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HISTÓRIA DE FORTALEZA PARA CONCURSOS

Módulo Completo | Prof. Epifânio Cavalcante


OS: 0033/2/22-Gil

CONCURSO: CARREIRAS POLICIAIS

ASSUNTO: História de Fortaleza

PROFESSOR: EPIFÂNIO CAVALCANTE. Desbravador e ousado, após combater franceses e


índios na Ibiapaba, Pero Coelho e seus homens instalaram-
@epifanio.cavalcante
se nas margens do rio Ceará, onde foi erguido o Forte de
Vamos iniciar a História de Fortaleza a partir das São Tiago. Não encontrando riquezas na região, Pero
primeiras tentativas de “conquista” do próprio território Coelho passou a escravizar os índios. Como estes reagiram,
“cearense”. Como sabemos a colonização do Brasil pelos Pero recuou e ergueu em 1605 o Forte de São Lourenço nas
portugueses vai ser iniciada na primeira metade do século margens do rio Jaguaribe. Mas, como as hostilidades dos
XVI. No entanto, isso não inclui as terras onde futuramente índios não passavam e, sofrendo os pesados efeitos da seca
dar-se-ia origem ao atual Estado do Ceará. de 1606-1607 viu-se obrigado a deixar o Ceará, partindo em
Do ponto de vista histórico, pode-se afirmar que direção ao Rio Grande do Norte.
uma das primeiras tentativas de colonização portuguesa em A segunda tentativa de colonização deu-se com os
nossas terras iniciou-se com a criação da Capitania do Siará, padres jesuítas Francisco Pinto e Luis Filgueiras, em 1607. A
doada, em 1535, ao fidalgo português Antônio Cardoso de catequização e a colonização andavam juntas no Brasil. Os
Barros. Essa tentativa, no entanto, não logrou êxito. A dois religiosos fizeram praticamente o mesmo caminho de
capitania do Siará devido, sobretudo, a falta de grandes Pero Coelho, indo parar na Ibiapaba. Ali procuraram
atrativos econômicos permaneceu por todo o século XVI cristianizar os nativos. Tudo parecia correr bem, quando em
quase abandonada. 1608, a pequena aldeia foi atacada por índios que
O não encontro de metais preciosos e de lembravam ainda dos maus tratos impostos por Pero
especiarias, artigos de luxo que gerassem riquezas na Coelho e seu grupo. Assim em 1608 os Tocarijus atacaram o
Metrópole foi fator determinante para este quadro. A prova aldeamento dos jesuítas e mataram Francisco Pinto. Luis
maior do quase abandono cearense é que o donatário da Filgueiras conseguiu escapar, partindo para o Rio Grande do
capitania, Antônio Cardoso de Barros, nunca chegou a Norte.
tomar posse. A presença jesuítica no Ceará foi muito importante,
Apenas no século XVII é que Portugal decidiu já que os jesuítas fundaram importantes aldeias ou missões
colonizar o litoral cearense, por razões estratégico- e entre elas destacaram-se no então território cearense:
militares: defender a faixa litorânea setentrional do Brasil (Arronches) Parangaba, (Soure) Caucaia, (Messejana)
contra estrangeiros (em especial os franceses que chegaram Paupina. Logo após a expulsão dos jesuítas do Brasil, essas
a fundar uma colônia no Maranhão – A França Equinocial) e aldeias entraram em um acelerado processo de dissolução.
criar no Ceará uma base de apoio logístico que facilitasse a Desprotegidas ficaram á mercê da pirataria e dos assaltos
conquista da região norte da colônia (daí a História do de aventureiros estrangeiros.
Ceará ter começado inicialmente em torno de fortes). A terceira tentativa de ocupação do Ceará veio a
A primeira tentativa oficial de colonizar o Ceará acontecer em 1611, com a expedição de Martin Soares
deu-se em 1603, na administração de Diogo Botelho, Moreno, no governo do governo-geral de Diogo de
governador-geral do Brasil, com Pero Coelho de Sousa, Mendonça Furtado (9º governador-geral do Brasil) que com
açoriano e antigo capitão de esquadra portuguesa. Na a ajuda de índios da região, chefiados por Jacaúna, um índio
condição de capitão-mor, este organizou uma expedição, já catequizado, conseguiu fundar as margens do rio Ceará o
cujo objetivo era explorar o rio Jaguaribe, combater piratas, Forte de São Sebastião. Apesar de suas pretensões
fazer a paz com os índios, além de tentar encontrar metais colonizadoras, no ano seguinte foi convocado pela coroa
preciosos. portuguesa para combater os franceses que haviam
fundado no Maranhão uma colônia.

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◼ A CONSTRUÇÃO DO FORTE SCHOONENBORCH historiadores afirmarem que Aquiraz foi a primeira vila do
Ceará.
No ano de 1630, os holandeses invadiram
Pernambuco na pretensão de dominar a região açucareira e Somente em 13 de Abril de 1726, o povoado em
de encontrar riquezas. Em 1637, tropas flamengas, sob a torno da fortaleza de Nossa Senhora de Assunção foi
liderança do major Gartimam Hendrick conquistam o forte elevado à categoria de Vila, sob a liderança do capitão-mor
cearense de São Sebastião. Na costa cearense os Manuel Francês.
holandeses estavam interessados principalmente na
É importante ressaltar que a importância econômica
exploração das salinas, na retirada de sal. De início,
de Fortaleza aquela época era muito pequena, já que a
contaram os holandeses com ajuda dos índios revoltados
atividade econômica principal do Ceará era a pecuária e
com a dominação portuguesa.
esta se concentrava quase que em sua totalidade no
Depois, contudo a aliança se desfez, pois os interior.
holandeses não se diferenciavam do português quanto aos
maus tratos dados aos índios. Revoltados, em 1644 os
nativos atacaram e destruíram o forte de São Sebastião,
trucidando e expulsando os holandeses daquelas áreas. Os
holandeses retornariam ao Ceará em 1649, sob o comando
do capitão Matias Beck que desembarcou na baía do
Mucuripe em busca de metais preciosos, este ergueu no
monte Marajaitiba, nas margens do riacho Pajeú o Forte de
Schoonenborch, em torno do qual, depois, iria
espontaneamente surgir a atual cidade de Fortaleza. A
permanência dos holandeses no Ceará durou até 1654,
quando estes se retiram em virtude da derrota em
Pernambuco e a expulsão do Brasil. Sob a liderança do
capitão-mor Álvares de Azevedo, os portugueses tomam o
forte flamengo para si e o batizam de Fortaleza de Nossa * Cuidado!
Senhora de Assunção.
➢ Oficialmente, segundo dados do IBGE Fortaleza é
elevada à condição de CIDADE, com a denominação de
◼ O POVOAMENTO EM TORNO DO FORTE Fortaleza, por Resolução Imperial de 02-01-1823, Decreto
SCHOONENBORCH TORNA-SE VILA Imperial de 24-02-1823 e Carta Imperial de 17-03-1823, e
por este último ato Fortaleza, passou a denominar-se
Em 1699, Portugal autorizou a instalação da
Fortaleza da Nova Bragança.
primeira vila do Ceará, chamada de São José de Ribamar. A
instalação no litoral liga-se a ideia do Ceará como um ponto ➢ Em divisão administrativa referente ao ano de
de apoio logístico à conquista do norte. 1911, o município aparece constituído de 2 distritos:
Fortaleza e Patrocínio.
O problema é que em 1699 não houve especificação
quanto ao local onde seria erguido o pelourinho (símbolo da ➢ Pelo Decreto Estadual n.º 1.156, de 04-12-1933,
elevação de uma localidade à condição de vila). Isso deu são criados os distritos de Messejana e Mondubim. Sob o
início a uma disputa pela sede da vila como forma de mesmo Decreto, o município de Fortaleza adquiriu o extinto
aumentar o prestígio social e político na colônia. Assim, município de Porangaba.
entre anos o Pelourinho ficou deslocado entre o Forte de ➢ Em divisão administrativa referente ao ano de
Nossa Senhora de Assunção, no qual viviam os militares e 1933, o município aparece constituído de 7 distritos:
os religiosos, a Barra do Ceará, habitada por índios, Fortaleza, Alto da Balança, Barro Vermelho, Messejana,
mestiços e brancos pobres, e o “Arraial do Iguape”, no Mondubim, Porangaba e Pajuçara. Não figurando o distrito
Aquiraz, local onde moravam os homens bons (a elite de Patrocínio.
econômica). Em 1713, por fim, o pelourinho foi
definitivamente instalado em Aquiraz – daí muitos ➢ Pela Lei n.º 226, de 30-11-1936, o distrito de
Pajuçara passou a denominar-se Rodolfo Teófilo.

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➢ Em divisão territorial datada de 31-XII-1936, o Janeiro, Recife, São Luís, Belém, dentre outras. Esse não foi
município é constituído de 7 distritos: Fortaleza, Alto da o caso de Fortaleza. Fortaleza, até o início do século XIX, era
Balança, Barro Vermelho, Messejana, Mondubim, um povoado sem nenhuma importância econômica.
Porangaba e Roldolfo Teófilo (ex-Pajuçara). Somente no século XIX é que observamos o processo de
hegemonização de Fortaleza e apenas na 2ª metade do
➢ Pela Lei Municipal n.º 79, de 28-06-1937, o distrito
século XIX é que a cidade se torna uma cidade hegemônica
de Barro Vermelho passou a denominar-se Antônio Bezerra.
no Ceará. Até então, as cidades que se destacavam no
➢ Em divisão territorial datada de 31-XII-1937, o cenário econômico cearense, sobretudo até a 2ª metade do
município é constituído de 7 distritos: Fortaleza, Alto da século XVIII eram aquelas que estavam diretamente ligadas
Balança, Antônio Bezerra (ex-Barro Vermelho), Messejana, à pecuária e à atividade charqueadora: Aracati, Icó,
Mondubim, Porongaba e Rodolfo Teófilo. Camocim, Acaraú, Sobral, etc.
➢ Pelo Decreto Estadual n.º 448, de 20-12-1938, são Podemos afirmar que os principais fatores que
extintos os distritos de Rodolfo Teófílo, sendo seu território contribuíram para o processo de hegemonização de
anexado ao distrito de Maracanaú, do município de Fortaleza a partir do século XIX foram:
Maranguape e Alto Balança, sendo seu território anexado
✓ Fortaleza vai se tornar no século XIX o grande
ao distrito sede de Fortaleza.
centro coletor e exportador da produção agroexportadora
➢ No quadro fixado para vigorar no período de 1939- cearense, sobretudo do nosso algodão.
1943, o município é constituído de 5 distritos: Fortaleza,
✓ A política centralizadora pretendida pelo
Antônio Bezerra, Messejana, Mondubim e Porangaba.
imperador do Brasil, Dom Pedro II (que governou de 1840 a
➢ Pelo Decreto-lei Estadual n.º 1.114, de 30-12-1943, 1889). Dom Pedro II determinou que a capital de cada
o distrito de Porangaba passou a denominar-se Parangaba. província deveria ser o “centro” do poder e das decisões
➢ Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o administrativas além do núcleo principal da captação da
município é constituído de 5 distritos: Fortaleza, Antônio produção e dos recursos financeiros.
Bezerra, Messejana, Mondubim e Parangaba (ex- ✓ O fechamento da alfândega de Aracati. Assim,
Porangaba). Assim permanecendo em divisão territorial Fortaleza passa a monopolizar o comércio exportador da
datada de 2020. província cearense.
(consulte: ✓ A construção da Estrada de Ferro de Baturité (EFB).
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ce/fortaleza/historico) Com a ferrovia, Fortaleza assume de vez a posição de centro
coletor e exportador da produção interiorana. Lembrando
que o primeiro trecho da ferrovia (Fortaleza – Parangaba)
◼ SEGUNDO CONSTA NO SITE DO IPECE, EIS OS CINCO foi inaugurado em 1873 e em 1883 os trilhos chegavam a
DISTRITOS ATUAIS DE FORTALEZA: Baturité.

DISTRITO ANO DE CRIAÇÃO Ao mesmo tempo que assistíamos a esse processo


de “hegemonização” de Fortaleza, havia toda uma
Antônio Bezerra 1926
influência cultural europeia (principalmente da França) que
Fortaleza 1725 tomava conta de várias grandes cidades do Brasil naquele
Messejana 1758 momento. Paris era o grande exemplo de “civilidade” a ser
imitado, sobretudo pelas elites e pela nossa classe média.
Mondubim 1926
Utilizar roupas e sapatos franceses, falar o idioma francês,
Parangaba 1926 ter em casa utensílios e artigos de decoração vindos da
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto de
França, fazer compras em lojas com suas fachadas
Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE)
“afrancesadas”, tudo isso era a moda em Fortaleza naquele
momento. Essa “febre” se estenderia sobretudo da 2ª
◼ A HEGEMONIZAÇÃO DE FORTALEZA metade do século XIX até meados do XX. Era a “Fortaleza
Belle Époque”, momento em que a cidade passava por um
Muitas grandes cidades brasileiras que surgiram no intenso processo de “modernização” e “aformoseamento”,
período colonial já nasceram hegemônicas: Salvador, Rio de ganhando “ares franceses”.
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prometendo não apenas ordem e clareza, mas também


igualdade na distribuição do espaço.

A proposta do plano em xadrez em Fortaleza surge


Dentro desse contexto, Fortaleza passará por
a partir dos primeiros projetos de planejamento urbano
profundas mudanças em sua infraestrutura, surgindo:
rascunhados no início do século XIX. Sobre opção por esse
✓ Passeio Público (inaugurado em 1880): virou local traçado, o arquiteto José Liberal de Castro (1977) afirma
de encontro para se “desfilar” a elegância francesa e para a que tal proposição encontra-se intimamente interligado à
prática do “flerte”. Tornou-se de pronto a principal área de objetivos de expansão urbana de um povoado ainda
lazer e sociabilidade de Fortaleza na 2ª metade do século timidamente desenvolvido naquele período. É nesse
XIX. contexto que o engenheiro Antônio José da Silva Paulet,
✓ Calçamento nas ruas centrais (a partir de 1857). ajudante-de-ordem do então governador da Província do
Ceará, Coronel Manuel Inácio de Sampaio, elaborou em
✓ Canalização de água potável (a partir de 1867, feita 1813 uma planta da vila.
pela empresa inglesa Ceará Water Company Limited).
Na Planta do Porto e Villa da Fortaleza Paulet
✓ Instalação de bondes à tração animal (a partir de apresenta uma primeira proposta de redirecionamento da
1880, feita pela empresa inglesa Cia. Ferro Carril). capital cearense no formato em xadrez. Apesar de não ser o
✓ Iluminação a gás carbônico. (a partir de 1866). principal foco do desenho, Paulet destaca a necessidade de
orientar o crescimento de Fortaleza, sobretudo em direção
✓ Academia Cearense de Letras (1894)
ao oeste e sul, demonstrando o desinteresse em apontar
✓ Biblioteca (1867). uma ocupação do litoral, bem como da zona a leste do
riacho Pajeú. Longe de propor um aprofundamento entorno
✓ Fábricas de tecido (a partir de 1883).
do plano urbano da vila, Paulet propõe a partir dessa
✓ Santa Casa de Misericórdia (1861). proposta detalhar o litoral fortalezense e as informações
✓ Asilo para alienados (1886). oceânicas próximas à costa, destacando principalmente o
aspecto do perfil litorâneo e a localização dos recifes,
✓ Telégrafo (1881). procurando esmiuçar informações acerca da faixa costeira
✓ Telefone (1883). na busca pelo melhor lugar para fixação de uma zona
portuária que permitisse atracação de navios de grande
✓ Seminário da Prainha (1864).
porte. Possuindo mais características de carta náutica do
✓ Liceu do Ceará (1845). que propriamente uma planta, tal fato é justificado pela
história do urbanista, que, antes de sua inserção no
✓ Colégio da Imaculada Conceição (1864).
Exército, já havia trabalhado na Marinha Real, daí a origem
✓ Teatro José de Alencar (1910). do provável interesse na representação da zona costeira em
✓ Cine Majestic (1917). seus planos e representações urbanas.

Como o objetivo no período era a forma urbes


fortalezense, e não os aspectos físicos da zona costeira –
◼ PLANEJAMENTO URBANO notoriamente ignorada pela sociedade local no período –
No princípio do século XIX o planejamento urbano foi solicitado outra planta que destacasse a estrutura
emerge no seio das cidades como modo de disciplinamento urbana de Fortaleza. Assim, Paulet elaborou em 1818 a
na forma do delineamento da expansão citadina, firmando Planta da Vila de Fortaleza. Nesse plano, o urbanista
o discurso do poder do Estado na materialização do apresenta uma proposta de expansão para a vila, no qual
ordenamento dos centros urbanos. O discurso se expressa, proporciona o desenvolvimento da proposta do plano em
em termos formais, pela regularidade do traçado urbano. xadrez. Constam nessa proposição as primeiras ruas em
linha reta, servindo de baliza para os futuros arruamentos
De modo geral, os urbanistas do século XIX, recorriam
para que se desdobrassem de norte a sul, indo do mar para
ao traçado reticular com inclusão das diagonais, tendo a
o sertão, modelo adotado até na atualidade. Na planta são
origem dessa forma de ordenamento por meio do traçado
estabelecidos caminhos demandando para o interior e
xadrez remontando aos assentamentos urbanos mais
litoral: caminhos de Arronches, de Aquiraz, de Soure, de
antigos, visando uma melhor divisão racional do solo,
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Jacarecanga, de Messejana, Picada do Mocuripe e da e um trapiche, como podem ser observados no desenho de
Precabura. Paulet.

Observa-se que essa planta urbanística também


registra a área edificada em torno do forte Schoonenborch
e os inícios de uma aglomeração de edificações ao leste do
rio Pajeú, nas imediações da atual Avenida Pessoa Anta.
Esse plano contrariava a ideia que era dada sobre
urbanismo em Fortaleza até então – como é possível
observar no desenho do Capitão-mor Manuel Francês –
quando os arruamentos eram elaborados fazendo
contornos de acordo com os percursos de estruturas
naturais, notadamente o riacho Pajeú.

Tal característica dava-se pelo número de residências


na época de elaboração do projeto de Paulet, tendo a
capital cearense aproximadamente 3000 habitantes. Dessa
forma, Paulet buscou em seu projeto respeitar o traçado
original que encontrou, no entanto justapôs a ela uma nova,
em “xadrez, ajustável ao terreno quase plano, levemente
ondulado, do sítio onde se desenvolveu o aglomerado
urbano”. A proposta do plano xadrez vem traduzir a
imposição de uma autoridade central (a cabeça do poder e
a estrutura social que ele erige e impõe) capaz de forçar a
regularidade do esquema e a sua coerência.

Sobre a estrutura da vila, o viajante inglês Henry


Koster, em visita a Fortaleza nos primórdios do século XIX,
relatou em seus diários de bordo a precariedade da
infraestrutura do lugar. Nos seus registros, Koster afirmava
que Fortaleza se encontrava: “[...] edificada em chão de
areias e formando quadro, tendo quatro ruas que partem
de uma praça e mais outra rua extensa, que se alonga
paralella ao lado septentrional da praça. As casas constam
somente de andar térreo. Calçamento não há e apenas
calçadas de tijolos na frente de algumas casas. Contém a
cidade três igrejas, o Palácio do Governo, a casa da Câmara,
a Cadeia, a Alfândega e a Thesouraria. O número de
habitantes, tanto quanto posso julgar, é de mil a mil
duzentos. A fortaleza de que a cidade tira o duplo nome
está levantada sobre um monte de areia, perto da cidade e
consiste numa muralha da banda do mar e um forte
palanque do lado da terra”.
Na mesma época, há também as visitas do missionário
Outras dificuldades apresentadas por Koster na sua metodista americano Daniel Kidder, que vem à localidade
passagem pela cidade foram a constatação da ausência de por duas vezes. Kidder afirmava que “ao longo da Fortaleza
transporte, o cotidiano enfrentado com as constantes secas só se avistava areia que molestava os pés, pois os queimava
e principalmente o fato de uma capital de província, quando o sol estava a pino. Ao soprar um vento forte a areia
assentado na zona litorânea, não possuir um porto que açoitava, incomodava os olhos das pessoas, freqüentemente
possibilitasse a atracação de grandes navios. Nesse período gerando irritações. Tal situação trazia inconvenientes até
a ocupação do litoral fortalezense consistia basicamente na para a locomoção a cavalo ou em veículos de tração”.
fortaleza, uma vila de pescadores nos arredores da Prainha Contudo, Kidder atestava um “ar de progresso”. Com
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muitos prédios em construção, existindo apenas uma


igrejinha concluída e outra inacabada.

O viajante ironizava o repouso cotidiano de seus


habitantes, cujo embalo em redes se fazia nas horas de sol a
pino, vivendo a maioria ao “... Deus dará”. Sobre sua visita
em 1842, existe o registro no livro South Atlantic Ocean, de
Alexander G. Findlay: “O Sr. Kidder diz em 1842 que no
momento de nossa chegada, percebemos a inércia que
nossa brigada inglesa sofreu no porto.

O desembarque não é bom em nenhuma parte, em


conta as pesadas ondas que continuamente afrontam nossa
vertente. Passado este primeiro momento eu e meu
comandante recebemos uma forte retranca para impedir
◼ A “PLANTA TOPOGRÁFICA DA CIDADE DE FORTALEZA E
nosso atracamento. Mesmo não de bom grado, entramos
SUBÚRBIOS” DATADA DE 1875
em contato com a terra [...]. Os passageiros são
desembarcados numa paviola, uma espécie de cadeira Em 1875, Adolf Herbster elaborou a “Planta
levantada em postes, e transportado por quatro homens do Topográfica da Cidade de Fortaleza e Subúrbios”,
mesmo modo como um Bier.” (FINDLAY, 1867, p. 272). influenciado pelo urbanismo do Barão Haussmann,
reformador de Paris (1853-1870). Nela, Herbster projetou
Os ventos, que dificultavam a ocupação costeira,
uma sequência de “ruas largas”, limitando o núcleo urbano
passam a contribuir para um maior interesse lusitano pela
da cidade e que receberiam os nomes de Boulevard do
Vila. Tal fato decorre de que todas as embarcações que
Imperador (Avenida do Imperador), Boulevard da Conceição
partissem do norte brasileiro para as principais cidades da
(Avenida D. Manuel) e Boulevard do Livramento (Avenida
época (Salvador, Recife e Rio de Janeiro) necessitavam de
Duque de Caxias). Esse plano urbanístico ampliava o
um ancoradouro para aguardar a diminuição dos ventos
traçado da cidade em uma forma de “tabuleiro de xadrez” e
quando passassem pela costa cearense. Assim nasceria o
é considerado um dos marcos daquela “modernização”
interesse de se manter a povoação fortificada na costa
fruto da Belle Époque. Tal traçado facilitaria o fluxo de
fortalezense “para prever apoio logístico, como se diz hoje,
pessoas e mercadorias além de disciplinar o uso do espaço
onde as naus pudessem fazer eventuais paradas ou, em
urbano, facilitando o controle e a vigilância sobre a
caso extremo, descer-se a terra e continuar viagem. Um
população fortalezense que se mostrava cada vez mais
marco desse crescente interesse exógeno pelo litoral da vila
numerosa e com um grande número de pobres, mendigos e
como ponto de atracação é, em março de 1803, a chegada
prostitutas. Veja abaixo a planta de 1875 com suas vias
do primeiro navio direto da Europa, a escuna Flor do Mar,
longas, alinhadas e cruzadas em ângulos de 90°:
em dezembro, a polaca Felicidade, em 1805, 1806 e 1807, a
galera Dous Amigos, fazendo seguidamente essa nova linha
direto com Lisboa. A vila, no entanto, não crescia no mesmo
ritmo que o interesse estrangeiro desejava. Para uma
melhor visualização da Fortaleza do início do século XIX,
observe-se o Perspecto da Villa de Fortaleza de 1811 (figura
abaixo) onde se pode percebê-la ainda na gênese.

É possível observar principalmente a precariedade do


porto, além da longa distância de atracação dos navios até a
zona portuária. Nota-se, também, o maior adensamento
residencial distante da zona costeira, resultando num litoral
quase desabitado, com exceção da pequena vila de
pescadores, localizada na margem esquerda da imagem.

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◼ FORTALEZA NA BELLE ÉPOQUE frondosas, lagos artificiais, estátuas de deuses mitológicos e


visão privilegiada do mar, o espaço virou ponto de encontro
A elite formada notadamente por
das elites, sendo passarela para o desfile de elegantes e
comerciantes e profissionais liberais vindos de outras
cenário de sociabilidade.
regiões brasileiras e do exterior ajudou a promover
mudanças importantes em Fortaleza. De influência europeia
e guiada por ideais de civilidade, esse contingente teve
atuação destacada. O período da vida da cidade
compreendido entre as últimas décadas do século XIX e as
primeiras do século XX, que foi amplamente influenciado
pelas ideias de modernidade estética e comportamental,
especialmente francesas, ficou conhecido como Belle
Époque.

Como explica Sebastião Rogério Ponte, Belle


Époque é um “termo francês cunhado para traduzir a
euforia europeia com as novidades decorrentes da
revolução científico-tecnológica (1850-1870 em diante).
Com efeito, esse período, momento fundante do nosso
mundo contemporâneo, é marcado por um intenso fluxo de A Praça do Ferreira recebeu amplos jardins -
mudanças que não só produziu transformações de ordem com gradil e adornos idênticos ao do Passeio Público - e
urbana, política e econômica, como também afetou cafés ao estilo francês. Frequentadores desses cafés (Java,
profundamente o cotidiano e a subjetividade das pessoas, Fênix, Bien-Bien Garapière, do Comércio) contemplavam
alterando seus comportamentos e condutas, seus modos de fascinados os jardins da Praça do Ferreira, enquanto as
perceber e de sentir”. senhoras renovavam os seus guarda-roupas nas famosas
Segundo Rogério Ponte, "no que toca a lojas Maison Art-Nouveau e Torre Eiffel.
Fortaleza, o processo remodelador que significou sua Fortaleza se encheu de sobrados, palacetes e
inserção na belle époque teve como base econômica as mansões que ornamentaram o novo perfil urbano da
grandes exportações de algodão, através de seu porto, a cidade. A exemplo de outras cidades ditas civilizadas,
partir da década de 1860. Daí em diante, a capital cearense Fortaleza tinha a Cidade Luz como referência de
acumulou capital, expandiu-se em todos os sentidos – modernidade. Dessa forma, a Capital foi arrebatada por
comercial, populacional, espacial, cultural etc. – e tornou- uma febre de afrancesamento. Ser moderno era
se, ainda no final do século XIX, o principal centro urbano acompanhar as modas vindas de Paris, usar expressões em
do Ceará e um dos oito primeiros do Brasil. Empolgados francês e abrir lojas com nomes franceses.
com esse crescimento, a burguesia enriquecida com as
O período que se seguiu à proclamação da
vendas do algodão, negociantes estrangeiros radicados na
República foi marcado por anos politicamente conturbados
cidade, médicos e demais elites políticas e intelectuais
e o Ceará viveu os reflexos desses tempos de golpes e
procuraram modernizar a cidade por meio de reformas e
revoltas. O governador José Clarindo de Queiroz foi deposto
empreendimentos que a alinhassem aos padrões materiais
em 16 de fevereiro de 1892 pela força do golpe de Floriano
e estéticos das grandes metrópoles ocidentais."
Peixoto, que queria fora dos governos estaduais todos os
"Fortaleza inicia sua belle époque na década aliados de Deodoro da Fonseca. Alunos da escola militar e
de 1880 mesmo, absorvendo com imediatez algumas da marinha, usando canhões e metralhadoras, cercaram o
inovações que acabavam de despontar nos centros de palácio do governo e exigiram a renúncia do governador.
referência, o que demonstra o estreito contato que a capital
Clarindo de Queiroz dispôs- se a resistir. Na
tinha com a Europa."
manhã de 17 de fevereiro, com o palácio crivado de balas,
A cidade incorporou equipamentos urbanos Clarindo de Queiroz, sem munição, rendeu- se e entregou o
(bondes, fotografia, telégrafo, telefone, praças, boulevards cargo ao Coronel Bezerril, então comandante do Colégio
e cafés) que causaram sensação. O Passeio Público, no Militar de Fortaleza.
Centro, foi um deles. Com jardins floridos, árvores

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Após o movimento armado que depôs Foi nesse período de efervescência cultural e
Clarindo de Queirós, o Vice-Governador Major Benjamin política que surgiram os famosos cafés na Praça do Ferreira,
Liberato Barroso, em 18 de fevereiro de 1892, dissolveu o praça que juntamente com o Passeio Público eram os
Congresso Constituinte Cearense e convocou um novo principais pontos de diversão dos jovens fortalezenses,
Congresso com poderes ilimitados e constituintes para assim como local de reunião de intelectuais e artistas.
reorganizar o Estado do Ceará sobre as bases da
O movimento literário Padaria Espiritual,
Constituição promulgada a 16 de junho de 1891.
surgido em 30 de maio de 1892, foi pioneiro na divulgação
Mas, segundo Raimundo Girão, “é no terreno de ideias modernas na literatura no Brasil. Tinham por
espiritual e cultural que vem acentuar-se a estimulação influência grandes nomes da literatura nacional e mundial.
francesa, principalmente graças aos fluxos de duas A cada domingo, um jornalzinho de oito páginas chamado O
eficientes instituições de ensino e educação: o Seminário Pão era "amassado" e distribuído à população.
Arquidiocesano e o Colégio da Imaculada Conceição, ambos
em Fortaleza.”.

O Pão do Espírito

Nas duas últimas décadas do século XIX


Fortaleza viveu movimentos sociais e culturais marcantes
como a Padaria Espiritual e o movimento abolicionista, nas
décadas de 1870 e 1880 que culminou na libertação dos
escravos no Ceará, em 25 de março de 1884, quatro anos
antes de a abolição ser oficialmente decretada em todo o
país, em 13 de maio de 1888.

Café Java, berço do movimento Padaria Espiritual

Tida por eles próprios como uma agremiação


de rapazes e letras, a Padaria nasceu em um famoso
quiosque da Praça do Ferreira, o Café Java. Antônio Sales
idealizador e o responsável principal pela originalidade da
agremiação junto a Lopes Filho, Ulisses Bezerra, Sabino
Batista, Álvaro Martins, Temístocles Machado e Tibúrcio De
Freitas compunham o grupo dos que frequentavam o Café
Java e fundaram a agremiação.

O programa de instalação foi escrito por


Antônio Sales o qual foi transcrito em um jornal da então
capital federal, o Rio de Janeiro, o que deu notoriedade ao
movimento. Seu lema era "alimentar com pão o espírito dos
sócios e da população em geral". Os Padeiros fizeram
circular 36 números de O Pão, até que em dezembro de
1898, depois de seis anos de atividades, a Padaria fecha.

Fac-símile do jornal "O Pão" editado pela Padaria Espiritual

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contradições, que o professor do departamento de História


da UFC, Sebastião Ponte, detalhou há exatos 20 anos no
livro Fortaleza Belle Époque – reforma urbana e controle
social (1860-1930). O estudo, fruto de um mestrado,
tornou-se um marco nas pesquisas sobre o assunto.

Dentre suas contribuições mais importantes,


está a capacidade de perceber, largamente influenciado
pelo filósofo francês Michel Foucault, as manifestações do
poder, e seus diversos vetores de controle social, que se
forjavam aqui na intenção de pôr em prática um projeto
nitidamente racional de cidade. Era um fenômeno global.

Começava pelo traçado das ruas. Em 1875, o


No centro da Foto, sentado à esquerda da pernambucano Adolfo Hebster propunha ampliar o formato
mesa, o poeta Antônio Sales. Do outro lado da Mesa, de tabuleiro de xadrez para as ruas, criando três boulevards
Waldemiro Cavalcante. Em pé, entre os dois, Rodolfo - as avenidas do Imperador, Duque de Caxias e Dom
Teófilo. Á esquerda de Rodolfo Teófilo, o escritor José Nova, Manuel. Além disso, um Código de Postura disciplinava a
e na estrema esquerda, Papi Júnior. (Acervo do MIS) vida “para manter a harmonia do conjunto urbano”,
conforme o texto de 1893.
Paralelamente ao movimento da Padaria
acontece a fundação da Academia Cearense de Letras, 15 Com o advento dos bondes, ninguém podia
de agosto de 1896. Trata-se da primeira Academia de Letras passear se não fosse bem vestido. Hospícios foram criados
do país, antes, portanto da fundação da própria Academia para enquadrar loucos e vagabundos. O Passeio Público,
Brasileira de Letras. com suas alamedas específicas para as classes sociais,
reforça a marca de uma sociedade dividida.
No entendimento do professor Geraldo Nobre
"a iniciação literária, no Ceará, liga-se ao Liceu, que Segundo Ponte, teorias científicas como o
começou a funcionar em 1845, mais do que a influências positivismo daquele fim de século dão o arcabouço teórico
exteriores, e, por motivos óbvios, teve nos jornais o para as metamorfoses urbano-sociais feitas pelas elites. “Os
instrumento principal, visto como os jovens não dispunham homens de saberes racionais se reuniram nas academias
de meios para publicar livros. O movimento alcançou maior científicas para interpretar o Ceará e fomentar o seu
intensidade no decênio 1870-1879, quando o cearense José progresso material e tecnológico”, afirma.
de Alencar, na Corte, já se havia firmado como um dos mais Não à toa a Padaria Espiritual (1892), grupo
insignes homens de letras do Império oferecendo-se à de irreverentes escritores locais, surgiu nesse período. Além
imitação de seus conterrâneos". disso, o fortalezense viu a emergência de instituições que
A Guerra de Secessão (1861-1865) beneficiou duram até hoje, como a Academia Cearense de Letras
a nascente indústria algodoeira cearense. Ao interromper a (1894) e o Instituto Histórico e Antropológico (1887). É o
exportação do produto para a Europa, os Estados Unidos tempo também das comunicações mais modernas:
deixaram espaço para que o algodão saísse do porto de “telégrafo (1881), cabo submarino para a Europa (1882),
Fortaleza, vindo do Interior, em direção às fábricas inglesas serviço telefônico (1883) e caixas postais (1889)”.
de tecido. “A ideia na época é que o progresso só será
Assim a capital viu florescer uma elite alcançado na fábrica e na ciência. E os médicos eram a
burguesa, ávida por imitar Paris e executar um projeto de vanguarda disso. Como a medicina é voltada para o estado
cidade com traçado urbano planejado, belos jardins e sanitário e higiênico, tudo que é urbano não pode escapar a
grandes hospícios, regras rígidas de conduta e alijamento esse olhar”, afirma.
dos mais pobres dos melhores espaços, meios inéditos de Disciplina da vida urbana para o progresso e a
transporte público com divisões sociais. civilidade são as palavras de ordem. E, num contexto de
Era a chamada “belle époque”, termo euforia em relação ao futuro, referendado pela imprensa da
controverso de um período igualmente cheio de época, o modelo afrancesado de cidade não fica sem a

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resistência da “arraia-miúda”. O povo percebeu a BRASÃO


estranheza desse jeito de ser.

“O chamado ‘Ceará moleque’ era a forma


pejorativa que as elites tratavam os comportamentos
irreverentes e debochados. As revistas de moda e luxo
ainda falam do espírito da molecada que ‘nos governa e
macula nossa imagem de gente civilizada’. Nessa
irreverência, havia uma forma de resistência e
descontentamento. E é bem diferente do Ceará moleque
que é vendido hoje como turístico”, diz Ponte.

Legado

O que entendemos pela história de Fortaleza


está, em grande medida, nesse período da “belle époque”.
Alguns exemplos: Theatro José de Alencar (1910), Palacete O Brasão de Fortaleza foi idealizado por Tristão de
Senador Alencar (1871), Estação João Felipe (1873) e Alencar Araripe, em meados de 1890, e é utilizado em
Edifício da Secretaria da Fazenda (1927) – e ainda o Sobrado documentos oficiais da prefeitura e do poder legislativo da
Doutor José Lourenço ou o Mercado dos Pinhões. cidade, bem como na ornamentação e na composição de
prédios públicos da cidade. O brasão figura também
Esses edifícios são uma parte importante do
na bandeira de Fortaleza. A atual imagem do Brasão se deu
que entendemos hoje por ser o complexo conceito da
a partir da gestão do prefeito Roberto Cláudio que realizou
“identidade” de Fortaleza. “Podemos dizer que a capital
algumas alterações, no ano de 2013, poucas semanas após
tem várias identidades: uma delas é a que lhe é a mais
assumir o comando do município. Em Fortaleza, existe lei
antiga, que habita seu centro histórico, a Fortaleza Belle
específica que determina o uso obrigatório do brasão do
Époque”, destaca Ponte.
município como símbolo da cidade — a Lei 023/2005, de
Ao mesmo tempo em que legou para nós seus autoria do vereador Iraguassu Teixeira — que tem como
monumentos, aqueles anos também se encarregaram de principal argumento "a necessidade de haver a indexação
construir a Fortaleza excludente que é hoje, dado que as do símbolo à cidade, e não às pessoas que a governam,
décadas seguintes, com uma explosão demográfica exercem cargos políticos ou assumem cargos
assustadora, só aprofundaria. comissionados, evitando promoções pessoais”.
Mas o que aquela Fortaleza poderia ensinar à
cidade de quase três milhões de habitantes? “Havia talvez
BANDEIRA
mais vontade política para realmente resolver alguns
problemas. Eles acreditavam que os loucos poderiam ser
mesmo recuperados no asilo e voltar à ação do trabalho.
Havia uma preocupação em cuidar da cidade. Os jardins
eram muito bem cuidados. A população não tinha o
usufruto que as elites tinham, mas tudo trazia um fascínio”,
pondera o professor.

◼ OS SÍMBOLOS DE FORTALEZA

De acordo com a Lei Orgânica de Fortaleza, no seu


Art. 1°, § 2º:

“São símbolos oficiais do Município: a bandeira, o hino


e o brasão, além de outros representativos de sua cultura e
história que sejam estabelecidos em lei”.
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HINO E o luar nas areias de prata


Não se apagam no seu coração
O hino do município de Fortaleza é um dos
símbolos da cidade de Fortaleza e foi oficializado pela lei Fortaleza! Fortaleza!
1269, em 31 de maio de 1958. Sua letra foi escrita Irmã do Sol e do mar
por Gustavo Barroso e a música composta por Antônio Fortaleza! Fortaleza!
Gondim. Sempre havemos de te amar

No esplendor da manhã cristalina


Tens as bênçãos dos céus que são teus
QUESTÕES
E das ondas que o Sol ilumina
As jangadas te dizem adeus 01. Sobre a estimativa da população em 2018 que foi
Fortaleza! Fortaleza! divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Irmã do Sol e do mar Estatística (IBGE), Fortaleza destacou-se como a 6ª
Região Metropolitana mais populosa do Brasil, com
Fortaleza! Fortaleza!
4.074.730 milhões de habitantes. A líder da lista é
Sempre havemos de te amar São Paulo com 21.571.281 milhões. Fortaleza tem a
O emplumado e virente coqueiro maior Região Metropolitana do Nordeste à frente de
Recife (PE) e Salvador (BA). Segundo o texto, a Cidade
Da alva luz do luar colhe a flor
de Fortaleza é uma das maiores cidades, em
A Iracema lembrando o guerreiro população, do Brasil.
De sua alma de virgem senhor
Neste quesito, quais fatores demográficos podem ser
Canta o mar nas areias ardentes
associados?
Dos teus bravos eternas canções
Jangadeiros, caboclos valentes A) Proximidade do litoral, favorecendo o maior
Dos escravos partindo os grilhões aproveitamento da cidade devido aos ventos e à
pluviometria.
Fortaleza! Fortaleza!
B) A forte migração do século XX, resultante
Irmã do Sol e do mar principalmente da rápida urbanização e do êxodo
Fortaleza! Fortaleza! rural.
Sempre havemos de te amar C) Pela industrialização e a urbanização rápidas que
favorecera maior número de empregos na RMF para
Ao calor do teu Sol ofuscante populações que possuíam exclusivamente ensinos
Os meninos se tornam viris mais avançados.
A velhice se mostra pujante D) Pela RMF ser uma das metrópoles mais avançadas do
As mulheres formosas, gentis Planeta, sendo, assim, atrator de vários migrantes de
vários países.
Nesta terra de luz e de vida
De estiagem por vezes hostil 02. Na segunda metade do século XIX, a cidade de
Pela Mãe de Jesus protegida Fortaleza passou por um processo de urbanização
Fortaleza és a flor do Brasil inicial que influenciou a sua promoção para a capital
do Ceará. Podemos destacar como principais
Fortaleza! Fortaleza! construções:
Irmã do Sol e do mar
Fortaleza! Fortaleza! A) a Santa Casa de Misericórdia, a Biblioteca Pública e a
Sempre havemos de te amar Cadeia Pública.
B) o Liceu do Ceará, o Farol do Mucuripe e a Praça
Onde quer que teus filhos estejam Marques de Herval.
Na pobreza ou riqueza sem par C) a Santa Casa de Misericórdia, o Liceu do Ceará e a
Com amor e saudade desejam Cadeia Pública.
Ao teu seio o mais breve voltar D) a Biblioteca Pública, o Farol do Mucuripe e o Passeio
Público.
Porque o verde do mar que retrata
O teu clima de eterno verão

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03. Sobre o perímetro urbano de Fortaleza no século XIX, 06. Fortaleza, até o ano de 1799, quando a cidade se
podemos dizer que se tratava de uma capital com um tornou a capital da recém-independente capitania do
centro urbano e os arredores compostos de chácaras Ceará, não despertava grandes interesses no reino de
e sítios, constatando uma forte área campestre. Portugal, postura que começou a mudar quando seus
Fortaleza tinha como limites urbanos as seguintes portos se tornaram importantes postos do comércio
avenidas: entre colônia e metrópole. Dentre os fatores
econômicos que auxiliaram a ascensão de Fortaleza,
A) Clarindo de Queiroz, Imperador e Dom Manuel. podemos citar:
B) Duque de Caxias, Imperador e Tristão Gonçalves.
C) Tristão Gonçalves, Dom Manuel e Imperador. A) A proibição do trabalho escravo na região, que obrigou
D) Duque de Caxias, Imperador e Dom Manuel. a dinamizar a economia.
B) A expulsão dos Holandeses, tendo em vista que neste
04. Na segunda metade do século XIX, a cidade de período, os fortes da cidade foram base da resistência
Fortaleza atingiu seu auge em prosperidade e o seu portuguesa.
desenvolvimento foi maior do que o das outras C) O declínio da pecuária após a Seca Grande de 1790-
cidades que estavam pleiteando o título de capital do 1793, que prejudicou tal atividade.
estado. O cultivo do algodão e a abertura direta para D) A transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, que
a comercialização com a Europa facilitaram a necessitou de novos portos para transferir produtos.
modernização e a disputa pelo status de capital.
Nessa perspectiva, Fortaleza concorria com quais 07. Existia ainda naquele tempo toda uma pressão
cidades? popular na defesa por melhores condições de vida,
expressa num forte movimento de bairros e favelas.
A) Aquiraz e Aracati. Não surpreende, portanto, que, quando da volta das
B) Juazeiro do Norte e Aracati. eleições livres e diretas para prefeito nos anos 1980,
C) Aquiraz e Sobral. no contexto do fim de Regime Autoritário Civil-
D) Sobral e Juazeiro do Norte. Militar de 1964, a eleita tenha sido alguém que
opunha, totalmente, à lógica das gestões municipais
05. Sobre a estimativa da população em 2018 que foi até então exercidas, fazia tenaz oposição aos
divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e agastados grupos políticos dominantes e mantinha
Estatística (IBGE), Fortaleza destacou-se como a 6ª fortes laços com os setores mais pobres da
Região Metropolitana mais populosa do Brasil, com população.
4.074.730 milhões de habitantes. A líder da lista é (BRUNO, Arthur. FARIAS, Airton de. Fortaleza: Uma breve história.
Fortaleza, Ed. Demócrito Rocha, 2012. pp. 204.)
São Paulo com 21.571.281 milhões. Fortaleza tem a
maior Região Metropolitana do Nordeste à frente de
Recife (PE) e Salvador (BA). Nos anos 1980, Fortaleza passava por forte crise
política e financeira por causa da troca de prefeitos e
Segundo o texto, a Cidade de Fortaleza é uma das das dificuldades do repasse de verbas devido à
maiores cidades, em população, do Brasil. Neste centralização de recursos pela união. Assim, na
quesito, quais fatores demográficos podem ser primeira eleição direta com o fim do Regime, tivemos
associados? uma eleição bem acalorada com nomes tradicionais e
novos para a prefeitura, contudo o resultado foi uma
A) Proximidade do litoral, favorecendo o maior grande surpresa para os grupos políticos.
aproveitamento da cidade devido aos ventos e à
pluviometria. Estamos falando da eleição e da gestão de
B) A forte migração do século XX, resultante
principalmente da rápida urbanização e do êxodo A) Paes de Andrade do partido de oposição ao Regime
rural. Militar, PMDB, que, na sua gestão, teve o apoio do
C) Pela industrialização e a urbanização rápidas que governador e dos coronéis do Estado.
favorecera maior número de empregos na RMF para B) Luiziane Lins, a primeira prefeita de Fortaleza eleita de
populações que possuíam exclusivamente ensinos virada, do partido PT, teve o apoio do governador na
mais avançados. sua gestão.
D) Pela RMF ser uma das metrópoles mais avançadas do C) Maria Luiza Fontenele, primeira prefeita eleita,
Planeta, sendo, assim, atrator de vários migrantes de mostrou a força dos movimentos de bairro e de
vários países. favelas do recém-partido PT sem apoio na gestão.
D) Lúcio Alcântara do partido liberal PFL que contrariou
as expectativas dos coronéis e fez uma gestão com
apoio do governador.

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08. A expansão urbana de Fortaleza: a cidade de costas grande parte da população na época. Estamos nos
para o mar referindo à
Do ponto de vista histórico, Fortaleza teve seu
crescimento urbano voltado em direção ao sertão. A A) tuberculose.
faixa litorânea fortalezense passa, dessa forma, B) febre amarela.
alguns séculos sendo ignorada pelos seus citadinos. O C) varíola.
mar, ponto de início da colonização cearense, vem D) lepra.
configurar-se nos primórdios do crescimento da
cidade, como um local ad fora de Fortaleza. (MATOS, 10. Ao longo do século XX, Fortaleza passou por duas
Fábio de Oliveira. A cidade e o mar: considerações grandes transformações urbanas, a primeira nos anos
sobre a memória das relações entre Fortaleza e o 1920 com o aformoseamento e o embelezamento da
ambiente litorâneo. cidade, e a segunda nos anos 1970/80 em que a
Revista Geografia ensino e pesquisa V.15 n1. Janeiro de 2011. cidade precisava mais uma vez se modernizar agora
pp.72.)
no modelo americano de consumo. Assim, podemos
considerar equipamentos urbanos culturais da cidade
I. De ter sido povoada por uma elite oriunda do interior,
a praia ficou esquecida sendo utilizada apenas para o A) os Shoppings Center Um e Iguatemi.
abastecimento do comércio com produtos de outros B) a Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e o Passeio
países vindo dos vapores. Público.
II. Da principal atividade econômica no século XVIII ser a C) a Avenida Washington Soares e o Conjunto
pecuária e a agricultura que não era utilizada nas Habitacional Ceará.
proximidades da praia. D) o Shopping Iguatemi e o Salinas.
III. Da praia ser considerada imprópria para banho por ter
muitos resíduos poluentes advindos dos vapores que 11. A cidade de Fortaleza tornou-se capital em 1799
vinham trazer cargas de matéria-prima para as conseguindo superar as outras cidades (Aquiraz e
indústrias. Aracati) que também concorriam para ser a
IV. Da diversidade de pessoas oriundas do interior e de representante oficial do Estado do Ceará. No entanto,
outros estados que criou uma identidade cultural com é, ao longo do século XIX, após a independência do
o campo, não abrindo espaço para uma relação mais Brasil que a cidade se consolida economicamente
social com o mar. com a exportação de matéria-prima para o exterior,
V. Da urbanização de Fortaleza a qual não permitia que o principalmente após a Guerra de Secessão nos
mar fosse um agregado mais próximo, pois a forte Estados Unidos, abrindo espaço para Fortaleza.
influência inglesa e francesa na capital deixava o mar
esquecido, distanciando-se dos nativos. Os equipamentos modernos contribuíram para essa
abertura. Logo, estamos falando
Estão corretas:
I. Da Estrada de Ferro Fortaleza Baturité que facilitou o
A) I, II e IV. transporte de algodão, principal matéria-prima
B) III, IV e V. exportada para a Inglaterra, para a fabricação de
C) I, II e III. tecidos e para a industrialização.
D) II, IV e V. II. Do Porto de Fortaleza que foi o principal veículo de
transporte de mercadorias para outros estados do
09. Tinha Fortaleza o aspecto de sombria desolação. A país, sendo a cidade apenas uma ponte para Rio de
tristeza e o luto entravam em todos os lares. O Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
comércio completamente paralisado dava às ruas III. Da carne de charque, do algodão e do milho que eram
mais públicas a feição de uma terra abandonada. Os os principais produtos exportados para a Europa,
transeuntes que se viam eram vestidos de preto ou mantendo uma forte economia e fazendo com que a
eram mendigos saídos dos lazaretos com os signais cidade se consolidasse perante os demais municípios.
recentes de bexiga confluente que lhes esburacou a IV. Da Estrada de Ferro de Baturité que foi o principal
cara e deformou o nariz. apoio para o transporte de algodão e de café,
produtos que ficaram em falta por causa da Guerra
(PONTE, Sebastião Rogerio. Fortaleza Belle Époque: Reformas Urbanas e
controle social, 1860-1930. Fortaleza. Fundação Demócrito Rocha, Civil Americana.
1999. pp. 84.) V. De Fortaleza, que, com a exportação principalmente
de algodão, conseguiu ser reconhecida como polo
Em relação à citação acima, Fortaleza estava econômico e fez a cidade prosperar, atraindo muitos
passando por uma forte crise sanitária que levou a estrangeiros que vieram fazer fortuna.
uma epidemia no final do século XIX, que matou
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Estão corretas: De acordo com o trecho, esses tipos populares


hilários formaram o chamado:
A) I, II e V.
B) II, III e IV. A) Banco da Praça do Ferreira.
C) I, IV e V. B) Ceará Moleque.
D) II, III e V. C) Ceará de Luz.
D) A vaia coletiva.
12. Apesar da historiografia mais antiga de Fortaleza não
mostrar a presença do negro no Estado, por 15. Diante das novas concepções de História e de
considerar que o setor econômico da pecuária não Memória do século XXI, as discussões em torno de
permitia o uso de escravos por ser uma atividade ao patrimônio histórico ganharam visibilidade e
ar livre, a própria cidade, na sua estrutura, mostra interesse na preservação de uma identidade local.
essa passagem. Sendo uma cidade de forte tradição Nesse sentido, instituições privadas em Fortaleza
católica no início da sua colonização, temos várias criaram recentemente centros de memória dentro
igrejas católicas que se tornaram patrimônio cultural. dos seus setores de trabalho.
Temos uma igreja que foi construída no século XVIII
por negros de uma Irmandade que era o mais Podemos considerar parte dessa política do setor
próximo que os negros podiam chegar da Igreja privado
Católica.
A) o Museu da Fotografia e o Museu da Indústria.
Estamos nos referindo a qual Igreja? B) o Museu do Ceará e o Sobrado José Lourenço.
C) o Museu da Imagem e do Som e o Museu da Indústria.
A) Igreja do Patrocínio. D) o Museu da Imagem e do Som e o Museu da Boneca
B) Igreja de São Bernardo. de Pano.
C) Igreja de Nossa Senhora do Carmo.
D) Igreja do Rosário. 16. Na Ditadura Civil- Militar (1964-85), o município
passou a contar com ajuda financeira nacional,
13. A estiagem forçou mais de cem mil sertanejos a proveniente do Fundo de Participação dos Municípios
migrarem para a capital em busca de auxílio - a e de empréstimos externos, embora as finanças
cidade em 1877, note-se, possuía aproximadamente continuassem delicadas. A autonomia municipal foi
trinta mil habitantes! mais uma vez tolhida, com a ingerência do governo
(FARIAS, Airton de; BRUNO, Artur. Fortaleza uma breve história, pág. 80). da União (Executivo Federal) nas gestões de
prefeitos. (...) Assim, os prefeitos nomeados durante
No final do século XIX para o XX, o estado sofreu o regime autoritário apresentaram como
várias secas que ficaram marcadas na história e na característica a subordinação às diretrizes
vida dos cearenses. Como a capital estava se estabelecidas pelo poder central. O Executivo
urbanizando, as medidas de combate às secas planejava e instruía das diretrizes, que a
tiveram uma relação mais direta com a remodelação administração municipal buscava executar.
de Fortaleza. (BRUNO, Arthur. FARIAS, Airton de. Fortaleza: Uma breve história.
Fortaleza, Ed. Demócrito Rocha, 2012. pp.159.)
Estamos falando, entre outras medidas:
A) da arrecadação de donativos para os retirantes para Durante o Regime Militar, os prefeitos nomeados
que pudessem voltar para suas cidades. pelo presidente foram denominados de “prefeitos
B) da construção de campos de concentração para que biônicos”. O nosso último prefeito nomeado foi
ficassem num só lugar.
C) das frentes de serviços nas quais os retirantes eram A) Lúcio Alcântara.
utilizados nas construções de equipamentos urbanos. B) César Cals Neto.
D) das quermesses feitas pela Igreja para a distribuição C) Juraci Magalhães.
de alimentos para os retirantes. D) José Maria de Barros Pinho.

14. “Outra forma de resistência podia ser encontrada na 17. “No Ceará não se embarca mais escravos”. Essa frase
compulsão dos populares ao deboche, ironia e sátira. ficou muito conhecida na cidade de Fortaleza, num
No final do século XIX e primeiras décadas do século episódio do movimento contra o tráfico interno de
XX ficaram famosos em Fortaleza 'tipos populares’ escravos no Ceará. Essa ousada frase foi dita para os
que riam e faziam rir de qualquer coisa jocosa que jangadeiros que estavam no porto do Mucuripe, com
acontecesse nas ruas” escravos para embarcar, e foi aceita pelos presentes.
(FARIAS, Airton de. BRUNO, Artur. Fortaleza uma breve história).

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HISTÓRIA DE FORTALEZA PARA CONCURSOS
Módulo Completo | Prof. Epifânio Cavalcante
OS: 0033/2/22-Gil

O autor da frase é o conhecido: VI. O Forte de Schooneborch foi tomado pelos


portugueses e pelos indígenas e foi renomeado de
A) Dragão do Mar. Nossa Senhora da Assunção e, hoje, é o Comando da
B) Quintino Cunha. 10ª Região Militar de Fortaleza.
C) João Cordeiro.
D) Antônio Bezerra. Estão corretas:

18. Eleito prefeito de Juazeiro do Norte em 1911, A) I, II e III.


envolveu-se na disputa com o presidente Hermes da B) I, III e IV.
Fonseca para manter a família Accioly no poder C) IV, V e VI.
regional. Em 1912, por conta da dura repressão a D) II, V e VI.
uma passeata de crianças a favor de Franco Rabelo, a
intervenção federal baniu Nogueira Accioly do meio 20. No dia 13 de fevereiro de 2021, o jornal O Povo
político. Ainda no mesmo ano, o coronel Franco publicou uma matéria sobre a descoberta do túmulo
Rabelo foi nomeado interventor federal, havendo de um líder abolicionista o qual liderou o movimento
eleição apenas para o cargo de vice-governador, para grevista no porto de Fortaleza que pôs fim ao tráfico
o qual foi eleito, acumulando o cargo de intendente interno de escravos no Ceará. Essa insurreição levou
(administrador municipal) de Juazeiro do Norte. outros estados também a se manifestarem contra a
escravidão, resultando na abolição adiantada do
Estamos nos referindo: Ceará e, em seguida, do restante do país.

A) ao Padre Cícero/Sedição de Juazeiro. Estamos falando de


B) ao Dragão do Mar/Abolição dos escravos no Ceará.
C) a Antônio Conselheiro/Canudos. A) Quintino Cunha.
D) ao Beato José Lourenço/Sedição do Juazeiro. B) Francisco José do Nascimento.
C) Adolfo Caminha.
19. Sobre a colonização do Ceará, podemos considerar D) João Cordeiro.
que, antes da consolidação do domínio português,
outros colonizadores tentaram tomar posse com
invasões e guerras com portugueses e indígenas. O
primeiro forte construído em Fortaleza foi o de São
Sebastião localizado na Barra do Ceará, sendo
destruído por invasores, que construíram um Forte às
margens do rio Pajeú.

Sobre esse fato, podemos dizer que:

I. Estamos nos referindo aos franceses e ao Forte


Schoonenborch que depois foi renomeado pelos
holandeses de Nossa Senhora da Assunção, padroeira
de Fortaleza.
II. Estamos nos referindo ao Forte de Schooneborch que
foi construído pelos holandeses e depois tomado pelos
portugueses e renomeado de Nossa Senhora da
Assunção.
III. Estamos nos referindo à presença de holandeses que
invadiram o forte São Sebastião às margens do rio
Ceará, tornando-se marco inicial de Fortaleza, depois
de ser tomado.
IV. Os franceses tiveram sua passagem pelo Ceará e
construíram o forte às margens do rio Pajeú em GABARITO
homenagem à Nossa Senhora de Assunção, padroeira
de Fortaleza. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
V. Os holandeses vinham em busca de matéria-prima,
principalmente prata, sal e âmbar e, por isso, 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
construíram o Forte de Schooneborch às margens do
rio Pajeú.
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