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Sobre as novas esquerdas no Brasil: num primeiro momento (anos 70), não romperam com o

marxismo e a tradição da esquerda (no contexto de ditadura, a união das esquerdas era algo
muito caro); ao contrário, tentaram alargar estas para a inclusão das novas pautas (p. 19) 
pode-se dizer que esse esforço se traduziu, no PDT, com a inclusão dos marginalizados, se
atentado para as especificidades de diferentes grupos minoritários (numéricos ou políticos)

A autora foca em esquerdas dissidentes brasileiras. Uma esquerda que surgiu após o fracasso
da luta armada que, em um processo de autocrítica, buscou construir uma alternativa pública,
legal, de intervenção política, tendo por base novas ideias (em relação às que anteriormente as
animou para a guerrilha). (p. 20)

No cap.2 a autora fala sobre as novas esquerdas de um modo geral. Dando um panorama
sobre seu surgimento e características em comum. (p. 71)

Novas esquerdas (surgidas anos 60) tinham em comum:

 Eram dissidentes (dos partidos e/ou pensamento da esquerda tradicional);


 Buscavam caminhos alternativos (formas de organização; estrutura partidária;
representação política; sistema capitalista; sistema socialista; ao conservadorismo; ao
armamentismo etc.)
 “a crítica ao comunismo oficial, entendido como o “comunismo soviético”, que
englobava a URSS, os diversos partidos nacionais a ela alinhados e um corpo de idéias
que eram associadas ao modelo soviético: economicismo, valorização da técnica,
centralização excessiva, monopartidarismo etc.”;
 “valorizavam o papel do sujeito na História — seus dramas, seus dilemas, suas
escolhas, sua relação com a vida e a política. Os anos 1960 iniciaram um processo (que
foi largamente aprofundado na década seguinte) de tentar unir política e vida pessoal,
buscando construir uma concepção de política que valorizava o subjetivo, o privado, as
relações pessoais, o cotidiano, as emoções”;
 a maior parte dos movimentos alternativos e/ou dissidentes dos anos 1960
apresentava uma desconfiança em relação às formas tradicionais de atuação e
representação política. Recusavam praticamente todas as formas de hierarquia e
opunham à democracia representativa uma idéia de democracia direta, participativa,
sem intermediários ;
 “a maior parte dos movimentos alternativos e/ou dissidentes dos anos 1960
apresentava uma desconfiança em relação às formas tradicionais de atuação e
representação política. Recusavam praticamente todas as formas de hierarquia e
opunham à democracia representativa uma idéia de democracia direta, participativa,
sem intermediários ;”

Cap. 3 – dissidências no Brasil: anos 60  esquerda armada

[Na página 80, diz que a POLOP se transformou em BOC em 1968. Dela participaram
Theotônio dos Santos, Moniz Bandeira e Vania Bambirra (p. 80).  Brigagão diz na entrevista
que foi do BOC. É possível explorar isso.]

No começo do capítulo 3, a autora fala sobre as dissidências ao PCB surgidas na década de


1960. Antes do golpe, essas rupturas se deram por discordâncias em relação: a crítica ao
stalinismo (revisionismo); a integração à política, visando uma revolução democrático-
burguesa de caráter nacionalista (etapismo); adesão às reformas – e não revolução imediata
(reformismo).

Dissidências após o golpe: se davam pela adoção da luta armada. Criticavam o PCB por ser
“imobilista”. Porém, ainda surgiram dissidentes de outras organizações, como POLOP e PCdoB.

As esquerdas dissidentes no Brasil tinham características em comum com a nova esquerda


mundial: “inclinação pela violência”; radicalismo; culto da ação e do pragmatismo (em
oposição ao teoricismo); idolatria de figuras como Guevara, Débray e Ho Chi Minh;
valorizavam a luta armada (chinesa ou cubana); um fosso geracional separava essa dissidência
da esquerda tradicional. (p. 84)

Fosso geracional: o golpe fez com que antigos militantes de esquerda “pegassem seu boné”, se
retirando da luta. Isso fez com que a juventude tomasse a frente da luta, criando novas
organizações e assumindo postos de liderança. Todas essas pessoas rejeitavam a tradição da
esquerda brasileira (ver os motivos das dissidências acima). (p. 84)  tese de Aarão Reis 
concordo haver um “fosso geracional”, no entanto, o motivo apontado por Reis é ridículo.

Na p. 93, aponta alguns elementos centrais ao conceito de populismo  e a cisão teórica que
o conceito representou em relação às teses do PCB e da esquerda nacionalista dos anos 50 e
60.

Cap. 4 – A esquerda alternativa de meados dos anos 70

Ruptura em dois pontos (meados dos anos 70) com o movimento anterior: rejeição da
violência; e “valorização da diferença, da singularidade e da alteridade.” (p. 97)

Sob forte impacto da sociologia francesa e italiana da época, sobretudo Foucault.

No Brasil (anos 70): fracasso da luta armada  autocrítica  atuação política legal e luta pelo
restabelecimento democrático (valorização da democracia) (p. 98)

A esquerda alternativa aprofundava alguns pontos já levantados pelas gerações anteriores: 1)


valorização do indivíduo, do cotidiano e das relações pessoais; 2) politização dos sentimentos e
emoções; 3) ênfase na democracia direta, sem intermediários; desconfiança sobre as rígidas
formas de organização e hierarquias. (p. 98)

A ideia de democracia participativa sem intermédios trazia consigo uma crítica à prática
tradicional de representação e valorizava a representação direta, o “falar em nome próprio”,
valorizando as especificidades e as diferenças. (p. 99)

Os dissidentes dos anos 60, apesar de sua crítica ao PS’s e PC’s, ainda se mantinham dentro da
“cultura marxista”. No entanto, a dissidência de meados dos anos 70 rompe com essa tradição,
com os (novos) “movimentos da diferença”, se baseando em outros princípios teóricos. (p.
100)  a teoria da fragmentação.

Os novos movimentos abandonam princípios centrais ao marxismo, como “totalidade” e


“universalidade”  em seu lugar, afirmam a impossibilidade da universalidade, valorizando a
fragmentação. A política passa a ser vista como “o exercício difuso do poder”. (p. 101)

Até meados dos anos 70, a esquerda se orientava pelos princípios da totalidade e
universalidade, caros ao marxismo. Antes, ela criticava o socialismo real e os partidos
tradicionais, já trazendo a valorização dos sujeitos em seu cotidiano. No entanto, estes sujeitos
e as suas especificidades e interesses se inseriam dentro de um panorama mais geral. Por
exemplo, a emancipação da mulher e do negro ocorreria apenas com uma revolução socialista.
Ou seja, articulava-se demandadas de grupos específicos a um projeto maior (totalizante). 
Desejava-se uma mudança total na sociedade (em sentido econômico, político, no âmbito das
relações pessoais entre gêneros e etnias diferentes, relações familiares etc. Tudo junto e ao
mesmo tempo, integrantes de uma revolução socialista). (p. 108-109)

Meados dos anos 70: a visão acima foi substituída pela valorização (maior) do específico e da
fragmentação (a sociedade é fragmentada em diversos grupos e interesses que, por si só, são
legítimos e merecem ser reivindicados, independentemente de se articularem a algo maior). É
a utopia fragmentada (fragmenta-se a totalidade), onde o sujeito fala e age em nome próprio,
com base na sua diferença e especificidade. (p. 110)

Síntese: os movimentos alternativos, a partir de meados da década de 1970, passaram a


desenvolver cada vez mais uma dinâmica mais específica, baseada em particularidades. Esses
movimentos representam grupos de interesses identitários, com visões particulares de mundo
e propostas específicas.

Cap. 5: os anos 70 no Brasil

Procura saber como o debate entre totalidade x fragmentação, universal x específico se deu
entre a esquerda brasileira.

Elege 1974 (início da transição) como um marco para analisar os movimentos alternativos o
Brasil

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