistério das Bolas de Fogo

Certa noite, mãe e filho que voltavam para casa, observaram algo muito

estranho, acontecer.

A casa que eles moravam ficava distante de Senador Amaral, uns 2 Km, pois

moravam num sítio, e para chegar lá tinham que andar a pé, pois naquele tempo

ninguém tinha carro por aqui.

Quando já estavam quase chegando, viram um vulto escuro à sua frente,

esse vulto parecia ser um bicho se arrastando no chão.

A mãe ficou assustada e a filha batia o pé no chão duvidando daquilo.

Foi quando o vulto subiu pela cerca transformou-se numa luz esverdeada

muito intensa e desceu pela grama, desaparecendo.

As duas não conseguiram sair do lugar de tanto medo, e estarrecidas viram

ao longe, perto do cemitério, aparecer duas enormes bolas de fogo.

As bolas se batiam, uma contra a outra, numa grande velocidade, pereciam

estar lutando, num vai e vêm constantes.

Muito assustadas mãe e filha começaram a rezar e andando depressa

continuaram até que as bolas foram desaparecendo virando uma fumaça no céu.

Até hoje não se sabe o que seria aquilo, mas é certo que a filha nunca mais

duvidou de coisa alguma.


73

As Bolas de Fogo na Ponte da Lagoa Grande

Conta um morador de Senador Amaral, que um dia três irmãos saíram para

visitar uma tia que morava num sítio, para assistir televisão na casa dela pois, quase

ninguém tinha televisão, naquela época.

Estavam indo de Jeep, quando pararam para abrir a porteira, algo muito

estranho aconteceu.

A menina que havia descido do Jeep notou que uma bola de fogo estava

vindo em sua direção, em tão ela correu para o carro e seus irmãos também viram a

bola, que estava cada vez maior.

Começaram a gritar, e acelerando o Jeep o irmão mais velho tentava acalmá-

los, mas quanto mais acelerava, mais a bola batia na parte de trás do Jeep.

Foram perseguidos pela bola até chegarem no sito da tia, que acolheu o

jovem e as crianças assustadas.

O susto foi tão grande, que até hoje não sabem contar direito de onde veio e

nem para onde foi aquela enorme bola de fogo que viram na ponte da Lagoa

Grande.
74

A Mulher de Branco

Antigamente, em Senador Amaral, quando não Havia luz

elétrica, as casas eram de pau a pique e iluminadas por lamparinas.

Foi nessa época, que aconteceu um fato narrado por várias

pessoas, contam que todas as sextas feiras, durante muitos anos,

aparecia à meia-noite uma mulher vestida de branco.

Esta mulher descia a rua do cemitério e vagava pelas ruas durante toda a

madrugada e desaparecia ao amanhecer.

Intrigados com o fato, pois ninguém conhecera aquela mulher, os moradores

procuravam saber o por quê de sua aparição.

Depois de muitas perguntas aos mais antigos, os moradores descobriram que

a mulher havia morrido na véspera de seu casamento, a roupa branca era o seu

vestido de noiva e o véu lhe tapava o rosto.

Por sua morte ter sido acidental, não descansava e sua alma procurava sem

cessar pelo noivo que deixara.


75

O Padre

Há muito tempo, aqui em Senador Amaral é contada a

história de um padre que vivia aqui.

Dizem que esse padre fez muita coisa errada, entre elas o

fato de ter ajudado um fazendeiro a tomar as terras de um

homem pobre, que tirava dela o sustento de sua família.

Por muitos anos esse padre viveu bem, tendo do bom e do melhor,

sustentado por esse fazendeiro, mas um dia esse padre caiu morto e teve como

penitência vagar sem descanso.

Então toda noite, o fantasma do padre aparece tocando um sininho, à procura

de fieis que rezem pela intenção de sua alma.


76

A porca e os Sete leitões

Na encruzilhada que vai para a casa do Tião Medonho e para o Pesqueiro, já

viram muitas vezes, umas aparições.

Contam que depois da meia-noite, quem passar por ali é perseguido por uma

porca com sete leitões e que ela desaparece quando chega na encruzilhada.

Contam que isto acontece há mais de duzentos anos pois a história é contada

sempre de pai para filho e muitas pessoas juram ter visto, mas ninguém sabe o por

quê.
77

O Mistério do Reco

Há alguns anos, aconteceu um fato muito estranho com

um morador de Senador Amaral.

Ele nos conta que durante 18 anos andou pela mesma

estrada que o leva para sua casa, pois mora em um sítio nos arredores da cidade, e

durante todos esses anos nunca viu nada de diferente.

Ele sempre pegava leite na casa de uma mulher perto da encruzilhada do

Tião Medonho, e como todas as noites ele vinha em Senador para conversar com os

amigos, ele combinou com a mulher para que ela sempre deixasse o leite em uma

moita na beira da estrada.

Mas numa noite em que estava indo embora, por volta das 22h, aconteceu

algo inexplicável: Quando se aproximou da moita em que estava o leite, sentiu algo

estranho, mas continuou e ao tentar pegar o leite, não conseguiu. Por duas vezes

tentou novamente, mas sem conseguir. Olhou para todos os lados, mas não viu

nada e na 3ª vez, finalmente pegou o leite.

Achando tudo aquilo muito esquisito, apressou o passo e continuou andando

por uns 20 metros, quando ouviu um barulho.

Era um ronco muito estranho, parou e encostou-se à cerca para ver o que

poderia ser, não viu nada, mas sentiu que algo passava por ele revirando tudo.

Correu para o meio da estrada, mas o que estava ali, o acompanhou.

Parou e olhou novamente, mas não conseguiu descobrir o que era aquilo,

apesar da lua clara, não se via nada.


78

Muito corajoso, bateu o pé e o vulto correu de um lado para o outro

furiosamente ele não entendia o que era aquilo e nem o que estava acontecendo.

Seu cabelo estava arrepiado e sua barba até doía de tanto medo, sabia que

não adiantava correr, pois aquilo estava em suas costas, mesmo que tentasse, o

que estava o perseguindo era mais veloz que o vento.

Continuou por mais uns 30 metros, quando viu uma luz muito grande no céu.

O que estava em volta dele desapareceu e a luz foi sumindo devagar, até não

vê-la no céu.

Por mais de 40 dias, ele investigou, perguntando aos moradores que

passavam por aquela estrada, se alguém já tinha visto algo estranho ao passar por

lá ou o que poderia ser aquela grande luz, mas ninguém sabia e nem nunca viu

nada.

Dizem que esta luz nunca existiu e o que ele tinha visto naquela noite jamais

aconteceu com outras pessoas.

Disseram a ele que poderia ser um disco voador, ou então algo de outro

mundo, o fato de ele estar levando o leite para seus filhos pequenos, tinha o

protegido de algum mal.

Esta história foi contada pelo próprio homem que viveu o fato narrado, e nos

conta que ficou pelo menos 6 meses sem vir para Senador Amaral.

O nome dele é Alcidez Ferreira de Rezende e mora aqui nesta cidade.


79

A Alma sem Luz

Antigamente aqui em Senador Amaral, os Homens

saiam na quaresma para Recomendar Almas, nas altas

horas da noite.

Durante uma dessas procissões, aconteceu uma

história contada por vários moradores antigos da cidade.

Aconteceu numa noite em que estavam rezando em frente de uma das casas,

onde morava uma mulher que ficava até tarde acordada, era o último dia de

quaresma.

Contam que esta mulher que estava com vontade de fumar, mas estava sem

fogo na casa, pois as brasas do fogão já tinham se apagado e só sobraram cinzas,

mas não adiantou, pois já era tarde e fazia muito tempo que o fogo acabara.

Então ouvindo as vozes ela revolveu abrir a porta para pedir fogo aos homens

que ali passavam.

Quando saiu, a procissão de homens ia à frente, mas havia outra procissão

com pessoas e crianças de vela na mão.

Ela então chamou por uma criança que lhe entregou a vela e foi embora, ela

entrou, acendeu o cigarro e o fogão, mas quando foi apagar a vela, esta vela se

transformou em um ossinho.

Assustada, nem conseguiu dormir, pois não sabia o que fazer.

Quando clareou o dia, ela correu para igreja e contou o fato para o padre,

este também se assustou e disse à ela que deveria devolver o ossinho.


80

Ela então se lembrou que a noite anterior tinha sido o último dia da

Recomendação das Almas e o padre pediu que ela guardasse e devolvesse no ano

seguinte.

Aquele ano para ela pareceu durar um século, mas finalmente chegou o dia,

em que devolveria o ossinho.

À noite ficou esperando a procissão passar, quando procurou pela criança, viu

que ela não tinha nada, mas mãos, então a chamou e perguntou pelo seu nome, a

criança respondeu–lhe que não tinha nome, pois não era batizada.

Então a mulher disse à criança que ele se chamasse José Maria ou Maria

José, pois não sabia se era menino ou menina e lhe entregou o ossinho, seu rosto

encheu-se de luz, e a mulher entendeu que tinha tirado no ano anterior a luz de uma

Alma.

Pediu perdão e jurou nunca mais incomodar a procissão de Recomendação

das Almas.
81

Uma Tradição que Acabou

Recomendação de Almas

Durante muitos anos, aqui em Senador Amaral, na

quaresma, os homens se reuniam num ritual muito

bonito.

Todas as noites eles saiam em procissão, cantando uma reza muito antiga e

passavam por todas as ruas da cidade rezando e Recomendando a Deus as almas

do purgatório.

Por mais de 180 anos essa tradição continuou viva, atravessando gerações e

a população respeitava.

Mas alguns anos atrás, por falta de interesse dos mais jovens, e a morte dos

mais velhos, o ritual acabou.

Muitas pessoas se lembram com saudades que essa tradição tenha

terminado, pois fazia parte da fé e da cultura de nosso município.


82

A Visão do Futuro

Há muitos anos atrás, havia uma família, cujo pai era muito religioso.

Quando anoitecia, seus filhos logo corriam à sua volta, pois tinham muito

medo de assombração, ele muito calmo pedia aos filhos que ficassem quietinhos e

chegassem mais perto, para conversarem.

As crianças então se juntavam para ouvir o pai que os acalmava dizendo:

___ Vamos rezar, pois quem reza fica protegido de todo mal.

Mas as crianças retrucavam ainda com muito medo.

Então ele lhes disse:

___ Filhos queridos, não temam, pois assombração, Saci e fantasmas não

nos podem fazer mal, eles aparecem da porta para fora e como estamos rezando

não vão nos incomodar.

___ Ouçam o que vou lhes contar, haverá um tempo em que não saberemos

onde o mal está, conheceremos pessoas pensando estar com gente boa, mas não

saberemos se realmente são o que demonstram, pois o mal habitará o coração das

pessoas, a violência tomará conta de nossos dias e a guerra reinará no mundo.

Vocês sentirão saudades dos dias de hoje, quando sentiram medo de coisas

imaginarias, que não poderão nos causar medo e sofrimento.

Rezem muito e peçam a Deus que os proteja desse futuro, que não está

muito distante.
83

Este homem morreu faz 20 anos, e isto aconteceu há mais de 50 anos atrás e

naquele tempo ele já sabia do mal que estamos vivendo nos dias atuais (José

Antonio Dias Sobrinho).

Agradecimento aos Colaboradores

Roque Herculano
Lauro Afonso de Melo
Alvarina Xavier Lopes
Maria Conceição Veiga Cornetta
Narciza Ferreira de Rezende
Telma Sales de Rezende
Aparecida B. da Rosa
Alcides Ferreira de Rezende (Reco)
Ana Pereira da Silva
Shirley Cornetta Silva
84

Conclusão

Viajamos no tempo e vivemos as fantasias, onde Sacis, Lobisomens,

Assombrações e outros personagens do Folclore Brasileiro reinam.

Conhecemos os segredos da imaginação de pessoas que passaram por

nossas vidas em algum momento.

Descobrimos seus medos e ilusões e através destes relatos fomos envolvidos

na magia que existe na vida delas.

Enfim, podemos considerarás parte de nossa cultura.

Este trabalho nos deu a oportunidade de estarmos envolvidos com a nossa

cultura, nos fez reviver valores, angustias, medos, saudades e ainda o privilégio de

trilhar esse brilhante caminho.

Através desta pesquisa pudemos adquirir mais informações sobre Senador

Amaral, a cidade onde moramos. Esperamos que a história se perpetue através dos

tempos e que este trabalho, mesmo que modesto, possa garantir que nossas

origens da Cidade não se percam.


85

Se você ainda busca...


Se você percorreu muitos caminhos
e ainda busca O CAMINHO;
Se você conheceu muitas ciências
e ainda busca A SABEDORIA;
Se você descobriu muitas verdades
e ainda busca A VERDADE;
Se você sentiu muitas alegrias
e ainda busca a FELECIDADE;
Se você sofreu muitas injustiças
e ainda busca A JUSTIÇA;
Se você conquistou muitas liberações
e ainda busca A LIBERDADE;
Se você experimentou muitas ilusões
e ainda busca A ESPERANÇA;
Se você suportou muitas violências
e ainda busca A PAZ;
Se você acumulou muitos anos
e ainda busca A ETERNIDADE;
Se você juntou muitos bens
e ainda busca O BEM;
Se você satisfez muitas necessidades
e ainda busca O NECESSÁRIO;
Se você provou muitas solidões
e ainda busca A COMUNHÃO
Se você compartilhou muitas amizades
e ainda busca A AMIZADE;
se você viveu muitos amores
e ainda busca O AMOR;
Se você suportou muitas decepções
E ainda busca A fé;
DÊ-ME SUA MÃO
E SEGUIREMOS JUNTOS...
...CAMINHANDO...
PARA SER HOMENS!
86

Equipe responsável pela pesquisa da História de Fermino Elias


LUIZ DONIZETE VASCONCELOS
SANDRO ROGÉRIO LOPES
RODRIGO RODRIGUES
DANIELA VIVIANE DA FONSECA XAVIER
MARIA GILVÂNIA REZENDE BISONI
MARIZA CONCEIÇÃO FERNANDES REZENDE

Equipe responsável pela pesquisa dos Contos

ELIANA CORNETTA LEME


REGINA ALVES DA CUNHA
VIVIANE RIBEIRO DE REZENDE
JANDER FERNANDES DE REZENDE
MARALI ALVES DA CUNHA
ADRIANO MOREIRA DO CARMO
JANETE H. G. LOPES

Equipe responsável pela pesquisa da História da Igreja


MARINALDA REZENDE
LUCIANA AP. DA CUNHA
CÉLIA REGINA DE FARIA
NILCEMAR JANE PINHEIRO
PRISCILA CHARLENE DE GODOI
EDIBERTO ANTONIO DA SILVEIRA
87

Equipe responsável pela pesquisa da História de Itagyba Eiras do Brasil


WALQUIRIA EXPEDITA SILVÉRIO DA ROSA
DIOGO BENEDITO DE GODOI
DANIEL MOREIRA SOUZA
MICHEL GÓES DA SILVA
CEZAR AP. DE FREITAS
THIAGO RODRIGO DA SILVA
Responsáveis pela Pesquisa dos Aspectos Físicos, Geográficos, Econômicos e

Políticos

CÉLIA AP. GERALDO AUGUSTO

MAGALI ALVES DA CUNHA

SHEILA SALLES DA SILVEIRA

ELAINE SALLES DE REZENDE MELLO

CLAUDEMAR CANDIDO DE REZENDE

MARIQUELES ALVES DA CUNHA

JÉFERSON ALUÍSIO DE ALMEIDA

ALESSANDRO GABRIEL DA SILVA

ANDRÉIA PINTO ANDRÉ

WALTER MESSIAS TEIXEIRA

DARLEI CORREIA DA SILVA

VIVIANE SOARES DE MELO

VANUZA DE ALMEIDA PEREIRA

RUDNEY RODRIGUES REZENDE

JOSIMAR PEREIRA DE ARAÚJO

EDER TEODORO DE OLIVEIRA

VILMA CLEMENTINO DE GODOI


88

CARLOS EDUARDO DA SILVA

ODETE CANDIDA DA SILVA

WALDETE CANDIDA DA SILVA

DALILA GOMES DA SILVA NASCIMENTO

VIVIANE AP. DA SILVA

ANA WILMA LOPES PINHEIRO

ROSIMEIRE ZIANTONI MISSASSE

MARIA AP. MISSASSE RODRIGUES

JOÃO CARLOS PEREIRA

MARCELO VICENTE

ALESSANDRO BACOCHINA

ALISSON ALBERTO PEREIRA

CARLOS AP. LOPES PINHEIRO

LUCIMAR DO CARMO DA SILVA


89

Senador Amaral

“Minha terra tem cachoeiras,

Com suas águas a jorrar

Tem trabalhadores e suas sementes a plantar

Nos campos ainda existem guarás a nos espiar

E nas casas há os Amarelenses a sonhar...”

(Professora Luzia Alves de Rezende)

E esta História não tem fim...

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