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24/10/2022

Concurso PMCE 2022 – pós edital

PROFESSOR:

DISCIPLINA:

fonte: FARIAS, Aírton de. História do Ceará. Fortaleza: Armazém da Cultura, 2015.
O livro pode ser obtido no site www.armazemcultura.com.br

HISTÓRIA DO CEARÁ: Concurso PMCE 2021 – pós edital

1. O período colonial: a ocupação do território: disputas entre


nativos e portugueses; acesso à terra: sesmarias e a economia
pecuária. (1500–1822).
2. O período imperial: o Ceará na Confederação do Equador;
importância da economia do algodão; a escravidão negra no
Ceará. (1822–1889)
3. O Ceará e a “República Velha”: a política oligárquica
(1894-1930: coronelismo e clientelismo; movimentos sociais
religiosos e “banditismo”; (1889–1930)
4. O período 1930/1964: o Ceará durante o Estado-Novo
(1937-1945); repercussões da redemocratização (1945-1964);
“indústria da seca”: DNOCS e SUDENE.
5. Os governos militares e o “novo” coronelismo; a
“modernização conservadora”. (1964-1985)
6. A “nova” República: (1985-hoje) os “governos das
mudanças”. (1986-2002)

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História da Cidade de Fortaleza


 Fortaleza foi fundada em 13 de abril de 1726. A capital do Ceará
hoje é conhecida por seu litoral com praias que atraem turistas do
mundo inteiro. Da Praia do Futuro até Barra do Ceará, a cidade
respira turismo.
 Bem antes de 1726, Fortaleza já existia. O povoado data de 1603
quando o português Pero Coelho de Souza lá aportou. Ergueu o
Fortim de São Tiago às margens do rio Ceará e chamou o
povoado em volta de Nova Lisboa.
 Oito anos depois, novos portugueses, comandados por Martins
Soares Moreno, estabeleceram na cidade um posto de defesa na
tentativa de expulsar os franceses. E trocaram o nome do forte para
São Sebastião.
 Sem os franceses, não tardaram a aparecer novos invasores. Os
holandeses dominaram a região até 1644. Construíram o Forte
Schooneborck, rebatizado de Fortaleza de Nossa Senhora de
Assunção pelos portugueses que lá voltaram para retomar as terras.
 Foi com este nome que o povoado foi elevado à condição de cidade
em 1726. A nova denominação foi sendo reduzida ao longo dos anos
até ficar somente Fortaleza.

História da Cidade de Fortaleza


 A história da cidade de Fortaleza (município brasileiro e
também capital do estado do Ceará) é o resultado de
interações entre os moradores nativos (os índios) e os
europeus.
 Os índios usavam as praias como pontos de comércio
com os europeus, já os portugueses usaram a costa como
ponto para construção de fortes que tinham a função de
acabar com o comércio entre os índios e os demais europeus.
 A fixação dos primeiros portugueses foi muito custosa e de
pouco sucesso inicial.
 A interação com os moradores nativos foram grandes entraves
para os lusos.
 Os franceses e holandeses já estavam presentes na região
que hoje é Fortaleza antes mesmo do início da ocupação lusa
do território onde hoje se encontra Fortaleza.

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CONHECENDO O CEARÁ
 A capital e município mais populoso é Fortaleza, sede da Região
Metropolitana de Fortaleza (RMF).
 Outras cidades importantes fora da RMF são: Juazeiro do Norte e Crato, na
Região Metropolitana do Cariri; Sobral, na região noroeste; Itapipoca, na
região norte; Iguatu, na região centrosul; Aracati, na região do Vale do
Jaguaribe; e Quixadá e Quixeramobim na região dos Sertões Cearenses. Na
RMF, cidades importantes como Caucaia, Eusébio, Horizonte, Maranguape,
Maracanaú, Aquiraz e São Gonçalo do Amarante, sede do Complexo Industrial
e Portuário do Pecém, incrementam o Produto Interno Bruto cearense. O
estado possui ao todo 184 municípios.
 Décimo primeiro estado mais rico do país e o terceiro do Nordeste, o Ceará
apresentava, em 2010, a melhor qualidade de vida do Norte-Nordeste,
segundo a FIRJAN,além do segundo melhor Índice de Desenvolvimento
Humano da região.
 O Ceará abriga um dos maiores parques aquáticos da América Latina, o
Beach Park, na praia do Porto das Dunas, que recebe cerca de 1,3 milhão de
visitantes por ano.
 O estado também abriga o quarto maior estádio de futebol do Brasil, o
Estádio Governador Plácido Castelo (Castelão), que tem capacidade para
mais de 64.000 pessoas.

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"a terra da luz"


 O estado é conhecido nacionalmente pela beleza de seu
litoral, pela religiosidade popular e pela fama de ser
grande berço de talentos do humor.
 A jangada, ainda comum ao longo da costa, é
considerada um dos maiores símbolos do povo e da
cultura cearenses.
 O Ceará concentra 55% de toda caatinga do Brasil e é o
único estado do Nordeste-Sudeste a estar completamente
inserido na subregião do sertão.
 Terra de José de Alencar, Rachel de Queiroz, Patativa do
Assaré, Dom Hélder Câmara, Clóvis Beviláqua, Castelo
Branco e de Padre Cícero, o "cearense do século".
 O Ceará também revelou Chico Anysio, Renato Aragão
e Tom Cavalcante, considerados os maiores humoristas do
país; atores e cineastas famosos como José Wilker, Gero
Camilo, Luiza Tomé e Karim Aïnouz; além de nomes de
destaque das ciências exatas, como Casimiro Montenegro
Filho, Fernando de Mendonça, Maurício Peixoto, Cláudio
Lenz Cesar, dentre muitos.

"A TERRA DA LUZ"


• O Ceará também é conhecido como "Terra da Luz", numa
referência à grande quantidade de dias ensolarados, mas que,
principalmente, remonta ao fato de o estado ter sido o
primeiro da federação a abolir a escravidão, em 1884,
quatro anos antes da Lei Áurea. Por esse fato, o jornalista José
do Patrocínio cunhou o título de "a terra da luz" ao Ceará.

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Etimologia “Ceará”
 Atribui-se historicamente ao topônimo ceará
várias acepções, porém o mais conhecida e
aceita diz significar "o cantar da jandaia".
Segundo Manuel Ayres de Casal, ceará é nome
composto de cemo — cantar forte, clamar — e
ara — pequena arara — em língua tupi. Tal tese
foi posteriormente confirmada e enriquecida pelo
escritor José de Alencar.
 Mendes de Almeida lembrava, ainda, de
alternativas a essa interpretação, como a de
Senador Pompeu, que faz referência à junção de
cemo-ará a partir de uma variante da língua tupi,
cujo significado seria "rio nascente da serra",
indicando o rio que nasce na Serra de Baturité e
que desagua junto à Vila Velha, local onde foram
lançados os primeiros fundamentos da capital
cearense.

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Etimologia “Ceará”
 Outra definição alternativa apontada por Mendes de Almeida é a de
Antônio Bezerra, que afirma que o nome surgiu a partir das
características da paisagem cearense, banhada pelo Oceano Atlântico e
abundante de grandes tabuleiros costeiros e dunas, supostamente
semelhante à paisagem dos "campos do continente negro", referindo-se
à grande região desértica do Saara.
 Mendes de Almeida fez, também, uma apanhado de registros de
expedições pelo território e de livros históricos, como os de Vicente do
Salvador e Caspar Barlaeus, na busca de variantes da escrita de ceará,
sem, contudo, achar nelas alguma pista para uma definição mais exata
que a do autor de Iracema.
 João Brígido afirmava, ainda, que o nome do estado derivaria da
corruptela de Siri-ará, também de raiz tupi, em alusão aos caranguejos
brancos do litoral.

1. O período colonial: a ocupação do território: disputas


entre nativos e portugueses; acesso à terra: sesmarias e a
economia pecuária.

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O Fortim de São Sebastião localizava-se na margem direita da foz do rio Ceará (atual bairro
de Barra do Ceará em Fortaleza), no litoral do estado brasileiro do Ceará.

HISTÓRIA DO CEARÁ – PERÍODO PRÉ-COLONIAL


 Os NAVEGADORES ESPANHÓIS Vicente Yáñez Pinzón e Diego de Lepe
desembarcaram na costa cearense (26 de janeiro de 1500) antes da
viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.
 Pinzón chegou a um cabo identificado como Porto Formoso, que se acredita
ser o Mucuripe, e Lepe, à barra do rio Ceará, em Fortaleza. A chegada de
Pinzón ao Ceará é debatida e largamente defendida entre as possibilidades
do controverso descobrimento pré-cabraliano do Brasil.
 Essas descobertas, contudo, não puderam ser oficializadas em decorrência
do Tratado de Tordesilhas, de 1494.
 Os franceses, que já negociavam âmbargris, as tatajubas, a pimenta e o
algodão nativo com os povos indígenas, foram os primeiros europeus a se
estabelecerem no Ceará. Em 1590, eles fundaram a Feitoria da Ibiapaba.
 Os holandeses também já negociavam com os nativos cearenses, a
exemplo do capitão Jean Baptista Sijens, que esteve no Mucuripe em 1600.
 Entre 1597 e 1598, um ramo da etnia Potyguara que habitava a região ao
redor do Forte dos Reis Magos, migrou e fixou-se na região entre as
margens do rio Cocó e rio Ceará e nos sopés ao norte das serras de Pacatuba
e Maranguape.

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HISTÓRIA DO CEARÁ – PERÍODO PRÉ-COLONIAL


 O Ceará era habitado ancestralmente por povos indígenas dos troncos
Tupi (Tabajara, Potyguara, Tapeba, entre outros) e Jê (Kariri, Inhamum,
Jucá, Kanindé, Tremembé, Karatius, entre outros), cujas tribos ainda
hoje denominam vários topônimos no estado.
 Estes povos negociavam produtos como tatajuba, âmbar e algodão bravo
com os estrangeiros que aportavam nas costas cearenses antes da
chegada dos exploradores do Império Português, em 1603, por meio
do litoral.
 Os portugueses tentaram, a partir de 1603, estabelecer-se nas terras
cearenses, mas, em decorrência da intensa resistência dos nativos e da
falta de conhecimento sobre como sobreviver às secas, não obtiveram
sucesso.
 A partir de 1654, com a saída dos holandeses, que dominaram a região
em dois períodos históricos, e o enfraquecimento político dos povos
indígenas locais, a colonização portuguesa começou a obter sucesso
nesse território.
 Os esforços de povoamento objetivavam principalmente a vitória diante
da resistência indígena e a garantia do domínio regional luso contra
estrangeiros.

HISTÓRIA DO CEARÁ – PERÍODO COLÔNIA


• O Ceará foi formado por
indígenas catequizados e
aculturados após grande
resistência à colonização
de negros e mulatos que
viviam como
trabalhadores livres ou
como escravos.

• O povoamento do
território foi e tem sido
bastante influenciado
pelo fenômeno natural da
seca que nos dias atuais,
dificulta na plantação e
criação de animais.

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1- A OCUPAÇÃO DO ESPAÇO CEARENSE:

 As terras atualmente pertencentes ao Ceará foram


doadas, em 1535, a Antônio Cardoso de Barros, mas
este não se interessou em colonizá-las e nem sequer
chegou a visitar a capitania, embora tivesse ocupado o
cargo de provedor-mor da Bahia no governo geral de
Tomé de Sousa.
 Cardoso de Barros, inclusive, faleceu em 1556, ao lado
do primeiro bispo do Brasil dom Pero Fernandes
Sardinha, devorado pelos índios Caetés, após um
naufrágio na costa de Alagoas.
 A primeira tentativa séria de colonização portuguesa
ocorre com Pero Coelho de Sousa, que lidera a
primeira bandeira feita em 1603, demonstrando por isso
certo interesse de Portugal em colonizar o Ceará.

1. O período colonial: a ocupação do território: disputas entre nativos e


portugueses
 A missão dos bandeiristas era explorar o rio Jaguaribe, combater
piratas, "fazer a paz" com os indígenas e tentar encontrar metais
preciosos.
 Partindo da Paraíba, à frente de 200 índios "mansos" (já submissos
ao conquistador) e de 65 soldados (entre os quais o jovem Martim
Soares Moreno), Pero Coelho atingiu pelo litoral a serra de Ibiapaba,
onde travou combate com os índios Tabajaras e alguns franceses,
então aliados.
 Derrotando os adversários, Pero Coelho tentou seguir para o
Maranhão, mas só atingiu o rio Parnaíba (Piauí) pois seus homens,
cansados, maltrapilhos e famintos recusaram-se a prosseguir viagem.
 De retorno ao litoral, o capitão-mor fundou o Forte de São Tiago, às
margens do Rio Ceará e o povoado de Nova Lusitânia. Ficou ali
pouco tempo.
 Os índios, ressentidos com o comportamento brutal dos "civilizados"
europeus passaram a atacar o Fortim. Pero, então, retirou-se para o
rio Jaguaribe, construindo nas margens deste o forte de São
Lourenço.

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1. O período colonial: a ocupação do território: disputas entre nativos e


portugueses

 Contudo, a pesada seca de 1605 a


1607 (a primeira registrada pela
historiografia local) e os persistentes
ataques indígenas levaram Pero
Coelho a deixar o Siará em dolorosa
caminhada, na qual pereceram de
fome e sede alguns soldados e seu
filho mais velho.
 Dirigindo-se ao forte do Reis Magos no
rio Grande do Norte e depois Paraíba
e Europa, Pero Coelho faleceu em
Lisboa, pobre, após tentar cobrar de
Portugal os pagamentos pelos
serviços prestados nas terras
cearenses. Fracassava, assim, a
tentativa pioneira de ocupação do
"ceará Grande".

1. O período colonial: a ocupação do território: disputas entre nativos e


portugueses
 Diante do fracasso de Pero Coelho de conquistar as
nações índigenas, em 1607 foram enviados os padres
Jesuítas Francisco Pinto e Luís Figueira com o intuito
de evangelizar os sivícolas.
 Estes avançaram até a Chapada da Ibiapaba, onde
ficaram até a morte do padre Francisco Pinto em
outubro do mesmo ano.
 O padre Luís Figueira retorna para o Rio Grande do
Norte. Posteriormente, relatou sua empreitada em
Relação do Maranhão, o primeiro texto escrito sobre o
Ceará.
 Figueira, todavia, não foi muito feliz no relacionamento
com os nativos brasileiros.
 Anos depois, em 1643, vítima de um naufrágio na Ilha de
Marajó, foi morto e devorado pelos índios Aruãs.

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1. O período colonial: a ocupação do território: disputas entre nativos e


portugueses
 Seis anos depois, em 1609, sob o comando de Martim Soares
Moreno, na condição de tenente do forte dos Reis Magos, base
da atual cidade de Natal-RN, já dava combate a traficantes
franceses no litoral cearense.
 Em 1611/1612, foi construído, às margens do Rio Ceará, o Forte
de São Sebastião, local conhecido atualmente como Barra do
Ceará (divisa entre os Municípios de Fortaleza e Caucaia).
 Moreno só retornou ao Ceará em 1621, no cargo de capitão-
mor. Encontrando o Forte de S. Sebastião praticamente
destruído, reconstruiu o possível, também incentivando, sem
muito êxito, a pecuária e a cana-de-açúcar.
 A falta de recursos e da atenção da Coroa fizeram com que
Moreno se retirasse do Ceará em 1631, dirigindo para
Pernambuco, onde foi combater os holandeses que então
invadiam a América portuguesa . Anos depois, regressou a
Portugal, não vindo mais ao Ceará.

1. O período colonial: Invasões Holandesas


 Na visão tradicional, tem-se Moreno como “fundador” do Ceará – tanto
que é homenageado pelo escritor José de Alencar no livro Iracema,
obra de 1865.
 No ano de 1630, os holandeses invadem Pernambuco na pretensão
de dominar a região açucareira e de encontrar outras riquezas.
 Assim, em 1637, comandado por George Gartsman, tropas flamengas
conquistam o forte cearense de São Sebastião. De início, contaram os
holandeses com o apoio dos índios. Depois, contudo, a “aliança” se
desfez, pois o holandês não se diferenciava do português no mau trato
do índio.
 Enfrentando os mesmos problemas encarados pelos portugueses, solo
ruim, clima árido, os holandeses procuram explorar o sal, o âmbar,
desenvolver a cana-de-açúcar e procuram metais, sem sucesso.
Revoltados, em 1644, os nativos atacaram e destruíram o fortim,
trucidando os holandeses.
 Os flamengos retornam em 1649, sob o mando do capitão Matias
Beck, em busca de minas de prata. Erguem no monte Marajaitiba, nas
margens do riacho Pajeú, o forte de Schoonemborch, em torno do
qual, depois, iria espontaneamente surgir a atual cidade de Fortaleza.

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1. O período colonial: a ocupação do território: disputas entre nativos e


portugueses
 Os holandeses ficam no Ceará até 1654, quando retiram-se em
virtude de sua derrota em Pernambuco e expulsão do Brasil. Sob a
liderança do capitão-mor Álvaro de Azevedo, os portugueses
retomam a colonização e mudam o nome do forte para Fortaleza
de Nossa Senhora da Assunção, hoje padroeira da cidade.
 Bom atentar que por esse período o “Siará” esteve submisso a
outras entidades administrativas. Entre 1621 e 1656, foi gerenciado
pelo Maranhão. De 1656 a 1799, esteve submetido a Pernambuco.
Isso atrapalhou o crescimento material da capitania.
 Por anos, o “Siará” dos invasores europeus estava restrito ao litoral.
Isso, contudo, mudaria a partir da segunda metade do séc. XVII
com a conquista dos sertões em função da pecuária.
 Após as primeiras tentativas colonizadoras dos lusos,
Fortaleza continua com seu modesto desenvolvimento
como sede administrativa local, posto que entre 1621 e
1656 o Ceará ficasse sob jurisdição do estado do
Maranhão.

1ª EXPEDIÇÃO DE PERO COELHO DE SOUSA - 1603:


A- Capitão-mor: expedição para explorar o rio
Jaguaribe, combater piratas estrangeiros, “oferecer”
a paz aos índios e descobrir minas;
B- Dois fortes: Forte de São Tiago (Rio Ceará) e
outro as margens do rio Jaguaribe;
C- Foi expulso do Forte São Tiago devido o
comportamental brutal dos seus homens em relação
aos índios;
D- Vitória na Ibiapaba contra os índios tabajaras e
os franceses;
E- A seca, os ataques indígenas e a marcha da
morte;

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A PRIMEIRA TENTATIVA DE ALDEAMENTO – 1607

A- SERRA DA IBIAPABA:
• Padres Francisco Pinto e
Luis Figueira;

• Os índios Tabajaras -
comércio com os franceses;

• A morte de Fco. Pinto e a


fuga de Luís Figueira;

• A Igreja Católica só
retomou a evangelização do
Ceará após a expulsão dos
holandeses em 1656.

A EXPEDIÇÃO DE MARTINS SOARES MORENO


de 1609 -1612:
A- Segundo capitão-mor: participou da expedição
de Pero Coelho; amizade com chefe indígena,
Jacaúna; voltou ao Ceará com apenas seis soldados
e um padre;
B- Construção do Forte São Sebastião;
C- A luta constante contra os franceses;
D- Tentativas de desenvolver a economia local:
pecuária, cana-de-açúcar, pesquisas minerais;
E- Lutou contra os holandeses em Pernambuco;
F- Voltou para Portugal onde faleceu.

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Vila de Fortaleza: Administração Colonial


 Em 1699, Portugal autorizou a instalação da primeira vila do Ceará,
chamada de São José de Ribamar. A condição de Vila trazia consigo
uma autonomia administrativa com a fundação de uma Câmara
Municipal que serviria como forma de defesa contra os desmandos
dos capitães-mores.
 Inicialmente, a câmara foi instalada no Iguape (Aquiraz), em
janeiro de 1700, sob a alegação de que lá era mais
conveniente por causa de suas “terras férteis, aráveis,
abundância em água”.
 Devido à determinação do governador de Pernambuco, a Vila
foi transferida para o fortim de N. S. da Assunção, onde
permanece entre 25 de maio de 1700 e 1702. Neste ano,
devido às disputas entre autoridades e elites, a Vila é
deslocada para o antigo forte de São Sebastião, na barra do
rio Ceará.
 Em 1706, a Vila retorna para o forte, permanecendo ali até
1710.

Vila de Fortaleza: Administração Colonial


 Em 1713, após vários reclames os fazendeiros locais conseguiram, por
fim, o pelourinho foi definitivamente instalado em Aquiraz – daí o
porquê de muitos historiadores afirmarem que Aquiraz foi a primeira
capital do Ceará.
 No mesmo ano de 1713, contudo, Aquiraz foi atacada pelos índios na
“Guerra dos Bárbaros”, quando morreram e saíram feridos muitos dos
habitantes. A vila esvaziou, pois quase todos foram procurar a segurança
dos canhões da Fortaleza.
 A partir de então a Aldeia do Siará ou Siupé, como era conhecida
Fortaleza naquele momento, passou a se sobrepor a Aquiraz. Enquanto
que Aquiraz sediaria a ouvidoria (Justiça).
 Em conseqüência, Fortaleza, a 13 de abril de 1726, foi elevada
finalmente à condição de vila. Mas sua importância econômica era
muito pequena. Aquele era o período da expansão da pecuária nos
sertões. Daí surgirem vilas interioranas em função do pastoreio, como
Icó (1738), Aracati (1748), Sobral (1773), Granja (1773) e Quixeramobim
(1789). A criação de vila era também uma forma de estimular a
produção e de controle sobre a população sertaneja.

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Franz Post-
1645
Independente de ser a sede da capitania, Nascimento
Fortaleza continuou até o início século XIX de Fortaleza
como um centro administrativo que não (Forte São
detinha um grande poder econômico se Sebastião)
comparando com Aracati, por exemplo.

Forte Schoonenborch

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A PRESENÇA HOLANDESA NO CEARÁ:


A- Ocupação do Nordeste: Seus objetivos eram controlar a
região produtora de cana-de-açúcar e explorar outras riquezas
na região;
B- Ocupação do Ceará: explorar suas riquezas e servir de
apoio à manutenção de Pernambuco;
C- Alianças e desavenças com os nativos;
D- Consolidação da ocupação em 1649 sob o comando de
Matias Beck – quebra do acordo com Portugal após a
Restauração da coroa lusitana;
E- Retorno para Holanda após a derrota holandesa em
Pernambuco;
F- Ocupação do forte pelos portugueses; Fortaleza de Nossa
Senhora da Assunção;

Mapa
Geográfico
da Capitania
do Ceará -
1800 -
Mariano
Gregorio
do Amaral
Obs.:
Subordinação
à Pernambuco
até 1799.

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Vila de Fortaleza: Administração Colonial

 Em 1759, o Marquês de Pombal expulsa os jesuítas


da Companhia de Jesus, e os aldeamentos indígenas de
Porangaba e São Sebastião de Paupina, comandados pelos
jesuítas, são elevados à condição de vila, respectivamente Vila
Nova de Arroches e Vila Nova de Messejana.
 No ano de 1777, o Capitão-Geral José César de Menezes
mandou realizar um censo, que relatou uma população de
dois mil e oitocentos e setenta e quatro habitantes na vila
de Fortaleza. Este ano e o de 1778 foram de seca, que
dizimou quase todo o rebanho bovino da indústria
de charque do Ceará.
 O golpe final no charqueado foi a seca que durou
de 1790 a 1794. Em 1799, a Província do Ceará é
desmembrada da de Pernambuco, e Fortaleza é eleita Capital.

Vila de Fortaleza: Administração Colonial


 Por que Fortaleza sediava a administração se existiam outras
localidades mais relevantes economicamente que ela?
 Primeiro, o fato de ser em torno do forte que se desenvolve o
principal núcleo de povoação da capitania, mesmo que ainda
pequeno. Isso exerceu influência sobre o local da Vila porque era
uma prática comum da Metrópole portuguesa fundar Vilas onde
já existiam povoados.
 Outra razão se deve ao fato de naquele momento, as Vilas
possuírem um caráter “artificial”. Segundo Lemenhe, “tudo indica
que, do ponto de vista dos interesses fiscais era indiferentemente
que uma primeira Vila fosse assentada junto ao Forte ou nos
sertões”.
 Independente de ser a sede da capitania, Fortaleza continuou até o
início século XIX como um centro administrativo que não
detinha um grande poder econômico se comparando com Aracati,
por exemplo.
 Não podemos perder de vista que a administração colonial não se
faz apenas pela presença de uma Vila, mas também por uma
burocracia:

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O POVOAMENTO EFETIVO DO CEARÁ:


A- A ocupação do território cearense: litoral de Fortaleza; São José do
Ribamar de Aquiraz; Sertão via rios Jaguaribe e Acaraú.

Vila de Fortaleza: Administração Colonial


 Não podemos perder de vista que a administração
colonial não se faz apenas pela presença de uma
Vila, mas também por uma burocracia:
 Capitão-mor-governador: possuía as funções
militares e administrativas;
 Ouvidoria: eram responsáveis pela aplicação das
leis.
 1-Porte de Nossa Senhora de Assunção;
 2-Forca: símbolo da autoridade da Metrópole;
 3-Casa de Câmara: sede do poder político local;
 4-Pelourinho: símbolo da emancipação local.

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1. O período colonial: acesso à terra: sesmarias e a economia pecuária.


 Paralelamente às disputas entre as autoridades locais e os membros
da elite para sediar a Vila, ocorria à expansão da pecuária pelos
sertões cearenses.
 A partir da segunda metade do século XVII, deu-se a conquista
dos sertões cearenses, em função da pecuária, atividade
inicialmente restrita ao litoral de Pernambuco e Bahia (Zona da
Mata), com a função complementar de abastecimento das regiões
açucareiras (PE e BA) e depois da mineração.
 Foram razões que possibilitaram a colonização do interior do “Siará”
e do Nordeste: o crescimento populacional da região açucareira
(onde inexistia terra para todos os habitantes), o aumento do número
de rebanhos bovinos, dificultando ou dando prejuízos para o plantio
da cana-de-açúcar (o gado era atividade complementar da cana –
fornecia alimentos, força de tração, etc.) e o próprio incentivo do
governo português com a Carta Régia de 1701, que proibia a criação
de gado a menos de 10 léguas da costa (para que no litoral de
Pernambuco e Bahia se priorizasse o cultivo da cana).

 A terra era obtida através da requisição às autoridades de


cartas de sesmarias, o que deu margem a formação dos
latifúndios cearenses.
 Outras cidades nasceram a partir de aldeamentos indígenas,
onde os nativos eram confinados sob o controle de jesuítas,
responsáveis por sua catequização e aculturação.
 Este foi o caso de cidades importantes como Caucaia
(outrora chamada Soure), Crato, Pacajus, Messejana e
Parangaba (as duas últimas atuais bairros de Fortaleza).
 Os indígenas cearenses foram, em sua maior parte,
massacrados, embora tenham resistido até os dias de hoje.
 Um dos maiores exemplos de sua resistência foi a Guerra
dos Bárbaros (1683), na qual indígenas de diversas tribos
(Kariri, Janduim, Baiacu, Icó, Anacé, Quixelô, Jaguaribara,
Kanindé, Tremembé, Acriú, etc.) se uniram para lutar contra os
conquistadores portugueses, resistindo bravamente durante
quase 50 anos.

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1. O período colonial: acesso à terra: sesmarias e a


economia pecuária.
 Houve duas frentes de ocupação portuguesa do território cearense:
a do sertão-de-fora, controlada por pernambucanos que vinham
pelo litoral; e a do sertão-de-dentro, dominada por baianos.
 Tais rotas se confluíram no Ceará, com os colonos ocupando o
litoral inicialmente e daí as ribeiras dos rios Jaguaribe e Acaraú.
 Graças à pecuária e aos deslocamentos de pessoas das áreas
então mais povoadas, praticamente todo o Ceará foi ocupado ao
longo do tempo, levando ao nascimento de várias cidades
importantes nos cruzamentos das principais estradas utilizadas
pelos vaqueiros, como Icó.
 Ao longo do século XVIII, a principal atividade econômica
cearense foi a pecuária, levando muitos historiadores a falarem que
o Ceará se transformou em uma "Civilização do Couro", pois a
partir do couro se faziam praticamente todos os objetos
necessários à vida do sertanejo através de um rico artesanato.

A PECUÁRIA
A- A MÃO-DE-OBRA:
• Pobres brancos, mestiços e negros (e escravos libertos );
• Na maioria das vezes não tinham um salário fixo; recebiam
o pagamento através da quartiação;
• Rara possibilidade de ascensão social no Brasil colônia

B- A “Civilização do Couro” : lucratividade


independente do açúcar; charque (pobres e
escravos); casas/fortaleza;
C- As feiras e o surgimento de algumas cidades -
Quixeramobim, Quixadá, Icó, Iguatu, Sobral e Aracati.
D- A DECADÊNCIA DA PECUÁRIA:
• As constantes secas e a dizimação do gado - final do século XVIII;
• A substituição da atividade pecuarista pelo cultivo do algodão –
lucratividade- Guerra de Secessão;
• A concorrência do charque gaúcho.

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 Por volta de 1720 em Aracati, inicia-se um processo de


beneficiamento da carne do animal, o charque.
 O comércio do charque foi decisivo para a vida econômica do
Ceará ao longo do século XVIII e XIX.
 Com ele passou a existir uma clara divisão do trabalho entre as
regiões do Estado: no litoral se encontravam as charqueadas e, no
sertão, as áreas para criação de gado bovino.
 O charque também permitiu o enriquecimento de proprietários de
terras e de comerciantes, bem como o surgimento de um
pequeníssimo mercado interno local.
 Durante o auge do comércio do charque, a principal cidade
cearense foi Aracati, de onde eram exportadas mas também
floresceram outros centros regionais, como Sobral, Icó, Acaraú,
Camocim e Granja.
 A era do charque finda-se depois das secas de 1790/93, entrou
em decadência, devido às calamitosas secas do período (que
dizimavam os rebanhos), a concorrência com Rio Grande do Sul,
e a atenção que os cearenses passaram a dar ao algodão (que
então alcançava bons preços no mercado externo).

A PECUÁRIA E O CHARQUE
 A comercialização do gado vivo era feita, principalmente, na zona da
mata, ou seja, na região produtora de cana-de-açúcar nordestina, em
especial Pernambuco.
 O desenvolvimento da pecuária possuiu a seu favor os seguintes
fatores:
 Terras abundantes;
 Presença de rios com trechos perenes;
 Presença de pastos;
 Sistema de Quarteação (de quatro crias dadas, uma pertenceria ao
vaqueiro);
 Não era necessário fazer vultuosos investimentos.
 Basicamente, Fortaleza permanece com seu modesto
desenvolvimento sem grandes transformações.
 Devemos ressaltar que Fortaleza não se apresentou como
importante núcleo produtor de charque.
 Aracati, sendo considerada o polo econômico do Ceará colonial,
estando economicamente acima de Fortaleza, posto que só
perderia no Período Imperial por causa de razões políticas e pelo
segundo surto do algodão.

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B- Sertão de dentro:
dominada pelos baianos, que
teriam sido responsáveis pela
ocupação do Piauí e do Sul do
Ceará;
C- Sertão de fora: que
margeando a zona da mata,
seguia até o litoral cearense.
D- A “Guerra dos Bárbaros”:
portugueses vs. nativos
 A terra: visão utilitarista e
mercantilistas vs. espaço de
sobrevivência e de liberdade;

Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: PM-CE Prova: FGV - 2021 - PM-CE -
Soldado da Polícia Militar
A ocupação do território cearense ocorreu tardiamente, ao contrário
da rápida ocupação do litoral açucareiro, iniciada no século XVI.
Somente no século XVII o interior do Ceará seria ocupado pelos
portugueses. A colonização “tardia” do Ceará, em relação às
capitanias de Pernambuco e Bahia, por exemplo, está relacionada aos
fatores listados a seguir, à exceção de um. Assinale-o.
a) O desconhecimento do território pelos europeus e a resistência
indígena.
b) O impacto de fatores naturais, como as correntes marítimas, que
dificultavam o acesso ao território.
c) O fato de o Ceará não estar inserido nas rotas das especiarias, do
ouro ou das riquezas litorâneas.
d) O fracasso em expulsar os franceses, que tomaram posse do
território e construíram o Forte de São Sebastião.
e) Os conflitos em função da pirataria e da presença de franceses e
holandeses na região.

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RESPOSTA: D
Martim Soares Moreno (Nascido em Santiago do Cacem,
em Portugal) efetivou a posse oficial da região ao fundar,
em 1612, o Forte de São Sebastião, na margem do rio
Siará, sobre as ruínas do antigo Fortim de São Thiago, de
Pero Coelho (1603), lançando assim as bases da
colonização do Ceará, tendo sido seu 1º Capitão-Mor
1º Capitão Pero Coelho de Sousa /1603 / Forte
de São Tiago / Forte de São Lourenço
2º Capitão Martim Soares Moreno / 1611
/ Forte São Sebastião
Volta dos holandeses / 1649 / Forte Schoonenborch

2. O período imperial: importância da economia do algodão


• O algodão já era cultivado pelos nossos índios antes da invasão
portuguesa. Com a colonização, passou a ser cultivado como atividade
de subsistência nas fazendas de criar.
• Foi a partir do final do século XVIII que se desenvolveu a cotonicultura
na América Portuguesa e no Ceará. Isso devido aos bons preços do
algodão no mercado internacional e à demanda da Inglaterra, que
usava a fibra em suas fábricas têxteis, típicas da primeira fase da
Revolução Industrial.
• Os preços também subiram devido a desorganização da produção dos
EUA, que viviam sua Guerra de Independência (década de 1770).
• Pela primeira vez o Ceará tinha um produto voltado diretamente para o
mercado internacional.
• Fatores que favoreceram a cotonicultura no Ceará: o clima quente e
a regularidade das chuvas (no sentido de que há uma época certa para
o inverno e outra para o verão), a fertilidade dos solos (praticamente
virgens), o curto ciclo vegetativo do algodão, a não exigência de muitos
investimentos na lavoura (facilidade de cultivo, colheita, beneficiamento,
etc.). Com isso, não só latifundiários dedicaram-se à atividade, mas
também pequenos proprietários, agregados, moradores e arrendatários.

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2. O período imperial: o Ceará na Confederação do Equador; importância


da economia do algodão; a escravidão negra no Ceará.
• As principais regiões produtoras, inicialmente, eram os distritos
de Fortaleza e Aracati, além das serras de Baturité, Uruburetama,
Meruoca, Pereiro e Aratanha.
• No algodão cearense, também pouco empregou-se o negro escravo
– o curto ciclo vegetativo da fibra tornava desvantajoso o emprego
de muitos africanos. Era mais barato usar mulheres e crianças ou a
mão-de-obra livre não absorvida no pastoreio.
• A cotonicultura e a pecuária acomodaram-se uma à outra,
dando origem ao chamado binômio gado-algodão. A rama do
algodoeiro servia de alimento ao boi na época da estiagem e o
animal adubava os solos com esterco.
• A expansão da cotonicultura seria fundamental para separar o
Ceará de Pernambuco de 1799; até então, o comércio externo
cearense era feito via porto do Recife, o que encarecia o algodão
local. Daí a por pressão de autoridades, comerciantes e produtores
para a separação cearense (embora continuasse a influência
pernambucana).

2. O período imperial: importância da economia do algodão

• O comércio de algodão também favoreceu Fortaleza, que


passou a crescer a passos largos, superando Aracati (abalada com
a crise do charque) e assumindo a condição de principal núcleo
urbano cearense na segunda metade do século XIX. Com a
separação de Pernambuco, Fortaleza começou a ser dotada de
uma infraestrutura administrativa (porto, estrada, alfândega, etc.),
que possibilitou tornar-lhe o grande centro coletor e exportador de
algodão do Ceará.
• No final do período colonial, devido à recuperação da cotonicultura
dos EUA, o algodão e, por consequência, o próprio Ceará entraram
em crise, o que contribuiu para o envolvimento de cearenses na
“Revolução” Pernambucana de 1817 e na Confederação do
Equador de 1824.
• O auge do algodão cearense dar-se-ia na segunda metade do
século XIX, beneficiado com a desorganização da produção
americana em virtude da Guerra da Secessão (1861-65).

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1. O período colonial: Cidade Capital e o primeiro desenvolvimento


Detalhe de Perspecto da Villa da Fortaleza de 1811.

Em 1810, chega a Fortaleza o viajante Henry Koster.


Com o aumento das navegações direto com a Europa,
é criada em 1812 a Alfândega de Fortaleza. Neste
mesmo ano, tem início a reforma, projetada pelo
tenente-coronel de engenharia, Antônio José da Silva
Paulet, da fortaleza;
Também é construído o primeiro mercado da cidade, e
no ano seguinte, o primeiro chafariz.

 O Ceará torna-se administrativamente


independente de Pernambuco em 1799.
 Nas décadas anteriores, o cultivo do algodão
começou a despontar como uma importante
atividade econômica, gerando um período de
prosperidade para a capitania.
 Com a recuperação da cotonicultura dos
Estados Unidos da América, o algodão e o
próprio Ceará entraram em crise, o que
explica o envolvimento de cearenses na
Revolução Pernambucana de 1817 e na
Confederação do Equador em 1824.

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FORTALEZA NO CONTEXTO DO PERÍODO JOANINO (1808-1821)


• Bernardo Vasconcelos comandou a capitania entre 1799 e
1802, foi ele o responsável pela reforma no Porto do
Mucuripe (Molhe e Trapiche), buscou romper com a pobreza
local incentivando cultivos diversos como o de arroz e
mandioca e construiu estradas que escoariam a produção
local, a partir de Fortaleza.
• Após seu governo, o Ceará enfrentou uma seca em 1804, que
afetou a incipiente economia local com a fome e doenças
derivadas do flagelo. Em sua gestão percebe-se que a Vila de
Fortaleza foi beneficiada com obras de infraestrutura.
• Entre 1812 e 1820 temos a gestão do autoritário Manuel Inácio
de Sampaio ou, como é mais conhecido (Governador
Sampaio). Nesse período, Sampaio promoveu uma série de
realizações materiais na cidade de Fortaleza.

FORTALEZA NO CONTEXTO DO PERÍODO JOANINO (1808-1821)


• Com o aumento da arrecadação devido à cotonicultura.
Sampaio trouxe para o Ceará o engenheiro Silva Paulet, que
elaborou o primeiro plano urbanístico da cidade em 1818. Este
plano, em traçado de xadrez, serviria para controlar possíveis
revoltas.
• O mesmo Paulet projetou a atual 10ª Região Militar e o
primeiro mercado público local, erguido ainda na gestão de
Sampaio. Sampaio ainda instalou a primeira repartição dos
correios local e a alfândega da capital.
• Percebe-se, com isso, que a gestão do Governador Sampaio,
no campo das realizações materiais foi favorável ao processo
de hegemonia da capital, não com esse objetivo, mas no intuito
de centralizar a administração. Isso fica comprovado com a
ação do governador na repressão local da “Revolução”
Pernambucana de 1817.

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2. O período imperial: o Ceará na Confederação do Equador; importância


da economia do algodão; a escravidão negra no Ceará.

Movimentos independentistas e Império Frei Caneca


☼ O século XIX também foi marcado por alguns
movimentos revolucionários e conflitos. Em
1817, alguns cearenses, liderados pela família
Alencar, apoiaram a Revolução
Pernambucana.
☼ O movimento, no entanto, ficou restrito ao
Cariri e, especialmente, à cidade do Crato, e
rapidamente sufocado.
☼ Em 1824, já após a independência, os mesmos
ideais republicanos e liberais apareceram num
movimento mais amplo e organizado: a
Confederação do Equador.
☼ Aderindo aos revoltosos pernambucanos,
várias cidades cearenses, como Crato, Icó e
Quixeramobim, demonstraram sua
insatisfação com o governo imperial.

2. O período imperial: o Ceará na Confederação do Equador; importância


da economia do algodão; a escravidão negra no Ceará.
☼ A influência de Pernambuco sobre o Ceará era muito forte. Mesmo com a
autonomia político-administrativa obtida em 1799, a capitania cearense
continuou ligada econômica, social e politicamente às terras
pernambucanas. Some-se a isso, os efeitos da crise econômica e política
(seca, crise do algodão), que também faziam-se presente no Ceará.
Assim, a adesão dos cearenses à “revolução” pernambucana de 1817
parecia certa.
☼ Essa “revolução” era influenciada pelas ideias iluministas europeias,
visando a independência da colônia ante a exploração portuguesa. Teve
uma grande participação de religiosos. Os rebeldes conseguiram apoio da
Paraíba e do Rio Grande do Norte, mas foram brutalmente derrotados.
☼ Somente a família Alencar, na região do Cariri, aderiu ao movimento. Sob
a chefia de Dona Bárbara de Alencar, apoiaram a revolta, obtendo, de
início, a neutralidade do capitão do Crato, José Pereira Filgueiras.

Bárbara de Alencar. Primeira


presa política do Brasil, é considerada
uma heroína do movimento.

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2. O período imperial: o Ceará na Confederação do Equador; importância


da economia do algodão; a escravidão negra no Ceará.
☼José Martiniano de Alencar (jovem seminarista enviado por
Pernambuco para “revolucionar” o Ceará), no dia 3 de abril de
1817, em frente à igreja do Crato, proclamou a República. Dali,
marchou para o prédio da Câmara Municipal, onde, apoiado por
alguns “cabras”, depôs às autoridades monárquicas, soltou os
presos e içou uma bandeira branca.
☼O movimento foi sufocado 8 dias após o início – 11 de abril de
1817.
☼Os membros da família Alencar e outros líderes foram presos e
enviados para Fortaleza e, depois, Salvador (BA). Em 1821,
acabaram anistiados.
☼O movimento fora sufocado, mas suas causas não. O
descontentamento da elite continuaria, o que futuramente
provocaria, em 1824, a mais importante mobilização rebelde da
região, a Confederação do Equador.

O CEARÁ REVOLUCIONÁRIO
1. REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817:
A- Liberal republicano e de caráter emancipacionista;
B- Insatisfação generalizada nas províncias nordestinas:
• Crise econômica: queda no preço internacional do
açúcar e do algodão;
• A seca de 1816; perda da lavoura; fome;
• Pagamento de altos impostos à Corte;
• Controle do comércio pelo portugueses;
• Influência das ideias liberais.

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C- A eclosão do movimento: a prisão de algumas lideranças


políticas (latifundiários) acusadas de traição por conspiração;

D- Os revolucionários queriam de imediato:


• A independência;
• A proclamação de uma república;
• A liberdade de comércio;
• As questões sociais não eram contempladas.

E- A participação cearense: A família Alencar e


a cidade do Crato;

F- Podemos apontar como fatores decisivos para o


fracasso do movimento no Ceará os seguintes pontos:
• Pouca mobilização das camadas populares que
ligadas e dependentes dos grandes latifundiários se
ausentaram do movimento.

• A falta de articulação dentro da Igreja Católica, que


era o único “veículo de comunicação” da época, e pelo
fato dos padres estarem em paróquias muito distantes
não conseguiram se organizar para o movimento.

• A forte presença do governador Inácio de Sampaio


fiel servo do rei, que se preveniu contra os rebeldes
antes mesmos deles entrarem na província.

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2. O período imperial: Cidade Capital e o primeiro desenvolvimento


Um ano após a Independência do Brasil, em 1823, Fortaleza
passou à condição de cidade, nomeada pelo Imperador Dom
Pedro I como "Fortaleza de Nova Bragança", retornando
posteriormente ao seu nome original, "Fortaleza de Nossa
Senhora de Assunção". Em 1824, Fortaleza foi palco da
disputa entre o Império e os revolucionários da Confederação
do Equador. Com a derrota dos confederados, alguns de seus
líderes, como João de Andrade Pessoa Anta e o Padre
Mororó, dentre outros, foram executados no Passeio Público.

2. O período imperial: o Ceará na Confederação do Equador (1824)


 Em 1824, estourou em Pernambuco, propagando-se para outras províncias
do que hoje é chamado de Nordeste, a Confederação do Equador, um
movimento liberal (influenciado pelo Iluminismo, Revolução Francesa e
independência dos EUA), separatista (tinha o propósito de separar a região
do restante do Brasil) e republicano (desejava proclamar uma República)
contra o autoritarismo e centralismo do governo de D. Pedro I (1822-31).
 O Ceará, tendo à frente os liberais (chefiado pela família Alencar) aderiu ao
movimento devido à influência pernambucana sobre os cearenses, ao
descontentamento geral com a crise econômica da região e ao temor dos
“patriotas” (liberais) em perder o comando do Ceará para os “corcundas”
(conservadores, aliados de D. Pedro I).
 A dissolução da Assembleia Constituinte de 1823 e a outorga da
Constituição de 1824 por D. Pedro I provocaram protestos no Ceará. Em
abril de 1824, os liberais, tendo à frente Pereira Filgueiras e Tristão
Gonçalves, depuseram o recém-nomeado presidente da província (e aliado
de D. Pedro I) Costa Barros.
 Em janeiro de 1824, as câmaras de Quixeramobim e do Icó chegaram a
proclamar a república. E, em outras vilas do interior cearense, foram
manifestadas várias posições contrárias ao Regime Imperial pelos
vereadores.

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2. O período imperial: o Ceará na Confederação do Equador (1824)


 Em agosto de 1824 escolheu-se como presidente definitivo da província
Tristão Gonçalves, deliberando-se pela anexação do Ceará à
Confederação.
• A situação tornou-se séria com a deposição do governador Pedro José
da Costa Barros, que foi substituído pelo confederado Tristão
Gonçalves de Alencar Araripe, presidente da província do Ceará com o
apoio de Padre Mororó, secretário do governo provisório, e do capitão-
mor do Crato José Pereira Filgueiras, que veio aderir ao movimento.
• Os três passaram a ser nacionalmente reconhecidos como líderes
deste movimento na província. As demais cidades e vilas do Ceará não
aceitaram o ato e contra-atacaram. Eles, então, partiram para o interior
onde tentaram derrotar as tropas legalistas, e na sua ausência a capital
da província, Fortaleza, reafirmou a sua lealdade ao Império.
• Padre Mororó espalhou por Icó, São Bernardo das Russas e Aracati o
brio revolucionário. E, José Pereira Filgueiras com Tristão Gonçalves de
Alencar Araripe comandaram a adesão do Crato.
• O Ceará foi, depois de Pernambuco, o estado que mais ativamente
tomou partido na rebelião.

2. O período imperial: o Ceará na Confederação do Equador (1824)

 A revolta, entretanto, fracassaria – o Ceará foi a última


província a se render. Tristão Gonçalves morreu em combate.
Pereira Filgueiras se rendeu e faleceu em Minas Gerais. Pe.
Mororó, Pessoa Anta, Francisco Ibiapina, Feliciano
Carapinima e Azevedo Bolão foram julgados, condenados e
fuzilados no Campo da Pólvora (Praça dos Mártires/Passeio
Público).
 José Martiniano de Alencar foi perdoado por D. Pedro I e
tornou-se aliado da monarquia daí em diante.

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CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR (1824):


1. CONTEXTO HISTÓRICO:
Outro fator agravante das relações entre muitas
elites das províncias e o Imperador foi a Constituição
outorgada de 1824 que estabelecia:
• A divisão do poder em quarto partes: Executivo,
Legislativo, Judiciário e Moderador, sendo esse
último de exclusividade do Imperador e estando
acima dos demais.
• Monarquia hereditária (passando de pai para filho).
• Voto censitário (só poderia votar quem possuísse
uma considerável renda).
• O país foi dividido em províncias, sendo o
presidente
• (mesmo que Governador) de cada uma delas era
escolhido diretamente pelo Imperador

CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR (1824):


1. CONTEXTO HISTÓRICO:
• Brasil independente;
• Continuidade da crise econômica (algodão e
açúcar);
• Domínio português no comércio;
• Autoritarismo e centralismo de D.Pedro I;
• Dissolução da Assembleia Nacional
Constituinte; a nomeação de um aliado de
D.Pedro I para o governo de PE.

2. Por quê o CEARÁ participou?


Interesses políticos da família Alencar;
descontentamento em relação ao centralismo e ao
autoritarismo.

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3. As ações rebeldes:
• Insatisfação generalizada das camadas populares;
• Aliança militar: PE,CE,RN,PB; compra de armas aos
EUA;
• Formação do Grande Conselho no Ceará-445 pessoas;
• Tristão Gonçalves foi confirmado na presidência da
província.

4. A derrota:
• Na tentativa de ajudar aos pernambucanos Pereira
Filgueiras e Tristão Gonçalves partiram para o Estado
vizinho;
• Os demais revolucionários acabaram se rendendo, sem
luta, para o Lord Cochrane.
• As punições do Padre Alencar e do Padre Mororó
(+30/04/1825): crimes e grupos sociais.

2. O período imperial: Cidade Capital e o primeiro desenvolvimento


• A Praça dos Mártires, também conhecido como Passeio Público, é a
mais antiga praça da cidade de Fortaleza, Ceará. Além da bela vista para
o mar, a praça possui como atrativos naturais
diversas árvores centenárias, como o famoso baobá plantado
por Senador Pompeu em 1910. Seu nome atual foi definido em 11 de
janeiro de 1879 pela Câmara Municipal de Fortaleza.
• A praça foi planejada na década de 1891 por Silva Paulet. Durante o
governo de José Félix de Azevedo e Sá a área foi cuidada e nesta época
houve a execução dos revolucionários da Confederação do
Equador: Azevedo Bolão, Feliciano Carapinima, Francisco
Ibiapina, Padre Mororó e Pessoa Anta, que foram executados naquele
local em 1825.

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História da Polícia Militar do Ceará


O Presidente (Governador), da Província do Ceará, padre,
senador vitalício e orador sacro, José Martiniano de Alencar,
nascido no dia 16 de outubro de 1794, natural de Missão
Velha/Ce., irmão de Tristão Gonçalves e filho de José
Gonçalves dos Santos e Bárbara Pereira de Alencar,
preocupado com a segurança e o bem estar dos habitantes da
Província do Ceará fundou a Policia Militar do Ceará, na sua
1ª gestão de Presidente da Província (1834 a 1837), sob a
resolução nº 13, no dia 24 de Maio de 1835, criando a Força
Pública do Ceará, embrião da nossa valorosa Polícia Militar do
Ceará.
Segundo o Historiador João Brígido (+ 1921), o Senador Alencar lançou os
fundamentos do progresso do Estado do Ceará. Faleceu no dia 15 de março de
1860 no Rio de Janeiro.
A partir de 4 de janeiro de 1947 passou então à denominação que tem até os dias
atuais a partir da entrada em vigor da constituição de 1946. A Polícia Militar do Ceará
(PMCE) tem por missão constitucional o policiamento ostensivo e a preservação da
ordem pública.
A Polícia Militar do Ceará é uma Instituição que se confunde com a história de nosso
Estado. Guerra do Paraguai, a Sedição de Juazeiro, Revolução de 1930 no Ceará,
Combate ao Cangaço, Caldeirão, Revoluções de 1932, constitucionalista de São Paulo
de 1964.

Movimentos independentistas e Império


• Outro conflito que se destacou na história cearense foi a
Sedição de Pinto Madeira (1832), um violento conflito entre
a vila do Crato, liderada por liberais republicanos (com maior
destaque para a família Alencar), e a de Jardim,
praticamente dominada por Pinto Madeira, de caráter
absolutista e autoritário (retorno de D. Pedro I ao trono).
• As duas elites locais disputavam pelo controle político do
Cariri cearense. Por fim, os cratenses contrataram o
mercenário francês Pierre Labatut e, reagindo com um
exército formado por sertanejos humildes, renderam os
jardinenses. Pinto Madeira foi julgado sumariamente no
Crato, após ser considerado culpado pela morte do liberal
José Pinto Cidade.

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Q. FGV/PMCE/2021 - o fragmento a seguir. ”Está feita a nossa íntima união,


quer de reciprocidade de sentimentos, quer de riscos e perigos. O Ceará não
cede a Pernambuco em patriotismo e zelo da sua liberdade: ambas são
províncias do Brasil, cheias de gás, e daqueles ilustres caracteres que a
natureza gravou nos corações livres dos brasileiros honrados. Do papel junto
verá V. Exª. os motivos que nos obrigarão a depor o Presidente do governo
desta província dentro de quatorze dias. O senhor Pedro José da Costa
Barros em tão pouco período de tempo tornou-se alvo dos ressentimentos
desse povo brioso que já não sofre os enganos, e para melhor dizer, o
descaramento do gabinete do Rio de Janeiro. Quis levar-nos como escravos
nos ferros do despotismo, e pretendeu que o Ceará negasse a Pernambuco
aqueles indispensáveis socorros que um irmão deve prestar a seu irmão
consternado: propôs mesmo que nós fôssemos de todos opostos aos
sentimentos dos [desolados] pernambucanos”. O fragmento refere-se à
participação do Ceará no movimento conhecido como
A) Revolta da Cabanagem.
B) Insurreição do Crato.
C) Revolução Pernambucana.
D) Confederação do Equador.
E) Revolta da Balaiada.

D) Confederação do Equador.

2. O período imperial: Cidade Capital e o primeiro desenvolvimento


• A partir do Segundo Império, Fortaleza vai se fortalecer perante outras
cidades do Ceará a partir da política centralizadora de Dom Pedro II.
Entre os anos de 1846-1877, a cidade passa por um período marcado
pelo enriquecimento e melhoria das condições urbanísticas com a
exportação do algodão e a execução de diversas obras, tais como a
criação do Liceu do Ceará e o Farol do Mucuripe, em 1845, a
Capitania dos Portos do Ceará, em 1857, a Santa Casa de
Misericórdia em 1861, o Seminário da Prainha em 1864, a Biblioteca
Pública em 1867 e a Cadeia Pública. Importante destacar que em
1851 houve a maior epidemia de febre amarela de que se tem registro
e que apressou as obras do hospital.
• Com o início da Guerra Civil Americana, houve um aumento no preço
do algodão no mercado mundial, o que fez crescer nossas
exportações. Já em 1870, teve início a construção da Estrada de
Ferro de Baturité que tinha começo em Fortaleza. Serviria para escoar
a produção até o porto da cidade. A construção da ferrovia que
escoava para o porto a produção agrícola e pastoril do interior ajudou
a consolidar Fortaleza como a mais importante cidade do Ceará e
impulsionou o desenvolvimento industrial da região.

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Também no século XIX


• O Ceará sofreu um verdadeiro boom econômico durante o
período da Guerra de Secessão (1861-1865) nos EUA, que,
afetando a cotonicultura norte-americana, abriu o mercado
mundial para o algodão cearense.
• Foi nesse período que Fortaleza desbancou Aracati do posto
de cidade principal do Ceará: o algodão substituía o charque
em importância econômica.
• Porém, a Grande Seca (1877/78/79), interfere na agricultura do
algodão, Fortaleza foi invadido pelas vítimas da estiagem, uma
grande parte da população cearense emigra para a Amazônia e
assim contribui no boom do primeiro Ciclo da Borracha. E a
partir desta seca o Ceará passa a ser fator de atenção dentro
da política nacional.
• Depois do outro período de seca o Império iniciou projetos
sociais e de infraestrutura (Açude do Cedro), para amenizar
as consequências das estiagens, fato que resultou com criação
da Comissão de Açudes e Irrigação (atualmente DNOCS).

2. O período imperial: movimentos sociais e culturais marcantes


 No século XIX, um movimento de grande importância aconteceu
no Ceará: De 1860 até 1930, Fortaleza viveu movimentos sociais
e culturais marcantes como o movimento abolicionista, nas
décadas de 1870 e 1880 a campanha abolicionista, que aboliu a
escravidão no estado em 25 de março de 1884, antes da Lei
Áurea, que é de 1888.
 Foi, portanto, o primeiro estado brasileiro a abolir a escravatura.
Dentro do Ceará, o primeiro município a abolir a escravatura foi
Acarape, que depois do evento, passou a ser chamado de
Redenção.
 O abolicionismo foi favorecido pela pouca importância da
escravidão na economia cearense relativamente às outras regiões
do Brasil. Contou com o apoio da Maçonaria e até mesmo de
grupos formados por mulheres da elite do Estado.
 Além da pequena quantidade de escravos, quando da campanha
abolicionista, muitos escravos eram vendidos para o trabalho em
outras províncias com maior demanda de trabalho compulsório.

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CEARÁ: A CAMPANHA ABOLICIONISTA


 Pela grande dificuldade em atracar navios, devido ao mar
bravio, a capital cearense era um péssimo ancoradouro, o
que fazia dos jangadeiros um elemento de suma
importância para a economia local, já que o embarque e
desembarque no porto de Fortaleza tinha que ser feito por
meio de embarcações pequenas e insubmersíveis
conhecidas como jangadas, e a forte campanha
abolicionista, em 1881, convenceu os jangadeiros
cearenses a não mais realizar o transporte de escravos
para terra firme.
 Sob o lema "No Ceará não se embarcam mais escravos",
o movimento, comandado pelo jangadeiro Francisco José
do Nascimento, o "Dragão do Mar", hoje nome de um
centro cultural da cidade de Fortaleza, ganhou significativa
simpatia da população cearense.

O FIM DA ESCRAVIDÃO – 25 de março de


1884:
1. As mudanças no conceito de trabalho
na modernidade;
2. O movimento abolicionista:
jornal “O Libertador”; Sociedade
Libertadora Cearense; Francisca Clotilde,
Maria Tomásia;

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Q. FGV/PMCE/2021 - Em 1881, foi deflagrada a Greve dos


Jangadeiros, liderada pelo pescador Francisco José do
Nascimento, conhecido como o “dragão do mar”. O movimento
recusava-se a embarcar, no porto de Fortaleza, os escravizados
que seriam enviados às províncias do sul. Sobre o movimento
dos jangadeiros em Fortaleza, assinale a afirmativa correta.
A) Paralisou o mercado escravista do porto da cidade, obrigando
o redirecionamento dos escravos para Belém.
B) Tornou o Ceará a primeira província a abolir a escravidão, em
1881, antes da assinatura da Lei Áurea.
C) Teve um papel na abolição da escravidão no Ceará, mas não
conseguiu o apoio da elite intelectual abolicionista.
D) Impactou o tráfico intercontinental de escravos, o que facilitou
a imposição da Lei Eusébio de Queiroz.
E) Foi comemorado pela imprensa abolicionistas na Corte, que
difundiu o epíteto “dragão do mar”.
E) Foi comemorado pela imprensa abolicionistas na Corte,
que difundiu o epíteto “dragão do mar”.

OS NEGROS NO CEARÁ:
1) Os negros constituíam, em média 60% da população
cearense no século XIX, segundo os censos oficiais.
2) Negro não é a mesma que escravo.
3) A “coisificação” do negro.
4) O mito da “boa” convivência entre senhores e escravos no
Ceará,como motivação para a abolição precoce.
5) A resistência “não-violenta”: Agente da história; negociava
com o senhor.
6) Dentre os espaços de autonomia conquistados, destacam-
se a brecha camponesa, a família, o lazer e a religião.
7) A resistência violenta: fugas, assassinatos, formação de
quilombos, suicídio, rebeliões,etc.

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8) O FIM DA ESCRAVIDÃO – 25 de março de 1884:


 As mudanças no conceito de trabalho na
modernidade;
 O movimento abolicionista: jornal “O Libertador”;
Sociedade Libertadora Cearense;
 Não houve grandes atritos entre escravistas e
abolicionistas; indenizações; paternalismo;
 A ação épica de Chico da Matilde; Francisco
Nascimento; “Dragão do Mar”;
• Ceará “Terra da Luz”.

O CEARÁ NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX E INÍCIO


DO SÉCULO XX:
1- CONTEXTO HISTÓRICO:
a) “... o século XIX é, por excelência, o século de afirmação do
Ceará” (Saraiva Câmara apud Pinto Paiva, 1979:39);
b) A formação de um governo próprio, após a emancipação de
Pernambuco em 1799;
c) Produziu movimentos políticos de envergadura nacional:
• Abolicionismo;
• Políticos como os senadores Alencar e Pompeu;
• Intelectuais: Capistrano de Abreu e Rocha Lima;
• Padaria Espiritual e a Academia Francesa de Letras

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O CEARÁ NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX:


1- CONTEXTO HISTÓRICO:
 As secas, como a de 1877-79, dizimavam de fome e sede milhares
de cearenses, outros muitos morriam nos surtos de varíola. O ponto
zênite dessa calamidade ocorreu em 10 de dezembro de 1878 (o dia dos
mil mortos), onde 1004 pessoas padeceram. As causas das mortes eram
diversas, alguns morriam de fome, outros por enfermidades como a
varíola (companheira constante das secas) etc.
 O povo migrava, sobretudo, para a Amazônia, onde ia explorar os
seringais.
 Mas os oprimidos reagiram. Um dos meios foi através dos movimentos
messiânicos, em que o povo seguia um líder religioso em busca de
dignidade, condições de vida melhores e assistência espiritual.
 Foram líderes messiânicos nordestinos, com atuações distintas: padre
Ibiapina, padre Cícero, beato Zé Lourenço e o líder de Canudos (BA),
Antônio Conselheiro.

• Outros nordestinos, no entanto, partiam para a violência como


meio de escapar da miséria.
• Formavam grupos de cangaceiros, saqueando, assaltando e
amedrontando e todos.
• O ciclo do Cangaço teria o apogeu no começo o século XX.
• O mais famoso líder do cangaço dos sertões foi Virgulino
Ferreira, o Lampião, morto em 1938, em Sergipe.
2- Fortaleza consolidou-se enquanto principal cidade do
Ceará por vários motivos, dentre os quais podemos
destacar:
a) Acúmulo de capitais decorrentes do comércio exportador do
algodão, do café, da borracha e do couro.
b) Centralização política e tributária no Segundo Reinado;
c) A condição de capital que acabava privilegiando-a no que
concerne a realização de obras públicas
d) Intensa migração rural-urbana; períodos de seca; reserva de
mão de obra.

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3- ECONOMIA:
a) Algodão:
• A divisão internacional do trabalho ;a Independência dos EUA e a
Guerra de Secessão;
• O “ouro branco” e a fome;
• A modernização da cidade de Fortaleza.
b) Café:
• Mercado interno (RN; PI; PB) e externo (Europa);
• Maciço de Baturité;
c) As primeiras indústrias:
• Têxteis: disponibilidade de matéria-prima;
• Sabão, calçados, cigarros e bebidas;
• Manutenção da estrutura agropecuária;

“BELLE ÉPOQUE”: boa época Fortaleza


• O movimento literário Padaria Espiritual, surgido em 1892-98, foi
pioneiro na divulgação de ideias modernas na literatura do Brasil.
Fundada por Antônio Sales em 1892, a Padaria considerada
precursora do Modernismo no Brasil. Além de Antônio Sales, outros
intelectuais como Ulisses Bezerra, Rodolfo Teófilo, Adolfo Caminha,
Temístocles Machado e outros.
• Outras instituições da época foram o Instituto do Ceará e
a Academia Cearense de Letras, respectivamente fundados em
1887 e 1894.
• Em Fortaleza do século 19, também existia um movimento de
intelectuais católicos. Esse movimento se chamava "círculo católico
de Fortaleza" dos quais os membros mais destacados foram
o Manuel Soares da Silva Bezerra e o Barão de Studart.
• A elite formada notadamente por comerciantes e profissionais
liberais vindos de outras regiões brasileiras e do exterior promoveu
mudanças importantes em Fortaleza. De influência europeia,
sobretudo francesa e guiada por ideais de modernidade, esse
contingente teve atuação decisiva.

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“BELLE ÉPOQUE”: boa época Fortaleza


• Em 1875, o intendente Antonio Rodrigues Ferreira encomendou
ao engenheiro Adolfo Herbster a elaboração da Planta
Topográfica da Cidade de Fortaleza e Subúrbios, considerada o
marco inicial da modernização urbana. Inspirado nas
realizações de Paris, então gerida pelo Barão de Haussmann,
Herbster estabeleceu o alinhamento de ruas segundo um
traçado em xadrez, de forma a disciplinar a expansão da
cidade. A partir de 1880, a cidade ganhou serviços e
equipamentos urbanos, como o transporte coletivo por meio de
bondes com tração animal, serviço telefônico, caixas postais, o
cabo submarino para a Europa, a construção do primeiro
pavimento do Passeio Público e a instalação da primeira
fábrica de tecidos e facção.
• A Capitania dos Portos, criada em 1857, cujas atividades
tiveram início num prédio localizado entre as Avenidas Pessoa
Anta e Alberto Nepomuceno, funcionou até 1900 neste
endereço.

4- SÍMBOLOS DA “BELLE ÉPOQUE”:


A capital cearense assume na segunda metade do século XIX, a condição de
principal núcleo econômico, político e social da província, superando
Aracati

a) Nossas elites políticas, econômicas e intelectuais viram a


“necessidade” de “civilizar” e “domesticar” a população,
sobretudo os pobres.
b) Calçamento em algumas ruas do centro da cidade. (1856);
c) Linha de vapor para Europa e Rio de Janeiro. (1856);
h) Instituto do Ceará- 1887;
d) Telégrafos (1881);
i) Biblioteca pública -1867;
e) Novo porto (1891);
j) Liceu do Ceará- 1845;
f) Telefonia (1893);
l) Colégio da Imaculada
g) Academia Francesa -1872; Conceição -1864;

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Escolas, instituições cientificas e grupos literários,

1. Da Academia Francesa -1872


2. Do Instituto do Ceará- 1887
3. Da biblioteca pública -1867
4. Da Padaria espiritual-1892
5. Do Liceu do Ceará- 1845
6. Do Colégio da Imaculada Conceição -1864
7. Jornais populares: “O Vadio”, O Bilontra, O
Moleque, Ceará Moleque, O Diabo, O Frivolino,

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Características econômicas de Fortaleza na


segunda metade do século XIX:

 A Fortaleza da segunda metade do século XIX já estava


consolidada como centro hegemônico na economia da
Província cearense. Era por seu porto que saíam os principais
produtos da economia cearense (algodão, café, ceras e óleos
vegetais).
 Com a recuperação da economia estadunidense a
cotonicultura local entra em crise, reduzindo as rendas dos
capitalistas locais e fazendo surgir as primeiras indústrias em
Fortaleza, como foi o caso da Fábrica Têxtil Progresso na
década de 1880.

Quadro do aparato urbano de Fortaleza

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Quadro do aparato urbano de Fortaleza

Reforma urbana e controle social:


 A série de reformas a que foi submetida Fortaleza nas últimas
décadas do século XIX e início do XX esteve relacionada às
ideais em voga na Europa, em especial, ao “saber
médico social”. Essas reformas visavam o controle, a
higienização e disciplinarização social das classes subalternas
da capital.
 Das reformas citadas acima, algumas merecem destaque e
comentários específicos devido aos seus significados e
motivações. Seguindo as diretrizes do saber médico social
tivemos as construções do Lazareto, Santa Casa e o
cemitério São João Batista, em lugar afastado do núcleo
central da cidade na época.
 Vejamos, o Lazareto foi construído com o intuito de isolar os
leprosos em lugar específico para evitar o contágio das
doenças mais perigosas.

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Reforma urbana e controle social:


 Inspirada nas reformas efetuadas em Paris pelo
Barão de Haussmam na década de 1850, seguindo
as diretrizes higienistas e buscando disciplinar o
crescimento urbano da capital, Adolfo Herbster
elaborou a sua Planta Topográfica da Cidade da
Fortaleza e Subúrbios (1875) com traçado em
formato de xadrez, ampliando a elaborada
pioneiramente na capital cearense por Silva Paulet
em 1818.
 A planta acrescentava três grandes logradouros à
original de Paulet (atuais Duque de Caxias, Dom
Manuel e Imperador), visando escoar com maior
facilidade o trânsito.

Reforma urbana e controle social:


 Embora destinado ao lazer, o Passeio mantinha normas
que disciplinavam seus frequentadores, dividido em três
planos, consagrava a segregação social típica de uma
sociedade capitalista, como a exigência de belos trajes e
boas maneiras. Sua própria constituição espacial significa
um permanente exercício de discriminação simbólica, pois
as diferentes classes sociais ocupavam planos separados
do jardim”.
 em 1910, surgiu na reformada Praça Marquês de Herval
[hoje José de Alencar], a maior obra arquitetônica de
Fortaleza até o presente e densa de significados artísticos e
culturais (afrancesamento da elite local) para a Capital: o
Theatro José de Alencar. De pronto considerado um dos
mais belos do País, o teatro mereceu entusiástico
comentários que o apontavam como fator decisivo para a
constituição de uma ordem civilizatória na cidade.

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3. O Ceará e a “República Velha”: a política oligárquica: coronelismo e


clientelismo; movimentos sociais religiosos e “banditismo”
• Podemos citar quatro exemplos de oligarquias e uma importante figura
no Ceará para assim representar as alianças existentes.
• Entre os liberais estavam os Pompeus com Nogueira Accioly e os Paula
na figura de Rodrigues Junior.
• Entre os conservadores estavam os Carcarás, com o Barão de Aquiraz e
os Ibiapinas tendo como figura o Visconde de Jaguaribe e o Barão
Ibiapaba.
• Devemos considerar que a classificação de liberal ou conservador não se
faz tão rígida assim, pois antes da última eleição pré-republicana, os
Pompeus se articularam com os Ibiapinas e os Carcarás com os Paula.
• Dessa forma, ficou evidente que as relações políticas e interpessoais
entre os grupos oligárquicos se davam mediante os interesses de cada
um deles.
• A concretização da Proclamação da República e suas agitações políticas e
sociais provocou a extinção desses partidos, sendo os republicanos as
esferas de poder. A partir disso, novas agitações surgiram.

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3. O Ceará e a “República Velha”: a política oligárquica: coronelismo e


clientelismo; movimentos sociais religiosos e “banditismo”
 Após a Proclamação da República no Brasil, em 1889, o quadro
político-econômico do Ceará começou a se transformar.
 Alguns anos depois, teria início a poderosa oligarquia acciolina, que
recebeu esse nome por ser comandada pelo comendador Antônio Pinto
Nogueira Accioli, que governou o estado de forma autoritária e
monolítica entre 1896 e 1912.
 A situação de desesperadora miséria e abandono social era uma marca
profunda do Ceará nessa época, o que levou ao surgimento de diversos
movimentos messiânicos ao longo do século XIX e XX, tendo como
líderes religiosos Antônio Conselheiro (que formaria na Bahia o
arraial de Canudos), Padre Ibiapina, Padre Cícero, Beato Zé Lourenço,
etc.
 Surgiu também outro meio de escapar da miséria: o cangaço.
Muitos homens formaram grupos de cangaceiros que saqueavam vilas,
assaltavam e amedrontavam a todos.
 Além desses eventos em 1896 começou a ser construída a ferrovia Sobral-
Crateus por Antonio Sampaio Pires Ferreira, onde logo se estabeleceria
em suas margens a cidade de Pires Ferreira.

3. O Ceará e a “República Velha”: a política oligárquica: coronelismo e


clientelismo; movimentos sociais religiosos e “banditismo”
 O século XX, para o Ceará, foi marcado pelos ciclos de poder dos
"coronéis" e por enormes transformações de ordem social e
econômica.
 O século se iniciou no contexto da oligarquia acciolina, comandada,
direta ou indiretamente, por Nogueira Accioli de 1896 a 1912.
 Durante esse período, a família Accioli controlou, literalmente, todas as
esferas do poder cearense, desde os altos escalões do Governo estadual
até as delegacias.
 Entre 1896-1900 tivemos a sua primeira gestão, marcada, pelo menos
no início, pelo otimismo popular devido ao fato de Accioly ter sido
apoiado pelo antigo presidente do estado (Gal. Bizerril). De 1900 a 1904
o Ceará foi governado por Pedro Borges, que a partir de um acordo com
Accioly promoveu uma administração seguidora das diretrizes políticas
do Comendador.
 Retornou ao poder em 1904, permanecendo, com uma manobra
política que lhe possibilitou a reeleição, até 1912 quando foi derrubado
pelos populares de Fortaleza a partir de um levante popular.

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3. O Ceará e a “República Velha”: a política oligárquica: coronelismo e


clientelismo; movimentos sociais religiosos e “banditismo”

 Na gestão municipal estava, de 1892 até 1912, o intendente


Guilherme Rocha, o homem que mais tempo demorou na gestão
municipal da capital alencarina.
 A atuação marcante de Rodolfo Teófilo na capital: Entre 1898-1900 o
Ceará viveu mais um momento de seca. Milhares de flagelados das secas
migraram para a capital cearense e vivenciaram mais um quadro de
fome, tuberculose e mais uma epidemia de varíola nos
abastados.
 A Oligarquia Accioly, nada fez para minimizar esse quadro e chegou a
proibir a imigração de cearenses para outros estados para não perder
votos. Foram as oposições de Accioly que se movimentaram para
promover campanhas para o combate à seca e aos seus males. Ganhou
notoriedade a campanha promovida pelo médico farmacêutico
Rodolfo Teófilo.
 Por suas atitudes, Teófilo foi perseguido pela Oligarquia
Accioly, que via em sua campanha sanitária, um simples gesto
de oposição.

3. O Ceará e a “República Velha”: a política oligárquica: coronelismo e


clientelismo; movimentos sociais religiosos e “banditismo”
 Então se vivia uma conturbada e violenta campanha eleitoral no
Ceará, graças ao Salvacionismo pretendido pelo presidente
Hermes da Fonseca, que procurava enfraquecer as
oligarquias regionais contrárias ao seu poder.
 Dentro das política das Salvações, foi lançada a candidatura
de Franco Rabelo para o governo, enquanto Accioli apontava
como seu candidato Domingos Carneiro.
 Em Fortaleza, houve uma passeata de crianças com mais de
600 crianças, em favor de Franco Rabelo, a qual foi
repreendida duramente pelas forças policiais, causando a morte
de algumas crianças e ferindo outras tantas.
 O governo de Franco Rabelo desde os seus primeiros
momentos dependeu do apoio dos fortalezenses. Quem
administrou Fortaleza foi o intendente Ildefonso Albano,
considerado por muitos como sendo um dos principais
administradores da capital.

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CEARÁ: A REPÚBLICA VELHA / SEDIÇÃO DE JUAZEIRO


 Em consequência, a população fortalezense se revoltou contra o governo,
mergulhando a capital em verdadeiro estado de guerra civil durante três
dias.
 Accioli teve, então, que renunciar ao governo cearense, tendo como garantia
o direito de permanecer vivo e poder fugir do Estado.
 Franco Rabelo foi eleito para governar o Ceará logo em seguida, mas acabou
sendo deposto por outra revolta, a Sedição de Juazeiro, entre 1913 e 1914.
 Juazeiro do Norte era uma cidade recém-emancipada do Crato. Seu
surgimento se deveu ao carismático Padre Cícero, que, após ter ficado
famoso devido ao suposto milagre da Beata Maria de Araújo (cuja
hóstia teria se transformado em sangue), conquistou uma imensa massa de
sertanejos pobres e religiosos.
 Muitos passaram a morar em Juazeiro, de modo que em pouco tempo o local
possuía milhares de moradores. Como não tinha o apoio da alta hierarquia
católica, Padre Cícero procurou evitar que Juazeiro tivesse o mesmo fim
trágico de Canudos e aliou-se ao poder político dos coronéis, posicionando-
se ao lado da oligarquia de Nogueira Accioli.
 Embora mantendo a proximidade com o povo, o padre tornou-se, para
alguns, um "coronel de batinas".

“Por oligarquia acciolina entendemos o grupo político liderado por Nogueira Accioly, que
administrou de forma autoritária, nepótica, despótica, corrupta e monolítica o estado do
Ceará entre 1896 e 1912”
(FARIAS, Aírton de, História do Ceará: dos índios a Geração Cambeba; Tropical ,1997.

1- Presidente Hermes da Fonseca; a


Campanha Civilista; Política das
Salvações;1912;
2- Franco Rabelo vs. Accioly;

coronelismo e clientelismo
Para tanto, foi fundamental a adesão à política dos
governadores (um mecanismo de apoio mútuo entre
o presidente da república e os governadores dos
Estados, levando à formação de oligarquias), o apoio
dos coronéis latifundiários, à aliança com fortes
grupos econômicos locais, a prática de nepotismo,
corrupção eleitoral e repressão às oposições.

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 O governador das “salvações”, contudo,


possuía o apoio dos fortalezenses, temerosos
da volta de Accioly e da fúria vingativa deste.
 Diversas vezes, o povo da capital cearense
frustrou as pretensões golpistas dos
opositores de Franco Rabelo.
 Logo, os opositores concluíram que a única
Franco Rabelo forma de acabar com o “salvador” seria com
uma revolta vinda do interior para capital.
Vs.  Dessa maneira, com apoio de Hermes da
Fonseca, Pinheiro Machado, Nogueira Accioly,
João Brígido e outros oligarcas, arquitetaram
um plano golpista nos sertões, onde tinham o
apoio do deputado Floro Bartolomeu de
Juazeiro.
 Padre Cícero Romão Batista temia que
Padre Cícero Rabelo destruísse Juazeiro.

 Franco Rabelo cometeu uma série de equívocos políticos que


colaboraram para a sua queda em 1914. Primeiro a sua adesão à
campanha presidencial de Dantas Barreto, contrária a de Pinheiro
Machado, apoiado por Hermes da Fonseca, o que fez que Rabelo
perdesse o apoio do Governo Federal. Segundo, Rabelo se isolou
no poder com os Paula Rodrigues e marginalizou antigos aliados.
Em terceiro destacou-se o confronto direto com o Padre Cícero.
 Em 1913 Accioly, Floro Bartolomeu e Pinheiro Machado
articulam o golpe.
 A Sedição começa quando as tropas estaduais de Rabelo se
dirigem para levar as “salvações” para Juazeiro, terra
considerada santa pelos sertanejos.
 Franco Rabelo havia, em pouco tempo, perdido o apoio de
muitos políticos que o haviam ajudado a chegar ao poder a
Assembleia Legislativa tentou até mesmo, sem sucesso, votar o
impeachment do "salvacionista".
 Floro e Cícero haviam sido aliados da oligarquia acciolina, e se
constituíram nas figuras centrais da Sedição de Juazeiro. Os
oposicionistas convocaram extraordinariamente a Assembleia
Legislativa em Juazeiro e cassaram o mandato de Rabelo.

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CEARÁ: A REPÚBLICA VELHA


 Rabelo, de Fortaleza, enviou tropas para aquela cidade caririense,
na pretensão de derrotar os golpistas.
 Os sertanejos, incitados pelo Padre Cícero e pelos coronéis,
acreditaram ser aquela uma agressão contra o "Padim Ciço".
Iniciou-se um verdadeiro clima de guerra santa em Juazeiro.
 Após meses de combate, os seguidores de Padre Cícero venceram
as tropas de Rabelo e iniciaram uma longa marcha até Fortaleza,
obrigando Rabelo a renunciar ao governo cearense.
 Em março de 1914 o Marechal Hermes da Fonseca interveio na
política local depondo Rabelo e empossando como presidente
interino o General Setembrino de Carvalho.
 Após a Sedição de Juazeiro, houve um relativo equilíbrio
entre as oligarquias cearenses – nenhuma delas dominou
sozinha o Estado, sendo o povo reprimido em suas manifestações.
Tal quadro se manteria até 1930, quando, com a “Revolução de
30”, houve um reajuste das forças políticas locais.

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4. O período 1930/1964: o Ceará durante o Estado-Novo (1937-1945); repercussões


da redemocratização (1945-1964); “indústria da seca”: DNOCS e SUDENE
 Em 1930, Getúlio Vargas chegava à Presidência da República
através duma “revolução”. Iniciava-se uma nova era para o País:
leis trabalhistas, industrialização de base, centralismo político,
etc.
 A “Revolução” de 1930 começou em outubro daquele ano a
partir de Minas Gerais e se espalhou por todo o país. Na região
Norte do Brasil, o comando coube ao cearense Juarez Távora
e no Ceará ao seu irmão: Fernandes Távora, tendo como
centro difusor do movimento a cidade de Fortaleza.
 Vitoriosa a “Revolução” de 30, passaram os Estados a serem
governados por interventores – indicados por Getúlio e
escolhidos entre os tenentes e civis que haviam apoiado o golpe
varguista. Queria-se, assim, afastar dos governos estaduais as
oligarquias da República Velha e se colocar em prática as
medidas centralizadoras da Era Vargas.

4. O período 1930/1964: o Ceará durante o Estado-Novo (1937-1945); repercussões


da redemocratização (1945-1964); “indústria da seca”: DNOCS e SUDENE
 A Legião Cearense do Trabalho (LCT): foi uma organização
política de inspiração Fascista, antiliberal, anticomunista, católica e
integralista que atuou no Ceará entre 1931-37 e pode mesmo ser
considerada precursora da Ação Integralista Brasileira. Seu
idealizador foi o tenente e intelectual católico Severino Sombra.
 No Ceará, após o afastamento das oligarquais da primeira república,
foi nomeado o primeiro interventor o médico Fernandes
Távora (1931), que governou por pouco tempo, pois continuou com
as práticas políticas do período histórico anterior. Távora, na
realidade, era um dissidente das oligarquias “caídas” em 30.
 O segundo interventor cearense foi Roberto Carneiro de
Mendonça (1931-34), que procurou conciliar os “revolucionários”
de 1930 com os oligarcas da Velha República.
 Em seu período, no ano de 1932, ante fortíssima seca, os cearenses
foram enviados para combater a Revolução Constitucionalista de São
Paulo. Nessa seca, ergueram-se sete campos de contração para
controlar os flagelados da estiagem.

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4. O período 1930/1964: o Ceará durante o Estado-Novo (1937-1945); repercussões


da redemocratização (1945-1964); “indústria da seca”: DNOCS e SUDENE
 Ainda marcou o surgimento dos primeiros aglomerados urbanos em
condições precárias que hoje são chamados de favelas.
 O mais famoso desses abarracamentos foi o do Alto da Pimenta,
que hoje compreende a região que vai da praça da Igreja do Carmo
até a praça Clóvis Beviláqua (mais conhecida como Praça da
Bandeira), sendo lá alocados cerca de 21 mil retirantes.
 No período da seca de 1932 existiam as estradas de Ferro de
Baturité, que ligava a capital até a região do Sertão Central, e a
Estrada de Ferro de Sobral, ligando esta localidade à Fortaleza.
Os retirantes buscavam as estações ferroviárias, pois com a utilização
do trem dinamizava a vinda os sertanejos para a capital.

4. O período 1930/1964: o Ceará durante o Estado-Novo (1937-1945); repercussões


da redemocratização (1945-1964); “indústria da seca”: DNOCS e SUDENE
 Em meio à miséria da população menos favorecida, a elite viu uma
forma de ganhar muito dinheiro, elaborando uma forte propaganda
em torno das calamidades acarretadas pela seca para que o Governo
Federal enviasse mais dinheiro para amenizar os problemas oriundos
da seca, chamamos essa prática de “Indústria da Seca”.
 Tibúrcio Cavalcanti (1931-1933) e Raimundo Girão (1933-35),
foram prefeitos da Fortaleza dos anos trinta que já começaram a
se preocupar com o controle do crescimento da capital. Ambos
mandaram elaborar plantas da cidade para tentar sistematizar a
expansão da capital e, consequentemente, melhorar o sistema de
circulação de pessoas e veículos na cidade.
 Algumas Inovações Urbanas na Fortaleza dos Anos 1930:
Coluna da Hora na Praça do Ferreira em 1933; A energia elétrica
existia na capital desde 1914, porém com a circulação restrita, nos
anos trinta houve a introdução da luz elétrica no espaço público
(1935).

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4. O período 1930/1964: o Ceará durante o Estado-Novo (1937-1945); repercussões


da redemocratização (1945-1964); “indústria da seca”: DNOCS e SUDENE
 Em 1933, convocaram-se eleições para uma Assembleia Constituinte, o que
ensejou a reorganização dos partidos locais. Os tenentes e liberais
apoiadores da “Revolução” de 30 fundaram o Partido Social-Democrático
(PSD), enquanto as tradicionais oligarquias, junto com segmentos
conservadores da Igreja, reuniram-se na Liga Eleitoral Católica (LEC).
 A LEC, por seus vínculos religiosos e apoio dos latifundiários interioranos,
obteve enorme penetração no eleitorado cearense. Dessa maneira, essa
sigla religiosa elegeu a maioria dos deputados constituintes em 1933. A
LEC também apoiava os segmentos fascistas que organizaram por essa
época a AIB (Ação Integralista Brasileira) no Ceará.
 O terceiro interventor foi Felipe Moreira Lima (1934-35), que
realizou uma gestão agitada. Aliado ao PSD, não conseguiu evitar que a
LEC vencesse as eleições para deputado estadual de 1934 e elegesse,
indiretamente, no ano posterior, o novo governador do estado, Menezes
Pimentel. Dessa forma, as antigas oligarquias cearenses da primeira
república retomavam o poder.
 Menezes Pimentel administrou o Ceará por 10 anos, entre 1935 e
1937, como governador legal, e entre 1937 e 1945, como interventor do
Estado Novo. Foi um movimento de muita violência e autoritarismo.

4. O período 1930/1964: o Ceará durante o Estado-Novo (1937-1945); repercussões


da redemocratização (1945-1964); “indústria da seca”: DNOCS e SUDENE
 O quadro político cearense esteve, nesse período, influenciado por duas
associações: a Liga Eleitoral Católica (LEC), que, por seus vínculos
religiosos e apoio dos latifundiários interioranos, obteve grande
penetração no eleitorado cearense e apoiou segmentos fascistas que
organizaram a Ação Integralista Brasileira (AIB) no Ceará; e a Legião
Cearense do Trabalho (LCT), organização operária conservadora,
corporativista, anticomunista e antiliberal (na prática, fascista) que
existiu no Ceará entre 1931 e 1937.
 A Legião Cearense do Trabalho (LCT) foi uma organização operária
conservadora, nacionalista, cristã, paternalista, autoritária,
corporativista, anticomunista e antiliberal, existente no Ceará entre
1931 e 1937, sendo fundada e liderada pelo tenente Severino Sombra.
 A LCT, após o exílio de seu líder Severino Sombra por ter apoiado a
Revolução Constitucionalista de São Paulo em 1932, foi perdendo
poder.
 Ao voltar do exílio, Sombra abandonou a LCT e fundou a Campanha
Legionária, mas não teve sucesso, pois a Igreja prestava agora apoio à
AIB e começavam a surgir entidades operárias de esquerda no Estado.

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CEARÁ: ESTADO NOVO - CALDEIRÃO

 Durante a seca de 1915 e, novamente na estiagem de 1932, foram criados


campos de concentração no Ceará.
 O objetivo destes, era impedir que retirantes fugindo da seca e da
fome, chegassem às grandes cidades. Estes locais de confinamento eram
conhecidos como os currais do governo.
 Um importante movimento social no período varguista foi o Caldeirão.
De forma semelhante a Canudos, ele reuniu cerca de 3 mil pessoas sob a
liderança do beato Zé Lourenço, paraibano que chegara a Juazeiro por
volta de 1890 e era seguidor de Padre Cícero.
 Aconselhado por Padre Cícero a se estabelecer na região e trabalhar
com algumas das famílias de romeiros, arrendou um lote de terra no sítio
Baixa Danta, em Juazeiro do Norte.
 O sítio prosperou e começou a desagradar a parte da elite, sendo
difamado pelos adversários políticos de Padre Cícero. Isso culminou na
exigência do dono do sítio Baixa Danta de que os camponeses e o beato
deixassem a terra.

Movimento messiânico:

Na década de 1920, adversários políticos de padre Cícero e Floro


Bartolomeu, na pretensão de atingir estes, espalharam o boato de que as
pessoas de Baixa D’anta estavam cultuando a um boi como se fosse santo.
Lourenço foi preso, sendo o boi morto. Pouco depois, o novo dono do
sítio Baixa D’anta exigiu que o beato e os camponeses deixassem a terra.

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CEARÁ: ESTADO NOVO - CALDEIRÃO


 Instalando-se no sítio Caldeirão, no Crato, propriedade
de Padre Cícero, os camponeses formaram uma pequena
sociedade coletiva e igualitária, prosperando tanto que
chegaram a vender os excedentes nas cidades vizinhas.
 O sítio tornou-se, portanto, um "mau exemplo" para os
sertanejos e desagradou fortemente à Igreja e aos
latifundiários que perdiam a mão-de-obra barata.
 As difamações culminaram com a acusação de que o beato
Zé Lourenço era agente bolchevique! Quando Padre
Cícero morreu, em 1934, as terras foram herdadas pelos
padres salesianos, e os camponeses do Caldeirão ficaram
desamparados.
 Em setembro de 1936, a comunidade é dispersa e o sítio é
incendiado e bombardeado. Zé Lourenço e seus
seguidores rumaram, então, para uma nova
comunidade.

CEARÁ: ESTADO NOVO - CALDEIRÃO


 Lourenço e sua gente instalaram-se, então, no alto da Serra
do Araripe e reorganizaram uma nova comunidade.
Alguns moradores, liderados por Severino Tavares, queriam
vingança e, realizando uma emboscada, mataram alguns
policiais.
 Enviou-se em seguida, em maio de 1937, um grande
contingente policial para a Serra do Araripe, massacrando os
camponeses. Não se sabe quantos morreram. (estima-se entre
trezentos e mil mortos).
 José Lourenço conseguiu escapar, retornando mesmo depois
ao Caldeirão – as autoridades convenceram-se de que ele não
participara da emboscada aos policiais. Mas, no final de 1939,
retirou-se da terra por nova pressão dos salesianos. Comprou
um pequeno sítio, o “União”, em Exu (PE), vivendo em paz até
1946, quando veio a falecer. Seu corpo está enterrado em
Juazeiro.

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4. O período 1930/1964: repercussões da redemocratização (1945-1964)


 Durante o Estado Novo (1937-45), foi o Ceará administrado
pelo interventor Menezes Pimentel (que governava já desde
1935), nomeado por Vargas. Nessa fase de autoritarismo, censura,
torturas e repressão, as atividades políticas cearenses praticamente
inexistiram.
 Por volta de meados da década de 1940, a capital cearense possuía
uma população estimada em aproximadamente 270 mil habitantes.
 Foi nos anos quarenta que os padrões culturais da Belle époque
declinaram de vez e emergiu uma nova influência cultural, pautada
na americanização dos costumes. Nesses anos a cultura dos
EUA começaram a entrar em massa no país como um todo. O
cinema e os produtos dos EUA (Coca Cola, Mc Donalds, plásticos
etc.)
 Um momento importante dessa influência estadunidense se deu
com a montagem de uma base militar dos EUA em
Fortaleza entre os anos de 1942-43 nas localidades que hoje são os
bairros do Pici e Aerolândia (antigo Alto da Balança).

4. O período 1930/1964: repercussões da redemocratização (1945-1964)

 Com o envolvimento do Brasil na II Guerra Mundial


(1939-45), montou-se uma base norte-americana em
Fortaleza, mudando os hábitos locais e empolgando a
população, que realizou diversos atos, manifestos e passeatas
contra o nazismo.
 Ao mesmo tempo, uma intensa propaganda governamental
influenciava os sertanejos a migrar para a Amazônia e explorar
látex nos seringais da região num “esforço de guerra”. Milhares
de cearenses foram para o norte em busca de “tempos novos” –
a maioria só encontrou miséria e até mesmo a morte na floresta.
Era a “Batalha da Borracha”.
 No Ceará, como no restante do Brasil, as manifestações contra o
nazismo passaram a criticar igualmente a ditadura getulista. E o
Estado Novo caiu como um castelo de areia.

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Assim fora criado o Serviço Especial de Mobilização


de Trabalhadores para a Amazônia, o SEMTA. A sede
era em Fortaleza, por trás do atual CEFET, no bairro
do Benfica.
Muito era prometido para os soldados da borracha,
mas pouco era cumprido.

4. O período 1930/1964: repercussões da redemocratização (1945-1964)


 O País se “redemocratizava”, marcando-se eleições e formando-se
partidos nacionais.
 Assim, os opositores ao interventor Menezes Pimentel
organizaram a secção local da União Democrática Nacional (UDN),
enquanto o interventor fundava o Partido Social Democrático (PSD).
Eram agremiações conservadoras, elitistas, sem muito conteúdo
ideológico.
 Também surgiu uma secção do Partido Comunista do Brasil (PCB) –
apesar de toda a campanha anticomunista movida pela classe
dominante e pela igreja Católica, então chefiada pelo bispo Dom
Almeida Lustosa.
 Da mesma forma, organizou-se o Partido Social Progressista (PSP),
chefiado por Olavo Oliveira, que pelo menos na década de 50,
atuaria como “fiel da balança” nas disputas eleitorais cearenses.
 A demissão de Menezes Pimentel da interventoria local e a coligação
entre PSP e UDN deram aos udenistas a vitória nas eleições de 1947,
elegendo o governador Faustino Albuquerque.

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4. O período 1930/1964: repercussões da redemocratização (1945-1964)


• O período de República Nova no Ceará
tem início com a eleição de Faustino
de Albuquerque (1947-51) pela UDN.
• Durante seu governo, nas eleições de
1950, o candidato udnista a presidência,
Eduardo Gomes, obteve a maior
votação colocando Getúlio Vargas em 3º
colocado no estado.
• Para a direção do governo estadual é eleito Raul Barbosa
(1951-54) que foi um dos reesposáveis, junto com os
parlamentares cearenses, pela campanha de obtenção da
sede do Banco do Nordeste do Brasil, fundado em 1952,
para Fortaleza.

• No mesmo ano o governo federal inaugurou oficialmente o


Porto do Mucuripe. Em seu entorno foram instalados usinas
termoelétricas para dotar Fortaleza de energia elétrica em
abundância.

4. O período 1930/1964: repercussões da redemocratização (1945-1964)


 Durante a década de 1950 surgiram ou se fortaleceram vários
dos maiores grupos econômicos do Ceará: Deib Otoch, J. Macêdo,
M. Dias Branco, Grande Moinho Cearense e Edson Queiroz. Paulo
Sarasate foi o terceiro governador eleito no período.
 Ainda na década de 1950 tem início uma nova onda migratória para
vários estados e regiões.
 Em uma década, entre 1950 e 1960, o estado decaiu a taxa de
representação da população brasileira, de 5,1% para 4,5%.
 Em 1955 a cearense Emília Barreto Correia Lima foi eleita Miss Brasil.
 Em 1958 foi eleito Parsifal Barroso (1959-63) que teve a ajuda do
governo federal para combater as mazelas decorrentes de secas, sendo a
principal obra o Açude Orós inaugurado em 1961. Em Fortaleza foi
inaugurado o Cine São Luis.
 O governador inicia a construção da nova sede do governo, o Palácio
da Abolição, em 1962 e no mesmo ano é criado o Banco do Estado do
Ceará (BEC).

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4. O período 1930/1964: repercussões da redemocratização (1945-1964)


 A partir de mais ou menos 1954, um novo partido iria superar o “olavismo”
como “fiel da balança”, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), sobre a
chefia do rico comerciante Carlos Jereissati – vinculado nacionalmente
ao getulismo e a João Goulart.
 Foram governadores do Ceará nesse período:
o Faustino Albuquerque (UDN 1947-51);
o Raul Barbosa (PSD 1951-54);
o Paulo Sarasate (UDN 1955-58);
o Parsifal Barroso (PSB, PTB 1959-63);
o Virgílio Távora (UDN- PSD/“União Pelo Ceará” 1963-66).
 Com Távora no governo, teve-se o incremento da “modernização
conservadora” cearense, baseada na industrialização (influência direta
do “nacional-desenvolvimentismo”).
 Daí Virgílio ter se esforçado para trazer para o Ceará a energia de Paulo
Afonso, atrair indústrias do Sudeste, conseguir recursos da SUDENE, BNB
e Governo Federal, criar o Banco do Estado do Ceará (BEC) para facilitar
financiamentos e instalar o Primeiro Pólo Industrial, em Maracanaú.
 Com o golpe de 1964, ocorrem várias prisões de militantes de
esquerda e cassações de parlamentares.

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4. O período 1930/1964: repercussões da redemocratização (1945-1964)


 Em 1963 Virgílio Távora foi eleito governador do Ceará. Seu mandato foi até o
fim em 1966, mesmo com o surgimento da Ditadura militar em 1964.
 Seu governo foi marcado pela criação do "PLAMEG I" Plano de Metas do
Governo que visou a modernização da estrutura do estado com a ampliação do
porto do Mucuripe e a transmissão da energia de Paulo Afonso.
 Foram criados ou instalados também em seu governo o Distrito Industrial de
Maracanaú, o BEC, a CODEC e da Companhia DOCAS do Ceará. Com o AI2,
Virgílio aderiu à ARENA, e seu vice Figueiredo Correia ao MDB.

4. O período 1930/1964: “indústria da seca”: DNOCS e SUDENE.


 Indústria da seca no nordeste brasileiro: local de projetos faraônicos e que não
contemplar a população mais carente. A seca virou um negócio lucrativo.
 É uma terminologia que denomina a estratégia de alguns políticos, no nordeste
brasileiro, que aproveitam a seca para ganho próprio.
 Essa expressão foi cunhada por Antônio Callado, na década de 1960, para
denunciar os problemas sociais no chamado “polígono da seca”.
 Há até registro da falta de chuvas por cinco anos, como ocorreu de 1979 a 1984.
 Os “industriais da seca” se utilizam da calamidade para conseguir mais verbas,
incentivos fiscais, concessões de crédito e perdão de dívidas valendo-se da
propaganda de que o povo está morrendo de fome.
 O grande exemplo de desperdício de dinheiro público é o Açude do Cedro, em
Quixadá (CE). A autorização para sua construção foi dada por D. Pedro II, mas ele só
foi construído na República Velha. A grade de ferro que compõe a varanda, sobre a
barragem principal, foi importada da Inglaterra e a cerâmica, de Portugal.
 Uma obra tão cara e monumental que atualmente está tombado pelo Patrimônio
Histórico Nacional e é forte candidata ao título de Patrimônio da Humanidade pela
UNESCO. Só que esse sofisticado açude secou completamente na pior das secas,
entre 1930 e 1932. Quando mais se precisou dele.

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4. O período 1930/1964: “indústria da seca”: DNOCS e SUDENE.


• O rio São Francisco, conhecido por Velho Chico, é um dos mais importantes cursos de
água do Brasil e da América do Sul. O rio passa por cinco estados e 521 municípios,
nascente histórica na serra da Canastra, em Minas Gerais. Seu percurso atravessa os
estados de Minas Gerais e da Bahia, determina ao norte a fronteira entre a Bahia
e Pernambuco e constitui a divisão natural entre os estados de Sergipe e Alagoas, vindo
por fim a desaguar no Oceano Atlântico.
• A transposição do rio São Francisco é um projeto de deslocamento de parte das águas
do rio São Francisco, no Brasil, nomeado, pelo governo brasileiro, Projeto de Integração
do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional.
• O projeto do governo federal, do Ministério do Desenvolvimento Regional. A obra
original prevê a construção de mais de 700 quilômetros de canais de concreto em dois
grandes eixos (Norte e Leste) ao longo do território de quatro estados
(Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte) para o desvio das águas do rio. Ao
longo do caminho, o projeto prevê a construção de nove estações de bombeamento de
água. Mais tarde aventou a possibilidade do chamado eixo Sul, abrangendo
a Bahia e Sergipe e eixo oeste, no Piauí.
• Iniciada em 2007, a conclusão da transposição estava originalmente planejada para
2012, mas atrasos mudaram a data prevista para 2022.
• A ideia de transposição das águas do rio São Francisco remonta à 1847, no tempo
do Império do Brasil sob o reinado de Dom Pedro II. Os dois anos de estiagem que o
Nordeste enfrentou – de 1844 a 1845.

4. O período 1930/1964: “indústria da seca”: DNOCS e SUDENE.


• O Eixão das Águas é um conjunto de obras hídricas que realiza a transposição das águas
do Açude Castanhão para a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), reforçando o
abastecimento, em uma extensão de 255 quilômetros, incluindo o Complexo Industrial e
Portuário do Pecém. A infraestrutura em questão foi planejada em duas etapas. A
primeira, concluída em 2013.
• Trecho 1 – Açude Castanhão ao Açude Curral Velho;
• Trecho 2 – Açude Curral Velho à Serra do Félix;
• Trecho 3 – Serra do Félix ao Açude Pacajus;
• Trecho 4 – Açude Pacajus aos açude Gavião;
• Trecho 5 – Açude Gavião ao Porto do Pecém.
• Maior obra de infraestrutura hídrica do Estado, o Cinturão das Águas nasce na divisa do
Ceará com Pernambuco, no Sul do Estado. Aproveitando a entrada das águas
transferidas do Rio São Francisco
• Em 26 de junho de 2020, foi inaugurado um trecho do Eixo Norte, que leva água do rio
São Francisco ao estado do Ceará, com a passagem das águas do Reservatório Milagres
(em Verdejante, Pernambuco) para o Reservatório Jati (CE).[6]
• De Jati, percorre o Cinturão das Águas, num trecho de 53 km, até o riacho Seco, em
Missão Velha, fluindo pelo rio Salgado e rio Jaguaribe, até alcançar o açude Castanhão, o
que ocorreu em 10 de março de 2021

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4. O período 1930/1964: “indústria da seca”: DNOCS e SUDENE.


• Depois da seca de 1877-79, o imperador envia uma equipe de engenheiros para a região
nordestina para estudar as possibilidades de projetos. Os resultados, realizados por
engenheiros brasileiros e ingleses, indicaram a construção de barragens ou açudes (do
Cedro). A ordem de construção foi dada por D. Pedro II em decorrência do grande impacto
social provocado pela seca de 1877, porém o início das obras deu-se durante os governos
republicanos entre 1890 e 1906.
• A discussão foi retomada em 1943 pelo Presidente Getúlio Vargas.
• O primeiro projeto consistente surgiu no governo João Batista de Oliveira Figueiredo,
quando Mário Andreazza era Ministro do Interior, após uma das mais longas estiagens da
história (1979-1983) e foi elaborado pelo extinto Departamento Nacional de Obras e
Saneamento (DNOS).
• Em 1991 a 1993, houve uma seca menos intensa, mas ampla que atingiu também Fortaleza,
no Ceará, e Campina Grande, na Paraíba. No âmbito regional, Ciro Gomes, então o
governador do Ceará, construiu o Canal do Trabalhador em apenas 90 dias para abastecer
Fortaleza, trazendo águas do Rio Jaguaribe.
• No dia 9 de fevereiro de 2022, no Governo Jair Bolsonaro, após mais de 13 anos de espera, o
Governo Federal finalizou partes da transposição do Rio São Francisco, concluindo as obras
dos eixos Norte e Leste do Projeto Original de Integração do Rio São Francisco, além do ramal
do Agreste. O governo também iniciou as obras dos ramais do Apodi, no Rio Grande do
Norte e do Salgado, no Ceará. Além disso, o Cinturão das Águas do Ceará (CAC), as Vertentes
Litorâneas da Paraíba, a Adutora do Agreste Pernambucano e o Canal do Xingó, em Sergipe
também ainda estão em obras.

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4. O período 1930/1964: “indústria da seca”: DNOCS e SUDENE.


O Departamento Nacional de Obras Contra as
Secas (DNOCS) é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério
do Desenvolvimento Regional e com a sede da administração
central em Fortaleza.
Depois do outro período de seca o Império iniciou projetos sociais
e de infraestrutura (Açude do Cedro), para amenizar as
consequências das estiagens, fato que resultou com criação da
Comissão de Açudes e Irrigação (atualmente DNOCS).
Constitui-se na mais antiga instituição federal com atuação
no Nordeste. Criado sob o nome de Inspetoria de Obras Contra as
Secas (IOCS), em 21 de outubro de 1909.
Em 1919, recebeu ainda o nome de Inspetoria Federal de Obras
Contra as Secas (IFOCS), até que, em 1945, passa a chamar-se
DNOCS.
Com o trabalho do DNOCS, várias barragens foram construídas em
todos os estados do Nordeste. Na década de 1930, foi
instituído o polígono das secas, no qual a quase
totalidade do território cearense está inserido.

4. O período 1930/1964: “indústria da seca”: DNOCS e SUDENE.


 O DNOCS realizou a construção de mais de 300 açudes públicos de
médio e grande porte em toda a região semiárida brasileira durante
seus 100 anos de existência.
 Os açudes têm a função de estocar a água acumulada durante os
períodos de chuvas para que possa ser utilizada nos períodos secos.
 A água acumulada nos açudes permite tornar perenes diversos rios
intermitentes.
 Entre as maiores obras de engenharia do órgão, incluem-se os
açudes públicos do Orós e do Castanhão, ambos no Estado
do Ceará, e o do Açu, no Rio Grande do Norte, todos com
capacidade de armazenamento superior a 1 bilhão de metros
cúbicos.
 Além da construção de açudes, o DNOCS atua em diversas outras
áreas, como a perfuração de poços artesianos e o fomento
à piscicultura, este último sendo um ramo ao qual o órgão tem
dedicado bastante atenção nas últimas décadas.
 O Centro de Pesquisas em Piscicultura do DNOCS, situado no
município cearense de Pentecoste.

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4. O período 1930/1964: “indústria da seca”: DNOCS e SUDENE.


 A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE)
é uma autarquia especial, administrativa e financeiramente autônoma,
integrante do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, criada em
3 de janeiro de 2007, com sede e foro na cidade do Recife, estado
de Pernambuco, e vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional.
 A missão institucional da Sudene é de "promover o desenvolvimento
includente e sustentável de sua área de atuação e a integração competitiva
da base produtiva regional na economia nacional e internacional".
 Estão sob jurisdição da Sudene os estados de Alagoas, Bahia,
Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Sergipe e, parcialmente, os estados de Minas Gerais e do Espírito
Santo.
 A primeira tentativa de criação de um órgão de fomento ao
desenvolvimento do nordeste do Brasil se deu com o Grupo de Trabalho
para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN).
 Em 1958 o GTDN foi transformado em Conselho de Desenvolvimento do
Nordeste (Codeno).
 Até hoje a Sudene não obteve os resultados esperados. Criou-se a
expressão "indústria da seca" para justificar a existência do órgão e da
promoção de muitos políticos.

Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: PM-CE Prova: FGV - 2021 - PM-CE - Soldado da Polícia
Militar
A respeito da criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene),
avalie as afirmativas a seguir e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a falsa.
( ) Sua instituição partiu da definição do espaço que seria compreendido como Nordeste
e passaria a ser objeto da ação governamental: os estados do Ceará, Maranhão, Piauí,
Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte de Minas
Gerais.
( ) Sua criação resultou da percepção de que, mesmo com o processo de industrialização,
crescia a diferença entre o Nordeste e o Centro-Sul do Brasil, sendo necessário haver
uma intervenção direta e planejada na região, para incentivar o seu desenvolvimento.
( ) A Sudene foi criada como uma autarquia subordinada diretamente à Presidência da
República, e sua secretaria executiva coube a Celso Furtado que, de 1959 a 1964, foi
responsável pela estratégia de atuação do órgão.
As afirmativas são, na ordem apresentada, respectivamente,
a) V – F – F.
b) V – V– F.
c) F – V – F.
d) F – F – V.
e) V – V – V

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RESPOSTA: E
https://jk.cpdoc.fgv.br/fatos-eventos/superintendencia-desenvolvimento-nordeste-
sudene#:~:text=A%20Sudene%20foi%20criada%20como,A%20opera%C3%A7%C3%A3o%20Nor
deste%2C%20de%201959.
A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, criada pela Lei no 3.692, de 15 de
dezembro de 1959, foi uma forma de intervenção do Estado no Nordeste, com o objetivo de
promover e coordenar o desenvolvimento da região. Sua instituição envolveu a definição do
espaço que seria compreendido como Nordeste e passaria a ser objeto da ação
governamental: os estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte de Minas Gerais. Esse conjunto, equivalente a
18,4% do território nacional, abrigava, em 1980, cerca de 35 milhões de habitantes, o que
correspondia a 30% da população brasileira.
A criação da Sudene resultou da percepção de que, mesmo com o processo de industrialização,
crescia a diferença entre o Nordeste e o Centro-Sul do Brasil. Tornava-se necessário, assim,
haver uma intervenção direta na região, guiada pelo planejamento, entendido como único
caminho para o desenvolvimento.
Entre as causas imediatas da criação do órgão, pode-se citar a seca, de 1958, que aumentou o
desemprego rural e o êxodo da população. Igualmente relevante foi uma série de denúncias que
revelaram os escândalos da "indústria das secas": corrupção na administração da ajuda dada
pelo governo federal através das frentes de trabalho, existência de trabalhadores fantasmas,
construção de açudes nas fazendas dos "coronéis", etc. Ou seja, denunciava-se que o latifúndio
e seus coronéis - a oligarquia agrária nordestina - tinham capturado o Departamento Nacional
de Obras Contra as Secas (DNOCS), criado em 1945, da mesma forma como anteriormente
tinham dominado a Inspetoria de Obras Contra as Secas, de 1909.

No esforço de criação da Sudene estiveram presentes empresários industriais,


políticos interessados no desenvolvimento industrial da região, representantes de
forças populares e de esquerda - como Francisco Julião, das Ligas Camponesas -,
além de membros da Igreja envolvidos em ações de combate à pobreza - como D.
Eugênio Sales e D.Helder Câmara. Essas forças se uniram contra aqueles que
defendiam o latifúndio, tinham tomado conta do DNOCS e eram contra a criação do
novo órgão. A Sudene pode ser tomada assim como exemplo empírico da divisão
existente na sociedade brasileira, segundo as análises produzidas pelo Instituto
Superior de Estudos Brasileiros (ISEB).
A Sudene foi criada como uma autarquia subordinada diretamente à presidência
da República, e sua secretaria executiva coube a Celso Furtado. De 1959 a 1964,
Celso Furtado foi responsável pela estratégia de atuação do órgão, definida a partir
do diagnóstico apresentado em seu livro A operação Nordeste, de 1959.
A partir de 1964, a Sudene foi incorporada ao Ministério do Interior, e sua
autonomia, seus recursos e objetivos foram enfraquecidos e deturpados. A Sudene
foi fechada em maio de 2001, a partir de denúncias de que estava favorecendo
clientelas.
Órgão criado para diminuir as diferenças entre o Nordeste e o Sul-Sudeste, a Sudene
falhou, segundo a análise do sociólogo Francisco de Oliveira. O número de empregos
industriais criado foi insuficiente para resolver os problemas estruturais da região, os
padrões de miséria foram mantidos, e as migrações não cessaram. Em termos de
concentração de renda, nada mudou.

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4. O período 1930/1964: repercussões da redemocratização (1945-1964)

1- O CEARÁ GETULISTA -1930-1945

1. Os primeiros interventores foram Fernandes


Távora e o capitão Carneiro de Mendonça ;
dificuldades de “acomodação” das diferentes forças
políticas.

2- A constante e implacável perseguição estatal aos


grupos políticos comunistas, populares e
independentes do Estado abriu espaço para
movimentos conservadores como a Legião Cearense do
Trabalho (LCT) e Círculos Operários Católicos (COC)

3- A professora Simone de Sousa, da


Universidade Federal do Ceará, define a
atuação da Liga Eleitoral Católica, dos Círculos
Operários Católicos e da Legião Cearense do
Trabalho da seguinte forma:

“... colaboram (...) na montagem de um projeto


político para o operariado cearense, educando-
o para, juntamente como os patrões, fundarem
uma sociedade em que a organização
corporativista das classes impede as
manifestações dos conflitos sociais.”

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4- O Estado Novo no Ceará:


4.1- O governador Menezes Pimentel – 1934/1945

A- Lei de Segurança Nacional – fechamento da ANL

B- O Departamento Estadual de Imprensa e


Propaganda (DEIP) - Ceará Rádio Club

C- O autoritarismo, a repressão e as perseguições aos


opositores do regime varguista

D- Delegacia de Ordem Política e Social (DEOPS)

E- Perseguições e prisões: Jader de Carvalho, Rachel de


Queiroz ; morte de lideres comunistas, como Miguel Pereira
Lima (o “Amaral”) e Luís Miguel dos Santos (“Luis Pretinho”).

O CEARÁ NA DEMOCRACIA “POPULISTA”


(1945 A 1964):
1- A grande novidade desse período foi o surgimento e
organização dos primeiros partidos nacionais, tais
como o Partido Social Democrático (PSD), o Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB), a União Democrática
Nacional (UDN) e o Partido Social Progressista (PSP)
A- Fernandes Távora (UDN), Olavo Oliveira (PSP), Carlos
Jereissati (PTB) e Menezes Pimentel (PSD)
B- Na capital, Fortaleza, destacou-se a liderança de Acrísio
Moreira da Rocha

C- Entre 1945 e 1964 houve uma alternância no poder entre os


partidos políticos e lideranças oligárquicas que migravam de
um partido para outro de acordo com os seus interesses
pessoais.

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5- O CEARÁ NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

5- O CEARÁ NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

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5. Os governos militares e o “novo” coronelismo;


a “modernização conservadora”. (1964-1985)
 O golpe de 1964 ocorreu exatamente um ano após a posse de Virgílio
Távora. O coronel ficou então dividido, pois, apesar de criticar as
“Reformas de Base” de João Goulart, era seu amigo pessoal e fora
dele ministro.
 Essa aproximação de Távora com Jango fez até com que alguns
militares “linha dura” pedissem a cassação do governador.
 Távora escapou da deposição por sua amizade com Castelo Branco e
influência do tio, Juarez Távora, junto aos golpistas.
 A longo prazo, a Ditadura acabou beneficiando Távora, pois,
contando com a amizade do presidente (cearense) Castelo Branco,
obteve, além de prestígio político, muitos recursos para seus projetos
industrialistas.
 Em 2 de fevereiro de 1965, aproximadamente 50 mil pessoas se
espremem na Praça da Matriz no bairro Otávio Bonfim, em Fortaleza,
à espera do início da cerimônia que demarca a transmissão de
energia elétrica da Usina de Paulo Afonso (BA) para o Ceará.

5. Os governos militares e o “novo” coronelismo;


a “modernização conservadora”. (1964-1985)
 A energia de Paulo Afonso foi sua pedra angular, mas o gestor se
notabilizou noutras áreas — a Secretaria da Cultura do Ceará (Secult)
foi criada por ele. Foi "mudancista" antes de Tasso Jereissati, eleito
governador no fim dos anos 1980.
 As esquerdas buscaram se reorganizar após o Golpe de 64, tendo
grande influência junto ao movimento estudantil através do PORT
(Partido Operário Revolucionário Trotskista), AP (Ação Popular) e
PCdoB. O Partido Comunista do Brasil liderou o movimento
estudantil universitário e instalou campos de treinamentos de
guerrilheiros visando apoiar a futura guerrilha do Araguaia.
 ALN (Ação Libertadora Nacional) e PCBR (Partido Comunista
Brasileiro Revolucionário) fizeram ações armadas no Ceará.
 Na sucessão, Távora não conseguiu indicar um nome de seu agrado.
 O quadro político mudara com a instalação do bipartidarismo no país
(no Ceará, a ARENA reuniu a maior parte dos políticos da UDN, do
PSD e do PSP, enquanto no MDB ingressaram políticos do PTB, das
esquerdas e uma ala do PSD, chefiada por José Martins Rodrigues).

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5. Os governos militares e o “novo” coronelismo;


a “modernização conservadora”. (1964-1985)
 Com a determinação de eleições indiretas para governador
(seria este escolhido pelos deputados estaduais, embora, na
prática, apenas se referendasse o nome indicado pelos
militares).
 Paulo Sarasate, amigo de Castelo Branco e ardoroso defensor
da “Revolução” de 1964, conseguiu que fosse eleito, para
surpresa geral, o obscuro deputado Plácido Aderaldo
Castelo, que governa o Estado entre 1966-71.
 Durante seu governo houve perseguição política a deputados e
várias manifestações com a prisão e tortura de estudantes e
trabalhadores, tendo ocorrido inclusive atentados a bomba em
Fortaleza.
 Criado o BANDECE e a pavimentação da rodovia CE060, a
rodovia "do algodão". Também tem início as obras do estádio
Castelão.

5. Os governos militares e o “novo” coronelismo;


a “modernização conservadora”. (1964-1985)
 Em 1971, com as bênçãos do presidente da República, Médici, e a
pressão dos militares do Recife, foi indicado para governar o Ceará um
tecnocrata, o coronel e engenheiro César Cals de Oliveira (1971-75), o
que não agradou a Vírgílio Távora, que contava em voltar ao poder.
 Durante o governo de César Cals se sucedeu o auge da repressão
militar. Vários cearenses de esquerda estiveram envolvidos na Guerrilha
do Araguaia.
 Cals procurou governar tecnocraticamente, formando sua própria
facção política rompendo com Virgílio Távora.
 Concomitantemente, dentro da ARENA fortalecia-se o grupo do coronel
Adauto Bezerra, figura vinda de uma poderosa família de Juazeiro,
ligada ao cultivo de algodão e ao ramo bancário.
 Surgiam assim os famosos três “coronéis do Ceará”, todos militares
de carreira, Vírgílio Távora, César Cals e Adauto Bezerra, que, nos anos
de 1970 e início da década de 1980, dominaram politicamente o Estado.
Tinham entre si um acordo (“Acordo dos Coronéis”) que os mantinha na
“cúpula” do Estado e “dividia” as bases entre eles, não deixando espaços
para o MDB local.

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5. Os governos militares e o “novo” coronelismo;


a “modernização conservadora”. (1964-1985)
 Após a administração de César Cals (1971-75), foi a vez de Adauto
Bezerra assumir o poder local, governando entre 1975-78.
 Seu sucessor, Adauto Bezerra (mandato de 1975 a 1978) não
acontecem grandes mudanças.
• Adauto volta-se politicamente para o interior com a criação de uma
secretaria de assuntos municipais.
• Renuncia seu mandato para se eleger deputado federal. O vice-
governador Waldemar Alcântara (1978-79) toma posse e termina
o mandato.

5. Os governos militares e o “novo” coronelismo;


a “modernização conservadora”. (1964-1985)
 No ano de 1979, Virgílio Távora, com o apoio
de Geisel, regressou ao governo cearense (1979-
82), sendo o último eleito indiretamente e
resgata seu primeiro governo com a criação do
PLAMEG II, consolidou a transição para a
“modernidade conservadora”, com obras
estruturais e de cunho industrialista, como o
sistema Pacoti-Riachão, a energização rural e o
término do Distrito Industrial.
 Inicia a industrialização da região noroeste do
Ceará e cria o PROMOVALE (projetos de
irrigação) e sua esposa, a primeira dama Luiza
Távora implementa projetos sociais como a
Central de Artesanato do Ceará.
 Seu governo foi marcado pela ausência, quase
que total, de oposição na Assembleia,
nomeações aproximadas de 16.000 pessoas para
cargos públicos e várias greves.

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5. Os governos militares e o “novo” coronelismo;


a “modernização conservadora”. (1964-1985)
 Com a “distensão política” e a “abertura democrática” ocorridas
no País no final da década de 1970 (a ARENA virou PDS e o
MDB, PMDB), o acordo dos coronéis passou a se desestruturar.
 Em 1982, os três coronéis disputavam acirradamente
nos bastidores a indicação de quem seria o novo
governador do estado. Ante o impasse, a questão sucessória
foi levada ao presidente Figueiredo, que firmou o “Pacto de
Brasília”, pelo qual os coronéis dividiriam o Estado entre si, na
base dos 33% dos cargos públicos de lº e 2º escalões, além dos
cargos executivos.
 Gonzaga Mota, “um homem neutro” (na prática, ligado a
Virgílio Távora), seria o governador, cabendo a Adauto o cargo
de vice, a Virgílio, uma vaga no Senado e a César Cals, a
prefeitura de Fortaleza. Assim ocorreu nas eleições de 1982.

5. Os governos militares e o “novo” coronelismo;


a “modernização conservadora”. (1964-1985)
 Gonzaga Mota (1983-87) foi eleito pelo voto
popular tomando posse em 1983 e rompe com os
coronéis anteriores para criar seu próprio grupo
político.
 Seu rompimento rendeu-lhe ataques do regime
militar com a suspensão de verbas federais.
 Mas foi ilusória a vitória dos coronéis. Estes haviam
preparado a “modernidade” do estado, mas suas
práticas autoritárias e clientelistas ironicamente os
enfraqueceriam.
6. A “nova” República: os “governos das
mudanças”.
 Abria-se espaço para novas forças políticas: em
1985, Maria Luiza Fontenelle, do PT, era eleita
prefeita de Fortaleza.
 Em 1986, um grupo de “jovens empresários”, um
deles Tasso Jereissati, passaria a governar o
Ceará. Eram tempos de “mudanças”.

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5. Os governos militares e o “novo” coronelismo;


a “modernização conservadora”. (1964-1985)
 No final da ditadura militar, a cultura cearense veio acompanhada pela
música dos artistas autointitulados Tertúlias-Etílico-Litero-Musical e
Badernosas. Essa era uma turma que frequentava a universidade pública e o
bar do Anísio onde se bebia todas as fossas, todas as alegrias e se aguardava
o sol.
 Suas produções forjaram projeção nacional, sendo que em março de 1979 o
Teatro José de Alencar, em Fortaleza, promoveu a abertura de suas portas
durante quatro dias para apresentações de mais de 400 artistas, com
músicas, poemas, peças teatrais, fotografias e filmes, entre eles o “Pessoal
do Ceará”.
 Desse evento formou-se a Massafeira Livre (1978-80), movimento
cultural livre que, devido ao grande número de músicos, resultou na
produção de um álbum duplo, tendo posteriormente maior projeção com
artistas como Ednardo, Belchior e Fagner.
 Em um primeiro momento, responderam às opressões e falta de liberdade
imposta pela ditadura militar, posteriormente voltou-se para o apelo
popular.

6. A “nova” República: (1985-hoje)


os “governos das mudanças”. (1986-2002)
 A Nova República começa no Ceará com a eleição de Maria Luiza
para o cargo de prefeita de Fortaleza em 1986.
 Foi a primeira prefeita de capital estadual eleita pelo Partido dos
Trabalhadores e o primeiro político do sexo feminino a ser eleito para
esse cargo após o regime militar.
 A insatisfação com a política praticada durante a ditadura militar e o
movimento de redemocratização impulsionam as transformações no
poder político, com a decadência da hegemonia tradicional do
coronelismo.
 Gonzaga Mota deixa o governo com pagamentos atrasados ao
funcionalismo e descontrole nas contas públicas, mas seu candidato, o
empresário Tasso Jereissati, consegue se eleger com a promessa de
modernizar a administração pública, afastando-se do clientelismo dos
governos anteriores; promover a austeridade fiscal; e desenvolver a
economia estadual.
 Em 1986, Tasso Jereissati era eleito governador do Ceará,
derrotando os três famosos coronéis do Ceará, Adauto, Vírgílio e César,
e inaugurando uma nova etapa política no estado.

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6. A “nova” República: (1985-hoje)


os “governos das mudanças”. (1986-2002)
 Mas tal fato não foi ocasional. Na realidade, enquadra-se dentro de
um projeto político burguês-capitalista, com origens no ano de 1978,
quando “jovens empresários” assumiram o controle do Centro
Industrial Cearense (CIC).
 Até aquela data, a chefia do CIC era ocupada pelo presidente da
Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FlEC).
 Esses “jovens empresários”, como Beni Veras, Tasso Jereissati,
Amarílio Macedo, Sérgio Machado e Assis Machado Neto, tornam o
CIC um centro de debates e gestam uma candidatura ao governo.
 Embora tenha o CIC de início mantido boas relações com os coronéis
(por exemplo, apoiaram a candidatura de Gonzaga Mota ao governo
em 1982), criticavam duramente o excessivo intervencionismo do
Estado na economia, a corrupção, o clientelismo e outros problemas
da máquina pública, pregando uma gestão “moderna”, (neo) liberal
no Ceará e empresarial para “acabar com a miséria”.
 A oportunidade para os “jovens empresários” assumirem o governo
dar-se-ia em 1986.

6. A “nova” República: (1985-hoje)


os “governos das mudanças”. (1986-2002)
 Gonzaga Mota (PMDB), já rompido com seus “padrinhos políticos”
(os coronéis), resolveu apoiar um nome do CIC para concorrer a sua
sucessão: Tasso Jereissati. Este, valendo-se do sucesso nacional do
Plano Cruzado, da crise e decadência das “velhas” elites chefiadas
pelos coronéis e contando com o apoio e simpatia de amplos
segmentos sociais (até das esquerdas), derrota o candidato do PFL
(dissidente do PDS, atual DEM), coronel Adauto Bezerra.
 Encontrando o Estado em lastimável situação financeira, Tasso, sob
o lema “Governo das Mudanças”, buscou moralizar a máquina
pública, diminuindo o nepotismo e o empreguismo – embora
achatando o salário dos servidores públicos e tenha com estes uma
relação de atritos.
 A nova gestão passa a se autodenominar "Governo das
Mudanças". Nas duas décadas seguintes, Jereissati e seus aliados
passam a deter a hegemonia política no Estado, e rapidamente
perdem a aliança com partidos mais à esquerda, como o PT e o
PCdoB.

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6. A “nova” República: (1985-hoje)


os “governos das mudanças”. (1986-2002)
 Visando dar ao governo uma “gestão técnica”, o “Governo das
Mudanças” elimina a intermediação de “políticos profissionais”,
sobretudo na primeira gestão (1987-91), o que lhe trouxe certo
isolamento da sociedade civil e a acusação de autoritário.
 Em pouco tempo, ganhou forte oposição, mesmo daqueles que o
haviam apoiado na eleição (daí o grupo tassista ter deixado o PMDB e
entrado no PSDB).
 O Cambeba (Palácio do Governo e sinônimo dos partidários de Tasso)
procurou descredenciar essa oposição chamando-a genericamente de
“forças do atraso”, elementos “corporativistas”, pessoas de “interesses
contrariados”.
 A geração Cambeba procurou a “modernização” da máquina
administrativa cearense.

6. A “nova” República: (1985-hoje)


os “governos das mudanças”. (1986-2002)
 A promoção de uma “gestão técnica” e pró-capitalista do Estado, de
modo que se buscasse o equilíbrio orçamentário (o que
aconteceu principalmente no primeiro mandato de Tasso e na
gestão de Ciro Gomes, com a austeridade nos gastos públicos,
aumento da arrecadação de tributos, corte de gratificações,
eliminação de cargos públicos, achatamento de salários dos
servidores, etc.),
 A eficiência da máquina estatal (por exemplo, com a
informatização da burocracia e a qualificação dos servidores
públicos), a probidade no trato com a coisa pública (sem
privilégios a particulares), o investimento em obras de
infraestruturas (sobretudo a partir do segundo mandato de
Tasso, com verbas e empréstimos do governo federal e de órgãos
internacionais de desenvolvimento) e os estímulos à indústria e
atividade conexas.

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6. A “nova” República: (1985-hoje)


os “governos das mudanças”. (1986-2002)
 Utilizando também muito “marketing” (um dos estados que mais
investia em propaganda no Brasil era o Ceará), a geração Cambeba
ganhou a hegemonia política do Estado e projeção nacional, embora as
“mudanças” tão propaladas, como a industrialização cearense, venha
de décadas, desde os anos 1960, a partir da criação do Banco do
Nordeste (1952), da SUDENE (1959) e das administrações do coronel
Virgílio Távora (1963-66/1979-82).
 O domínio cambebista garantiu a eleição em 1990 de Ciro Gomes ao
governo pelo PSDB. Depois, Ciro iria para o PPS, mantendo-se, porém,
“fiel” a Tasso.
 Ciro Gomes, então prefeito de Fortaleza, se candidata em 1990 ao
cargo de governador com o apoio de Tasso e é eleito. Com a abertura
do mercado brasileiro, o Ceará recebe os primeiros carros importados
da marca russa Lada.
 Os "Governos das Mudanças" priorizam o aumento dos
investimentos públicos e privados em infraestrutura e nos setores
industrial e de serviços, enquanto o agropecuário permanece à
margem.

O modelo político econômico da geração Cambeba:


1- Demissão de 50 mil funcionários públicos, sendo 20 mil deles fantasmas.

2- Combate real a corrupção e promoção no aumento da arrecadação


tributária.

3- Corte nos gastos públicos, inclusive na educação e saúde.

4- Incentivo a indústrias e ao turismo.

5- Autoritarismo do jovem governador.

6- Forte estrutura publicitária de apoio ao governo.

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CEARÁ: NOVA REPÚBLICA E MODERNIZAÇÃO DE FORTALEZA SEC. XIX


 Politicamente, há uma relativa diminuição de poder dos "coronéis",
com ampliação do poder do grande empresariado.
 Um dos maiores núcleos de oposição ao Cambeba encontrava-se em
Fortaleza, onde nos anos 90 e início do século XXI dominou o grupo
político conservador do então prefeito Juraci Magalhães.
 Na capital também eram fortes as esquerdas, tanto que em 2004 o PT
conseguiu eleger Luizianne Lins como gestora da cidade.
 O saneamento das contas estaduais atingido, em parte, pela
diminuição das despesas com o funcionalismo público através de
demissões e achatamentos salariais garantem superávits entre 1988 e
1994, mas com a consolidação do Plano Real volta-se a uma
predominância de déficits.
 O Estado se beneficia também da guerra fiscal que então se iniciava,
o que, somado à mão-de-obra barata, atrai várias indústrias, as
quais se concentram em algumas poucas cidades.
 O crescimento médio do PIB, de 4,6%, é superior à média nacional e
nordestina nos anos 1990, continuando a tendência iniciada na
década de 1970.

CEARÁ: NOVA REPÚBLICA E MODERNIZAÇÃO DE FORTALEZA SEC. XIX


 As ações do governo, aliado aos esforços do empresariado local, e
os incentivos de instituições de grande importância na história
econômica recente do Ceará, como o BNB e a Sudene, foram
determinantes para tal desempenho.
 O forró eletrônico se populariza na década de 1990, e o Ceará
começa a despontar, seguindo a tendência do litoral nordestino,
como um grande polo de turismo no Brasil.
 Ao longo dos anos 1990, com ações como o Programa de Saúde da
Família (PSF), o Estado também realiza grandes avanços na
redução da mortalidade infantil.
 A migração em direção a Fortaleza segue forte, tendo em vista o
persistente atraso do interior em comparação com o forte
crescimento da capital.
 A segurança pública torna-se muito mais problemática entre 1990
e 2003, com a taxa de homicídios subindo de 8,86 para 20,15 por
100 mil habitantes, um aumento de 127%.

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CEARÁ: NOVA REPÚBLICA E MODERNIZAÇÃO DE FORTALEZA SEC. XIX


 Tasso é eleito novamente em 1994 e reeleito em 1998, concentrando os
esforços governamentais na construção e reforma de grandes obras,
como a construção do Porto do Pecem, o novo Aeroporto
Internacional de Fortaleza, o Açude Castanhão e o início das obras do
Metrofor.
 O terceiro "Governo das Mudanças" (1994-1997) se caracteriza pela
privatização de empresas estatais e extinção de outros órgãos, e pelo
seguimento de políticas de inspiração neoliberal, com enxugamento da
máquina administrativa, racionalização dos investimentos, aumento de
taxas de contribuição da aposentadoria, etc.
 Contudo, apesar de vários avanços na saúde e educação básicas e do
crescimento econômico estável, a chamada Era Tasso não alterou a
estrutura socioeconômica problemática do Ceará, em especial a
ausência de distribuição de renda, o que foi duramente questionado; a
má distribuição fundiária; a enorme disparidade regional (sobretudo
entre a capital e o interior); a parca infraestrutura fora da Região
Metropolitana; e os altíssimos níveis de pobreza em 1999, segundo o
Banco Mundial, cerca de metade dos cearenses viviam abaixo da linha
de pobreza.

CEARÁ: NOVA REPÚBLICA E MODERNIZAÇÃO DE FORTALEZA SEC. XIX


 No início do século XXI, consolida-se a tendência de queda na tradicional
emigração de cearenses, que, no período 2001-2006, reverte-se para um
saldo positivo de 38,3 mil pessoas, o que se atribui à melhoria das condições
de vida e à maior estabilidade proporcionada por programas sociais, que
permitiram a fixação do pobre cearense em sua terra e o retorno de parte
dos emigrantes.
 Esse caos social ajuda a entender a dificuldade tida pelo Cambeba para
eleger Lúcio Alcântara governador em 2002, numa dramática e
apertada vitória sobre o petista José Airton Cirilo.
 Lúcio Alcântara, eleito com o apoio de Tasso continua, em linhas gerais, o
modelo político dos governos anteriores, mas não recebe apoio do próprio
partido e não consegue se reeleger em 2006, rompendo com o PSDB e
mudando para o Partido da República após deixar o cargo.

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CEARÁ: NOVA REPÚBLICA E MODERNIZAÇÃO DE FORTALEZA SEC. XIX


 Em 2006 foi eleito Cid Gomes, irmão de Ciro Gomes, para o
executivo local. Cid seria reeleito em 2010.
 O grupo dos Ferreira Gomes conseguiu formar um governo coligando
vários agrupamentos político, quase não contanto com oposição
institucional. Manteve praticamente o mesmo modelo econômico e
administrativo da Geração Cambeba. Politicamente, teria havido um
recrudecimento de práticas tradicionais.
 A Era Cid foi de crescimento econômico, beneficiada em parte pela
aliança do governador com o governo do presidente petista Lula.
 Cid Gomes, do PSB e ex-prefeito de Sobral, alcança o cargo de
Governador, pondo fim à longa hegemonia do PSDB no Estado e
sinalizando um movimento rumo à oposição na política estadual, já
demonstrado com a vitória de Luizianne Lins, do PT, na capital,
que se elegera em 2004 mesmo sem apoio real do partido, que,
devido às alianças partidárias nacionais, apoiara o candidato Inácio
Arruda. Em 2008, Luizianne Lins é reeleita.

A ERA DAS MUDANÇAS


1- A “Era das Mudanças” ou “Geração Cambeba” é o nome dado
ao grupo político, liderado por Tasso Jereissati, que assumiu o
controle político do Ceará, em 1987:
A- Tasso, Ciro, Tasso, Tasso, Lúcio Alcântara, Cid Gomes e
Camilo Santana.

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CEARÁ: NOVA REPÚBLICA E MODERNIZAÇÃO DE FORTALEZA SEC. XIX


 Roberto Cláudio (PSB) do grupo dos Ferreiras Gomes foi eleito
para prefeito de fortaleza em 2012 e reeleito em 2016 pelo PDT.
 Em 2020 Roberto Cláudio (PDT) elegeu seu sucesso, José Sarto
do PDT.
 Em 2014, Cid elegeu seu sucesso, Camilo Santana do PT tendo
como vice-governadora Izolda Cela do PDT.
 O governador Camilo Santana e a vice-governadora Izolda Cela
foram reeleitos em 2018.

2014

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6. A “nova” República: (1985-hoje)


Atualidades
• Aos 2 dias do mês de abril de 2022, Camilo Santana deixa governo do Ceará para
disputar uma vaga no Senado.
• Após mais de sete anos no comando Executivo, Camilo enfrentou momentos
emblemáticos do Estado, como os atentados de 2019, o desabamento do Edifício
Andrea, o motim da Polícia Militar, a pandemia da Covid-19, entre outros.
• Em 04 de Abril de 2022, Izolda Cela se torna a primeira mulher a assumir o
Governo do Ceará.
• Izolda pretendia disputar reeleição nas eleições estaduais de 2022, mas o escolhido
do PDT foi Roberto Cláudio, após uma votação interna na qual o ex-prefeito
de Fortaleza saiu vitorioso. Izolda terminou desfiliando-se do PDT. Na disputa para o
governo do Ceará, Izolda declarou apoio a Elmano de Freitas (PT).
• Em 2022, Elmano foi candidato a governador do Ceará pela coligação Ceará Cada Vez
Mais Forte, tendo como vice Jade Romero (MDB). Associando-se ao apoio do ex-
governador e então postulante ao Senado Federal Camilo Santana e do ex-presidente
da República novamente candidato Luiz Inácio Lula da Silva, ambos do PT, Elmano
venceu a eleição com 2 808 300 votos (54,02%), levando o governo estadual no
primeiro turno. O petista obteve maioria de votos em 178 cidades cearenses,
enquanto seus adversários Capitão Wagner (UNIÃO), com 31,72% do eleitorado, e
Roberto Cláudio (PDT), com 14,14%, ganharam em cinco e uma, respectivamente.

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 PLAMEG.I. (Plano de Metas do Governo).


 Criação do I Distrito Industrial do Ceará.
 Criação da Companhia Docas.
 Criação.da.Codec. (Companhia.de
Virgílio Távora
Desenvolvimento do Ceará.
(1963-66)
 Criação do BEC (Banco do Estado do Ceará)
 Ampliação do fornecimento de energia.
 FALTAC (Federação dos Trabalhadores Agrícolas
do Ceará).
 Início da Construção do Castelão
Plácido  IPEC. (Instituto.da Previdência do Estado do
Aderaldo Ceará.
Castelo  Rodoviária do Algodão (Fortaleza-Aracati).
(1966-1971)  Palácio da Abolição.
 IPPS (Instituto Penal Paulo Sarasate).

·SEI (Serviço Estadual de Informação).


César Cals
· Criação da Coelce.
(1971-1975)
· Conclusão do Castelão.
Adauto Bezerra · Interiorização do BEC.
(1975-1978) · Criação da UECE.
PLAMEG II.
· Açudes Pacoti- Riachão.
Virgílio Távora · Conclusão do Distrito Industrial de
(1979-1982) Maracanaú
· Internacionalização do Aeroporto
Pinto Martins.
Gonzaga Mota · Gonzaguinhas.
(1983-1986) · Gonzaguetas.

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24/10/2022

Tasso Jereissati
(1987-1991)
Ciro Gomes
(1991-1994)
Tasso Jereissati
(1995-1998)
(1999-2002)
Lúcio Alcântara
(2003-2006)
Cid Gomes
(2007-2010)
(2011-2014)
Camilo Santana
(2015-2018)
(2019-2022)
2022 – Izolda Cela
2023-2026 – Elmano de Freitas

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