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HISTÓRIA DE FORTALEZA PARA CONCURSOS

| Módulo 1 – Prof. Epifanio


OS: 0012/11/21-Lu

CONCURSO: GUARDA MUNICIPAL DE FORTALEZA

ASSUNTO: História de Fortaleza

HISTÓRIA DE FORTALEZA
INTRODUÇÃO
CURSO PRIME
PROFESSOR: EPIFÂNIO CAVALCANTE

A história de Fortaleza antes do aniversário oficial


Desde as primeiras tentativas pelos colonizadores de ocupar o território, Fortaleza é marcada pela presença da seca, pelo
medo, a insegurança e até por problemas ambientais - situações que persistem até hoje.
Fortaleza permanece marcada pelas cicatrizes das origens. Embora o aniversário oficial seja comemorado na próxima
semana, o território já era conhecido por europeus, segundo registros, desde antes da chegada de Pedro Álvares Cabral ao
Brasil. E, quase 150 anos antes do 13 de abril de 1726, o local era citado em detalhadas descrições do litoral do atual Ceará.
A partir do século XVII, houve ao menos quatro empreitadas portuguesas e duas holandesas para tentar ocupar a área entre
o rio Ceará e o Mucuripe. Quase todas fracassaram, por razões presentes ainda hoje: seca, medo, violência e até problemas
ambientais.
Fortaleza é ponto fora da curva na história das atuais grandes cidades brasileiras que surgiram no período colonial. Foi
empreitada inusitada e improvável.
Não há divergência quanto a ter havido várias iniciativas de ocupação do local onde hoje é Fortaleza, muito antes de 1726. O
que há são interpretações conflitantes sobre qual desses empreendimentos acabou sendo o núcleo gerador da vila
oficialmente instituída pelo rei de Portugal num 13 de abril 289 anos atrás. Sem pretensão de definir um marco fundador, O
POVO buscou em fontes históricas registros do que existia em Fortaleza antes da fundação oficial. Um pouco da história
antes do aniversário.

PRIMEIROS “FORTALEZENSES”
O historiador Aírton de Farias, em História da Sociedade Cearense (Livro Técnico, 2004), cita Thomaz Pompeu Sobrinho
(1880-1967), segundo o qual a povoação do território onde hoje é o Ceará teria começado entre 5 mil a 4 mil a.C. Os
primeiros povos teriam chegado pelo Piauí. Porém, registros arqueológicos mais recentes poderão indicar data ainda
anterior. Entre os povos que habitavam as imediações de onde hoje é Fortaleza estavam os anassés, os potiguaras, paiacus e
jaguaribaras.

EUROPEUS
O primeiro relato conhecido de europeus que teriam estado em Fortaleza remete à viagem do espanhol Vicente Yañez
Pinzón, que fora companheiro de Colombo na viagem à América. Por volta de janeiro ou fevereiro de 1500, após passar pelo
atual Aracati, seguiu para o atual Mucuripe. Pouco tempo depois, o também espanhol Diogo de Lepe esteve no local, que
chamou de “Rostro Hermoso” (rosto bonito).

CONHECIMENTO DA ÁREA
Mesmo com quase nenhum interesse português, ainda no fim do século XVI há registros de que o litoral cearense era
conhecido em detalhes pelos navegadores. Em 1587, Gabriel Soares publicou, em Madri, o Roteiro do Brasil, no qual
descreve a “enseada de Macorive”, hoje Mucuripe. A “enseada é muito grande; e ao longo dela navegam navios da costa;
mas dentro em toda tem bom surgidouro e abrigo”. O relato é registrado por Tristão de Alencar Araripe em sua História da
Província do Ceará (de 1867, reeditado em 2002 pelas Edições Demócrito Rocha).

CRUELDADE E SECA
O lugar onde hoje fica Fortaleza entrou na história colonial brasileira por causa do Maranhão. Em 1603, Pero Coelho de Sousa
recebeu o título de capitão-mor e organizou uma bandeira, com objetivo de subjugar os índios da Serra da Ibiapaba, conter o
comércio de piratas e abrir caminho para o Maranhão. De quebra, buscava ouro e prata. Derrotou índios e alguns
estrangeiros, mas, ao chegar ao rio Parnaíba, no Piauí, teve de recuar. À margem do rio Ceará, ergueu um pequeno forte
chamado de São Tiago. A povoação que se formou foi batizada de Nova Lisboa. O São Tiago seria o posto avançado para
guarnição e abastecimento das tropas. Esse seria o principal atributo enxergado pelos europeus naquele pedaço de chão:
função estratégico-militar.

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A postura de Pero Coelho é retratada por Alencar Araripe como cruel e tirânica, contra inimigos e até contra índios aliados.
Enfrentou ataques de uns e revolta de outros. Isso aliado à seca de 1605 a 1607 – a primeira registrada no Ceará – obrigou-o
a abandonar o São Tiago. Segundo Araripe, foi preso, remetido para Lisboa e morreu no cárcere. A memória de sua crueldade
foi obstáculos para expedições posteriores.

MISSIONÁRIOS
Em 1607, chegaram ao que hoje é Fortaleza os padres jesuítas Francisco Pinto e Luís Figueira. Pinto fundou, com os índios
potiguaras, a aldeia Paupina, considerada a origem do atual bairro de Messejana. Os missionários seguiram para a Ibiapaba,
onde Francisco Pinto foi morto pelos tacarijás. Mais tarde, Figueira se retirou para o Rio Grande do Norte.
O 2º FORTE
Entre 1611 e 1612, retornou ao Ceará Martim Soares Moreno. Ele fizera parte da expedição de Pero Coelho. Agora como
capitão-mor, ergueu o forte São Sebastião, no local onde antes estivera o São Tiago. E dedicou uma igrejinha a Nossa
Senhora do Amparo.

HOLANDESES
Em 1637, holandeses desembarcaram no Mucuripe e tomaram o São Sebastião. Ficou sob comando de Hendrick Van Ham e,
em seguida, de Gedeon Morris de Jonge, um dos grandes estrategistas da ocupação flamenga no Nordeste. Ele explorou
salinas, ergueu pequenas fortificações em Jericoacoara e Camocim. Foi talvez o início da atividade econômica no Ceará. Em
1644, índios mataram todos os ocupantes do forte. Jonge foi degolado.
O 3º FORTE
Em 1649, os holandeses fizeram nova tentativa, sob comando de Matias Beck. Ele desistiu das margens do rio Ceará.
Conforme expõe Antonio Luiz Macêdo e Silva e Filho, em Fortaleza: imagens da cidade (2004, Museu do Ceará), a foz do rio
sofria processo de assoreamento – quase certamente por causas naturais, pois não há registro de ação humana na época a
ponto de justificar tal efeito. De todo modo, era inviabilizada a ancoragem das embarcações. Beck manteve o ancoradouro
no Mucuripe e, em 10 de abril de 1649, instalou o forte numa elevação próxima ao Pajeú. O local foi chamado de
Schoonenborch, nome do então governador holandês no Brasil. Em 1654, com a expulsão dos holandeses do Recife, o
Schoonenborch foi abandonado.

VOLTA DOS PORTUGUESES


Tropas sob o comando de Álvaro de Azevedo Barreto tomaram o forte em 1654, sem resistência. O nome do forte foi
mudado para Nossa Senhora da Assunção, até hoje padroeira da cidade. Nas décadas seguintes, o povoado ao lado do forte
teve lenta expansão. Conforme demonstra Maria Auxiliadora Lemenhe em As razões de uma cidade (1991, Stylus), Fortaleza
é exceção na história colonial. As atuais grandes cidades surgidas no período, como Rio de Janeiro ou Belém, eram centro de
escoamento da produção para o mercado externo e, também, sede da estrutura militar e burocrática. Fortaleza estava longe
da incipiente produção econômica na capitania, ligada à pecuária. E, diante da dependência administrativa, tampouco havia
relevância burocrática. Afinal, o Ceará ficou subordinado ao Maranhão entre as décadas de 1620 até a de 1660. E, depois, a
Pernambuco, até 1799. A função defensiva, durante longo período, foi a única razão para existir o povoado. Em 1696, o
capitão-mor Pedro Lelou estimou a população em cerca de 200 pessoas. A maioria das casas era de palha. Raras tinham
telhas.
VILA EM DISPUTA
Em 13 de fevereiro de 1699, ordem da Coroa portuguesa criou a vila de São José de Ribamar, no Ceará. Foi o início de uma
longa contenda. A ordem régia não definiu o lugar. O capitão-mor, os soldados e padres – uma incipiente burocracia local -
queria, mas proximidades do forte. Os proprietários de algumas terras – um arremedo de elite econômica - preferiam
Aquiraz.

Houve ao menos quatro mudanças do local. Como aponta o livro Fortaleza: uma breve história, de Artur Bruno e Airton de
Farias (2012, Edições Demócrito Rocha), passou por Aquiraz, pelo Pajeú e pela foz do rio Ceará. Até que, em 27 de junho de
1713, então, a vila de São José de Ribamar foi instalada em Aquiraz. Mas, em 18 de agosto do mesmo ano, como desenrolar
da chamada “guerra dos bárbaros”, índios anassés atacaram a primeira vila do Ceará. Cerca de 200 pessoas morreram. Os
sobreviventes buscaram abrigo no forte do riacho Pajeú, para onde a Câmara foi transferida, diante da insegurança
constatada em sua localização original. A violência e o medo novamente atuavam na história de Fortaleza. Em 13 de abril de
1726, foi instalada uma segunda vila.

HEGEMONIA
As duas vilas reivindicavam a denominação de São José de Ribamar. E ambas queriam que a outra fosse suprimida. Em 1728,
ordem régia reafirmou que as duas deveriam ser mantidas. Quanto à denominação, com o tempo prevaleceu que uma
passou a se chamar Aquiraz e a outra, Fortaleza. Em 1758, foram criadas duas outras vilas no território da atual Fortaleza:
Vila Nova de Arronches (Parangaba) e Messejana, atuais bairros da Capital.
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CIDADE
Em 1799, com o desmembramento do Ceará em relação a Pernambuco, Fortaleza foi conformada como Capital. No fim da
década de 1810, o forte de Nossa Senhora da Assunção, de madeira e em estado avançado de deterioração, foi reconstruído
em alvenaria. Em 1823, a vila foi elevada à condição de cidade, com nome de Fortaleza de Nova Bragança. A denominação
não vingou.

SAIBA MAIS...
COMO FORTALEZA JÁ FOI CHAMADA ANTES:
1500 - Rostro Hermoso (rosto bonito)
1603 – Nova Lisboa
1611 – Forte de São Sebastião
1649 – Forte Schoonenborch
1654 – Forte de Nossa Senhora da Assunção
1699 – Vila de São José de Ribamar (status e nome reivindicado, em disputa com Aquiraz). Após a elevação definitiva a vila,
em 13 de abril de 1726, seguiu-se disputa pelo nome, embora já tivesse ficado consagrada como vila do forte, do Pajeú ou
vila da Fortaleza
1823 – Cidade de Fortaleza de Nova Bragança (não vingou)

EXERCÍCIOS
1. Sobre a estimativa da população em 2018 que foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Fortaleza destacou-se como a 6ª Região Metropolitana mais populosa do Brasil, com 4.074.730 milhões de habitantes. A líder
da lista é São Paulo com 21.571.281 milhões. Fortaleza tem a maior Região Metropolitana do Nordeste à frente de Recife (PE)
e Salvador (BA).

Segundo o texto, a Cidade de Fortaleza é uma das maiores cidades, em população, do Brasil. Neste quesito, quais fatores
demográficos podem ser associados?

A. Proximidade do litoral, favorecendo o maior aproveitamento da cidade devido aos ventos e à pluviometria.
B. A forte migração do século XX, resultante principalmente da rápida urbanização e do êxodo rural.
C. Pela industrialização e a urbanização rápidas que favorecera maior número de empregos na RMF para populações que
possuíam exclusivamente ensinos mais avançados.
D. Pela RMF ser uma das metrópoles mais avançadas do Planeta, sendo, assim, atrator de vários migrantes de vários países.
E. Pelas políticas públicas que obrigavam vários interioranos a morarem em Fortaleza.

2. Na segunda metade do século XIX, a cidade de Fortaleza passou por um processo de urbanização inicial que influenciou a
sua promoção para a capital do Ceará. Podemos destacar como principais construções:
A. a Santa Casa de Misericórdia, a Biblioteca Pública e a Cadeia Pública.
B. o Liceu do Ceará, o Farol do Mucuripe e a Praça Marques de Herval.
C. a Santa Casa de Misericórdia, o Liceu do Ceará e a Cadeia Pública.
D. a Biblioteca Pública, o Farol do Mucuripe e o Passeio Público.

3. Sobre o perímetro urbano de Fortaleza no século XIX, podemos dizer que se tratava de uma capital com um centro urbano
e os arredores compostos de chácaras e sítios, constatando uma forte área campestre. Fortaleza tinha como limites urbanos
as seguintes avenidas:
A. Clarindo de Queiroz, Imperador e Dom Manuel.
B. Duque de Caxias, Imperador e Tristão Gonçalves.
C. Tristão Gonçalves, Dom Manuel e Imperador.
D. Duque de Caxias, Imperador e Dom Manuel.

4. Na segunda metade do século XIX, a cidade de Fortaleza atingiu seu auge em prosperidade e o seu desenvolvimento foi
maior do que o das outras cidades que estavam pleiteando o título de capital do estado. O cultivo do algodão e a abertura
direta para a comercialização com a Europa facilitaram a modernização e a disputa pelo status de capital. Nessa perspectiva,
Fortaleza concorria com quais cidades?
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A. Aquiraz e Aracati.
B. Juazeiro do Norte e Aracati.
C. Aquiraz e Sobral.
D. Sobral e Juazeiro do Norte

5. Fortaleza, até o ano de 1799, quando a cidade se tornou a capital da recém-independente capitania do Ceará, não
despertava grandes interesses no reino de Portugal, postura que começou a mudar quando seus portos se tornaram
importantes postos do comércio entre colônia e metrópole. Dentre os fatores econômicos que auxiliaram a ascensão de
Fortaleza, podemos citar:
A. A proibição do trabalho escravo na região, que obrigou a dinamizar a economia.
B. A expulsão dos Holandeses, tendo em vista que neste período, os fortes da cidade foram base da resistência portuguesa.
C. O declínio da pecuária após a Seca Grande de 1790-1793, que prejudicou tal atividade.
D. A transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, que necessitou de novos portos para transferir produtos.

GABARITO:

1 2 3 4 5
B A D A C

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